A sexualidade feminina nas redes sociais: uma análise da espetacularização sexual no facebook

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1. RESUMO

Esta monografia aborda uma nova temática de estudo a espetacularização da sexualidade feminina nas redes socais. Com a transformação da intimidade nas sociedades pós-moderna e o avanço das tecnologias, trouxeram um novo comportamento social; uma sociedade de indivíduos individualistas que buscam o prazer, relações instantâneas, o consumismo e o narcisismo. Perante esses fatos surgiram vários questionamentos e a necessidade de entendê-los, e assim desenvolveram-se as fundamentações teóricas para conhecemos o espetáculo da imagem que a jovens pós-moderna praticam nas redes sociais. O estudo utilizou referências de teóricos que discutem as concepções pós-moderno, através destes conceitos conseguimos estruturar teoricamente e explicar como os fatos ocorrem, sua frequência e a motivação. Toda produção deste estudo teve caráter bibliográfico, devido à dificuldade de construir fundamentações teóricas que explicassem o fato, já que não existem estudos desenvolvidos ainda, pois esse fenômeno ocorre neste exato momento da história social. Entretanto conseguiu-se uma construção teórica, mas o empírico será necessário mais aprofundamento em pesquisar de questionários e entrevistas com jovens que exibem sua sexualidade nas redes sociais.

Palavras chaves: Sexualidade, Redes Sociais, Exibição.

ABSTRACT

This paper discusses a new study theme the spectacle of female sexuality in social networks. With the transformation of intimacy in postmodern societies and the advancement of technology brought a new social behavior; a society of individualists individuals who seek pleasure, instant relationships, consumerism and narcissism. Given these facts arose several questions and the need to understand them, and so developed the theoretical foundations to know the show image that postmodern youth practice in social networks. The study used theoretical references that discuss the postmodern conceptions, through these concepts able to structure theory and explain how things happen, their frequency and motivation. The whole production of this study was bibliographic, due to the difficulty of constructing theoretical foundations to explain the fact, as there are no studies developed yet because this phenomenon occurs at this moment of social history. However it was possible to a theoretical construct, but more empirical deepening will be needed in research questionnaires and interviews with young people displaying their sexuality in social networks.

2. INTRODUÇÃO

Atualmente existem várias redes sociais, no entanto o Facebook detém o maior número de usuários, e maior nível de popularidade. Segundo a pesquisa divulgada pela revista Veja (2014) 1, a base de usuários móveis ultrapassou 1 bilhão de conectados, avanço de 34% em relação ao mesmo período de 2013. Portanto de 08 a cada 10 cadastrados na rede social acessam o site por meio de um smartphone ou tablet. Devido o alto índice de popularidade, o Facebook proporciona aos indivíduos de sua rede divulgar sua vida cotidiana e expressar seus pensamentos, ter contatos com amigos, conhecer novas pessoas.

As comunidades virtuais se agrupam segundo afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, não havendo, por fim, barreiras geográficas [...]. Por serem comunidades por escolha, os membros das comunidades virtuais são capazes de abandoná-las sem aviso e com pouco custo pessoal. Porém eles se filiam a elas porque se identificam com os seus propósitos e valores, permitindo que as comunidades virtuais exerçam considerável influência na definição de quem uma pessoa é como ser humano (ANANA, 2008, p.171).

No início deste século a rede social Facebook se tornou o novo meio de comunicação de massa que têm adentrado na vida cotidiana de seus usuários e alterando suas relações, comportamento, hábitos, além de, proporciona rapidez na troca de informações, acúmulo de produção, de conhecimento entre outros (ADORNO, HORKEIMER, 2002).

Com isso os usuários do Facebook podem absorver os modelos de comportamentos formados nesta rede socai ocorrendo a influencia do virtual na vida social real, mudanças no comportamento cultural (música, leituras, roupas, alimentação, religião), entre outros hábitos culturais (ADORNO, HORKEIMER, 2002). Mas além destes pontos anunciados é pertinente à questão da sexualidade que terá maior ênfase no que se refere a essa rede social.

A maioria das jovens brasileiras tem perfil no Facebook, onde apresentam uma imagem virtual uniformizada a esse público, ou seja, corpo fintness, ter popularidade, o padrão financeiro e fotos que representam a sua vida cotidiana com belas paisagens e poses, diante da valorização social e a padronização da beleza reproduzida na mídia virtual, representada pela sexualidade através da cultuação do corpo, definidos pela cultura de massa nas redes sociais (GONÇALVES, MENDES, 2014).

Com a emancipação e a revolução feminina modificou-se a relação do desejo sexual, que antes era vinculado ao casamento, à sexualidade e o desejo hoje em dia se tornou escolha privada da mulher (GIDDENS, 1993). Após anos de repressão a sexualidade feminina surge, uma nova conjuntura social, na qual as relações são vivenciadas de forma fluida numa sociedade liquida, de relações frágeis com durabilidades quase instantâneas (BAUMAN, 2004).

Com esses fatos surge uma tendência de mercado á liberdade sexual divulgada e explorada em todos os aspectos da mídia especialmente no Facebook, por meio de imagens de corpos insinuantes e sensuais de modelos e atrizes, tornado o sexo livre com o consenso social e fazendo parte da saúde e do bem estar feminino, além da liberdade sexual, transformando se numa reprodução homogenia da sexualidade, havendo o encobrimento do erotismo na sexualidade, sendo difundido na mídia cibernética (Lipovetsky 1983).

Diante do novo modelo de sexualidade, no qual suas tendências são ditadas pela cultura de massa e da indústria do erotismo, difundidos pelos meios de comunicação de massa, com isto é perceptível o crescimento na exibição da sexualidade nas redes sociais (Facebook), através da propagação da intimidade (poses de fotos, linguagem, status social, relacionamentos, exibição do corpo) das jovens usuárias, que buscam afirmar sua sexualidade através das redes sociais, é sugerida a seguinte questão: As jovens que utilizam o Facebook têm a sua sexualidade virtual reproduzida na sua vida social? Partindo da seguinte hipótese: As jovens que expõem a sua sexualidade no Facebook trazem este comportamento para o âmbito social, expressado em momentos informais, através de movimentos estéticos como a banalização do consumo, disseminação da comunicação, maximização do prazer, valorização e exibição do corpo, exposição da intimidade sexual.

Desta forma, o estudo teve como objetivo geral analisar se a sexualidade virtual reflete na realidade social das jovens alunas da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Para atingir o objetivo central do estudo foram determinantes os objetivos específicos: a) Realizar uma análise do exibicionismo sexual das jovens que propagam sua sexualidade no Facebook; b) Procurar identificar o que motiva a reprodução virtual da sexualidade na vida social das jovens; C) Fazer uma análise da repercussão social das jovens que expõem a sexualidade no Facebook.

O trabalho encontra-se estruturado da seguinte maneira: Introdução; seguido do Capítulo I faz uma retrospectiva e análise da concepção histórico-social feminina e os conceitos da sexualidade. O Capítulo II discorre sobre as redes sociais e seu destaque na sociedade contemporânea; O Capítulo III abordar as novas relações e comportamentos sociais vivenciados no âmbito virtual e real; as Considerações Finais.

3. Metodologia

A dissertação deste trabalho foi desenvolvida de forma teórica, pois os questionamentos presente no texto são novos fatos sociais. Com isso surgiu à necessidade de organizar conceitos sociológicos, antropológicos, filosóficos e psicanalíticos para obtermos fundamentações científicas e assim entender este fato social. Segundo Goode e Hatt (1972), a teoria tem a principal função de um sistema teórico é a de restringir a amplitude dos fatos e serem estudados. Como afirmar Demo (1985), a pesquisa de fundamentação teórica é dedicada a reconstruir teorias, conceitos, ideias, ideologias, polêmicas, com isto, aprimorar fundamentos teóricos e, em termos mediatos, aprimorar práticas. Deste modo teremos subsídios suficientes para entender seus conteúdos explícitos e implícitos, obtendo condições mais adequadas de nos contrapor, e manejar criticamente conceitos e suas práticas; podemos construir teorias e desconstruí-la em outro patamar e momento.

4. CAPÍTULO I - A SEXUALIDADE FEMININA ONTEM E HOJE

Mulheres de Atenas2.

Mirem-se no exemplo
daquelas mulheres de Atenas
vivem pros seus maridos
orgulho e raça de Atenas.

Quando amadas se perfumam
se banham com leite, se arrumam
suas melenas
quando fustigadas não choram
se ajoelham, pedem imploram
mais duras penas, cadenas.

Quando eles embarcam soldados
elas tecem longos bordados
mil quarentenas
e quando eles voltam sedentos
querem arrancar, violentos
carícias plenas, obscenas.

Quando eles se entopem de vinho
costumam buscar um carinho
de outras falenas
mas no fim da noite, aos pedaços
quase sempre voltam pros braços
de suas pequenas, Helenas.

Elas não têm gosto ou vontade
nem defeito, nem qualidade
têm medo apenas
não tem sonhos, só tem presságios
o seu homem, mares, naufrágios
lindas sirenas, morenas.

Mirem-se no exemplo
daquelas mulheres de Atenas
temem por seus maridos
heróis e amantes de Atenas.

As jovens viúvas marcadas
e as gestantes abandonadas não fazem cenas
vestem-se de negro, se encolhem
se conformam e se recolhem
as suas novenas
serenas.

Mirem-se no exemplo
daquelas mulheres de Atenas
secam por seus maridos
orgulho e raça de Atenas.

4.1. A história social da mulher

Ao descrevermos a história da mulher, relataremos a situação do feminino na sociedade desde os primórdios. Em todo o seu contexto histórico, o conceito de mulher apresentou mudanças sociais e culturais, em consequência de uma sociedade que se modifica constantemente por influência da globalização, economia e suas relações sociais. Mesmo essas mudanças sociais terem ocorrido para os homens e para as mulheres, não ocorreram da mesma maneira para ambos, nem contraíram o mesmo significado. Utilizaremos em nossa narrativa as concepções sociais histórica de Stearns.


Figura 1: Mulheres que fizeram e contribuíram para história da mulher. 3

Nos primórdios da humanidade, constata-se um período longo de domínio social do homem sobre a mulher, pois as atividades que obtinham valores eram exercidas pelos homens (caça, pesca). Entretanto os valores negativos eram designados às mulheres que exerciam as atividades de menor valor, porém, uma única função escapava desse desprezo, a maternidade, mas não deixava de ser subordinada e inferiorizada (STEARNS, 2010).

