A HISTÓRIA DA EMBARCAÇÃO TENENTE LORRETI NOS MARES DE ANGRA DOS REIS-RJ, VISANDO À IMPLEMENTAÇÃO DE UM NOVO RECURSO PARA O TURISMO DA CIDADE.

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1. RESUMO

O presente trabalho busca analisar a utilização da embarcação Tenente Lorreti como um atrativo turístico da cidade de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro. Essa embarcação, construída pela Marinha do Brasil em 1910 e doada ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, faz parte da história do Brasil e sua história pode servir de instrumento de ensino muito eficaz para os alunos, turistas e moradores, principalmente da cidade de Angra dos Reis, para onde ela foi transferida em 1937. Sua história atravessa a construção do presídio de Dois Rios, na Ilha Grande, servindo para transportar os presos, entre esses, personalidades ilustres, como o escritor Graciliano Ramos e o jornalista Fernando Gabeira. Para a realização do trabalho, foi realizada pesquisa bibliográfica e principalmente pesquisa em jornais e coleta de depoimentos de pessoas que guardam a memória dessa embarcação. Conclui-se que valorizar a embarcação, que hoje se encontra abandonada e sem um projeto para a sua restauração, como um patrimônio cultural angrense, é uma maneira de se conhecer os bens naturais e culturais da cidade e de incentivar a preservação e conservação do seu patrimônio

Palavras-Chave: Turismo Cultural; Angra dos Reis (RJ); navio Tenente Lorreti; patrimônio cultural.

ABSTRACT

This paper seeks to analyse the use of the boat Lieutenant Lorreti as a tourist attraction in the city of Angra dos Reis, in the satate of Rio de Janeiro.Built by the Navy of Brazil in 1910 and donated to the Government of the State of Rio de Janeiro is part of the history of Brazil and can serve as a very effective educational tool for students, tourists and residents, mainly from the city of Angra dos Reis, where it was transferred in 1937. Its history goes through the construction of Dois Rios prison in Ilha Grande,Angra dos Reis,serving to transport the prisoners,among those, distinguished people, such as the writers Graciliano Ramos and the journalist Fernando Gabeira. For the accomplishment of the work, a bibliographical research was done and mainly research in newspapers and collection of testimonies of people who keep the memory of this boat. It is concluded that valuing the boat, which is now abandoned and without a project for its restoration, as an Angrenese cultural heritage, is a way of getting to know the natural and cultural assets of the city and of encouraging the preservation and conservation of its patrimony.

Keyword: Cultural Tourism; Angra dos Reis (RJ); Lieutenant Lorreti boat; cultural patrimony.

2. INTRODUÇÃO

O turismo é a atividade que mais se desenvolveu no planeta nos últimos anos e acabou tornando-se a quinta economia no mundo e caminha a passos largos para ser a terceira economia mundial (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO)

Através do seu crescimento crescente, ele ainda é uma importante fonte de renda e serviço, tendo um papel primordial no desenvolvimento do PIB de muitos países, que têm o turismo como sua base econômica para seu crescimento.

Através do seu desenvolvimento crescente, o turismo é uma importante ferramenta na inclusão social e pedagógica na vida de uma sociedade.

Para conhecermos melhor como o turismo funciona, é importante primeiro entendermos como surgiram os primeiros conceitos de patrimônio, a importância dos patrimônios tombados e a sua relação direta com o turismo.

O que me motivou a realizar esse trabalho foi constatar que uma parte da história da Ilha Grande – Angra dos Reis –RJ, estava se perdendo, devido a falta de compromisso dos órgãos responsáveis pelo patrimônio da cidade. Vendo a deterioração pelo tempo desse patrimônio e a sua história podendo ser esquecida, resolvi fazer uma pesquisa bibliográfica para mostrar a todos a importância que esse patrimônio teve na história de Angra dos Reis e do país. É importante preservar o patrimônio e sua história, somente assim as gerações futuras poderão usufruir desse conhecimento.

O objetivo deste trabalho é descrever a história da embarcação Ten. Lorreti desde a sua construção em 1910 até os dias atuais, buscando passar a sua importância à cidade de Angra dos Reis-RJ e as condições para que a embarcação possa ser transformada em um atrativo turístico para cidade. Os objetivos específicos são os seguintes:

1º: Descrever toda a trajetória e serviços feitos pela embarcação até os dias atuais e qual o seu estado de conservação.

2º: Mostrar a importância da embarcação junto à população local e principalmente da Ilha Grande onde era seu destino final.

3º: Apontar soluções para a transformação da embarcação em um atrativo turístico para a cidade de Angra dos Reis-RJ.

4º: Investigar se algum projeto está sendo realizado para a recuperação da embarcação e como será feito esse possível investimento.

Este é um trabalho inédito e visa levantar a situação atual da embarcação Ten. Lorreti e resgatar as histórias ocorridas dentro dessa embarcação histórica mostrando à comunidade a importância que ela pode representar para o turismo.

Diferentemente das outras embarcações tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que vieram de outros lugares e foram adaptadas às condições locais, passando a fazer parte da paisagem dessas regiões, a embarcação Ten. Lorreti é a própria história viva, que ao longo dos tempos representou um marco na história do Brasil no período da ditadura militar fazendo o transporte dos presos políticos para o presídio de Dois Rios na Ilha Grande e mais tarde passando a transportar os moradores locais, seu estado de preservação é precário e a embarcação corre risco de desaparecimento e esquecimento

Buscando desenvolver este trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica para mostrar a importância em se analisar a embarcação Tenente Lorreti como um atrativo turístico. Segundo Gil (2010) a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado com o objetivo de analisar posições diversas em relação a determinado assunto. Por isso, ela é de suma importância, pois a sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que está sendo escrito sobre determinado assunto. Ela analisa as mais recentes obras cientificas, tratando do levantamento de todo o material já publicado em formas de livros, revistas, publicações avulsas em imprensa escrita e documentos eletrônicos. Essa pesquisa bibliográfica mostra a importância em fazer um levantamento sobre esse trabalho ainda inédito, por isso as fontes de pesquisa devem conter fatos verídicos para que a pesquisa tenha crédito junto à sociedade e os meios acadêmicos.

Este trabalho se estrutura em quatro partes. Na primeira parte o assunto a ser abordado será uma breve perspectiva de como surgiram os primeiros conceitos de patrimônio no mundo. Na segunda parte o assunto a ser tratado será uma breve análise do turismo em Angra dos Reis. Na terceira parte serão tratadas as embarcações tombadas no Brasil pelo IPHAN e a quarta parte desse trabalho aprofundará o tema central desta monografia que tanto me inspirou na sua realização, as histórias da embarcação Ten. Lorreti e a sua turistificação.

3. CONSIDERAÇÕES SOBRE O PATRIMÔNO CULTURAL E SUA IMPORTÂNCIA TURÍSTICA.

O objetivo deste primeiro capítulo é fazer uma breve abordagem sobre, o surgimento dos primeiros conceitos de patrimônio ao longo dos tempos, e os tipos de patrimônios e a sua importância para o turismo. Esse segmento será importante para o desenvolvimento do trabalho, pois tornará a sua compreensão mais fácil.

