Ergonomia de Escritório: Riscos e Prevenção

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1. INTRODUÇÃO

Têm-se observado nos dias de hoje várias alterações nos métodos e processos de produção no ambiente de trabalho. Os trabalhos braçais estão cada vez mais sendo substituídos por dispositivos modernos e tecnológicos, os computadores são um grande exemplo disso, considerado uma das ferramentas mais utilizadas no escritório empresarial. Segundo uma pesquisa com duas mil pessoas feita pela organização British Heart Foundation e pelo grupo GetBritainStanding, 45% das mulheres e 37% dos homens ficam de pé menos de 30 minutos por dia enquanto estão no escritório, mais da metade dos participantes almoça em sua própria mesa, e 78% acreditam que ficam muito tempo sentados (GALLAGHER, 2015). Tal índice representa um grande risco para o aparecimento de lesões, principalmente quando a tarefa é executada da maneira incorreta, sendo elas LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho). De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo IBGE em 2013, 3.568.095 trabalhadores disseram ter tido diagnóstico de LER/DORT.

Portanto, a Ergonomia, através da avaliação do trabalho de forma global, incluindo os aspectos físicos, cognitivos, sociais, organizacionais, ambientais e outros (Iida, 2005) tem papel fundamental na adaptação dos colaboradores em relação às modificações e novos mecanismos tecnológicos e à prevenção de doenças relacionadas ao trabalho, visando proporcionar condições adequadas para que possam desempenhar suas tarefas e atividades de forma eficiente com conforto e segurança (BRASIL, 2021).

Sendo assim, a Ergonomia, segundo Carla Tavares (2012):

Estrutura-se a partir dos conhecimentos científicos sobre o ser humano, isso é, sobre as suas características psicofisiológicas, para a partir deles, conceber equipamentos ou modificá-los e não o contrário.

2. OBJETIVO

2.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é analisar a importância da ergonomia no ambiente de trabalho administrativo, visando identificar os riscos, propor ações e apresentar diretrizes ergonômicas que irão melhorar o conforto e a saúde do trabalhador.

2.2. Objetivo Específico

  • Identificar os riscos descritos na Norma Regulamentadora No. 17;
  • Explanar as consequências e as doenças que eles podem trazer se não forem eliminados ou minimizados;
  • Propor tratativas que irão melhorar o ambiente de trabalho.

3. ERGONOMIA

3.1. Conceitos Gerais

A palavra Ergonomia tem derivação do grego, onde “ergon” significa trabalho, e “nomos” significa leis ou normas (MICHAELIS, 2022)

O principal objetivo da ergonomia é aumentar o conforto, a saúde, bem-estar e a segurança do trabalhador através da elaboração e execução de técnicas que o adaptem ao seu trabalho (BEECORP, 2021).

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2011):

A ergonomia é o estudo sistemático das pessoas no trabalho com o objetivo de melhorar a situação de trabalho, as condições de trabalho e as tarefas desempenhadas.

Figura 1 - Evolução da Ergonomia

Fonte: https://www.ergotriade.com.br/

3.2. Origem da Ergonomia

Oficialmente, a Ergonomia nasceu no século XX, porém acredita-se que, desde os tempos pré-históricos, a humanidade busca técnicas que adaptem o trabalho às condições humanas. Em um estudo publicado em 2018, há cerca de 500 mil anos, os hominídeos já produziam e conseguiam manusear ferramentas pontudas, criadas em sua maioria a partir de pedras e rochas, sendo usadas principalmente para defesa e caça (KEY, 2018).

Segue abaixo as imagens que apresentam os objetos citados anteriormente:

Figura 2 - Ergonomia na pré-história

Fonte: ergotriade.com.br e aergonomiacidada.blogspot.com

O termo “Ergonomia” foi usado pela primeira vez em 1857 em um artigo publicado pelo polonês Wojciech Jastrzebowski, “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”. Em meados do século XVIII, a Revolução Industrial gerou grandes transformações no modo de produção de mercadorias e produtos. O trabalho era realizado em condições precárias, insalubres e desumanas, as jornadas de trabalho chegavam a 14 ou 16 horas diárias, os salários eram baixos, não havia nenhum tipo de segurança para os trabalhadores e acidentes aconteciam frequentemente (ERGOS, 2017).

