Um Sentido para Vida - Frei Beto

Um Sentido para a Vida” de Frei Beto é um texto claro e objetivo que busca fazer uma reflexão acerca sobre o momento em que estamos vivendo, tempo este que se torna confuso no que tange à perspectiva para o futuro.

Vive-se hoje um período de mudança de época em que a teologia rainha das ciências perde espaço para a ciência da atualidade a física, em outras palavras o que no período medieval se baseava na fé, na contemplação das verdades reveladas, hoje a modernidade busca a compreensão e transformação mecânica deste mundo prevalecendo assim à razão. Desta maneira surge então a seguinte indagação: “Qual a característica da modernidade”: A luz de René, Descartes e a física de Newton permanecem claro que a razão é capaz de decifrar os enigmas do conhecimento criando assim uma ciência da desencantação, decomposição e fragmentação a qual nenhum indivíduo escapa.

O ponto central que Frei Beto apresenta neste texto aponta-se para a modernidade, pois as quatro grandes instituições na qual ela se apóia encontra-se em crise, família, igreja, escola e Estado.

A crise da família é a crise das relações de gênero, ou seja, é aquela em que tem sua ascensão abalada e começa a fracassar, surgindo à emancipação feminina e a desclandestinização do homossexualismo o que obriga os indivíduos a encararem a questão familiar de outra maneira.

Outro ponto a ser observado é crise na religião provocada pela globalização que transforma o mundo em pequenas aldeias criando desta maneira várias modalidades de crenças religiosas implicando assim uma crise de identidade.

A seguir em sua explanação o autor lança o questionamento do porque da escola também ser atingida pela “modernidade” incluindo se também nos pilares dessa crise atual. Tal fato se justifica a partir do momento em que a escola passa a tornar as pessoas cultas e não inteligentes. A escola Moderna não trata temas limites da vida, ruptura de laços afetivos, religião e espiritualidade. Usando um termo metafórico a escola atual é barroca, ou seja, detentora só de cabeça e massa disforme, sendo posto em questão que o indivíduo não é formado para a vida em essência e sim para uma cultura de massa.

E o estado como fica? Também sofre influência na medida em que entra em perturbação, todavia que se torna “parceiro de um projeto de desenvolvimento, mas não é mais o fator determinante desse projeto”.

Essa transformação nas quatros grandes instituições que compõem a vida do ser humano é desfigurada, pois, o que era visto como identificação do indivíduo passa a ser substituído pela palavra sucesso. Já não mais se pensa em vocação e sim em sobrevivência no mercado financeiro. O avanço tecnológico gerado pela globalização passa a ser peça central dessa guerra de valores e o custo maior é o humano.

Essa dissociação psíquica social tem em sua formação a contribuição televisiva que interpela os valores e deturpam os princípios que levam à humanização. Falava-se em valores, hoje se fala em sucesso, a competição atropela a cooperação, a realidade aos poucos perde espaço à virtualidade tornando as pessoas cada vez mais agressivas, violentas e competitivas.

Diante dessa constatação o indivíduo procura se desalienar-se desse racionalismo, surgindo assim uma emergência da espiritualidade, o que não significa que as pessoas estão mais religiosas e sim saturadas de tanto pensamento racional.

Uma das mais tristes conseqüências da modernidade ocidental é, sem dúvida, o desencantamento do mundo. O afastamento dos seres humanos da natureza, a destruição dos mitos mais significativos da cultura, a perda do sentimento de pertencimento, a ansiedade pelo consumo, a visão materialista e a razão enlouquecida; o empobrecimento dos laços afetivos corrompidos pelo individualismo; a mercantilização da arte; a derrota da ética pelo pragmatismo irresponsável e a perda das utopias – revelam o atual momento deste mundo desencantado. Um sentido para a vida nos leva a repensar sobre esse processo caótico interposto pela modernidade e a necessidade de se resgatar a espiritualidade, reacender a subjetividade humana e seus valores.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

BETO, Frei. Um sentido para a Vida. São Paulo, nov.1997.


Publicado por: Mercia Diniz Silva Morato

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