O INVERNO ESTÁ CHEGANDO: UM ESTUDO SOBRE O ASPECTO MESSIÂNICO-ESCATOLÓGICO EM GAME OF THRONES – EXPECTATIVAS NA PERSONAGEM DAENERYS TARGARYEN

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1. RESUMO

Este estudo se propõe a identificar um possível roteiro messiânico-escatológico na série televisiva Game of Thrones. Para tal, num primeiro momento destaca-se os espectadores da série como produtores de materiais sobre esta, e sobretudo a trama da série correlacionando fatos e acontecimentos com o mundo do espectador. Em seguida, descreve-se a trajetória da personagem Daenerys Targaryen, a fim de se ter um panorama de sua vida, ações e conflitos como rainha. Posteriormente, descrevemos os aspectos messiânico-escatológicos da tradição judaico-cristã, e buscamos indícios desse aspectos na série, e especificamente na personagem Daenerys Targaryen como uma figura messiânica. Por fim, este estudo mediante a escatologia objetivou-se em comparar o movimento messiânico-escatológico da teologia com a fantasia épica Game of Thrones.

Palavras-chaves: Game of Thrones. Messiânico-escatológica. Daenerys. Príncipe prometido. Inverno.

2. INTRODUÇÃO

Game of Thrones ou GoT1 é uma série televisiva criada por David Benioff e D. B. Weiss, produzida e veiculada pelo canal televisivo norte-americano HBO, que estreou sua primeira temporada em 17 de abril de 2011. A série possui um custo médio de US$ 70 milhões por temporada;2 é considerada uma das mais caras da HBO e a mais pirateada do mundo;3 também possui o status de “primeira série de TV” a exibir episódios em Imax4. Constando atualmente de seis temporadas, ela é uma adaptação dos cinco volumes de fantasia épica “As Crônicas de Gelo e Fogo” do escritor e roteirista George R. R. Martin, o que acabou rendendo ao escritor uma multidão de leitores. 5 Os conflitos giram em torno da disputa pelo Trono de Ferro, da ameaça de criaturas sobrenaturais e de Daenerys Targaryen com seus três ovos de dragão, que visa reivindicar o Trono de Ferro.

Esta pesquisa é um ensaio sobre os possíveis aspectos messiânico-escatológicos em Game of Thrones. Com a análise do arco da personagem Daenerys Targaryen nas seis temporadas, pretendeu-se examinar sua jornada heroica e as expectativas nela como uma figura messiânica na série.

Diante da ênfase na guerra dinástica em Game of Thrones, um fator em evidência é o fenômeno religioso em seu mundo fictício. É a área da escatologia que nos ajuda a identificar que, mesmo implícito, parece haver uma dimensão messiânico-escatológica na série verificada: nas atitudes de Daenerys; nas profecias das religiões; e nos sinais e presságios.

Portanto, a pesquisa objetivou-se em realizar um diagnóstico da série, a fim de reunir indícios das seis temporadas e verificar se é possível estabelecer conexões entre as expectativas messiânico-escatológicas da tradição judaico-cristã e as de Game of Thrones. Para isso, tendo como base a abordagem do paradigma indiciário proposto pelo historiador Carlo Ginzburg6, a fim de buscar indícios na série, será feita uma descrição do messianismo judaico-cristão e suas características, bem como uma avaliação crítica da presença ou não de elementos da tradição messiânico-escatológica em Game of Thrones, mais especificamente, se a princesa Daenerys Targaryen programaticamente encarna a personagem messiânica.

Para Edgar Morin, a arte é capaz de analisar a condição humana,7 assim com este estudo pretende-se conduzir uma reflexão teológica contemporânea que possibilite um diálogo com a vida social cotidiana. Baseando no que atesta Carlos Eduardo Calvani, o teólogo Paul Tillich dizia que através das manifestações artísticas o ser humano pode expressar as mesmas preocupações que a Teologia expressa,8 espera-se também que este trabalho seja uma contribuição para a área da Teologia, sendo um material que incentive futuras pesquisas com viés na área artística.

A pesquisa descritiva proporcionará uma visão da perspectiva messiânico-escatológica judaico-cristã e suas características, e um panorama da jornada de Daenerys Targaryen. Para isso, ao descrever a perspectiva messiânico-escatológica serão analisados livros, artigos científicos, monografias e dissertações. Já para a obra Game of Thrones, além de materiais bibliográficos serão analisados os episódios das seis temporadas, sites relacionados a temas da série e outras plataformas de mídia.

O trabalho estrutura-se em três capítulos, apresentando-se no primeiro capítulo uma abordagem de Game of Thrones constando de duas seções: a primeira apresenta o impacto da série nas esferas acadêmicas e outras produções em geral, destacando o processo de identificação do espectador com os personagens; a segunda seção apresentará o mundo fictício de Game of Thrones de forma que o leitor tenha conhecimento de seu contexto social, político e religioso, e também mostrará algumas correlações de fatos e acontecimentos da série com o mundo real.

O segundo capítulo será dedicado a descrever a jornada da personagem Daenerys Targaryen. Para isso, ele apresenta duas seções em que se descreve a personagem Daenerys em sua trajetória desde quando era um objeto de troca à rainha de Meereen, seu rumo em direção a Westeros e suas realizações como rainha do povo; também se buscou analisar os conflitos da personagem diante do legado do pai, a loucura Targaryen, conceituando os arquétipos de herói, vilão e anti-herói, a fim de conhecermos sua personalidade.

No terceiro capítulo constará a descrição da perspectiva messiânico-escatológica da tradição judaico-cristã e em Game of Thrones. Também dividido em seções, buscou-se descrever as características messiânico-escatológicas da tradição judaico-cristã e os indícios de elementos messiânico-escatológicos na série, a fim de compará-los entre si, para em seguida descrever as expectativas em Daenerys como messias, mostrando os reflexos de suas realizações como libertadora e transformadora do contexto político-social do povo de seu reinado, bem como as profecias que recaem sobre a mesma.

3. GAME OF THRONES

Neste capítulo constará uma abordagem da série televisiva Game of Thrones, dividida em duas seções. A primeira seção tratará da expansão de sua temática em produções nas áreas do saber, bem como em outras plataformas a partir dos próprios espectadores. Na segunda seção será apresentado um panorama do universo ficcional da série constando de dados geográficos, históricos, políticos e religiosos e algumas possíveis aproximações com o mundo real, a fim de situar o leitor nesse entrelaçado mundo, com o objetivo de evoluir na pesquisa.

3.1. Para Lá da HBO: a expansão de Game of Thrones a partir dos espectadores

A série televisa Game of Thrones tem despertado o interesse de muitos dos seus espectadores. Segundo Google Trends9, no Brasil a quantidade de termos relacionados à série mostra que esse interesse atinge o pico da popularidade no período em que a temporada está em exibição. Porém, a cada temporada encerrada esses números tendem a diminuir.

Entretanto, a diminuição do interesse não nos impede de observar que existe uma criação significativa de conteúdos relacionados à temática da série. Com o passar dos anos, nota-se nas áreas do saber, por exemplo, um movimento crescente de estudos científicos e acadêmicos produzidos pelos espectadores. Segundo Letícia Naísa da revista digital Motherboard, dentro e fora do Brasil “mestres e doutores de humanas e de exatas dedicaram seu tempo para entender o que de intelectualmente útil para a humanidade podemos aprender com GoT”.10

Seguindo esta afirmação, ao se fazer uma busca do termo “Game of Thrones” em alguns sistemas de busca específicos no Brasil, é possível encontrar diversos estudos relacionados à temática da série como, por exemplo, no Google Acadêmico11; no banco de teses12 e portal de periódicos da Capes13; e no portal Intercom14. Além destes trabalhos existem vários outros produtos associados à série: os disponibilizados através da internet pelos próprios espectadores15, e os comercializados pela HBO16.