Figura 3 - Revolução Industrial

Fonte: https://www.institutoclaro.org.br

Dentro deste contexto, vários métodos de otimização de mão de obra foram criados, um dos quais foi proposto por Frederick Winslow Taylor (1856-1915), denominado Taylorismo. Basicamente, esse método, também conhecido como Administração Científica, tinha seu foco em alcançar o máximo de produção e rendimento com o mínimo de tempo por meio da cronometragem.

Figura 4 - Taylorismo

Fonte: Memorial da indústria

Segundo as ideias de Taylor, a satisfação do trabalho era alcançada através do incentivo salarial e o método de trabalho realizado, ou seja, ele desconsiderava as condições do ambiente laboral e as características físicas e psicológicas dos trabalhadores e visava somente a produtividade. Como resistência a esse modelo, os trabalhadores descumpriam regras estabelecidas, desregulavam máquinas, prejudicavam a qualidade dos produtos e diminuíam propositalmente o ritmo da produção (Iida, 2005).

Posteriormente, com a produção de novos armamentos na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e Segunda Guerra Mundial (1939-1945) fez-se necessário o estudo da relação e a adaptação entre o homem e as armas bélicas. Ao final da guerra, os estudos e descobertas foram aplicadas a vida civil para melhorar as condições de trabalho (PASCHOARELLI, 2010). A partir daí os conceitos da ergonomia começaram a ser difundidos globalmente e a preocupação com a saúde dos trabalhadores foi se tornando cada vez mais essencial.

Figura 5 - Ergonomia aplicada aos armamentos

Fonte: segundaguerramundial.press

No ano de 1949, surgiu oficialmente a Ergonomia. O engenheiro inglês K.F.H. Murrel, criou a primeira sociedade nacional de ergonomia conhecida como Ergonomics Research Society.

Em 1957, foi criada nos Estados Unidos a Human Factors Society.

Em 1959, foi organizada em Estocolmo a Associação Internacional de Ergonomia.

Figura 6 - Associação Internacional da Ergonomia

Fonte: iea.cc

Em 1959 a Organização Internacional do Trabalho (OIT), responsável pela promoção internacional de um trabalho decente, adotou a Recomendação nº 112:

(a) Proteger os trabalhadores contra qualquer perigo para a saúde que possa resultar do seu trabalho ou das condições em que é realizado;

(b) Contribuir para o ajustamento físico e mental dos trabalhadores, nomeadamente através da adaptação do trabalho aos trabalhadores e da sua atribuição aos empregos para os quais estão aptos; e

(c) Contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores.

Em 1963, a Societé d’ Ergonomie de Langue Française - SELF, na França.

Em 31 de agosto de 1983, foi criada a Associação Brasileira de Ergonomia.

Em 1978, foram aprovadas 28 Normas Regulamentadoras pelo Ministério do Trabalho, sendo a No. 17 que trata sobre Ergonomia.

Em 1989, a Ergonomia foi instituída na Universidade Federal de Santa Catarina como curso de pós-graduação. Sendo o primeiro mestrado na área no país. Desde então, a ergonomia não parou de evoluir e agora pode ser considerada como uma pesquisa científica interdisciplinar sobre o ser humano e sua relação com o ambiente de trabalho (ABRAHÃO, 2009).

3.3. Norma Regulamentadora No.17

Atualmente contamos com 37 NRs. A NR que fala sobre Ergonomia é a 17, que sofreu uma atualização em 2021, sendo agora obrigatória a Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP) em todas as organizações.

É mencionado no parágrafo 1º “visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente” (BRASIL, 2021) O objetivo da NR 17, é tratar das questões ergonômicas no ambiente de trabalho, sendo assim, tem como objetivo proporcionar o conforto, diminuir os riscos de lesões dos profissionais e aumentar a produtividade.

