BULLYING: A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR EM SALA DE AULA

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1. RESUMO

Este trabalho tem como tema o bullying e a sala de aula. Os objetivos são: a) compreender o que é bullying, quais suas consequências e como acontece; b) verificar qual é o papel do professor e da escola no combate ao Bullying; c) verificar se os professores da rede municipal de ensino identificam e orientam sobre esse tema em sala de aula. Se justifica, devido ao bullying quase sempre estar presente nos ambientes escolares através de atitudes violentas, ameaças e agressões. A importância de se trabalha o bullying dentro dos ambientes escolares é proporcionar aos alunos uma reflexão sobre o quanto é causador de angustias e sofrimentos, para todos os envolvidos, sejam os agressores, as vítimas e ou os expectadores. É uma pesquisa qualitativa e a metodologia utilizada em um primeiro momento foi por meio de revisão e coleta de dados com 3 professores: da Educação Infantil, dos Anos Iniciais  do Ensino Fundamental e dos Anos Finais do Ensino Fundamental. Verificamos que a violência nas escolas afeta todos que estão a sua volta.  As consequências do bullying são tanto para os agressores, para as vítimas e também para os alunos que testemunham a violência, são problemas físicos e psicológicos, ansiedade, depressão a situação que podem levar ao suicídio e o homicídio. Os profissionais da educação têm o dever de incentivar a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças por meio de conversas e campanhas de incentivo à tolerância. A realização de trabalhos didáticos que incentivem a cooperação e a interpretação de diferentes papéis também são boas atividades para trabalhar a empatia em sala de aula. Esse é o papel que o professor deve ter, se estiver voltado para o auxílio de uma sociedade mais justa e mais igualitária.

Palavras-chave: bullying. Sala de aula. papel do professor.

2. INTRODUÇÃO

O Bullying é um tema de suma importância na sociedade atual, nos meios de comunicação, por estar presentes nas escolas, nas redes sociais e nos diferentes grupos de jovens e adolescentes e decorrem de influências sociais externas.

No Brasil assim como em outros países o termo bullying é denominado como “valentão” e como verbo “amedrontar”, “intimidar”. O bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivos, que pode ser utilizado causando, dor, angustia e sofrimento. As vítimas podem ser crianças ou jovens retraídos, tímidos, introvertidos, além disso as características físicas, como altura, peso, uso de óculos e/ou aparelho, ou qualquer outra característica fora do padrão de beleza. Já que a partir do momento que ele é feito pode causar danos, psicológicos e traumas, seja ele feito em qualquer momento da vida (FANTE, 2012), apesar de ser mais frequente entre as crianças e os adolescentes.     

São valores éticos que estão diretamente ligados a questões políticas e/ou morais, e muitas das vezes ligados a formação e a educação do indivíduo dentro da família, porque é dentro do ambiente familiar que a criança vê e reproduz na escola (SILVA, 2010). O bullying além de estar presente na escola, nas rodas de conversas de crianças e jovens, ele também pode ultrapassar as barreiras e muros do sistema escolar e tornar-se Cyberbullying dentro dos ambientes digitais, já que ocorrem dentro de plataformas de mensagens, salas de jogos virtuais e as mídias sociais.

Esse trabalho tem como objetivos: a) compreender o que é bullying, quais suas consequências e como acontece; b) verificar qual é o papel do professor e da escola no combate ao Bullying; c) verificar se os professores da rede municipal de ensino identificam e orientam sobre esse tema em sala de aula.

A relevância desse tema se justifica, devido ao bullying quase sempre estar presente nos ambientes escolares através de atitudes violentas, ameaças e agressões. A importância de se trabalha o bullying dentro dos ambientes escolares é proporcionar aos alunos uma reflexão sobre o quanto é causador de angustias e sofrimentos, para todos os envolvidos, sejam os agressores, as vítimas e ou os expectadores.

A justificativa para desenvolver esse trabalho, está na necessidade de, como futuros professores e em formação, acreditar que devemos compreender para lidar e identificar dentro do ambiente de ensino, já que os casos de bullying começam silenciosamente e podem se tornar graves.

