Etiologia e fisiopatologia da asma sazonal
índice
- 1. RESUMO
- 2. INTRODUÇÃO
- 3. Etiologia da asma sazonal e seus tipos
- 4. Mecanismos Fisiopatológicos e diagnóstico da asma
- 4.1 FISIOPATOLOGIA
- 4.2 DIAGNÓSTICO
- 4.3 ESPIROMETRIA
- 4.4 MEDIDAS SERIADAS DO PFE
- 4.5 TESTE DE BRONCOPROVOCAÇÃO
- 5. Farmacoterapia e manejo relacionados a asma
- 5.1 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
- 5.2 BETA 2-AGONISTAS
- 5.3 ANTICOLINÉRGICOS
- 5.4 MODIFICADORES DE LEUCOTRIENOS
- 5.5 ESTABILIZADORES DE MASTÓCITOS
- 5.6 METILXANTINAS
- 5.7 IMUNOMODULADORES
- 5.8 MANEJO E CONTROLE DA ASMA
- 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
- 7. REFERÊNCIAS
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1. RESUMO
A asma é uma doença crônica na qual causa a inflamação e obstrução das vias aéreas, pode ser desencadeada por fatores ambientais ou fatores genéticos. A asma é uma patologia de alta complexibilidade que afeta crianças e adultos. A asma sazonal é caracterizada por asma alérgica ou atópica. É desencadeada por fatores climáticos, sua prevalência tem aumentado durante os anos. Caracterizar a asma sazonal, que é desencadeada pela alteração climática que leva o indivíduo a exposição aos alérgenos como, polem, poeiras e fatores virais em determinados períodos do ano, resultando em uma reação alérgica que causa a obstrução e a broncoconstrição das vias aéreas. O estudo foi realizado através de pesquisas avaliando métodos farmacoterapêuticos e diferentes tipos de tratamentos e profilaxias. Para o diagnóstico da asma, deve ser feito uma anamnese do paciente analisando as possíveis alterações. No tratamento o indivíduo pode ter uma vida normal, a maioria dos pacientes são tratados com diferentes medicamentos, o tratamento é feito preferencialmente por via inalatória, utilizando mais os corticosteroides e broncodilatadores.
Palavras-chave: Asma Sazonal. Inflamação. Alérgenos. Broncoconstrição.
ABSTRACT
Asthma is a chronic disease in which it causes inflammation and obstruction of the airways, and can be triggered by environmental factors or genetic factors. Asthma is a highly complex condition that affects children and adults. Seasonal asthma is characterized by allergic or atopic asthma. It is triggered by climatic factors, its prevalence has increased over the years. To characterize seasonal asthma, which is triggered by climate change that leads the individual to exposure to allergens such as, dust, dust and viral factors at certain times of the year, resulting in an allergic reaction that causes airway obstruction and bronchoconstriction. The study was conducted through research evaluating pharmacotherapeutic methods and different types of treatments and prophylaxis. For the diagnosis of asthma, an anamnesis of the patient should be done analyzing the possible alterations. In the treatment the individual can have a normal life, most patients are treated with different medicines, the treatment is done preferably by inhalation, using more the corticosteroids and bronchodilators.
Keywords: Seasonal Asthma. Inflammation. Allergens. Bronchoconstriction.
2. INTRODUÇÃO
A Asma trata-se de uma doença respiratória na qual ocorre a obstrução e a inflamação das vias aéreas. Sendo uma doença inflamatória crônica, que durante a exposição do indivíduo a agentes patogênicos ocorre o aumento da secreção de muco e a inflamação da parede bronquiolar. É uma patologia que tem aumentado a prevalência e a incidência nos últimos anos.
Essa patologia é desencadeada por agentes etiológicos genéticos ou ambientais e está relacionada com a exposição a diversos tipos de alérgenos. Por ter familiares que sofrem de asma, desenvolvi um interesse a respeito do tema abordado, alcançando um melhor conhecimento sobre a patologia, que ainda é um assunto muito complexo nos dias de hoje.