Na Idade Média, julgada como período das “trevas”, a devoção religiosa dava mais foco a uma leitura superficial das mulheres. Só durante a segunda metade da Idade Média, que se inicia um novo modelo que valoriza, enaltecendo os poderes da mulher. Esse novo modelo foi criado com a aparição do código cortês, desenvolvendo um culto à dama amada e suas perfeições, a partir do século XII. Os elogios aos méritos e virtudes da mulher aumentaram na era moderna, sendo santificada a esposa-mãe-educadora, e a maternidade começa a ser uma qualidade essencial da mulher. Referindo-se às diferenças sexuais Stearns afirma:

As características específicas de civilizações particulares mostram claramente a existência de enfoques distintivos no que tange a padrões, representações e (até certo ponto) comportamentos sexuais. O advento das grandes religiões teve impacto decisivo sobre a sexualidade, em alguns casos propiciando novas justificativas e normas para padrões já estabelecidos, e em outras instâncias introduzindo consideráveis mudanças. (STEARNS, 2010, p. 19).

Na fase pré-capitalista ressurge em algumas culturas as concepções do regime patriarcal. Devido à função de reprodução e a fragilidade da mulher no período de gestação isso favoreceu para subordiná-la ao homem sendo considerada mais frágil, e incapaz para direcionar seu grupo. O homem foi conquistando poder, assumindo o papel de autoridade, tornando-se o chefe da família, impondo a virgindade e o interesse pela paternidade, pois traria um herdeiro legítimo e a garantida de futuras gerações, e também adquirindo os bens e herança da esposa. Assim cabia a mulher reprodução de descendente, ficando mais restrita à submissão do homem (STEARNS, 2010).

O regime patriarcal consegue sobreviver na sociedade industrial, entretanto a mulher divide os afazeres domésticos com atividades do trabalho. Surgindo um novo modelo de família, as famílias nucleares, assim diminuindo famílias multigeracionais, onde a figura patriarcal continua, mas com a diferença de que as mulheres foram submetidas ao trabalho nas fábricas (STEARNS, 2010).

Na revolução industrial a mulher ingressa no mundo do trabalho remunerado fora do lar. Nos períodos de crises, o homem era substituído pelas mulheres, devido custo de mão-de-obra ser mais barato, na verdade ambos realizavam as mesmas atividades, mas a remuneração das mulheres era inferior a dos homens. As mulheres começam a buscar melhores condições de trabalho, reivindicando leis que possibilitassem direitos e igualdades.

Os empregos domésticos e nas fábricas também propiciaram outros cenários. Embora não haja maneiras de medir a frequência desse tipo de ocorrência, alguns donos de fábricas e capatazes abusavam do poder de contratar e demitir mulheres com base em favores sexuais. (STEARNS, 2010, p.153).

Na sociedade capitalista, as mulheres permaneceram como inferiores aos homens, e cada vez mais se tornando propriedade a principio do pai; depois do casamento ao marido, o seu senhor, não havendo direito ao voto, nem ingresso em algumas profissões. O adultério era proibido para as mulheres e considerado crime e perigoso, pois a mulher não podia transparecer a ilegitimidade da criança em relação à paternidade (STEARNS, 2010).

No começo do século XX a mulher continuava submissa e coadjuvante, possuindo papel secundário na direção das decisões da família. Concentra-se na educação dos filhos e administração dos afazeres domésticos, tendo a função suplementar de cuidar do marido, sem contato social efetivo e atividade profissional intelectual de maior porte, fato que se modificou drasticamente com o início da Primeira Guerra Mundial (STEARNS, 2010).

A mulher contemporânea destaca-se pelas mudanças do status dentro da sociedade o novo entendimento de maternidade tardia e a representação que faz da atribuição de ser mãe. Modificando os seus referenciais de vida, como múltiplos compromissos laborais fora do lar, o matrimônio e a prole são preteridos, deixando de ser o objetivo prevalente (STEARNS, 2010).

Os indivíduos da nova composição social buscam expressivamente entendimentos de vários fatos existentes na sociedade atual, tal como política, religião, artes, família, educação e sexualidade. A princípio a sexualidade estava fora das conversas do âmbito social, a discursão seguia de forma reservada, na ciência médica e timidamente nas ciências humanas.

Entretanto atualmente a sexualidade chegou a seu apogeu social na mídia, mas conversas informais e nas redes sociais. Com intuito de entendermos a transformação da sexualidade, neste capítulo fazemos uma retrospectiva histórica e a contextualização atual da sexualidade, conceituando o seu inicio para até nosso tempo atual.

4.2. A sexualidade no decorre da história

Em cada época a seu modo à cultura influencia os indivíduos em sua forma de pensar e agir. Quando viajamos pela história da humanidade percebemos que alguns períodos marcaram profundamente a construção da sexualidade feminina do período helenístico, idade média, renascimento, vitorianismo até a chegada da revolução sexual dos anos 60. Faremos um resumo sobre os modelos da sexualidade no decorrer dos séculos.

Até o século XVII, o domínio da sexualidade não permitia qualquer discurso, fosse cotidiano, fosse o dito “científico”: falar sobre sexo não era admitido, o silêncio foi imposto, e a censura se formou rapidamente (FOUCAULT, 1998).


Figura 02: Cinturam de castidade, símbolo do domínio sobre a sexualidade4.

Segundo Foucault (1998) a transição entre os séculos XVII, XVIII e XIX não silenciou o sexo como era esperado, pois o século XVII foi marcado pelo controle do sexo. Entretanto a sexualidade existia, não diminuiu, nem se calou apenas modificou-se. Eram outras pessoas falavam e faziam de outras formas, maneiras e com outros propósitos. Ficando claro que a sexualidade estava, nesse momento, sob o jugo tanto do silêncio quanto do discurso.


Figura 03: Representação das praticas sexuais de prostitutas do período medieval, retratada como pecado5.

A partir do século XVIII a sexualidade ganha uma atenção na medicina com a função de “proporcionar uma sexualidade economicamente útil e politicamente conservadora” (FOUCAULT, 1998). É nesse período que o controle da sexualidade aproxima-se da experiência burguesa. O enfoque, tanto do direito canônico e da pastoral cristã, quanto da lei civil, ao determinar as regras de conduta relacionadas ao sexo e o que poderia ser considerado lícito ou ilícito, recaía sempre sobre a relação sexual conjugal (FOUCAULT, 1998).

Também com surgimento da preocupação com a masturbação na Europa durante o século XVIII, surge um controle sobre os corpos das crianças pelas famílias, mesmo que não fosse a sua origem, havendo um controle, uma vigilância, uma objetivação da sexualidade como uma perseguição dos corpos, com isso a sexualidade, que também se tornou um objeto de preocupação e de análise, de vigilância e controle, produzindo ao mesmo tempo a intensificação dos desejos de cada um por seu próprio corpo (FOUCAULT, 1999).

Além de as obrigações das relações afetivas serem monogâmica e heterossexual, instituiu-se absolutamente como norma nos séculos XVIII e XIX, quando também se passou a discutir tudo o que era “desviante”: O casal legítimo, com sua sexualidade regular, tem direito à maior discrição, tende a funcionar como uma norma mais rígida talvez, contudo mais silenciosa. Em contrapartida o que se interroga é a sexualidade das crianças, a dos loucos e dos criminosos; é o prazer dos que não amam o outro sexo; os devaneios, as obsessões, as pequenas manias (FOUCAULT, 1998).

No século XIX, a percepção da sexualidade fixa-se na família, onde o afeto é obrigatório e representante dos sentimentos de amor. Anteriormente no século XVII à família teve intensificação na sua valorização em duas direções: o eixo pais e filhos e o eixo marido-mulher. Assim sendo, o papel da família é de fixar a sexualidade e, ao fixá-la, constituir o seu suporte permanente. No final do século XIX, nasce a Psicanálise, ampliando o conceito da sexualidade até então restrito aos estudos neurológicos (FOUCAULT, 1998).

Com a separação da sexualidade e reprodução biológica da espécie, após o desenvolvimento dos métodos contraceptivos hormonais, nos anos 60, e o advento da epidemia de HIV/AIDS, na década de 80, esses fatos trouxeram novas verificações sobre os sistemas de práticas e representações sociais ligados à sexualidade, organizando como um campo de investigação em si, dotado de certa legitimidade. Tal particularidade só pode ser entendida no contexto da sociedade ocidental do final do século XX, que surgiu às questões que afetam à intimidade, à vida privada, à sexualidade como centro da reflexão sobre a construção da pessoa moderna (GIDDENS, 1993).

4.3. Um percurso nas concepções da sexualidade

O debate sobre a sexualidade ganhou importância nas ciências sociais, ainda sob as concepções do evolucionismo, mas ampliou a discussão do que antes era alvo apenas de intervenções médicas e moralizantes, concentrando seus estudos do que resultaria da sexualidade (organizações familiares, nupcialidade, fecundidade). A prioridade a ciência se concentrava numa distinção nítida entre o social e o natural. O instinto, até certo momento necessário à seleção natural, deveria ser controlado e sua representação máxima era o sexo.

A princípio alguns teóricos associavam sexualidade com instinto. O percussor desta teoria, Petit Robert, afirmava que a sexualidade é o conjunto de comportamentos relativos ao instinto sexual e à sua satisfação, quer estejam ou não ligados à genitalidade. Entretanto Freud desfez este equívoco separando sexualidade de instinto. Chauí (1984), fundamentada no Dicionário de Psicanálise de Laplanche e Pontalis, define que a sexualidade não se confunde com um instinto sexual, pois o instinto é um comportamento fixo e pré-formado, característico de uma espécie, enquanto a sexualidade se caracteriza por grande plasticidade, invenção e relação com a história pessoal de cada indivíduo.

Além disto, a sexualidade não institui apenas as atividades e o prazer vinculados ao funcionamento do aparelho genital, porém toda uma serie de excitações e atividades, presentes desde a infância, que proporcionam a satisfação social ou biológica do indivíduo de forma irredutível, além de, algumas necessidades fisiológicas fundamentais (respiração, fome, excreção), encontrando-se presente como componentes da chamada forma normal do amor sexual.

Continuando a análise de Chauí (1984), a sexualidade não se confunde com o instinto, nem com um objeto (parceiro sexual), nem tão pouco com objetivo (união dos órgãos genitais no ato de cópula), já que toda região do corpo é susceptível de prazer sexual, desde que seja estimulada, e não é necessária a união genital.

