DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITOS CONTRA AS RELIGIÕES DE MATRIZES CULTURAIS AFRICANAS, ESTUDO DA SITUAÇÃO ATUAL

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1.  RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo proporcionar uma reflexão sobre os problemas de discriminação e preconceito contra as religiões de matrizes culturais africanas. Muitos praticantes das mesmas acabam sofrendo inúmeras violências, tanto físicas quanto intelectuais, devido a intolerância religiosa existente. Muitas vezes isso ocorre devido à falta de conhecimento em relação a história da cultura afro-brasileira e africana e por isso, os pensamentos presentes no senso comum acabam sendo transmitidos acarretando o desenvolvimento de visões errôneas sobre esta cultura e principalmente sobre sua prática religiosa. O trabalho desenvolvido procura trazer informações sobre a intolerância religiosa na atualidade bem como permitir a aplicação de uma prática de ensino que contribua para amenizar ou até mesmo diminuir este problema. A escola, através da educação, pode ser o ponto chave desta transformação e os alunos seus agentes transformadores. Portanto, eles são os primeiros sujeitos que precisam conhecer a história da cultura afro-brasileira, aprendendo a respeitá-la e valorizá-la, contribuindo para o desenvolvimento de ações que possam mostrar sua importância e sua presença na sociedade brasileira e assim permitindo a construção de cidadãos críticos, que saibam respeitar as diferenças e possam ser construtores de uma sociedade mais justa, menos preconceituosa, mais tolerante, menos egoísta, mais igualitária e que contribua para o fim da intolerância contra as religiões de matrizes culturais africanas bem como para a cultura afro-brasileira como um todo.

PALAVRAS-CHAVE: Discriminação. Preconceito. Religião. Afro-Brasileira.

2. INTRODUÇÃO

O presente trabalho procura realizar um estudo sobre a “Discriminação e preconceitos contra as religiões de matrizes culturais africanas, estudo da situação atual” que existe na sociedade brasileira e que é fruto de uma história que não soube dar o devido valor a cultura afro-brasileira e contribuiu para a falta de respeito para com a mesma, o que ocorre deste o princípio da colonização brasileira.

A formação da sociedade brasileira teve início a partir do processo de colonização do Brasil que se deu com a chegada dos colonizadores europeus e se acentuou a partir da libertação dos escravos, pois os africanos agora livres em território brasileiro, passaram a exercer sua cultura, trabalhar e se fazer ainda mais presente na sociedade da então colônia.

Devido ao domínio dos portugueses sobre as demais raças e também pela chegada de diferentes nações europeias ao longo da história brasileira, uma visão de superioridade destes povos perante os africanos também foi sendo introduzida e a visão eurocêntrica foi sendo implantada no seio da sociedade brasileira.

Neste contexto, a discriminação e o preconceito para com a cultura africana também foram introduzidos de forma muito intensa na sociedade colonial brasileira, a partir da transmissão de ideologias dominantes.

Estas religiões estão presentes no território brasileiro deste a chegada dos primeiros negros trazidos da África para trabalharem como escravos, mesmo se passando 500 anos deste acontecimento ainda hoje existe esse tipo de intolerância para com as religiões africanas bem com para com sua cultura.

A importância do desenvolvimento deste trabalho está na necessidade de se compreender a intolerância que se faz presente na sociedade brasileira para com as religiões de matrizes da cultura africana, visto que mesmo tendo se passado mais de 500 anos da chegada dos negros trazidos da África ainda persiste uma visão preconceituosa e discriminatória para com a cultura afro-brasileira.

Percebe-se que, ainda hoje, no Brasil, há uma grande desigualdade étnico-racial, consequência não apenas da discriminação racial realizada no passado, mas, também, de um processo social que transmitiu ao longo da história estereótipos discriminatórios para com esta cultura.

O Candomblé e a Umbanda são as religiões de raízes africanas mais conhecidas e praticadas no Brasil. Segundo Mattos (2012, p. 160) “as primeiras referências do Candomblé no Brasil datam do século XIX” e que a “Umbanda começou a ser praticada no século XX” (p. 171).

Mesmo tendo se passado tanto tempo desde que as religiões de matrizes culturais africanas passaram a fazer parte da cultura afro-brasileira no Brasil ainda persiste um olhar de discriminação e preconceito para com as mesmas.

Isso é fruto de um processo histórico na sociedade brasileira que transmitiu o conhecimento sobre a África, os povos africanos e a cultura afro-brasileira de forma subestimada, muitas vezes se enfatizando seu sofrimento, sua pobreza social e econômica de forma generalizada e deixando de lado seu potencial, sua riqueza, seus valores, sua cultura e sua tão importante contribuição para a formação da sociedade brasileira.

Macedo (2013) enfatiza que aprender sobre a História da África e compreender a cultura dos povos que viviam neste continente, contribuindo para a formação da cultura afro-brasileira permite que seja adquirido um olhar mais compreensivo para com as religiões de matrizes africanas e seus praticantes. Estudar a História da cultura afro-brasileira contribuirá para entender que essas religiões foram uma forma encontrada pelos escravos trazidos da África de praticar sua cultura.

A análise sobre a discriminação que existe em relação as religiões de herança africana permite compreender porque na sociedade brasileira ainda persiste uma intolerância racial e religiosa e que isso pode ser fruto da falta de conhecimento sobre estas religiões.

O principal objetivo deste trabalho é refletir sobre os problemas de preconceito e discriminação relacionados as religiões afro-brasileiras e seus praticantes, procurando compreender quais são os fatores determinantes para estes problemas e definir ações que poderiam contribuir para diminuir a ocorrência de violência devido a intolerância religiosa.

É preciso compreender e aceitar que “os africanos influenciaram profundamente a sociedade brasileira e deixaram contribuições importantes para o que chamamos hoje de cultura afro-brasileira” (MATTOS, 2012, p. 155) e as formas que os descendentes africanos possuem para expressar sua fé são apenas uma parte da sua cultura que precisa ser valorizada, para assim dar fim ao racismo religioso existente atualmente no Brasil.

Um importante passo para isso é o estudo da História da África e da Cultura afro-brasileiro nos estabelecimentos de ensino do Brasil, os quais possuem uma função muito importante para a compreensão da importância e das contribuições que os povos africanos trouxeram tanto para o desenvolvimento da cultura afro-brasileira quanto para a formação da sociedade brasileira, desenvolvendo uma consciência de respeito e valorização para com esta cultura e consequentemente para com as religiões de matrizes africanas.

Portanto, é preciso achar meios que contribuam para acabar com o preconceito e com a discriminação contra as religiões de matrizes culturais africanas e a educação possui um papel fundamental para construção de uma sociedade mais tolerante, que respeite e aceite as diferenças, que saiba valorizar a cultura africana na sociedade brasileira e assim faça com que a intolerância religiosa fique no passado.

O trabalho está dividido em três partes: Discussão teórica, Plano de ensino e Relatório do desenvolvimento da proposta.

A primeira parte - Discussão teórica - procura desenvolver um estudo sobre o problema da intolerância religiosa, do preconceito e da discriminação que existe para com as religiões de matrizes culturais africanas e seus adeptos, se embasamento em autores referenciados e em dados fornecidos por pesquisas de Institutos, as quais demonstram a frequência da ocorrência desta intolerância na atualidade.

A segunda parte refere-se ao Plano de ensino na qual são elaboradas propostas de práticas pedagógicas a serem desenvolvidas junto aos educandos com o intuito de apresentar os problemas de intolerância religiosa que vivem os povos pertencentes a cultura afro-brasileira e a desenvolver ações sobre este problema pode ser amenizado. A aulas elaboradas tem como objetivo permitir que através do conhecimento se desenvolva o respeito a valorização por esta cultura e que as informações erradas transmitidas pelo senso comum e pela cultura popular por ser superadas, contribuindo assim para a construção de uma sociedade mais tolerante e aprenda a aceitar e respeitar as diferenças.

A última parte - Relatório do desenvolvimento da proposta – tem como objetivo apresentar como ocorreu a aplicação das aulas propostas, refletir sobre as situações que ocorreram em sala de aula, sobre a aceitação dos educandos quanto ao tema e sobre o aprendizado que estes alunos obtiveram ao longo das práticas docentes.