A importância desse trabalho é direcionar o indivíduo através da assistência farmacêutica, para que possa tomar certas medidas profiláticas e que ocorra também a diminuição da patologia em diversos países, diminuído assim o número de óbitos com taxa de morbidade da doença que afeta cerca de 358 milhões de pessoas no mundo. Devido ao alto índice de morbidade e complexidade da patologia, se torna alvo para o estudo de novos tratamentos farmacológicos, manejo e controle da asma.
Os objetivos específicos desse trabalho apresentam no desenvolvimento os seguintes temas: O que é asma sazonal e seus aspectos, mecanismos fisiopatológicos, diagnóstico da asma, farmacoterapia, manejo e controle relacionados a asma, auxiliando profissionais da saúde a conhecer e identificar sintomas relacionados a patologia.
Esse trabalho teve como base literária diversas vias de pesquisa como: artigos científicos, Gina global asthma report, e também livros como de Farmacologia Rang & Dale e Patologia Robbins & Cotran, com pesquisas que variam do ano de 2010 a 2021, e tem como objetivo abordar diferentes padrões de inflamação da asma sazonal, como fatores climáticos e fatores combinados, mostrando a morbidade da doença e com isso apresentar processos fisiopatológicos, etiológicos e farmacoterapêuticos.
3. Etiologia da asma sazonal e seus tipos
A Sazonalidade da asma se define por asma alérgica ou atópica, diversos pesquisadores definem os sintomas da asma como sazonal, devido a alterações climáticas e fatores virais. Indivíduos com alergias recorrentes estão mais suscetíveis ao desencadeamento da patologia. Estudos apontam que ínvidos com exposição aos ácaros, pólen e poeiras no período do outono, podem ter um alto agravamento em relação a asma. A asma sazonal está relacionada com diversos tipos de alérgenos em vários períodos do ano. (THOMAS, 2019)
Conforme o estudo realizado pela Nacional Heart, Lung, and Blood Institute diversos fatores interagem no desencadeamento da asma. Possivelmente fatores como mudanças climáticas, estilos de vida, infecções virais do trato respiratório, contato com alérgenos indoor ou outdoor, estão relacionadas com o desencadeamento da asma em indivíduos mais suscetíveis pela condição genética, climática e socioeconômica. (POLIANY et al., 2010)
A asma é uma patologia que causa inflamação crônica das vias aéreas, a inflamação resulta em uma reação alérgica, na qual ocorre uma obstrução com broncoespasmos recorrentes e reversível das vias aéreas, seja elas espontâneas ou com tratamentos medicamentosos. Sintomas como sibilância, tosse, falta de ar e opressão torácica, são desencadeados após a exposição à certos tipos de alérgenos, os sintomas ocorrem principalmente à noite ou pela manhã, ao despertar. (KUMAR, et al,2010, p.1803)
A classificação da asma é dividida em atópica em que o indivíduo possui um histórico de rinite alérgica, eczema e uma sensibilidade a certos tipos de alérgenos. E a asma não atópica, em que o indivíduo não apresenta vestígios de sensibilidade aos alérgenos. (KUMAR et al,2010, p.1802)
As ocorrências de broncoespasmo podem ocorrer tanto na atópica quanto na não atópica, devido a estimulação de diversos mecanismos, como exposição ambiental, infecções respiratórias e virais, exercícios e estresse. Estudos recentes identificou diversos fatores que causam inflamação das vias aéreas como, asma eosinofílica, neotrofílica, paucigranulocítica e inflamatória mista. (KUMAR et al,2010, p.1802)
A seguir na figura 1 uma imagem mostrando o tubo brônquico inflamado pela asma.