Os primeiros estudos da sexualidade de maior importância encontram-se na obra os Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade de Sigmund Freud (1905). Freud afirmou que a sexualidade surge na infância antes que os indivíduos tenham acesso à civilização, se desenvolvendo de maneira livre e prazerosa. Na medida em que os indivíduos são inseridos nos hábitos sociais, eles abrem mão da liberdade sexual presente na infância, para ter em troca as realizações socialmente produtivas e oferecidas pelos pais.

Devido a esta condição, a criança sofre uma constate vigilância na iniciação da sua sexualidade, mesmo que as suas ações sexuais sejam livres, essas limitações são impostas pela construção social da sexualidade, desenvolvendo uma relação entre a sexualidade do indivíduo e a civilização, trazendo consigo uma relação oposta, um lado à sexualidade que se desenvolve livre o outro lado à existência de uma civilização que controla a sexualidade no âmbito social.

Em outro importante estudo desenvolvido por Freud é A Sexualidade Feminina. Freud (1931) produziu uma análise na qual a sexualidade masculina e a feminina tinham o mesmo desenvolvimento. No entanto, no decorrer de seus estudos percebeu que isso não era possível, pois o feminino precisava passar por mais um “trabalho” para surgir. Conforme a teoria de Freud (1931), a feminilidade emerge do Complexo de Édipo nas mulheres, acarretando inveja do pênis, sendo superado ao decorrer do desenvolvimento sexual da mulher.

Segundo a teoria freudiana (1931), as mulheres têm uma forte relação com a mãe e uma grande dificuldade de substituí-la, entretanto a superação advém quando a menina “aceita” desprender-se da mãe e com ela, do erotismo clitoriano (aspecto masculino). Deste modo não se trata de apenas de um recalque, mas sim de uma superação e substituição do masculino pelo o feminino. Assim o sexo feminino em sua grande maioria inicia-se no período da puberdade, e ainda a polaridade entre o fálico e castrado, tornando a vagina segundo Freud “albergue do pênis e herdeiro do seio materno”.

Os estudos sobre a sexualidade que surgiram através das concepções da psicanalise freudiana desenvolvem as questões biológicas e médicas, que reconhecia a existência da sexualidade feminina, mas a reprimia e a tratava como problema patológico, entretanto nas ciências humanas iniciam-se tardiamente (GIDDENS, 1993). Segundo Giddens “a sexualidade emergiu como uma fonte de preocupação, necessitando de soluções, as mulheres que almejavam prazer sexual eram definitivamente anormais” (GIDDENS, 1993).

Contudo só há pouco tempo desenvolveram-se os estudos sobre comportamento sexual humano, originava-se do conhecimento dos biólogos, dos pesquisadores médicos e dos sexólogos, pois a sexualidade foi por muito tempo um assunto pessoal. Não podemos negar que a sexualidade tem uma base biológica, para alguns biólogos existe um evolucionismo que explica por que os homens tendem a ser sexualmente mais promíscuos que as mulheres (GIDDENS, 2001). Segundo este argumento “é que os homens são biologicamente inclinados a fecundar tantas mulheres quanto possível, enquanto as mulheres querem parceiros estáveis para proteger a herança biológica investidas em seus filhos” (GIDDENS, 2001, p. 116).

Como afirma Giddens (2001), o comportamento sexual humano é cheio de significado, pois os seres humanos usam e expressam sua sexualidade em diversas formas. Além disto, as atividades sexuais dos homens e mulheres são muito mais que biológicas; são também simbólicas, refletindo quem somos e as emoções que estamos experimentando. A complexidade que envolve a sexualidade não cabe unicamente a traços biológicos.

Importante observação feita por Wolf (1992) relativa à inversão cultural da sexualidade feminina. Inicia-se com o tabu na masturbação infantil, o qual principia tardiamente na mulher. Segundo Wolf “a integridade sexual do egoísmo sublime da infância, a partir do qual a entrega sexual é antes generosidade do que submissão. No entanto, a masturbação feminina também é censurada culturalmente” (WOLF, 1992, p. 206).

Para Foucault (1998) a sexualidade e a historicidade são construídas juntas, tendo a função social de representação onde se permeia. Podemos entender que a nossa história produziu, então, uma sexualidade subordinada ao controle. Desta forma a sexualidade foi controlada e silenciada de maneira repressiva, além de disciplinada ao longo dos séculos.

A sexualidade foi disciplinada, vigiada, controlada e até punida, mas nunca silenciada, na medida em que a “sociedade disciplinava” decidindo o que era normal ou anormal em termos de sexualidade. Não a vedou, mas definiu como deveria ser vivenciada, focando as atenções e cuidados com a sexualidade das mulheres e das crianças, na função reprodutiva e nas perversões sexuais. Contudo, a sexualidade foi reprimida e por um efeito normatizaram-se (FOUCAULT, 2013).

A sexualidade é o nome dado a um dispositivo histórico [...] à grande rede de superfície em que a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, à formação dos conhecimentos, o reforço dos controles, das resistências, encadeiam-se uns aos outros, segundo algumas estratégias de saber e poder. (FOUCAULT, 2013, p.100).

No entanto, Marcuse (1999) foca suas observações sobre o conflito entre a sexualidade e a civilização. Segundo Marcuse o prazer saiu de cena, pois lutava contra o progresso da civilização e contra a civilização. Mas o medo de haver revoltas contra a opressão ao prazer teve início uma regulamentação rigorosa dos instintos parciais do sexo com primazia da genitalidade e sua sujeição à função procriadora, modificando os instintos sexuais e trazendo a organização repressiva da sexualidade (MARCUSE, 1999).

O conflito entre civilização e a sexualidade é causado pela circunstância do amor sexual ser uma relação entre duas pessoas, em que uma terceira só pode ser supérflua ou perturbadora, ao passo que a civilização se baseia em relações entre maiores grupos de pessoas. Quando uma relação de amor se encontra no seu apogeu, não há margem para qualquer interesse no mundo circundante; o par de amantes é suficiente em si e para si mesmo, não necessita sequer do filho que têm em comum para fazê-los felizes (MARCUSE, 1999, p.55).

A sexualidade foi forjada como procriadora e canalizada na maioria das civilizações para o âmbito das instituições monogâmicas. Este tipo de organização resulta numa restrição quantitativa e qualitativa da sexualidade, pois a unificação parcial dos instintos e sua subordinação à função de procriadora alteram a própria natureza da sexualidade. Com isso a função primária da sexualidade que é obter prazer a partir de zonas do corpo, passou a desempenhar a função de reproduzir (MARCUSE, 1999).

Em outras observações deste conflito entre sexualidade e sociedade Foucault (2001) observou a existência da sexualidade em todas as culturas seja oriental ou ocidental, no entanto cada uma segue rumos opostos. Na nossa cultura ocidental surge uma ciência sexual (scientia sexualis), a ciência médica, biológica e humana que produzem textos, manuais e estudos, para fins de curiosidades, entendimentos, saberes com intuito de controlar a sexualidade. Em contrapartida na cultura oriental desenvolve-se à arte erótica (ars erotica), a arte da sensibilidade erótica, objetivando a iniciação ao prazer e à satisfação sexual, em obras Conto dos Cânticos de Salomão e o Kama Sutra, além do Tantrismo.

4.4. A sexualidade da mulher contemporânea

Século XXI, novo milênio. Chegamos a uma nova era em todos os sentidos, com novas perguntas, valores, desejos, sentimentos, onde o tempo biológico foi substituído pelo tempo social, à distância geográfica não existem, as relações são frágeis, volúveis, todos querem status social através do ter e do ser, o comportamento sexual exposto, a liberação plena da sexualidade, tudo isso movidos pela subjetividade e individualidade moderna. Todos esses fatos sociais trouxeram uma nova identidade. No entanto essa nova conjuntura social formada recentemente, traz consigo uma transformação nos âmbitos públicos e privados, além de dualidade no comportamento dos indivíduos, pois o novo modelo social é recente e não conseguiu apagar os valores anteriores, presentes na sociedade do século XX.


Figura 04: Sexualidade expressada na sociedade contemporânea de forma livre6.

Iniciaremos esse tópico com a retrospectiva da revolução sexual feminina, através das teorias de Brousse sendo contextualizada por Bozon. A transformação no comportamento da mulher com maior repercussão na sociedade deu-se a partir dos anos 1960(a luta organizada feminista em forma de protesto nas ruas da Europa) não foram unicamente os movimentos das mulheres, mais também a inúmera mobilização individual, que afetou a situação da mulher na sociedade e na família, como a difusão do uso de anticonceptivos, o aumento do nível de instrução feminina, o crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho, facilidade jurídica para obtenção de divórcio, havendo uma ampliação da autonomia material e pessoal em relação ao homem (BOZON, 2004).

Esses fatos marcaram as quatro últimas décadas do século passado. Essa nova conjuntura possibilitou novos caminhos na sexualidade contemporânea. É importante observar que houve uma mudança social: a sexualidade e o prazer foram encarados com naturalização no mundo de tradição judaico-cristã, ocorrendo à legitimação da sexualidade independente da reprodução humana, provocado pelo uso de pílula anticoncepcional e separando sexualidade de reprodução. Também o surgimento de estudos da sexualidade, realizados a princípio por Kinsey7 e a epidemiologia comportamental ou a psicologia social de inspiração sócio-cognitivista.

Após o surgimento AIDS, surgiram estudos que mostraram a prevalência maior e insuspeitada de certas atitudes e práticas sexuais. Segundo esses estudos o prazer pode emergir como “verdade revelada” sobre a natureza do sexo, natureza que a sociedade ocidental teria reprimido e que a sexologia poderia desreprimir ou tratar como “disfunção” (MUCHEMBLED, 2007).

Nas sociedades individualizadas contemporâneas, desejos e relações necessitam improvisações pessoais e interpessoais cada vez mais complexas, construídas a partir de experiências vividas ou experimentadas pelos indivíduos e de representações culturais disponíveis. Como o declínio do discurso religioso, a medicina e a psicologia são cada vez mais utilizadas como suporte de uma nova normatividade, mais técnica, das condutas e funcionamentos sexuais (BOZON, p.113, 2004).

A sexualidade saiu do âmbito privado tornou-se público, aberto e de caráter interpretativo amplo; não existem tabus nos debates sobre sexo. A sociedade que vivencia uma era moderna, com política de liberdade, na qual comportamento íntimo pode ser apreciado e julgado. As relações sociais cotidianas vivenciadas na intimidade dos indivíduos ganharam um exorbitante espaço nas mídias impressas, sejam jornais, revistas ou redes sociais (GIDDENS, 1993).