3. LINHA DE PESQUISA

3.1. História e Cultura Afro-brasileira e ameríndia

3.1.1. TEMA

DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITOS CONTRA AS RELIGIÕES DE MATRIZES CULTURAIS AFRICANAS, ESTUDO DA SITUAÇÃO ATUAL

DELIMITAÇÃO DO TEMA:

A formação da sociedade brasileira teve início a partir do processo de colonização do Brasil que se deu com a chegada dos colonizadores europeus e se acentuou a partir da libertação dos escravos, pois os africanos agora livres em território brasileiro, passaram a exercer sua cultura, trabalhar e se fazer ainda mais presente na sociedade da então colônia.

Devido ao domínio dos portugueses sobre as demais raças e também pela chegada de diferentes nações europeias ao longo da história brasileira, uma visão de superioridade destes povos perante os africanos também foi sendo introduzida e a visão eurocêntrica foi sendo implantada no seio da sociedade brasileira.

Neste contexto, a discriminação e o preconceito para com a cultura africana também foram introduzidos de forma muito intensa na sociedade colonial brasileira, a partir da transmissão de ideologias dominantes.

O presente trabalho tem como objetivo retratar e compreender um pouco desta visão para com a cultura afro brasileira analisando e refletir sobre a discriminação e o preconceito que existe em relação às religiões de raízes africanas na atualidade e que se fazem presentes no Brasil, na qual é possível citar como sendo as mais conhecidas o Candomblé e a Umbanda.

Estas religiões estão presentes no território brasileiro deste a chegada dos primeiros negros trazidos da África para trabalharem como escravos, mesmo se passando 500 anos deste acontecimento ainda hoje existe esse tipo de intolerância para com as religiões africanas bem com para com sua cultura.

4. JUSTIFICATIVA

A importância do desenvolvimento do presente está na necessidade de se compreender a intolerância que se faz presente na sociedade brasileira para com as religiões de matrizes da cultura africana, visto que mesmo tendo se passado mais de 500 anos da chegada dos negros trazidos da África ainda persiste uma visão preconceituosa e discriminatória para com a cultura afro-brasileira.

Percebe-se que, ainda hoje, no Brasil, há uma grande desigualdade étnico-racial, consequência não apenas da discriminação racial realizada no passado, mas, também, de um processo social que transmitiu ao longo da história estereótipos discriminatórios para com esta cultura.

O Candomblé e a Umbanda são as religiões de raízes africanas mais conhecidas e praticadas no Brasil. Segundo Mattos (2012, p. 160) “as primeiras referências do Candomblé no Brasil datam do século XIX” e que a “Umbanda começou a ser praticada no século XX” (p. 171).

Mesmo tendo se passado tanto tempo desde que as religiões de matrizes culturais africanas passaram a fazer parte da cultura afro-brasileira no Brasil ainda persiste um olhar de discriminação e preconceito para com as mesmas.

Isso é fruto de um processo histórico na sociedade brasileira que transmitiu o conhecimento sobre a África, os povos africanos e a cultura afro-brasileira de forma subestimada, muitas vezes se enfatizando seu sofrimento, sua pobreza social e econômica de forma generalizada e deixando de lado seu potencial, sua riqueza, seus valores, sua cultura e sua tão importante contribuição para a formação da sociedade brasileira.

Macedo (2013) enfatiza que aprender sobre a História da África e compreender a cultura dos povos que viviam neste continente, contribuindo para a formação da cultura afro-brasileira permite que seja adquirido um olhar mais compreensivo para com as religiões de matrizes africanas e seus praticantes. Estudar a História da cultura afro-brasileira contribuirá para entender que essas religiões foram uma forma encontrada pelos escravos trazidos da África de praticar sua cultura.

A análise sobre a discriminação que existe em relação as religiões de herança africana permite compreender porque na sociedade brasileira ainda persiste uma intolerância racial e religiosa e que isso pode ser fruto da falta de conhecimento sobre estas religiões.

É preciso compreender e aceitar que “os africanos influenciaram profundamente a sociedade brasileira e deixaram contribuições importantes para o que chamamos hoje de cultura afro-brasileira” (MATTOS, 2012, p. 155) e as formas que os descendentes africanos possuem para expressar sua fé são apenas uma parte da sua cultura que precisa ser valorizada, para assim dar fim ao racismo religioso existente atualmente no Brasil.

Um importante passo para isso é o estudo da História da África e da Cultura afro-brasileiro nos estabelecimentos de ensino do Brasil, os quais possuem uma função muito importante para a compreensão da importância e das contribuições que os povos africanos trouxeram tanto para o desenvolvimento da cultura afro-brasileira quanto para a formação da sociedade brasileira, desenvolvendo uma consciência de respeito e valorização para com esta cultura e consequentemente para com as religiões de matrizes africanas.

Portanto, é preciso achar meios que contribuam para acabar com o preconceito e com a discriminação contra as religiões de matrizes culturais africanas e a educação possui um papel fundamental para construção de uma sociedade mais tolerante, que respeite e aceite as diferenças, que saiba valorizar a cultura africana na sociedade brasileira e assim faça com que a intolerância religiosa fique no passado.

5. PARTE I – DISCUSSÃO TEÓRICA

Através deste estudo pretende-se analisar o preconceito existente na sociedade brasileira no que se refere à prática das religiões de matrizes culturais africanas na atualidade e que vem ocorrendo ao longo da história que enfatizou os problemas dos negros, da África e deixou de ressaltar sua importância, beleza e riqueza.

Neste sentido é necessário que se compreenda a importância que os povos africanos tiveram na formação da sociedade brasileira e o seu direito de praticar sua fé, não importando a religião escolhida para isto, pois a cultura afro-brasileira foi e é muito importante para o país, especialmente por sua contribuição para a construção de uma identidade brasileira.

Este conhecimento se torna importante porque é a partir da valorização e do respeito pela cultura afro-brasileira que se torna possível a construção de uma sociedade que saiba respeitar a diferença e a cultura do outro, para que assim os praticantes das religiões de matrizes culturais africanas existentes no Brasil possam exercer sua fé sem qualquer tipo de intolerância, algo que não está acontecendo atualmente, visto o grande número atos de violência sofridos por seus praticantes.

Walmir Júnior (2016) enfatiza que “não restam dúvidas que essas ações são pano de fundo do preconceito racial, tendo em vista que a história de fundação da religiosidade de matrizes africanas é fruto da resistência dos escravos no Brasil”.

No ano de 2003 foi sancionada a lei nº 10.639/03 que torna o ensino da História e Cultura Afro-brasileira obrigatório na educação brasileira como forma de conhecer a história deste povo e sua importância para a formação da sociedade do Brasil. Este conhecimento vem contribuir para que qualquer tipo de preconceito e discriminação que exista contra a cultura afro-brasileira possam ser amenizados e os constantes relatos e notícias sobre a violência contra as religiões afro-brasileiras também possam ser combatidos.

Por um lado o racismo e a discriminação que remontam à escravidão e que desde o Brasil colônia rotulam tais religiões pelo simples fato de serem de origem africana, e, pelo outro, a ação de alguns movimentos neopentecostais que nos últimos anos teriam se valido de mitos e preconceitos para "demonizar" e insuflar a perseguição a umbandistas e candomblecistas. (ÚLTIMO SEGUNDO, 2016)

Neste contexto, Macedo (2013) enfatiza que aprender sobre a História da África e da cultura afro-brasileira permite que se adquira um olhar de valorização para com estas culturas e de compreensão e respeito as diferenças.

Desta forma entende-se que o primeiro passo para se alcançar o respeito por culturas diferentes passa pelo conhecimento, pela compreensão do outro e de seus costumes, deixando o pensamento etnocêntrico fora dos julgamentos que são realizados em relação a qualquer forma de agir ou ser de um povo.