Figura 1- Reação de broncoespasmo na asma
Fonte: Sumi (2011)
Fatores de crescimento liberados de células inflamatórias atuam sobre as células musculares lisas, causando hipertrofia e hiperplasia. A musculatura dos brônquios, se contraem logo que o indivíduo entra em contato com o antígeno causando a liberação de imunoglobulina E (IgE), prostaglandina (PG), histamina e leucotrienos. (RANG et al,2016, p.822)
Asma atópica considera-se a mais comum, pois se inicia na infância devido a exposição à alérgenos ambientais, como excreta de baratas, polén, poeira, alimentos, animais e mudanças climáticas. Este tipo de reação é devido a hipersensibilidade mediada por IgE do tipo 1. O diagnóstico da asma atópica pode ser realizado através de informações da exposição do indivíduo ao alérgeno em um teste cutâneo com o antígeno agressor, e também realizados por testes de radioalergossorventes séricos (RAST), na qual tem o objetivo de identificar a presença de IgE especifica. (KUMAR et al,2010, p.1802)
Asma não tópica se desencadeiam por gatilhos que causam infecções respiratórias, como os vírus. Os testes cutâneos são negativos para a patologia, o histórico familiar não é relativo para que o indivíduo desencadeie este tipo de asma, certamente existe uma alta irritabilidade da árvore brônquica neste indivíduo, indicando fatores desconhecidos em relação a asma. É considerado que certos vírus como, vírus parainfluenza e o rinovírus, possa causar a inflamação da mucosa diminuindo a resposta limiar dos receptores vogais subepiteliais em resposta aos alérgenos. Contaminantes inalados do ar por consequência pode trazer inflamações crônicas das vias aéreas e hiper-reatividade, com poluentes como o ozônio, dióxido de enxofre e nitrogênio. (KUMAR et al,2010, p.1802 e 1803)
De acordo com a classificação da asma, existem subgrupos na qual a asma se classifica de acordo com eventos ou agentes patológicos, causando a broncoconstrição. Esses eventos que podem desencadear a asma, envolve a sazonalidade, a indução por exercícios físicos, por bronquite asmática em indivíduos fumantes, por drogas e asma ocupacional. (KUMAR et al,2010, p.1802)
Nos casos da asma ocupacional, os fatores que podem desencadear a patologia, pode ter seus mecanismos ativados após a exposição a poeiras orgânicas, fumaça, gases e a diversos compostos químicos. Nesses indivíduos pequenas quantidades, são necessárias para induzir a crise, logo após a exposição continua ao alérgeno, causando broncoconstrição e hipersensibilidade em resposta a exposição, na qual a causa ainda é desconhecida. (KUMAR et al,2010, p.1803)
Na indução por drogas o indivíduo que apresenta uma hipersensibilidade a aspirina exibe uma condição rara, na qual se manifesta em indivíduos com pólipos nasais e rinite recorrente. Quando exposto a aspirina ou outros tipos de AINES o indivíduo precisa da menor quantidade para apresentar crises asmáticas e irritações cutâneas. Em estudos a inibição da enzima cicloxigenase (Cox) causado pela aspirina no metabolismo, pode causar o desvio dos leucotrienos broncoconstritores, desencadeando a asma. (KUMAR et al,2010, p.1803)
A relação da asma sazonal nas internações hospitalares é relatada em documentos em várias regiões do mundo. Estudos apontam uma relação com o aumento da asma devido a diversos fatores como, umidade do ar elevada ou mais baixa, mudanças de temperatura, dominância das infecções virais, infecções respiratórias e altas concentrações de alérgenos e poluentes no ar. No outono o pico da asma se eleva devido o retorno das aulas, afetando diversas crianças em fevereiro no hemisfério sul e em setembro no hemisfério norte. Uma característica que contribui para o desenvolvimento da asma causando uma grande variação sazonal e geográfica, é a função pulmonar prejudicada, na qual o indivíduo fica mais predisposto a desencadear a patologia. (SILVER et al.,2018)
