O SUSTENTO SACERDOTAL ATRAVÉS DOS TEMPOS

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1. RESUMO

O presente trabalho monográfico tem como tema o estudo teórico sobre o Sustento Sacerdotal através dos tempos. Como o assunto tem repercutido de forma polêmica na sociedade, devido aos inúmeros escândalos, é necessário haver uma análise sobre a legalidade do pagamento das remunerações e a sua mensuração. Esse trabalho tem por objetivo comparar o Sustento Sacerdotal através dos tempos. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica, a qual enriqueceu este trabalho com informações importantes para a sua conclusão, abordando pontos essenciais do sustento sacerdotal no Velho e no Novo Testamento, os quais embasaram as remunerações atuais. Porém, é possível verificar que há um desnível quanto aos valores pagos aos ministros, segundo a concepção de seus ministérios. Há algumas igrejas que não remuneram seus líderes por não aprovarem tal ato. Todos os pontos que norteiam a legalidade e os valores a serem pagos aos líderes por suas igrejas devem ser levados em consideração e devem ser criteriosamente analisados para que não haja injustiça no meio evangélico.

PALAVRAS-CHAVE: Sustento Sacerdotal. Sustento Pastoral. Remuneração Pastoral. Remuneração Eclesiástica.

ABSTRACT

This monograph has as its theme the theoretical study on the Keep Priests through the ages. As the subject is reflected in a controversy in society due to the numerous scandals, there needs to be an analysis of the legality of the payment of remuneration and its measurement. This study aims to compare the Keep Priests through the ages. The methodology used was literature, which has enriched this work with important information for completion by addressing key points keep priests in the Old and New Testament, which based the current salaries. However, you can see that there is a gap regarding the amounts paid to ministers, according to the conception of their ministries. There are some churches that do not remunerate their leaders for not adopting such an act. All points that guide the legality and the amounts to be paid to the leaders for their churches should be taken into consideration and should be carefully analyzed so that there is injustice in the evangelical.

WORDS – KEY: Keep Priests. Pastoral Salary. Pastoral Remuneration. Ecclesiastical Remuneration.

2. INTRODUÇÃO

2.1. ASSUNTO

O Sustento Sacerdotal através dos tempos.

2.2. TEMA

Estudo teórico sobre o Sustento Sacerdotal através dos tempos.

2.3. JUSTIFICATIVA

O Sustento Sacerdotal tem sido alvo de muitas discussões nos dias atuais, devido a crescente abertura de igrejas, aos elevados índices de escândalos, provenientes de abuso e persuasão no recolhimento de dízimos, ofertas, campanhas e projetos infundados, nos salários exorbitantes que alguns ministros recebem.

O Sustento Eclesiástico é correto, digno e bíblico, porém a ética deve ser priorizada. O ministro eclesiástico deve ser honesto, coerente para evitar os abusos e absurdos que, no cotidiano, vem ocorrendo no meio evangélico.

O recebimento da remuneração não é salário. O salário trata-se de um valor fixo, o que levaria o pastor a ser, legalmente, um funcionário, ou seja, um profissional da fé. Portanto, esse acontecimento acarretaria mudanças importantes, e levaria à criação de sindicatos, piso salarial para todos os ministérios, independente de denominações e capacidade financeira, como também, a encargos trabalhistas devidos, baseados na Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, o que traria inúmeros transtornos para diversas igrejas. Entretanto, a remuneração trata-se de um conjunto de valores pagos aos ministros, estabelecido pelas igrejas, respeitando as reais condições das instituições. Esta remuneração, em alguns ministérios, engloba o auxílio moradia, auxílio alimentação, plano de saúde, entre outros.

É constatado o elevado índice de pastores que recebem algum tipo de benefício dos seus ministérios. Porém, existe a polêmica sobre o recebimento e o não recebimento de remunerações, salários e subsídios por esses ministros, assim como, os requisitos que avaliam a necessidade e a viabilidade de pagamento desses valores, entre outras situações, como o pagamento ou o não pagamento aos ministros que possuem emprego secular, remuneração aos ministros que estão à disposição da igreja em tempo integral e em tempo parcial, entre outros fatores.

Portanto, há a necessidade de aprofundamento do estudo relativo ao sustento sacerdotal através dos tempos, para que se possa chegar ao fundamento correto e ponderado, baseado na bíblia, não permitindo que haja desvios que firam ou burlem a ética cristã e os princípios das Sagradas Escrituras nos dias atuais.

2.4. PROBLEMA

Como ocorre o Sustento Sacerdotal ao longo dos tempos?

2.5. HIPÓTESE

No Velho Testamento os critérios adotados para que houvesse o sustento dos sacerdotes eram estabelecidos pelo próprio Deus. No Novo Testamento, o sustento acontecia para todos os que trabalhavam na obra, no que tange ao suprimento de suas necessidades. Nos dias atuais há a necessidade de análise criteriosa para que seja feita a remuneração pastoral adequada, obedecendo aos diversos fatores relevantes de cada ministério.

2.6. OBJETIVOS

2.6.1. OBJETIVO GERAL

Comparar o Sustento Sacerdotal através dos tempos.

2.6.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Examinar a forma de sustento dos sacerdotes no Antigo Testamento.

  • Citar a remuneração eclesiástica à luz da Bíblia Neo-Testamentária.

  • Comparar o Sustento Sacerdotal da Antiguidade com os dias atuais.

2.7. METODOLOGIA

Este trabalho foi produzido e embasado em sua totalidade através da pesquisa bibliográfica. Segundo Cervo; Bervian (2002, p.66), “A pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência e constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema”. A pesquisa bibliográfica ainda se constitui o procedimento mais adequado de expandir o conhecimento sobre determinado assunto. A sua credibilidade é indiscutível, já que o material bibliográfico, antes de ser editado, passa por diversas revisões.

Conforme Barros; Lehfeld (2000, p.70), “A pesquisa bibliográfica tanto pode colaborar com a formação acadêmica do aluno, quanto com a produção inédita de trabalhos de reanálise, críticas e interpretação de diversas áreas de conhecimento”. Através da pesquisa bibliográfica, inúmeras teorias puderam ser criadas, criticadas e aprimoradas, abrangendo as mais diferentes áreas de estudo. Essa amplitude do conhecimento dá à esse tipo de pesquisa uma importância ímpar. Pois, foi através desta que, teóricos e cientistas importantes ampliaram e intensificaram inúmeros estudos.

A bibliografia abre diversas vertentes, onde é possível adquirir materiais diversificados e pertinentes à elaboração do trabalho científico. Como se dá de forma criteriosa, a pesquisa bibliográfica ganha uma credibilidade maior, pois os livros não são produzidos de qualquer maneira e a criticidade de quem os corrige é imensa, não permitindo deslizes sobre os temas que abordam. Portanto, esse método criterioso com que são publicados, torna os livros um material de arte por excelência e fonte segura para a pesquisa.

2.8. ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA

Este trabalho monográfico está constituído em cinco capítulos. O primeiro capítulo desta monografia trata da parte introdutória, abordando assunto, o tema, a justificativa, o problema, a hipótese, o objetivo geral, os objetivos específicos e a metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho.

O segundo capítulo divide-se em três subtítulos e aborda a origem das ordens sacerdotais, sua consagração, atividades realizadas e o sustento sacerdotal no Período Vétero-Testamentário. Este capítulo visa resgatar os conhecimentos relacionados à origem dos sacerdotes, contidos no Velho Testamento, como ocorria a sua consagração, as exigências para os sacerdotes e como ocorria o sustento destes.

O terceiro capítulo é composto por três subtítulos, os quais abrangem o sustento sacerdotal no Período Neo-Testamentário, a mudança da linhagem de sacerdotes, a exposição do trabalho de Jesus e a expansão das atividades da igreja de Deus. Neste capítulo também são tratados assuntos referentes à legalidade da remuneração dos trabalhadores da obra do Senhor, suas dificuldades de sustento e o apoio imprescindível da igreja. Também são citados acontecimentos importantes da vida do apóstolo Paulo, o qual era bivocacionado, mas que, em devidos momentos, também foi sustentado pela igreja.

O quarto capítulo é composto por três subtítulos, os quais descrevem a transição das características do Velho e Novo Testamento para os dias atuais, o sacerdócio atual e suas peculiaridades e a complexa mensuração da remuneração sacerdotal. Devido às crescentes polêmicas, tratar do assunto que abrange a remuneração do Pastor, tem gerado conflitos nas igrejas. É necessário utilizar fatores que permitam mensurar as necessidades dos líderes e equipará-las com as arrecadações da igreja, para que todo o processo se dê de forma equilibrada.

O quinto capítulo trata da conclusão deste trabalho monográfico e suas considerações finais. Neste capítulo está exposto o desfecho da problemática levantada inicialmente e as sugestões pertinentes à solução desta.

3. O SUSTENTO DOS SACERDOTES NO PERÍODO VÉTERO-TESTAMENTÁRIO

3.1. A ORIGEM DO SACERDÓCIO E SUA SEMELHANÇA COM OS PROFETAS

No Antigo Testamento os sacerdotes pertenciam a duas ordens. A primeira ordem era a tribo de Levi e a outra era a de Melquisedeque, a qual tem origem desconhecida.

Na primeira ordem, a tribo de Levi, Arão foi consagrado à sacerdote por seu irmão Moisés, através da ordenança de Deus. Assim, Arão passou a ser responsável por todos os trabalhos de cunho sacerdotal e seus filhos, posteriormente, também foram consagrados a sacerdotes. Estes auxiliavam Arão nas atividades sacerdotais e da Casa de Deus.

Arão supervisionava as atividades exercidas por seus filhos. Sendo assim, dois deles, Nadabe e Abiú morreram por oferecerem fogo estranho ao Senhor, sendo que desobedeceram a autoridade de Arão, o qual era responsável pelas atividades principais. Restaram Eleazar e Itamar como auxiliares de Arão e a morte dos seus irmãos serviu como exemplo de exortação para que o serviço sacerdotal não fosse negligenciado.

Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo. (SHEDD, 1997, p.17)

Melquisedeque era rei e sacerdote. O nome Melquisedeque significa “Rei de Justiça”. Apesar de não haver registro de seus antepassados e nem de sua descendência, Melquisedeque assemelha-se a Cristo quando trouxe pão e vinho à Abrão. Pois, atualmente, o pão e o vinho são os elementos que representam, respectivamente, o corpo e o sangue de Jesus. Melquisedeque não foi consagrado pela ordem dos descendentes de Abraão, nem faz parte da história de Israel, mas surgiu com plena autoridade da parte de Deus.

A formação do corpo sacerdotal, a partir da liderança de Moisés, foi organizada e instituída partindo do pressuposto que, só poderia haver a unção de sacerdotes que pertencessem à tribo de Levi e a descendência de Arão. Contudo, Jesus pertencia a Ordem de Melquisedeque, pois era descendente da tribo de Judá, tribo esta a qual Moisés não atribuiu sacerdotes. Jesus surgiu para que houvesse a revogação da ordenança anterior, devido a sua fraqueza e inutilidade, a qual nunca aperfeiçoou coisa alguma. Através de Cristo, o qual tem o poder de vida indissolúvel, o homem pode chegar a Deus.

Os Profetas também constituíam um tipo de sacerdócio. Seriam comparados aos Missionários dos dias atuais, pois seu trabalho era desenvolvido, na maior parte do tempo, na área externa do santuário. Ou seja, os Profetas tinham um trabalho mais expansivo, tinham mais contato com as pessoas, exortando, levando a Palavra de Deus, realizando um trabalho tão diversificado quanto o de um sacerdote. Em casos especiais a bíblia cita exemplos em que alguns dos homens usados por Deus exerceram as duas funções. É o exemplo de Abraão.

Respondeu-lhe Deus em sonho: Bem sei que com sinceridade de coração fizeste isso; daí o ter impedido eu de pecares contra mim e não te permiti que a tocasses. Agora, pois, restitui a mulher a seu marido, pois ele é profeta e intercederá por ti, e viverás; se, porém, não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu. (SHEDD, 2000, p.17).

