Preconceito Racial: Uma Análise Sobre o Racismo Brasileiro na Contemporaneidade

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O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil passa, desde a sua colonização, por um processo constante de segregação racial através de centenas de anos de influencia européia, que corrobora para a perpetuação do preconceito mesmo diante da miscigenação étnica e racial.

Sendo o racismo um fato adjunto da escravidão tricentenária brasileira, destaca-se Fernandes (1972), onde afirma que “O que pretendemos para o nosso futuro imediato e remoto, não é a fixação imobilista de dois pólos, separando o negro, de um lado, e o mundo dos brancos de que ele participa marginalmente, de outro; mas que o mundo dos brancos dilua-se e desapareça, para incorporar, em sua plenitude, todas as fronteiras do humano, que hoje apenas coexistem “mecanicamente” dentro da sociedade brasileira”. A dissolução da sociedade branca não é o desaparecimento dela, mas é a perda do seu protagonismo e poder diante dos demais seres que compõe essa mesma sociedade, de forma que a igualdade social e racial seja definitivamente algo sólido e não apenas utópico e mitológico.

Quanto ao tema proposto, o tratamento dessa problemática se da em sua total importância por ser uma questão que colabora para a injustiça humana e suas claras certezas hegemônicas infiltradas nas sociedades brasileiras. Portanto, já no século XXI, ainda se faz necessária a discussão acerca do racismo afim de que se encontrem soluções que consigam ser empregadas de forma efetiva no tratado racial.

No entanto, essa pesquisa se legitima diante da problemática racial ainda passível de exploração e discussão no campo sociológico e histórico para a obtenção do entendimento dos fatos e o porquê de sua insistência enérgica em se manter tão atuante na contemporaneidade.

2. JUSTIFICATIVA

Este trabalho propõe abordar sociologicamente e historicamente o desenvolvimento do racismo no Brasil, relacionando aspectos escravagistas entre os períodos coloniais e seu caminho no percorrer da sociedade atual. Portanto, questiona-se a segregação racial deliberada ainda que de forma sutil desencadeada livremente mesmo diante de um cenário onde já existem políticas publicas de inserção do negro na sociedade e leis que asseguram seus direitos e criminaliza o racismo. Por que o racismo se faz presente na sociedade brasileira mesmo após séculos de miscigenação e da diversificação de raças e etnias?

uma questão deveras importante, á saber que o negro é marginalizado, explorado e desprezado diante de estereótipos criados ao longo da história, imputados a eles de forma a inferiorizá-los social e culturalmente. Assim sendo, como desconstruir ideais racistas e eurocêntricos no século XXI?

O Brasil ainda não conseguiu se desprender do racismo, não evoluiu nesta questão da mesma forma que evoluiu em outros aspectos sociais. Portanto, a investigação sociológica é fundamental para trazer á luz do racismo, os sufrágios que alavancam o preconceito na sociedade contemporânea, elucidando toda uma retórica social imposta culturalmente no centro do que se deseja com a investigação do problema tratado.

O problema das relações entre a raça e a sociedade, é psicologicamente complexo. As atitudes e os sentimentos raciais não existem in vácuo. Não sendo biológica, sua origem só pode ser social. (COMAS, 1970, p.26).

Sendo o racismo um fator social, se fazem necessários estudos de contexto sociológicos definidos para a exploração das questões voltadas ao racismo e para o percurso do entendimento social almejando discutir crítica e reflexivamente seus pontos de forma mais amplificada.

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVOS GERAIS

Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar o contexto histórico e social do racismo e a sua propagação na sociedade brasileira contemporânea.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar o racismo em sua origem

Relacionar aspectos sociais na vertente histórica racial

Explorar as relações etnocentristas no Brasil

Identificar a subjugação racial e a segregação

Verificar a importância e conquistas do Movimento Negro

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1. A ORIGEM DO RACISMO NO BRASIL

A negação do racismo no Brasil se estende desde a abolição da escravatura em 1888, quando se criou a falsa percepção de que o negro já se encontrava em pleno desenvolvimento social por estar liberto, ignorando o fato de que a alforria não os libertou propriamente. Dado que, após a liberdade, eles foram jogados na sociedade sem nenhum aparto socioeconômico continuando escravo, mas de outros atenuantes sociais vivendo em completo estado de abandono, não muito diferente da vida no regime escravocrata.

