BENEFÍCIOS DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA SÍNDROME DO IMOBILISMO NA TERCEIRA IDADE

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1. RESUMO

A imobilidade corresponde a uma síndrome geriátrica, acometendo indivíduos com enfermidades incapacitantes, o que culmina na supressão dos movimentos articulares. As investigações em fisioterapia aplicada a terapia intensiva têm focado atenção no manuseio precoce de pacientes críticos, visando a tomada de decisão para minimizar as complicações inerentes a internação e o tratamento das disfunções primárias relacionadas aos longos períodos de repouso no leito. Objetivo: Evidenciar os benefícios do tratamento fisioterapêutico na reabilitação de pacientes idosos acamados proporcionando uma melhora significativa na qualidade de vida do mesmo expressando assim um bem para toda a sociedade atual. Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática, contemplando publicações científicas entre os anos de 1979 à 2017 nas base de dados como o Google acadêmico, Bireme, Scielo e Medline. Além de ensaios científicos publicados a respeito da patologia supracitada. Resultados: A pesquisa resultou em 88 artigos na língua brasileira; dentre desses 31 restaram para serem utilizados durante o desenvolvimento dessa revisão. Conclusão: O plano de tratamento pode conter exercícios realizados através de mobilizações articulares de membros superiores e inferiores, exercícios de alongamento e relaxamento, com duração da sessão de 40 minutos. A Cinesioterapia motora, adotada como conduta na prevenção da Síndrome da Imobilidade traz resultados favoráveis para pacientes acamados o retorno mais rápido à funcionalidade, retorno das AVD´S de forma eficaz, independência do leito sem contar na melhora dos aspectos psicológicos do paciente.

Palavras - chave: Imobilidade, Complicações, Exercícios, Cinesioterapia.

FERREIRA, Vanessa Cristina. Benefits of Physiotherapy in the treatment of immobility syndrome in the elderly. 2019. 19 sheets. Graduation in Physical Therapy - UNIDERP, Campo Grande, 2019.

ABSTRACT

Introduction: Immobility corresponds to a geriatric syndrome, affecting individuals with incapacitating diseases, which culminates in the suppression of joint movements. The investigations in physiotherapy applied to intensive care have focused attention on the early handling of critical patients, aiming at the decision making to minimize the complications inherent to the hospitalization and the treatment of the primary dysfunctions related to the long periods of rest in the bed. Objective: To demonstrate the benefits of physiotherapeutic treatment in the rehabilitation of bedridden elderly patients, providing a significant improvement in the quality of life of the patient, thus expressing a good for the entire society. Methods: This is a systematic review, covering scientific publications from 1979 to 2017 in databases such as Google academic, Bireme, Scielo and Medline. In addition to published scientific papers on the aforementioned pathology. Results: The research resulted in 88 articles in the Brazilian language; of these 31 were left to be used during the development of this review. Conclusion: The treatment plan may contain exercises performed through upper and lower limb mobilizations, stretching and relaxation exercises, lasting 40 minutes. Motor kinesiotherapy, adopted as a conduit for the prevention of immobility syndrome, results in favorable results for bedridden patients, a faster return to functionality, a return to AVD'S in an effective way, bed independence, and an improvement in the psychological aspects of the patient.

Key - words: Immobility, Complications, Exercises, Kinesiotherapy.

2. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno que ocorre em escala global, o Brasil ocupa a quinta posição dos países mais populosos do mundo. A partir da década de 60 até os dias atuais, houve um decréscimo no crescimento da população. A urbanização, a queda da fecundidade da mulher, o planejamento familiar, a utilização de contraceptivos, a mudança ideológica dos habitantes são fatores que contribuíram para a redução do crescimento populacional.

Com isso o atual perfil demográfico do nosso país apresentou um crescente aumento do envelhecimento populacional e da transição epidemiológica que são as causas do predomínio das doenças crônico-degenerativas e a superação progressiva do saldo das doenças infectocontagiosas, levando assim a dependência das pessoas de cuidados de saúde continuados. O envelhecimento populacional traz consigo problemas de saúde que desafiam os sistemas de saúde e de previdência social. Os idosos podem adquirir doenças, incapacidades e sequelas que exigem ações integrais do sistema de saúde.