De bonecos a cervejas, blogs a teses e livros... Dentre os vários produtos relacionados a Game of Thrones, é possível verificar a grande participação dos próprios espectadores no processo de produção dos mesmos. Ao discorrer sobre a cultura participativa – um dos conceitos da Cultura da Convergência17, Sthefany Ellem pontua que esta permite que o público busque “possibilidades de interagir com outros públicos, em um fluxo mais livre e informal de ideias e conteúdos ao utilizar as diferentes mídias, permitindo a participação propriamente dita”.18

O público tem buscado estas possibilidades de interação. Com isso, em virtude do interesse por um mesmo objeto cria-se ambientes de afinidades. Nesses ambientes serão compartilhados conteúdos, informações, debates e até emoções sobre este objeto em comum. Como um dos exemplos de interação em massa, têm-se atualmente os podcasts19 cujo formato permite a participação do público nos portais onde estão inseridos. Dentre os vários podcasts que abordam a série Game of Thrones20 destaca-se aqui o Podcasteros21 do portal Game of Thrones BR22.

O Podcasteros possui um ambiente de discussão que propicia uma maior aproximação dos fãs com a série e seus apreciadores. Seu diferencial está na forma de relatar os episódios da série. As cenas, a fotografia e as expressões dos personagens de cada episódio são descritas detalhadamente. Pode-se citar aqui o podcast de número 46 como um dos exemplos dessa aproximação. Nele a podcaster23 Angélica Hellish lê o email de um ouvinte deficiente visual que diz ter ficado muito feliz por poder acompanhar os detalhes de cada episódio através do Podcasteros, pois as cenas de Game of Thrones são puramente visuais. Evidenciando assim, a importância da audiodescrição como distribuição de conhecimento para todos.24

De fato há uma produção significativa de conteúdos relacionada a Game of Thrones a partir dos próprios espectadores. Diante disso faz-se relevante verificar o fator que os tem motivado a se apropriarem de sua temática para produzir materiais que expandam a série tanto nas áreas do saber quanto em outras plataformas.

As produções cinematográficas, independente do gênero, com suas imagens vivas são capazes de tocar as emoções e os sentimentos do ser humano. Segundo Chiara Mangiarotti a emoção é “a expressão somática de um sentimento”, e esta por sua vez, “com raiz no desejo, no amor, na sexualidade e na morte”, move tanto a psicanálise quanto o cinema. Chiara caracteriza os filmes como a forma mais moderna de mito, e diz que eles “mobilizam nossas emoções, podem nos surpreender e perturbar”.25 Não são diferentes dos filmes, as séries televisivas, uma vez que a televisão com o tempo se adaptou ao uso da linguagem cinematográfica. Ana Luiza Lima atesta que tal adaptação mudou o olhar em relação às produções seriadas, que passaram a ser vistas como um gênero cinematográfico.26

As séries televisivas como forma de contar histórias e mobilizar as emoções do espectador, na qualidade de produção midiática, fazem parte da atual Cultura Pop ou Cultura de Massa. Nascida no século XX com o nome de Terceira Cultura, esta segundo Edgar Morin surge da imprensa, cinema, radio e TV, e possui um sistema de projeções e identificações por meio dos símbolos, mitos e imagens concernentes á vida prática e imaginária.27

Ao transportar temas de domínio da vida cotidiana, as séries televisivas buscam atender uma demanda maior de espectadores. Conforme Morin, as projeções-identificações se referem aos interesses humanos, que numa relação estética podem desempenhar um papel consolador ou regulador na vida, seja por meio da via escapatória imaginária ou permitindo certa satisfação na vida. A projeção, por sua vez, está vinculada a certa liberação psíquica, “isto é, expulsão para fora de si daquilo que fermenta no interior obscuro de si”. 28

Segundo Morin, nessa projeção a liberação psíquica é fixada sobre os heróis; consequentemente tais projeções favorecem a identificação do espectador com os personagens das histórias relatadas. Contudo, para essa identificação faz-se necessário que haja um equilíbrio de realidade e idealização; condições que assegurem o contato com a realidade; personagens que participem de algum modo da humanidade cotidiana; um mundo imaginário que trate de assuntos e problemas que se refiram à vida do espectador; e “que os heróis sejam dotados de qualidades eminentemente simpáticas”.29

Diante de tais informações, é importante saber que o universo de Game of Thrones é adaptado de uma obra especificamente de ficção fantástica,30 e a construção de seu universo apresenta uma complexidade própria dele.31 Ao passo que esse universo apresenta elementos fantásticos e mágicos – lobos gigantes, dragões, zumbis de gelo –, ele apresenta também um conjunto de fatores sociais e culturais presentes no mundo real, como por exemplo, questões de religião, política, gênero etc. Conforme Paloma Couto: “uma das maneiras de um produto midiático de ficção representar histórias que provoquem reflexões nos telespectadores é se apropriar de temáticas encontradas na própria sociedade”.32

A mitologia de George Martin33 apresenta alguns aspectos que vivificam um sentido de realidade e complexidade na série, como por exemplo, a construção e a morte dos personagens. Quanto à morte, todos os personagens são vulneráveis a ela, tanto os considerados heróis ou vilões quanto as crianças. Devido à quantidade de mortes em sua obra, foi atribuído a George Martin o título de “um dos maiores serial killers da literatura”.34 Ao defender a morte de seus personagens George Martin diz que:

Todos nós já lemos uma história como essa um milhão de vezes: um bando de heróis parte para uma aventura e o protagonista, seu melhor amigo e sua namorada passam por peripécias de arrepiar os cabelos. No fim, nenhum deles morre. Os únicos que morrem são personagens secundários. Isso é uma fraude completa. Não é assim que as coisas são. As pessoas, quando vão à guerra, perdem amigos e ficam feridos. Perdem a perna ou encontram a morte de maneira inesperada, explicou ele.35

O ponto de vista de Martin destoa do que comumente é visto nos filmes. Segundo Edgar Morin os filmes que acabam com a morte ou fracasso do herói, sem o happy end36 são raros. Contudo o espectador não suporta, na identificação com o personagem, que seu substituto seja sacrificado e sim espera seu sucesso como prova de que a felicidade é possível.37 No entanto, contrariando esse aspecto otimista da Cultura de Massa, Game of Thrones apresenta uma série de mortes,38 assim atribuindo à sua trama um tom mais verossímil. Desse modo, isso pode fazer com que a morte e a violência se tornem cada vez mais banais para o espectador, pois este, no processo de identificação pode, na sua realidade, ser afetado pelas histórias.

No tocante à construção dos personagens Susan Vaught afirma que, ao contrário dos heróis e vilões da obra de J. R. R. Tolkien, os de Martin não podem ser classificados na categoria de “bom” ou “mau”. Susan ainda ressalta que, “pelo filtro dos nossos preconceitos emocionais, cognitivos e sociais” nem sempre há um julgamento correto quanto a essa classificação de bem e mal.39 Segundo Isadora Oliveira, D. B. Weiss, um dos criadores de Game of Thrones, afirma que na obra não existem mocinhos e bandidos, e sim pessoas buscando seus próprios interesses. Para Isadora esse não dualismo da natureza humana dos personagens, caracteriza-os como complexos, sendo “um dos pontos fortes da série”.40

No estado de herói ou vilão os personagens de Game of Thrones refletem nas telas situações e experiências inerentes à vivência dos espectadores nos fazendo, segundo R. A. Salvatore, amá-los e odiá-los; personagens tidos como vilões que talvez possam mostrar o lado obscuro, ou fazer refletir sobre os profundos medos, com histórias que mostram “verdade suficiente da condição humana em cada um deles”.41 Pois, o imaginário dá forma não somente aos desejos, aspirações e necessidades, mas também às angústias e temores, libertando monstros interiores que trazem loucura ou horror, alega Morin.42

A complexidade dos personagens tem sido motivo de polêmica no meio dos fãs da série, especialmente no que se refere ao gênero feminino. Pois ao tentar desenvolver os complexos personagens masculinos, conforme a administração do site Game of Thrones BR43 e Juliana Costa do Nerdice.com,44 a HBO tem usado como pano de fundo as mulheres para resgatar resquícios de bondade ou mesmo de humanidade destes personagens. Talvez esse aspecto da série seja o motivo de vários materiais, no meio cientifico e acadêmico, sobre “as mulheres de Game of Thrones”, na tentativa de discutir a questão do gênero feminino.45

Geradora de polêmicas e discussões, essa complexidade dos personagens remete a outros temas suscitando reflexões e críticas à realidade. Para Luiz Carlos Ramos o espectador é seduzido quando sua história é de certa forma a que ele ouve ou assiste. Todavia esse espectador precisa se ater a esta sedutora identificação, utilizando a via racional que diferente da emocional, ativa os mecanismos que impedem a persuasão permitindo um senso crítico.46 Desta forma, em uma análise mais crítica pode-se verificar outros temas passíveis de investigação, como por exemplo, a questão das classes sociais ou a questão da homossexualidade.