Liberto, porém, já não sendo de ninguém, se encontrava só e hostilizado, contando apenas com sua força de trabalho, num mundo em que a terra e tudo o mais continuava apropriada. Tinha de sujeitar‐se, assim, a uma exploração que não era maior que dantes, porque isso seria impraticável, mas era agora absolutamente desinteressada do seu destino. (RIBEIRO, 1995 pg. 32).

A libertação escravagista apenas alavancou o preconceito contra a raça negra de forma que eles continuaram a ser segregados e marginalizados diante da sociedade branca e elitista do século XIX. Não contavam com os mesmos direitos sociais e econômicos que os brancos; não podiam usufruir dos mesmos lugares e ambientes ainda que fossem públicos. O descaso e o desmerecimento por parte da Corte e da sociedade, notoriamente os eliminavam de qualquer circunstância favorável de evolução socioeconômica e humana, e isso se estendeu por décadas sem que eles pudessem encontrar um caminho que os colocassem em frente aos seus direitos, que deveria ser normalizado após a abolição.

Nos anos 80, a voga pós-estruturalista vinda da França trouxe autoconsciência. A ambígua definição de "raça". O desconstrutivismo nas ciências sociais favoreceu uma metaforização ampliada do termo "raça". A análise do campo discursivo do racismo, tanto antigo (biologismo), quanto novo (diferencialismo cultural), introduziu a percepção de que, ao analisarmos hierarquias, estávamos lidando com um mesmo processo sub-reptício de "naturalização" e com formas diversas de essencialismo que se escondiam sob diferentes fenômenos empíricos (GUIMARÃES,1995, p.30). Ao analisar a subjugação racial entre a antiguidade e a contemporaneidade presumi-se que, os alavancamentos notórios da discriminação continua sua propagação nas sociedades brasileiras ainda que de forma separatista no contexto cultural. A questão se modernizou, mas não deixou de ser.

Christian Delacampagne (1990, pp. 85-6), discorre que:

O racismo, no sentido moderno do termo, não começa necessariamente quando se fala da superioridade fisiológica ou cultural de uma raça sobre outra; ele começa quando se alia a (pretensa) superioridade cultural direta e mecanicamente dependente da (pretensa) superioridade fisiológica; ou seja, quando um grupo deriva as características culturais de um grupo dado das suas características biológicas. O racismo é a redução do cultural ao biológico, a tentativa de fazer o primeiro depender do segundo. O racismo existe sempre que se pretende explicar um dado status social por uma característica natural.

No termo que difere raça e cor, além de cultura, é basicamente simplificar as diretrizes que sustentam desde a antiguidade, a formação racial e toda segregação. A "cor" passou a ser uma marca de origem, um código cifrado para a "raça". O racismo colonial, fundado sobre a idéia da pureza de sangue dos colonizadores portugueses, cedeu lugar, depois da Independência do país, à idéia de uma nação mestiça (Skidmore, 1979; Wright, 1990; Wade, 1993), cuja miscigenação não permitiria mais a naturalização da raça, pois sangues se misturaram e as origens muitas vezes são desconhecidas.

Havia uma crença na antiguidade brasileira que, cientificamente a raça negra estava sendo extinta por questões de mortalidade alta do negro na época devido a sua vulnerabilidade e por acreditar que a miscigenação já estava a caminho da erradicação porque as uniões familiares começaram a aumentar consideravelmente entre pessoas de pele clara com o intuito de descontinuar a miscigenação com a raça negra. Sobre essa análise, Thomas Skidmore argumenta:

no pressuposto da superioridade branca — algumas vezes implícita pois deixava em aberto a questão de saber quão "inata" era a inferioridade negra, e usava os eufemismos "raças mais avançadas" e "menos avançadas". Mas a esse pressuposto juntavam-se dois outros. Primeiro, que a população negra estava se tornando progressivamente menos numerosa que a branca por razões que incluíam uma taxa de natalidade supostamente menor, uma maior incidência de doenças e sua desorganização social. Segundo, a miscigenação estaria "naturalmente" produzindo uma população mais clara, em parte porque o gene branco seria mais resistente e em parte porque as pessoas escolhiam parceiros sexuais mais claros (Skidmore, 1993, pp. 64-5).