Para Mattos (2013) a mistura de culturas ocorreu entre diferentes culturas vindas da África, bem como a indígena e portuguesa que se faziam presentes no Brasil:

Os africanos, quando chegaram ao Brasil, passaram a conviver com diversos grupos sociais – portugueses, crioulos, indígenas e africanos originários de diferentes partes da África. Nesse caldeirão social tentaram garantir a sobrevivência, estabelecendo relações com seus companheiros de cor e de origem, construindo espaços para a prática de solidariedade e recriando sua cultura e suas visões de mundo. (MATTOS, 2003, p. 155)

A partir do momento em que os africanos se encontraram em terras brasileiras, logo no início da escravidão na então colônia, passaram a viver seus costumes, como forma de não esquecer suas origens, sendo as religiões de matrizes culturais africanas uma delas, contudo neste período os problemas de violência contra essas práticas já podiam ser vistos. Preconceito este que não se perdeu com o tempo, pelo contrário ainda se faz presente nos dias atuais.

“Ao mesmo tempo em que atuavam contra a discriminação racial e lutavam para ocupar mais espaços na sociedade brasileira, os negros preservavam a sua cultura através de manifestações como as congadas, maracatu...” (MATTOS, 2012, p. 192).

O preconceito da atualidade é fruto de uma sociedade que foi marcada pela exclusão racial, que, através das lutas dos negros, lhes concedeu alguns direitos, algum reconhecimento e que, nas últimas décadas, vem reconhecendo sua importância e valorizando sua cultura, contudo, ainda é algo comum verificar cenas de violência por causa da intolerância racial. Os praticantes de religiões afro-brasileira vem sendo alvo constante de preconceito e discriminação na sociedade contemporânea.

A população afro-brasileira da atualidade tem sofrido diversos ataques a seus costumes e hábitos. Além de terem que lutar contra uma sociedade que privilegia aqueles que possuem grande poder econômico e que ainda vive o racismo em seu cotidiano, os negros no Brasil também tem sido alvo de intolerância religiosa.

Segundo Walmir Júnior (2016) os adeptos e praticantes de religiões de matrizes culturais africanas têm sofrido ataques de violência, discriminação e preconceito tanto física quanto psicologicamente e que essa intolerância tem aparecido com maior frequência na atualidade.

Gabriel Leão (2015) relata que ano de 2014 “no Rio de Janeiro, traficantes convertidos a religiões de matriz evangélica expulsam praticantes de candomblé dos morros e proíbem uso de guias – que são colares religiosos – e roupas brancas”.

Vieira (2011) relata que o estado do Rio de Janeiro é que possui “a maior proporção de praticantes de religiões afro-brasileira na população (1,61%), segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas com base no Censo 2010”. E de acordo com o site Último Segundo (2016) este também é o estado que mais relata casos de violências contra os sujeitos que expressam sua fé a partir da prática de religiões de matrizes culturais africanas, como pode ser visto na tabela 1.

Tabela 1 – Casos de violência de 2012 a 2015 no Rio de Janeiro.

Nº Total de Violência

Divisão por religião

Religiões afro-brasileiras

Evangélicos

católicos

Judeus e sem religião

Liberdade religiosa de forma geral

1014

71%

7,7%

3,8%

3,8%

3,8

Fonte: último Segundo (2016) de acordo com dados do Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos (Ceplir)

Através dos dados apresentados é possível compreender que a intolerância contra praticantes das religiões de matrizes culturais africanas é absurdamente alto em comparação com os registros contra as demais religiões.

Isso leva a uma reflexão de que isso pode ser uma forma de mascarar o preconceito e a discriminação racial no Brasil por causa da cor e que a agressão contra praticantes das religiões afro-brasileira acaba sendo uma desculpa para aqueles que se acham superiores devido a cor da pele.

Para Walmir Júnior (2016)

O resultado dessa força opressora estruturada e organizada na sociedade usa equivocadamente a religião (quase sempre cristã) como justificativa para demonizar as divindades cultuadas pelos povos de matrizes africanas, acirrando as relações interpessoais e de forma categórica, praticando o racismo institucional e religioso nas entrelinhas deste processo. (WALMIR JÚNIOR, 2016)

De acordo com Fonseca e Giacomini (2014), muitas vezes as agressões contra os praticantes destas religiões acontecem em diferentes locais – tanto nos terreiros quanto nos espaços públicos – e que os agressores são advindos de diferentes classes sociais e se utilizam de diferentes meios para agredir, ameaçar ou intimidar os adeptos.

Dentre as agressões é possível citar aquelas que ocorrem diretamente contra os sujeitos como “queima e apedrejamento dos terreiros, agressão a uma criança porque vestiu uma roupa que a identifica com a sua religião, linchamento verbal na internet e redes sociais” (WALMIR JÚNIOR, 2016) ou aquelas que ocorrem contra o patrimônio destas religiões: invasão do culto, pichação da fachada dos terreiros, apedrejamento dos locais, destruição das imagens, etc. (FONSECA E GIACOMINI (2014).

Contudo, não pode se dizer que apenas o preconceito e a intolerância racial são os responsáveis pelos problemas sofridos por aqueles que praticam as religiões de matrizes culturais africanas, mas também, a falta de conhecimento sobre estas religiões, sobre a cultura afro-brasileiras e africana, a intolerância religiosa propriamente dita e a existência de uma sociedade que ao longo da história desenvolveu uma visão etnocêntrica, colocando a raça branca como superior, personificando a existência de uma democracia racial ou até mesmo pelo desenvolvimento de um pensamento sobre a necessidade do branqueamento da sociedade brasileira.

“O ideal da evolução étnica brasileira seria a pureza da raça branca. Por isso, concomitantemente a eliminação do negro, a imigração europeia foi incentivada com o intuito de promover o branqueamento da população”. (MATTOS, 2012, p. 186)

Todo esse processo acabou sendo componente concreto para o desenvolvimento de tantos problemas discriminatórios e preconceituosos contra as práticas religiosas de matrizes culturais africanas que as populações afrodescendentes enfrentam diariamente no Brasil.

Para Fonseca e Giacomini (2014) existe um grupo que é responsável por 66% dos casos de violências contra os praticantes das religiões afro-brasileiras ou contra seus terreiros, conforme pode ser visto na tabela 2.

Tabela 2: Principais responsáveis pelas agressões

Agressores

%

Evangélicos

32

Vizinhos

27

Vizinho evangélicos

7

total

66

Fonte: Construção própria a partir de dados de Fonseca e Giacomini (2014) apud Brasil247

Segundo as autoras estas agressões acontecem em diferentes setores da sociedade: nas ruas, nas escolas públicas, nos transportes coletivos, matas, locais de trabalho, hospitais, meios de comunicação de massa, cemitérios, enfim, são vários os locais em que os problemas de discriminação ocorrem.

Acredito que o vazio deixado pelo Estado, somado ao enfraquecimento da Igreja Católica nas áreas faveladas, permitiu o crescimento das igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais, que de certo modo levantam o discurso equivocado da demonização das religiões de matrizes africanas. Óbvio que não é a regra, mas um número considerável de pastores reproduzem essas práticas nos seus territórios de ação. (WALMIR JÚNIOR, 2016)

Ao se analisar as ocorrências de intolerância contra praticantes de religiões de matrizes culturais africanas ou contra as próprias religiões é possível perceber que esta violência, muitas vezes, é fruto da própria sociedade que não sabe lidar com as diferenças, principalmente por falta de conhecimento.

Portanto, é preciso que este problema do preconceito e da discriminação contra as religiões de matrizes culturais africanas seja combatido e a principal forma para que isso aconteça é através do conhecimento e da valorização que ocorre através do aprendizado sobre estas religiões e consequentemente se alcance o respeito para com as mesmas. É necessário mudar a visão que a sociedade brasileira tem em relação a cultura afro-brasileira, a seus costumes, hábitos e suas formas de expressar sua fé.

A educação, através do trabalho nas escolas, pode ser uma aliada muito importante no combate ao preconceito e a discriminação contra as religiões de matrizes culturais africanas e que também existe contra a cultura afro-brasileira. Ela pode contribuir procurando orientar seus alunos para a necessidade de construir uma sociedade mais tolerante, que compreenda e respeite as diferenças e que seja capaz, de forma concreta, de oferecer as mesmas oportunidades para todos os indivíduos não importando sua raça, seu credo, sua cor ou sua fé.