Para compreendermos como surgiram os primeiros conceitos de patrimônio, devemos viajar no tempo até o século XVIII, época da Revolução Francesa, foi nessa época que surgiram as primeiras preocupações com os patrimônios que estavam sendo destruídos com a tomada da Bastilha, conforme segue:

“No dia seguinte à tomada da Bastilha pelos revolucionários, um empreiteiro começou a demolir o edifício por conta própria, vendendo as pedras para a construção da atual Ponte da Concorde, em Paris, e esculpindo maquetes da Bastilha em algumas, como memorial. Essa fortaleza foi, portanto, o primeiro de vários monumentos franceses destruídos ou depredados por simbolizarem o absolutismo, diversos edifícios religiosos por toda a França tiveram o mesmo destino, e alguns dos mais notáveis, como a Catedral Notre-Dame de Paris, escaparam por pouco. A intensidade da destruição foi tamanha que já em 1791, uma comissão legislativa propôs a criação de um museu com vestígios de edifícios demolidos por motivos ideológicos, dando início à primeira iniciativa governamental de proteção ao patrimônio cultural no mundo. O sucesso desse Museu dos Monumentos, dirigido pelo jovem medievalista Alexandre Lenoir, foi tamanho que já em 1793 se discutia a proteção a edifícios inteiros, em vez de apenas recolher pedaços das suas ruínas. O primeiro conjunto arquitetônico e artístico a receber proteção antes de ser demolido foi o da Abadia de São Dionísio, ao norte de Paris. Os túmulos dos reis da França, abrigados nessa igreja, já haviam sido vandalizados, mas com a proteção foi possível salvar o edifício e restaurar os sarcófagos reais. (PALAZZO, 2015)”

Acompanhando um pouco mais o pensamento do autor, tem-se que:

Ainda durante a Revolução, um jovem arquiteto e político, Antoine-Chrysosthome Quatremère de Quincy, protestou contra o saque de obras de arte durante a invasão da Itália pelo exército revolucionário francês, comandado por Napoleão. Essas obras estavam sendo removidas de museus e palácios italianos, sobretudo de Roma, para serem enviadas ao Louvre, o antigo palácio real que havia sido transformado em Museu Nacional a partir de 1793. Apesar de todo esse trabalho, somente no século XIX, após o fim da Revolução Francesa e Industrial, os conceitos sobre patrimônio começaram a ser disseminados. Inicialmente seu objetivo era restaurar todo e qualquer prédio destruído em conseqüência da guerra, com isso, introduziu-se o debate sobre outro conceito fundamental à proteção do patrimônio cultural: a importância de se preservar o entorno das obras, como elemento essencial para se compreender a sua história e o seu valor.

Ainda levaria várias décadas para esse conceito começar a ser assimilado como parte da política de preservação do patrimônio arquitetônico, e somente no final do século XX que ele começou a ser aplicado também às obras de arte e aos artefatos arqueológicos, com a devolução de diversos objetos dos acervos de museus da Europa ocidental a seus países de origem principalmente ao Egito. (PALAZZO, 2015)

A Revolução Francesa foi importante para o mundo entender sobre a importância do patrimônio e entender sobre as políticas a serem aplicadas, pois foi na França que se fomentou as primeiras políticas oficiais de proteção ao patrimônio cultural, justamente por acreditar na importância histórica e artística de vestígios de um passado que estava sendo apagado pelo progresso político. Deixou-nos, assim, a lição de que são os próprios partidários do progresso aqueles que mais devem reconhecer a importância do passado que está se perdendo.

3.1. Conceitos de patrimônio

Costuma-se situar as origens da noção de preservação do patrimônio no Brasil a partir de 1920, quando são elaborados os primeiros projetos de leis a respeito. Na década de 30, como decorrência da preocupação modernista em conhecer e mapear as manifestações culturais brasileiras surgiu o primeiro documento legal federal acerca da preservação do patrimônio brasileiro e o primeiro órgão federal de preservação, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Apesar da proposta de Mário de Andrade, autor do anteprojeto que fundamentou essas ações, apontar para uma maior amplitude daquilo que deveria ser considerado o legado cultural brasileiro, o documento no. 25 de 1937 instituiu como patrimônio histórico e artístico nacional: “O conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja preservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”.

Entretanto, o entendimento sobre o que seja patrimônio sofreu várias mudanças ao longo dos anos e surgiram outras definições de patrimônio, mostrando que ele vem sempre sofrendo alterações desde o século XVIII quando surgiram os primeiros conceitos de patrimônio na França.

Uma nova conceituação de patrimônio foi criada pela UNESCO e foi promulgada pela Conferência Geral da Unesco em 23 de novembro de 1972 em Estocolmo na Suécia, combinando a conservação da cultura com a preservação da natureza, para preservar áreas cênicas e naturais magníficas e sítios históricos do mundo. Nessa convenção o patrimônio cultural, até o momento chamado patrimônio histórico, passa a ser considerado como “o conjunto de edificações separados ou conectados, os quais, por sua arquitetura, homogeneidade ou localização na paisagem, sejam de relevância universal do ponto de vista da história, da arte ou das ciências” (BARBOSA, 2001, p. 70). A partir deste momento, foram classificados não apenas os bens materiais, como também os imateriais. Assim, a noção de patrimônio cultural é bastante ampla, incluindo não apenas “os bens tangíveis como também os intangíveis, não só as manifestações artísticas, mas todo o fazer humano, e não só aquilo que representa a cultura das classes mais abastadas, mas também o que representa a cultura dos menos favorecidos” (BARRETO, 2000, P. 11)

Com a noção de cultura, no conceito de patrimônio cultural também são indissociáveis as dimensões materiais e simbólicas. A UNESCO, na declaração do México, de 1982, define patrimônio cultural como: “as obras de seus artistas, arquiteto, músicos, escritores e sábios, assim como as criações anônimas, surgidos da alma popular, e o conjunto de valores que dão sentido à vida”, é necessário analisar a questão de uma perspectiva mais ampla, para compreender o alcance e limitações das iniciativas levados a máxima importância desde então. Apenas em 1937, os intelectuais modernistas, baseados em concepções de arte, história, tradição e nação, criaram o conceito de patrimônio que se tornou hegemônico no Brasil por meio do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), institucionalizado com o objetivo de proteger as obras de arte e a história do país.

O termo patrimônio à propriedade de algo que pode ser deixado de herança. Patrimônio cultural é um produto da cultura o que é herdado e transmitido de geração para geração. Como a noção de cultura, no conceito de patrimônio cultural também são indissociáveis as dimensões materiais e simbólicas. A UNESCO, na declaração do México, de1982, define patrimônio cultural: “as obras de seus artistas, arquitetos, músicos, escritores e sábios, assim como as criações anônimas, surgidas da alma popular, e o conjunto de valores que dão sentido à vida”.

O entendimento do conceito de patrimônio material leva-nos, então, a duas formas distintas, que podem também se complementares: o patrimônio material e o patrimônio imaterial.