A desmitificarão da liberdade negra e da democracia racial, bem como a igualdade de raças no Brasil, foi observado por Anani Dzidzienyo, que notou as entrelinhas sobre o racismo que antes se observava apenas no negro africano. “A força dessa opinião penetra completamente a sociedade brasileira e abarca a totalidade dos estereótipos, dos papéis sociais, dasoportunidades de emprego, dos estilos de vida e, o que é mais importante, serve como pedra de toque para sempre observada 'etiqueta' das relações raciais no Brasil" (Dzidzienyo,1971, p. 3). Ou seja, a convivência racial passa ser algo demagogo e não espontâneo, serve apenas para mostrar aos olhos da sociedade uma convivência harmônica disfarçada de tolerância racial que, no cotidiano, não se sustenta de forma consistente quando esses mesmos negros não participam dos grupos sociais, profissionais, econômicos, educacionais, culturais, que a sociedade racialmente privilegiada faz parte.

A segregação racial é tão sólida quanto em qualquer tempo colonial observado na história. Se observarmos o contexto em que o racismo se revela entre um período e outro, encontramos semelhanças que ainda se copiam com fidelidade, se propagam de forma absolutamente repetida no contexto do preconceito racial histórico brasileiro.

4.2. O ETNOCENTRISMO CONTEMPORÂNEO E A ENGENHARIA RACIAL BRASILEIRA

Embora esses conceitos observados durante toda a história se enraizaram e a eficácia relacional que se intensifica acerca do racismo não foram resolvidos de maneira efetiva, os conceitos raciais passaram por períodos evolutivos tanto na consciência de raças como no racismo propriamente dito.

As relações etnocentristas de enfoque na separação racial já não se limitam a certos espaços, mas continua em sua derradeira forma mais atual sobre as aversões sociais mais variadas no que tange o racismo.

Falar de contribuição das raças humanas à civilização mundial poderia ser surpreendente num trabalho destinado a lutar contra o preconceito racista. Seria inútil ter consagrado tanto talento e tantos esforços para mostrar que nada, no atual estado da ciência, permite afirmar a superioridade ou a inferioridade intelectual de uma raça em relação á outra, mesmo que fôsse apenas para restituir sub-repeticiamente sua consistência à noção de raça parecendo demonstrar que os grandes grupos étnicos que compõem a humanidade, deram enquanto tais, contribuições especificas ao patrimônio comum. (STRAUSS,1970, p.231).

O etnocentrismo baseia-se na ciência da hipótese, uma ciência racista sem qualquer fundamento probatório de tais relações de superioridade e inferioridade devidas á cor da pele, a etnia, a raça e a cultura.

Vinculados e legitimados pela biologia, a grande ciência desse século, os modelos darwinistas sociais constituíram-se em instrumentos eficazes para julgar povos e culturas, a partir de critérios deterministas, e, mais uma vez, o Brasil surgia representado como um grande exemplo; dessa feita, um "laboratório racial" (SCHWARCZ, 2010, p. 22).

A divisão racial implicada nas crenças de inferioridade da cor da pele e subjuga arduamente a raça negra impondo divisões e desmerecendo qualquer conduta plausível advinda da afro descendência, sempre atrelando a cor aos malefícios sociais. Houve no Brasil a separação socioracial através da separação comunitária. Os governantes não sabiam o que fazer com o negro após a abolição e esse agravante foi se desenvolvendo por décadas em todo o país, onde se formaram favelas compostas quase que exclusivamente por negros, em um ambiente degradante sem qualquer infra-estrutura social para o bem viver da população que ali se instalava por falta de opção e recursos, sem qualquer aparto socioeconômico que os subjuga como um problema social do qual a sociedade e o Estado se abstém de qualquer interesse.