Ao comentar, no Podcasteros 28, sobre o complexo personagem Theon Greyjoy chegou-se a indagação a respeito da morte de duas crianças camponesas na cena em que Theon diz que: “foram apenas dois camponeses”. Para o podcaster Marcos Noriega esta é uma forma excludente e dispensável de pessoas que são valorizadas pelo status social.47 Já no Podcasteros de número 21, os podcasters conversaram sobre o fundamentalismo da fé que a série iria trazer em relação aos homossexuais e o preconceito dos próprios fãs.48

Muito do que se vê e acontece em Game of Thrones tem inspiração no mundo real, até mesmo, segundo Ana Luiza Lima, o aspecto visual da série que se destaca dando realismo e autenticidade.49 Desta forma, pode-se deduzir que a série através de suas imagens vivas favorece o debate e a produção de conteúdos sobre temas concernentes à realidade e ao dia-a-dia do espectador mobilizando suas emoções.

Esta comunicação com a realidade e a complexidade dos personagens de Game of Thrones torna a série um campo desafiador para seus espectadores. Esses aspectos tendem a estimular um interesse que segundo Katia,

[...] facilita o processo participativo, fazendo com que o público expanda seu acesso além da narrativa apresentada na TV, buscando informações em outras mídias como a internet e os games, a fim de preencher as lacunas da narrativa seriada complexa, como é o caso de Game of Thrones.50

No anseio por compreender e verificar essa complexidade, os espectadores buscam informações, criam teorias e compartilham-nas uns com os outros através dos meios de comunicação, e produzem materiais também nas áreas do saber que consequentemente propiciam discussões de temas do cotidiano do espectador. Conforme Paloma Couto, os espectadores além de consumidores são também produtores, exercendo participação ativa na produção de memórias.51

Outro tema que está muito presente na série é a pluralidade religiosa. No entanto, ao se fazer uma pesquisa nos específicos sistemas de busca citados nesta seção, a saber, Google Acadêmico e Banco de Teses da Capes, constatou-se não existir trabalhos nas áreas de Teologia ou Ciências da Religião, que conforme Carlos Eduardo Calvani, estas áreas podem dialogar com a arte. Calvani destaca que o teólogo Paul Tillich, considerava ser possível uma aliança entre Teologia e Arte ao dizer que através das manifestações artísticas “o ser humano é capaz de expressar, de modo diferente e em formas próprias, as mesmas preocupações da filosofia e da teologia”.52

3.2. O universo ficcional de Game of Thrones: da realidade à fantasia

Como visto na seção anterior, muito do universo de Game of Thrones dialoga com o mundo real53, tanto a geografia quanto as histórias ou as religiões. Para Katia de Jesus o dialogismo intertextual “pode ser entendido como o ‘diálogo’ com outros textos pré-existentes, a retomada de outros textos em uma determinada obra (vídeo, filme, seriado etc.)”. Sendo ele um elemento apresentado sutilmente no universo ficcional de Game of Thrones, em que alguns fatos da história ficcional se assemelham aos do mundo real.54

3.2.1. O Mundo de Gelo e Fogo: composição e enredo

Toda a história de Game of Thrones é ambientada no continente Westeros e Essos. Westeros dividido em dez regiões faz fronteira com Essos e o Mar Estreito, tendo ao sul as Ilhas de Verão. Já o continente Essos é maior que Westeros, porém menos povoado. Ele tem no ocidente as nove Cidades Livres; no centro-sul as cidades-estados da Baía dos Escravos; no interior o Mar Dothraki; no leste Qarth e o Mar de Jade, e além da lendária Asshai e as proibidas Terras da Sombra, tem a inexplorada costa oriental.55

A partir do mapa de Game of Thrones, conforme Anderson Marques é possível ver paralelos de Westeros e Essos com o mundo real. O continente Westeros, por exemplo, se assemelha com várias referências regionais, aos países da Europa. Essos, portanto, faz referência a algumas cidades-estados do Oriente Médio. Outros fatores favorecem essas semelhanças como, por exemplo, o tipo de população, fator climático, religião, terreno, riqueza e as estratégias de guerra.56

Como no mundo real, o universo de Game of Thrones também possui estações climáticas. Entretanto, diferente do mundo real onde se é possível prever quando chegará e quando durará cada estação, no mundo de Game of Thrones elas são imprevisíveis, o inverno e o verão podem durar décadas. Conforme Marques esta oscilação das estações é uma característica única do mundo de Gelo e Fogo,

[...] deixando seus habitantes imaginando o quanto a estação atual vai durar — e quanto eles podem esperar que dure a próxima. Na abertura da segunda temporada de Game of Thrones, a boa gente dos Sete Reinos aprende que o verão, que durou sete anos, está chegando ao fim e, com ele, o início do que pode ser um inverno longo e amargo.57

A parte de cor branca no mapa do Mundo Conhecido58, no extremo norte de Westeros, está localizada a região Para Lá da Muralha. Devido à baixa temperatura, essa região não é totalmente mapeada, principalmente as Terras de Sempre Inverno cuja área é congelada. Segundo os contos, os “Vagantes Brancos”59 vieram desta área congelada, “trazendo frio e escuridão com eles enquanto tentavam extinguir toda luz e calor” do mundo.60 Para proteger os povos desta ameaça invernal, os Vagantes, foi fundada a Muralha, uma das nove Maravilhas Feitas pelo Homem.61

Ao norte de Westeros, a Muralha faz separação entre os Sete Reinos e a parte não mapeada, Para Lá da Muralha. A Muralha de Game of Thrones foi construída com gelo sólido62, ela é guardada por um grupo juramentado chamado de “Patrulha da Noite”, e protegida por antigos feitiços. O objetivo dos patrulheiros a principio é defender os Sete Reinos da ameaça dos “selvagens” e dos “Vagantes Brancos”. Entretanto, o novo comandante da Patrulha, contrariando os patrulheiros, decidiu acolher também, os selvagens para protegê-los dos Vagantes Brancos. A Muralha de Game of Thrones foi inspirada na Muralha de Adriano, cujo objetivo era proteger o Império Romano de possíveis invasões bárbaras. O próprio George Martin declara que se inspirou nela em decorrência de uma visita ao Reino Unido em 1981.63

A maior parte da história se passa nos Sete Reinos de Westeros. A expressão Sete Reinos não significa que apenas sete regiões compõem o continente de Westeros, e sim um conjunto de regiões formam uma única nação. Com a Conquista de Aegon Targaryen64, primeiro de seu nome, houve a unificação de alguns reinos. Diante disso estes reinos passaram a ser dominados por um único monarca em Porto Real, e governados pelos Lordes das “Casas”65 juramentadas ao rei. Embora não sejam exatos os números de regiões que fazem parte de Westeros, o termo Sete Reinos ainda permanece.66

Todo poder é centralizado na capital de Westeros, Porto Real. Na Fortaleza Vermelha, castelo ou sede dos reis dos Sete Reinos, está o disputado Trono de Ferro que, conforme Renato F. Machado é o local onde o rei “governa a todos e de todos recebe tributos”.67 Assim como a Torre de Londres que no seu conjunto de edifícios foi palácio real, casa da moeda, prisão, teve salas para leitura entre outros,68 a Fortaleza Vermelha também abriga características semelhantes. Percebe-se isso, por exemplo, na primeira temporada, onde vemos Eddard Stark acusado de traição sendo feito prisioneiro nas masmorras da Fortaleza Vermelha; e também vemos reuniões do Pequeno Conselho em uma de suas torres.