A asma provocada por tempestades, são menos conhecidas, ela se caracteriza na elevação de pessoas com o quadro de asma alérgica aguda. O transporte de alérgenos aumenta no ar após a tempestade. Uma parte elevada de alérgenos no ar como pólen e esporos de fungos, são apontados como um dos gatilhos para que indivíduos desencadeiem a asma. (SILVER et al.,2018)
Os mecanismos no qual a tempestade e os aeroalérgenos disparam o gatilho que desencadeiam a asma, são fatores que ainda não foram compreendidos, pois esses fatores podem causar asma alérgica grave dependendo do fator de rico de cada indivíduo. Sobre a asma causada por tempestades, são relatados que alterações na temperatura, umidade e pressão, são fatores responsáveis pela ruptura de grãos de pólen, causando a liberação de pequenas frações de alérgenos que tem a capacidade de percorrer da faringe até as vias aéreas. A diversidade de partículas com alérgenos pode variar, abrangendo polens e fungos. Por tanto, nem todo indivíduo vai desencadear a asma após uma tempestade. (SILVER et al.,2018)
Os fatores que podem desencadear a asma são complexos e interativos, é possível que fatores ambientais se relacionem com fatores genéticos aumentando uma maior susceptibilidade do indivíduo em relação a asma. Pouco se sabe sobre os fatores que desencadeiam a asma, estudos foram realizados em crianças, e adultos que não tiveram asma na infância. A asma por ser desencadeada por diversos fatores e a falta de um marcador biológico especifico, apontam diversos problemas para que haja um estudo mais aprofundado em relação a patologia. (GINA,2020, p.11)
4. Mecanismos Fisiopatológicos e diagnóstico da asma
4.1. FISIOPATOLOGIA
Os processos fisiopatológicos da asma em adultos e crianças, compartilham os mesmos mecanismos de ação, o desenvolvimento do sistema imune e o tempo de exposição a gatilhos como infecções nos primeiros anos de vida, podem desencadear e modificar geneticamente os indivíduos. (GINA,2020, p.12)
Os principais fatores etiológicos na asma consistem em predisposição genética à hipersensibilidade de tipo I (“atopia”) exposição gatilhos ambientais que ainda são pouco definidos. Postula-se que a herança de genes de susceptibilidade torne os indivíduos propensos a desenvolver reações intensas de TH2 contra antígenos ambientais (alérgenos) que são ignorados ou despertam respostas inofensivas na maioria dos indivíduos. Nas vias aéreas, o cenário para a reação é estabelecido pela sensibilização inicial a alérgenos inalados, que estimulam a indução de células TH2. As células TH2 secretam citocinas que promovem uma inflamação alérgica e estimulam a produção de IgE e outros anticorpos pelas células B. Essas citocinas incluem IL-4, que estimula a produção de IgE; IL-5, que ativa eosinófilos recrutados localmente; e IL-13, que estimula a secreção de muco das glândulas submucosas brônquicas e também promove a produção de IgE por células B. Como em outras reações alérgicas, IgE reveste os mastócitos submucosos, e a exposição repetida ao alérgeno faz com que os mastócitos liberem o conteúdo dos grânulos e produzam citocinas e outros mediadores, que coletivamente induzem a reação de fase inicial (hipersensibilidade imediata) e a reação de fase tardia. A reação inicial é dominada por broncoconstrição, aumento da produção de muco e graus variáveis de vasodilatação com aumento da permeabilidade vascular. A broncoconstrição é desencadeada pela estimulação direta de receptores vagais (parassimpáticos) subepiteliais por meio de reflexos centrais e locais (incluindo aqueles mediados por fibras C sensitivas não mielinizadas). (KUMAR et al,2010, p.1803)
A etiologia da asma tem como gatilho exposições genéticas ou ambientais, sendo assim estimulando receptores e ativando mecanismos que causam a broncoconstrição.