Na sexualidade contemporânea [...] Doravante, a sexualidade aparece como uma experiência pessoal, fundamental para a construção do sujeito, em um domínio que se desenvolveu e assumiu um peso considerável no decorrer dos séculos: a esfera da intimidade e da afetividade. O repertório sexual se ampliou, as normas e as trajetórias da vida sexual se diversificaram, os saberes e as encenações da sexualidade se multiplicaram (BOZON, p.43, 2004).

Outro ponto importante da sexualidade na perspectiva moderna é o surgimento da autonomia sexual, disseminada durante o século XX. Ocorre no período da juventude até a passagem à idade adulta. Segundo Bozon (2004), a sexualidade na juventude tornou-se um tempo á parte, sendo socialmente aceito. Já não se pode mais designar esta sexualidade, como sexualidade pré-marital: está expressão se refere à sexualidade dos jovens antes do casamento, considerado como um breve período de preparação para o casamento.

Segundo Bozon (2004), a juventude moderna é vista de forma paradoxal. Pois esse período de vida os jovens exigem de seus parceiros a fidelidade sexual estrita, entretanto uma maior renovação dos parceiros, e até mesmo dos conjugues, realiza-se em ritmo acelerado. É devido à exigência de exclusividade que os rompimentos de relações entre os jovens se tornaram experiência banal.

Podemos entender que esse comportamento está ligado indiretamente e diretamente ao consumo sexual, que é vivenciado de forma natural, como afirma Wolf (1992). A cultura do consumo sexual recebe melhor expansão no mercado quando são compostos de clones sexuais, homens que desejam objetos sexuais e mulheres que desejam serem objetos de uso sexual, enquanto o objeto do desejo é sempre mutável, descartável e determinado pelo mercado. Esse consumo reflete os desejos mercantis transferidos para os desejos sexuais.

Com isso relação sexual passou a servir apenas como um ato de fácil acesso ao prazer - como fazer compras, o sexo torna-se obsessão, e em alguns casos um vício.


Figura 05: A imagem exibe a erotização da sexualidade pelo mercado da moda, muito comum nas sociedades de cultura complexas8.

Além disto, o prazer sexual feminino atrela-se ao orgasmo, tornando-se o objeto fundamental e principal do relacionamento sexual entre homem e mulher. A centralização exclusiva do prazer caminha ao lado da ausência de reprodução e de gravidez, tendo como finalidade o orgasmo, provando a realidade profunda da sexualidade enquanto atividade sexual (BOZON, 2004).

Também a individualidade moderna é um dos grandes influenciadores para o comportamento sexual. Está atrelada ao corpo sexual, a buscar por prazer imediato e o hedonismo, em seus aspectos mercadológicos de satisfação e trocas. Acaba sendo explorado pela mídia como forma de atrair com o uso de referências sexuais. Na exposição da sexualidade como forma artística na nova lógica de mercado, o corpo é exorbitante e usado como objeto, como pode ser observado em vários meios de comunicação. Por outro lado, o tema sexualidade é considerado a maior representação de liberdade moderna onde tudo é permitido (FOUCAULT, 2013).

Cada vez mais os indivíduos do mundo moderno e urbanizado buscam apenas suas próprias satisfações carnais, sem se ocupar com os seus parceiros, tratando-os como se fossem instrumentos de masturbação (MUCHEMBLED, 2007). Está análise de Muchembled resume as novas concepções da sexualidade moderna, onde o sexo é visto como necessidade fisiológica. Diante deste novo fato social, serão elaboradas algumas reflexões. Bauman explicita a formatação dos relacionamentos vistos como relações sexuais, através da citação dos escritos de Catherine Jarvie na seção “Espírito dos relacionamentos”, publicada do Guardian Weekend. As “soluções de meio-termo” são encontros casuais noturnos, pautados de sexo, que podem se prolongar, eles são “um meio-termo emocional entre a liberdade do encontro e a seriedade de um relacionamento significativo.” (JARVIE, 2002, apud BAUMAN, 2004, p. 25). Como descreve na letra da música “transas”, autoria do cantor e compositor Ritchie9:

Tanto tempo faz que a gente transa 
E não se conversou 
Tanto vício, tanta fuga pra saber 
Se é amor.

Sei que você pensa que passa e vai 
Só transas 
Faz de conta que não se quer mais 
É transa e tanto faz.

Quando se quer mais 
A gente diz "bye-bye" 
A gente quer mais
E finge que satisfaz.

É moderno, é certo, sei que muitos querem 
Essa forma de amor 
Se chega perto, é certo, sem paixão 
Mas também sem dor.

A gente pensa que isso passa e vai 
Só transas 
Faz de conta que não se ama mais 
É transa e tanto faz.

A tentativa de separar prazer de compromisso, tendo o prazer como necessidade humana e o compromisso como sinônimo de aprisionamento mostra a fragilidade dos laços amorosos, a conciliação da individualidade e a conjugalidade tornando-se um problema (BAUMAN, 1998). A prática do sexo casual é uma expressão desta busca por prazer, esta relação rápida tem como objetivo de satisfação sexual de ambos os amantes, não havendo envolvimento sentimental ou expectativas de compromisso futuro. É um tipo de relação para aqueles sem tempo ou vontade de ter um relacionamento longo e que exija esforço para mantê-lo.


Figura 06: Cenas do Filme Amizade Colorida10

Além disto, o sexo casual é aceito como prática do sexo fora de um relacionamento amoroso, quando é colocado como uma medida paliativa para suprir necessidades físicas enquanto o relacionamento afetivo não surge. Os relacionamentos focados no sexo são tratados como uma prática comum entre os jovens adultos do século XXI.


Figura 07: Imagens do Filme Amizade Colorida11

A busca pela satisfação sexual caminha de forma livre da busca pelo amor e “os indivíduos, na maioria, já não duvidam de que a satisfação sexual é alguma coisa devida a todos e de que qualquer coerção desse direito moral significa abuso ou violação da vida privada” (COSTA, 1999, p. 34).


Figura 08: Cenas do Filme Sexo sem Compromisso12.

Os relacionamentos afetivos tornam-se fugazes, evasivos, na medida em que o outro só é mantido se facilita e proporciona o gozo no âmbito privado do casal. O outro é visto em termos da quantidade de satisfação e prazer sexual que pode proporcionar. As relações humanas tornam-se utilitaristas e, no vínculo amoroso, o outro pode ser visto como um objeto que serve como meio de auto-satisfação. A liberdade e a auto-realização são apelos muitos fortes na contemporaneidade. O outro só é mantido se facilita e a relação entre ambos (CHAVES, 2004).

Essa novas concepções de relacionemos afetivos é descrita de forma fiel na obra Amor Liquido de Bauman, quando discorre sobre os novos valores e necessidades que outro deseja obter. O amor líquido refere-se ao aproveitamento do prazer de um relacionamento tentando evitar os momentos mais penosos e difíceis. Mostra a modificação na lógica das relações, transformando também em consumo as relações amorosas.

A outra parte é tratada como um objeto de consumo e julgado pelo volume de prazer que ele oferece. É uma forma de relacionamento em que entra se pelo que pode ganhar, e só continua enquanto ambas as partes imaginam que estão proporcionando satisfações suficientes para permanecerem na relação (BAUMAN, 2004).

Apesar do destaque do sexo nas relações sexuais momentâneas, o amor romântico ainda pressupõe a existência do desejo sexual antes da efetivação do relacionamento. Mas enfatiza a hierarquia do amor devotado sobre o prazer sexual, e também a satisfação emocional como mais importante do que a satisfação sexual. O amor sublime predomina sobre o ardor sexual, distinguindo o outro como alguém especial (GIDDENS, 1993).

A relação amorosa ganha um valor especial, considerada como proteção perante a insegurança vivida no ambiente público, torna-se um laço afetivo contra a fragilidade das relações (BAUMAN, 1998). As novas características do amor, descritas por Bauman e Giddens, apresentam a relação afetiva ligada ao sexo. Entretanto uma pratica de sexo com sentimentos (carinho, respeito, afeto, apego) como um elemento de grande importância para a evolução do relacionamento, articula sexo e amor, visando o crescimento da intimidade e a força do sentimento entre o homem e a mulher (GIDDENS, 1993).

5. CAPÍTULO II - A NOVA ERA DAS REDES SOCIAIS: O FACEBOOK


Figura 09: As redes sociais novo meio de comunicação de massa13.

5.1. O nascimento das redes sociais

Os primeiros computadores surgiram nos Estados Unidos e na Inglaterra em 1945; eram calculador programáveis capazes de armazenar programas e realizar cálculos científicos, além de seu uso militar e de grandes corporações. Entretanto com o desenvolvimento e a comercialização do microprocessador nos anos 70, houve uma revolução nos processos econômicos, nas produções industriais e sociais em grande amplitude. Desde a evolução do uso de aparelhos eletrônicos, computadores e redes de comunicação de dados, desenvolveram sistemáticas de ganhos de produtividades, por meios dessas tecnologias, que aos poucos conseguiu tomar conta das atividades econômicas e sociais (LÉVY, 1999).

No final dos anos 80 para os anos 90 surge um movimento sócio-cultural de jovens profissionais norte americanos que utilizam computadores conectados à inter-rede; também ocorrem à invenção dos computadores de uso pessoal. Com isso surgiram as tecnologia digitais, com a infra-estrutura do ciberespaço, o novo espaço de comunicação totalmente inovador, de novas formas de sociabilidade, com organizações e transações rápidas, e oferecendo um novo mercado de informações e de conhecimentos (LÉVY,1999).

A palavra “ciberespaço” foi inventada em 1984 por William Gibson em seu romance de ficção científica Neuromance. No livro, esse termo designa o universo das redes digitais, descrito como campo de batalha entre multinacionais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural. [...] O termo foi imediatamente retomado pelos usuários e criadores de redes digitais. [...] Eu defino o ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores (LÉVY, 1999, p.92).

Segundo Lévy (1999) a cibercultura encontra-se ligada ao virtual de duas formas: direta e indireta. Diretamente, nas digitalizações de informações que podem ser aproximada da virtualidade. Como os códigos de computador inscritos nos disquetes (disco de mídia magnética removível, para armazenamento de dados) ou discos rígidos computadores, são facilmente transferidos para qualquer rede.