O termo “Profeta” que aparece na citação acima foi usado pela primeira vez na bíblia. O significado da palavra “Profeta” é “Porta-voz de Deus”. Abraão tinha um relacionamento íntimo com Deus, o qual o orientava e expressava todas as suas vontades. Abraão já havia tido contato com o sacerdote e rei Melquisedeque. Contudo, a história se converge para Abraão quando este intercede e pronuncia a Palavra de Deus às pessoas, realizando o seu papel como Profeta, como também, quando realiza os sacrifícios ao Senhor, papel este que cabe ao sacerdote.

3.2. A CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES E SUAS ATIVIDADES

Para a consagração dos sacerdotes, havia cerimônias específicas.

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Toma a Arão, e a seus filhos com ele, e as vestes, e o azeite da unção, como também o novilho da expiação do pecado, e os dois carneiros, e o cesto dos pães asmos e ajunta toda a congregação à porta da tenda da congregação. (ALMEIDA, 1995, p.148).

No caso da consagração de Arão e seus filhos, Moisés, que representava também um sacerdote, os lavou com água, vestiu-lhes as túnicas, cingiu-os com os cintos, pôs-lhes os mantos, pôs o éfode e cingiu-os com os cintos lavrados do éfode. Pôs-lhes os peitorais com Urim e Tumim; e pôs a mitra sobre suas cabeças e na mitra, diante dos seus rostos, pôs a lâmina de ouro, a coroa de santidade, conforme o Senhor ordenara.

Moisés ungiu o tabernáculo com o azeite da unção e tudo o que nele havia e os santificou. Depois derramou o azeite da unção sobre a cabeça de Arão e seus filhos e ungiu-os para santificá-los. Trouxeram o novilho da expiação do pecado e Arão e seus filhos puseram suas mãos sobre a sua cabeça e o animal foi degolado. Moisés tomou o sangue e com os seus dedos pôs sobre as pontas do altar em redor e expiou o altar. O restante do sangue foi derramado a base do altar e este foi santificado, para que fosse feita a expiação por ele. A gordura do novilho que está na fressura, e o redenho do fígado e os dois rins, foram queimados sobre o altar por Moisés. O Senhor ordenou a Moisés que, o couro do novilho, a sua carne e o seu esterco fossem queimados fora do arraial.

Houve procedimentos na extensão da solenidade, como o carneiro do holocausto, o carneiro da consagração, os quais foram imolados para a consagração dos sacerdotes. Foram utilizados também pães asmos e um bolo asmo para serem queimados junto com os pedaços dos animais imolados. Moisés pegou o azeite da unção e o sangue que estava sobre o altar e o aspergiu sobre Arão e sobre suas vestes e sobre os seus filhos e santificou suas vestes.

Arão e seus filhos tiveram que cozinhar a carne do carneiro da consagração diante da tenda da consagração e comer o pão que estava no cesto da consagração. Contudo, as sobras tiveram que ser queimadas no fogo. Para que a consagração fosse concluída, Arão e seus filhos tiveram que ficar enclausurados por sete dias na tenda da consagração.

Os sacerdotes desempenhavam diversas atividades como: sacrifícios pelos pecados diversos, os sacrifícios pacíficos, as ofertas de manjares, sacrifício pelo sacrilégio, consagrações, culto divino. Dentre os sacrifícios pelos pecados, havia o sacrifício pelos pecados por ignorância dos sacerdotes.

Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá pelo seu pecado, que pecou, um novilho sem mancha, ao Senhor por expiação do pecado. E trará o novilho à porta da tenda da congregação, perante o Senhor, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e de degolará o novilho perante o Senhor. (ALMEIDA, 1995, p.143).

Para esse tipo de sacrifício o sacerdote tomava o sangue do novilho e levava à Tenda da Congregação e molhava o dedo naquele sangue e aspergia sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário. Como também, colocava o sangue sobre as pontas do altar do incenso aromático, perante o Senhor. Todo o restante do sangue do novilho era derramado à base do altar do holocausto, que está à porta da Tenda da Consagração. Uma parte das vísceras e a gordura do novilho eram queimadas no altar do holocausto pelos sacerdotes. A outra parte das vísceras, a cabeça, o couro, as pernas, a carne e o esterco eram levados para fora do arraial e, em um lugar limpo, eram queimados com fogo sobre a lenha.

Quanto às ofertas, havia a oferta na consagração dos sacerdotes.

Disse o Senhor a Moisés: Esta é a oferta de Arão e de seus filhos, que oferecerão ao Senhor no dia em que aquele for ungido: a décima parte de um efa de flor de farinha pela oferta de manjares contínua; metade dela será oferecida pela manhã, e a outra metade, à tarde. (ALMEIDA, 1995, p.146).

A oferta na consagração dos sacerdotes era conhecida como a oferta de manjares. Eram feitas porções com farinha e azeite. Estas eram assadas e levadas à tenda e eram queimadas em sua totalidade. Assim, toda a oferta de manjares do sacerdote seria totalmente queimada. Não poderia ser comida.

3.3. SUSTENTO SACERDOTAL

No Velho Testamento havia também o registro dos direitos dos recebimentos que cabia aos sacerdotes. Diferente dos profetas, os sacerdotes tinham legalidade para administrar os bens e usufruir destes. Os sacerdotes tinham o direito de terem suas necessidades supridas através das ofertas do povo.

E Moisés disse a Arão, a Eleazar e a Itamar, seus filhos restantes: Tomai a oferta dos alimentos que restou das ofertas queimadas do Senhor, e comei-a sem fermento junto do altar, porque ela é santíssima. E comei-a em lugar santo, porque isto é tua porção, e a porção de teus filhos, das ofertas queimadas do Senhor, porque me foi ordenado assim. (FERREIRA, 2002, p.101).

Os sacerdotes, através das ordenanças de Deus à Moisés, obtiveram o direito ao sustento através das ofertas queimadas ao Senhor. Como estes estariam em constante atividade para a Casa de Deus, adquiriram todos os mantimentos necessários à sua sobrevivência, o que caracterizava um tipo de remuneração por seus trabalhos.

As primícias da nossa massa, as nossas ofertas, o fruto de toda árvore, o vinho e o azeite traríamos aos sacerdotes, às câmaras da casa do nosso Deus; os dízimos da nossa terra, aos levitas, pois a eles cumpre receber os dízimos em todas as cidades onde há lavoura [...] (TEIXEIRA, 2009, p.19-21).

Apesar de não terem direito à herança, pois a sua herança é o Senhor, a tribo de Levi tinha o direito devido aos sacerdotes, da parte do povo, que oferecem sacrifícios, seja de gado ou rebanho, de cereais, do vinho e do azeite. Os sacerdotes recebiam as primícias até da tosquia das ovelhas, pois o Senhor os escolheu de entre todas as suas tribos para ministrar em nome D’Ele. Quando um levita era enviado à outras cidades, dentro de Israel, para ministrar em nome do Senhor, como também os levitas que ali assistiam perante Deus, porção igual à deles teriam para comer, além do seu patrimônio.

[...] O sustento dos sacerdotes era fruto do dízimo de todos os habitantes de Israel. A entrega dos primeiros frutos era algo natural. Os israelitas eram dizimistas não só no que produziam, mas no dinheiro também. Eram fiéis, pois reconheciam a bênção de Deus sobre sua vida. Eles entregavam tudo aos sacerdotes como se estivessem entregando a Deus. (TEIXEIRA, 2009, p.22).

Na época do Velho Testamento a economia estava baseada na troca dos produtos agropecuários produzidos pelo povo. Sustentar os sacerdotes não era apenas uma forma de reconhecer as bênçãos que Deus derramava sobre o seu povo, mas uma forma de cumprir seus mandamentos. Aos sacerdotes foi delegada a tarefa de cuidar de todos, logo todos são responsáveis pelo seu sustento. Era uma troca justa, pois estes não tinham direito a herança, doações de terra ou mesmo viver do sustento dela. Estando tranquilos quanto ao seu sustento e a certeza de que suas famílias estariam bem assistidas, os sacerdotes poderiam dedicar-se plenamente aos cuidados do povo.

À casa do tesouro, trazei todos os dízimos, para que possa haver mantimento na minha casa, e a mim provai, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não abrir nos céus, as janelas para derramar sobre vós bênçãos sem medida. O devorador eu repreenderei por vossa causa, e o fruto da vossa terra, não irão devorar, e não se tornará infrutífero contra vós no campo o fruto da vide, diz o Senhor dos Exércitos. E vos chamarão abençoadas todas as nações; vós sereis uma terra de deleite, diz o Senhor dos Exércitos. (FERREIRA, 2002, p.804).

O mantimento da casa de Deus, tratada na citação acima como ‘Casa do Tesouro’, reflete a importância dos dízimos e ofertas para o sustento de toda obra de Deus e dos seus sacerdotes. Por esse motivo, o capítulo 3 do livro do profeta Malaquias é o mais citado e conhecido dentre todos os outros que tratam dos dízimos na bíblia. Os melhores e primeiros frutos deveriam ser entregues, ou seja, não eram entregues apenas os primeiros frutos, mas os primeiros dos melhores frutos. Havia uma preocupação com a qualidade dos frutos e do rebanho dado ao Senhor e aos sacerdotes. A concepção da importância da pessoa do sacerdote estava em que, por serem homens de Deus, não mereciam qualquer coisa. Apenas o que havia de melhor poderia ser entregue a Deus, que seria utilizado para o sustento do sacerdote.

Segundo Teixeira (2009), “é preciso deixar bem claro que o sacerdote não poderia ter seu coração nas benesses advindas do Pai, e o sacerdócio não poderia ser visto como uma profissão”. O sacerdote é um escolhido de Deus, não é uma opção pessoal. O escolhido é separado, vocacionado e capacitado por Ele. Dessa forma, diferente dos dias atuais os sacerdotes não eram formados em universidades ou levantados por vontade humana. Como também, a utilização do cargo eclesiástico de sacerdote não era considerada uma profissão e a remuneração não era realizada da forma escolhida por homens, mas sim, por Deus. E, justamente por ser uma escolha divina, os sacerdotes não criaram uma comissão de pessoas de outras tribos para mostrar transparência ao povo. Os dízimos e ofertas eram entregues a eles e eles mesmos os administravam. A função exercida pelos sacerdotes era tão respeitada que, até o povo altamente murmurador, os quais andaram com Moisés no deserto, não ousavam ir contra o sustento dos levitas.

A semelhança entre os sacerdotes e os profetas é que, os profetas também eram sacerdotes, em sua predominância. Contudo a diferença estava na forma em que se davam suas atividades. Os homens que exerciam o sacerdócio cuidavam do povo, mas a sua finalidade era cuidar da Casa de Deus. Já os profetas realizavam um trabalho mais expansivo, pois pregavam a Palavra de Deus, estavam mais próximos do povo e não gozavam do mesmo respeito e cuidados dedicados aos sacerdotes. Quase sempre viviam de doações do povo e constantemente sua integridade física estava ameaçada. Há o exemplo do profeta Elias, no livro de I Reis, o qual ousava desafiar o poderio da rainha Jezabel e sofreu consequências terríveis, como ameaça de morte.

Uma das passagens que é muito comentada é o encontro de Elias com a viúva de Sarepta.

[...] Ele a chamou e lhe disse: Trazei-me um bocado de pão na tua mão. Porém ela respondeu: Tão certo como vice o Senhor, teu Deus, nada tenho cozido; há somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e, vês aqui, apanhei dois cavacos e vou preparar esse resto de comida para mim e para o meu filho; comê-lo-emos e morreremos. Elias lhe disse: Não temais; vai e faze o que disseste; mas primeiro faze dele para um bolo pequeno e traze-mo aqui fora; depois, farás para ti mesma e para teu filho. (SHEDD, 1994, p.512).