O Pequeno Conselho é formado por sete pessoas, segundo a tradição da Fé dos Sete69, para aconselhar o rei em questões políticas e em outras áreas conforme a especialidade de cada membro. São eles: Mão do Rei; Mestre da Moeda, chefe do Tesouro e das finanças; Mestre das Leis, controla o sistema de lei e justiça; Mestre dos Sussurros, o mestre dos espiões, chefe da inteligência; Mestre dos Navios, controla a navegação e comanda as esquadras reais; Grande Meistre, principal conselheiro nas áreas do saber e da cultura; e Senhor Comandante da Guarda Real, principal conselheiro sobre a segurança do Rei.70

As Casas mais tradicionais na série são: Baratheon, Stark, Lannister e Targaryen. No entanto, em Westeros a Casa Targaryen é somente mencionada, uma vez que os eventos que acontecem na série sucedem à morte do rei Aerys II Targaryen, o Rei Louco, na denominada Rebelião de Robert da Casa Baratheon, a qual é contada pelo ponto de vista de alguns personagens na série. Na rebelião o rei Robert com o apoio da Casa Stark e da Casa Lannister venceu a guerra e usurpou o Trono de Ferro, encerrando a dinastia Targaryen.

A história é fortemente concentrada na disputa pelo Trono de Ferro. Ela é desencadeada pela morte de Jon Arryn, a Mão71 do rei. Para substituir Jon Arryn, o rei Robert convida Ned Stark para ocupar o cargo de Mão do Rei. Chegando à capital Porto Real, Ned se vê num emaranhado de conspirações e intrigas envolvendo a rainha Cersei Lannister, esposa de Robert. Ao Investigar a morte de seu antecessor, Ned descobre que os filhos da rainha Cersei não eram filhos legítimos do rei Robert e sim de Jaime Lannister seu irmão gêmeo, que com o qual mantinha uma relação incestuosa.

Para não ter seu segredo revelado, a fim de que sua família continuasse no reinado, Cersei arquiteta a morte de seu marido Robert. Após a morte de Robert, na coroação de Jofrey Baratheon72, Ned chega à sala do Trono portando um documento assinado pelo rei Robert, dando direito ao herdeiro legítimo assumir o trono, que na linha de sucessão seria Stannis Baratheon, o irmão mais velho do rei. Porém, Cersei e seus aliados haviam conspirado contra Ned e o acusaram de traição. Para proteger suas filhas, Arya e Sansa, Ned renuncia sua honra e confessa o crime de traição diante de todos no pátio do Grande Septo de Baelor73, e é decapitado por ordem do novo rei, Jofrey Baratheon. No decorrer da série a Casa Lannister com alguns aliados vão eliminando outros membros da Casa Stark.

Mesmo que outras Casas estejam disputando o Trono de Ferro, entre as mais influentes citadas até o momento sobraram somente os Lannisters e os Starks. Ainda que a Casa Stark não tenha pretensões ao Trono de Ferro, ela acaba se envolvendo na guerra. Pois, a morte de Ned Stark desencadeou uma busca incessante de vingança por parte de seus herdeiros em relação aos Lannister. Há rumores de que a guerra dos Lannisters e Starks pode ter sido inspirada na Guerra das Rosas74, segundo Jesse Scoble, alguns leitores comparam a rivalidade dos Lannister e Starks com esta guerra.75 Acrescenta-se ainda Johan Huizinga que escreveu: “as contendas entre York e Lancaster se transformaram por fim em guerra civil”,76 nota-se uma sutil semelhança entre os sobrenomes de ambas as famílias nessa frase.

Simultaneamente às histórias de Westeros, no continente Essos estão exilados os irmãos Viserys e Daenerys Targaryen – para o povo os últimos de sua linhagem,77 – na Cidade Livre de Pentos. Na primeira temporada Viserys morre, restando somente Daenerys que até então é a única Targaryen sobrevivente de sua Casa. Ela, que está a caminho dos Sete Reinos no atual reinado de Cersei Lannister, sempre teve pretensões ao Trono de Ferro, que fora usurpado de sua família pelo rei Robert na rebelião que culminou na morte de seu pai Aerys II. Para Júlia Warken a personagem Daenerys se assemelha ao rei Henrique VII, pois este nasceu na Inglaterra, mas parte de sua vida ficou exilado depois da morte de seu pai, e quando adolescente voltou à Inglaterra e lutou contra os Lancaster.78

A questão das leis também faz parte do universo de Game of Thrones. Leis estas que muitas vezes também são burladas ou violadas, como por exemplo, a questão da bastardia e as leis de hospitalidade de Westeros. Em relação à condição social, para o povo de Westeros, exceto o povo de Dorne, os bastardos eram mal vistos e sempre lhes eram imputada características negativas. De acordo com Felipe Bini, quanto a governar um reino, os bastardos são excluídos da linha sucessória de suas famílias.79 No entanto, o último episódio da sexta temporada apresentou Jon Snow, o bastardo de Ned, sendo aclamado rei do Norte em detrimento de Sansa Stark, filha legítima de Ned Stark.

Outra lei violada foi a da hospitalidade. No impactante Casamento Vermelho80 de Game of Thrones, parte da família Stark, o rei Robb, sua esposa grávida e sua mãe foram brutalmente assassinados numa festa de casamento no castelo dos Freys por ordem dos Lannister. Numa postagem do portal Game of Thrones BR George Martin diz que “roubou” da História, o massacre de Glencoe81. Martin utiliza como base uma das leis que vigorava na Idade das Trevas, a lei da hospitalidade, na qual um anfitrião não poderia prejudicar seus convidados nem mesmo os inimigos. Como os Freys, os Campbells desrespeitaram essa lei em sua própria casa massacrando os MacDonalds – os Starks.82

No universo ficcional de Game of Thrones existe outros aspectos, histórias ou organizações que favorecem a aproximação com o mundo real: quanto à economia, Essos tem como instituição financeira o Banco de Ferro de Bravos, no qual um dos clientes é o rei dos Sete Reinos; quanto ao conhecimento tem-se a Cidadela de Vilavelha em Westeros, para formar Meistres (sábios e cientistas); já as informações ou notícias são entregues pelos “corvos” ou pelo teatro pantomimeiro em Essos com as informações de parte dos acontecimentos em Westeros, como foi visto na sexta temporada. As religiões, crenças e deuses são outro ponto tratado na série, podendo também endereçar ao diálogo com a realidade, como veremos a seguir.

3.2.2. Sobre deuses, religiões e crenças

A religião exerce forte influência sobre a vida do ser humano. Para Anthony Giddens ela tem estado presente, de uma forma ou de outra na sociedade, fazendo parte da experiência humana e influenciando sua percepção e reação ao mundo.83 Segundo Philippe Laburthe-Tolra e Jean-Pierre Warnier, a religião pode fazer brotar no homem medos, angustias e o rito, psicologicamente, causa o “sentimento de insegurança e de perigo”. Para Laburthe-Tolra e Warnier, a religião envolve diversos aspectos “indo da superstição à mais alta espiritualidade, do fanatismo mais violento à caridade mais desinteressada”.84

Do mesmo modo, além das disputas empreendidas pela obtenção do governo dos Sete Reinos, a pluralidade religiosa é outro fator importante para o desenvolvimento da história de Martin. Segundo matéria publicada na revista On Religion, o mundo de Game of Thrones é formado por uma “paisagem religiosa viva e variada”, que para Martin é extremamente importante conforme foi na Idade Média, período adotado como modelo para sua narrativa.85

O espectador pode ver na série, por exemplo, a união da Coroa- Estado com a Fé-Igreja, casamentos oficiados por um líder religioso, rituais, juramentos ou mesmo provocações aos deuses (quebra de leis). Entretanto, cabe salientar que a descrença e uma visão da maldade dos deuses também faz parte do contexto religioso da série que pode ser percebido nas falas dos personagens como, por exemplo, Jaime Lannister que questiona a existência e a justiça dos deuses num mundo tão cheio de injustiça, Cersei Lannister ao dizer que “os deuses são impiedosos e por isso são deuses”, ou Sir86 Davos que repreende uma sacerdotisa que, a pedido de seu deus queimou uma menina viva, dizendo que esse deus é maligno.