6. PROPOSTA DE ENSINO

O presente trabalho tem como objetivo abordar e procurar compreender um pouco sobre a visão intolerante para com a cultura afro brasileira, analisando e refletindo sobre a discriminação e o preconceito que existe em relação às religiões de raízes africanas na atualidade e que se fazem presentes no Brasil e como seria possível combater este problema.

Considerando estudos realizados percebe-se que, ainda hoje, no Brasil, há uma grande desigualdade étnico-racial, consequência não apenas da discriminação racial realizada no passado, mas, também, de um processo social que transmitiu ao longo da história estereótipos discriminatórios para com esta cultura.

Neste contexto torna-se importante que os educandos possam aprender e compreender sobre a história da cultura africana e afro-brasileira, para que assim possa respeitar e valorizar suas crenças. Através da transformação desta forma de pensar que pode ser proporcionada pela educação através dos estabelecimentos de ensino no Brasil é possível construir uma sociedade mais tolerante e que saiba respeitar as diferenças.

Macedo (2013) enfatiza que aprender sobre a História da África, compreender a cultura dos povos que viviam neste continente e que contribuíram para a formação da cultura afro-brasileira permite que seja adquirido um olhar mais compreensivo para com as religiões de matrizes africanas e seus praticantes. Estudar a História da cultura afro-brasileira contribuirá para entender que essas religiões foram uma forma encontrada pelos escravos trazidos da África de praticar sua cultura.

É preciso compreender e aceitar que “os africanos influenciaram profundamente a sociedade brasileira e deixaram contribuições importantes para o que chamamos hoje de cultura afro-brasileira” (MATTOS, 2012, p. 155) e as formas que os descendentes africanos possuem para expressar sua fé são apenas uma parte da sua cultura que precisa ser valorizada, para assim dar fim ao racismo religioso existente atualmente no Brasil.

A proposta de ensino a ser desenvolvida tem como papel contribuir para que os educandos possam a importância da cultura afro-brasileira na atualidade e sobre a importância que os afrodescendentes tiveram para a formação da sociedade brasileira, como forma de aprender a respeitá-los e valorizá-los, bem como será conhecido um pouco das principais religiões de matrizes culturais africanas, pois o conhecimento é o primeiro passo para a conquista do respeito.

As práticas docentes a serem desenvolvidas têm como objetivo permitir aos educandos realizar uma análise sobre o cenário de discriminação e preconceito pelo qual passam as religiões afro-brasileiras e seus adeptos na atualidade, buscando-se ações que possam contribuir para amenizar ou até mesmo acabar com estes problemas que afligem os adeptos destas formas de expressar sua fé, procurando mostrar aos alunos que eles são os principais agentes transformadores da sociedade, devendo sempre começar pela realidade que os cerca.

Portanto, serão desenvolvidas reflexões que contribuam para acabar com o preconceito e com a discriminação contra as religiões de matrizes culturais africanas. Adquirir conhecimento sobre a cultura afro-brasileira, é um importante passo para a construção de uma sociedade mais tolerante, que respeite e aceite as diferenças, que saiba valorizar a cultura africana na sociedade brasileira e assim faça com que a intolerância religiosa fique no passado.

Os alunos do presente são o futuro da sociedade, e consequentemente, são estes sujeitos que ou promoverão a continuidade do preconceito e da discriminação ou contribuirão para acabar com este problema e para que este último seja alcançado é preciso que aprendam na escola a importância desta cultura para o Brasil.

7. PARTE II – PLANO DE ENSINO

7.1. PLANO DE ENSINO

Faixa etária: Alunos do 2º ano do Ensino Médio

Número de Aulas: 5 aulas

7.2. OBJETIVO GERAL

  • Compreensão sobre a discriminação e o preconceito que as religiões de matrizes culturais africanas sofrem na atualidade e como atuar para amenizar este problema.

7.3. Objetivos específicos:

  • Conhecer as principais características das religiões de matrizes culturais africanas praticadas no Brasil;

  • Refletir sobre o cenário de discriminação e preconceito contra as religiões afro-brasileiras e seus praticantes na atualidade;

  • Verificar quais ações podem ser adotadas para ajudar a amenizar os problemas de preconceito e discriminação vividos pelos praticantes destas religiões;

1ª Aula

DADOS

 

Tema da Aula: Aprendendo a respeitar a cultura afro-brasileira a partir do conhecimento de sua importância para a formação do Brasil

Aplicadores: Iracema Aparecida Mendonça Oliveira

Duração da atividade (em horas/aula): 50 minutos

Data e Horário: 18 de outubro de 2017 – 11:10 às 12:00


CONTEÚDO

 

- Compreensão do contexto dos povos africanos na sociedade brasileira.

- Contribuição e atuação dos povos africanas na formação da cultura brasileira.

- Características da cultura afro-brasileira.


OBJETIVOS

 

Objetivo Geral

- Conhecer a história da cultura afro-brasileiro como forma de aprender a respeitá-lo.

Objetivos específicos

- Compreender como a sociedade brasileira foi influenciada pela cultura africana;

- Entender a importância de se valorizar a cultura afro-brasileira como forma de combater a intolerância contra descendentes desses povos;


METODOLOGIA

 

- A aula será realizada no laboratório de informática do estabelecimento de ensino e será iniciada de forma expositiva, trabalhando a leitura do texto “O contexto pós-abolição e a atuação dos negros na sociedade brasileira”, de Mattos, (2012, p. 186-192).

- Realização de debates sobre o texto analisado e sobre a importância de se conhecer a história da cultura afro-brasileira para se desenvolver o respeito pela mesma.

- Pesquisa sobre a influência africana no Brasil e sobre situações em sua própria realidade em que há influência dos povos africanos e afro-brasileiros.

- Apresentação de imagens da prática de algumas religiões de matrizes culturais africanas praticadas no Brasil que são herança da cultura africana desde o período colonial e apresentará o vídeo “Cultura afro-brasileira”.


RECURSOS DE ENSINO

 

- Xerox do texto: O contexto pós-abolição e a atuação dos negros na sociedade brasileira (MATTOS, 2012, p. 186-192);

- Imagens da Cultura afro-brasileira e da prática das religiões afro-brasileiras;

- Vídeo: Cultura Afro-brasileira. Fábio Aquino. Vídeo, 9’14’’. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=puDf88xIiX4https://www.youtube.com/watch?v=puDf88xIiX4. Acesso em: 20 de set. de 2017.

- Laboratório de Informática;

- Datashow

- Notebook.


Avaliação

 

Os educandos serão avaliados a partir das pesquisas realizadas e pelas discussões propostas pela docente ao longo da aula, refletindo sobre como eles percebem a presença dos povos africanos em nosso meio, suas contribuições e como eles se sentem influenciados por este povo em seu cotidiano. Os alunos serão indagados a comentar sobre o que eles conhecem a respeito das religiões afro-brasileiras.


Referências

 

Cultura Afro-brasileira. Fábio Aquino. Vídeo, 9’14’’. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=puDf88xIiX4https://www.youtube.com/watch?v=puDf88xIiX4. Acesso em: 20 de set. de 2017.AQUINO, Fábio. Cultura Afro-brasileira. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=puDf88xIiX4, 2011. Acesso em: 20 de set. de 2017.

MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira-Brasileira. 2ª ed. - São Paulo: Contexto, 2012.

2ª Aula

DADOS

 

Tema da Aula: Conhecendo religiões de matrizes culturais africanas presentes no Brasil: Candomblé e Umbanda

Aplicadores: Iracema Aparecida Mendonça Oliveira

Duração da atividade (em horas/aula): 50 minutos

Data e Horário: 19 de outubro de 2017 – 09:20 às 10:10


CONTEÚDO

 

- As origens da Umbanda e do Candomblé.

- Principais características do Candomblé e da Umbanda.


OBJETIVOS

 

Objetivo Geral

- Permitir aos educandos conhecer as origens e principais características da Umbanda e do Candomblé.

Objetivos específicos

- Apresentar aos educandos as principais religiões de matrizes culturais africanas no Brasil: Candomblé e Umbanda;

- Apresentar e discutir sobre a história do candomblé e da Umbanda;

- Criar condições para que os alunos possam compreender as principais características das religiões afro-brasileiras em destaque.