À primeira vista, a passagem que trata de Elias e da viúva de Sarepta, para aqueles que não têm uma compreensão verdadeira da Palavra de Deus, parece um ato de extremo egoísmo e insensibilidade, já que a infortunada viúva iria morrer por causa da seca e da falta de mantimentos. No entanto, o profeta Elias, que também era um sacerdote, exigiu o que era correto. A melhor parte teria que ser usada para sustentar os homens que vivam exclusivamente para Deus. A viúva, ao entregar, sem reclamar, a parte devida ao profeta, foi abençoada de forma sobrenatural, havendo uma multiplicação tal que sua comida nunca mais faltou. O alimento fornecido pela viúva não está caracterizado como dízimo, pois ela deu ao profeta Elias, todo o alimento que possuía. O ato de reverência ao profeta e a fé em suas palavras foi o agente que motivou a realização do milagre de Deus.

O V.T. se encerra com a subversão dos sacerdotes, o roubo dos dízimos e ofertas, as cerimônias de sacrifícios de animais com defeitos e pães imundos, a morte dos profetas do Senhor, o que muito lhe acendeu a ira. Contudo, mesmo com o crescente número de sacerdotes que agiam com hipocrisia, o V.T. é finalizado com a promessa da remissão dos pecados.

4. A REMUNERAÇÃO ECLESIÁSTICA NO PERÍODO NEO TESTAMENTÁRIO

4.1. JESUS IMPLANTA UM DIFERENTE SACERDÓCIO

No Período Neo-Testamentário ocorreram mudanças importantes relacionadas ao sacerdócio. Surgiu Jesus, descendente da tribo de Judá, a qual não tem ligação alguma com o sacerdócio, sendo este pertencente a tribo de Levi, para exercer um sacerdócio eterno. Dessa forma, Jesus assemelha-se com a ordem de Melquisedeque, pois é a ordem mais antiga que a levítica, a qual não se conhece a origem, mas que foi estabelecida também por Deus.

Jesus não era reconhecido como sacerdote pelas autoridades judaicas, mas obtinha a admiração devido a seus conhecimentos e linguagem erudita com pouca idade. A partir do alcance da maior idade, aos 30 anos, passou a exercer o seu ministério profético e conquistou a confiança de uma quantidade considerável do povo. Tais acontecimentos geraram preocupação no sinédrio, pois os sacerdotes perceberam a habilidade que Jesus possuía para influenciar as pessoas em massa. Chegou ao conhecimento das autoridades religiosas, os inúmeros feitos realizados por Jesus, como também, a ampliação dos seus seguidores, baseados no testemunho dos prodígios e maravilhas, milagres e curas, os quais faziam de Jesus um ser especial, merecedor de total dedicação e respeito. Esses acontecimentos acarretaram a insegurança dos sacerdotes da época e a ira dos mesmos levantou-se contra Jesus, ao ponto de planejarem a sua morte.

Quando Jesus foi morto e o véu do templo se rasgou, a função dos sacerdotes de serem intermediadores entre o povo e Deus, acabou! Jesus passou a ser o Sumo Sacerdote e único intermediador entre Deus e os homens. Os sacerdotes posteriores tinham outras funções, porém o acesso à Deus tornou-se livre, ou seja, todo homem poderia achegar-se ao Pai.

[...] E também Jesus já havia passado parte do segredo para aqueles discípulos. “Se vocês tiverem intimidade com o Pai como eu tenho, vocês vão poder fazer as obras que eu faço, e farão ainda obras maiores do que estas” [...] (HUBER, 2012, p.42).

Jesus reforçava a legalidade espiritual que os seus discípulos teriam mediante a busca da intimidade com Deus. O papel do sacerdote como intermediador realmente havia se extinguido. Assim, houve a mudança das ordens e linhagens levítica e de Melquisedeque, para os ministérios sacerdotais.

4.2. O SURGIMENTO DOS MINISTÉRIOS E SEUS AUXILIARES

Os ministérios sacerdotais são conhecidos como Ministério Quíntuplo, pois são formados por cinco cargos principais e estratégicos para o desenvolvimento da igreja.

O texto mostra que Deus colocou na igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres para equipar os santos. Algumas traduções falam em aperfeiçoar os santos. Na realidade, essa palavra grega quer dizer cinco coisas: equipar, aperfeiçoar, treinar, edificar e ensinar. (HUBER, 2012, p.24).

A finalidade da criação do Ministério Quíntuplo citado na epístola de Paulo aos efésios 4.11-13 é equipar os santos para que todos possam operar no ministério. Todos têm o mesmo grau de importância e responsabilidade. Contudo, cada ministério tem suas peculiaridades. O apóstolo é um enviado, aquele que vai na frente. Seu papel é expandir as fronteiras da igreja, supervisioná-la, entre outras atividades. No N.T. os apóstolos foram os pilares da igreja. Foi a primeira autoridade constituída por Jesus para o estabelecimento da igreja. O profeta é quem fala em nome de Deus, a quem é porta-voz e representante. O evangelista é aquele que equipa os santos para que estes façam a obra do ministério. É aquele que tem a responsabilidade de criar meios evangelísticos para levar o homem ao conhecimento de Deus. O Pastor tem um papel misto. Pois, não somente cuida das ovelhas, mas ensina, exorta, prega a Palavra de Deus. O Mestre é aquele que ensina o conhecimento e os valores das Escrituras Sagradas.

Para o auxílio dos componentes do Ministério Quíntuplo, existem os considerados sacerdotes auxiliares. Podem ser citados os diáconos e presbíteros. Os diáconos tinham a função de servir a mesa e auxiliar nas funções sacerdotais. Os presbíteros tinham a responsabilidade de realizar as mesmas atividades de ensino, serviços, tomada de decisões e auxiliar no serviço pastoral.

4.3. O SUSTENTO PASTORAL NO NOVO TESTAMENTO

O sustento dos trabalhadores da obra de Deus no Novo Testamento acontece de forma diferente à dos sacerdotes do V.T. No V.T. somente os sacerdotes eram sustentados pelos dízimos e ofertas do povo. Os profetas sobreviviam de doações e caridade das pessoas. Já no N.T. após o surgimento de Jesus, a característica dos recebimentos pelos serviços prestados à Casa de Deus, ganhou outro perfil. Alguns sacerdotes passaram a ser bivocacionados. Jesus é um exemplo claro. Era carpinteiro, porém, ao iniciar o seu ministério procurou dedicar-se exclusivamente à este. Não há relatos concretos que Jesus tenha se mantido através da sua profissão de carpinteiro. Entretanto, por não ser reconhecido como sacerdote pela igreja judaica, Jesus não desfrutava dos privilégios e sustentos do sinédrio. Embora, após a morte e ressurreição de Jesus, acontecessem mudanças significativas para os ministérios levantados por ele, o sinédrio continuava a ser sustentado pela igreja, enquanto os que eram da parte de Cristo exerciam atividades paralelas para sobreviverem.

Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho! E, por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada. Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo, para não abusar do meu poder no evangelho (1 Co 9. 16-18). [...] Essa paixão existia apesar da perseguição sofrida por causa do seu ministério [...] Paulo sabia que Deus o chamara para o ministério, e nada lhe poderia enfraquecer a paixão pela chamada. (BICKERS, 2009, p.66).

Paulo amava o ministério entregue em suas mãos. Porém, Paulo sabia que fora chamado para servir como pastor bivocacionado. Enquanto ministrava em corinto, ele ficou com Áquila e Priscila porque eles também eram fabricantes de tendas, e os três trabalhavam juntos.

O apóstolo Paulo disse em 1 Tessalonicenses 2.9: Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus. Sabe o que Paulo estava dizendo? Que ele era produtivo! (MALAFAIA, 2010, p.15).

Quando Paulo escreveu as duas cartas aos tessalonicenses, disse que, quando ministrou a eles, atendeu as próprias necessidades pelo trabalho secular que fazia para que não fosse um fardo financeiro para eles. Contudo Paulo tinha a consciência que a fadiga é a maior inimiga do pastor bivocacionado. E expressa isso claramente quando diz que trabalhou dia e noite e ainda pregou o evangelho de Deus. Essa mensagem do apóstolo Paulo não condena aqueles que vivem da obra. Paulo possuía discernimento suficiente para compreender que, algumas vezes, seria necessário que ele trabalhasse secularmente para que a obra não fosse atingida e sobrecarregada em ter que sustentá-lo.

Nossa vocação é nosso chamado para servir a Cristo; nossa ocupação são os trabalhos que realizamos para obter nosso sustento neste mundo. Somos chamados a colocar nossa ocupação a serviço da nossa vocação [...] (CEDAR; HUGHER; PATTERSON, 2001, p.40)

Paulo era dedicado a obra de Deus e foi um exemplo claro de pastor bivocacionado. Ao trabalhar fazendo tendas, ele pôs a sua ocupação a serviço da sua vocação. Pois foi através do ganho com a sua atividade secular que ele não se tornou um fardo para os irmãos da igreja de Tessalônica. No N.T., além de Paulo e Jesus, que possuíam profissões, há Lucas, que era médico e os apóstolos Pedro, André, Tiago e João, os quais eram pescadores. No momento em que Jesus ordenou que Pedro pescasse um peixe e tirasse da sua boca um estáter para o pagamento do imposto dos dois, Pedro utilizou a habilidade da sua antiga ocupação para obedecer a ordem de Jesus. O que caracterizou que a ocupação de Pedro esteve a serviço da sua vocação de apóstolo que, acima de tudo, era obedecer a voz do seu Mestre Jesus.

Na bíblia consta que, os que trabalham para a obra de Deus, tem o direito de serem sustentados pela igreja, pois, como afirma o apóstolo Paulo na 1ª epístola a Timóteo 5.18, o trabalhador é digno do seu salário. Portanto, aquele que se dedica plenamente ao trabalho da obra do Senhor, tem o direito de ter suas necessidades supridas. Salvo se, a obra em questão, não tiver condições de manter o seu trabalhador. Então, como o apóstolo Paulo, o trabalhador não deverá tornar-se peso para ninguém, mas sim, contribuir com a obra com trabalhos paralelos a esta.

Segundo Piper (2009), “o apóstolo chega a chamar o dinheiro recebido da igreja de ‘oferta de aroma suave, um sacrifício agradável a Deus’[...]”. Paulo referia-se ao donativo recebido pela igreja de Filipo, no momento em que estava na Macedônia e não obteve nenhum tipo de ajuda para manter-se. Da mesma forma, a igreja de Filipo ajudou abundantemente no sustento das necessidades do apóstolo Paulo, até mesmo quando este se encontrava em Tessalônica. Por esse motivo, Paulo caracterizou todas as doações, as quais recebeu das mãos de Epafrodito como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. A igreja de Filipo compreendia e incentivava o trabalho missionário de Paulo.

O notável apóstolo Paulo, o homem que mais escreveu no Novo Testamento, falou com muita propriedade sobre a vida de um atalaia da verdade, o pastor. “Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho [...]” (TEIXEIRA, 2009, p.35).

Em sua predominância os ministros da igreja primitiva recebiam sustento integral. Por sua vez, Paulo procurava sustentar-se através de trabalho manual para demonstrar sua integridade e evitar qualquer conceito negativo de novos convertidos. Entretanto, Paulo sabia que tinha o direito de obter ajuda para seu sustento, devido a dedicar-se plenamente à obra de Deus e zelar pela vida daqueles a quem conquistava para Cristo. Mas, no decorrer de sua vida ministerial, Paulo permitiu-se ser custeado pelas doações dos irmãos de algumas localidades em que a igreja de Cristo foi estabelecida por ele e por outros líderes. Todavia, Paulo tinha a percepção que havia líderes que eram extremamente gananciosos, manipuladores, os quais queriam usufruir do direito de serem sustentados pela obra, mas não queriam trabalhar.