As atividades que não são adequadas ergonomicamente podem causar danos sérios à saúde por meio de doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho (LER e DORT). Além disso, também podem colocá-los em estado de fadiga, exaustão e estresse, o que aumenta os acidentes de trabalho (SIMPLIFICA SAÚDE, 2017)

Sendo assim, é necessário que o empregador elabore uma análise ergonômica do ambiente de trabalho, realizada por um profissional habilitado e especializado em Ergonomia, para que por meio do resultado possa adaptar as condições do ambiente e do trabalho dentro dos padrões mínimos exigidos pela NR 17.

3.4. Riscos ergonômicos

De acordo com KASSADA (2011, p. 2):

São considerados riscos ergonômicos: esforço físico, levantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, imposição de rotina intensa.

Riscos Ergonômicos

Esforço Físico Intenso

Levantamento e transporte manual de cargas ou volumes

Exigência de postura inadequada

Frequente execução de movimentos repetitivos

Imposição de ritmos excessivos

Necessidade de manter ritmos intensos de trabalho

Trabalho noturno

Monotonia

Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico

Fonte: Ministério do Trabalho e Previdência

Adaptado pelos autores.

Doenças causadas por riscos ergonômicos, como LER, DORT trazem graves problemas à saúde do colaborador, uma vez que causam alterações psicológicas e fisiológicas (KASSADA, 2011). Sendo assim, é um importante ponto de atenção nas empresas, pois o mesmo pode trazer complicações no processo produtivo.

Para prevenir que tais riscos prejudiquem as tarefas e a saúde do trabalhador, é fundamental que haja uma melhoria nas condições de trabalho como a utilização de ferramentas adequadas, postura correta, bom clima e relacionamento organizacional, ritmo adequado de trabalho, ou seja, sempre buscar o máximo de conforto físico e psíquico dos colaboradores (PINHEIRO, 2011).

3.5. LER E DORT

LER (Lesões por Esforço Repetitivo) e DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) são os nomes dados às doenças ocupacionais causadas por movimentos repetitivos que exigem força em sua execução.

As LER e DORT acometem um grande número de trabalhadores no Brasil e no mundo todos os anos e o número de casos vêm aumentando nas últimas décadas. Isso se deve ao fato das transformações que estão ocorrendo no modo que é realizado o trabalho, principalmente pela cobrança de produtividade e atingimento de metas (BRASIL, 2012).

Figura 7 - Índice de LER e DORT no Brasil

Fonte: http://www.reliza.com

SegundoVarella (2011):

LER (Lesão por Esforço Repetitivo) É uma síndrome constituída por um grupo de doenças – tendinite, tenossinovite, bursite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo, dedo em gatilho, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome do pronador redondo, mialgias –, que afeta músculos, nervos e tendões dos membros superiores principalmente, e sobrecarrega o sistema musculoesquelético. Esse distúrbio provoca dor e inflamação e pode alterar a capacidade funcional da região comprometida.

De acordo com o Ministério da Saúde (2012, p. 10) as siglas LER (lesões por esforços repetitivos) e DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho) são considerados sinônimos.

Em 1997, por meio de uma nota Técnica, o INSS substituiu a expressão LER por DORT. Por dois motivos: a maioria dos trabalhadores com sintomas não apresentavam lesão em qualquer estrutura; e a segunda razão é que, além a sobrecarga dinâmica, que seriam os movimentos repetitivos “outros tipos de sobrecargas no trabalho podem ser nocivos para o trabalhador como sobrecarga estática (BARBOSA, 2009).

As ações que favorecem o surgimento do LER e DORT são: movimentos repetitivos (monotonia), postura incorreta, esforço físico intenso, móveis e equipamentos incômodos ou inadequados, execução contínua de tarefas sem pausas e descanso, entre outros.

Na maior parte dos casos, os locais que as LER e DORT comprometem são a região cervical, ombros, cotovelos, punhos, mãos, região lombar e joelhos.

Figura 8 - Locais afetados por LER e DORT

Fonte: https://sp.unifesp.br/epm/images/CSP/USER/imagens/foto_lerdort.jpg

Dentre os sintomas mais comuns do LER e DORT, podemos citar:

  • Dor localizada;
  • Cansaço excessivo;
  • Fadiga muscular;
  • Formigamento nas extremidades;
  • Paralisia e parestesia;
  • Sensação de peso
  • Inchaço local.