Para Andrew Zimmerman Jones: “O status ambíguo da religião na série parece um ato intencional de George R. R. Martin”, que não optou para o caminho mais fácil criando uma religião verdadeira e acessível aos seus personagens, mas criou uma religião tão obscura quanto aqueles que a praticam. Andrew ainda ressalta que, as crenças numa religião que pode dar sentido e “significado ao nosso sofrimento individual ou coletivo e às nossas realizações”, por sua vez se configuram como “fonte máxima de poder e autoridade religiosa neste mundo”.87

Retomando o analogismo intertextual cabe, portanto, evidenciar que George Martin uniu elementos de várias religiões históricas e adaptou a cada uma de suas religiões. Portanto, vamos discorrer acerca destes deuses e suas respectivas religiões para verificarmos essa adaptação a uma das cinco maiores religiões do mundo real, o cristianismo.88 No entanto, cabe explicar que somente uma das religiões da série não será exposta aqui: a religião do Deus de Muitas Faces. Isso se deve ao fato de que a autora desta pesquisa não encontrou um ponto específico se pudesse relacionar ao cristianismo.

Para descrever os deuses e as religiões, foi utilizada a Wiki do portal Game of Thrones BR89, com informações detalhadas sobre os deuses e as religiões da série, bem como as seis temporadas da série. Estes deuses e religiões são os que aparecem na série televisiva, são eles:

  1. Deus Afogado90 – divindade do mar adorada exclusivamente pelos Homens de Ferro em Westeros, que na série são especificamente representados pela Casa Greyjoy. Os Homens de Ferro dessa antiga religião acreditam que foram criados pelo Deus Afogado para saquear, estuprar e formar reinos. A oração comum “o que está morto não pode morrer” é pronunciada especialmente nos rituais de batismo nas águas que consiste em afogamento e ressurreição do indivíduo. Este ritual sagrado é apresentado na série duas vezes, no batismo Theon Greyjoy e no batismo de Euron Greyjoy, que literalmente é afogado e logo ressuscitado. Nesses dois exemplos podemos perceber a semelhança com o sacramento do batismo adotado como meio de regeneração no cristianismo (católico e protestante). Mircea Eliade diz que para o cristianismo o batismo simboliza a morte do velho homem e o surgimento de um novo ser regenerado;91

  2. Deuses Antigos92 – eles são espíritos da natureza, cujos primeiros adoradores foram os Filhos da Floresta, uma raça não humana. Os Deuses Antigos são cultuados nos bosques sagrados, e zelam por seus seguidores através das chamadas “árvores coração”, cujos troncos são esculpidos com rostos, as folhas e a seiva são vermelhas que quando acumulada escorre para os olhos esculpidos. Entretanto, devido à colonização ândala93 no sul de Westeros com implantação de uma nova religião e novos deuses, atualmente só os nortenhos adoram estes deuses, por isso essa religião é chamada de “Deuses Antigos”. Martin parece ter se inspirado na cultura e mitologia céltica. Segundo a mitologia céltica as árvores eram sagradas, no caso do carvalho, este era o “principal objeto de culto dos celtas”. Eles cultuavam nos bosques sagrados onde acreditavam que a divindade se fazia presente. Os deuses eram esculpidos nos troncos das árvores, e quando havia atos violentos nos bosques as árvores ficavam salpicadas de sangue humano.94 Segundo Thayse Catarina Daniel, o cristianismo chegou às Ilhas Britânicas onde foram construídas igrejas com madeira colhida no próprio local onde havia árvore adorada pelos celtas, para miscigenar a crença celta ao cristianismo;95

  3. Os Sete96 – os novos deuses foram inseridos pelos ândalos no continente Westeros originando a Fé dos Sete, a qual se tornou a religião oficial dos Sete Reinos, exceto nas Ilhas de Ferro e no Norte. Os Sete são uma única divindade com sete aspectos, sua religião prega os ensinamentos morais, sendo contra a bastardia, o incesto e a homossexualidade por exemplo. A Fé dos Sete possui textos sagrados (Estrela de Sete Pontas), canção (A Canção dos Sete), lugar para culto (septos), sacerdotes (septões e septãs) e ordens ou fraternidade (irmãs silenciosas, irmãos mendicantes e fé militante). Para Andrew Z. Jones, a Fé dos Sete é “similar ao conceito de trindade do cristianismo”,97 “um único Deus, e três papéis distintos”, o pai, o filho e o espírito, conforme Alister E. McGrath.98 O próprio George Martin revelou que se inspirou no cristianismo, tanto na questão da trindade quanto na questão da Igreja Católica e a Reforma Protestante;99

  4. Deus Garanhão100 – é conhecido também como Deus Cavalo. Esta divindade é venerada pelos Dothraki, guerreiros nômades de Essos. Os cavalos tem grande importância para esse povo. Sobre as leis não se tem muita informação, o que é mostrado na série são os costumes de saques seguidos de estupros e a aversão à magia de sangue. Semelhante à esperança cristã na qual, segundo Carl E. Braaten, Jesus Cristo retornará a este mundo “em glória e poder e reunirá com ele aqueles que confessam seu nome”,101 também os dothrakis esperam o cumprimento da profecia de que o garanhão que monta o mundo virá a “terra” e unirá todas as tribos dothrakis em um único khalasar102;

  5. Senhor da Luz e Grande Outro103 – estas duas divindades protagonizam a expectativa da batalha entre o bem e o mal. A religião do Senhor da Luz, também conhecido com Deus Vermelho, é dualista, pois acredita no deus da luz e no deus da morte. A crença no Senhor da Luz vem do continente Essos e está sendo difundida em Westeros pelo clero. Os membros do clero são os sacerdotes vermelhos, eles são dotados de poderes mágicos e são intolerantes a outras religiões como, por exemplo, na segunda temporada onde a sacerdotisa vermelha, Melisandre, queima as estátuas da Fé dos Sete juntamente com um homem que não quis se converter ao Senhor da Luz. Os seguidores do Senhor da Luz esperam um salvador que porá fim à luta contra o mal absoluto representado na figura do Grande Outro e seus filhos, os Vagantes Brancos. Esta religião se equipara ao zoroastrismo que, por conseguinte pode ser relacionada ao cristianismo, uma vez que este recebeu influências zoroastristas. Alguns conceitos e doutrinas que o cristianismo recebeu do zoroastrismo e que está presente na religião do Senhor da Luz são o monoteísmo, o antagonismo entre as divindades e as crenças escatológicas e messiânicas.104

Conclui-se que, o fenômeno religioso está entrelaçado à trama e a história dos habitantes deste mundo fantástico. Para Andrew Z. Jones, esse fenômeno religioso reflete o que ocorre no mundo real, com religiões que “ditam verdades supostamente absolutas e perfeitas por meio de seres e instituições imprecisos e falhos – assim como aquelas com as quais nos deparamos no dia-a-dia”.105

Feitas tais apresentações, a fim de ambientar os leitores deste trabalho, vamos neste instante seguir para a análise da personagem Daenerys Targaryen e sua trajetória na série.

4. DAENERYS TARGARYEN, NASCIDA DA TORMENTA

Este capítulo será dedicado à análise da trajetória da personagem Daenerys Targaryen. Portanto, ele será de caráter descritivo, onde serão analisadas as seis temporadas da série Game of Thrones até o presente momento. Para a análise da personagem em questão o capítulo terá como base a contribuição do analista de histórias Christopher Vogler, por entender-se que a jornada de Daenerys segue a mesma estrutura dos “três atos” apresentados por ele.