A informação digital pode ser qualificada como virtual na medida em que é inacessível enquanto tal ao ser humano. Indiretamente, o desenvolvimento das redes digitais interativas, que favorecem o crescimento de outros movimentos virtualizados, criando ambientes de comunicação digital que interagem virtualmente, diferentes dos meios de comunicação das técnicas antigas (escrita, televisão, rádio, telefone, gravação de som e imagem). Desta maneira o ciberespaço facilita tipos e estilos de relacionamento quase independente do espaço geográfico, ou tempo.

Para Lévy (1999), a palavra “virtual” pode ser entendida em pelo menos em três sentidos: o primeiro, técnico, ligado a informática; o segundo corrente; e o terceiro significado é filosófico. Na percepção filosófica, é virtual aquilo que existe apenas em potência e não em ato, como um campo de forças e de problemas que tende a resolve-se numa atualização: “o virtual encontra-se antes da concretização efetiva ou formal” (LÉVY, 1999, p.47).

Continuando no sentido filosófico, o virtual é uma dimensão da realidade, porém em seu uso corrente é empregada para significar a irrealidade, pois a “realidade” pressupõem uma efetivação material e uma presença física. Outro ponto importante definido por Lévy (1999), sobre a “realidade virtual”: acredita-se que virtual e real estão separados, pois uma coisa deve ser ou real ou virtual, não podem possuir as duas qualidades ao mesmo tempo.

Na filosofia o virtual não se opõe ao real, mas ao atual, pois virtualidade e atualidade são apenas dois modos diferentes de realidade. “[...] ainda que não possa fixa-lo em nenhum coordenado espaço-temporal: o virtual é real. [...] O virtual existe sem estar presente” (LÉVY, 1999, p.48).

Podemos afirmar que vivemos num mundo virtual que existe, mas não está no campo externo da sociedade. No entanto, também existe o real, no qual estamos inseridos verdadeiramente. Às novas tecnologias da informação estão integradas ao mundo em redes globais, são instrumentalidades para a comunicação das redes. Com isso a comunicação mediada por computadores geram enorme números de comunidades virtuais (CASTELLS, 1999).

Em sua origem a internet trouxe novos caminho e oportunidades para alguns grupos de jovens que desejavam desenvolver o projeto de expansão da internet para a sociedade. Esses jovens são chamados por Brockman de elite digital, pois eles são a massa crítica, criadores, pensadores e escritores, que exerceram uma enorme influência sobre a revolução da comunicação na internet e no World Wide Web (BROCKMAN, 1997).

Com a percepção de ganho financeira que a internet poderia favorecer, surgiu o interesse em desenvolver a comunicação entre as pessoas, campanhas publicitarias e negócios do dia-dia através de rede e comunidades pela internet. Com esse potencial cria-se observações entre os usuários da internet com o intuito saber o que eles fazem, querem, procuram, e assim conseguem atrair os indivíduos oferecendo o que eles desejam, lhe dando uma identidade para que se sintam parte de uma comunidade. Assim se desenvolveu um senso de comunidades na web (BROCKMAN, 1997).

Além disto, a observação no comportamento dos internautas gerou percepções da existência de um conjunto de ações que atraem as pessoas para a Web: informação, conteúdos, interação, comunicação criando um contexto onde a informação é universal, e todos os conteúdos são livres, pois é diluído instantaneamente e também o próprio sistema permite que exista de várias copias, além de possibilitar uma interação de perguntas em tempo real sobre fenômenos que estão ocorrendo onde o corpo não está presente, promovendo uma comunicação em rede entre vários indivíduos, transformando a intimidade e a vida cotidiana dos indivíduos (BROCKMAN, 1997).

[...] a internet constitui atualmente a base tecnológica da forma organizacional que caracteriza a Era da Informática: a rede. Uma rede é um conjunto de nós interligados. As redes são formações muito antigas da atividade humana, mas atualmente essas redes ganharam uma nova vida, ao converterem-se em rede de informação, impulsionadas pela internet (CASTELLS, 2004, p.15).

Devido à expansão das comunidades virtuais, surgiu o interesse de conversas on-line pela internet por um grupo específico de pessoas a principio, com isso iniciou-se uma protocomunidade para a formação das comunidades eletrônicas, onde casamentos, nascimentos, mortes, suicídios, e outras mudanças pessoais ganham evidência e exposição através do prisma da conexão on-line (BROCKMAN, 1997).

Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais) (Wasserman e Faust, 1994; Degenne e Forse, 1999). Uma rede, assim, é uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem de rede tem, assim, seu foco na estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais e nem suas conexões (RECUERO, 2009 p.24).

Assim surgiu um novo padrão de comunicação on-line na internet, que ganhou várias interpretações e discursões: Alguns acadêmicos defende a concepção que a expansão da internet está conduzindo a um isolamento social, uma ruptura da comunicação social e da vida familiar, pois os indivíduos se refugiam no anonimato e praticam uma sociabilidade aleatória, abandonando a interação pessoal em espaços reais, e as trocas sociais baseados em identidades simuladas e em jogos de papéis (CASTELLS, 2004). Segundo Castells “[...] a internet foi acusada de gradualmente incitar as pessoas a viver as suas próprias fantasias on-line e fugir do mundo real, numa cultura cada vez mais dominada pela realidade virtual” (CASTELLS, 2004, p. 145).

Em contrapartida, Castells (2004) afirma que com mais estudos sobre está questão, fica entendido que a internet é uma facilitadora para a prática das fantasias pessoais, quando na realidade quase nunca o é, tendo em vista que a internet é uma extensão da vida tal como é, em todas as suas dimensões e modalidades. Portanto mesmo nos jogos de papéis e nos chat rooms informais, as vidas reais (incluindo as vidas reais on-line) são as que determinam e definem o modelo de interação on-line.

Ainda baseado no conceito de Castells (2004) as novas comunidades que reúnem pessoas on-line, as atraem por estarem ao redor dos mesmos valores e interesses partilhados, criando laços de apoio e amizades que podemos entendê-los como a extensão da interação cara a cara, graças a promessa de sociabilidade.

5.2. A origem do Facebook

O Facebook foi desenvolvido em Janeiro de 2004 por estudantes do curso engenharia da computação, na universidade de Harvard situada nos Estados Unidos, foram cinco alunos: Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes. O seu nome origina-se do apelido do livro artesanal (um maço de páginas encadernadas, contendo fotos de estudantes e algumas informações sobre cada um), preparado por alunos veteranos, o qual passa de mão em mão entre os calouros das universidades americanas, servindo para os novos alunos começarem a conhecer seus colegas da instituição. Facemash, o nome inicial do Facebook, tinha objetivo inicial de classificar alunas, no sentido de ser sexualmente atraente. O programa apresentava duas fotos lado a lado na tela e permitia aos usuários decidir qual das duas fotos era a mais “quente” 14.

5.3. A expansão do Facebook

Em pouco tempo de vida o Facebook conseguiu números recorde em usuários, expansão territorial e ganhos financeiros mostrados na matéria do site Terra (2014), intitula Facebook completo 10 anos: conheça a história da rede social. Através desta publicação do site terra podemos conhecer a história evolutiva da rede social Facebook15.

Em janeiro de 2004, Zuckerberg criou o The Facebook, primeiro nome comercial da rede social. Lançado em 04 de fevereiro, o site ganhou apenas em setembro o "mural", que permitia aos usuários enviar mensagens aos amigos, e em dezembro do mesmo ano já havia conquistado um milhão de usuários, nessa época ele era destinado apenas a universitários.

No final de 2005, o Facebook possibilitou que os usuários compartilhassem fotos e foi liberado para ser acessado em todo o mundo, mas apenas por estudantes. No dia 26 de setembro do ano seguinte, o Facebook permitiu que qualquer pessoa pudesse criar a sua conta, o que levou a rede social a alcançar 12 milhões de fãs.

Em 2007, ano em que o Facebook liberou o compartilhamento de vídeos, 58 milhões de usuários já utilizavam a rede social. No ano seguinte, o Facebook continuou criou um chat, além de aplicativo para iphone.

Em março de 2008, lançou o novo Facebook, com layout redesenhado e uma nova página. Em dezembro a rede social alcançou 360 milhões de usuários. Em 2009, Zuckerberg adotou o botão “curtir”.

Já em 2010, o site lançou dois serviços que não caíram nas graças dos usuários: o Facebook Places – recurso que mostrava o local onde o usuário estava – e o Facebook Sponsored Stories - que permitia às empresas que patrocinavam o Facebook pegar os bons comentários feitos pelos usuários e utilizar como propagandas. No final de 2010, 608 milhões de pessoas utilizavam o Facebook.

Em 2011, com 845 milhões de usuário, a rede social teve papel importante na chamada "Primavera Árabe", possibilitando a mobilização de pessoas em atos contra governos ditatoriais em diversos países no Oriente Médio e África.

Em maio de 2012, um dos maiores passos da empresa: a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O preço dos papéis no dia do lançamento foi de US$ 38, chegando a atingir US$ 43,02 na primeira sessão. O Facebook precificar seu IPO no topo da faixa estimada, tornando-se a primeira empresa dos Estados Unidos a chegar à bolsa de valores com um valor de mercado acima de US$ 100 bilhões. No final do ano, a rede social atingiu a marca de um bilhão de usuários.

5.4. O Facebook invade o Brasil

Segundo a revista Veja16 desde que o Facebook começou oficialmente sua operação no Brasil, com o escritório no bairro Itaim Bibi, em São Paulo no mês de Fevereiro de 2011, verificou-se um crescimento de 660% no aumento de usuários, sendo que anteriormente o Facebook possuía 10 milhões de usuários. O país também é o vice-líder no número de acessos diários: 47 milhões de usuários brasileiros acessam a rede social todos os dias.

Ao passo que o Facebook se expande no Brasil e aumenta seus recordes de acesso e de interação entre os usuarios na rede, é percebtivel a diferença de comportamento entre os usuários brasileiros em relação a de outros países. O jornal da globo realizou uma pesquisa, que aponta alguns modelos de comportamento na internet, e também traçou os perfis de internautas17;

Segundo esse estudo existem vários grupos nas redes sociais classificados por perfis, o mais comum é chamado “arroz de festa”, que detém os maiores números de usuários, além de utilizarem as redes sociais com mais frequências e discutirem diversos assuntos (política, futebol, religião, moda, famosos, novela).