3. O QUE É BULLYING, QUAIS SUAS CONSEQUÊNCIAS E COMO ACONTECE:

O bullying é uma palavra de origem inglesa, adotada para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar uma pessoa e coloca- lá sobre tensão; tem utilizado para conceituar comportamentos agressivos e antissociais (FANTE, 2012).

Por definição, o bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudante contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. (LOPES NETO,2005; FANTE 2012)

Dessa forma, a definição de Bullying é compreendida como “um subconjunto de comportamentos, agressivos sendo caracterizados por sua natureza repetitiva e por desequilíbrio de poder” (FANTE, 2012, p.98).

Quando abordamos a violência contra crianças e adolescentes e a vinculamos aos ambientes onde ela ocorre, a escola surge como um espaço ainda pouco explorado, principalmente com relação ao comportamento agressivo existente entre os próprios estudantes, para Lopes Neto:

O termo violência escolar diz respeito a todos os comportamentos agressivos e anti- sociais, incluindo os conflitos interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminosos, etc. Trata-se de comportamentos agressivos que ocorrem nas escolas e que são tradicionalmente admitidos como naturais, sendo habitualmente ignorados ou não valorizados, tanto por professores quanto pelos pais (LOPES NETO, 2005, p. 165).

Segundo (FANTE, 2012) os atos de bullying entre os alunos apresentam determinadas características comuns: são comportamentos produzidos de forma repetitiva num período prologado de tempo contra uma mesma vítima.

No bullying, as agressões podem ser de forma direta, em que a vítima vê e sabe quem é o agressor, ou indireta, em que a vítima é atacada, mas pode não saber quem é o agressor.

A agressão física direta engloba ataques abertos à vítima envolvendo ações individuais ou em grupo contra uma única pessoa, através de agressões com tapas, empurrões, pontapés, cuspes, roubos, estragos de objetos e a submissão do outro a atividades servis. A agressão verbal direta envolve ações de insultos em público, incluindo xingamentos, provocações, ameaças, apelidos maldosos, comentários racistas, ofensivos ou humilhantes. E a agressão indireta se dá pelo isolamento e exclusão social dentro do grupo de convivência, dificultando as relações da vítima com os pares ou prejudicando a sua posição social, por meio de boatos, ignorando a presença da vítima ou ameaçando os outros para que não brinquem com a mesma (BJORKQVIST; et al., 1992.Apud  ZEQUINÃO et tal., 2017, p. 183).

E ainda, segundo Lopes Neto (2005), o bullying diz respeito a uma forma de afirmação de poder interpessoal através da agressão. A vitimização ocorre quando uma pessoa é feita de receptor do comportamento agressivo de uma outra mais poderosa.

O alvo geralmente é um indivíduo que não tem condições de se defender. O autor é aquele que vitimiza os mais fracos, estando numa situação de superioridade. A testemunha é aquela que não participa diretamente do bullying, mas presencia as agressões e cala-se por medo de ser a próxima vítima (ZEQUINÃO et tal., 2017, p.145).

Lopes Neto (2005) explicita que existem dois tipos de bullying: os diretos e os indiretos.   Bullying direto ele considera que são, os apelidos, agressões físicas, ameaças, roubos, ofensas verbais ou expressões e gestos que geram mal-estar aos alvos. São atos utilizados com uma frequência quatro vezes maior entre os meninos.  E o bullying indireto compreende atitudes de indiferença, isolamento, difamação e negação aos desejos, sendo mais adotados pelas meninas.  

Explica ainda que, fatores econômicos, sociais e culturais, aspectos inatos de temperamento e influências familiares, de amigos, da escola e da comunidade, constituem riscos para a manifestação do bullying e causam impacto na saúde e desenvolvimento de crianças e adolescentes