Para Vogler, “todas as histórias consistem em alguns elementos estruturais comuns, encontrados universalmente em mitos, contos de fadas, sonhos e filmes. São conhecidos como A Jornada do Herói”. Ao recontar a Jornada do Herói de Joseph Campbell, Vogler a divide em três atos: o primeiro é marcado pelo Mundo Comum, onde os heróis são apresentados; o segundo é o Mundo Especial, onde o herói entra, após o estágio da Travessia do Primeiro Limiar, no Mundo Comum; e o terceiro é o Caminho de Volta, em que os heróis voltam para o Mundo Comum.106

O título “Nascida da Tormenta” se deve ao contexto do nascimento de Daenerys Targaryen. Em Westeros, durante a rebelião de Robert, o rei Aerys II Targaryen ordenou que sua esposa grávida, a rainha Rhaella e seu filho, o príncipe Viserys, saíssem e se refugiassem na ilha de Pedra do Dragão enquanto a capital dos Sete Reinos era tomada pelos Lannisters. Enquanto a tropa Targaryen era esmagada e uma impetuosa tempestade assolava a Pedra do Dragão, Rhaella dava luz a Daenerys Targaryen, vindo a falecer logo após o parto. Para não serem vendidos ao usurpador Robert, sir Willem Darry e outros fiéis à família Targaryen retiraram Daenerys (recém-nascida) e seu irmão Viserys (oito anos) de Pedra do Dragão, antiga sede de sua Casa, e os levaram para a ilha de Bravos, em Essos.107

Após anos vivendo em Bravos, Daenerys e Viserys foram expulsos da grande casa de porta vermelha, após a morte de Willem. No livro Um da coleção “As Crônicas de Gelo e Fogo” Martin diz que “Dany chorara quando a porta vermelha se fechara às suas costas para sempre”; e que diante das dificuldades, peregrinando pelas terras de Essos, Viserys lhe prometia que tomaria o que era deles, o Trono de Ferro. Entretanto, Daenerys por ter saído de Westeros ainda bebê, não tinha conhecimento do que havia além de Essos, e para ela eram somente histórias.108

Daenerys é uma jovem bonita, de “cabelos loiro-platinados e olhos violeta, comuns aos membros da Casa Targaryen”,109 e sua família tem o costume de casar-se entre si para manter uma “linhagem pura”.110 Daenerys é conhecida pelos habitantes de Westeros e Essos como a última remanescente de sua Casa, e sua trajetória lhe creditou vários títulos111 no decorrer da série.

4.1. A trajetória da personagem

4.1.1. De objeto de troca à khaleesi112, rainha dos dothrakis

A primeira vez que vemos Daenerys é num ambiente que Christopher Vogler denomina de Mundo Comum, ou seja, “um mundo cotidiano, com as questões de todo dia”.113 Na cena, enquanto Daenerys aguarda em seu quarto uma criada preparar o banho, seu irmão, Viserys, chega para falar acerca do casamento dela, acordado entre Illyrio Mopatis114, seu protetor e Khal115 Drogo, o noivo.116

A intenção de Viserys em relação à irmã é trocá-la pelos 40 mil guerreiros de Khal Drogo e assim dominar os Sete Reinos, no qual Illyrio busca uma posição no Pequeno Conselho como Mestre da Moeda. Ao averiguarmos as conversas entre Daenerys e Viserys nas primeiras cenas, percebe-se que o irmão exerce certo poder de coerção sobre a irmã e que esta é uma mera “propriedade” para ele:

Viserys: Continua desengonçada... Deixe que vejam... Que tem um corpo de mulher agora... Preciso que fique perfeita hoje. Pode fazer isso por mim?

Não quer acordar o dragão, quer?

Daenerys: Não.

Viserys: Quando escreverem a história do meu reino, minha doce irmã, dirão que ele começou hoje. [...] Sei como jogar com homens como Khal Drogo. Eu lhe dou uma rainha e ele me dá um exército.

Daenerys: Não quero ser a rainha dele. Quero ir para casa.

Viserys: Eu também. Quero que nós dois voltemos para casa, mas eles a tomaram de nós. Então, diga, minha doce irmã, como iremos para casa?

Daenerys: Eu não sei.

Viserys: Vamos para casa com um exército. Com o exército de Khal Drogo. Eu deixaria que toda tribo comesse você, todos os 40 mil homens e seus cavalos também, se fosse preciso.117

Naturalmente, a princípio Daenerys recusa casar-se e ser a rainha de Khal Drogo. No entanto, encurralada por seu irmão, ela se vê “num beco sem saída, de tal modo que só lhe resta mergulhar”118 no casamento arranjado. Segundo Caroline Spector, há muito tempo Daenerys era abusada emocionalmente por Viserys, abuso este internalizado pela mesma, pois Daenerys não questionava o comportamento do irmão e sim, buscava justificativas para este, aceitando “sua posição e casamento obrigado”.119 Neste sentido, como afirma Kélica A. C. de Souza,

[...] modalizada pelo dever que lhe é imposto pelo irmão-destinador manipulador, pelo /não-poder-não-fazer/ (obediência), e ainda modulada pela paixão do medo de a ameaça do irmão se concretizar, Daenerys assume uma forma de vida resignada, de submissão, e casa-se com Drogo.120

Na festa de casamento, ela conhece sir Jorah Mormont, um cavaleiro exilado de Westeros por vender escravos, e que estará a maior parte da jornada com ela. Ela recebe de Jorah, livros de canções e histórias dos Sete Reinos; e de Illyrio, seu protetor, ela recebe três ovos de dragão petrificados.121

Com o casamento, vemos Daenerys deixando sua infância e atravessando para o estágio maduro de sua vida. Conforme Spector, à sombra de coerção, o início do casamento de Daenerys é “um contínuo estupro marital”, pois “seu desejo pessoal pela união são irrelevantes” numa sociedade cujo papel da mulher é gerar filhos e submeter-se ao homem. No entanto, ela se vê diante de duas opções: resistir a Khal Drogo e perder sua posição, ou encontrar uma boa maneira de conviver com sua atual condição.122

Nas sociedades do mundo real, conforme Mircea Eliade, o casamento é um dos ritos de passagem que inicia o individuo envolvendo-o em “uma mudança radical de regime ontológico e estatuto social”.123 Sendo assim, pode-se verificar que na série há a presença desse rito de passagem na vida da personagem Daenerys.

Daenerys opta por uma mudança radical, e se adapta à sua atual condição social de esposa, porém de forma ativa, no sentido de buscar o controle de sua própria vida recorrendo “ao conhecimento de uma criada para obter sua emancipação no relacionamento a dois”.124 Atrelada à cultura dothraki, ela se assume como uma verdadeira khaleesi confirmando tal posição em suas falas: “Não uma rainha. Uma khaleesi”125 ou “Sou uma khaleesi dos dothraki!”.126

Acrescenta-se também, sua aceitação como khaleesi pelos membros da tribo ao participar de um ritual no qual ela come um coração de cavalo cru. Aceitação esta, confirmada após o ritual: na atitude dos dothrakis que a ovacionam; na fala de Viserys ao dizer que, “eles a amam”; e na declaração de Jorah, “ela é mesmo uma rainha”.127 Ao pesquisar os rituais nas sociedades, em O herói de mil Faces (1997), o mitólogo Joseph Campbell afirma que os ritos de passagem são importantes numa sociedade primitiva, como a tribo dothraki, pois a rigorosidade de tais ritos afasta a mente do sujeito iniciante, Daenerys, radicalmente “das atitudes, vínculos e padrões de vida típicos do estágio que ficou para trás”.128

Socializada e reconhecida, Daenerys empreende posições contrárias às “práticas culturais inegociáveis e profundamente arraigadas” na cultura dothraki129 – saquear, escravizar e estuprar – ao reivindicar todas as mulheres prisioneiras para si, e com o apoio do marido, Khal Drogo, o líder da tribo. Tal posicionamento desencadeou a briga entre Mago e Drogo. Pois para Mago, “um Khal que recebe ordens de uma prostituta estrangeira não é um Khal”. Desafiando-o, Mago desfere um golpe em Drogo causando um ferimento e Drogo, por sua vez o mata. Porém o ferimento de Drogo rapidamente se agrava deixando-o quase sem vida.130

Para salvar Drogo, Daenerys busca uma das mulheres capturadas, a sacerdotisa Mirri Maz Duur que diz precisar recorrer à magia de sangue131 com o preço de uma vida, e Daenerys supõe ser a vida do cavalo de Drogo usado no ritual.132 Durante o ritual, Daenerys dá a luz a Rhaego e Mirri conta para ela que seu filho nasceu natimorto133, descrevendo-o como uma monstruosidade: era cego, tinha escamas como de lagarto, asas de couro como as de morcego, e quando ele foi tocado, a pele caiu dos ossos e dentro estava cheio de vermes.134