Também conhecido como patrimônio tangível, o patrimônio material é em resumo de acordo com o IPHAN, um conjunto de edifícios, obras de arte, documentos, fotos e outros objetos pertencentes a um lugar, tendo um significado importante na formação da identidade cultural de um povo, ou seja, é um bem que tem valor histórico ou sentimental para os habitantes de uma determinada região, formando assim um conjunto de bens culturais classificados segundo a sua natureza: arqueológico, paisagístico e etnográfico, histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis, núcleos urbanos, sítios arqueológico e paisagísticos e bens individuais e móveis, coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos fotográficos e cinematográfico.

Já o patrimônio cultural imaterial está relacionado aos saberes, às habilidades, às crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas. Desta forma podem ser considerados bens imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano das comunidades; manifestações literárias; musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; rituais e festas que marcam a vivência coletiva de religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; além de mercados, feiras, santuário, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais.

Sousa (s/d) argumenta que:

“a conceituação atual do patrimônio acabou estabelecendo a existência de duas categorias distintas sobre o mesmo. Uma mais antiga e tradicional refere-se ao patrimônio material, que engloba construções, obeliscos, esculturas, acervos documentais e museológicos, e outros itens das belas-artes. Paralelamente, temos o chamado patrimônio imaterial, que abrange regiões, paisagens, comidas e bebidas típicas, danças, manifestações religiosas e festividades tradicionais.”

O patrimônio cultural contempla também o patrimônio natural, uma vez que o ambiente é um produto da ação dos homens, e estes são pertencentes à cultura também (PINSKY; FUNARI, 2003).

Conforme Neves (2003), no conceito amplo do patrimônio cultural estão presentes as esferas da natureza, o meio ambiente natural onde o homem habita e transforma para sobreviver e realizar suas necessidades, o saber fazer humano, necessário para a construção da existência em toda a sua plenitude, e os chamados bens culturais propriamente ditos, que são os produtos resultantes da ação do homem na natureza.

De acordo com o pensamento da autora, na primeira categoria o mar, que está diretamente ligado ao tema deste estudo, se destaca, pois é o local de ande os pescadores tiram alimentos para si ou para comercializar, e o vêem como sua morada. A habilidade de pesca é saber fazer aprendido, que pode ser transmitido aos seus filhos; e a jangada é outro bem produzido pelo homem, retirando elementos da natureza e aplicando os seus conhecimentos técnicos e manuais. Em nosso estudo o mar também é a estrada, o caminho por onde são transportadas pessoas (além de materiais), que ajudam a contar a história angrense.

O patrimônio cultural é, de extrema importância para a atividade turística, principalmente quando se observa o crescimento de demandas nacionais e internacionais interessadas em conhecerem o legado cultural das destinações turísticas.

É importante salientar anda que o patrimônio histórico esteja intimamente relacionado ao turismo de determinado local, ou região, afinal, muitas pessoas procuram nesses monumentos, prédios, objetos, costumes, saberes e fazeres uma forma de reviver um período longínquo, um elo com o passado, muitas vezes contado apenas pelos livros de história.

4. EMBARCAÇÕES TOMBADAS NO BRASIL PELO IPHAN

Ao analisar o tombamento de uma embarcação no Brasil, verificamos que ainda é um fato novo, pois segundo o IPHAN, em outros países especialmente na Europa, as embarcações são tombadas como monumentos históricos nacionais, como em Portugal, Espanha, França, Itália e Inglaterra, países historicamente ligados à navegação.

Essas embarcações viraram atrativos turísticos nos países onde suas histórias são contadas.

Na França, há mais de 100 embarcações tombadas como monumentos históricos nacionais, entre barcos de pesca, de lazer, de passageiros, de combate, de comércio e transporte de mercadorias, além de embarcações científicas. Um exemplo de embarcação que passou a fazer parte da paisagem desde o século XI foram as famosas gôndolas de Veneza, que fazem parte da paisagem de cidade italiana até hoje.

O Brasil ainda está muito distante no quesito de preservação de embarcações. O IPHAN tem por hábito fazer o tombamento de embarcações menores e tradicionais de cada região do país, valorizando assim o trabalho manual dos carpinteiros, artesãos, mestres e pescadores brasileiros.

Muitas dessas embarcações tradicionais vieram de outros países e aqui foram transformadas e adaptadas passando a fazer parte da paisagem local, essas embarcações tradicionais só vieram a ser reconhecidas como patrimônio a partir de 2010 após um processo iniciado em 2008, data que o IPHAN lançou o projeto Barcos do Brasil cujo objetivo central era a preservação e a valorização do patrimônio naval brasileiro, por meio de ações de proteção de embarcações, paisagens e acervos históricos e fomento às atividades relacionadas com os barcos tradicionais.

Esse projeto contou com vários parceiros institucionais que aderiram ao projeto, os ministérios da Pesca e Agricultura, do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia, das Cidades, da Educação, do Turismo, da Defesa, a Secretaria Especial de Portos e a Representação da UNESCO no Brasil.

Mesmo com todos esses ministérios como parceiros, muito ainda precisa ser feito a respeito das embarcações centenárias que estão se perdendo por falta de uma política mais eficaz na proteção desse patrimônio. O IPHAN relata encontrar muita dificuldade para identificar essas embarcações e busca estimular o monitoramento de alguns barcos tradicionais, com o intuito de acompanhar a evolução de sua utilização econômica, seu estado de conservação e preservação e evitar seu desaparecimento. Segundo Peralta (2003, p. 83-96) “essa nova percepção a respeito dos meios fluviais e marítimos denota a relevância vinculada à cultura, história e identidade”.

O tombamento de embarcações tradicionais é um processo de grande valor, preservar as tradições e características das embarcações é importante, mas devemos lembrar que existem outras embarcações centenárias que fazem parte da história do Brasil ou de alguma localidade, e essas embarcações podem estar caindo no esquecimento e acabar se perdendo. Como é o caso da embarcação Ten. Lorreti, um cargueiro construído em 1910 que possui uma história que poucas pessoas conhecem, história essa que abordaremos mais a frente quando falaremos sobre essa embarcação.

Ao buscar esse processo de preservação queremos mostrar o valor histórico cultural que uma embarcação histórica pode representar para o turismo. Para Barreto (2007, p. 91 e 97).

Os negócios turísticos obrigam a que cada lugar desenvolva um “produto cultural” para ter competitividade no mercado, o que leva, como se verá mais adiante, à invenção de tradições e identidades. A preservação, a conservação e a recuperação do patrimônio histórico em sentido amplo fazem parte de um processo mais abrangente representado pela conservação e pela recuperação da memória. E a memória é o que permite que os povos mantenham sua identidade.

É difícil de acreditar que um país como o Brasil, que tem a maior diversidade de barcos do mundo, segundo o IPHAN, só começou a agir para preservar a história das embarcações tradicionais em 2008, e o primeiro passo do IPHAN foi realizar um censo das embarcações, pois muitas delas já estavam perdendo as suas características de origem.

Segundo o próprio IPHAN, as embarcações históricas são obras sofisticadas de engenharia naval, adaptadas às realidades regionais do país. Ao longo da costa brasileira, é possível encontra várias embarcações que sofreram influências de quase toda parte do mundo, mediterrâneas, ibéricas, norte-européias, africanas, asiáticas e americanas. Toda essa influência se deve aos portugueses, que sempre adotaram as inovações que aprendiam durante as viagens que faziam pelo mundo. Essas influências, adaptadas aos recursos de cada região, criaram efeitos estéticos em singulares formatos de cascos e mastros.