Percebe-se que esta ideologia do racismo manteve a sua estrutura fundamental, só alterando as formas da sua manifestação. No período da escravidão, os negros eram sem alma, eram não humanos, portanto passiveis de serem tratados de forma desumana; na transição da escravidão para o assalariado (sic), os negros eram incompetentes para trabalhar no novo sistema de contratação, portanto passives de serem excluídos do mercado formal de trabalho; em seguida, os negros tinham como alternativa de inserção social a assimilação dos valores brancos inclusive pelo mascaramento de características visíveis da sua origem via miscigenação; (OLIVEIRA, 2000, p.83-84). Assim os pormenores raciais se desenvolveram significativamente na ilusão de que o negro se atrelava entre a sociedade branca, mesmo que para isso escondesse sua origem na escravidão racial que corroborou para a escravidão social subseqüente ao abandono da sociedade e do Estado.

A negação da desigualdade racial colaborou para o crescimento do preconceito no Brasil. Carneiro (2003, p.5) afirmou que, "o Brasil sempre procurou sustentar a imagem de um país cordial, caracterizado pela presença de um povo pacífico, sem preconceito de raça e religião [...]". E a autora completou que, "Sempre interessou ao homem branco a preservação do mito de que o Brasil é um paraíso racial, como forma de absorver as tensões sociais e mascarar os mecanismos de exploração e de subordinação do outro, do diferente [...]" (CARNEIRO, 2003, p.5).

Sendo cada vez mais outorgado o racismo brasileiro, as discussões sobre o preconceito ainda não são suficientes para tratar essa questão com a seriedade que ela merece, justamente pelo valor histórico que o racismo e a segregação têm diante da sociedade contemporânea. Delimita-se apenas a dizer que o Brasil é uma mistura de raças, etnias e culturas e que, em nossos genes, há com certeza um DNA negro oriundo de algum ancestral em nossa árvore genealógica como forma de justificar que é impossível haver racismo em um país miscigenado. Avalia-se então, que o desenvolvimento social do negro se estagnou perdido entre todos esses atenuantes que a sociedade esboça o tempo todo. O negro continua á margem da sociedade, ainda não se desenvolveu, não subiu de posição social, não conquistou seus direitos de forma efetiva, não conseguiram tomar o poder que lhes cabe frente à sociedade.

A busca da identidade negra é diariamente enfrentada sobre a resistência social. Portanto, a identidade não se prende apenas ao nível da cultura. Ela envolve, também, os níveis sócio-políticos e históricos em cada sociedade. Assim, a identidade vista de uma forma mais ampla e genérica é invocada quando “um grupo reivindica uma maior visibilidade social face ao apagamento a que foi, historicamente, submetido” (NOVAES, 1993: 25). Ignorando a raça e o racismo negro, invibializa toda uma história de luta racial, aparentemente de forma proposital para o impedimento do desenvolvimento negro. Nem mesmo na Bahia, onde os negros foram escravizados primeiro, eles são protagonistas de seus territórios, vivendo ainda em pelourinhos que serviram de senzala para os negros no decorrer da colonização portuguesa. Esses lugares viraram patrimônio cultural, onde servem de curiosidade aos gringos que viajam para o Estado para contemplar as belezas históricas da Bahia, mas não tem qualquer contato com a realidade daqueles negros que ainda vivem por lá, em uma condição de vida análoga á escravidão. Vivem tão precariamente como nos séculos passados e servem apenas de representantes da história escravocrata brasileira, sem desenvolvimento social e econômico, se deparando com a fome e a pobreza sem qualquer recurso digno de sobrevivência.