METODOLOGIA

 

- A Aula acontecerá de forma expositiva

- Leitura dos recortes sobre Umbanda e Candomblé de Mattos (2012) –

- Apresentação de imagens que caracterizam as respectivas religiões.

- Pesquisa sobre notícias que tragam informações de situações que evidenciem o preconceito e discriminação contra praticantes destas religiões para apresentar na aula seguinte.


RECURSOS DE ENSINO

 

- Datashow

- Notebook


Avaliação

 

A avaliação a partir desta aula acontecerá a partir da participação dos educandos nas discussões propostas sobre o tema em estudo, analisando e refletindo sobre suas próprias visões – antes e depois - sobre a práticas de religiões de matrizes culturais africanas no Brasil.


Referências

 

MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira-Brasileira. 2ª ed. - São Paulo: Contexto, 2012, p. 160 - 172.

3ª Aula

DADOS

 

Tema da Aula: O preconceito e a discriminação na sociedade brasileira contra as religiões de matrizes culturais africanas: o cenário atual

Aplicadores: Iracema Aparecida Mendonça Oliveira

Duração da atividade (em horas/aula): 50 minutos

Data e Horário: 25 de outubro de 2017 – 09:20 às 10:10


CONTEÚDO

 

- Preconceito e discriminação contra as religiões de matrizes culturais africanas;


OBJETIVOS

 

Objetivo Geral

- Compreender os problemas de discriminação e preconceito vividos pelos praticantes de religiões de matrizes culturais africanas.

Objetivos específicos

- Refletir sobre a intolerância religiosa perante as religiões afro-brasileiras;

- Analisar os dados dos últimos anos sobre a violência contra os praticantes destas religiões.

 

METODOLOGIA

 

- Leitura do texto “Orgulho e Preconceito: as religiões afro-brasileiras” de Leão (2015);

- Reflexão sobre o direito e a liberdade de escolha que os indivíduos possuem para determinar como expressar sua fé;

- Análise sobre a violência contra praticantes de religiões de afro-brasileiras.

- Apresentação do vídeo Líder de religiões de matriz africana pede mais tolerância religiosa em 2016, Brasil, Ministério da Cultura. 2016, 4”48””. Disponível em: https://www.facebook.com/MinisterioDaCultura/videos/791647827607150/. Acesso em: 21 de set. de 2017.

- Pesquisa sobre a violência sofrida pelos adeptos a religiões de matrizes culturais africanas.

Verificar o que anotei em aula acima sobre metodologia, não é preciso descrever toda a aula, basta indicar.


RECURSOS DE ENSINO

 

- Vídeo: Líder de religiões de matriz africana pede mais tolerância religiosa em 2016, Brasil, Ministério da Cultura. 2016, 4”48””. Disponível em: https://www.facebook.com/MinisterioDaCultura/videos/791647827607150/. Acesso em: 21 de set. de 2017.

- Texto “Orgulho e Preconceito: as religiões afro-brasileiras” de Leão (2015);

- Datashow;

- Notebook;

- Laboratório de Informática.


Avaliação

 

- A avalição será realizada a partir das pesquisas e explicações apresentadas pelos educandos sobre a intolerância para com a religiões de matrizes cuturais africanas na atualidade.


Referências

 

Líder de religiões de matriz africana pede mais tolerância religiosa em 2016, Brasil, Ministério da Cultura. 2016, 4”48””. Disponível em: https://www.facebook.com/MinisterioDaCultura/videos/791647827607150/. Acesso em: 21 de set. de 2017.

LEÃO, Gabriel. Orgulho e Preconceito: as religiões afro-brasileiras. 2015. Disponível em: https://www.vice.com/pt_br/article/z4bg9j/orgulho-e-preconceito-as-religioes-afro-brasileiras. Acesso em: 20 de set. de 2017.

4ª Aula

DADOS

 

Tema da Aula: Ações para valorização das religiões afro-brasileira e visando combater o preconceito e discriminação contra a prática das mesmas

Aplicadores: Iracema Aparecida Mendonça Oliveira

Duração da atividade (em horas/aula): 50 minutos

Data e Horário: 26 de outubro de 2017 – 09:20 às 10:10


CONTEÚDO

 

- Texto: Valorização da cultura afro-brasileira: diversidade, respeito e cidadania


OBJETIVOS

 

Objetivo Geral

- Refletir sobre as ações que a escola pode promover visando a valorização da cultura afro-brasileira e para o fim da intolerância religiosa.

Objetivos específicos

- Discutir ações que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade que respeite as diferenças culturais;

- Estimular a valorização das origens culturais e o respeito pelas religiões de matrizes culturais africanas, bem como a cultura africana e afro-brasileira;

 

METODOLOGIA

 

- Leitura de partes selecionadas do texto “Valorização da religião afro-brasileira: diversidade, respeito e cidadania” de Pelosi & Pomari (2014);

- Roda de debates sobre quais ações podem ser realizadas dentro da escola visando esta valorização.

- Divisão das atividades a serem desenvolvidas pelos educandos.


RECURSOS DE ENSINO

 

- Texto Valorização da religião afro-brasileira: diversidade, respeito e cidadania” de Pelosi & Pomari (2014);

- Datashow;

- Notebook


Avaliação

 

- Os alunos serão avaliados a partir de sua participação na aula, da escrita e da exposição de suas ideias sobre quais ações podem ser realizadas buscando valorizar a cultura afro-brasileira e consequentemente contribuir para diminuir ou até mesmo acabar com a discriminação e o preconceito contra as religiões de matrizes culturais africanas na atualidade.


Referências

 

PELOSI, Sonia Maria; POMARI, Luciana Regina. Valorização da religião afro-brasileira: diversidade, respeito e cidadania. Os desafios da escola Pública paranaense na perspectiva do professor PDE. Paraná. 2014. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_unespar-paranavai_hist_artigo_sonia_maria_pelosi.pdf. Acesso em: 22 de set. de 2017.


5ª Aula

DADOS

 

Tema da Aula: A escola como espaço de conhecimento e educação para a diversidade racial, étnica e religiosa e valorização da cultura afro-brasileira

Aplicadores: Iracema Aparecida Mendonça Oliveira

Duração da atividade (em horas/aula): 1:40 minutos

Data e Horário: 01 de novembro de 2017 – 08:30 às 10:10


CONTEÚDO

 

Apresentações artísticas e culturais sobre a cultura afro-brasileira, a prática das religiões, culinária, teatro sobre respeito e valorização étnica, racial e religiosa.

 


OBJETIVOS

 

Objetivo Geral

- Demostrar que o ambiente escolar é o local ideal para conhecimento e valorização da cultura afro-brasileira e para acabar com a intolerância seja cultural, étnica ou racial.

Objetivos específicos

- Contribuir para o conhecimento das principais características da cultura afro-brasileira através de apresentações artísticas (teatro, músicas tradicionais, comidas típicas, desfiles de trajes típicos, apresentação de costumes e hábitos);

- Aprender como a escola pode contribuir para acabar com o preconceito e a discriminação através do conhecimento.


METODOLOGIA

 

- Apresentação do vídeo Cultura Afro Brasileira: Artes, Religiões, danças e etc. História, Arte e Cultura. História, Arte e Cultural, 5’34’’. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tJ1pJvdJMUc. Acesso em: 25 de set. de 2017.

- Em seguida a professora permitirá que os educandos passam a focar em suas atividades específicas que foram delimitadas na aula anterior realizando suas produções para serem apresentadas a comunidade escolar. Os alunos terão aproximadamente 60 minutos para realizarem a preparação do que vão apresentar para os educandos no refeitório da escola ou colocar em exposição no estabelecimento de ensino.

- Após esta fase de preparação os educandos terão aproximadamente 30 minutos para as diferentes apresentações, exposições, oficinas, cantos, enfim, para demonstrarem aos professores e demais alunos da escola as atividades que prepararam.


RECURSOS DE ENSINO

 

- Cultura Afro Brasileira: Artes, Religiões, danças e etc. História, Arte e Cultura. História, Arte e Cultural, 5’34’’. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tJ1pJvdJMUc. Acesso em: 25 de set. de 2017.