O Alvo geralmente, é pouco sociável, inseguro e desesperançado quanto à possibilidade de adequação ao grupo. Tem poucos amigos, é passivo, retraído, infeliz e sofre com a vergonha, medo, depressão e ansiedade. Sua autoestima pode estar tão comprometida que acredita ser merecedor dos maus-tratos sofridos [...] O autor de bullying é tipicamente popular; tende a envolver-se em uma variedade de comportamentos antissociais; pode mostrar-se agressivo inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade como qualidade; tem opiniões positivas sobre si mesmo[..]Testemunha A maioria dos alunos não se envolve diretamente em atos de bullying e geralmente se cala por medo de ser a próxima vítima, por não saberem como agir e por descrerem nas atitudes da escola.(LOPES NETO, 2005 p. 167)

O bullying pode causar sérios riscos a várias pessoas: a quem sofre, a quem pratica e também a quem testemunha a violência. Francisco e Libório (2009, p. 201) afirmam que, se “[...] por um lado, as vítimas sofrem uma deterioração da sua autoestima, e do conceito que têm de si, por outro, os agressores também precisam de auxílio, visto que sofrem grave deterioração de sua escala de valores [...]” (ZEQUINÃO et tal , 2017, p. 45).

E segundo Lopes Neto (2005) é possível afirmar que todos nós desejamos que as escolas sejam ambientes seguros e saudáveis, onde crianças e adolescentes possam desenvolver ao máximo, os seus potenciais intelectuais e sociais. Portanto, não se pode admitir que sofram violências que lhes tragam danos físicos e/ou psicológicos.

Esse autor, também explica que é de fundamental importância que a escola não minimize as atitudes violentas que ocorrem em seu ambiente; ao contrário, essas devem ser tratadas e receber a devida atenção e enfrentamento em prol do futuro saudável de seus estudantes.

Ainda segundo esse autor, ao mencionar Paulo Freire, comenta que o profissional da educação deve ter em mente que “[...] a educação é uma forma de intervenção no mundo [...]”, a qual vai além dos conteúdos, ao respeitar os conhecimentos dos alunos e escutá-los, para que juntos, a partir dessas experiências, contribuam para a transformação da sociedade.

4. O PAPEL DO PROFESSOR E DA ESCOLA NO COMBATE AO BULLYNG

O professor deve assumir um papel relevante na prevenção e na identificação de atos que possam ser mostrados dentro de sala de aula que podem ser levados ao Bullying, já que essas ações podem ou não ocasionar situações propícias a essa prática dentro do ambiente escolar e fora dele, e Meotti e Perícoli (2013, p. 68) comentam que os pais colocam seus filhos na escola preocupados com a formação do indivíduo e de seus valores, considerando, em muitos casos, a instituição escolar, como uma extensão do próprio lar.

Segundo Fante (2005) as vítimas podem sofrer por muito tempo no ambiente escolar, sem que nenhum responsável saiba do seu sofrimento, e é por meio do convívio que o estudante tem dentro do ambiente escolar, com diferentes grupos de pessoas, que  ele passa a construir suas próprias características e a identificar a qual grupo vai fazer parte dentro desse ambiente, e caso ele não se identifique em nenhum desses grupos vai estar mais propicio a receber ou a se tornar uma vítima dos atos de bullying.

O professor dentro de sua formação deve estar apto e preparados para lidar com os problemas que o bullying pode trazer, bem como conhecer o problema e como ele se manifesta, essa é uma maneira de prevenir e combater esses atos.

Na maioria das vezes, tanto a família como a escola não têm se atentado para a gravidade do problema, ao entenderem que as agressões – principalmente as verbais - são apenas brincadeiras típicas da idade (FANTE, 2012). A escola é um ambiente que propicia experiências de relações de hierarquia, vivências de igualdade e convívio com as diferenças, que influenciam a formação do indivíduo (CANTINI, 2004 Apud FERNANDES et tal 2017).

É fundamental que a escola não minimize as atitudes de violência no ambiente escolar, elas devem ser tratadas com muita atenção em prol da saúde de seus estudantes. Já que o bullying se manifesta de diferentes formas e através de influências com o meio em que se está inserido. As vítimas algumas vezes não falam da violência que estão sofrendo por medo de represaria e por vergonha, e até mesmo por não confiar que as pessoas podem ajudar. (OLIVEIRA, 2018)

A escola é um ambiente de sociabilização e integração, onde se espera o aprendizado, valores, disciplina e sociabilização e em nenhum momento esperamos qualquer forma que seja de violência, o papel da escola é proporcionar meios que facilitem o bem-estar dos estudantes, e, na sala de aula, essa função é desempenhada pelo professor, corroborando assim o processo de ensino/aprendizagem.