Figura 2- Mecanismos de ação que desencadeiam a asma
Fonte: Robbins & Cotran (2010, p.1804)
De acordo com a figura 2, foi mostrado na figura A e B o mecanismo de ação da asma comparando com o brônquio de uma pessoa normal e outra com asma, relatando o aumento de muco na luz brônquica, aumento de células caliciformes, e hipertrofia das glândulas submucosas. (KUMAR et al,2010, p.1805)
A asma pode ser desencadeada por diferentes tipos de fatores dependendo do tipo de exposição do ínvido, seja por fatores genéticos ou ambientais. Em estudos realizados foi relatado mais de 100 genes susceptíveis a asma, foi considerado que inúmeros desses genes pertençam a classe de células T-helper do tipo 2(TH2). O gene FCER1B que codifica a cadeia beta do receptor IgE com alta afinidade, as interleucinas como: IL4 e IL13, os genes que são responsáveis pela imunidade inata como: HLA-DRB1, HLA-DQB1 e CD14, são exemplos de genes que são susceptíveis. (ORTEGA; GENESE, 2019)
Foram descritos também os genes que auxiliam no processo inflamatório como: granulócitos-monócitos (GM-CSF) e fator de necrose tumoral alfa (FNT-α). o gene ADAM33 pode estimular a proliferação e o remodelamento da musculatura lisa das vias respiratórias e dos fibroblastos. Os genes citados são exemplos de identificação dos primeiros locus relacionados a asma e com relação a todo genoma de famílias. (ORTEGA; GENESE, 2019)
Estudos mais recentes identificou que o gene mais observado que pode desencadear a asma está relacionado com o locus do cromossomo 17q21, na qual possui o gene ORMDL3 que é estimulado pela iL4, iL3 e alérgenos, participando do metabolismo de esfingolipídios e da reestruturação de células epiteliais alterando a hiper-reatividade brônquica. (ORTEGA; GENESE, 2019)
4.2. DIAGNÓSTICO
Para o diagnóstico da asma dever se realizar uma anamese do indivíduo, verificando possíveis alterações no diagnostico clinico, na função pulmonar, na avaliação da alergia e no diagnostico funcional. Deve ser observado no paciente sintomas como dispneia, sibilancia, opressão torácica e tosse, principalmente à noite ou pela manhã. (CARVALHO et al., 2012)
Frequentemente no exame físico o resultado é inespecífico, a sibilancia que ocorre indica um fluxo aéreo obstrutivo, porém pode não ocorrer em todos os indivíduos. O diagnóstico clínico da Asma, deverá ser feito por um método objetivo, contudo em sua forma clássica não seja difícil a identificação. (CARVALHO et al., 2012)
Os sintomas da Asma não são uma condição específica dessa patologia, os testes utilizados para o diagnóstico na prática clínica incluem espirometria, medidas seriadas de PFE e testes de brocoprovocação. Em casos específicos, a obstrução do fluxo aéreo só poderá ser comprovada através de testes com corticoide oral. (CARVALHO et al., 2012)
4.3. ESPIROMETRIA
O diagnóstico da Asma frequentemente é feito através da espirometria, na qual permite a verificação de duas medidas relevantes para obter o diagnóstico de limitação do fluxo de ar das vias aéreas como o VEF e CVF. A espirometria possui três funções principais como estabelecer o diagnóstico, monitorar o curso da doença e as modificações consequentes do tratamento, e documentar a gravidade do fluxo aéreo. (CARVALHO et al., 2012)
A espirometria tem como objetivo medir o volume e os fluxos aéreos decorrentes de expiração e inspiração, lentas ou forçadas. Diversas medidas podem ser utilizadas, na prática clínica se utiliza os seguintes parâmetros: capacidade vital (CV), volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF), relação VEF/CV, fluxo expiratório forçado intermediário (FEF), pico de fluxo expiratório (PFE) e curva fluxo-volume. (TRINDADE; SOUSA; ALBUQUERQUE, 2015)