Como no Brasil o hábito de tombamento de embarcações históricas ainda é uma coisa recente, pois o primeiro tombamento de embarcações no Brasil foi realizado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural em 2010, para preservar e valorizar esse patrimônio formado por barcos tradicionais criado por carpinteiros e artesãos, mestres e pescadores brasileiros, nesse mesmo ano o IPHAN tombou a coleção de Alves Câmara do século XX. Um dos acervos de modelos de barcos tradicionais mais importantes do mundo, esta coleção era composta de 42 modelos de barcos brasileiros encomendados ao estado em 1908, segundo o IPHAN.

Hoje no país já existe um museu onde as histórias das embarcações históricas são retratadas, o Museu Nacional do Mar em Santa Catarina, onde se pode encontrar as réplicas dessas embarcações as quais o IPHAN apoiou a sua confecção e mais de 60 embarcações em tamanhos naturais instaladas em dois galpões com 15 salas temáticas, mostrando as histórias das embarcações em cada região do país.

5. Embarcações tradicionais Tombadas pelo IPHAN no País

5.1. A Canoa de Tolda Luzitânia – SE

A canoa de tolda é o maior símbolo do Rio São Francisco e só existe no Brasil. As toldas originais eram grandes embarcações, mas a brasileira possui somente 16 metros de casco. É composta de leme, tábua de bolina, moitão e a tolda que servia para abrigo da alimentação e dos canoeiros. Teve grande importância econômica no transporte de mercadorias em toda a região do Baixo São Francisco.

5.2. O Saveiro de Vela de Içar Sombra da Lua – BA

Embarcação típica baiana, cantada e declamada, na poesia de Jorge Amado, na música de Dorival Caymmi, retratado nas fotografias de Pierre Verger, nas pinturas de Carybé. O Sombra de Lua é um dos últimos saveiros que preservam, na íntegra, as características originais de um saveiro de vela de içar de um mastro. Com tijupá e popa torada, possui 12,5 metros de comprimento por 4 de largura. De acordo com a Associação Viva Saveiro, foi construído pelo carpinteiro naval José Simão provavelmente em 1923.

5.3. A Canoa Costeira Dinamar – MA

Os cúteres ou canoas costeiras são um dos maiores barcos tradicionais do Brasil. O convés é fechado, arrematado por cabine rasa. Na proa há um alongado gurupés (pau de giba) e a bita (frade), que usualmente apresenta forma de cabeça humana. O formato da vela, com cores vivas, é dado pela forte inclinação da carangueja, que, visualmente, converte sua forma quadrada em triangular.

5.4. A Canoa de Pranchão Tradição – RS

Único modelo de embarcação tradicional propriamente desenvolvido no Rio Grande. A canoa de pranchão resiste a partir de ação institucional que garantiu a sobrevivência das últimas quatro centenárias canoas de pranchão de Rio Grande, todas de propriedade do Museu Náutico e restauradas pelo construtor naval José Vernetti.

De acordo com o IPHAN (2008), outras embarcações estão inventariadas e diagnosticadas no Nordeste e Sul do Brasil, dentre elas, o cúter em São Luís (MA); bote bastardo em Camocim (CE); saveiro de vela de içar Maragogipe (BA); saveiro de vela de pena em Itaparica (BA); canoa da praia vermelha em Salvador (BA); canoa pernambucana em Itapissuma (PE); bote de São Cristovão (SE); canoa do Rio Real em Indiaroba (SE); baleeira de Armação do Pântano do Sul (SC); canoa bordada em Florianópolis.

Como observamos a estratégia do IPHAN, se concentra muito nas embarcações menores. Como vimos anteriormente, em outros países as embarcações maiores é que se destacam e acabam virando monumentos históricos. Está faltando ao IPHAN elaborar propostas para preservar e conservar essas embarcações, pois o Brasil possui diversas embarcações históricas que ainda não foram inventariadas e nem diagnosticadas devido à falta de interesse de alguns setores, inclusive do turismo, cabendo à comunidade se manifestar junto aos órgãos responsáveis pelo patrimônio, reivindicando um serviço de análise e diagnóstico de algo importante para história local.

6. O TURISMO EM ANGRA DOS REIS

Neste segundo capítulo será breve abordagem sobre o turismo na cidade de Angra dos Reis, mostrando-se porque o patrimônio cultural da cidade é pouco explorado pelo turismo e qual seria a melhor maneira para desenvolver o turismo cultural na cidade. Também será explicado como desenvolveu o turismo náutico na cidade, posicionando-se a embarcação Ten. Lorreti como um personagem pioneiro e importante no transporte de turistas para a Ilha Grande. E por fim, serão apresentadas algumas idéias sobre como essa embarcação centenária pode ser utilizada como um projeto de turismo pedagógico.

Angra dos Reis é a terceira cidade mais antiga do Brasil, cercada pela mata atlântica e montanhas de um lado, e o mar do outro lado. A cidade foi descoberta em 06 de Janeiro de 1502, e é hoje conhecida mundialmente pela beleza natural de suas praias e ilhas. Mais de um milhão de pessoas procuram a cidade todos os anos para conhecer as águas claras, mornas e tranqüilas da Baía da Ilha Grande (TURISANGRA).

Porém, a cidade possui outros atrativos, ainda pouco explorados, que compõem o patrimônio cultural da cidade, principalmente no que diz respeito à história do Brasil colonial, que tem em Angra dos Reis diversas expressões remanescentes, do período, como igrejas, fortificações e festividades populares.

Mesmo sendo uma das cidades do Estado do Rio de Janeiro que mais recebem turistas, a cidade não vive exclusivamente do turismo, tendo como sua principal fonte de renda as grandes empresas estatais e privadas que se instalaram na cidade nos anos 70, como o Estaleiro Brasfels S.A., o Terminal da Baia da Ilha Grande (TEBIG) e as Usinas Nucleares Angra I, II e III.

Em Angra dos Reis faltam projetos e planejamento para divulgar o patrimônio da cidade, que é de responsabilidade do governo local. Se não houver uma conscientização sobre a importância desse patrimônio, o tempo vai se encarregar de destruí-lo. O turismo cultural tem sido encarado como elemento importante para o desenvolvimento de uma região e tem contribuído para promover o envolvimento das comunidades com sua história, seus atrativos culturais e sua memória social (LUCAS, 2003).

No caso de Angra dos Reis, se bem planejado e valorizado, o turismo poderia ser um aliado importante na proteção desse patrimônio em perigo de esquecimento.

A Ilha Grande é a maior e principal ilha de Angra dos Reis. Os turistas que visitam a ilha não conhecem a história da principal embarcação que por décadas teve a sua rotina ligada à ilha, uma embarcação centenária que faz parte da história do Brasil e da Ilha Grande, transportando funcionários do antigo Instituto Penal Candido Mendes, presos políticos e contraventores do jogo do bicho, moradores e turistas.