A escolha do tema justifica-se pela relevância de se compreender a importância do tratamento da síndrome do imobilismo em idosos, pois esta patologia leva a um comprometimento do sistema osteomuscular levando a limitações funcionais, prejudicando as transferências, posturas e movimento no leito e em cadeiras de rodas, dificultando as atividades de vida diária.

A fisioterapia oferece possibilidade de tratamentos cuja finalidade é fazer com que o acometido recupere sua capacidade motora para realizar as AVDS. Os tratamentos fisioterápicos de pacientes com imobilização prolongada podem ser por meio de estimulação a movimentos; promoção a um padrão respiratório mais eficaz; redução da dor; entre outros que possam se apresentar durante o estado de incapacidade.

As investigações em fisioterapia aplicada a terapia intensiva têm focado atenção no manuseio precoce de pacientes críticos, visando a tomada de decisão para minimizar as complicações inerentes a internação e o tratamento das disfunções primárias relacionadas aos longos períodos de repouso no leito. Os resultados positivos podem iniciar uma nova era da atuação da fisioterapia e da assistência ao doente crítico.

Foram utilizados para a elaboração deste trabalho artigos publicados em base de dados como o Google acadêmico, Bireme, Scielo e Medline. Além de ensaios científicos publicados a respeito da patologia supracitada. Foram utilizados artigos dentre os anos de 1979 a 2017. Foram excluídos artigos cujo o paciente apresentava idade inferior a 65 anos e doenças crônico degenerativas prévias. Os artigos selecionados todos descritos na língua portuguesa.

O objetivo principal deste estudo é evidenciar os benefícios do tratamento fisioterapêutico na reabilitação de pacientes idosos acamados proporcionando uma melhora significativa na qualidade de vida do mesmo expressando assim um bem para toda a sociedade atual.

Descrever os benefícios do tratamento fisioterapêutico na Síndrome do Imobilismo e analisar as complicações da imobilização e inatividade em paciente idosos acamados. Compreender os efeitos fisiológicos e psicológicos da imobilização na terceira idade. Descrever os principais problemas identificados. Apresentar tratamento fisioterapêutico adequado ao tratamento desta patologia evidenciando os seus benefícios para o paciente.

3. O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO

“O processo de envelhecimento ocasiona modificações biopsicossociais no indivíduo, que estão associadas à fragilidade, a qual pode levar a maior vulnerabilidade” (MALLMANN et al., 2015, p.124). O aumento da longevidade propicia o aparecimento de diversas patologias tais como doenças crônicas, agudas incapacitantes e inatividade. As causas do comprometimento da mobilidade são multifatoriais, predominando as neurológicas e musculoesqueléticas. A imobilidade corresponde a uma síndrome geriátrica, acometendo indivíduos com enfermidades incapacitantes, o que culmina na supressão dos movimentos articulares. A síndrome do imobilismo (SI) geralmente compromete o sistema osteomuscular levando a limitações funcionais, prejudicando as transferências, posturas e movimento no leito e em cadeiras de rodas, dificultando as atividades de vida diária e profissionais alterando também o padrão da marcha. (MOLINAR, CLEMENTE, CALCIOLARI & TAVARES, 2013).

“O repouso deixa de ser modalidade terapêutica quando se é prolongado, gerando atrofias da pele e musculares, osteoporose, depressão, retenção hídrica dentre muitas outras.” (LEDUC, 2006, p.75)

A imobilidade corresponde a uma síndrome geriátrica, acometendo indivíduos com enfermidades incapacitantes. Considera-se que de 7 a 10 dias no leito seja um período de repouso, de 12 a 15 dias já é considerado imobilização e a partir de 15 dias decúbito de longa duração, no qual culmina a suspensão dos movimentos articulares. A doença de Alzheimer é a patologia neurodegenerativa mais frequente associada à idade. (MOLINAR, CLEMENTE, CALCIOLARI & TAVARES, 2013).

Ribeiro (2011), alega que um dos principais motivos que levam os pacientes à internação hospitalar e, consequentemente, à síndrome da imobilidade, são as seguintes patologia: hipertensão arterial, doença de Alzheimer, diabetes melito, insuficiência cardíaca congestiva, demência vascular, insuficiência renal crônica, sequela de acidente vascular encefálico isquêmico, doença de Parkinson e complicações referentes à doença vascular periférica.