- Datashow;

- Notebook

- Tinta;

- Régua;

- Caneta e lápis de escrever;

- Som (caixas e microfone)

- Vestimentas típicas;

- Comidas típicas.


Avaliação

 

Os alunos serão avaliados a partir do desenvolvimento de diferentes ações de valorização da cultura afro-brasileira: suas pinturas, desenhos, produções artísticas, canto, desfile, figuração, vestimenta, comidas típicas, entre outras.


Referências

 

- Cultura Afro Brasileira: Artes, Religiões, danças e etc. História, Arte e Cultura. História, Arte e Cultural, 5’34’’. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tJ1pJvdJMUc. Acesso em: 25 de set. de 2017.

8. PARTE III – RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

8.1. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

O Colégio Estadual Corumbataí do Sul – Ensino Fundamental e Médio, desde sua fundação, trabalha em regime de dualidade administrativa, ou seja, o estabelecimento escolar e as estruturas físicas são compartilhadas com a Escola Municipal Cecília Meireles – Ensino Fundamental.

A instituição de ensino está localizada na cidade de Corumbataí do Sul, que fica na região centro oeste do estado do Paraná, encontrando-se na área urbana, mais especificamente na Rua Tocantins, 104 Centro, como pode ser visto na imagem abaixo:

Figura 1 – Localização do Estabelecimento de Ensino

Fonte:http://www.ctzcorumbataidosul.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=10

O estabelecimento de ensino é público tendo como mantenedora a Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná. O nível de ensino oferecido é o Ensino fundamental séries finais e o Ensino Médio, sendo que a instituição oferece turmas em três turnos:

  • Matutino no período entre 07h40min e 12h00min;

  • Vespertino iniciando o turno às 12h40min e terminando às 17h00min horas; e

  • Noturno que funciona das 18h30min às 22h50min.

Atualmente escola conta com um total de 397 alunos que frequentam do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, 1º ao 3º ano do ensino médio, Sala de recursos Multifuncional, Sala de Apoio a Aprendizagem e projeto de Futsal que funcional no contra turno escolar. Em relação aos profissionais da escola São 5 funcionários administrativos, 6 funcionários de serviços gerais, 3 pedagogas, 1 Diretora, 1 Diretora auxiliar e 26 docentes.

Os alunos da escola são advindos tanto da zona urbana quanto da zona rural, sendo que a maioria das famílias é de classe baixa, alguns fazem parte dos programas sociais dos governos por estarem em situação de vulnerabilidade social, sendo que a situação social e financeira coloca a maioria dos educandos pertencentes a famílias que se encontram na classe D e E.

Os alunos que vivem na zona rural, em sua grande maioria, trabalham na agricultura familiar, ou seja, ajudam suas famílias no cultivo de diferentes lavouras especialmente as frutíferas.

Esta escola foi escolhida pelo fato de que já realizo o estágio supervisionado na mesma e por conhecer melhor a comunidade escolar sabia que um bom trabalho poderia ser desenvolvido no ambiente escolar. Outro fator motivador é que a escola possui a Equipe Multidisciplinar que ao longo do ano trabalha junto com os alunos a história africana, afro-brasileira e indígena.

Desta forma o tema escolhido para este trabalho e as aulas preparadas veio a complementar o desenvolvimento deste projeto que contribui para a valorização destes povos e destas culturas através da realização de diferentes atividades ao longo do ano letivo.

8.2. RELATÓRIO DAS ATIVIDADES REALIZADAS EM SALA DE AULA

As aulas propostas foram apresentadas ao professor Carlos Marcos Rubim Moterani, o qual, após analisa-las concordou plenamente com o desenvolvimento das práticas pedagógicas durante suas aulas, pois informou que o tema era propício a necessidade de se trabalhar sobre a Cultura afro-brasileira que precisa fazer parte do processo de ensino aprendizagem dos educandos ao longo do ano letivo. As aulas propostas foram desenvolvidas junto ao 1º ano A do período matutino que conta com 20 alunos.

A primeira aula foi desenvolvida no dia 18 de outubro, no laboratório de informática do estabelecimento de ensino, cuja meta era levar para os educandos conteúdos e informações que lhes permitissem aprender a respeitar e valorizar a cultura afro-brasileira a partir da compreensão de sua importância para a formação da sociedade brasileira. A aula foi realizada de forma expositiva através da leitura de recorte textual e com a apresentação de vídeos e imagens que retratavam a presença da cultura africana no Brasil bem como alguns de seus costumes e hábitos, como sua religiosidade, representada no país através das religiões de matrizes culturais africanas.

Ao longo das leituras e das apresentações eram também realizados debates com os educandos sobre o tema problemas e experiências de intolerância que eles presenciaram. Após os debates os alunos realizaram atividades práticas de pesquisas sobre exemplos de influência da cultura afro-brasileira na sociedade.

Esta primeira aula transcorreu normalmente, sendo que a principal dificuldade encontrada foi fazer com que os educandos, durante as pesquisas propostas, se concentrassem apenas no que foi solicitado, visto que a partir do momento em que eles passam a utilizar a internet se torna muito fácil se dispersar. Contudo, isso ocorreu somente no início das pesquisas e o professor titular da sala contribuiu para a mediação junto aos educandos e rapidamente todos se concentraram nas atividades propostas. Outra dificuldade encontrada foi com relação ao uso da internet do laboratório de informática, que ao usar todos os computadores disponíveis acaba se tornando lenta, por isso é preciso ter um pouco de paciência e também saber mostrar para os educandos que essas são dificuldades que eles podem enfrentar em qualquer local e que é preciso, apesar dos obstáculos, continuar com os trabalhos.

O desenvolvimento da aula foi muito importante porque permitiu aos educandos compreenderem como a presença da cultura afro-brasileira é importante para a sociedade, pois são inúmeras as contribuições destes povos para o Brasil, os exemplos trazidos pelos educandos foram necessários para mostrar-lhe que esse povo precisa ser respeitado e através das opiniões expostas pelos educandos foi possível analisar que eles compreenderem essa importância.

A segunda aula foi desenvolvida no dia 19 de outubro abordando as principais religiões afro-brasileiras: candomblé e umbanda. Logo no início ao apresentar o tema aos educandos alguns deles fizeram brincadeiras sobre macumba, permitindo gerar um debate sobre estas religiões e dar início a leitura dos textos sobre Candomblé e Umbanda.

Esta aula foi realizada em sala de aula e contou apenas com a utilização de recortes textuais e com o desenvolvimento de reflexões e debates sobre o tema. Através das leituras os alunos puderam compreender melhor sobre as religiões de matrizes culturais africanas. Através da apresentação das principais características destas religiões os alunos passaram a entender a diferença do que vem a ser a macumba, entender a fé africana bem como seus costumes religiosos.

A brincadeira realizada pelo educando contribuiu para que fosse possível retornar a um pouco do tema da aula anterior e também fazer uma breve apresentação da próxima aula, sendo que em relação a primeira aula foi trabalhado a necessidade de aprendermos a respeitar a cultura afro-brasileira e que para isso é preciso conhecimento sobre sua cultura. Em relação a próxima aula foi possível explicar que a falta de conhecimento acaba gerando o preconceito, a discriminação e a intolerância que acabam contribuindo para a violência para com este povo.

Assim, foi preciso mostrar aos educandos que antes de julgar qualquer cultura é preciso conhece-la, saber sua história, costumes e hábitos. Ao final da aula foi realizada uma roda de debates e o próprio educando que fez a brincadeira disse que sua opinião havia mudado e que as religiões afro-brasileiras não são da forma que ele achava e que a questão da macumba também é algo diferente do que o senso comum e a cultura popular acabam transmitindo.

Antes do encerramento da aula foi solicitado aos educandos que em suas casas realizassem pesquisas em jornais, revistas, na internet ou até mesmos depoimentos que retratem situações de intolerância - vivida por pessoas que fazem parte da cultura afro-brasileira – durante o exercício de sua fé, pois este seria o tema da próxima aula.