A embarcação Ten. Lorreti foi de grande importância para a população da ilha até os seus últimos dias de uso, deixando de cumprir sua função, devido à falta de conservação. Apesar de ter sua rotina de trabalho ligada à cidade, a embarcação Ten. Lorreti pertencia ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e somente em 2011 o governo estadual a transferiu para a prefeitura de Angra dos Reis.

A Fundação de Turismo da cidade (TurisAngra) se comprometeu em restaurar a embarcação e devolvê-la à ilha, mas esse projeto nunca saiu do papel e esse patrimônio tão importante para a cidade está se perdendo com o tempo.

O turismo é importante para qualquer economia, seja ela nacional, regional, ou local, pois o deslocamento constante de pessoas aumenta o consumo, motiva a diversidade de produção de bens e serviços e possibilita o lucro e a geração de emprego e renda. Num município, não explorado turisticamente, pode ser feito um planejamento com especialistas sobre o que poderia ser implantado na cidade, usando dos potenciais já existentes como rios, lagos, serras, morros, cachoeiras, prédios históricos, igrejas, artefatos locais, cultura, gastronomia; ou verificando as possibilidades de se criar atrativos artificiais como parques, trilhas, festas culturais e gastronômicas. Para a concretização do planejamento dos possíveis atrativos, a participação do governo municipal é fundamental, uma vez que este será o responsável pela infraestrutura básica necessária para o desenvolvimento do plano, além dos subsídios para que a população se envolva no projeto com a instalação de hotéis, restaurantes, revitalização do comércio, entretenimentos e que possam participar de treinamentos para uma boa recepção dos futuros visitantes.

Ter um planejamento estratégico não é o suficiente para garantir o sucesso do turismo de uma localidade. Segundo Beni (2000) o planejamento estratégico está direcionado à identificação e solução de questões imediatas para mudar rapidamente situações futuras e enfrentar legal e institucionalmente as transformações necessárias. De acordo com este autor, o planejamento estratégico surge como o único instrumento apropriado para reequilibrar, ampliar e aperfeiçoar o turismo. Além disso, deve refletir a vontade da população em seu efetivo envolvimento e participação nas atividades de planejamento e desenvolvimento do turismo sustentável.

6.1. Como se desenvolveu o turismo náutico em Angra dos Reis

Angra dos Reis é comercializada como um destino de “sol e praia”. A maior parte dos turistas em visita ao município é direcionada aos passeios náuticos realizados por diversas embarcações de passeios, a maioria saveiros, mas antes de existir o turismo náutico na cidade, a embarcação encarregada de transportar os turistas até a Ilha Grande era a Ten. Lorreti, um cargueiro que prestava diversos serviços na ilha, sendo útil à população local até 2006, quando foi aposentada.

O turismo náutico na cidade de Angra dos Reis foi a atividade econômica que mais se desenvolveu na cidade. Considerada uma das Sete Maravilhas do Estado do Rio de Janeiro, a Ilha Grande é o principal destino desses turistas. Suas belezas naturais e suas águas cristalinas em diversos tons, encanta a todos que a visitam. Hoje o transporte dos moradores e turistas é realizado pela CCR Barcas S.A e por embarcações cadastras pela Fundação de Turismo de Angra (TurisAngra).

Com o crescente aumento do turismo náutico, era preciso elaborar projetos para planejar melhor esse turismo, foi então que através da TurisAngra, tendo como presidente Klauber Valente, foi criado um grupo para dar sustentação às ações e projetos, garantindo a participação e acompanhamento da sociedade em áreas fundamentais para o turismo. A consolidação e fortalecimento desse grupo poderia garantir a continuidade do processo de implantação de ações íntegras e planejamento do ordenamento do turismo na cidade (TURISANGRA).

Mesmo com todo esse projeto para melhorar o turismo náutico na cidade, nenhum projeto foi apresentado para a recuperação da embarcação Ten. Lorreti, que estava se acabando com o tempo, por falta de manutenção por parte da prefeitura local. O turismo náutico na cidade vai de vento e popa, mas a principal embarcação que fez parte da história da cidade e do Brasil, como veremos mais a frente, está caindo no esquecimento da população. Cabe à prefeitura através da Fundação de Turismo da cidade, recuperar esse patrimônio e devolvê-lo à população da ilha.

Desde os tempos do Decreto-lei n ̊ 25, de 30 de novembro de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, conforme o artigo 2016, sabe-se que cabe ao Poder Público, com a colaboração da comunidade, proteger o patrimônio cultural brasileiro de diversas formas; onde o tombamento se constitui uma delas, ao lado de outras, como inventários, registros, vigilância, desapropriação e outras formas de acautelamento e preservação.

Entretanto, isso não vem sendo observado.

6.2. A utilização da embarcação Ten. Lorreti como um projeto de turismo pedagógico

A restauração da embarcação Ten. Lorreti teria um papel importante para o projeto de turismo pedagógico da cidade. Pois o turismo pedagógico tem como intuito promover a relação com o ambiente a ser estudado, objetivando a geração de novos conhecimentos de forma dinâmica e participativa (DENCKER, 2002).

O ensino através da atividade turística propõe ações diferenciadas das convencionais sugerindo aos alunos, maior vontade de aprender, tornando assim o processo de ensino mais agradável, despertando o interesse dos alunos e motivando os professores.

A embarcação Ten. Lorreti é a própria história viva. A sua transformação em um museu seria de grande avalia para o conhecimento dos alunos, que conheceriam as histórias dessa embarcação desde a sua construção no Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro. A educação quando bem empregada, resulta em cidadãos com liberdade de criticar, bem como entender os fatos, estando estes ligados à situação social, com o objetivo de ajudar a sociedade. PIRES, 2003, P. 31 Diz: “A partir do momento que o aluno adquire conhecimentos, se torna capacitado a investir nos setores sociais, políticos e econômico da comunidade, pois possui sabedoria nestas áreas que levam a concordar ou discordar com a situação atual desta.”

O turismo histórico cultural é importante na formação do aluno por ser um elemento de conhecimento humano, onde permite ao aluno compreender conceitos de temporalidade histórica, possibilitando ao aluno estabelecer inter-relações entre os diversos contextos desenvolvidos no território nacional, em seus aspectos históricos e culturais, identificar as potencialidades turísticas do patrimônio material e imaterial brasileiro.

Esse tipo de turismo serve para o aluno entender como funciona o deslocamento turístico praticado em localidades, sejam elas bairros, cidades, países, que possuem territórios detentores de elementos culturais, históricos, alguns deles inclusive constituindo um patrimônio histórico-cultural. Normalmente são áreas nas quais foram preservados monumentos, complexos arquitetônicos e qualquer outro símbolo de natureza histórica. Esta modalidade de turismo também está relacionada com eventos artísticos, culturais, educativos, informativos ou de natureza acadêmica, a principal característica deste movimento de turistas é a interação duradoura e mais pessoal com o grupo que habita a localidade turística (REVISTA TURISMO, Nov, 04)

7. UM SÉCULO DE HISTÓRIAS DE UMAS DAS EMBARCAÇÕES MAIS ANTIGAS DO BRASL

Neste último capítulo a abordagem será sobre a embarcação Ten. Lorreti, uma embarcação centenária que tem muito a nos mostrar sobre a sua história. O principal objetivo será descrever toda a trajetória e serviços feitos pela embarcação até os dias atuais e qual o seu estado de conservação; mostrar a importância da embarcação junto à população local da Ilha Grande onde era seu destino final; apontar soluções para a transformação da embarcação em um atrativo turístico para a cidade de Angra dos Reis-RJ; e investigar se algum projeto está sendo realizado para a sua recuperação e como será feito esse possível investimento.