As variações nas características da personalidade e tipo físico devem ser respeitadas, ao invés de se potencializar a discriminação e, consequentemente, as agressões. Ao contrário dos processos de risco, são necessários processos de proteção, que segundo Fernandes (2017, p.18):  “[...] correspondem às influências que modificam, melhoram ou alteram respostas individuais a determinados riscos de desadaptação”, esse autor explica ainda que existem quatro mecanismos que auxiliam muito na ocorrência dos processos de proteção, são eles: 

[...] redução do impacto dos riscos, que significa alterar a exposição da pessoa à situação estressora (como o bullying); redução das reações negativas em cadeia que seguem a exposição do indivíduo à situação de risco; estabelecimento e manutenção da autoestima e autoeficácia, por meio da presença de relações de apego, que sejam seguras e incondicionais, e o cumprimento de tarefas com sucesso; criação de oportunidades, que possibilitem uma “virada” na vida da pessoa. (FERNANDES et tal, 2017, p. 20),

Sabe se que os indivíduos ou vítimas do bullying necessita de situações e eventos negativos para que aconteça tal ato. O professor pode ser um grande aliado contra a superação de adversidades decorrentes da violência no ambiente escolar, para que aconteça tal desenvolvimento é preciso que educadores e alunos dialoguem, realizem atividades conjuntas, interativas, que tornem experiências de superação e enfrentamentos contra o bullying pois a violência pode se tornar um bumerangue, já que pesquisas comprovam que  uma pessoa que já foi  alvo de bullying pode se tornar um autor, porque desenvolve um desejo de reproduzir os maus-tratos sofridos em alguém mais frágil, em virtude de não conseguir se defender (LOPES NETO, 2005).

A escola é um ambiente de socialização para crianças e adolescentes e deve ser um espaço seguro, amoroso e estável para favorecer o desenvolvimento pleno dos estudantes (FERNANDES et tal, 2017), e para combater a violência na escola, é preciso construir um ambiente favorável, humano e cooperativo, com a criação de relações positivas e duradouras entre todos os envolvidos – alunos, professores, funcionários e comunidade. Fante (2005, p. 75) ao comentar sobre a violência escolar, explica que:

O comportamento agressivo ou violento nas escolas é hoje o fenômeno social mais complexo e difícil de compreender, por afetar a sociedade como um todo, atingindo diretamente as crianças de todas as idades, em todas as escolas do país e do mundo. Sabemos ser o fenômeno resultante de inúmeros fatores, tanto externos como internos à escola, caracterizados pelos tipos de interações sociais familiares, socioeducacionais e pelas expressões comportamentais agressivas manifestadas nas relações interpessoais.

Na maioria das escolas, é possível observar que além do desconhecimento, também existe a indiferença em relação aos casos existente, o que dificulta muito a compreensão e prevenção do problema. Muitas vezes os professores não prestam muita atenção nos alunos por estarem sobrecarregados, com salas superlotadas, conteúdos para cumprir, livro e documentos burocráticos para preencher entre outros, ou porque o professor não tem muito conhecimento sobre o assunto. (OLIVEIRA,2018 p.311)

A violência está por toda parte, dentro do ambiente familiar, escolar, social, e dentro das mídias de comunicação. Para Oliveira (2018), as vítimas algumas vezes não falam da violência que estão sofrendo por medo de represaria e por vergonha, e até mesmo por não confiar que as pessoas podem ajudar.

Para Fante (2005), o agressor é aquele que não se adapta à escola e seus objetivos, fazendo da violência a única forma de chamar a atenção, conseguir seus objetivos e ter poder. O bullying não é somente uma brincadeira, pois faz com que muitas crianças sejam humilhadas e isso pode levar a sérios problemas, um apelido pode leva-lo a ficar cada vez mais retraído, e assim como a escola e os professores, os pais também devem estar atentos a qualquer mudança de comportamento do aluno, que antes era bastante ativo começa a ser quieto ou a se distanciar da convivência com colegas e familiar.