O diagnóstico é feito por meio de exame clínico e de imagem e o tratamento na maioria dos casos é feito com anti-inflamatórios e fisioterapia. É recomendado aos empregadores seguirem os parâmetros previstos na Norma Regulamentadora 17, a fim de prevenir tais doenças.

4. AMBIENTE ADMINISTRATIVO

Do latim scriptorĭu, a palavra escritório pode referir-se tanto ao local onde as atividades administrativas são realizadas (uma casa ou uma empresa), quanto ao mobiliário utilizado para esse fim (mesa, cadeira, computador etc). Pode ter muitas formas de organização e alocação de espaço, dependendo do número de trabalhadores e da função de cada um (CONCEITO, 2012).

Geralmente, os trabalhadores de um escritório realizam atividades contínuas e repetitivas que na maioria das vezes são cansativas, pois lidam com cumprimento de prazos, pressão e cobrança e utilizam muito a atenção e concentração devido à grande demanda de informações, podendo ocasionar esgotamento mental (GOMES, 2017). Por isso a importância da execução correta das tarefas e a adequação do ambiente de trabalho.

4.1. Recomendações ergonômicas

A importância da ergonomia é demonstrada no uso de móveis de escritório. Um projeto e a escolha dos produtos e equipamentos certos são cruciais para as pessoas que passam horas no local de trabalho. Móveis inadequados podem causar problemas de saúde e, com o tempo, podem levar à incapacidade de realizar tarefas e outras atividades diárias. Além disso, estas doenças podem também gerar insatisfação no trabalho e erros operacionais frequentes (PINHEIRO, 2011). Logo, é necessário seguir as recomendações dos próximos tópicos para evitar que o mesmo aconteça.

A NR 17 preconiza:

17.6.3 Para trabalho manual, os planos de trabalho devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:

a) características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação dos segmentos corporais de forma a não comprometer a saúde e não ocasionar amplitudes articulares excessivas ou posturas nocivas de trabalho;

b) altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento;

c) área de trabalho dentro da zona de alcance manual e de fácil visualização pelo trabalhador;

d) para o trabalho sentado, espaço suficiente para pernas e pés na base do plano de trabalho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível do ponto de operação e possa posicionar completamente a região plantar, podendo utilizar apoio para os pés, nos termos do item 17.6.4; e

e) para o trabalho em pé, espaço suficiente para os pés na base do plano de trabalho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível do ponto de operação e possa posicionar completamente a região plantar.

4.1.1. Cadeiras apropriadas

A cadeira é um item essencial para o trabalho onde nasce o princípio de não criar lesões ou dores responsáveis pelo afastamento do trabalho. Nesse cenário tudo se torna importante, a altura ajustável para que os pés toquem o solo e as pernas permaneçam a 90º, os braços precisam manter esse mesmo ângulo, os rodízios criam mobilidade evitando que esforços que “entortam” o corpo para se alcançar algum objeto, conversar com alguém ou ter acesso a algum item. É de suma importância também o material que reveste esse móvel para criar conforto, praticidade e salubridade. Os mais recomendados são os encostos feitos de telas, uma vez que não obstruem a passagem de ar (RICCO, 2021).

Figura 10 - Cadeira ergonômica

Fonte: www.leroymerlin.com.br

O item 17.6.6 da NR 17 estabelece que:

Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos:

a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;

b) sistemas de ajustes e manuseio acessíveis;

c) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;

d) borda frontal arredondada; e

e) encosto com forma adaptada ao corpo para proteção da região lombar.

4.1.2. Mesa na altura correta

As informações a seguir são baseadas nas médias de altura da população brasileira. De acordo com pesquisas na área, os brasileiros apresentam uma média de: 1,60 m para mulheres e 1,73 m para os homens. A altura ideal da mesa para escritório para as mulheres é de 65 cm e para os homens é de 70 cm (ESCRIMOB, 2020).

Figura 11 - Altura da mesa

 

Fonte: escrimob.com.br

4.1.3. Iluminação adequada

Um local de trabalho bem iluminado eleva o nível de segurança, reduz a ocorrência de acidentes e erros, aumenta a eficiência dos funcionários e torna o ambiente saudável e confortável.