Após confrontar Mirri, Daenerys descobre que a sacerdotisa planejou desde o início o “preço pela vida de Drogo”. A magia, portanto, era para a morte de Rhaego, pois Mirri acreditava na “profecia do garanhão que montaria o mundo”, o qual morto não destruiria seu povo e sua cidade como os dothrakis fizeram por muitos anos.135 Em seguida, Daenerys vê o marido em estado vegetativo, e chorando finaliza a vida dele asfixiando-o.136

Logo após a morte de Drogo, o khalasar se dispersa, restando somente algumas pessoas. Daenerys, por sua vez, manda preparar uma pira para cremar o corpo de Drogo e matar Mirri Maz Duur. Na pira ela também coloca os três ovos de dragão que recebera no dia do casamento. Contudo, antes de iniciar o ritual de cremação Daenerys discursa para o restante do khalasar:

Daenerys: Vocês serão meu khalasar. Estou vendo as faces de escravos. Eu liberto vocês. Tirem as coleiras. Vão, se quiserem. Ninguém vai impedir. Mas, se quiserem ficar, deverá ser como irmãos e irmãs, como maridos e esposas. [...]. Eu sou Daenerys, Stormborn (Nascida da Tormenta), da Casa Targaryen, do sangue da antiga Valíria. Eu sou a filha do Dragão. Eu juro a vocês que aqueles que o ferirem morrerão gritando. [...].

Mirri: Não vai me ouvir gritar.

Daenerys: Eu vou. Mas não são seus gritos que eu quero. Só a sua vida.137

Assim que ouve os gritos da sacerdotisa, Daenerys entra na pira. Ao amanhecer após as chamas apagadas, ela se levanta nua com três bebês, os dragões, cujos nomes homenageiam sua família: o filho Rhaego (Rhaegal), seu marido Khal Drogo (Drogon) e seu irmão Viserys (Viserion). Ao vê-la sair das cinzas, Jorah e o restante do khalasar se curvam reverenciando-a.138

A maior parte da primeira temporada se enquadra no estágio da análise de histórias denominado por Vogler de Travessia do Primeiro Limiar. Para Vogler a travessia “pode ser um momento único, ou uma passagem extensa na história”, e esta exige do herói uma atitude de coragem especial, um salto de fé.139 A passagem de Daenerys foi finalizada com esse salto de fé ao entrar na pira, marcando sua passagem para uma nova fase de sua vida, o Mundo Especial.

4.1.2. Do Deserto Vermelho à Baía dos Dragões: rumo à Westeros

Vogler define o Mundo Especial como um ambiente de novas experiências e sucessivas provações; um mundo que, “mesmo figurado, é sentido de modo diverso, tem outro ritmo, diferentes prioridades e valores, regras diferentes”.140 O Mundo Especial de Daenerys é o mundo após a morte de Drogo e de seu filho, seguido do seu renascimento do fogo com seus três dragões.

A jornada de Daenerys nesse novo mundo inicia no Deserto Vermelho. Debaixo de sol escaldante e visível desidratação, ela e seu khalasar, enfrentam a fome e a sede.141 No entanto, devido sua fama de “Mãe dos Dragões”, ela recebe a notícia de que será recebida na grande cidade Qarth. Ao chegar a Qarth, os líderes da cidade se recusam deixá-la entrar, porém, após seus argumentos, um dos treze, Xaro Xhoan Daxos a recebe se responsabilizando por ela e seu povo.142

Após quase aceitar o pedido de casamento de Xaro, nas cenas seguintes Daenerys vê parte do seu povo assassinado, descobre que seus dragões desapareceram, e movida por um estado de impotência ela diz a Jorah: “eu tirei o meu povo do Deserto Vermelho e levei para o matadouro”.143 Xaro aliado ao bruxo Pyat Pree, haviam assassinado os dothrakis, roubado os dragões e planejavam prender Daenerys com eles, para fortalecer a magia dos dragões e do bruxo.144

Impulsionada a recuperar seus dragões, ela vai à Casa dos Imortais145. Para prendê-la, o bruxo utiliza-se de ilusões que reproduzem os maiores desejos dela: o Trono de Ferro, Drogo e seu filho Rhaego. Após identificar que as cenas não são reais, o bruxo acorrenta Daenerys e ela profere um comando aos dragões, e estes expelem fogo queimando o bruxo e as correntes.146 Em seguida, ela descobre que Doreah, sua amiga, havia se aliado a Xaro. Modalizada pela vingança, ela trata a quebra de confiança, com punição aos traidores, prendendo Doreah e Xaro numa espécie de bunker147, e junto ao restante dos dothrakis, ela saqueia a casa de Xaro.148

Neste momento é importante mencionar que Daenerys vai para uma região chamada Baía dos Escravos, que na série televisiva é apresentada como um conjunto de três cidades: Astapor, Yunkai, Meereen. Segundo a Wiki do site Game of Thrones BR, “a Baía dos Escravos é uma região geográfica e cultural de Essos. Construída das cinzas do Império Ghiscari, a baía tornou-se o maior centro de compra e venda de escravos do mundo conhecido”.149

Daenerys segue em busca de um exército. Chegando a Astapor, ela se encontra com um mercador de escravos, Kraznys, e negocia a compra de seus oito mil escravos, os Imaculados150. Mesmo expressando certo desconforto em relação à compra de escravos, agora com mais uma aliado, sir Barristan Selmy, ela se encontra novamente com Kraznys para a compra. Após contrato estabelecido, eles fazem a troca, o dragão Drogon pelo chicote151 de Kraznys. Em posse do chicote, Daenerys ordena que os Imaculados matem todos os mestres e soldados que tenham um chicote nas mãos; e a Drogon, ordena que queime Kraznys e a cidade. Daenerys leva consigo a tradutora de Kraznys, Missandei, e todos os escravos.152

Daenerys fala que está libertando os escravos, e como pessoas livres eles escolhem segui-la. Saindo da cidade, ela joga fora o chicote, simbolizando que não será uma escravagista. Aos Imaculados ela propõe que como livres, escolham seu líder, e estes escolhem Verme Cinzento. Ao sugerir o uso do nome de nascimento, Verme Cinzento explica para ela que quando multilado, os Imaculados recebem novos nomes, e que o de seu nascimento foi amaldiçoado ao se tornar escravo, mas o seu atual nome é abençoado, pois é de quando Daenerys o libertou.153

Seguindo para a cidade Yunkai, Jorah diz a Daenerys que ela não precisa tomar esta cidade e correr o risco de perder metade do exército conquistado, entretanto, ela diz que tem duzentos mil motivos para tomar a cidade, pelo fato de existir duzentos mil escravos nela. Razdal mo Eraz, um poderoso negociante de escravos e de uma família nobre, a pedido de Daenerys chega ao acamamento carregado por escravos numa liteira154 para negociar com ela . Razdal a presenteia com ouro e navios para que ela deixe os mestres conduzirem os negócios sem interferências.155

No entanto, ela oferece a própria vida dele, Razdal, e dos mestres de Yunkai pela liberdade de todos os escravos, com garantia de que os escravos recebam roupa, comida e o que puderem carregar como pagamento pelos anos de servidão. Ameaçado, Razdal diz que tem amigos poderosos que a destruirão e escravizarão seus aliados, e inclusive ela. Assim, Daenerys recorre a uma companhia de mercenários chamada Segundos Filhos. Estes, sendo prestadores serviços aos mestres de Yunkai, planejam atacar o acampamento dela. Mas um dos mercenários, Daario Naharis, assassina o líder e oferece sua lealdade a Daenerys.156

Deste modo, Daario com Verme Cinzento e Jorah conseguem tomar a cidade yunkaita e libertar os escravos. Mas, Daenerys fica apreensiva por não saber se os escravos virão, pois segundo ela, eles podem ter aprendido a amar suas correntes. No entanto, todos eles chegam, e ela diz que a liberdade pertence a eles, e se a quiserem terão que conquistá-la. Após seu pronunciamento, todos os escravos a aclamam como “Mhysa” (do antigo Ghiscari, que significa mãe).157

Depois de tomar Yunkai, Daenerys e o povo seguem para efetuar mais uma conquista, a cidade Meereen. A caminho da cidade, ela avista crianças penduradas em cruzes. Chegando aos portões da cidade, Daenerys se apresenta aos escravos de Meereen, e conta sobre a libertação em Astapor e Yunkai, falando-lhes sobre uma possível libertação deles também. E para demonstrar suas reais intenções aos mestres escravagistas, a Quebradora de Correntes lança das cataputas contra os muros da cidade, barris contendo correntes retiradas das crianças que estavam nas cruzes e de outros escravos que ela libertou.