Conforme afirma Malafaia (2010), “Paulo disse: Se alguém não quer trabalhar, não coma também. O apóstolo enfatizou isso devido haver alguns obreiros que estavam vivendo às custas do trabalho dos outros, dando mau testemunho, e trazendo vergonha à igreja”. A preguiça é apontada nas Escrituras Sagradas como algo negativo. Da mesma forma, a negligência com a obra de Deus é suscetível à penalidades provenientes do Senhor. Pois, a preguiça em trabalhar na obra de Deus torna-se um agravante ao pecado, como também, o amor ao dinheiro.

O apóstolo Pedro escreveu para os líderes do Novo Testamento: “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo” (1 Pe 5.2). Em outras palavras, não deixe que o seu ministério seja controlado pelo dinheiro! (TOLER, 2011, p.62-63).

O ministro tinha que ter vocação, dedicação e disposição para o labor da obra de Deus. Realizar o trabalho na obra para valer-se do direito ao sustento era ser medíocre com todo o processo que havia em ser um bom obreiro na Casa do Senhor. A motivação dos ministros deveria vir do amor ao Senhor, amor ao próximo e a vontade de fazer o ide que Jesus ordenou. Realizar a obra por mero ganho financeiro refletia em um trabalho fantasioso e improdutivo, o qual camuflava o verdadeiro papel do pastor na obra como um todo. Este entrava em condenação, pois se tornava um tipo de mercenário religioso, aproveitador e oportunista, o qual se assemelhava a uma erva daninha no campo em que a semente, que é a Palavra de Deus, estava sendo plantada e ganhava crescimento.

De acordo Ifanger (2010), “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente [...]”. O autor cita o versículo 10, capítulo 48 do livro do profeta Jeremias. Essa afirmação consiste na cobrança de Deus para com aqueles que executam o trabalho na sua obra com desprezo. Deus quer que sua obra seja feita com zelo e obediência, de acordo com seus propósitos. Justamente por ser a obra pertencente ao Senhor e não ao homem, tem que ser dado o melhor de cada um. Surge assim a necessidade de aperfeiçoamento de todos os trabalhadores, a sua capacitação e o esforço mútuo para que todos façam o melhor. É necessário que todos, mas que, principalmente os ministros, tenham o comprometimento em realizar um trabalho excelente para engrandecer a obra de Deus e alcançar á muitos.

5. O SUSTENTO PASTORAL NOS DIAS ATUAIS

5.1. A TRANSIÇÃO DA IGREJA PRIMITIVA PARA A ATUALIDADE

A transição dos acontecimentos do Novo Testamento para os dias atuais é marcada por grandes modificações no corpo da igreja como um todo. A igreja passou a exercer um papel tímido perante a sociedade, a qual, em sua predominância, obedecia à igreja católica. Mudanças importantes ocorreram através manifesto de Martinho Lutero, entre outros protestantes, caracterizadas como reformas, as quais modificaram o perfil da igreja perante a sociedade, expandindo assim, a sua atuação e ampliando suas funções, que antes tinham mais abrangência na área religiosa, passando também a expandir-se na área social.

A igreja protestante, conhecida atualmente como igreja evangélica, expandiu sua atuação na sociedade. Foram criadas escolas de ensino básico, as quais perpetuavam o ensino religioso e acrescentavam valores concernentes à família, a moral e bons costumes, e a atuação do ser como cidadão, munido dos seus direitos e conscientes dos seus deveres. Foram fundadas escolas de ensino superior, as quais mudaram a visão do evangélico como um ser limitado, de pouca instrução, para um ser graduado.

A necessidade de alcançar maiores níveis de estudos e uma posição sólida na sociedade, mobilizou a igreja a ser mais participante de ações sociais, entre outras ações.

O Centro Social Evangélico do Sacomã, segundo os arquivos da entidade, foi fundado em 14 de junho de 1964, por iniciativa de membros da Igreja Presbiteriana Independente (IPI) do Sacomã. Um de seus fundadores, Presbítero Hilder Stutz, informou que o Ceses foi criado visando a atuar de forma efetiva junto às áreas de exclusão social do bairro, buscando trabalhar, a partir de sua origem, em parceria e cooperação com segmentos tanto da iniciativa privada como de órgãos públicos. (RUAS, 2012, p.53).

A igreja não está voltada somente para a educação básica e superior. Ela é mais abrangente e expansiva. Sua atuação tem cooperado com os órgãos públicos quando são realizadas ações que contribui com a melhoria de toda população. Centros de recuperações são fundados e sustentados pela igreja evangélica, seus internos, drogados e alcoólatras, são reabilitados, alimentados e gozam de auxílio médico. Em muitas instituições os internos aprendem ofícios que os profissionalizam e os ajudará a obter sustento lícito, como também, presta apoio psicológico aos familiares envolvidos. A igreja também volta-se para o apoio psicológico na área prisional. Os detentos são acompanhados por grupos específicos, preparados para atuarem nos ambientes carcerários, os quais motivam os infratores a mudarem seus ideais de vida, os acompanhando até a sua soltura e, após isso, acompanhando-os numa nova jornada, fora da prisão e dentro das igrejas, reabilitando-os a viver e a respeitar as pessoas e as normas da sociedade na qual está inserido.

A função da população evangélica aplica-se também em prestar apoio às pessoas que vivem em estado de miséria, levando alimentos, roupas, agasalhos, água, remédios, fazendo assim, a obrigação que compete ao Estado. Outra área de atuação significativa das igrejas tem sido os cursos gratuitos, os quais ensinam artesanato, música, teatro, entre outras atividades, as quais socializa a população, auxilia na retirada de crianças e jovens da marginalidade, trabalham com adultos e idosos, proporcionando momentos de lazer a todos os envolvidos.

A população evangélica também tem avançado no campo da política. Há um número significativo de evangélicos na câmara de deputados, de vereadores e nos demais cargos políticos.

Alguns pastores saltam para dentro da arena política com os dois pés, o que nos leva a reavaliar nossa posição quanto ao envolvimento político. Centenas de milhares de cristãos estão se tornando politicamente ativos. O direito religioso é uma forma que não pode ser desconsiderada [...] Porque os evangélicos se deixariam representar por feministas radicais, por liberais que defendem o movimento gay ou por defensores do aborto? Temos nossa própria pauta e o direito de ser ouvidos. Talvez as urnas falem mais alto que as palavras. (LUTZER, 2000, p.63).

Algumas vezes é perturbador ouvir pastores falando de questões que deveriam ser deixadas nas mãos dos políticos. Outras vezes, não é fácil ver os pastores utilizarem os púlpitos como plataforma de campanhas políticas. Contudo, se não houvesse representantes evangélicos na política, os valores defendidos por tais já teriam sido violados. É evidente que, em inúmeras situações, ocorrem confusões desnecessárias devido às demonstrações agressivas de intolerância. Os evangélicos acabam por ganhar uma postura de intolerantes e impositores de sua religião. O que requer maior cautela de cada um que representa a Cristo.

5.2. O SACERDÓCIO ATUAL E SUAS PECULIARIDADES

Com a evolução dos trabalhos desenvolvidos pela igreja evangélica, ampliou-se o quadro de sacerdotes e seus auxiliares, ganhando assim, diversas nomenclaturas, tais como: Apóstolo, Bispo, Pastor, Capelão, Evangelista, Missionário, Presbítero, Reverendo, Oficial, Aspirante, Diácono, Obreiro, entre outros, originados da diversidade dogmática de cada ministério.

É importante ressaltar que, nos dias atuais, a mulher tem ocupado, em grande parte dos ministérios, cargos eclesiásticos que anteriormente só era permitido aos homens. Isso representa uma mudança considerável no perfil da igreja, se comparado com as tradições milenares. No entanto, ainda há resistência por parte de algumas congregações, em reconhecerem ou aceitarem tais mudanças.

Diaconisa – mulher cristã que servia no diaconato em uma igreja [...] A tarefa de diaconisa era semelhante à de diácono. Sua responsabilidade espiritual era essencialmente a mesma, com exceção de que a diaconisa provavelmente exercia um ministério exclusivamente entre as mulheres, particularmente nos primeiros anos da igreja. (YOUNGBLOOD, Et. Al, 2004, p.414).

Nas igrejas evangélicas nem sempre são encontrados ocupantes para os cargos. Em determinadas igrejas, alguns dos cargos eclesiásticos citados anteriormente, não fazem parte de sua estrutura organizacional. Contudo, em sua predominância, o cargo de Pastor é o mais encontrado. Por esse motivo surgiram inúmeras instituições as quais oferecem cursos de formações de pastores. Sendo este cargo o de mais evidência nas igrejas, são ofertadas palestras, congressos, entre outros eventos, os quais contribuem para o aperfeiçoamento deste público alvo.

Com o crescimento das igrejas evangélicas em todo o mundo, surgiu a necessidade de aperfeiçoamento dos líderes. Os pastores já não são mais pessoas mal formadas, de péssima dicção e má fluência verbal, como era o perfil dos mesmos antigamente. A liderança da igreja tornou-se um público seleto, mais exigente, a qual procura aprimorar-se, dia-a-dia, para exercerem seus ministérios com qualidade e eficácia.

O pastor deve ser um homem de visões, não no sentido dado por alguns, como aparição fantástica. Não. O pastor há de ser o homem de visões firmes porque descortina, de longe, possibilidades de grandiosas realizações no Reino de Deus. [...] Hoje tem condições de expandir-se e realizar uma grande obra. Ou pode-se dar o caso de grandes empreendimentos educacionais, de evangelização, empreendimentos sociais dentro da comunidade em que está inserida a igreja. O pastor de visão alargada não vê limites para a atuação de seu rebanho. (FERREIRA, 2011, p.16).

Os líderes das igrejas, antes de tudo, devem ser empreendedores. Não somente no que tange o crescimento do número de membros, das ações sociais ou, até mesmo, da expansão do ministério para outras localidades. Os líderes devem ter uma visão de futuro, ser empreendedores, principalmente, de si mesmos. Quando o líder procura aperfeiçoar seus conhecimentos, abre-se um leque de possibilidades no que se refere ao seu crescimento como pessoa e como ministro. A obtenção da qualificação permite ao ministro tornar-se mais crítico, humano, estratégico, o que dá ao ministério um perfil mais humanista e menos tradicionalista.

Igrejas de grande porte têm investido em conferências, congressos, seminários, workshop, palestras e cursos que possibilitem a troca de conhecimentos com líderes de diversas denominações. O objetivo principal é fortalecer os laços entre irmãos, independente de seus ministérios. Também visam galgar direitos que protejam a atuação e a melhoria do trabalho evangélico na sociedade. Surgiram oportunidades nas áreas militares para Capelães evangélicos devido ao crescimento do número de seguidores. Atualmente, a Marinha, Exército, Aeronáutica e a Polícia Militar de algumas localidades promovem concursos públicos para a ocupação do cargo de 1º ou 2º Tenente na área religiosa, dividindo-se em Capelão Católico e Capelão Evangélico. Tais instituições exigem formação de Nível Superior na área de Teológica, sendo que, algumas das forças militares exigem comprovação de atuação do candidato como Pastor evangélico, tendo experiência de, no mínimo, três anos.

A igreja passa por grandes avanços. Líderes que antes não possuíam formação superior, hoje tem a possibilidade de graduar-se em inúmeras instituições de Ensino Superior na área Teológica, sendo que, até mesmo o MEC já reconhece o curso em tais entidades. Contudo, há uma grande quantidade de instituições as quais não possui cursos reconhecidos pelo MEC, mas que dedicam-se a formação e ao aperfeiçoamento ministerial de todo o corpo da igreja. Pode-se citar o STPLM – Seminário Teológico Paulo Leivas Macalão, com filiais em diversos estados do Brasil, o qual oferece cursos de Nível Básico na área teológica. Existe também a FATAD – Faculdade Teológica das Assembleias de Deus, com sede na cidade de Brasília-DF, a qual oferece cursos diversos de Nível Superior e Médio, os quais são somente autorizados pelo MEC. Entretanto existe a possibilidade do graduando, após formar-se na citada faculdade, convalidar o seu curso de Nível Superior, numa faculdade que seja reconhecida pelo Ministério de Educação e Cultura – MEC.