A subfração do idoso com mais de 75 anos traz consigo alterações crônico-degenerativas apresentam um acentuado declínio funcional e tornam-se idosos fragilizados e dependem de terceiros para atividades da vida diária (AVD), vivem geralmente em instituições, são incapazes de se movimentar, usam múltiplos fármacos, são desnutridos e apresentam alterações nos exames laboratoriais. São geralmente mantidos confinados no leito e, devido a essa imobilidade, adquirem ou evoluem para outras complicações, que chamamos de síndrome de imobilização. (VIANA & PY, 2013)

“SI deriva principalmente do fato de que todos os órgãos e aparelhos podem ressentir-se, gravemente, da própria imobilidade e de suas consequências, a começar pela deterioração intelectual e comportamental, dos estados depressivos, dos distúrbios cardiovasculares, respiratórios, digestivos e metabólicos, constipação intestinal, hipotonia muscular, osteoporose, desnutrição, distúrbios metabólicos, contratura e negativação do balanço nitrogenado. Trata-se, portanto, de todo um complexo de alterações que repercutem negativamente sobre o organismo, tendo origem na imobilidade”. (NICOLA, 1979)

Após a Segunda Guerra Mundial, o repouso total no leito foi abolido e tem sofrido mudanças, tais como mobilização precoce no pós-operatório, reabilitação para doenças cardiorrespiratórias. Não ter atividade física induz o indivíduo a um descondicionamento global, levando então ao agravo de sua condição física, cognitiva e emocional. Alguns cuidadores impedem que o paciente permaneça útil e ativo, induzindo-o ao descanso prolongado, sendo esse o ponto de partida para a mudança de comportamento e má qualidade de vida, com rápido e grave desgaste. Após essa fase, tirá-los do leito torna-se impossível, pois eles choram, gritam e agridem diante de qualquer tentativa. A imobilidade prolongada leva à deterioração funcional progressiva dos vários sistemas, muito além da senescência normal, chegando-se mais tarde à síndrome de imobilização. (VIANA & PY, 2013)

Silva (2010, p. 175) alega que dois fatores são substanciais para inferir o diagnóstico do paciente com síndrome do imobilismo: - Um critério maior, que pode ser um déficit cognitivo de médio à grave e a presença de contraturas e; - Um critério menor, que abrange as alterações cutâneas, como a úlcera de decúbito ou pressão e descamações da pele, dificuldade de deglutir, incontinência, além de perda parcial ou total da fala e entendimento da linguagem. O paciente é diagnosticado com essa síndrome quando apresenta um critério maior e, pelo menos, dois menores.

Os efeitos imediatos da imobilidade observados são aqueles associados com o decúbito, sendo acompanhados dentro de 24 a 48 horas por alterações no sistema cardiopulmonar e músculo – esquelético. A restrição ao leito afeta o estado fisiológico e está associado com uma redução na contagem de anticorpos e tem como consequência um aumento no risco de infecção. Os pacientes podem se tornar depressivos, com privação sensorial ou desenvolver uma psiconeurose. Os efeitos deletérios desta postura têm sido documentados, quanto mais severa 5 for a doença do paciente, mais confinado o indivíduo estará no leito e maior será o risco de complicações multisistêmicas. (FROWNFELTER,2004)

No sistema tegumentar a pele inelástica e mais friável, facilita as lesões dermatológicas do paciente acamado. Além de apresentar declínio na produção das células epiteliais, redução de número, tamanho e secreção da glândula sudorípara, escasso tecido de sustentação e diminuição da vascularização. A derme desidrata, perdendo seu vigor e elasticidade. Com isso a mistura de suor, mais urina e umidade causam as micoses que são portas de entrada para importantes infecções bacterianas e estão presentes, com frequência, em diabéticos. Também ocorre o constante atrito sobre o leito associado à pouca elasticidade da pele, à falta de tecido de sustentação e à xerose acabam produzindo lacerações na pele. (VIANA & PY, 2013)

O sistema musculoesquelético é o mais acometido pelo imobilismo, consequentemente seguido por algumas alterações tegumentares, que provocam as úlceras de pressão, principalmente em locais com proeminências ósseas e locais com pouco tecido adiposo. (HALAR E BELL, 2002).