4.3. MOVIMENTO NEGRO

As lutas não são apenas individuais, mas também coletiva visto que, os movimentos africanistas são cada vez mais presentes e realizam protestos, buscam por seus direitos dentro do congresso e por leis que os assegurem permanecer na sociedade de forma igualitária. Esses movimentos que começaram na luta pelos direitos civis (1954-1968) nos Estados Unidos, com a formação de grupos de militantes negros e líderes notórios como Martin Luther King, serviram de espelho para outros movimentos de luta negra pelo mundo e o Brasil seguiu esse mesmo percurso. Com a Proclamação da República, surgiu o primeiro movimento de luta negra em São Paulo, o Clube 13 de Maio dos Homens Pretos (1902). Esse movimento surgiu com finalidade de exigir os direitos dos negros dentro da nova sociedade que se criava na época.

Andrews enfatiza:

seja politicamente em decorrência das limitações da República no que se refere ao sufrágio e as outras formas de participação política; seja social e psicologicamente, em face das doutrinas do racismo científico e da "teoria do branqueamento"; seja ainda economicamente, devido às preferências em termos de emprego em favor dos imigrantes europeus (ANDREWS, 1991).

O Movimento Negro no Brasil nasceu na década de 70 e foi o principio que formou outros grupos sociais de luta negra no decorrer das décadas. Com o objetivo de denunciar o racismo, esses movimentos foram tomando corpo e seguindo para outras linhas sociais através de protestos e atos públicos, na intenção de chamar a atenção do governo e da sociedade para as questões raciais.

Foi á partir da década de 90, que a atuação negra para obtenção de direitos se acentuava mais fortemente no combate ao racismo através da aproximação do Movimento Negro e do Estado brasileiro. Neste período houve dois acontecimentos – um nacional e outro internacional – onde estudiosos destacam esse processo como um marco histórico na luta negra: a Marcha Zumbi dos Palmares Contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, em 1995, ano de comemoração do tricentenário da morte de Zumbi dos Palmares, e a Conferência de Durban, em 2001.

Esse movimento surgiu á priori para deslocar a data da Abolição da Escravatura, 13 de maio, para o Dia Nacional da Consciência Negra. Após, essa Marcha contou com a agregação popular onde participaram cerca de 30 mil pessoas, o que impulsionou um destaque que era incomum sobre a temática racial brasileira. Por último, esse movimento formalizou uma proposta intitulada como "Programa de Superação do Racismo e da Desigualdade Racial", entregue ao então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Este documento elaborou um diagnóstico sobre a prática do racismo e da desigualdade racial, enfatizando temas sobre a saúde, educação e trabalho. Além de incluir outros tópicos como violência, religião, terra, cultura, informação e comunicação. De acordo com o documento,

[...] a temática das desigualdades raciais não configura um problema dos e para os negros, mas se refere à essência da invenção democrática.

Reiteramos: a perpetuação das práticas discriminatórias é um grave e manifesto atentado ao princípio constitucional da igualdade, pedra angular da democracia. [...].

Trata-se de um esforço que deverá ter como principal escopo tornar a igualdade formal, a igualdade de todos perante a lei, em igualdade substancial: igualdade de oportunidades e tratamento.

Em decorrência deste dia através de decreto presidencial, criou-se o Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização da População Negra (GTI). O GTI foi composto por membros da Sociedade Civil ligados ao Movimento Negro e os representantes dos ministérios e secretarias vinculadas a presidência da republica, a fim de desenvolver políticas públicas para o desenvolvimento da população negra no Brasil. Desde então, os movimentos foram se fortalecendo e em decorrência disso, deram outras vitórias ao Movimento Negro que se estendeu na criação do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 1), lançado em 13 de maio de 1996, onde o governo assume de forma documentada, o compromisso de combate às desigualdades raciais através de políticas especificas voltada para a população negra. Consta no documento,

Art.108: Reconhecemos a necessidade de se adotarem medidas especiais ou medidas positivas em favor das vítimas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata com o intuito de promover sua plena integração na sociedade. As medidas para uma ação efetiva, inclusive as medidas sociais, devem visar corrigir as condições que impedem o gozo dos direitos e a introdução de medidas especiais para incentivar a participação igualitária de todos os grupos raciais, culturais, lingüísticos e religiosos em todos os setores da sociedade, colocando todos em igualdade de condições. (BRASIL,1996).