O MTE – Ministério do Trabalho e Emprego também reconhece a ocupação de diversos cargos religiosos.

A CBO é o documento que reconhece, nomeia e codifica títulos e descreve as características das ocupações no mercado de trabalho brasileiro. Sua atualização e modernização se devem às profundas mudanças ocorridas no cenário cultural, econômico e social do País nos últimos anos, implicando alterações estruturais no mercado de trabalho. (BRASIL, 1982).

A CBO – Código Brasileiro de Ocupação abrange, entre seus inúmeros cargos, os que se referem aos que compõe as principais lideranças evangélicas. Os códigos dividem-se em: 2631-05 o que tem por título ‘Ministro de Culto Religioso’ e seus derivados, 2631-10 o de ‘Missionário’ e suas variações e por último o 2631-15 que tem por título ‘Teólogo’. Pode se observar que, nos três códigos, a função de ‘Pastor’ está presente.

Da mesma forma que a igreja evangélica conquistou inúmeros direitos, também foram delegados diversos deveres. A igreja necessita cumprir exigências legais para que seja reconhecida pelos poderes públicos das áreas municipais, estaduais e federais. A igreja precisa ter registro no CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, como também deve possuir alvarás de funcionamento, de imagem, estrutura física, obediência ao limite de segurança, utilizando extintores, entre outros exigidos através da avaliação da estrutura física do local e da quantidade de pessoas frequentadoras do ambiente.

No decorrer dos anos, as igrejas sentiram a necessidade de se organizarem. Assim, surgiram os conselhos, as convenções, confederações, associações, entre outros. Alguns são da mesma linhagem de igrejas e outros são interdenominacionais. Sendo o objetivo principal a organização e o estabelecimento da igreja em várias áreas, tais como, ensino, missões internas e externas, preparação e ordenação de outros líderes, para que a igreja possa prestar um serviço de qualidade e excelência, sendo supervisionados e orientados por líderes superiores da igreja local, como também, das igrejas em outros territórios.

O Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, sucessor da Junta Executiva da Convenção Batista Brasileira, é um órgão de natureza religiosa e sem fins lucrativos, que planeja, coordena e avalia o trabalho cooperativo global realizado pela Convenção Batista e executa as decisões destas, ressalvadas as atribuições das demais juntas e entidades da Convenção. (FERREIRA, 2002, p.80-81).

O Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira é regido por princípios cristãos de orientação evangélica batista. O dito conselho segue fielmente as normas da Convenção Batista Brasileira – CBB, em cujas assembleias são apresentados relatórios anuais dos seus trabalhos, seus planos para o novo exercício e o balanço de suas contas. Assim acontece com outras denominações, as quais são regidas e representadas por suas convenções, confederações, entre outras entidades. A Convenção Batista Brasileira é representada mundialmente pela Aliança Batista Mundial, à qual estão filiadas mais de 150 convenções batistas.

Fundada em 1905, em Londres, a Aliança Batista Mundial é uma associação voluntária, através da qual os batistas de todo o mundo operam juntos para o cumprimento da Grande Comissão. Ela se reúne de cinco em cinco anos. Sua finalidade é reunir os batistas de todo o mundo, ligados pelo mesmo laço de fraternidade, serviço e cooperação.

No Brasil existem outras Convenções Batistas, como a CBN – Convenção Batista Nacional e a Convenção Batista Baiana. Sendo que outras denominações também possuem os seus Conselhos de liderança. São alguns deles: CGADB – Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil, CIMEB – Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil, CIEAB – Confederação das Igrejas Evangélicas Apostólicas do Brasil, CMEB – Confederação Nacional dos Bispos e Ministros Evangélicos do Brasil, UIECB – União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, CAB – Conselho Apostólico Brasileiro, RAMC – Rede Apostólica de Ministros Cristãos, Coalisão Apostólica Profética Brasileira e a Associação MDA. No nível internacional pode-se citar a ICA – Coalisão Internacional de Apóstolos.

Dentro desses conselhos são encontradas associações estaduais, regionais, nacionais e internacionais os quais apoiam trabalhos das igrejas em diversas áreas. Os trabalhos missionários, as orientações legais e jurídicas, os trabalhos sociais, as formações a nível de ensino, o uso correto dos meios de comunicações, apoio à publicações diversas, auxílio às implantações de igrejas, métodos e estratégias para sua expansão, orientação para a implantação de editoras, treinamento adequado para evangelismo em locais públicos e privados, entre outras atividades, estão expressamente ligados aos conselhos aos quais cada denominação está associada.

5.3. A COMPLEXA MENSURAÇÃO DA REMUNERAÇÃO PASTORAL

Em diversos países, inclusive no Brasil, as polêmicas quanto às remunerações dos líderes evangélicos tem ganho proporções assustadoras. Junto a diversos acontecimentos de repercussões negativas, a visão do sacerdote evangélico tem sido a pior possível. Tais fatos não tem permitido com que a sociedade reconheça a real finalidade do serviço pastoral e seu papel dentro da mesma.

Apesar do crescimento do número de evangélicos, até mesmo os seus adeptos têm dúvidas a respeito da legalidade do recebimento de remuneração para os pastores e outros líderes das igrejas. Severas discussões têm inspirado autores a tratarem do assunto em seus livros, como também, a mídia tem sido implacável quando o assunto é o que chamam de “salários dos pastores”. Ao pegarem amostras isoladas de repercussões negativas, o que tem sido passado à sociedade, é a imagem de que, o Pastor é um ser desocupado, oportunista e que se apoiam em seres mal instruídos para obterem ganhos ilícitos.

O Pastor, como qualquer outro cidadão, tem o direito de exercer a sua fé, o que não o impede de ter necessidades comuns a todos, obrigações a serem pagas e necessidades básicas a serem saciadas. O Pastor não é um profissional da fé, apesar de estar amparado por lei para a execução desse ofício, conforme afirma o MTE.

A visão que a sociedade tem dos líderes evangélicos está erroneamente fincada na distorção promovida pela mídia. Os Pastores e outros líderes nos dias atuais, em sua predominância, tem se preparado para exercer tais cargos. Há um investimento agressivo em estudos de Nível Médio, Superior, Pós-Graduações, Aperfeiçoamento, entre outros que os habilita a gerir e lidar com pessoas de todas as classes sociais e de culturas diferentes. É importante ressaltar que, mediante o crescimento da população evangélica, muitas pessoas têm se aproveitado para exercerem posições de liderança, a fim de garantirem recebimentos. O resultado tem afetado a todos os líderes, os quais são chamados de charlatões e desonestos, devido ao trabalho incorreto que alguns mercenários têm exercido e que acabam por manchar o verdadeiro perfil do Pastor evangélico.

A função do Pastor é eminentemente de orientador e responsável pela vida espiritual do seu rebanho, tendo sempre em vista a função da Igreja que é essencialmente cumprir o Ide ordenado pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo [...] Ao se priorizar preocupações não ordenadas por Cristo Jesus fica evidente o desvio da atividade eclesiástica, e isto não só para nós, os comuns na fé, mas também para a sociedade que pretendemos transformar. (FERREIRA FILHO, 2004, p.25-26).

É terrível quando muda-se o verdadeiro foco da atividade pastoral para a de mero ganho. Tal ação transforma a igreja em uma atividade mercantilista, dando a esta um perfil meramente comercial. A Casa de Deus não pode ser transformada numa tenda de negócios, pois todo o padrão da bíblia acabará distorcido e tal instituição será comparada ao templo infestado de vendilhões, pessoas abomináveis aos olhos de Deus, os quais foram reprovados e expulsos por Jesus.

Existe diferença entre salário e remuneração.

Salário é a contraprestação devida diretamente pelo empregador ao empregado pela prestação do serviço decorrente do contrato de trabalho. Em outras palavras, é o pagamento feito pelo empregador ao empregado pelo seu trabalho. [...] A remuneração abrange além do salário outros benefícios percebidos pelo trabalhador, que podem ser pagos tanto pelo empregador (participação nos lucros, por exemplo) como por terceiro (gorjetas). (OLIVEIRA, 2010).

No cargo de Pastor ou outro líder que receba vencimentos da igreja, este não poderá ser caracterizado como salário. No âmbito evangélico a remuneração tem diversas nomenclaturas: remuneração pastoral, sustento pastoral, sustento ministerial, rendimento eclesiástico, provento pastoral, a prebenda religiosa, subsídio, subsídio pastoral, subsistência ministerial, sustento financeiro, pagamento ou salário, congras, provento ministerial, honorário pastoral e múnus eclesiástico.

A CLT trata em seu artigo 457 o conceito de remuneração e salário, bem como, outros valores concernentes aos direitos trabalhistas dos empregados. Entretanto vale ressaltar que, o Pastor evangélico ou qualquer outro líder que receba remuneração das igrejas, não são amparados pela CLT, mesmo que haja um CBO para a ocupação de cada cargo perante o MTE.

O ofício pastoral não é regulamentado pela legislação brasileira. Equivale a dizer que no Brasil não há lei que estabeleça pré-requisitos para que alguém se torne ministro religioso de qualquer confissão. Por não existir lei regulamentadora, o registro em carteira da função de pastor é totalmente incorreto, pois ele não é empregado da igreja. Sua função é sacerdotal, espiritual e religiosa. (GARCIA, 2004, p.88).

As igrejas têm optado por assinar a CTPS dos seus pastores, como um meio de lhes garantir os mesmos direitos trabalhistas que qualquer empregado secular possui. Contudo, alguns ministérios já passaram por situações vexatórias, nas quais ex-colaboradores acionaram os mesmos na justiça, movendo causas trabalhistas. Por não ser amparado pela CLT, o Pastor evangélico ou qualquer outro líder, não tem direito a férias, recolhimento de FGTS, PIS 13º salário, entre outros benefícios, os quais, em diversas igrejas, são pagos. Até pelo fato das igrejas, perante a lei, serem instituições sem fins lucrativos. E, ao trabalhar como empresa secular, as igrejas divergem com a lei, no que se refere a sua natureza religiosa.

Em muitos ministérios, para garantirem seus direitos como trabalhadores, os líderes são bivocacionais, ou seja, exercem atividade secular e ministerial. Em outros ministérios, mesmo trabalhando com a CTPS assinada e amparados pela CLT em sua atividade profissional fora das igrejas, os líderes recebem remuneração pelo serviço prestado na Casa de Deus. Ainda existe uma terceira classe, os ministros que prestam serviço nas igrejas em tempo integral e, por não poderem dedicar-se a um trabalho secular, concomitantemente com o trabalho sacerdotal, optam pelos trabalhos nas igrejas e em contrapartida, são sustentados por ela.

Há aqueles que pensam que os pastores não deveriam receber salário da igreja e deveriam fazer como Paulo, trabalhar com suas próprias mãos e, ainda sim, realizar a obra do ministério. Há ainda outros que defendem a tese de que todo pastor deveria ter o seu próprio emprego e, no tempo que sobra, dedicar-se ao ministério. (LOPES, 2008, p.136).

As dificuldades que um Pastor que trabalha de forma bivocacional enfrenta são imensas. O desgaste físico, psicológico e emocional são pontos que desmotivam a continuação da obra, principalmente, se esta for realizada com dedicação e qualidade. Se o ministro possuir família, este tem que desdobrar-se em diversos papéis como, o de Pastor, o de funcionário da empresa secular, o de esposo ou esposa, o de pai ou mãe, entre outros que exigem igual dedicação para que não sejam negligenciados. Um Pastor que não recebe qualquer remuneração da igreja fica refém das normas impostas por sua empresa e que, na maioria das vezes, reflete em problemas ministeriais, os quais se acumulam por falta de tempo do líder. Por outro lado, quando o Pastor dedica-se ao emprego para garantir o sustento de sua família e dedica o restante do seu tempo ao ministério, acaba por negligenciar o seu papel como esposo, pai e chefe de família, o que pode acarretar em sérios problemas matrimoniais e familiares. Caso ocorram tais negligências o líder, direta ou indiretamente, pode ser o agente ativo causador do declínio da igreja a qual lidera, do seu ministério pastoral e, até mesmo, pode levar seu casamento à falência e a criação dos seus filhos a uma grande derrota, devido à sua ausência.