No sistema esquelético, a imobilidade produz intensa e rápida perda de massa óssea, o líquido sinovial e seus nutrientes deixam de fluir na cartilagem interarticular por ausência do efeito de bomba, responsável por sua difusão. Devido aos processos neuromusculares primários que levam à flexão das articulações, principalmente de quadril, joelhos, punhos e cotovelo, surgem, com o passar do tempo as contraturas. A cartilagem sofre degeneração, pois os condrócitos apresentam sistema de retículo endoplasmático degenerado, edema das mitocôndrias, aumento de lisossomos, perda das organelas, modificação da forma celular e invasão de gotículas gordurosas que ocupam o citoplasma. (VIANA & PY, 2013)

Além disso, a matriz da cartilagem torna-se mais frouxa, o colágeno menos elástico e suas fibras se cruzam. Com apenas 2 semanas de imobilização, surgem reabsorção óssea e cartilaginosa com cistos ósseos subcondrais (artrofibrose), principalmente pela falta de sobrecarga articular. Podemos citar a formação de contraturas, devido à inatividade dos músculos, principalmente os dos membros inferiores. O tecido articular e ósseo também são prejudicados pela falta de movimento. A ausência mínima de atividade articular e óssea leva a uma diminuição da produção de líquido sinovial, que é importante para a lubrificação da articulação e nutrição da cartilagem, e de massa óssea por uma manutenção da ação osteoclástica (absorção) e diminuição da ação osteoblástica (formação), que pode levar à osteoporose. Além da osteoporose, osteomalácia pode ser também encontrada, já que esse paciente, sendo raramente exposto ao sol, tem síntese diminuída de vitamina D. (VIANA & PY, 2013).

No sistema muscular acontece a perda de força do músculo imobilizado. A perda do estímulo nervoso causa também alteração da disposição de actina e miosina, o que desencadeia a indesejável contratura muscular. As fibras de colágeno, que estão presentes na composição do músculo, em formato de rede e com função de apoio estrutural, cruzam-se, fundem-se (cross-linkage) e encurtam-se, perdendo sua propriedade elástica, o que, por sua vez, encurta o músculo e o tendão, resultando em contratura das articulações. Os músculos encurtados sofrem atrofia duas vezes mais rápido e mais intensamente que os músculos estendidos. (VIANA & PY, 2013)

O paciente idoso já está em risco aumentado de desenvolver alterações respiratórias devido a mudanças anatômicas desse sistema que ocorrem com a idade, e o risco aumenta mais ainda quando esse grupo de pacientes está recebendo medicações sedativas ou que comprometam o funcionamento do sistema respiratório. Em posição supina o peso do corpo restringe a movimentação da caixa torácica, reduzindo o volume corrente. A hipotensão postural é uma das complicações cardiovasculares mais comuns da imobilidade. (GUEDES, OLIVEIRA & CARVALHO, 2013)

Uso de O2, sonda para hidratação e alimentação, analgésicos, bom aquecimento, posicionamento no leito, higiene, opióides e a presença constante de familiares dividindo os últimos cuidados são essenciais. (VAUGHAN et al, 2006).

“A fisioterapia para pacientes com síndrome de imobilismo tem sido indicada com o objetivo de minimizar os efeitos da anomalia, incrementar a oxigenação, garantir ventilação normal e reexpandir áreas atelectasiadas. Sua eficácia pode ser observada pela redução dos efeitos da síndrome do imobilismo e pela melhora das funções orgânicas. Estudos comprovaram a diminuição nas taxas de incidência com a implementação do serviço de fisioterapia”. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012)

4. SÍNDROME DO IMOBILISMO (S.I)

O aumento do número de idosos eleva as possibilidades de aparecimento das doenças crônico-degenerativas, com consequente perda da funcionalidade e imobilidade. As causas da imobilidade são multifatoriais, predominando as neurológicas e musculoesqueléticas. Por terem caráter etiológico multifatorial, a abordagem e a prevenção da síndrome da imobilidade são interdisciplinares. Em todas as esferas de atendimento ao idoso, seja ambulatorial, domiciliar, hospitalar ou em instituições de longa permanência. (MOLINAR, CLEMENTE, CALCIOLARI & TAVARES, 2013).