Após esse marco na história da luta negra, outros movimentos se desenvolveram e são variados e importantes na luta de combate ao racismo e direitos dos negros. Conseguiram grandes progressos e trouxeram a luz do racismo quebrando o tabu que ainda assola a sociedade contemporânea acerca do tema. Esses movimentos seguiram linhas comuns e toda a logística dentro desses movimentos é de forma organizacional e visível socialmente, onde a intolerância racial se pressupôs dentro de uma liberdade fundada em moldes coloniais da história brasileira designando os sufrágios arcaicos e retrógados que perpetuaram o racismo em centenas de anos e que hoje é desmembrado através da tomada de lugar do negro na sociedade civil. Ainda que alguns direitos foram conquistados no decorrer das décadas, como foi observado nas estâncias já expostas, de maneira geral, pode-se afirmar que o quadro do racismo ainda é preocupante e necessita de novos estudos e discussões no propósito de amplificar metas que consigam viabilizar o histórico racista para a obtenção de estruturas que sejam colocadas de forma prática a fim de diversificar a igualdade racial entre as sociedades brasileiras.

Em tese, mais especificamente nas conquistas alcançadas á respeito dos direitos dos negros diante de um histórico de racismo tão conceitual na atualidade, essas conquistas se desenvolveram subitamente na contemporaneidade no senso evolucionista e moderno da sociedade. Apesar de ainda haver grandes dificuldades em agregar o negro em todos os âmbitos sociais, já existe consenso de boa parte da população que aderiram também a essa luta, fortificando ainda mais os precedentes que já não os anulam como há séculos atrás. Advindo das conquistas, o que não se pode é agregar á luta negra apenas no sentido filantrópico de amostragem de consciência racial, mas que no cotidiano a sociedade os inclua no tratamento igualitário.

Na ordem jurídica e de criminalização, o Movimento Negro conseguiu aparto da lei do racismo, onde a primeira lei efetiva foi a Leiº 1390 /51 (1951), conhecida como “Lei Afonso Arino”, que proibia qualquer tipo de discriminação racial no Brasil. Porém, teve pouca efetividade, pois as punições não eram aplicadas e por isso a lei teve conceito teórico e não prático. Em 1989 constituiu-se a Lei nº 7.716 (1989) conhecida como “Lei Caó”, que tipificou o crime de racismo no Brasil. Essa lei passou por emendas e hoje o crime de racismo é imprescritível e inafiançável no país.

Apesar dessas conquistas, ainda não há um temor real no comportamento social sobre o racismo por ser culturalmente visto de forma normalizada, o respeito racial não é algo comum no Brasil. Em termos comparativos sucessórios, a arraigada racial já compete mais fortemente na sociedade, pois certas crenças já foram desmitificadas e o conceito étnico – racial vem se quebrando nos termos de separação de influencia e capacidades.

As contribuições dos negros como raça ou como indivíduos para o mundo civilizado, não podem servir de base adequada para que se possa prognosticar o que a raça seja capaz de alcançar no futuro por suas próprias aptidões e em condições sociais e econômicas mais satisfatórias (COMAS, 1970. Pg, 32).

O negro participante na sociedade tem atributos além de seu histórico escravo, que não mais se sustenta na sociedade como uma limitação de seus poderes sociais que lhe foi negado por centenas de anos, abrindo outros nortes sociais para a igualdade sem precedentes de limitação racial, mas com alicerces sólidos de desempenho e força das suas características de potencial determinação social dignamente entre todos os parâmetros sociais, culturais e econômicos.

O Movimento Negro é uma célula político-social que deu voz ao negro, com uma trajetória histórica de extrema importância mediante as ações afirmativas na representatividade negra, buscando pela igualdade racial com o intuito de que o Brasil seja um país definitivamente livre do preconceito racial.