Quando falamos em embarcação histórica no Brasil, não podemos esquecer-nos de mencionar a embarcação Ten. Lorreti, uma embarcação centenária que teve um papel muito importante na história do país. Precisando de uma embarcação para fazer o patrulhamento marítimo na Baia de Guanabara e as manutenções dos faróis de sinalização marítima, a Marinha do Brasil resolveu construir uma embarcação para fazer esse serviço. Em 1910 a embarcação foi construída no Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro e batizada com o nome de Ten. Lorreti, mas em 1937 a Marinha do Brasil doou a embarcação para o governo do Estado do Rio de Janeiro. A embarcação fez parte da história do Brasil transportando muitos manifestantes, políticos, artistas, estudantes, entre outros, presos durante os golpes do Estado Novo (1937) e militar (1964), que tinham como destino a Colônia Penal Candido Mendes na Ilha Grande.

7.1. CARACTERÍSTICAS DA EMBARCAÇÃO

A embarcação ficou com a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) do Rio de Janeiro, cedido pelo próprio Seap à prefeitura de Angra dos Reis em 2010. Possui as seguintes características:

- Nome: Tenente Lorreti

- Comprimento: 21 metros

- Boca: 4,63 metros

- Classificação: 382.000.342-8; data da inscrição: 18/06/1941

- Tripulantes: 03 (três)

- Capacidade: 90 (noventa) passageiros

- Pontal: 1,65 metros

- Arqueação bruta: 4,390 toneladas

- Arqueação líquida: 3,010 toneladas

- Calado leve: 0,70 metros

- Calado carregado: 1,70 metros

- Ano de fabricação: 1910

- Construtor: Arsenal de Marinha

- Casco: Madeira

- Área de Navegação: Interna

- Atividade: Serviço Público

Como podemos ver, a embarcação Ten. Lorreti é um antigo cargueiro que prestou diversos serviços para o governo do Estado do Rio de Janeiro. Assim que a embarcação foi transferida para o poder estadual, inicialmente para o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, o então Tenente Victorio Canepa, diretor do presídio fez um pedido ao Governo do Estado que estava precisando de uma embarcação para transportar alimentos, presos comuns, materiais e operários para a construção do novo presídio na Colônia de Dois Rios, na Ilha Grande, em Angra dos Reis. Aquelas árduas missões duraram até 1942. Nesse período sofreu alguns acidentes, colidindo com outra embarcação menor que foi ao fundo, sob nevoeiro e resgatando sua tripulação. Também quase naufragou algumas vezes sob severas condições do mar, mas foi nesse período que a embarcação ficou conhecida nacionalmente.

Devido ao período da ditadura em que o país atravessava presos políticos ilustres passaram pelos porões da embarcação Tenente Lorreti, mas somente em 1946 a embarcação começou a ser usada no transporte de detentos para o presídio da Ilha Grande. Fazia duas viagens semanais ao Rio de Janeiro para trazer os detentos para ilha, com duração de 10 horas cada viagem. A embarcação realizou esse serviço de transportes de presos entre o Rio e Angra por 57 anos, só paralisando esse serviço após a extinção do presídio que foi implodido em 1994 (AGÊNCIA O GLOBO).

A embarcação transportou em seus porões vários presos ilustres, com influência política que ficaram conhecidos nacionalmente. Entre essas pessoas estavam: o escritor Graciliano Ramos, que foi preso no período do governo getulista em 1935; o jornalista e escritor Orígenes Lessa; os revolucionários Luiz Carlos Prestes e Flores da Cunha; o dramaturgo Nelson Rodrigues; o compositor Carlos Imperial; o jornalista e ex- deputado federal Fernando Gabeira que por sinal relatou vários episódios sobre a embarcação Ten. Lorreti. Gabeira cita que “O porão era muito apertado e as pessoas ficavam ali junto aos alimentos, era muito quente e se ouvia os guardas gritando no convés da embarcação dizendo: ‘Se vier aqui vai-levar porrada’” (AGÊNCIA O GLOBO).

Gabeira fala também sobre a importância da embarcação “O Ten. Lorreti com certeza é o símbolo da prisão da Ilha Grande. Todos os presos que iam para lá eram transportados pela embarcação” (MACEDO, 2014)

Figura 1 Embarcação Tenente Lorreti fundeada na Baia da Ilha Grande- Angra dos Reis-RJ


Foto: Divulgação

No dia 10 de dezembro de 2013, o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira esteve na cidade para gravar uma reportagem para seu programa do canal a cabo Globonews, sobre o presídio de Dois Rios e a embarcação Tenente Lorreti. Para a Presidente da TurisAngra, Maria Silvia Rubio, Angra dos Reis precisa valorizar mais aspectos de seu passado. O presídio de Dois Rios, o Lazareto e a Tenente Loretti são partes importantíssimas da história brasileira e merecem nosso respeito. Ninguém melhor do que Fernando Gabeira para falar sobre este período, já que na Ditadura Militar, quando ficou preso na Ilha Grande, seu transporte aconteceu nos porões desta embarcação, que pretendemos transformar em um marco deste período negro de nossa história. Na ocasião, Gabeira foi transportado junto com Lúcio Flávio, que ficou conhecido com o Bandido da Luz Vermelha - explicou Silvia (TURISANGRA)

A Figura 2 mostra a fotografia do jornalista Fernando Gabeira sentado na entrada do porão da Tenente Lorreti em 10 de dezembro de 2013.

Figura 2: Jornalista prepara reportagem sobre o presídio de Dois Rios.


Foto: Divulgação - PMAR

Com a implosão do presídio, a embarcação Ten. Loretti passou a prestar serviços para o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil de Angra dos Reis, em ações de salvamento ao entorno da Baía da Ilha Grande, tendo como mestre Constantino Cokotós, que comandou a embarcação por mais de 30 anos. Foi Constantino que no comando da Ten. Lorreti recebeu pelo rádio um pedido de socorro de uma embarcação que estava à deriva próximo à Ilha do Jorge Grego. Nesse local o mar é muito traiçoeiro, e o regaste aconteceu no dia 12 de março de 1970, com três náufragos, um deles era o jornalista Roberto Marinho (fundador do Grupo Globo). Roberto Marinho possuía casa de veraneio em Angra dos Reis e gostava de explorar as maravilhas da Ilha Grande por ser um amante do mar (ARAÚJO, AGÊNCIA O GLOBO)

A última missão de resgate da embarcação ocorreu em 2008, perto da cidade de Mangaratiba-RJ. Os serviços prestados pela Ten. Lorreti foram de grande importância para a Ilha Grande. Era ela que fazia todos os serviços desde o transporte de moradores e funcionários do presídio nas emergências médicas, transporte de presos para atendimento hospitalar em Angra dos Reis, várias missões de salvamentos e resgates, abastecimento logístico de alimento, combustível e diversas cargas. Nela também ocorreram diversos nascimentos e mortes no trajeto até o continente. Por isso tudo vemos o quanto essa embarcação representou para a cidade de Angra dos Reis.