4.4. MEDIDAS SERIADAS DO PFE
O PFE tem o objetivo de medir o fluxo máximo que é gerada através da expiração forçada, utilizando o máximo de insuflação pulmonar. É apontado como um indicador indireto das grandes vias áreas. De acordo com o PFE as medidas se alteram com o grau de insuflação pulmonar, musculatura abdominal, pela força do paciente e pela elasticidade torácica. Os valores medidos pelo PFE, são avaliados pelo espirômetro ou medidores portáteis. (MARANHÃO; CARVALHO, 2018)
Para realização do exame, o ínvido tem que ter uma boa colaboração conforme o citado:
O esforço expiratório forçado deve ser iniciado a partir de uma posição inspiratória mantido em posição neutra pois a hiperextensão eleva e a flexão reduz o PFE por mudanças na complacência traqueal. O PFE é geralmente alcançado dentro do primeiro décimo de segundo do esforço expiratório. Instrução apropriada e estímulo do paciente são importantes para o sucesso do teste. A manobra deve ser repetida até que 3 leituras estejam dentro de 20 L/min cada uma da outra. O maior valor das 3 leituras deve ser anotado. Deve-se observar se ocorre tendência ao declínio nas manobras sucessivas, o que indica broncoconstrição. (MARANHÃO; CARVALHO, 2018, p.92)
4.5. TESTE DE BRONCOPROVOCAÇÃO
A presença da hiper-resposividade das vias aéreas (HRB), causa o estreitamento das vias aéreas pela a inflamação que é causada por diversos fatores. A gravidade da asma tem relação com os níveis de HRB que podem ser reduzidos quando tratados com fármaco anti-inflamatórios. Com isso, o diagnóstico da asma e os testes realizados em HRB são de extrema importância para a classificação da gravidade da patologia e a farmacoterapia adequada. (MARANHÃO; CARVALHO, 2018)
5. Farmacoterapia e manejo relacionados a asma
5.1. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Para fazer um tratamento adequado em relação a asma o indivíduo precisa ter certos cuidados com o ambiente, usar tratamentos fisioterapêuticos e também fazer o uso de certos fármacos. Nas crises graves os métodos utilizados para tratar a patologia é diferente para tratar a patologia simples. Em distúrbios graves é utilizado para tratamento corticosteroides por administração sistêmica, anticolinérgicos e agonistas adrenérgicos inalados. (ABC.MED.BR, 2013)
Duas classes de fármacos são utilizadas no tratamento da asma: anti-inflamatórios e broncodilatadores. Os anti-inflamatórios inibem processos inflamatórios de ambas as fases, já o broncodilatadores revertem o broncoespasmo da fase inicial. Alguns fármacos broncodilatadores também possuem efeito anti-inflamatório. (RANG et al,2016, p.824)
Os anti-inflamatórios são utilizados principalmente para tratamentos e profilaxias das crises agudas. Já nos casos dos broncodilatadores tem como função dilatar as vias aéreas e somente deverão ser usados em indivíduos quem apresentam tosse, sibilância e falta de ar. (ABC.MED.BR, 2013)
Os tratamentos fisioterápicos, são utilizados para que o indivíduo tem uma melhora auxiliando no relaxamento da musculatura respiratória, contribuindo para a melhora da ventilação, higienização das vias aéreas e melhorando a qualidade física e de vida dos indivíduos. (ABC.MED.BR, 2013)
Dentre as classes citadas, existem fármacos que são utilizados no tratamento da asma e nas exarcebações como os corticoides, broncodilatadores (beta-2-agonistas, anticolinérgicos), modificadores de leucotrienos, estabilizadores de mastócitos, metilxantinas e imunomoduladores. (ORTEGA; GENESE, 2019)
5.2. BETA 2-AGONISTAS