A síndrome da imobilidade é um conjunto de alterações que ocorrem no indivíduo acamado por um período de tempo prolongado. Essa síndrome é definida como um conjunto de sinais e sintomas que geram alterações de caráter negativo no organismo, devido à inatividade ou imobilismo. Cerca de 20% dos idosos acima de 75 anos têm declínio da mobilidade, e o fato das famílias diminuírem as atividades desses idosos agrava ainda mais a situação. (CUNHA, PIRES & SOBRINHO, 2017)

Sabe-se que a permanência no leito por longos períodos é um fator importante a ser avaliado, pois pode levar a outros danos de natureza física (por exemplo, a úlcera de pressão) e psicossociais (isolamento e depressão). A imobilidade (ou limitações de movimento) pode alterar o estado emocional do indivíduo independente da condição que o levou ao decúbito prolongado. Inicialmente, a imobilidade produz uma redução de capacidade funcional de um órgão e mais tarde afeta órgãos múltiplos e sistemas do corpo (Sistema Cardiovascular, sistema digestório, respiratório, excretor e até o Sistema Nervoso). (REDONDO, 2005)

’’Dependendo do tempo de permanência no leito alteram-se a sua classificação onde temos de 7 a 10 dias caracterizado como período de repouso, 12 a 15 dias período de imobilização e 15 dias ou mais decúbito de longa duração’’. (REDONDO, 2005, p.78)

Segundo Silva (2010) um estudo foi realizado e ficou constatado que das doenças associadas à imobilidade, as mais prevalentes foram: hipertensão arterial (7/58,33%), doença de Alzheimer (5/41,66%), diabetes melito (4/33,33%), insuficiência cardíaca congestiva (3/25%), demência vascular (3/25%), insuficiência renal crônica (2/16,66%), sequela de acidente vascular encefálico isquêmico (2/16,66%), doença de Parkinson (1/8,33%) e complicações referentes à doença vascular periférica (1/16,66%).

Silva (2010) declara que os efeitos imediatos da imobilidade observados são aqueles associados com o decúbito, sendo acompanhados dentro de 24 a 48 horas por alterações no sistema cardiopulmonar e músculo – esquelético. Ainda alega que para que se chegue ao diagnóstico da Síndrome do Imobilismo, deve ser levada em consideração a presença de dois critérios, um critério maior, que pode ser um déficit cognitivo de médio à grave e a presença de contraturas e um critério menor, que abrange as alterações cutâneas, como a úlcera de decúbito ou pressão e descamações da pele, dificuldade de deglutir, incontinência, além de perda parcial ou total da fala e entendimento da linguagem.

Segundo Rushont (2008) a doença de Alzheimer é a patologia neurodegenerativa mais frequente associada à idade, cujas manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas resultam em uma incapacitação e em estágio mais avançado leva a imobilização no leito.

A Síndrome da Imobilidade Prolongada atinge uma parcela significativa dos pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva. Os pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) têm múltiplos problemas que mudam rapidamente de acordo com a evolução da patologia e conduta médica, por isso não devemos usar tratamentos padronizados. O termo imobilidade é definido como a qualidade ou estado do que não se move. (KISNER & COLBY, 1998).

Os efeitos adversos da imobilização são uma comorbidade comum em pacientes com doença crônica. A fraqueza muscular por desuso é relativamente simples de se prevenir através de contrações musculares isométricas diárias de 20 a 30% da tensão máxima por vários segundos associados a uma contração de 50% do máximo por um segundo. A utilização de exercícios e alongamento podem reverter às contraturas. (KISNER & COLBY, 1998)

5. CINESIOTERAPIA INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA S.I:

Os primeiros estudos sobre a utilização dos exercícios terapêuticos datam da Grécia e Roma antiga, porém, foi a partir da I Guerra Mundial que, devido ao grande número de casos de lesões, mutilação, alterações físicas de vários tipos e graus, houve uma expansão no campo de atuação da Cinesioterapia. A indicação da Cinesioterapia é bastante criteriosa, necessita de avaliação para traçar objetivos e estratégias, além de reavaliações frequentes, visando à atualização junto à progressão do paciente. (PRESTO & DAMÁZIO, 2009)

A história da reabilitação desenvolveu-se em três grandes fases: a primeira antes da primeira grande guerra, a segunda durante as grandes guerras mundiais pela necessidade de reabilitação dos mutilados nas batalhas e, a terceira e contemporânea marcada pela organização desta profissão quanto as instituições e diversas profissões vinculadas a reabilitação e bem-estar do paciente. (ALVES, 2007)

Guilhem (2008) afirma que nas últimas décadas, os Fisioterapeutas alcançaram sua autonomia profissional, participaram da tomada de decisões na saúde e trouxeram para si a problemática dos dilemas e das responsabilidades éticas mais complexas no exercício da profissão. Seu fortalecimento científico e profissional ocorreu a partir dos anos de 1970, desde então, foi construído um referencial profissional no país, e tem ampliado significativamente seu campo de atuação, pautando-se na cientificidade e em sua especificidade.