O mestre Constantino Cokotós faleceu em 2013. Seu maior sonho era ver a embarcação Ten. Lorreti sendo transformada em um museu, assim que ela fosse aposentada, onde as pessoas pudessem conhecer um pouco da sua história. Infelizmente esse sonho não conseguiu ver, pois quando a embarcação deixou de ser útil para os serviços quando teve um de seus motores inutilizados pela falta de conservação, ela ficou fundeada na Vila do Abraão na Ilha Grande e outro problema começou aparecer, o casco de madeira da embarcação começou a ser atacado por moluscos conhecidos por “cupins do mar” (MACEDO, 2014)

A história da Ilha Grande passa a ter uma notoriedade maior a partir da vinda da embarcação Ten. Lorreti para Ilha, o tanto que essa embarcação representou para a população e todos os serviços prestados, não podem ser descartados assim, ela tem uma importante história que merece ser preservada para que as futuras gerações possam conhecer e compreender o sentido da preservação e conservação do patrimônio local.

Figura 3 - O falecido mestre Cokotós iniciou a luta pela recuperação da lancha Tenente Loretti, quando ela ainda estava na Ilha Grande


Fonte: Paulo Roberto Araújo / Agência O Globo

7.2. A importância que a embarcação Ten. Lorreti teve para a população da Ilha Grande.

A embarcação Ten. Lorreti teve a maior parte de sua vida ligada à Ilha Grande, mesmo depois de ser transferida da Administração Penitenciária para o Corpo Marítimo de Salvamento, a corporação marítima do Corpo de Bombeiros na década de 70, a embarcação permaneceu baseada na Vila do Abraão, servindo o presídio Cândido Mendes por longos anos, com viagens diárias entre a Ilha Grande e Mangaratiba. Essas viagens diárias serviam para transportar diversos tipos de cargas para o presídio, além de presos, soldados, moradores e turistas.

Compreender a história é voltar no tempo e vivenciar aquela época, o patrimônio o qual não é preservado se acaba com o tempo O dever de proteger esse patrimônio é de todos, pois a história dessa embarcação é de muito valor para todos aqueles que admiram o patrimônio. Durante toda a pesquisa, os dois presidentes da Fundação de Turismo de Angra dos Reis (TurisAngra) na época Maria Silvia Rubio e depois Klauber Valente, em entrevistas concedidas a vários órgãos de comunicação, tiveram sempre o mesmo posicionamento sobre a embarcação Ten. Lorreti. Diziam eles que o projeto da TurisAngra era restaurá-la e devolvê-la ao Abraão, na Ilha, como um atrativo turístico, mas até hoje esse projeto não saiu do papel. Alegando dificuldade financeira no município, a então presidente da TurisAngra Maria Silvia Rubio disse em 2014 que “estavam desde 2013 atrás de apoio para fazer a restauração e torná-la um atrativo turístico e cultural na Vila do Abraão” (ANGRANEWS).

Maria Silva Rubio sugeriu também que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), ajudasse nessa restauração, a Coordenação do Ecomuseu Ilha Grande/UERJ, enviou um ofício para a presidente da TurisAngra Maria Silvia Rubio em 17 de junho de 2014, ratificando o interesse na recuperação da embarcação e sugeriu que a embarcação fosse doada para se anexada ao Ecomuseu, que tem como principal objetivo a realização de ações voltadas à investigação, preservação e comunicação de questões relacionadas ao meio ambiente, à história e à vida sociocultural da ilha (ECOMUSEU ILHA GRANDE/UERJ)

Já Klauber Valente disse quando assumiu a presidência da TurisAngra que o principal interesse da instituição era restaurá-la, mas não podia fazer essa restauração, porque a embarcação ainda não pertencia à prefeitura, mas ao estado do Rio de Janeiro. O que faltou realmente foi a Fundação de Turismo fazer uma parceria junto ao IPHAN para que essa embarcação fosse tombada como patrimônio histórico e cultural da cidade de Angra dos Reis. Com isso a captação de recursos junto às empresas parceiras tornaria mais viável esse projeto de restauração.

Ao analisar uma embarcação como um atrativo turístico, devemos conhecer a suas histórias e a importância que ela representou para o país ou para a localidade onde ela está inserida. Todos os bens de natureza material e imaterial, de interesse cultural ou ambiental, que possuam significado histórico, cultural ou sentimental, contribuem para a compreensão da identidade cultural da sociedade que o produziu. Por isso sua preservação é importante. O tombamento é uma imposição legal, porém, sem ele não há garantia real de preservação. Esta é uma importante ação a ser tomada para garantir a preservação definitiva do patrimônio, impedindo, por lei, a sua descaracterização, destruição e propiciando a sua plena utilização (BOLETIM EM QUESTÃO)

A embarcação hoje se encontra em um galpão numa marina da cidade, aguardando pela restauração pretendida pela TurisAngra. Isso, só se tornou possível depois que a população e a imprensa protestaram junto à prefeitura devido ao abandono da embarcação, que estava ancorada no Cais de Santa Luzia no Centro e acabou indo a pique por falta de manutenção. O motivo de ela ter afundado foi uma pane elétrica que comprometeu o funcionamento da bomba de porão, fazendo-a afundar. Depois a mobilização da imprensa e da população, uma operação foi realizada para retirá-la do fundo do mar (O GLOBO, 2014)

A embarcação foi transferida para a prefeitura de Angra dos Reis em 2011, mas somente no dia 06 de outubro de 2015, o Governo do Estado do Rio de Janeiro decidiu concedê-la em definitivo à prefeitura de Angra dos Reis, numa cerimônia realizada no salão nobre da prefeitura com a prefeita Conceição Rabha; o Secretário de Estado Erir Ribeiro Costa Filho; o subsecretário de infraestrutura da SEAP, coronel Cid Souza Sá; a gerente de projeto de Fundação TurisAngra, Amanda Hadama (TURISANGRA).

O tombamento dessa embarcação pelo IPHAN seria a melhor maneira de conservar as histórias de embarcação. Como já vimos acima, o próprio IPHAN, encontra dificuldade para catalogar essas embarcações maiores que representaram muito para história do país. A Fundação de Turismo da cidade deveria fazer um inventário e catalogar a Ten. Lorreti, anexar ao projeto de restauração e entrar com um pedido de salvaguarda dessa embarcação, buscando o seu tombamento como patrimônio histórico cultural.

Outra hipótese seria restaurá-la para visando ao turismo pedagógico, turismo esse que seria de grande importância para o desenvolvimento dos alunos que conheceriam as histórias da embarcação e passariam a entender melhor o conceito de conservação e preservação do patrimônio histórico cultural da cidade. A utilização da embarcação como um museu a céu aberto na Ilha Grande seria interessante devido ao número de turistas que frequentam a Ilha. Seria mais um atrativo turístico para Ilha Grande, que junto com o Ecomuseu, relembraria a história do Sistema Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro e do país.