Beta 2- agonista tem como função no tratamento da asma, relaxar os músculos liso do brônquio, causando a liberação de histamina e desgranulando os mastócitos. Com isso aumenta a depuração mucociliar e inibem o extravasamento microvascular nas vias respiratórias. Podem ser de curta duração, longa duração e de ação ultra prolongada. (ORTEGA; GENESE, 2019)
Os de curta duração são mais utilizados nos casos de broncoconstrição aguda e prevenção da broncoconstrição induzida por esforços. Dependendo do fármaco utilizado no tratamento, permanecem ativos de 6 a 8 horas e produzem efeitos dentro de minutos. Não devem ser utilizados para profilaxia da asma crônica. (ORTEGA; GENESE, 2019)
Os de longa duração são utilizados na asma grave e moderada, possuem alta afinidade com corticoides provocando uma menor absorção do corticoide. Não devem ser utilizados como o único tratamento para a asma e possuem uma atividade farmacológica de 12 horas no organismo. (ORTEGA; GENESE, 2019)
Já os medicamentos de ação ultra prolongada, como no caso dos de duração prolongada, são utilizados para asma grave e moderada. Tem interações com corticoides diminuindo a absorção, tem seu efeito terapêutico ativo por 24 horas no organismo e também não dever ser usado como único tratamento para a patologia. (ORTEGA; GENESE, 2019)
5.3. ANTICOLINÉRGICOS
Os anticolinérgicos têm a função de relaxar a musculatura lisa dos brônquios que é causada pela inibição competitiva dos receptores muscarínicos. Indivíduos com a associação do anticolinérgicos ipratrópio e tiotrópio quando associados a uma farmacoterapia junto aos Beta 2- agonista de longa duração, demostraram melhoras nas exacerbações da asma e nas funções pulmonares. (ORTEGA; GENESE, 2019)
5.4. MODIFICADORES DE LEUCOTRIENOS
Podem ser usados para controle e prevenção a longo prazo em indivíduos com sintomas de asma leve a grave. São administrados por via oral, e um dos principais efeitos adversos é o aumento das enzimas hepáticas, apesar de que esses efeitos adversos sejam raros. (ORTEGA; GENESE, 2019)
5.5. ESTABILIZADORES DE MASTÓCITOS
São utilizados para profilaxia em indivíduos com asma induzida por esforços ou por alérgenos, pois possuem a atividade de inibir a histamina dos mastócitos, reduzindo a hiper-resposividade das vias respiratórias e bloqueiam as respostas tardia e precoce relacionadas aos alérgenos. Seus efeitos não tem efetividade após o surgimento dos sintomas. (ORTEGA; GENESE, 2019)
5.6. METILXANTINAS
A metilxantina é utilizada para tratar ínvidos a longo prazo associados a fármacos Beta 2-agonistas. As metilxantinas provocam a liberação intracelular de cálcio, relaxam a musculatura lisa dos brônquios, melhoram a contratilidade cardíaca e diafragmática por mecanismos que ainda são desconhecidos, e possuem um baixo índice terapêutico. (ORTEGA; GENESE, 2019)
5.7. IMUNOMODULADORES
Osmalizumabe é um anticorpo na qual é responsável por fazer o bloqueio de IgE. O fármaco é utilizado em indivíduos com asma grave que é provocado por alérgenos e o aumento de IgE no sangue. Com o uso desse imunoestimulante é possível ter uma diminuição no uso de corticosteroides e aliviar os sintomas da patologia. O Osmalizumabe age impendindo que a IgE se liguem aos mastócitos, diminuindo a liberação de substâncias inflamatórias que podem causa o estreitamento das vias aéreas. (ORTEGA; GENESE, 2019)
5.8. MANEJO E CONTROLE DA ASMA
A asma retrata um dos maiores problemas de saúde, tem impacto negativo em diferentes populações. Em muitos países os governos não tratam a patologia como uma prioridade de saúde, no Brasil a prevalência da Asma é considerada alta e grave, assim como em outros países da América Latina. (CARDOSO et al., 2017).