Figura 12 - Iluminação adequada e homogênea

Fonte:https://assets.website-files.com/5876c7374691a7d805ce8d19/5be3350605b3780c62bb7cd2_Header_-min.jpg

A NR 17 determina:

17.7.3.1 Os equipamentos devem ter condições de mobilidade suficiente para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador.

17.8.1. Em todos os locais e situações de trabalho deve haver iluminação, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.

17.8.2 A iluminação deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.

Anexo II

4.3. Os monitores de vídeo devem proporcionar corretos ângulos de visão e ser posicionados frontalmente ao operador, devendo ser dotados de regulagem que permita o correto ajuste da tela à iluminação do ambiente, protegendo o trabalhador contra reflexos indesejáveis.

Conforme essa norma, a iluminação deve ser uniforme e difusa, além de obedecer aos níveis mínimos de iluminância, que são os estabelecidos na Norma de Higiene Ocupacional n º 11 (NHO11) da Fundacentro – Avaliação dos Níveis de Iluminamento em Ambientes de Trabalho Internos.

A iluminação inadequada prejudica as tarefas que demandam acuidade visual, pois propicia o ofuscamento e a criação de reflexos e sombras, impactando negativamente na produtividade (LORENZI, 2017).

Segundo o mesmo autor, os riscos causados pela má iluminação são:

  • Irritação nos olhos
  • Cansaço visual
  • Distúrbios emocionais
  • Problemas de pele

De modo geral, as lâmpadas de LED são a melhor opção para qualquer tipo de iluminação de escritórios, pois proporcionam uma iluminação mais homogênea, não aquecem o ambiente e são econômicas. Vale ressaltar que cada cor possui funcionalidades diferentes. As cores em tom branco ou azulado, também chamadas de cores frias, são as mais indicadas para o uso de computadores (ATEC, 2021)

É recomendável, também, o aproveitamento da luz natural, que é a mais adequada para o ser humano, uma vez exerce influência importante no ciclo biológico, além de reduzir custos de energia. Pode ser feito a utilização por meio de janelas mais amplas e sem películas, claraboias e fachadas em vidro.

Figura 13 – Ambiente com luz natural

Fonte: vivadecora.com.br

4.1.4. Postura correta

Tarefas que demandam o uso de computadores como as de escritório, são realizadas em uma cadeira. Portanto, é necessário saber a maneira correta de sentar e manter uma boa postura para que não sobrecarregue a musculatura e outros sistemas do corpo humano e traga consequências como dores lombares, dor de cabeça, problemas circulatórios, hipercifose (corcunda) e até doenças crônicas como hérnia de disco e escoliose (MURTA, 2019).

A má postura pode ocasionar alterações na coluna vertebral, afetando principalmente as regiões cervical e a lombar como apresentado na imagem a seguir:

Figura 14 - Postura incorreta

 

Fonte: www.doutorhernia.com.br

A postura ideal para aqueles que realizam suas tarefas sentado ou utilizando o computador é a posição da tela no nível dos olhos, costas retas, ombros abertos e pés apoiados no chão.

Figura 15 - Postura ideal

Fonte: https://www.tegraincorporadora.com.br/Cliente/_arquivos/Blog/0/Blog/ba956cbb-883b-4bb6-aa73-93e487332537.jpg

4.1.5. Movimentos repetitivos

Grande parte das tarefas de uma empresa é realizada em uma série de movimentos repetitivos, podendo prejudicar a saúde de quem as realiza.

Em geral, são atividades relacionadas a metas de produção diária e, quando combinadas com outros fatores de risco, como exigência de força e postura inadequada, podem desencadear doenças – uma delas é a LER (Lesão por Esforço Repetitivo).

A digitação e a utilização do mouse diária por horas contínuas estão entre os movimentos repetitivos comuns para o desencadeamento de LER a médio e longo prazo. Uma das doenças ocasionadas por tais movimentos é a Síndrome do Túnel do Carpo que pode ser prevenida com um simples exercício de abrir e fechar as mãos ou pressionar a palma da mão contra uma parede (VARELLA, 2011). Também é recomendado ter pausas intercaladas com alongamentos durante a jornada de trabalho.