Em segundo lugar nas redes, estão àqueles chamados “do contra”, só gostam do que publicam e não guardam. O terceiro perfil apontado pelo estudo é o dos “hooligans”, aqueles que adoram discutir sobre esporte, principalmente futebol, enquanto assiste ao jogo mandam recados pela rede.

Em quarto lugar, ficaram as “maricotas”, ou “clube da Luluzinha” digital, que falam de humor, autoajuda e novela. Afirma Davi Bertoncello, diretor-executivo da Hello Research: “Nenhum de nós é 100% arroz de festa, nenhum de nós é 100% “hooligan” A gente circula entre um perfil e outro. A nossa tendência natural é fazer postagem que nos enquadrem em um ou em outro perfil, mas, durante 100% do tempo, a gente não é uma pessoa só. Isso nem na vida real”.


Gráfico 01: Os dados deste gráfico divulgado pela revista Galileu (2012) mostra o aumento e a popularidade do Facebook no Brasil.

Entretanto todos os usuários podem circular em todos esses perfis, pois existe uma mudança de opinião e uma grande circulação de diversos assuntos ocorrendo ao mesmo tempo na rede, além disto, todos esses grupos mostram suas opiniões claramente e as defendem.

Pesquisa divuldaga pela revista Galileu (2012) traça o comportamentos do usuários das redes sociais. Esses dados evidênciam e identificam os hábitos, preferências, tempo e gostos dos internautas brasileiros. A pesquisa leva em consideração o gênero como um dos fatores para os comportamentos. Além de identificar as redes sociais mais preferidas entres os brasileiros18.


Gráfico 02: Pesquisa identifica em média os números de internautas brasileiros que acessam as redes sociais, levando em consideração o tempo gasto mensalmente.

A pesquisa revela que no Brasil as mulheres acessam as redes sociais com mais frequência que homens, com isso podemos afirma que a mulheres têm o comportamento mais ativo nas redes sociais que os homens, como mostra no gráfico a baixo:


Gráfico 03: As mulheres acessam mais as redes que os homens.

Também é visto que as redes sociais tem um papel muito importante para divulgar e vender produtos (roupas, acessórios, cosméticos, bens duráveis), pois tem um contigente expressivo de pessoas recebendo informações. Além disto, as propagandas publicitarias são realizadas pelas marcas com intuito de potencializar ainda mais o consumo nas redes sociais.


Gráfico 04: Percebemos o com esse gráfico a potencialidade que as redes sociais exerce na divulgação e nas vendas de produtos
.

Podemos afirmar que esse novo meio de comunicação se deve ao avanço da tecnologia, sendo um dos fatores que mais favoreceu o acesso às redes sociais, e também a expansão da telecomunicação que ocorreu no Brasil, e a facilitação de crédito para a população em adquirir aparelhos tecnológicos (notebook, iphone, tablete, celular, smartphone). Podemos também afirmar que a facilidade de acesso e de obter esses produtos fizeram crescer rapidamente o uso das redes sociais no Brasil.


Gráfico 05: O acesso dos brasileiros nas redes sociais.

Outro estudo muito interessante foi realizado pela empresa CONECTA19 (comunidade online de pesquisa)  sobre os usuarios das redes sociais. Os dados foram apresentado na feira YouPIX em São Paulo pelo festival de 2014. Entretanto está pesquisa foi realizada apenas com jovens internautas brasileiros. Diz a CONECTA: “A pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 9 de julho de 2014, com 1.513  internautas de todos os estados do país, sendo 1.030 participantes do painel CONECTA e 483 internautas da base do YouPIX”. 

A pesquisa identifica que  o jovem internauta brasileiro possui, em média, perfil em 07 redes sociais. As mais populares são: Facebook (96% possuem perfil), YouTube (79%), Skype ( 69%), Google+ (67%) e Twitter (64%). Acessar essas redes é um hábito de 90% dos internautas de todo opaís com idade entre 15 e 32 anos. 

Outras atividades comuns na web são buscar informações (86%), acompanhar notícias (74%), assistir a vídeos (71%), ouvir musica (64%) e trocar e-mails.

A maior parte do acesso às redes ocorre em dispositivos móveis. O aplicativo do Facebook está presente em 88% dos celulares dos jovens, seguido dos aplicativos de e-mail (84%), YouTube (81%) e WhatsApp (79%). Em tablets, o Facebook está instalado em 61%, os e-mails em 57% e o YouTube em 59%. Em alguns casos, o uso desses aplicativos já se tornou tão frequente que os internautas estão continuamente conectados: 89% ao Facebook, 87% ao WhatsApp, 80% aos e-mails e 63% ao Instagram.

Outro ponto avaliado pela a pesquisa foi a geração de conteúdo e o status social. O estudo identificou que 53% dos usuários de Facebook compartilham e interagem com os conteúdos publicados. Dentre os entrevistados, 48% afirmaram gostar de ser marcados em fotos, embora 50% se incomode em receber posts irrelevantes. A segurança também foi fator apontado pelos entrevistados e 40% deles disseram se sentir expostos na rede social.

6. Capítulo III - A sexualidade feminina exibida no Facebook sendo reproduzida no âmbito social



Figura 13: Aplicativo do Facebook que incentiva o sexo entre usuários, Bang With Friends (Faça sexo com seus amigos, em português), obtém dados da lista de amigos do usuário do Facebook e une homens e mulheres com interesses em comum para ter relações sexuais.20.

A sexualidade feminina tem se construído de diferentes maneiras em cada momento histórico, e também a expressão e o comportamento vão ganhando particularidades em cada cultura. As características da sexualidade feminina dependem de questões constitutivas ou pulsionais, mas também de questões ligadas a costumes de cada época (social, política, histórica). Atualmente, as jovens contemporâneas parecem estar buscando o prazer através do sexo ocasional e do gozo objetivista, além da espetacularização da sexualidade nos novos meios de comunicação de massa. Neste capítulo faremos uma reflexão da sexualidade feminina na rede social Facebook. Encontramos uma exacerbada exibição e exposição da sexualidade pela jovem pós-modernas, naturalizada pela nova indústria erótica que encontrou nas redes sociais à nova forma de expandir o seu mercado, já que em tempo modernos a sexualidade está aberta e liberada para todos os âmbitos sociais.

Nos estudos de Freud (1914), sobre o Narcisismo encontramos um ponto importante para essa exaltação da sexualidade, no novo comportamento social moderno (o cultivo da beleza, exaltação da imagem, a estética física). É através da exibição do novo padrão estético de beleza que as jovens buscam desperto fascínio entre os indivíduos que navegam em seu Facebook, mas o maior foco é os homens.

As jovens com este perfil conseguem exercer maior atração sexual sobre os homens, não apenas por razões estéticas, mesmo sendo normalmente as mais belas, mas também pela interessante construção Narcisista que essas jovens possuem, pois fica claro o quanto o narcisismo de uma pessoa exerce grande fascínio para as que não cultivam o seu narcisismo. Segundo Freud (1914), o narcisismo tem em sua essência a libido sexual voltado para o Eu, por meio do amor- próprio deste indivíduo, que pode escolher qualquer objeto para a satisfação do seu desejo narcísico.

O amor-próprio nos aparece de imediato como expressão da grandeza do Eu, não sendo aqui relevante o caráter composto dessa grandeza. Tudo o que se tem ou que se alcançou todo resíduo do primitivo de onipotência que a experiência confirmou ajuda a aumentar o amor-próprio. Se introduzirmos nossa distinção entre instintos sexuais e do Eu, temos de reconhecer para o amor-próprio uma dependência bem íntima da libido narcísica. Nisso nos apoiamos em dois fatos fundamentais: o que nas parafrenias o amor-próprio é aumentado, nas neuroses de transferência é diminuído, e de que na vida amorosa o eleva. Como afirmamos ser amado representa o objetivo e a satisfação na escolha narcísica do objeto (FREUD, 1914, p.31).

Paralelo ao narcisismo, a identidade pós-moderna cria novas subjetividades no comportamento dos indivíduos modernos. Desta forma as jovens da era pós-moderna, caem no impacto da crise de identidade que ocorreu no processo histórico-social, que representa toda construção nas mudanças de comportamento dos indivíduos modernos (HALL, 2006). Segundo Hall (2006), o sujeito pós-moderno não possui uma identidade fixa, devido às mudanças sociais, ocorridas pela modernidade tardia, a qual está subjetivamente vinculada na identidade do sujeito pós-moderno.

Com esta afirmação de Hall, podemos constatar que o comportamento dos usuários de qualquer rede social inclusive os do Facebook tem mudanças de comportamento, que podem ocorrer a qualquer momento. Cabe ao usuário mudar de identidade virtual, pois não existe um comportamento fixo no universo das redes socais como mostra a pesquisa realizada pelo jornal da globo, apresentada no capítulo II. Deste modo uma jovem que expõem sua sexualidade em sua rede social a qualquer momento pode excluir todos os dados que mostra a sua exposição (HALL, 2006).

Conforme Hall (2006), historicamente é possível identificar três concepções básicas de identidade: o sujeito cartesiano, o sujeito sociológico e o sujeito pós-moderno. A identidade cartesiana, para Hall (2006) é o sujeito unificado, com características inatas, conservando-se rígida em relação a seu desenvolvimento. Este sujeito apresenta um único centro ou núcleo interior. Também chamado de sujeito da razão ou sujeito do conhecimento, pois este sujeito emerge do contexto social das consequências de acontecimentos históricos e sociais marcantes (reforma protestante, o renascimento, as revoluções científicas e, de forma especial, o iluminismo).

A respeito do sujeito sociológico, ou sujeito moderno, surge a sua construção de períodos históricos e sociais de grandes transformações econômicas e sociais. Com o advento da indústria e o surgimento das cidades, a interação social tornou-se mais subjetiva e complexa. Ocorrendo mudanças nas relações sociais e familiares e também a relação do homem com o trabalho. Enquanto o sujeito cartesiano tinha no conhecimento e na razão a sua base mais sólida, o sujeito sociológico, por sua vez, se estrutura na interação social.

Segundo Hall (2006), o sujeito pós-moderno constrói sua identidade num contexto onde tudo é efêmero. Desta maneira o sujeito pós-moderno possui a flexibilidade necessária para se molda socialmente e tecnologicamente de forma dinâmica e veloz. O sujeito pós-moderno, ao contrário das concepções das identidades anteriores, não possui uma identidade única, fixa, essencial ou permanente; é o oposto, possui várias identidades modificadas conforme a necessidade do contexto social. Baseados nos conceitos de identidades de Hall (2006), podemos afirmar que as jovens que exibem sua sexualidade no Facebook podem ter várias identidades, onde elas têm a possibilidade se criar uma identidade no Facebook (de uma jovem extremamente ousada expondo a sua sexualidade na rede) e escolhendo desencadeá-la sim ou não em seu âmbito social, devido os vários tipos de identidade que o sujeito pós-moderno pode assumir.