Os Pastores bivocacionais que, recebem salário das empresas as quais trabalham e recebem remuneração da igreja, acabam por iniciar sérios debates, pois se já recebem da igreja, não deveriam dedicar-se parcialmente a esta. Entretanto, muitas igrejas, devido a sua estrutura, não tem como remunerar seus líderes de maneira suficiente para o seu sustento e da sua família, o que os leva a trabalharem e receberem dos sois locais, os quais exercem atividades diferenciadas. Visando serem éticos, todos os que trabalham secularmente não deveriam receber remunerações de seus ministérios, para não serem pesados a esses. Entretanto, é algo a ser estudado, caso a caso, para que não haja injustiças, pois, todo trabalhador é digno do seu salário.

[...] Há igrejas que deixam seus pastores passando privações e pensam que estão agradando a Deus com tal mesquinhez. O apóstolo Paulo trata de forma clara esse importante tema do salário pastoral. [...] O salário pastoral é um dos grandes pomos de discórdias na igreja. Há pastores e famílias de pastores que carregam um peso no coração por não perceber que a igreja valoriza o seu trabalho e, portanto, não lhes dá um salário digno para viverem. Há igrejas que olham para seus pastores como se fossem exploradores e aproveitadores, e reclamam do salário que lhes pagam. (LOPES, 2008, p.135-136).

Muitos líderes trabalham em tempo integral e recebem uma remuneração do seu ministério. Nem sempre a remuneração paga a esses líderes supre suas necessidades básicas. Existem diversos fatores que levam a má remuneração. Algumas igrejas não possui arrecadação para proporcionar um pagamento digno ao seu líder. Em outras, a função pastoral acaba por ter uma avaliação depreciativa, como se fosse um trabalho não tão importante e justamente pouco remunerado. Tais situações repercutem em problemas na execução das atividades desses ministros. Visando arrecadar ajuda de custo fora do ministério, muitos líderes negligenciam suas atividades dentro da igreja, para executar outras externamente, as quais irão complementar financeiramente a sua remuneração.

Alguns líderes são atraídos por propostas de outros ministérios e, agindo sem ética, ou mesmo, sendo suas necessidades em larga escala, abandonam seus serviços em uma dada igreja e ingressam em outra. Por sua vez, existem também os líderes que não suportam a pressão das atividades realizadas no seu ministério e abandonam parte dessas. Assim, ganham uma remuneração por serviços prestados parcialmente como se fosse um pastor bivocacional. Tais atitudes têm gerado polêmicas dentro e fora das igrejas quanto ao recebimento ou não de remuneração, sua composição, a execução das atividades exigidas aos líderes e o valor correto para o seu pagamento. Esses acontecimentos tem distorcido a imagem religiosa da igreja evangélica e transformado a mesma em “negócio lucrativo”, como se fosse uma empresa altamente estratégica.

Para a composição da remuneração dos líderes devem existir vários fatores que estabeleçam o ranking dos valores a serem pagos. É necessário levar em consideração o porte da igreja, a quantidade de membros, o valor de dízimos, ofertas e doações arrecadados, a complexidade do trabalho do sacerdote naquele ministério, se o mesmo é casado ou não, se possui casa própria, veículo e a quantidade de filhos. Vale ressaltar também que é necessário observar a periodicidade a qual o Pastor participa de cursos de aperfeiçoamento, se participa de congressos e palestras com o intuito de adquirir mais conhecimentos e que venham a alimentar o seu rebanho, ou se, até mesmo, o Pastor tenha um trabalho secular, mas que precise de remuneração complementar. Em contrapartida, é necessário também verificar os gastos básicos da igreja. Se esta paga aluguel, se possui prestadores de serviços para a manutenção do local, o valor dos tributos obrigatórios nas esferas municipais, estaduais e federais.

O que poderia compor a remuneração pastoral, ou, a do restante da liderança da igreja? Muitos ministérios organizam, através de regulamentos, os pagamentos que serão realizados, bem como, os critérios para recebê-lo.

As igrejas batistas filiadas a OPBB – Ordem de Pastores Batistas do Brasil pagam no mínimo o valor de até seis salários mínimos aos seus pastores. Outras igrejas somente pagam a remuneração, ou mesmo, estipulam salários, mas contribui com o auxílio-combustível, aluguel de casa ou mesmo cede a casa pastoral, que é um imóvel pertencente à igreja e que fica à disposição do Pastor e da sua família, assistência médica e odontológica, salário família, 13º salário, férias, gratificação do dia do Pastor, recolhimento do INSS. Há igrejas que assinam a CTPS do Pastor como se o mesmo fosse um funcionário. A IPB – Igreja Presbiteriana do Brasil concede diversos benefícios aos seus Pastores e reembolsa o valor de 50% do recolhimento do INSS.

Muitas vezes o que temos visto são dois extremos: igrejas ricas e avarentas, que querem a todo o custo empobrecer o pastor, dando-lhe um salário mínimo, e igrejas modestas, que caem nas mãos de pastores irresponsáveis e insensíveis, que querem ter vida de marajá sem se importar com o que a igreja consegue arrecadar. Estes não têm “desconfiômetro”. (TEIXEIRA, 2009, p.44).

Este tem sido o verdadeiro “calcanhar de Aquiles” das igrejas. É imprescindível averiguar os dois lados. Quanto ao Pastor, deve-se verificar, não só questões familiares, moradia, combustível e outros benefícios, mas verificar o nível de escolaridade e todo o investimento em aprendizagem. Um líder que se preocupa em aperfeiçoar-se continuamente, deverá ter um salário digno de seus esforços e não somente ter suas necessidades básicas supridas. O líder, neste caso, deve ser comparado a um funcionário que possui o ensino básico e, com os anos, decide graduar-se e pós graduar-se. É necessário haver o incentivo da igreja, pois um líder que possui amplo conhecimento, poderá alimentar suas ovelhas com qualidade. Do outro lado está a igreja. Esta não poderá oferecer uma remuneração surreal aos seus líderes se não houver harmonia com suas arrecadações. Tal fato não caracteriza que a igreja não valorize o seu Pastor. Entretanto, esta não poderá pagar um alto salário ao líder e ficar com outras obrigações pendentes e persuadindo os membros a fazerem mais doações para honrar as dívidas. É primordial que haja uma conciliação entre os valores ingressantes e os que saem da instituição mensalmente. A situação em questão tem que ser compreendida pelo líder. Pois, se não há como remunerar o Pastor de uma forma que este necessite, então que ele venha a trabalhar secularmente, ou tenha estratégias para a ampliação das arrecadações. No entanto, que sejam estratégias corretas, plausíveis e dignas.

O que tem ocorrido em inúmeras instituições religiosas é a persuasão agressiva, desrespeitosa, regada a charlatanismo, pragmatismo, entre outras ações que causam escândalos e sujam o evangelho.

Se a igreja não tem como pagar a remuneração acrescida de todos os benefícios, é fundamental que haja uma avaliação do que é imprescindível. Algumas vezes o Pastor tem casa própria, mas quer morar mais próximo a igreja. Neste exemplo poderia apenas optar pelo auxílio-combustível. Se porventura o mesmo não possuir veículo próprio, a igreja deverá conceder o valor do transporte. No entanto é necessário que o Pastor tenha bom senso. Nem sempre a igreja possuirá veículo próprio. Se houver a necessidade do uso de condução coletiva, que tal meio seja utilizado. Afinal, o que está em questão é a necessidade da obra de Deus continuar. Dessa forma, todos os empecilhos para seu bom andamento devem ser extintos. Se a igreja não tem como custear assistência médica e odontológica, que pague somente o salário devido.

Por lei o INSS do Pastor tem que ser custeado por ele mesmo. Algumas igrejas assumem esse valor total ou parcialmente para auxiliarem o seu líder. Porém, dependendo da realidade desta, tal ajuda não será possível. A igreja Presbiteriana não somente contribui com 50% do valor do INSS do seu Pastor, mas também auxilia no pagamento do INSS da esposa deste. Pois visa que, poderá existir uma futura necessidade de amparo e possíveis ocorrências. A Igreja Presbiteriana do Brasil remunera seus pastores em, no mínimo, três salários mínimos até o piso máximo de cinco salários. Porém, exige que seus líderes possuam uma escolaridade mínima de Nível Médio em Teologia e levam em conta o seu tempo no ministério.

Quando um líder, por ordenança do seu ministério, é transferido para a igreja de outra cidade ou estado, é imprescindível que seja custeado pela igreja. Neste exemplo é necessário pontuar todos os itens possíveis, como alimentação, moradia e, todo custo de seus familiares, pois, foi por ordem da igreja que toda a sua família teve que migrar para outra localidade e isso causa transtornos iniciais consideráveis. Mexe com toda a rotina da família do Pastor. Assim, não cabe a igreja esquivar-se de tais responsabilidades.

Algumas igrejas fazem exigências para os ocupantes do cargo de pastores. No Programa De Frente com Gabi, o qual foi ao ar no dia 03/02/2013, o Pastor Silas Malafaia informou que, atualmente para compor o quadro de pastores da sua igreja, é exigido apenas que o membro tenha o Nível Básico de Teologia, o qual tem em média a duração de dois anos e, posteriormente, o mesmo passará por um curso interno com duração de em média seis meses, para aperfeiçoá-lo e para a transmissão da visão e valores do ministério. O Pastor Silas ressalta que, é um sonho seu para o futuro, mas que as exigências passarão a ser de formação mínima em Bacharelado em Teologia.

Segundo Batista Jr. (2013), “o evento da Eslavec é um exemplo do atual grau de profissionalização do negócio. ‘Temos muitos pastores em ação, mas poucos são verdadeiramente qualificados’, afirmou Malafaia”. Há uma preocupação notória de Silas com a qualificação do seu quadro de pastores. Também há o reconhecimento que o número predominante é composto por pastores pouco qualificados. O Pastor Silas Malafaia também possui critérios para remunerar seus pastores. Quanto mais qualificado seja o Pastor, maiores serão as igrejas que tomarão conta e, consequentemente, maior será o seu salário.

Dependendo da localidade e da extensão da igreja, os pastores têm que dominar a linguagem, possuir excelente fluência verbal, entre outros atributos, pois, o público dominante nessas igrejas é formado por grandes empresários, doutores, ou seja, um grupo de elite. Para pastorear um grupo desse nível, o Pastor tem que possuir competências em todos os níveis e uma excelente preparação.

Conforme afirma Batista Jr (2013), “Mais recentemente, Malafaia estabeleceu que, caso alguém de sua equipe seja aceito em qualquer curso da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ele financiará integralmente os estudos”. Essa é uma proposta extremamente desafiadora para qualquer líder. É evidente que, por se tratar da Universidade da Harvard, uma das melhores do mundo, a igreja que possui um membro com esse currículo, também gozará de grande prestígio. O incentivo do Pastor Silas Malafaia é um investimento para toda vida. Pois, o líder beneficiado terá mais que um benefício remuneratório. O conhecimento apreendido será de benefício perpétuo. É importante observar que, grandes ministérios pretendem formar grandes líderes e, a maior parte deles, não economiza para isso, o que demonstra a valorização do membro. Contudo, grande também são as exigências. Cabe a cada líder valorizar os investimentos que são feitos e os benefícios direcionados a eles. Vale ressaltar que a Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo possui uma arrecadação significativa, a qual proporciona e viabiliza recursos para que seus líderes planejem as estratégias eficazes para o bom andamento do ministério. Outras igrejas possui uma variação expressiva de suas arrecadações e, consequentemente, das remunerações pagas aos seus pastores.