4.1.6. Jornadas de trabalho com pausas

Realizar um trabalho sem pausas é um risco que deve ter devida atenção em uma empresa, pois ocasiona alto estresse e prejudica a saúde mental.

É de suma importância que os funcionários sejam estimulados a ficarem de pé ou a realizarem uma pequena caminhada dentro do escritório, uma vez que essas pequenas pausas entre a jornada de trabalho podem reduzir o estresse mental, restabelecendo o equilíbrio emocional e físico. É válido também a recomendação da prática de exercícios físicos e alongamento.

4.1.7. Posicionamento do computador

A tela deve ficar ao nível dos olhos, para não forçar a musculatura do olho, caso essa altura não se aplique, cabe à empresa fornece suportes para os monitores. É também recomendado manter-se a uma distância do monitor de no mínimo 50 centímetros (CSA, 2017)

Figura 19 – Posição do monitor

Fonte: humanhealth.com.hk

Teclados e mouse pads ergonômicos que têm apoio confortável para os punhos auxiliam na prevenção de LER. Quando esses dispositivos estão desalinhados, é aplicada uma força extra sobre punhos, ombros e pescoço.

Figura 20 - Mouse e Teclado Ergonômico

 

Fonte: Mercado Livre

Já os apoios de pés são fundamentais para o funcionário apoie o calçado em uma superfície plana.

Figura 21 - Apoio para os pés

Fonte: www.mercadolivre.com.br

4.2. Ginástica Laboral

Ficar sentado na frente de um computador por horas e executar movimentos repetitivos de digitação ou escrita podem causar desconforto, estresse e dor. Essa é rotina do profissional que trabalha no escritório.

Sendo assim, uma importante ferramenta que pode ser utilizada nos ambientes de trabalho é a ginástica laboral, que com exercícios alongamento, respiração e postura, visa prevenir lesões e outras doenças decorridas da atividade ocupacional, promovendo também um aumento da produtividade (LIMA, 2019)

De acordo com o Conselho Federal de Educação Física – CONFEF (2015) existem três tipos de Ginástica Laboral:

Ginástica Laboral Preparatória: realizada no início da jornada de trabalho ou logo nas primeiras horas do expediente, com o objetivo principal de preparar os colaboradores para a execução de sua tarefa profissional, aquecendo os grupos musculares que serão mais solicitados em sua jornada.

Ginástica Laboral Compensatória ou de Pausa É aquela realizada durante a jornada de trabalho. Neste momento, interrompe-se a monotonia operacional dos colaboradores, que realizam pausas para executar exercícios específicos de compensação aos esforços repetitivos, estruturas sobrecarregadas e às posturas solicitadas no trabalho, de acordo com cada função laboral.

Ginástica Laboral de Relaxamento: realizada ao final do expediente, antes de os colaboradores saírem da empresa. Está baseada em exercícios de alongamento e relaxamento muscular, com o principal objetivo de oxigenar as estruturas musculares envolvidas nas tarefas profissionais diárias, reduzindo a fadiga e aliviando o cansaço.

Figura 22 - Alongamento dos membros superiores

Fonte: https://betaeducacao.com.br/ginastica-laboral-em-escritorios-acredite-sua-empresa-deveria-implantar/

5. CONCLUSÃO

Diante do exposto, conclui-se que na Era da Tecnologia que a humanidade está vivendo, a Ergonomia, ao adaptar as condições trabalhistas às características do profissional diante a esses novos dispositivos, evita os riscos ergonômicos e proporciona aos trabalhadores mais saúde, conforto, segurança e bem-estar (NR 17). Infere-se também, que o Escritório, setor de grande importância para a administração de uma empresa, precisa ter a Ergonomia implantada tanto nos arranjos físicos, como mobiliários, quanto na gestão organizacional para a saúde cognitiva dos trabalhadores que realizam suas tarefas de maneira inadequada. Outro fator importante é a implementação da Ginástica Laboral. Sendo um excelente programa de recuperação e manutenção da saúde, da qualidade de vida e para promover momentos de descontração, planejada e aplicada no ambiente de trabalho. Levando-se em consideração esses aspectos, além de ser um investimento na saúde do trabalhador e redução de gastos com afastamentos, a Ergonomia apresenta grandes vantagens como: clima organizacional favorável, execução rápida da tarefa e com menos esforço, eficiência do trabalho, satisfação pessoal e profissional e principalmente o destaque e reconhecimento no mercado de trabalho. Sendo assim, cabe às empresas adotarem medidas ergonômicas que beneficiem os empregados e os empregadores.