Os efeitos do imobilismo deixam claro o quanto à imobilização é complexa e necessita de cuidados preventivos e intensivos para evitar ao máximo o desenvolvimento das diversas complicações. UA indicação da Cinesioterapia é bastante criteriosa, necessita de avaliação para traçar objetivos e estratégias, além de reavaliações frequentes, visando à atualização junto à progressão do paciente e em consequência da necessidade de correções ao programa inicial até atingir o potencial de recuperação esperado. (PRESTO & DAMÁZIO, 2009)

Cinesioterapia é uma técnica que se baseia nos conhecimentos de anatomia, fisiologia e biomecânica, a fim de proporcionar ao paciente um melhor e mais eficaz trabalho de prevenção, cura e reabilitação. Significa basicamente terapia pelo movimento, sendo a utilização de diferentes formas de atividade motora como meio de tratamento de enfermidades cuja a finalidade é a manutenção ou desenvolvimento do movimento livre para a sua função, e seus efeitos baseiam-se no desenvolvimento, evolução, restauração e manutenção da força, da resistência à fadiga, da mobilidade e flexibilidade. (KISNER & COLBY, 1998).

Para Gardiner (1995), a Cinesioterapia é um meio de acelerar a recuperação do paciente de ferimentos e doenças que alteram seu modo normal de viver. Muitas destas intervenções, como exercícios para membros inferiores, podem beneficiar vários sistemas ao mesmo tempo, pois afetam tanto os ossos longitudinais, como ajuda a promover o tônus muscular e melhora a condição cardiovascular e, ainda, ajudam na redução da perda de cálcio.

Segundo Hoppenfield (2001), O posicionamento apropriado no leito previne a tendência de deitar em uma posição com o quadril em rotação e flexão lateral extrema. Realizar exercícios isométricos para os grupos do quadríceps e glúteos, além de abdutores, flexores, e extensores do quadril que também devem ser fortalecidos com exercícios isométricos intermitentes ou isotônicos. Os exercícios de fortalecimento do quadríceps são importantes para ajudar a neutralizar forças rotacionais.

A Cinesioterapia motora, adotada como conduta na prevenção da Síndrome da Imobilidade traz resultados favoráveis para pacientes acamados o retorno mais rápido à funcionalidade, retorno das AVD´S de forma eficaz, independência do leito sem contar na melhora dos aspectos psicológicos do paciente. (GARDINER, 1995)

A Fisioterapia Motora não faz apenas o paciente voltar a andar ou se mexer, isso muitas das vezes não é possível, mas devemos pensar em outros benefícios como aliviar a dor pela contratura, diminuir o edema, evitar escaras, melhorar o condicionamento cardiovascular. O trabalho preventivo do fisioterapeuta inclui as mudanças de decúbito de duas em duas horas, movimentos cinesioterápicos, incentivo a deambulação, quando possível e uso de forros ortopédicos. Todas as atividades propostas aos pacientes imobilizados devem ser realizadas de acordo com as possibilidades de cada indivíduo e sempre respeitando os limites da dor e da doença de base. (MELO et al., 2004)

Mobilizações passivas são necessárias para a manutenção e para a recuperação das amplitudes de movimento elas permitem testar a articulação sem carga, avaliar os defeitos mecânicos ligados à morfologia da articulação e avaliar o déficit de extensibilidade muscular assim como massagens manuais e vibratórias melhoram a circulação ou ordenham os edemas, constituem formas de estímulo mecânico às contrações isométricas. (HEBERT, 2003)

É fundamental que o fisioterapeuta além da preocupação quanto à melhora da capacidade respiratória, tenha muita atenção à capacidade motora do idoso acamado visando evitar atrofia muscular e manter e/ou restaurar amplitude articular, prevenir trombose venosa profunda, embolia pulmonar, pneumonias e hipotensão postural, aliviar a dor, diminuir ou prevenir edemas, a melhora do condicionamento cardiovascular e restaurar a funcionalidade para atividades de vida diária. (HEBERT, 2003)