5. METODOLOGIA

O método de estudo terá como tipo de pesquisa qualitativa, por se justapor melhor na propensão da pesquisa a ser realizada, cuja compreensão do problema se assenta de forma pontual de uma determinada realidade social, perscrutando os aspectos sociais implícitos diante das questões observadas.

Para Godoy (1995) “Considerando que a abordagem qualitativa, enquanto exercício de pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, ela permite que a imaginação e a criatividade levem os investigadores a propor trabalhos que explorem novos enfoques”.

Godoy continua: comum associarmos a pesquisa etnográfica com a antropologia, onde ela tem sido tradicionalmente empregada em estudos com populações primitivas e minorias culturais (GODOY, 1995. pg, 27).

Com a finalidade de entender as percepções introduzidas neste estudo, serão necessárias análises documentais e bibliográficas para a complementação do âmago da problemática tratada diante dos conhecimentos de autores da área de antropologia, sociologia, história e documentos de relevância, que colaborarão para a formação da análise cientifica buscando identificar o discurso relacional que permeia um grupo social específico e seu cotidiano. A diversificação de leituras subjacentes reforça a teoria dos fatos descritos e de que forma influenciam na prática socioracial.

6. CRONOGRAMA

 

 

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Revisão

 

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Bibliográfica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Redação do TCC

 

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6.1. BIBLIOGRAFIA

CARNEIRO, L.T. Maria. O racismo na Historia do Brasil. 8. Ed. São Paulo:Ática, 2003.

COMAS, Juan. Raça e Ciência. Editora Perspectiva. São Paulo, 1970.

Delacampagne, Christian. "Racismo e o Ocidente: da praxis ao logos". In: David Theo Goldberg, org. Anatomia do racismo. Universidade de Minnesota Press, 1990.

Dzidzienyo, Anani. A posição dos negros na sociedade brasileira. Londres, 1971.

FERNANDES, Florestan. O Negro no Mundo dos Brancos. Difusão Européia do Livro. São Paulo, 1972.

GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisa Qualitativa: Tipos Fundamentais. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, 1995.

NOVAES, Silvia Caiuby. Jogo de espelhos. São Paulo:EDUSP,1993.

OLIVEIRA, Denis de. Globalização e Racismo no Brasil. São Paulo: Unegro, 2000.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. Ed. Companhia das letras. São Paulo, 1995.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Racismo no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Publifolha, 2010.

STRAUSS, Lévi. C. Raça e História. In: Vários autores (orgs.) Raça e Ciência. Volume 1, p. 231-269.

São Paulo: Perspectiva, 1970.

SKIDMORE, Thomas. White into black Durham e Londres: Duke University Press, 1993.

TEXTOS DA INTERNET

BRASIL. Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata.Fundação Palmares, Durban. 31 de agosto a 08 de setembro de 2001. Disponível em:< http://www.unfpa.org.br/Arquivos/declaracao_durban.pdf>. Acesso em:15 de setembro de 2019.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Decreto de 20 de Novembro de 1995. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/DNN/Anterior%20a%202000/1995/Dnn3531.htm:Acesso em: 15 de setembrode 2019.

BRASIL. Lei Nº 1390, de 03 de Julho de 195. Disponível em:< https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1950-1959/lei-1390-3-julho-1951-361802-publicacaooriginal-1-pl.html>: Acesso em: 22 de setembro de 2019.

BRASIL. Lei Nº 7.716, de 05 de Janeiro de 1989. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm>:Acesso em: 28 de setembro de 2019.

DOMINGUES, Petrônio. Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos históricos*. Disponível em:<http://www.leliagonzalez.org.br/material/Marcha_Zumbi_1995_divulgacaoUNEGRO-RS.pdf>: Acesso em: 18 de setembro de 2019.

FHAS, Ana. Como Surgiu o Movimento Negro?.Politize!, 2019. Disponível em:<https://www.politize.com.br/movimento-negro/>:Acesso em: 12 de setembro de 2019. 


Publicado por: Fabiana Alves Saraiva

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