A necessidade que as jovens contemporâneas têm de promover, exibir, cultuar a sua imagem, surge de uma sociedade voltada ao consumo, ao individualismo, de relações momentâneas, onde o desejo de tornar a vida intima uma espetacularização é a forma encontra pelas jovens de se prover publicamente em redes sociais.

Desta forma o espetáculo apresentado pelas jovens nas redes sociais através da exibição de sua sexualidade, cria espectadores, os quais contemplam de forma negativa ou positiva a exposição da sexualidade dessas jovens. No entanto as jovens também podem ser consideradas de espectadoras, pois ao contemplar a sua própria exibição, tornam-se dominadas pela necessidade de expor sua sexualidade, mas este comportamento é o resultado de suas próprias ações inconscientes (DEBORD, 2002).

A alienação do espectador em favor do objeto contemplado (o que resulta de sua própria atividade inconsciente) se expressa assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende sua própria existência e seu próprio desejo (DEBORD, 2002, p.24).

Podemos afirma que a espetacularização da sexualidade nas redes sociais é uma mercadoria promovida pela indústria erótica, da beleza, e da moda, para expandir, promover, e vender seus produtos, através da expansão econômica desse novo mercado, a indústria erótica, que tem ganhado ênfase com a massificação do uso das redes sociais, em maior foco o Facebook. Segundo Debord “o espetáculo é o momento em que a mercadoria ocupa totalmente a vida social” (DEBORD, 2002, p. 30).

O movimento de banalização que, sob a diversão furta-cor do espetáculo, domina mundialmente a sociedade moderna, domina-a também em cada ponto em que o consumo desenvolvido das mercadorias multiplicou na aparência dos papeis e os objetos a escolher (DEBORD, 2002, P.39).

Segundo Debord (2002), as imagens que se destacam em cada aspecto da vida dos indivíduos fundem-se num fluxo comum, no qual a unidade dessa mesma vida já não pode ser restabelecida, pois a realidade é considera parcialmente, e apresenta-se em sua unidade de forma geral, como um pseudônimo à parte, sendo um objeto de mera contemplação.

As jovens acreditam que através da exposição de sua sexualidade no Facebook, conquistaram a repercussão social, fama, status, exaltação da sua imagem física, e popularidade em sua rede social, mas a exposição da sexualidade desencadeia a banalização da sexualidade feminina no Facebook, pois consiste na contemplação da imagem sexual da mulher; com isso proporciona a espetacularização sexual, tornando os seus contatos de rede em espectadores de seu espetáculo.

É visto que este novo comportamento desencadeado no Facebook é encontrado em sociedades complexas, que recebe maior influência da indústria cultural, a qual tem se expandido cada vez mais, e assim transformando o Facebook num meio de comunicação de massa. Além disto, é um dos principais meios de comunicação contemporâneo, desta forma atinge altíssimo número de indivíduos, com isso a indústria cultura poder desenvolver novas tendências de consumo e comportamentos culturais, divulgadas e estimuladas pelo Facebook. Esse poder que a indústria cultural detém, consegue criar novos comportamentos e necessidades que até então os indivíduos não precisavam, e nem tão pouco tinha o desejo obtê-lo (ADORNO, HORKHEIMER, 2002).

Como qualquer outro meio de comunicação de massa, o Facebook é totalmente planejado e administrado, com intuito de que os indivíduos estejam seduzidos, encantados, e assim tornando-se um cliente que interagir com a marca, criando um elo entre o indivíduo e a rede social, e assim sendo guiadas pela indústria cultura (o que irá consumir expressar na sua rede de contatos, publicações do mural), todas as atividades serão realizadas de forma naturalizada pelos indivíduos, no entanto o mesmo está sendo influenciado pela cultura de massa, com isso o Eu torna-se um produto patenteado, que depende da situação social vigente (ADORNO, HORKHEIMER, 2002).

É nítido que a exposição da sexualidade pelas jovens é desencadeada por uma cultura de massa que se especializa em divulgar a vida privada (momentos íntimos) dos indivíduos. Podemos encontrar ferramentas disponíveis no Facebook (publicação de fotos, imagens, vídeos, e localização geográfica) facilitadoras para promover a massificação da exibição da vida privada em vários âmbitos (ADORNO, HORKHEIMER, 2002). Tornado a exibição da sexualidade num espetáculo, para promover o perfil do Facebook dessas jovens, e assim gerar repercussão da sua imagem na rede social e ganhar comentários positivos ou negativos, mas que ocorra a exposição de sua intimidade (DEBORD, 2002).

A exibição da sexualidade é vista pelas jovens como forma de sedução, desde que a modernidade proporcionou o movimento de libertação sexual, e a diversificação libidinal que segundo Lipovetsky é a “constelação de pequenos anúncios singulares: depois da economia, da educação, da política, a sedução anexa o sexo e o corpo de acordo com o mesmo imperativo de personalização do indivíduo” (LIPOVETSKY, 1983, p.28).

Para Lipovetsky (1983), a libido dos indivíduos transformou-se em self-service, onde o corpo e o sexo tornam-se instrumento de subjetivação-responsabilização; havendo a necessidade de acumular as experiências, explorar o capital libidinal pessoal, inovar em matéria de combinações. Contudo o libidinal do indivíduo moderno não visa à imobilidade nem estabilidade, pois o indivíduo precisa está em experimentação e ter iniciativa. Desta forma se produz um sujeito descartado de disciplina, mas com personalização do corpo sob a égide do sexo. “O seu corpo é você, o corpo deve ser cuidado, amado, exibido: já não tem a ver com a máquina” (LIPOVETSKY, 1983, p. 29).

A sedução alarga o ser-sujeito atribuindo ao corpo outrora oculto uma dignidade e uma integridade novas: nudismo, seios nus, são os sintomas espectaculares desta mutação através da qual o corpo se torna pessoa a respeitar, a acarinhar ao calor do sol (LIPOVETSKY, 1983, p. 29).

Segundo Lipovetsky (1983), o tecnológico tornou-se pornô: o objeto e o sexo receberam efeitos, e manipulações sofisticadas quase sem limites da exibição, proporcionadas por comandos à distância, das interconexões e comunicações de circuitos, de combinações de programas livres, com plena existência visual. Lipovetsky (1983) defende o pornô como sendo sexo tecnológico, desta forma o objeto como tecnologia pornô. Visto como um estado humorístico, o qual designa vários estados entre eles o processo de dessubstancialização: o pornô liquida a profundidade do espaço erótico, a sua conexão com o mundo da lei, do sangue, do pecado e metamorfoseia o sexo em tecnologia-espetáculo, em um teatro indissociavelmente hard e humorístico.

E é isso que impede que se leve a pornografia completamente a sério. No seu estádio supremo, o pornô é engraçado, o erotismo de massa inverte-se em paródia do sexo. Quem não se surpreendeu a sorrir ou a rir francamente num sex-shop ou durante uma projeção X? Passado um certo limiar, o excesso “tecnológico” é burlesco. Cómico que vai muito para além do prazer da transgressão ou do levantar do recalcamento: o sexo-máquina, o sexo entregue ao jogo do “tanto faz”, o sexo alta-fidelidade, é assim o vector humorístico (LIPOVETSKY, 1983, p.157).

Segundo Recuero (2009), quando analisamos as estruturas das redes sociais, percebemos que a interação é o primado fundamental do estabelecimento das relações sociais entre os agentes humanos, que originarão as redes sociais, tanto no mundo concreto, quanto no mundo virtual. Pois numa rede social, as pessoas são os nós e as arestas são constituídas pelos laços sociais gerados através da interação social. Como afirmar Castells (1999), trocar de reciprocidade e apoio por intermediário da dinâmica da interação entre os usuários da rede, lhes permite ter menos pudor para expressar os seus desejos íntimos, e assim se expor mais facilmente no mundo virtual. Contudo, para Castells (1999), os usuários interpretam seus papeis e criam identidades on-line.

Pois, essa identidade virtual gera uma sensação de comunidade mesmo que efêmera, e talvez traga alguns alívios às pessoas carentes de comunicação e de auto expressão. Mas a noção de real contra-ataca aos que vivem duas vidas paralelas, na tela estão não obstante, ligadas pelo desejo, pela dor e pela mortalidade de suas personalidades físicas.

Para alguns teóricos a vida on-line parece ser uma forma mais fácil que as pessoas encontraram para fugir da vida real, pois as novas relações sociais que os computadores proporcionam são relações interpessoais baseadas numa concepção de identidade criada (CASTELLS, 1999). As redes sociais abriram as portas para um novo mundo que nos permite tornar público opiniões, atos, expressões, sentimentos, valores e preconceitos que não ousaríamos dizer ou fazer face a face.

Diferentemente de relações, parentescos, parcerias e noções similares-que ressaltam o engajamento mútuo ao mesmo tempo em que silenciosamente excluem ou omitem o seu oposto, a falta de compromisso, uma rede serve de matriz tanto para conectar quanto para desconectar; não é possível imaginá-la sem as duas possibilidades. Na rede, elas são escolhas igualmente legítimas, gozam do mesmo status e têm importância idêntica. Não faz sentido perguntar qual dessas atividades complementares constitui ‘sua essência. A palavra rede sugere momentos nos quais se está em contato intercalado por períodos de movimentação a esmo. Nela as conexões são estabelecidas e cortadas por escolha. A hipótese de um relacionamento ‘indesejável, mas impossível de romper’ é o que torna ‘relacionar-se’ a coisa mais traiçoeira que se possa imaginar. Mas uma ‘conexão indesejável’ é um paradoxo. As conexões podem ser rompidas, e o são, muito antes que se comece a detestá-las. (BAUMAN, 2004, p.12)

As relações sociais vivenciadas no virtual trouxeram o confronto entre o mundo real e o mundo virtual. São observadas algumas analogias da vida social real e a sua transferência para vida social em rede. Pois a interação em tempo real proporcionada pelas redes sociais (postagem de informações íntimas ou do cotidiano, sobre o que o usuário irá fazer ou fez, fotos, comentários, localização geográfica, amigo), mostra o quanto o mundo virtual tem do mundo real.