A prefeitura de Angra dos Reis poderia retomar o projeto que visava o trabalho de restauração dessa embarcação e transforma - lá em um atrativo turístico e cultural na vila do Abraão na Ilha Grande como um museu para visitação, resgatando assim a sua história junto ao turismo, trazendo assim renda e emprego para a localidade, que poderia ser beneficiada com esse projeto que utilizaria a mão de obra local para exercer a função de guias turístico nas visitações à embarcação, preparando-o com curso de capacitação para trabalhar no turismo local, sem a necessidade de abandonar a ilha para procurar serviço no continente.

Esses futuros guias teriam como tarefa a de relatar as histórias ocorridas dentro da embarcação aos visitantes, mostrando a eles a importância que ela representou para o Brasil e para os moradores da ilha enquanto esteve na ativa, essa inclusão dos moradores da comunidade da Ilha Grande, seria uma forma de beneficiar essa comunidade com emprego e renda, trazendo assim uma nova perspectiva de vida para os jovens da localidade que passaria a ter um conhecimento maior sobre melhor sobre a importância da preservação e conservação desse novo atrativo turístico.

O patrimônio pertence a todos, então cabe a cada membro da população local verificar como as verbas destinadas à conservação e restauração dos patrimônios são utilizadas. Hoje através do Portal da Transparência da Prefeitura, qualquer cidadão pode acompanhar onde o dinheiro está sendo investido.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por se tratar de um trabalho inédito, foi necessária a realização de uma pesquisa mais aprofundada para chegar até o tema proposto deste trabalho. Uma visão dos primeiros conceitos de patrimônio foi necessária para que pudéssemos entender o significado de patrimônio e a sua importância para as futuras gerações.

Enfatizamos que o turismo, se feito de forma planejada pode ajudar a valorizar o patrimônio. Turismo e patrimônio possuem um elo tão forte que um não consegue se desenvolver sem o outro, tornando uma das parcerias mais bem sucedidas no setor de economia, com um desenvolvimento sempre crescente que já ocupa o quinto lugar na economia mundial.

A dificuldade no desenvolvimento dessa pesquisa foi enorme, pois não existem trabalhos feitos sobre embarcações centenárias no Brasil, que poderiam servir como base para um futuro trabalho. Então, essa pesquisa se tornou necessária porque no Brasil não se tem o hábito de realizar o tombamento de embarcações centenárias, tornando isso um fato novo. Foi apenas em 2008 que o IPHAN iniciou um projeto que visava à preservação e à valorização do patrimônio naval brasileiro por meio de ações de proteção de embarcações tradicionais, mas foi apenas em 2010 que ocorreu o primeiro tombamento de uma embarcação pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.

Diferentemente do Brasil onde a proposta de tombamento elaborada hà mais de 20 anos pelo IPHAN, que tem na proteção de barcos ou tipologias de embarcações tradicionais como uma política de preservação do patrimônio cultural, em vários países, especialmente na Europa, as embarcações centenárias são tombadas como monumentos históricos. Os barcos históricos e embarcações tradicionais são objeto de grande valor cultural, principalmente nos países ligados às grandes navegações com em Portugal, Espanha, França, Itália e Inglaterra.

No Brasil ainda não é dado o devido valor às suas embarcações centenárias. Segundo o IPHAN é muito difícil encontrar e catalogar essas embarcações, devido à imensidão do litoral brasileiro e esse trabalho de pesquisa acaba não tendo muito êxito, porque esse tipo de serviço é de responsabilidade de cada cidade, que deveria fazer um inventário sobre embarcação, registrá-la e catalogá-la; em seguida solicitar ao IPHAN um estudo sobre um possível tombamento. Esse pedido possibilitaria um serviço de salvaguarda desse patrimônio.

As embarcações tombadas pelo IPHAN são todas de uso tradicional. São embarcações de pequeno porte que já fazem parte da paisagem local, diferente do caso da embarcação Ten. Lorreti, uma embarcação centenária que por várias décadas serviu à Ilha Grande-Angra dos Reis-RJ, tendo ainda sua história ligada à ditadura militar no Brasil e ao Instituto Penal Cândido Mendes. Essa embarcação é um patrimônio histórico cultural de Angra dos Reis, mas infelizmente ela ainda não foi reconhecida pelo IPHAN como Patrimônio Histórico Cultural, o que muito se deveu ao entrave entre a prefeitura e o governo do Estado do Rio de Janeiro sobre a quem pertencia a embarcação. Com isso a embarcação foi ficando esquecida e o seu projeto de restauração e a sua implementação como um novo atrativo turístico na Vila do Abraão na Ilha Grande-RJ, nunca saiu do papel.

Este trabalho procurou mostrar que muita coisa ainda precisa ser feita a respeito dessas embarcações antigas no país. Se não for feito um levantamento urgente sobre essas embarcações, não sobrarão vestígios de sua história para contar. A embarcação Ten. Lorreti é a própria história viva e está entre a população de Angra dos Reis desde 1937, quando foi transferida para a Ilha Grande-Angra dos Reis. O seu reconhecimento como patrimônio possibilitaria a sua restauração e a posicionaria como um atrativo turístico na Ilha. Poderia servir como um museu a céu aberto anexada ao Ecomuseu da UERJ; poderia fazer parte de um projeto de turismo pedagógico onde suas histórias seriam conhecidas pelos alunos, assim eles saberiam um pouco mais sobre protagonismo da embarcação nas épocas dos regimes ditatoriais de Vargas e dos militares no Brasil.

A dificuldade na elaboração desse trabalho se deu devido aos poucos materiais encontrados sobre as embarcações tombadas no país. Durante a pesquisa foram encontradas diferenças entre as datas mencionadas nos artigos. Outro ponto que requereu muita pesquisa foi em relação ao comprimento da embarcação Ten. Lorreti. Em um artigo do jornal O Globo, feito pelo jornalista Paulo Roberto Araújo, a medida era de 19 metros de comprimento, já em outro artigo do jornal O Dia, feita pala jornalista Rosayne Macedo, a medida era de 23 metros de comprimento, mas a medida correta da embarcação que está em um dos documentos enviado à TurisAngra em 13 de agosto de 2010 pela Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SEAP) com as características da embarcação, é 21 metros de comprimento, como está registrado neste estudo.

Que este trabalho de pesquisa sirva como base para futuros estudos sobre embarcações históricas no Brasil. Essa história não pode acabar aqui. O patrimônio é de todos e merece ser preservado para as gerações futuras, cabendo a cada um de nós preservar e proteger o nosso patrimônio.

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10. ANEXO

http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/rjtv-2edicao/videos/v/defesa-civil-de-angra-rj-tenta-recuperar-embarcacao-centenaria/3243658/

http://gshow.globo.com/TV-Rio-Sul/Rio-Sul-Revista/videos/t/edicoes/v/revista-conta-historia-de-barco-que-transportou-presidiarios-para-a-ilha-grande-rj/4035072

https://tvuol.uol.com.br/video/abandono-de-embarcacao-historica-04024E19386AD0A95326


Publicado por: Josué Simão Helena

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