Como está aula contou com a leitura de textos e debates uma adaptação que precisou ser realizada foi quanto ao tempo. Os debates precisaram ser encerrados de forma mais rápidas do que o previsto para que os conteúdos preparados pudessem ser desenvolvidos, sendo possível compreender as dificuldades enfrentadas pelos professores para transmitirem conteúdos em aulas que duram apenas 50 minutos. A maioria dos temas preparados pelos professores precisam ser desenvolvidos em mais de uma aula.

Nesta aula foi possível perceber uma maior receptividade dos educandos, visto que o gelo inicial da presença de uma professora diferente já havia sido quebrado a partir da primeira aula, assim verificou-se uma maior participação dos educandos nos debates propostos.

A terceira aula foi desenvolvida no dia 25 de outubro no laboratório de informática da escola e procurou retratar de forma mais efetiva os problemas de discriminação e preconceito vividos pelos praticantes de religiões de matrizes culturais africanas. A aula teve início com a leitura de recortes do textos Orgulho e Preconceito de Leão (2015) e ao longo da leitura eram realizados os debates sobre os problemas de intolerância religiosa em que os educandos apresentavam os resultados de suas pesquisas, a maioria delas, trazia notícias de violência física.

Após a leitura e o debate foi apresentado um vídeo em que, através de um depoimento, a coordenadora das Comunidades de Matriz Africana da Fundação Cultural Palmares solicitava as pessoas que tivessem mais tolerância com os praticantes de religiões afro-brasileiras, pois eles sofriam muito com violências físicas e intelectuais. Durante o vídeo muitos alunos se mostraram indignados com a falta de respeito com esta cultura e com a devida valorização deste povo que tão importantes são para a sociedade brasileira.

Após o vídeo, o professor solicitou aos educandos que buscassem na internet dados sobre a violência contra os praticantes de religiões afro-brasileiras, procurando anotar a data das mesmas para criar um gráfico e uma ordem cronológica dos acontecimentos. Ao final, verificou-se que nos últimos anos o número de problemas ligados a intolerância foi muito grande o que desencadeou uma discussão nos educandos sobre a necessidade dos governantes agirem, seja através de políticas públicas, leis, decretos ou mais rigor na legislação contra as pessoas que agridem praticantes de outras religiões por discriminação e preconceito.

A professora informou que existem sim algumas leis e que esse problema, apensar do que foi constatado, vem diminuindo, contudo as principais mudanças precisam ocorrer a partir de cada um e essa era a tarefa que todos tinham para a apresentar na aula seguinte: indicações de ações que a própria classe poderia desenvolver para mobilizar a escola e a comunidade para aprender a valorizar e respeitar a religiosidade e a cultura afro-brasileira assim contribuir para diminuir ou até mesmo acabar com a intolerância religiosa, o preconceito e a discriminação para com os povos afro-brasileiros.

Essa foi a aula em que os educandos mais se indignaram com os problemas de intolerância apresentados e antes do final da aula já tinham muitas ideias em mente, conversavam com os colegas do lado e em grupos, discutindo o que poderiam fazer, até o momento foi a aula em que mais tinha sentido se realizada através da prática docente e o entusiasmo dos educandos também me levaram a refletir de que os problemas de discriminação, preconceito e intolerância podem ser diminuídos ou colocados ao fim, pois existe uma geração de pessoas que se preocupa com estes problemas e a escola pode sim contribuir para a formação de cidadãos críticos e preocupados com os problemas que estão presentes na realidade que os cerca e na sociedade da qual fazem parte.

A 4ª aula foi desenvolvida no dia 26 de outubro na própria sala de aula. Esta aula foi a que houve maior receptividade por parte dos educandos, pois ao adentrar o corredor do prédio vários alunos vieram ao meu encontro expondo suas ideias, o que tinha pensado em fazer e com muita disposição.

A aula foi iniciada com a apresentação e leitura do texto “Valorização da religião afro-brasileira: diversidade, respeito e cidadania” de Pelosi e Pomari (2014) que permite refletir é preciso conhecer para pode julgar e que é através do conhecimento que se aprende a respeitar, valorizar e aceitar as diferenças. Os praticantes das religiões afro-brasileira sofrem com problemas de violência porque também existem a crença popular de que as mesmas estão ligadas a coisas ruins, a macumba vista do senso comum e assim se propaga o preconceito e a discriminação, contudo a partir do momento em que se conhecer verdadeiramente as características, rituais e crenças verifica-se que são religiões com suas próprias especificidades.

Após a leitura se iniciou o debate junto aos educandos sobre os problemas de intolerância vivenciados pelos praticantes de religiões de matrizes culturais africanas e também pelos povos afro-brasileiros. Em seguida se propôs o debate entre alunos e professores sobre o que poderia ser feito no ambiente escolar para ajudar a minimizar o problema da intolerância, analisando-se quais ações poderiam ser adotadas para aprender a valorizar a cultura africana e consequentemente seus costumes e hábitos, como sua prática religiosa.

Muitas ideias foram propostas pelos educandos, pois eles desenvolveram a consciência de que o principal problema é a falta de conhecimento, visto que eles mesmo tinham uma forma de ver esta cultura e que a partir das aulas desenvolvidas passarem a compreendê-la de outra maneira. Esta foi uma aula que teve uma participação muito intensa dos educandos e que demonstrou seu interesse por algo, como foi mencionado pelo professor titular. Ele disse que foi a primeira vez que viu seus alunos se interessarem foi algo com tanto vigor, determinação e dedicação. Eu como professora aplicadora da aula me senti muito honrada e realizada como educadora.

Durante os debates foram definidas as ações que seriam desenvolvidas, os grupos de alunos que seriam responsáveis pela aplicação de cada ação e que ao longo da semana até o dia das apresentações poderiam preparar os materiais para suas atividades, bem como contar com o apoio e o auxílio tanto de mim quanto do professor titular da turma.

A 5ª e última aula foi realizada no dia 01 de novembro e teve duração de 1:40 minutos, sendo que os primeiros 60 minutos foram dedicados a uma breve apresentação de um vídeo que retratava a presença da cultura afro-brasileira em diferentes setores da sociedade: arte, dança, religião, cultura, vestimenta, música, entre outros; e o restante do tempo os alunos ficaram livres para preparar e finalizar suas ações para que no restante da aula pudessem fazer suas apresentações para o restante da comunidade escolar.

Após a preparação os alunos apresentaram danças e teatros no refeitório do estabelecimento, montaram oficinais apresentadas em sala de aula, apresentaram capoeira na quadra do colégio, fizeram exposição de como são realizados os cultos religiosos e os significados dos diferentes símbolos, desfile de vestes típicas africanas e vestes dos cultos religiosos, pintaram e fizeram exposição de quadros e painéis para fotos, fizeram uma mini apresentação de uma culto afro-brasileira explicando como ocorrem e serviram comidas típicas da cultura africana.

Ao final, as alunas fizeram uma explanação sobre as riquezas da cultura afro-brasileira que foram apresentadas, mostrando sua importância para a sociedade brasileira, explicando que atualmente existe uma intolerância religiosa muito grande contra os praticamente de religiões de matrizes culturais africanas, os quais sofrem inúmeras violências, tanto físicas quanto psicológicas. As belezas apresentadas servem para mostrar como tudo isso precisa ser superado e que os alunos de hoje são o futuro e precisam crescer com a consciência de que esta cultura religiosa ocorre por falta de conhecimento o qual eles adquiriram no dia de hoje. Todos somos responsáveis pela sociedade que construímos e por isso precisamos contribuir para o fim deste problema que assola a cultura afro-brasileira que é a intolerância religiosa.

Após o fim da aula agradeci imensamente aos alunos, ao professor titular da turma e a direção por possibilitar esta experiência memorável e a mostrar que muitos problemas da sociedade podem ser superados a partir do conhecimento.

Me senti muito realizada com o desenvolvimento destas aulas, com a receptividade que obtive dos educandos e com a dedicação e determinação dos alunos em contribuírem, de alguma maneira, para acabar com a intolerância religiosos que os povos afro-brasileiros sofrem, bem como contra o preconceito e a discriminação que muitas vezes fazem parte do seu cotidiano.