São pequenas demonstrações de afastamento que é preciso prestar atenção. Oliveira (2018) comenta que o professor deve transmitir as questões éticas, respeito mútuo, diálogo, justiça e solidariedade. O professor é de suma importância para que as questões referentes ao respeito mútuo entre os estudantes, a sala de aula deve ser um ambiente acolhedor onde o aluno possa se sentir bem e feliz.

Ainda, para Oliveira (2018), se o ambiente de sala deixasse de ser apenas um local onde se adquire habilidades e competências e passasse a ser um local onde se aprende e se utiliza valores e temas transversais, a educação voltada para os valores poderia contribuir muito para   a redução do Bullying.

Além disso, é fundamental oferecer suporte necessário, tanto para os estudantes como para os professores para que a segurança tome o lugar da incerteza, e, assim, os professores possam trabalhar com seus alunos a melhor maneira de se diminuir a violência, para que a escola seja um lugar seguro, voltado para a construção do conhecimento e o fortalecimento de atitudes éticas e de respeito a diversidade.

5. METODOLOGIA

O presente estudo é de cunho qualitativo porque segundo Ludke e André (1986, p. 13), a pesquisa qualitativa “Envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes”. É relevante também porque as pesquisas de abordagens qualitativas “concebem o conhecimento como um processo socialmente construído pelos sujeitos nas suas interações cotidianas enquanto atuam na realidade, transformando-a e sendo por ela transformados” (ANDRÉ, 2013, p. 97). A pesquisa foi desenvolvida na cidade de Maracaju, MS, com três professores de escola pública que trabalham com os anos iniciais do Ensino Fundamental, aqui denominados de professor A, B e C, como podemos perceber pelo quadro 1.

Como instrumento de coleta de dados foi elaborado um questionário contendo questões abertas e fechadas e estruturado em duas partes. A primeira parte destinou-se ao levantamento de dados pessoais para elaborar o esboço de um perfil mínimo dos participantes. A segunda visou investigar o conhecimento dos professores relativo ao bullying e à percepção dos mesmos quanto à sua ocorrência em sala de aula, bem como à caracterização dos atos classificados por eles como sendo bullying.

6. ANÁLISE DE DADOS

Quadro 1 – características dos colaboradores

Colaboradores

Idade

Sexo

Quanto tempo trabalha no ensino fundamental

Série que trabalha

Professor A

43

Masculino

17 anos

2ª ano

Professor B

29

Feminino

5 anos

Ed. Infantil

(CIEI)

Professor C

29

Feminino

2 anos

7ª ano

Fonte: elaborado pelo autor

Pelo quadro 1 podemos observar que o professor A é do sexo masculino e que também é o que trabalha a mais tempo na docência, e ministra aulas no 2º ano do Ensino Fundamental. A professora B e C, tem 29 anos, são do sexo feminino e a professora C, é uma professora iniciante, com apenas 2 anos de carreira; a professora B, trabalha com a Educação Infantil e a professora C, nos Anos Finais do Ensino Fundamental.

Sobre as questões voltadas para o bullying, a primeira foi sobre o conhecimento que eles tinham sobre o bullying; todos responderam que se tratava de um conceito de violência na escola.  A segunda questão era sobre o que eles entendiam por bullying? O professor A respondeu que para ele essa palavra se trata de uma violência psicológica e as vezes física, de uma pessoa geralmente com superioridade física ou de poder sobre uma pessoa executada de forma sistemática e constante. A Professora B, disse que se trata de atos de violência física e psicológica e para a Professora C: “Bullying, ao meu ver, são práticas (humilhação, xingamentos, violência física) que tendem a intimidar uma pessoa fazendo com que ela se sinta impotente” (PROFESSOR C, 2020).

Percebemos que todos eles têm o mesmo entendimento de Fante (2005) que conceitua O termo bullying como todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas entre pares causando dor e angústia dentro de relações desiguais de poder (FANTE, 2005). Então podemos perceber através de questionário que todos os participantes compreendem que o bullying é uma forma de violência física e psicológica.