Esse novo questionamento à interação social dos indivíduos conectados nas redes socais confunde-se com os limites entre a vida virtual e a vida real. É perceptível que neste novo mundo criado pela tecnologia a realidade passar a ser aquela que em outro momento a chamávamos de virtual. Esses dois extremos, o real e o virtual, se confundem e essa confusão abre caminho para uma nova forma de comunicação e interação, onde novos públicos desejam participação e atenção, pois essa linha entre o virtual e o real vem mudando as relações sociais (GIARDELLI, 2012).

Wolton (2003) faz uma crítica ao comportamento  trazido pelas novas tecnologias. De acordo com Wolton, a Internet possibilita as “solidões interativas”. Essas solidões, segundo Wolton, são percebidas pela dificuldade de se relacionar com as pessoas no mundo real, fora da Internet, enquanto que, no mundo virtual cria-se uma vida paralela, na qual o internauta tem diversas possibilidades de se expressar e de divulgar seus pensamentos de forma igualitária com outros internautas.

A ideia de liberdade somada às possibilidades tecnológicas pode criar um ambiente mais agradável no mundo virtual do que a realidade com pessoas fora da Internet. Além disto, o mundo virtual recriar prazeres e conflitos comuns do dia-a-dia, mas sem a existência do enfrentamento do olho no olho ou da comunicação face a face. Onde o internauta pode em um clique sair ou interromper a conexão, ao contrário da vida real. Entretanto, dentro deste contexto existe a contrariedade, pois a vida está exposta nas redes sociais à vista para análises, julgamentos e intervenções.

Com a internet, não há mais o que se chama, de maneira inábil, de “vida privada”, mas que exprime, contudo, uma vontade de poder conservar distância entre si e os outros, de fechar as portas. Subsiste um espaço onde cada um fabrica a sua liberdade (WOLTON, 2003, p.105).

O homem moderno se defronta com dois mundos o real e o virtual, essa nova possibilidade pode trazer como consequência a não distinção entre o real e o virtual. Com isso os indivíduos passam a não ter limites entre o real e o virtual, Wolton (2003) evidencia os pontos negativos desse novo fato social, o isolamento dos indivíduos ou as “solidões interativas”, quando   a liberdade gerada pela interação on-line torna-se a prioridade do internauta, desta forma do plano virtual transforma-se na vida cotidiana (estudar, trabalhar, se relacionar) através de imagens que interagem em seu perfil no Facebook. Mas podemos afirma que essa nova realidade está inserida na vida cotidiana dos indivíduos, com isso suas ações virtuais estão dentro das suas ações reais, podemos citar como exemplo: postagem no mural do Facebook (uma jovem que tira uma fotografia fazendo exercícios físicos numa academia, onde a mesma identifica o local, as pessoas presentes, horário, e o que está sentindo no momento e sua imagem em tempo real).

Para entendermos melhor está mistura da vida virtual e real, utilizaremos as concepções de Berger (1976), que define a vida cotidiana “como uma realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente” (BERGER, 1976, p. 35). Desta forma o mundo da vida cotidiana é originado nos pensamentos e ações dos homens comuns que para eles é o real.

Todavia as suas ações cotidianas são provenientes da consciência individual, entendendo-se como intencional o que está sempre direcionada a algo. Porém não podemos prever de que forma se dará a consciência, mas que haverá uma consciência em todas as ações, podendo ser externa que é pertencente ao mundo social também, um elemento da realidade subjetiva interior. Assim a consciência é um ato individual e que em ambos os casos tem caráter intencional e comum, que ocorre em diferentes esferas da realidade.

Contudo a realidade está intrínseca na vida cotidiana de forma ordenada, onde os fenômenos estão previamente padronizados, aparentemente independentes das inquietações humanas, na qual é constituída numa ordem de objetos que foram designados como objetos antes da entrada do indivíduo na cena.

Havendo na realidade da vida cotidiana uma organização do “aqui” (o corpo) e do “agora” (o presente), definindo Berger (1976) “Este ‘aqui e agora’ é o foco de minha atenção à realidade da vida cotidiana” (BERGER, 1976, p. 39), também sendo a realidade da consciência, assim fazendo a escolha de seu direcionamento em diferentes aproximações e distância, espacial e temporal, desta forma todos os atos no universo virtual do Facebook, são feitos, pensados e realizados dentro do mundo real, mas expostos dentro da rede social como um anexo da vida real. Entretanto ações realizadas pelos usuários ganham força pela liberdade oferecida através da identidade virtual. Ao passo que o mundo on-line permite que os indivíduos tenham múltiplas identidades, e nessa multiplicidade encontram-se inseridas a nossa cultura, nossa moral, costumes e nossa vida cotidiana, o virtual ganhou espaço em nossa vida social, abrindo novas possibilidades de interação, comportamento, hábitos, costumes, comunicação. Observamos que o avanço tecnológico nos permitir a interação entre homem e a maquina, já que a maquina faz parte de nossa vida cotidiana; nossos gestos, atitudes, comportamentos, pensamentos podem ser exposto em tempo real no mundo virtual, criando-se um elo entre o real e o virtual.

Entretanto este novo fato está atrelado à individualidade moderna que é a representação da transformação da intimidade e da liberdade, a qual permitiu mudar de identidade a qualquer contexto social, e com isso a exposição da sexualidade pode estar presente no perfil do Facebook ao passo que as jovens realizam a exposição no seu cotidiano e as transfere para o universo virtual.

Pois as redes sociais (Facebook) são novos meios de comunicação de massa e tem o diferencial que antes não existia: um contingente de pessoas, reunidas no mesmo momento podem se comunicar sem barreiras geográficas e em tempo real, havendo interação de imagem e som, proporcionado um novo tipo de espetáculo, onde o usuário tem o direito de mostrar a sua sexualidade e torná-la um espetáculo.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A mulher ao longo da história-social nunca teve tanta “liberdade”, em todos os sentidos; sexual moral, político, econômico, e família, toda essa mudança é fruto da transformação da intimidade e das novas concepções de direitos individuais promovidos pela complexidade das relações na pós-modernidade.

Dentro deste contexto a sociedade convive em pleno avanço tecnológico, onde não existem barreiras geográficas, a todo o momento trocamos informações e nos comunicamos na vida on-line, essas novas formas de sociedade de relações quase instantâneas, misturadas em códigos e símbolos, afetam diretamente no cotidiano dos indivíduos. Entretanto antes deste apogeu da modernidade os indivíduos já tinham vários conflitos, mas com a modernidade eles tornaram-se mais complexos.

Entretanto destacaremos o conflito entre a sexualidade e a sociedade, a sexualidade que antes era silenciada, hoje é um espetacularização, exibida de todas as formas; nas redes sociais, meios de comunicação, propaganda publicitarias, está exposição acerbada deve-se a uma nova indústria que surgir, a indústria do erotismo. Essa transformação chega numa sociedade voltada ao consumo e o prazer, está conotação casa perfeitamente com a indústria erótica, desta forma os indivíduos tratam com banalização o consumo, a satisfação sexual, as relações afetivas não passam de relações folgasses.

A transformação da sexualidade feminina proporcionou modificações no comportamento social, afetivo, família, profissional da mulher moderna, além de novos estudos aprofundados, teses nas ciências humanas e com isso aumentar os estudos relacionados à sexualidade feminina, e novas definições do conceito de sexualidade surgiram ao logo deste processo de modernização da sociedade ocidental. Nesta análise da sexualidade feminina e suas formas de expressão na sociedade contemporânea, mostrou-se uma reflexão sobre o conceito de sociedade contemporânea e das novas formas da sexualidade feminina e como tem ocorrido.

A partir disso, fez-se um diagnóstico dos novos modelos de erotismo das jovens contemporâneos, observamos que é mais bem compreendido quando são integrados às características narcísicas, próprias da contemporaneidade.

Podemos entender que as relações sociais humanas são regidas por normas e regras formalizadas e normatizadas por várias instituições que necessitam ser compartilhada entre os indivíduos. A maior parte das interações sociais que ocorrem mediante a presença física possuem regras já consolidadas; diferentes das relações virtuais, que os indivíduos podem modificar a sua forma de interação conforme deseje, pois não existem regras no universo virtual da mesma forma que no mundo real, além disto, podem ser retiradas ou pagas a qualquer momento que o internauta deseja. Um dos objetivos principais deste trabalho é a revisão bibliográfica, e identificar as afinidades do comportamento das jovens no âmbito real e do mundo virtual nas redes sociais, com isso o que achávamos impensável agora já se faz possível, o espaço virtual está propício para que os indivíduos sejam o que desejam ser.

Percebemos que a sexualidade das jovens modernas tem sofrido transformações, a mais comum atualmente é a espetacularização sexual das jovens nas redes sociais. Devido a uma nova conjuntura da intimidade e a tecnologia; onde é possível o cotidiano que chamamos do real ser inserido no universo virtual sem haver barreiras geográficas ou temporais. Com isto os dois âmbitos o real e o virtual se misturam, ao ponto que as jovens criam uma identidade dubla proporcionada pelas múltiplas identidades, inclusive a identidade virtual pode ser “deletada” ou “recriada” a qualquer momento, diferente da identidade social real.

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6 Fonte: http://photos.com.br/conheca-o-vencedor-da-promocao-nu-o-corpo-e-a-luz/ Acessado em: 25/03/2015

7 Alfred Chales Kinsey (1894- 1956) realizam, a partir de 1938, uma enorme pesquisa sociológica sobre comportamento sexual humano nos Estados Unidos.

8 Fonte: https://estilo.catracalivre.com.br/modelos/estilista-cria-jeans-com-ziper-que-da-acesso-as-partes-intimas/ Acessado em: 23/03/2015

9 Banalização do sexo sem compromisso é a marca da sociedade pós-moderna, evidenciada em todas as formas de mídia. Fonte: http://letras.mus.br/ritchie/48532/ Acessado: 29/03/2015

10 Fonte: http://www.zeed.com.br/caetite/colunas/fazer-sexo-com-amigo-fortalece-a-amizade-diz-pesquisa/56 Acessado em: 31/03/2015

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20 Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/vida-em-rede/facebook/aplicativo-de-sexo-no-facebook-faz-sucesso-mas-pode-ter-vida-curta-bang-with-friends/ Acessado em: 02/06/2015. Fonte: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2013/02/app-bang-friends-ja-juntou-70-mil-interessados-em-sexo-diz-criador.html Acessado em: 02/06/2015


Publicado por: isabele barbosa da costa

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