O tratamento pode ser feito com exercícios passivos, ativo-assistido, ativo-livre, ativo resistido, isométricos. Com o objetivo de promover a reeducação postural, a conscientização corporal, o relaxamento muscular, estimular movimentação no leito e independência nas atividades. É atividade privada do fisioterapeuta, executar métodos e técnicas fisioterapêuticas com finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente. (VOJVODIC, 2005)

O plano de tratamento pode conter exercícios realizados através de mobilizações articulares de membros superiores e inferiores, exercícios de alongamento e relaxamento, com duração da sessão de 40 minutos. O FES por ser uma corrente alternada de baixa frequência, tipo excito motor que provoca contrações musculares, é indicada para fortalecimento muscular, manutenção de ADM, controle de espasticidade muscular, entre outros. (MOLINAR, CLEMENTE, CALCIOLARI & TAVARES, 2013).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na síndrome do imobilismo ocorre à diminuição de todos os sistemas do corpo humano, seja ele do mais simples ao mais complexo, trazendo com isso um quadro irreversível da doença quando o idoso encontra-se num quadro avançado. Este estudo permitiu entender que quanto mais precoce a fisioterapia em pacientes imobilizados, menores serão os efeitos danosos no corpo deles.

Os danos decorrentes da imobilização prolongada foram: a diminuição da força muscular, incapacidade funcional geral, e a falta de instrução as famílias, cuidadores e profissionais. Foi possível observar que é de extrema importância à atuação do fisioterapeuta nesse âmbito, uma vez que teve o atendimento diferenciado visando uma evolução satisfatória. Observou-se que os efeitos da imobilização no organismo vão além de contraturas, podendo resultar efeitos deletérios no corpo.

Dentre os tratamentos mais utilizados nesta patologia, destaca-se a fisioterapia motora, na qual podemos utilizar recursos como a eletroterapia e a cinesioterapia. Os efeito de um programa de mobilização e exercício ativo sobre a amplitude articular em pessoas com síndrome de desuso mostram significativas melhoras em pacientes acamados.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMÉLIA, A. (2010). Cuidados de longa duração para a população idosa : Um novo risco a ser assumido? Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, pp. 13-40.

BADARÓ, A. F. V.; GUILHEM, D. Bioética e pesquisa na fisioterapia: Aproximação e vínculos. Estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UnB, Universidade de Brasília, DF-Brasil, 2008

ALVES, N. P. F. Comunicação na equipe multiprofissional hospitalar: Uma interface do auxiliar de enfermagem com o fisioterapeuta na prevenção da ulcera por pressão. Dissertação de Mestrado Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes, 2007.

MOLINAR, M., Clemente, A., Calciolari, R., & Tavares, D. (janeiro de 2013). Influência da fisioterapia na Síndrome do Imobilismo . Colloquium Vitae, pp. 68-76.

VIANA, E., & Py, L. (2013). Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

GREVE. J. M. D. Medicina de reabilitação aplicada à ortopedia e traumatologia. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2009.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Margarida. Fundamentos de metodologia científica. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.

RIBEIRO CA, Silva DAM, Rizzo LA, Ventura MM. Immobility syndrome frequency in a geriatric ward. Serviço de Geriatria do Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira (HSPE-FMO).

LIANZA, S. Medicina de reabilitação. São Paulo: Guanabara Koogan, 2001.

FROWNFELTER, Donna; DEAN, Elizabeth. Fisioterapia Cardiopulmonar: princípios e prática. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.

HALAR, E. M.; BELL, K. R. Imobilidade. In: Deliza, J. A; Gans, B. M. Tratado de Medicina de Reabilitação: princípios e prática. 1067-1084. 3ª edição São Paulo: Manole, 2002.

KISNER, Carolyn; COLBI, Lynn Allen. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 3. Ed. São Paulo: Manole, 1998.

THOMPSON, Ann et al. Fisioterapia de Tidy. 12. Ed. São Paulo: Santos, 1994.

FREITAS EV, Py L, et al. Tratado de geriatria e gerontologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. cap. 100, p. 973-80.


Publicado por: VANESSA CRISTINA FERREIRA

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