A terceira questão indagava se os colaboradores já haviam presenciado algum ato de bullying dentro de sala de aula e todos responderam que sim, e a próxima questão foi:  como professor, pode identificar que o aluno está sendo vítima de bullying?

O professor A respondeu que na maioria dos casos, o bullying é praticado de maneira explicita quando falamos de crianças pequenas, haja visto que os causadores dessa agressão não veem malefícios pois ali estão expondo os exemplos do meio em que vivem. Já o Professor B Acredita que observando atentamente o comportamento das crianças, seja individualmente ou em grupos e dialogando frequentemente com seus alunos já que as crianças nos dão sinais o tempo todo, cabe a nós professores estarmos observando atentamente e abertos estarmos para o diálogo e o Professor C disse que pelas atitudes dela em sala de aula, como medo, ausência, e até mesmo à distância.

Para Pavan (2007, p. 45) “Ter consciência de que o papel de professor é de extrema importância para se obter na sala de aula um clima de respeito mútuo, fazendo com que os alunos entendam a importância de se respeitar o colega, de se dialogar ao invés de ofender e brigar é fundamental ao educador e futuro educador”. Podemos perceber pelas respostas que os colaboradores têm o entendimento de que o professor tem um grande papel como mediador e incentivador do respeito entre os alunos dentro de sala de aula, para a partir daí haja o respeito dentro do ambiente escolar.

A quarta questão que os colaboradores responderam foi sobre o conhecimento que tinham sobre os agressores e as vítimas, e se haviam tomado alguma providência em relação a atos presenciados

O Professor A respondeu que “quase a totalidade dos agressores são meninos já as vítimas se dividem entre meninos e meninas. E que seria muito difícil não tomar uma atitude, porém cada caso deve ser analisado dentro das suas peculiaridades” (COLABORADOR A, 2020). O Professor B disse que os agressores e a vítima eram meninos. E que inicialmente conversou com a vítima para que ela relatasse o que havia acontecido e como ela se sentia em relação ao acontecimento, na sequencia chamou os agressores e, também, ouviu o relato deles sobre o acontecido e como eles se sentiam em relação a atitude que tiveram com seu colega. “E, por fim, chamei agressores e vítimas para conversarmos sobre a situação, tomei muito cuidado para que nenhum deles se sentissem acuados ou desrespeitados, pois a minha intenção não era prolongar esse episódio desagradável” (PROFESSOR B, 2020).  Já o Professor C, disse ter resolvido por meio do diálogo e que informou a coordenação e direção do fato acontecido. 

Segundo Fante (2005) O aluno pode ser agressivo com os colegas e também com os adultos, inclusive com os professores. Alguns estão apenas reproduzindo o modo como são tratados no ambiente familiar, e se os professores também utilizarem de violência para a repressão desse comportamento, estarão também fomentando a agressão, portanto o diálogo é sempre o melhor caminho.

A quinta questão era para os colaboradores relatarem   uma intervenção na qual consideraram ter agido de forma adequada frente a alguma situação de bullying na sala de aula. O Professor A disse que trabalhou em uma sala de aula com 20 alunos e que havia 7 alunos com algum tipo de deficiência, um desses alunos não conseguia ir ao banheiro sozinho, mesmo tendo 8 anos de idade, constantemente ele fazia suas necessidades na roupa e obviamente os demais colegas o chamavam de “cagão”[3], “para resolver a questão chamei os pais de cada aluno que praticavam o bullying juntos com eles de forma individual e conversamos” (PROFESSOR A, 2020).

O professor B Acredita que a resposta da pergunta, anterior responda esta questão também.  O Professor C fez um diálogo reservado com quem praticou e depois um diálogo geral com o restante da turma.

Os atos de bullying em momento algum deve ser visto como meras brincadeiras pelos colegas, além de serem feitos não só por uma pessoa, mas assistido por outras que simplesmente não querem se envolver por medo e se retraírem por sofrerem de maneiras diferentes.