Em alguns ministérios, dependendo do volume de atividades e da localidade, os pastores não recebem remuneração alguma, enquanto outros são custeados parcial ou totalmente. Isso exige um olhar minucioso do conselho para que não haja injustiças.

“Profissional bom, com o dom da palavra e comprometimento com o ministério, precisa ser valorizado”, defende Malafaia, o único entre os grandes líderes a expor a receita de sua igreja: segundo ele, 40 milhões de reais em 2012. “Meus discípulos ganham entre 4.000 e 22.000 reais. Também banco casa e escola para os filhos” [...]. (BATISTA JR., 2013, p.36).

O Pastor Silas Malafaia tem investido alto na remuneração dos seus pastores. Indagado pela imprensa sobre os altos valores salariais pagos aos seus pastores, Silas afirma que visa o bem estar, não só dos pastores, mas de seus familiares, pois, tendo suas necessidades supridas e de toda a sua família, o líder consegue ter a tranquilidade para exercer plenamente o seu ministério. No entanto, o ministério do Pastor Silas Malafaia, entre muitos outros, estão na mira constante da mídia, a qual exibe tais informações de maneira negativa.

Os salários da Universal variam hoje entre 1.500 e 10.000 reais, mas há cargos mais bem remunerados, como o dos chefes regionais [...] Valdemiro Santiago, da Mundial do Poder de Deus, faz um corpo a corpo para tirar gente dos quadros da Universal e da Internacional da Graça de Deus. “Ele oferece plano de saúde, aluguel da casa e salários maiores” [...] O teto salarial da Mundial é de 15.000 reais. “Em alguns casos, ela aumenta a remuneração fixa, concedendo de 8% a 10% da arrecadação das ofertas ao pastor [...]”. (BATISTA JR., 2013, p.36).

As maiores potências começaram a despertar a curiosidade e a revolta dos que não são evangélicos. Várias pessoas questionam o real destino do grande volume de dinheiro e quais as justificativas de salários exorbitantes.

Muitos fiéis são atraídos pela construção dos templos faraônicos e indiscutivelmente luxuosos e confortáveis. Porém ao avaliar os salários para suprir as reais necessidades, há um choque quando se compara o valor justo com o valor real ganho por determinados pastores.

A igreja evangélica começou a ter uma roupagem totalmente diferente da que foi idealizada a milhares de anos. Atualmente os líderes gozam de muito luxo, são extremamente exigentes e, por muitas vezes, seus ministérios assemelham-se a empresas seculares. Falta ética, princípios e caráter a muitos líderes, os quais “se vendem” devido ao famoso bordão do “quem paga mais leva”! O intuito da igreja evangélica é levar a Palavra de Deus e ganhar almas para Jesus. No entanto esse objetivo tem sido deturpado em alguns ministérios, os quais se assemelham à Igreja Católica da Idade Média, a qual possuía quantidade significativa das riquezas existentes, só sendo inferior aos grandes reinos.

A bíblia defende o pagamento do salário ao trabalhador, mas ressalta que é o “digno salário”. Na bíblia também consta uma passagem bem pertinente aos dias de hoje, em I Timóteo 6. 9-10, diz que: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”. É notório que muitos ministérios se aproveitam das pessoas doentes, com problemas familiares, mas o que mais atrai os fiéis atualmente é a “Teologia da Prosperidade”. Os líderes são treinados para lidar com as pessoas de forma a serem implacáveis na aquisição de dízimos, ofertas e doações extras, que muitas vezes contrariam a Palavra de Deus. Pessoas entregam objetos pessoais, cheques, vale transporte, entre outras coisas absurdas, pois receiam não serem abençoadas por Deus, sobre o persistente apelo de líderes que possui características mais voltadas ao estelionato do que a própria função pastoral.

Ações que fogem ao objetivo do evangelho já não são só perceptíveis aos que estão fora do meio evangélico. Muitos crentes, líderes ou não, tem um olhar crítico sobre tais questões e, uma minoria, ainda conserva a real essência do evangelho que é o amor à obra de Deus e ao próximo.

É pertinente remunerar os pastores e líderes que desenvolvam trabalhos nas igrejas, até para que estes sintam-se honrados, supridos e acolhidos por seus ministérios. Não há nada de errado em desejar ser próspero, até porque o Senhor quer que o seu povo o seja. A falha está em desejar a riqueza. Conforme disse Jesus no evangelho segundo Mateus 6.24: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”.

O evangelho tem se expandido nos dias atuais de maneira extremamente negativa. Existe mais tecnologia, investimento em estudos, mas o amor à obra de Deus tem se esfriado. As pessoas se tornaram mais capitalistas e interesseiras. De modo que, os que vivem em ministérios mais humildes são ridicularizados, excluídos dos eventos fenomenais. Tais acontecimentos geram, muitas vezes, desmotivação nos seus líderes e a consequência é que acabam seduzidos pelo “o que dá certo”!

Em alguns dos ministérios, os quais têm igrejas espalhadas pelo mundo todo, é vergonhoso detectar que, enquanto alguns pastores ganham uma remuneração baixa, outro, de outra localidade, ganha uma remuneração exorbitante, sendo que ambos executam a mesma função. E se forem avaliar, os pastores nas quais as igrejas estão localizadas em bairros periféricos, trabalham com mais exaustão que os que possuem igrejas em bairros nobres. Pois, nos bairros periféricos estão concentrados os maiores números de criminosos, drogados, mães de detentos, problemas de alcoolismo, pobreza, entre outros. Os pastores das igrejas mais humildes têm que se desdobrarem para dar suporte espiritual e emocional aos membros, para evitar que o desespero e as dificuldades do dia-a-dia os afastem dos caminhos de Deus.

Ao comparar a remuneração dos líderes do V.T., do N.T. e dos dias atuais é possível constatar a crescente variação da escala de valores. No Velho Testamento e no Novo Testamento, os líderes eram sustentados pela congregação no que realmente necessitavam. Em alguns momentos os líderes trabalhavam para não serem pesados aos membros da igreja, o que foi o exemplo de Paulo. Os líderes da igreja evangélica eram supridos em alimentação, moradia e custos reais. A liderança dos dias atuais, além das necessidades básicas, ainda goza, em sua maioria, de estudos, os quais são assumidos pela igreja, além de alguns confortos como: viagens diversas, participações em eventos de caráter grandioso, os quais alimentam mais o ego do que a igreja que o patrocinou, confortos e luxos. As necessidades de grande parte da liderança foram acrescidas de carros, jatinhos, casas de praia, casas de luxo, entre outros, os quais na verdade, não são necessários e os quais não deveriam ser financiados pelas igrejas. Os desejos materiais de cada líder devem ser financiados pelo valor que este ganha e não acrescido ao valor devido, como direito a aquisição extra, como ocorre em muitos ministérios. Os líderes do V.T. e do N.T. viviam de forma simples, porém digna. Os líderes atuais querem viver como reis. Tais ambições têm feito com que caminhem pela ‘porta-larga’.

Para que haja uma remuneração justa aos líderes, é indispensável analisar o grau de escolaridade de cada um, a periodicidade com que procura aperfeiçoar-se, se possui moradia própria, se trabalha ou é aposentado, se possui família, qual o número de filhos e suas idades, como também, qual o valor do numerário arrecadado pela igreja mensalmente, quais os seus gastos e quais os possíveis investimentos a serem feitos no ministério. Após uma criteriosa avaliação, o conselho deverá estipular um valor coerente que permita ao Pastor e a sua família viverem com dignidade.

[...] Há dois extremos quanto à questão do salário do pastor. O primeiro deles é quando o pastor age como um mercenário e ama mais o dinheiro do que a Jesus e suas ovelhas. Aqueles que agem assim são pastores de si mesmos. Amam mais o lucro do que o ministério. Vivem para se servir das ovelhas, e não para servi-las. São exploradores do rebanho, e não pastores do rebanho. O segundo extremo é a negligência das igrejas em pagar um salário digno para seus pastores. (LOPES, 2008, p.135).

Há a necessidade de analisar as remunerações de forma profunda. Tem que haver generosidade com o Pastor das ovelhas de Deus. Entretanto, é necessário que seja pago o justo salário. Não pode haver desperdícios com o dinheiro da obra. Quem administra os bens da casa do Senhor deve fazê-lo com cautela, pois muitos se aproximam para se aproveitarem do tesouro da casa do Pai. Em momentos que, grande número de fiéis estão desempregados ou, até mesmo, não tem uma renda digna, não administrar os recursos da Casa de Deus com dedicação e cuidado é desmerecer o esforço de todos aqueles que devolvem dízimos e que ofertam com fidelidade e amor. Poderá futuramente levar a igreja a uma situação delicada, pois faltará receita para suprir as despesas.

O conselho tem que levar em conta que o valor e os benefícios á serem pagos ao Pastor é a contraprestação do serviço que o mesmo presta à Casa de Deus, que deve ser suficiente para que este e sua família tenham uma vida digna e no mínimo confortável. Contudo, o Pastor é quem deve utilizar da sua remuneração para sustentar a sua família. Muitas igrejas têm tido gastos desnecessários, pois, literalmente, são exploradas por alguns líderes. São assim, obrigadas a pagar valores elevados de salário fixo acrescido de alguns outros benefícios extraordinários, como aluguel, combustível, INSS, Assistência médica, contas de água, energia, gás de cozinha, telefone fixo, contas de celulares, escola dos filhos do Pastor, lazer para o Pastor e seus familiares, móveis, etc. O Pastor, a Pastora ou qualquer outro líder que seja remunerado pela igreja, não está isento dos seus deveres com o sustento de sua família. No entanto, há ministérios que custeiam os valores que seriam de responsabilidade de seus líderes como forma de atraí-los e retê-los nas igrejas.

Um ponto relevante a ser considerado é saber qual é a condição da igreja: qual é o seu porte? É uma igreja pequena, média ou grande? Onde está localizada? Qual é o seu poder aquisitivo? Qual é a entrada da igreja quanto aos dízimos e ofertas? Quanto tempo o pastor tem de ministério? Qual é o tamanho da família pastoral? Onde mora o pastor? Seu nível cultural é compatível com o da igreja? Tudo isso deve pesar na balança quando o salário do pastor for avaliado. Após a avaliação dessas questões e debaixo de temor e tremor, depois de um tempo de oração, deve-se propor e votar o salário honroso do homem de Deus. (TEIXEIRA, 2009, p.43-44).

Se é bíblico, não há porque não pagar uma remuneração aos pastores. É evidente que o valor deverá ser mensurado levando em consideração os valores recebidos pela igreja, os seus gastos e os critérios exigidos de cada líder. É de convir que a igreja primitiva não foi beneficiada por tais privilégios, ao que concerne aos benefícios habituais da atualidade. Entretanto, a consciência ao que se refere à remuneração pastoral ao longo dos tempos tem progredido. As igrejas já têm uma visão mais criteriosa, porém, um tanto mais amistosa, quanto a reconhecer o direito dos seus líderes. Todavia, a ampliação do conhecimento das obrigações e dos deveres dos líderes também está explícita a todos.