Como problema mundial, a asma afeta cerca de 358 milhões de indivíduos, com base nos métodos padronizados para avaliar os sintomas da asma, parece que a prevalência global da asma varia entre 1 a 22% da população em diferentes países. Em 2015 a Organização Mundial de saúde (OMS) estimou que em consequência da asma cerca de 26,2 milhões de pessoas veio à óbito, o estudo revela que por volta de 495.000 mortes são causadas pela a asma a cada ano. (GINA,2020, p.7)
Figura 3- Mapa mundial da prevalência da asma em adultos
Fonte: Gina (2020, p.7)
De acordo com a figura 3, ocorreu a diminuição na Europa Ocidental e um aumento onde a prevalência da asma era baixa. os sintomas da asma continuam subindo na América Latina, África, Europa Oriental e Leste da Ásia. Em diferentes regiões geográficas às variações do clima tem como influência no agravamento da asma. (GINA,2020, p.7)
A asma por se tratar de uma patologia muito complexa e heterogênea, o manejo farmacológico vem tendo diversas mudanças, por se tratar de uma patologia com variados tipos de fenótipos e endotipos. Embora com o avanço dos estudos sobre a asma, os níveis de controle a respeito da patologia continuam baixos e com alta morbidade, independe do país que ocorreram os estudos. (PIZZICHINI et al., 2020)
Para o controle da asma, é necessário que o indivíduo faça um acompanhamento constante e periódico, para que se possa determinar a necessidade de um plano de tratamento. O manejo correto para o tratamento farmacológico e um conhecimento sobre a patologia para o paciente, são essenciais para o controle da patologia. (PIZZICHINI et al., 2020)
Há diversos fatores que podem influenciar no tratamento da asma, que podem ocorrer por diversos fatores como o uso de medicamentos que podem diminuir a resposta ao tratamento, diagnóstico incorreto, fumar, exposição ambiental, comorbidades e adesão ao tratamento. (PIZZICHINI et al., 2020)
Um plano de ação deverá ser desenvolvido junto ao paciente, para que possa fazer o reconhecimento e ajuste do tratamento no início da crise ou sempre que tornar difícil o controle da asma. Esse conhecimento tem o objetivo de orientar o indivíduo em crises domiciliar, tendo um melhor reconhecimento das exacerbações e dos sintomas. (PIZZICHINI et al., 2020)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A asma sazonal é uma patologia cuja a etiologia e fisiopatologia é de intensa complexidade, sendo causada por alterações climáticas e fatores virais. Por se tratar de uma patologia que pode ser desencadeada por diversos fatores, profissionais da saúde sentem a necessidade de elaborar diversas estratégias para o controle da asma, promovendo um conhecimento sobre o tratamento, diferentes sintomas e prevenção da doença.
A asma é uma patologia crônica que afeta as vias aéreas podendo sensibilizar diferentes faixas etárias, necessitando de uma anamnese correta do paciente, analisando corretamente o diagnóstico, tratamento e a gravidade da asma.
A partir dos estudos realizados pode-se concluir que por se tratar de uma patologia com diferentes gatilhos para o desencadeamento, o conhecimento adequado sobre a asma cabe aos profissionais da saúde elaborarem estratégias para o controle e prevenção da patologia, e principalmente ao farmacêutico estar habilitado, para que possa orientar indivíduos sobre o uso correto de fármacos e promover ações preventivas sobre a asma, cujo os objetivos principais é minimizar o alivio dos sintomas, e consequentemente a melhoria da função pulmonar, melhorando a qualidade de vida dos ínvidos com asma.
7. REFERÊNCIAS
ABC.MED.BR, 2013. Asma: definição, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento. Disponível em: http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-edoencas/372725/asma-definicao-causas-sintomas-diagnostico-e-tratamento.htm. Acesso em: 17 abr. 2015.
CARVALHO, Carlos Roberto Ribeiro. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma. Jornal Brasileiro de pneumologia, Brasilia-DF, v. 38, n. ISSN 1806-3713, p. 1-58, Abr.2012. Disponível em: chromeextension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/viewer.html?pdfurl=https%3A%2F%2Fwww.sbp.com.br%2Ffileadmin%2Fuser_upload%2Fpdfs%2FDiretrizes__Sociedade_Brasileira_Pneumologia-Tisiologia_Manejo_Asma-2012.pdf&clen=5087740&chunk=true. Acesso em: 19 out. 2021.
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Por Gustavo Rodrigues Moreira de Lima
Trabalho de Conclusão de Curso, graduação em Farmácia. Faculdade Anhaguera, Brasília 2021.
Publicado por: GUSTAVO RODRIGUES MOREIRA DE LIMA
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