A avaliação da proposta e dos educandos foi realizada a partir dos trabalhos desenvolvidos pelos mesmos e que evidenciaram a dedicação e a participação dos mesmos nas atividades propostas.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolvido teve como objetivo refletir sobre a intolerância religiosa contra as religiões de matrizes culturais africanas na atualidade, analisando sua ocorrência e procurando compreender porque ela se faz presente na sociedade brasileira.

A primeira parte do trabalho permitiu realizar um estudo teórico sobre as características da cultura afro-brasileira e sobre dados referentes a violência que afetam suas religiões e os adeptos das mesmas. Neste processo foi possível conhecer um pouco da história da cultura afro-brasileira, os problemas de preconceito e discriminação que enfrentam ao praticar sua fé e que esta intolerância remonta desde os primeiros contatos dos povos africanos com a sociedade brasileira, a qual foi sendo repassada ao longo da história.

A segunda teve como objetivo desenvolver uma proposta de intervenção pedagógica para que o tema pudesse ser trabalhado com alunos do ensino médio, visando que educandos pudessem compreender os problemas de intolerância religiosa enfrentados pelos praticantes de religiões de matrizes culturais africanas, procurando entender a raiz do problema e encontrar caminhos que pudessem contribuir para amenizar esta ocorrência.

Por fim, o relatório de desenvolvimento da proposta demonstra como foi a participação dos educandos nas aulas preparadas, como os conteúdos contribuíram para mudar a visão sobre como a sociedade vê a cultura afro-brasileira e como foi o engajamento dos alunos na busca por ações que possam contribuir para que o problema de discriminação e preconceito religioso para com as religiões de matrizes culturais africanas seja superado na sociedade brasileira.

Durante o desenvolvimento do trabalho os autores consultados contribuíram para a compreensão das principais características dos povos africanos, da cultura afro-brasileira e principalmente das religiões destes povos. Conhecendo-as foi possível realizar uma análise sobre os problemas de discriminação e preconceito existentes para com estas religiões, pois foi possível identificar que os casos de violência para com as religiões de matrizes culturais africanas vêm se tornando algo comum na atualidade e que a intolerância religiosa atinge principalmente a cultura afro-brasileira.

A aplicação do plano de ensino proposto teve grande participação dos educandos, principalmente após o decorrer de cada aula, pois a cada conteúdo trabalhado os alunos demonstravam mais interesse pelo tema e participavam ativamente dos debates e atividades propostas. Nas duas últimas aulas propostas a participação e o comprometimento dos estudantes foi ainda maior e contribuíram para o desenvolvimento de atividades bastantes produtivas e que contribuíram para o alcance dos objetivos.

Objetivos estes que tinham como foco permitir aos educandos compreender as violências que os povos afro-brasileiros têm sofrido devido ao preconceito e a discriminação para com suas práticas religiosas nos diais atuais e levar os alunos a refletir sobre quais ações poderiam ser adotadas para que a sociedade pudesse mudar sua forma de ver e se relacionar com os povos africanos e suas formas de demonstrar sua fé.

A aplicação das aulas, o alcance dos objetivos e a participação dos educandos permitiram avaliar que os conteúdos preparados para a prática pedagógica e para permitir uma reflexão críticas dos educandos sobre o tema foram suficientes e todos puderam ser aplicados durante as aulas. Mesmo com o tempo de 50 minutos de cada aula, foi possível através de um planejamento rigoroso para cada atividade proposta, aplicar tudo o que foi planejado e engajar os alunos no debate sobre os problemas de preconceito e discriminação religiosa vivenciados pelos adeptos das religiões afro-brasileiras.

A forma como os educandos participavam das aulas, refletiam sobre os problemas de intolerância religiosa, debatiam as questões propostas e, com o passar das aulas, se preocupavam cada vez mais com a necessidade de fazer algo que contribuísse para a superação deste problema, pois tinham a convicção de que os sujeitos devem saber respeitar as diferenças, ainda mais quando se trata de uma cultura tão importante para a formação da sociedade brasileira. Tudo isso contribuiu para mostrar que os conteúdos, as atividades e as estratégias adotadas foram adequadas e importantes para o desenvolvimento das aulas e par que os objetivos elencados pudessem ser atingidos, pois contribuíram para a ocorrência de aulas dinâmicas, participativas, interessantes e que conseguiam manter a atenção e o interesse dos educandos para as propostas que eram sugeridas.

No decorrer das aulas não houve necessidade de realizar adaptações as aulas, pois, como mencionado, houve um rigoroso planejamento para prever e evitar possíveis problemas, o que só ocorreu graças as constantes conversas com o professor titular e as suas orientações. Os recursos escolhidos para serem utilizados durante as aulas foram selecionados de acordo com o que o estabelecimento de ensino oferecia, para que problemas por falta de material pedagógico ou tecnológico não viessem a ocorrer e prejudicassem o andamento das aulas e a aplicação dos conteúdos preparados.

As atividades desenvolvidas na última aula, que foi a aplicações das ações selecionadas e indicadas, contaram com a participação de todos os educandos da turma, sendo que cada grupo de alunos desenvolveu o que estava de acordo com o seu perfil e seu interesse. O comprometimento, a dedicação, o interesse e qualidade das atividades desenvolvidas pelos educandos demonstrou que as aulas propostas permitiram uma reflexão crítica dos alunos e uma mudança na forma de olhar para a cultura afro-brasileira, não que eles tinham um olhar preconceituoso, pelo contrário, acreditavam que a sociedade não tinha essa visão discriminatório e intolerante.

Os números sobre a violência devido a intolerância religiosa com relação a cultura afro-brasileira apresentados aos educandos fizeram com que os mesmos ficassem abismados com tamanha falta de valorização com uma cultura e um povo que é uma das bases da sociedade brasileira, que está presente e se faz importante em todos os setores.

A proposta de ensino permitiu que os educandos enxergassem a necessidade urgente de contribuir, de alguma forma, para o respeito a liberdade religiosa da cultura afro-brasileira, para a valorização deste povo e para que, através deles próprios, a sociedade passe a aceitar melhor as diferenças, a forma de pensar do outro e que a sociedade de hoje é reflexo do que cada sujeito aprendeu no passado e que por isso, o que eles estão aprendendo hoje deve contribuir para a existência de uma sociedade menos preconceituosa e mais tolerante no amanhã.

A avaliação do processo de ensino apresentado ao longo das aulas propostas foi realizada a partir da participação dos educandos nas ações da última aula, contudo a forma com que os mesmos passaram a participar aula após aula, seu interesse pelo tema, sua dedicação na preparação das atividades a serem apresentadas, seus discursos, debates e reflexões permitiram compreender que a didática e a estratégica adorada, bem como os conteúdos e documentos escolhidos foram adequados e contribuíram para que os educandos compreendessem a importância do tema.

Com a finalização das aulas planejadas foi possível perceber que a mudança na forma como a sociedade lança seu olhar para determinado assunto, neste caso o preconceito e a discriminação para com as religiões de matrizes culturais africanas, precisa ser transformado na raiz, ou seja, junto aos jovens que são o futuro desta sociedade.

Desenvolver ações, realizar campanhas de conscientização, mostrar o problema da intolerância religiosa e a necessidade de aceitar as diferenças precisa ser trabalhado com todos, para amenizar os problemas existentes, contudo, para alcançar uma redução drásticas ou até mesmo chegar ao fim destes problemas é preciso que os jovens de hoje compreendam e reflitam sobre tais acontecimentos, como foi realizado nas aulas propostas, pois só assim, a sociedade poderá deixar de ser reprodutora da violência, da discriminação, do preconceito e da intolerância religiosa contra as religiões afro-brasileiras ou contra qualquer outro problema deveria estar fora da convivência social e do pensamento humano.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Martha; MATTOS, Hebe; DANTAS, Carolina Viana. O negro no Brasil: trajetórias e lutas em dez aulas de história. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

BOSI, Ecléa. O tempo vivo da memória. Ensaios de psicologia social. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

BRASIL. Lei nº 10.639. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm. Acesso em: 05 de setembro de 2017.

_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais/Temas Transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

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Publicado por: Lara Nunes

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