A última questão solicitava que relatasse uma ação que tivessem presenciado, na escola e que considerou que a forma de abordagem foi inadequada. O Professor A lembrou de um determinado aluno, que foi chamado de (veadinho) [4]por alguns colegas, a coordenadora chamou o referido menino e disse que se não quisesse ser chamado assim deveria tomar jeito de homem. Em relação aos agressores sequer foram chamados.

Já o Professor B, comentou que foi uma professora a agressora. “Infelizmente, eu não tomei uma atitude na hora, pois eu não esperava essa atitude por parte dela” (PROFESSOR, B, 2020). O Professor C disse que pessoas que fingiram não ver a situação, e depois começaram a rir da mesma.

Oliveira (2018, p.312) alenta para a necessidade de compreendermos que as vítimas de bullying, carregam esse sofrimento para o resto da vida.   “Não sofrem consequências apenas na sua vida escolar. Estes alunos sofrem dificuldades por toda a sua vida, devido a sua baixa autoestima e saúde emocional abalada”. A vítima do bullying se torna uma pessoa insegura em tudo na sua vida, desde a sua aparência física até nas decisões a tomar.

7. CONSIDERAÇÕES:

A violência nas escolas afeta todos que estão a sua volta.  As consequências do bullying são tanto para os agressores, para as vítimas e também para os alunos que testemunham a violência, são problemas físicos e psicológicos, ansiedade, depressão a situação que podem levar ao suicídio e o homicídio. Os agressores também sofrem consequências, como comportamentos antissociais, dificuldades em obedecer a regras e reações agressivas.

Enfim, acreditamos que esse tema é de extrema relevância porque se trata principalmente da saúde emocional, mental de uma sociedade como um todo. Atitudes como as relatadas pelos professores colaboradores que presenciaram um coordenador de escola, culpando a vítima por ser alvo de bullying, e ou professores sendo os agressores é inadmissível dentro ou fora dos muros da escola.

Os profissionais da educação têm o dever de incentivar a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças por meio de conversas e campanhas de incentivo à tolerância. A realização de trabalhos didáticos que incentivem a cooperação e a interpretação de diferentes papéis também são boas atividades para trabalhar a empatia em sala de aula. Esse é o papel que o professor deve ter, se estiver voltado para o auxílio de uma sociedade mais justa e mais igualitária.

8. REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

FANTE, Cléo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. São Paulo: Verus, 2005.

FANTE, C. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 7. ed. Campinas: Verus, 2012.

FERNANDES, Grazielli; YUNES,Maria Angela Mattar; TASCHETTO, Leonidas Roberto. Bullying no ambiente escolar: o papel do professor e da escola como promotores de resiliência- Revista sociais & humanas - vol. 30 / nº 3 - 2017

FRANCISCO, M. V.; LIBÓRIO, R. M. C. Um estudo sobre bullying entre escolares do Ensino Fundamental. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 22, n. 2, p. 200-207, 2009. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2014.

LOPES NETO AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr (Rio J). 2005;81(5 Supl):S164- S172.

MEOTTI. Juliane Prestes; PERÍCOLI, Marcelo. A postura do professor diante do bullying em sala de aula. Revista Panorâmica On-Line. Barra do Garças – MT, vol. 15, p. 66 - 84, dez. 2013. ISSN - 2238-921-0

OLIVEIRA, Willer.Carlos. de. O papel do Professor diante do Bullying na sala de aula. EDUCERE - Revista da Educação, Umuarama, v. 18, n. 2, p. 297- 317, jul./dez. 2018.

PAVAN, Luciana. O papel do professor diante do bullying em sala de aula. Bauru: Universidade Estadual Paulista, 2007.

SILVA, Geane. de Jesus. Bullying: quando a escola não é um paraíso. Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2012.

ZEQUINÃO, Marcela Almeida; PEREIRA, Beatriz; CARDOSO, Fernando Luiz. Bullying escolar: um fenômeno multifacetado. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 42, n. 1, p. 181-198, jan./mar. 2014. 

[1] Indivíduo muito medroso.

[2] Espécie de mandioca de talo vermelho e de boas raízes.

Por João Batista de Jesus Fazan e Eliane Terezinha Tulio Ferronato


Publicado por: JOÃO BATISTA DE JESUS FAZAN

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