6. REFERÊNCIAS

ATEC. Iluminação de escritório: tipo ideal para cada ambiente. Disponível em: Acesso em: 02 abr. 2022.

BARBOSA, Luís. Fisioterapia Preventiva nos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho-DORTs: A Fisioterapia doTrabalho Aplicada. 2. ed. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan,2009. Disponível em: <https://www.crefsp.gov.br/storage/app/arquivos/70c8da64129f8612ce633de28f24afcc.pdf> Acesso em: 15 abr. 2022.

BEECORP. Conheça um pouco da história da ergonomia. Disponível em: Acesso em: 15 maio 2021.

CONFEF (2004). Ginástica Laboral. Disponível em: Acesso em: 07 fev. 2022.

CONFEF (2015). GINÁSTICA LABORAL: Prerrogativa do Pro­fissional de Educação Física. Disponível em: Acesso em: 07 fev. 2022.

CSA Group. Monitor Positioning. Disponível em: Acesso em: 15 fev. 2022

EDUCAÇÃO, Beta. Ginástica Laboral em escritórios: Acredite, sua empresa deveria implantar. Disponível em: Acesso em: 10 ago. 2021.

ESCRIMOB. Qual a altura ideal da mesa para escritório? Disponível em: https://escrimob.com.br/blog/qual-a-altura-ideal-da-mesa-para-escritorio/ Acesso em 23 jun. 2021.

GOMES, Lucas. Trabalha em escritórios? Esteja atento a estes 30 'tormentos' na correria do dia a dia. Disponível em: <https://blog.grancursosonline.com.br/trabalha-em-escritorios-esteja-atento-estes-30-tormentos-na-correria-do-dia-dia/> Acesso em: 14 jul. 2021.

HISTÓRIA DA ERGONOMIA. Disponível em: Acesso em: 12 abr. 2021.

IIDA, ITIRO. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo:  Edgard Blücher Ltda, 2ª Edição revisada e ampliada, 2005.

INBEP. Dicas de Ergonomia nas empresas. Disponível em: Acesso em: 04 nov. 2021.

LORENZI, Thiago. 4 doenças causas pela má iluminação no ambiente de trabalho. Disponível em: Acesso em: 24 nov. 2021.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dor relacionada ao trabalho (2012). Disponível em: Acesso em: 15 dez. 2021.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. LER e DORT (2001)  Disponível em:   Acesso em:15 dez. 2021

MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA. NR 17: Ergonomia. Normas regulamentadoras de segurança e saúde do trabalhador. Disponível em: Acesso em: 4 abr. 2021.

OCCUPATIONAL HEALTH SERVICES RECOMMENDATION Disponível em: Acesso em: 10 abr. 2021

PASCHOARELLI, Luis. A evolução histórica da Ergonomia no mundo e seus pioneiros. Disponível em: Acesso em: 27 fev. 2021

RICCO. Riscos ergonômicos comuns no escritório e como evitá-los. Disponível em: Acesso em: 07 maio 2021.

SILVA, Raimundo Fernandes. Ginástica Laboral para profissionais da Educação (2020). Disponível em: Acesso em: 03 fev. 2022.

SIMPLIFICA OCUPACIONAL. O que é a NR 17? Disponível em: Acesso em 18 jun. 2021.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ. Ginástica Laboral. Disponível em: Acesso em: 11 ago. 2021.

VARELLA, Drauzio. Lesão por esforço repetitivo (LER/DORT). Disponível em: Acesso em: 6 maio 2021.  

 

Por

Guilherme Henrique Sebastião

Tainá Monteiro da Silva


Publicado por: Guilherme Henrique Sebastião

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