No mundo atual já não há mais espaço para os líderes mal formados, os quais não dominam suas próprias línguas e que não possuem um mínimo de noção em lidar com pessoas. Até os ministros de cidades pequenas, já apresentam um diferencial relevante, se comparado com outros líderes de décadas atrás. O mundo globalizado tem sido cada vez mais exigente e a área ministerial evangélica tem se esforçado para acompanhar essa evolução com o mesmo ritmo com que ela se expande.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os sacerdotes, no Velho Testamento, obedeciam aos critérios das duas ordens. A mais antiga era a Ordem de Melquisedeque, a qual tem origem desconhecida. A outra é a Ordem Levítica, através da qual, todos da tribo de Levi seriam separados para trabalharem na Casa de Deus. Dessa forma, o sustento dos levitas era proveniente dos dízimos e ofertas realizados pelos israelitas. A diferença entre as duas ordens é que a Levítica foi instituída e regulamentada por Deus à Moisés no período em que saíram do Egito. Foi uma ordem organizada, a qual obedecia a parâmetros impostos por Deus, através de Moisés. Da tribo de Levi descenderam todos os sacerdotes subsequentes. A Ordem de Melquisedeque é pouco conhecida, mas era composta por reis. Dessa ordem surgiu Jesus, o qual não fazia parte da tribo de Levi, mas sim, da tribo de Judá. Jesus tem um sacerdócio eterno.

No Velho Testamento os dízimos e ofertas eram entregues aos sacerdotes para estes oferecê-los ao Senhor. Os dízimos e ofertas eram compostos por produtos agropecuários e animais. Não existia moeda oficial como nos dias atuais. Os sacerdotes praticamente viviam das doações do povo. Não existiam valores estipulados por estes. Quem estipulava as quantidades e percentual era o próprio Deus.

No Novo Testamento os sacerdotes já haviam se contaminado com a religiosidade da lei judaica, fazendo o que não era agradável aos olhos de Deus. Eram falsos trabalhadores, gananciosos, cheios de astúcia. Utilizavam a lei para massacrar as pessoas e para aprisioná-las em uma fé morta.

Jesus surgiu como a origem de um novo tempo. Advertiu sobre os perigos do apego ao dinheiro e suas consequências. Ressaltou valores morais e espirituais importantes para a felicidade plena do homem. Sua sinceridade e a forma como fazia a transição da lei para a graça, incomodou o Sumo Sacerdote, o qual planejou e arquitetou a sua morte. Jesus foi vendido e traído por Judas Iscariotes, um dos seus apóstolos, o qual era ganancioso. A traição de Jesus marcou a história demonstrando como o dinheiro corrompe o coração do homem.

O apóstolo Paulo foi um dos que mais trabalhou para a expansão da obra de Deus. Por possuir formação e habilidade para lidar com pessoas, Paulo expandiu, consideravelmente, a igreja de Deus por diversos continentes. Estar preparado espiritualmente, dominar outras línguas e possuir uma educação de qualidade contribuiu para que Paulo fosse um desbravador de terras e ganhasse espaço e a atenção de muitas pessoas para as suas pregações.

As orientações dadas por Paulo no Novo Testamento nortearam todos os assuntos voltados à remuneração dos líderes das igrejas evangélicas até os dias de hoje.

Paulo explica a importância do trabalho na Casa de Deus e o direito que seus trabalhadores possuem de serem sustentados. O apóstolo explana sobre o direito do recebimento da remuneração dos trabalhadores, como também, da possibilidade que estes têm de trabalhar para sustentarem-se, com o intuito de não serem pesados à obra, quando esta não tem condições de supri-los, mesmo este sendo um direito garantido pelas Escrituras Sagradas.

O alerta para com os aproveitadores também constituiu os discursos do apóstolo Paulo. Ele sabia que, com a intenção de serem sustentados pela obra, muitos se aproximavam, eram sustentados, mas não trabalhava em prol desta. Contudo, os recursos direcionados à igreja não eram em tal proporção como nos dias de hoje. Paulo trabalhou construindo tendas juntamente com Priscila e Áquila, mas houve momentos em que este foi sustentado pela obra. Não somente Paulo, mas outros apóstolos e discípulos, envolvidos com a obra de Deus, foram sustentados através desta.

Nos dias atuais há grande repercussão sobre a legalidade e a viabilidade do pagamento da remuneração pastoral. Devido aos escândalos quanto a lavagem de dinheiro, evasão de divisas e salários elevados, a mídia tem tentado distorcer ao máximo a imagem da igreja evangélica. O papel dos líderes passou de apascentadores das ovelhas de Deus para “ladrões e estelionatários”.

Conforme os relatos publicados em diversas revistas e jornais de grande circulação nacional e internacional, como é o exemplo das revistas Veja e Forbs, a postura de determinados líderes é realmente vergonhosa e atinge negativamente a toda a classe evangélica. As atitudes de alguns líderes são altamente reprováveis. A essência do evangelho começou a perder-se, a apagar-se no meio de tantos interesses financeiros. Muitos pastores têm curvado-se a Mamon. Inúmeros têm sucumbido espiritualmente por aceitarem propostas imorais de ganhos excessivos e, por muitas vezes, ilegais.

A repercussão em torno dos valores para a remuneração pastoral, sua composição e quem tem o direito de rebecê-la tem ganho uma proporção gigantesca na mídia. Esta diz ser imparcial. Porém, no que tange a igreja evangélica, as informações que são disseminadas são as mais acusadoras possíveis.

Os pastores evangélicos, apesar de serem reconhecidos no CBO – Código Brasileiro de Ocupação do Ministério do Trabalho e Emprego, não têm proteção da CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas, devido as igrejas serem instituições sem fins lucrativos. O cargo de Pastor não é considerado uma profissão, e sim, uma vocação, a qual resulta em prestação de serviço espiritual. Legalmente o sustento pastoral não é garantido. Mas, ao usar a ética e o bom senso, os ministérios não devem negar aos seus líderes, uma remuneração que auxilie ou garanta seu sustento. Não é fácil o trabalho dos pastores bivocacionais, os quais se dividem em trabalho secular e trabalho ministerial. Uma parte desses pastores somente usufrui da renda de seus trabalhos seculares, mas tem que se desdobrar para honrar a sua profissão e o seu cargo de ministro. Nem sempre há qualidade no trabalho que esses líderes executam nas igrejas, pois, o cansaço e as limitações do dia-a-dia os enfadam.

Uma parte dos pastores bivocacionais trabalha externamente porque seus ministérios não têm condições de remunerá-los. Dessa forma, o Pastor que tem família não pode viver somente para a igreja. Em outro exemplo, há pastores bivocacionais que trabalham secularmente e, mesmo prestando um serviço de tempo parcial, são remunerados pelas igrejas. Os pastores que trabalham externamente e tem altos salários não deveriam receber remuneração da igreja, principalmente, se esta for uma igreja de pequeno porte. Um Capelão Militar, exercendo o cargo de 1º ou 2º Tenente na Marinha, Exército, Aeronáutica e Polícia Militar, ganha em torno de R$4.000,00 a R$7.000,00, conforme informado nos editais de concursos dos seus próprios sites. Um salário desse nível dispensa a aquisição de remuneração do ministério. Salvo se, após análise de critérios da vida do Pastor como um todo, fosse notada a necessidade de uma remuneração complementar. Então, seria pertinente fazê-la.

Há ministros evangélicos que dedicam todo o seu tempo à igreja que fazem parte. Converge a vida de todos os membros da sua família em prol do trabalho do ministério. Porém, não são todos os ministérios que concordam em remunerar o Pastor, ou mesmo, oferecer um valor digno para seu sustento e da sua família. Existem igrejas que exploram o sacerdote ao ponto de desmotivá-lo na execução de suas atividades. Têm igrejas nas quais os membros são contrários a uma remuneração justa para seu líder. É como se ao Pastor fosse destinado viver de esmolas, como se fosse um favor que a igreja faz em sustentá-lo. Em contrapartida, alguns acham que, por remunerar o Pastor, tem direito a 24 horas de sua assistência. Tornam-se inconvenientes, atrapalham o momento que o Pastor tem de estar com a sua família, de viver socialmente exagera nas solicitações. Alguns pastores tornam-se escravos de suas igrejas e de membros impertinentes, os quais tratam o seu Pastor como babá. O Pastor não pode eximir-se de suas atividades. É importante ser solícito. Lidar com conflitos, funerais, dificuldades, apoio emocional e moral, prestar serviços, entre outros, pois faz parte de suas atribuições. Mas tudo tem limite. Nenhum trabalhador protegido pela CLT deverá trabalhar mais de 220 horas mensais, ou seja, 44 horas semanais. O Pastor não está incluído no público protegido pela CLT, mas tem os mesmos direitos que todos os outros seres humanos. Se houver uma avaliação, perceberão que há pastores que trabalham mais que 220 horas mensais e nem por isso eles recebem hora extra ou tem direito a folgas compensatórias.

Enquanto alguns pastores trabalham para se sustentarem, outra parte trabalha e também recebe um complemento da igreja para sobreviverem. Como também, existem pastores que se dedicam integralmente à vida ministerial e ganham um salário extremamente enxuto, enquanto outros recebem verdadeiras fortunas. O sistema passa a ser excessivamente contraditório. Uma pequena parcela de líderes, os quais ganham o equivalente a um Juiz Federal, não contemplam uma instrução similar a este, ou seja, recebem salários que não condizem com a instrução acadêmica que realmente possuem. Os líderes presidentes esforçam-se por treinarem seus liderados com uma excelente oratória, com diversas formas eficazes de mexerem com o psicológico das pessoas, atingindo suas emoções, seus desejos e suas necessidades mais profundas, para poderem alcançar seus objetivos e atingirem as metas estipuladas por seus ministérios.

As igrejas têm ganhado um perfil empresarial, altamente lucrativo e seus pastores tem se tornado as “máquinas de trazer dinheiro”. Determinados ministérios vivem de caçar os “profissionais da fé” de outras igrejas, com habilidades especiais, que possam trazer ainda mais lucro ao ministério e os compram com salários altíssimos e benefícios extraordinários. A Palavra de Deus, a qual provém da graça de Jesus, torna-se algo comprável, através das blasfêmias cometidas por tais estelionatários.

Enquanto algumas igrejas investem no treinamento dos trabalhadores para suas igrejas, outros se dedicam a roubá-los, atraindo-os com salários equivalentes aos de juízes e promotores federais. Os líderes treinados, mesmo de forma errada, não pensam duas vezes em abandonar seus ministérios, quando recebem as propostas atraentes financeiramente. Pois, mais uma vez, o dinheiro fala mais alto! Da mesma forma que alguns pastores ganham muito bem, outros do mesmo ministério, porém de localidades humildes, mal são lembrados e, por muitas vezes, eles e suas famílias, passam por privações.

É necessário que cada igreja seja avaliada pelo conselho e os tópicos referentes a como proporcionar um salário justo, sejam abordados. A localidade da igreja, o público que a forma, seus gastos oficiais, entre outros atributos, tem que ser levados em conta. Antes de estipular o valor para a remuneração do Pastor, é importante averiguar aspectos familiares, a periodicidade com que esse faz cursos de aperfeiçoamento, se há alguma remuneração a parte, o seu tempo no ministério, para que assim, possa-se chegar a um valor justo, que seja viável para a igreja e benefício para o Pastor.

A remuneração pastoral tem o objetivo de sustentar o Pastor e sua família, e não de enriquecê-lo. Já que a bíblia aprova a remuneração dos líderes, que tal ato seja feito com prudência e justiça. Pagar um salário fajuto ao líder, sendo que a igreja tem a possibilidade de remunerá-lo um pouco mais, é não valorizar a mão de obra de quem cuida das vidas que compõe o ministério. Mas há perigo em remunerá-lo de forma exagerada. Mais à frente não há a certeza de que a instituição poderá arcar com tal obrigação, sem negligenciar as outras.

Em tempos nos quais a receita honesta e dada com amor é escassa nas igrejas, é importante que haja um verdadeiro equilíbrio entre o que entra de receita e o que sai de despesas. A obra do Senhor não deve ser feita relaxadamente. Pagar altíssimos salários, utilizar trabalhos psicológicos altamente persuasivos, desumanos e antiéticos é comparar a Casa e a Obra de Deus a um cassino, onde nas “jogadas”, uns ganham, outros perdem e poucos lucram alto. O sustento dos pastores é uma ordenança de Deus e, como tal, tem que ser feito com ordem e decência.

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Publicado por: RICARDO QUEIROZ SANTOS

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