No calabouço de Meereen, Verme Cinzento fala aos escravos que: “um único dia de liberdade vale mais que uma vida acorrentada”.158 Dito isto, os escravos decidem lutar pela liberdade deles, com as armas fornecidas por Verme Cinzento. A “revolta” consistia em uma única ordem a qual vemos escrita nos muros de Meereen: “matem os mestres”. E assim fizeram com a maioria dos mestres. Os que restaram foram crucificados, a mando de Daenerys, após ela perguntar a Jorah quanta crianças crucificadas ele contabilizou a caminho de Meereen. E Jorah diz que foram 163.159

Após a tomada de Meereen com a morte dos mestres e a notícia da morte do rei Jofrey Baratheon em Westeros, Daenerys e os companheiros cogitam rumar a Westeros, pois já possuem um exército numeroso e 93 navios. No entanto, Daenerys recebe a notícia de que Yunkai está sendo reescravizada e, em Astapor o conselho que governava a cidade havia sido derrotado. Diante disso, ela reconhece que não poderá governar os Sete Reinos sem aprender a governar reinos menores como a Baía dos Escravos. Em detrimento de seu retorno a Westeros, Daenerys decide governar Meereen e garantir que os libertos não voltem à escravidão.160

A população de Meereen é formada por libertos e famílias nobres. Decidida a governar, Daenerys começa a tratar os problemas da cidade como, por exemplo, a falta de emprego que acarretou o desejo de alguns libertos em retornar aos antigos mestres e exercer suas profissões. Ou, o desafio de prender seus dragões, pois além do rebanho, eles estavam queimando crianças. Para resolver esta situação, a “Quebradora de Correntes”, acorrenta seus dragões, exceto o maior, Drogon, pois estava desaparecido.161

Para se vingar de Daenerys os mestres escravagistas de Meereen e Yunkai haviam financiado um grupo chamado Filhos da Harpia, e estes se infiltraram na cidade assassinando o povo. Após capturar um dos Harpias, Daenerys teve que tomar uma medida drástica. Devido sua decisão de dar um julgamento justo ao capturado, um dos representantes dos libertos, Mossador, desacatou sua ordem e assassinou o prisioneiro. Uma vez que para Daenerys, “lei é lei”, ela o condenou a morte. Logo após a morte de Mossador, fez-se um longo silêncio seguido de um silvo162 produzido pelos libertos em direção àquela que antes chamavam de Mhysa (mãe), e, por conseguinte instaurou-se um verdadeiro confronto entre os libertos e nobres de Meereen.163

Passado o caos na cidade e depois de perdas significativas, como a de Jorah, expulso por traição e Barristan, morto pelos Harpias, outro personagem é introduzido à trama em Meereen, Tyrion Lannister. Reinando em Meereen, ao passo que sua aculturação estimulava o ódio dos mestres escravagistas, ela também provocava reclamações entre a população. Sendo assim, com resistência a rainha decide reabrir as arenas de luta, uma tradição da cidade.164

Na arena de luta, entra Jorah e diz que vai lutar pela honra e glória da rainha Daenerys. Após lutar e vencer, ele a salva de ser morta pelos Filhos da Harpia. Promovendo um massacre, os Filhos da Harpia matam tanto libertos quanto nobres, deixando Daenerys, Jorah e o restante de seus companheiros encurralados no centro da arena. Entretanto, o grande dragão, Drogon, aparece e queima a maioria dos Filhos da Harpia, e quando Daenerys o vê ferido arranca as lanças, o monta e ordena que ele voe. Tyrion fica encarregado de cuidar da cidade, enquanto Jorah e Daario saem numa expedição para encontrar Daenerys, que distante de Meereen e afastada de Drogon, é capturada e levada por dothrakis à cidade Vaes Dothraki.165

Seguindo para Vaes Dothraki, Daenerys é agredida física e verbalmente pelos guerreiros dothrakis. Ao chegar à tenda do chefe da tribo, Khal Moro, as esposas dothrakis a veem como bruxa devido à cor de sua pele, cabelos e olhos. Logo Khal Moro fica sabendo que Daenerys foi esposa de Khal Drogo, e Moro promete que ninguém a tocará, pois é proibido se deitar com viúvas de khals, porém ela como viúva deverá ir para o grupo das dosh khaleen166.167

Nas cenas seguintes, Daenerys é chamada ao templo onde seria decido o seu destino. Ela diz para Moro e os outros, que eles não tem capacidade para liderar os dothrakis, mas ela tem. Zombando dela, Moro reproduz a mesma ameaça de Viserys, quando esta era um objeto, ao dizer que vai estuprá-la revezando com os outros e se sobrar algo dela, dará a oportunidade aos cavalos. Então, ela derruba os castiçais com fogo que se alastram queimando todo o templo dothraki com Moro e seu grupo. Do lado de fora, todo o khalasar, atraído pelo fogo, vê Daenerys nua saindo das chamas e se curvam a ela, todos os dothrakis, Jorah e Daario.168

Enquanto isso, Tyrion com a ajuda de Varys, lidera Meereen. Em nome de Daenerys, ele faz aliança com os mestres de escravos, o que acarretou na cidade um tempo de “paz frágil”, segundo Varys, visto que não foi contabilizada nenhuma morte em decorrência da ação dos Filhos da Harpia. Contudo, para Tyrion, os moradores precisam saber que Daenerys é a responsável pela paz, mesmo não estando na cidade. Então, Tyrion convoca uma sacerdotisa do Senhor da Luz, Kinvara, para espalhar que a Mãe de Dragões e Quebradora de Correntes, é a salvadora do povo, e esta por sua vez, promete que seus sacerdotes espalharão a mensagem sobre Daenerys.169

Saindo de Vaes Dothraki, Daenerys se despede de Jorah, e ordena que ele busque a cura de sua doença, a escamagris170. No caminho para Meereen, Daenerys encontra Drogon e montada nele discursa para todo o khalasar. Ela diz que escolhe todos eles para atravessar o mar na conquista dos Sete Reinos, o presente que Khal Drogo prometera. Entretanto, ela precisaria de cerca de mil navios ou mais para atravessar o Mar Estreito.171

Chegando a Meereen, Daenerys se depara com a cidade sendo atacada pelos mestres, e seus poucos navios sendo destruídos. O negociante Razdal expõe seu termo de rendição, que consiste em escravizar os libertos, no entanto, Daenerys diz que eles estão ali para negociar a rendição deles e não a dela. Ela manda os Imaculados com os dothrakis matarem os Filhos da Harpia, e os três dragões queimarem os navios dos mestres escravagistas com seus inimigos. Pela violação do pacto, Razdal e um de seus aliados morrem, ficando um para contar o que aconteceu aos que queriam escravizar o povo da Baía dos Escravos.172

Na sala do trono, Daenerys recebe Yara Greyjoy e Theon Greyjoy, que possui muitos navios. Em troca de ajudar Daenerys, os irmãos Greyjoys querem as Ilhas de Ferro nos Sete Reinos, e Daenerys, diferente de seu ancestral Aegon que unificou os Sete Reinos, diz estar disposta a dar independência a quem lhe pedir. E descendo do trono, ela expõe seus termos aos irmãos Greyjoys173, que segundo a crença no Deus Afogado, tem uma cultura contrária aos ideais de Daenerys:

Daenerys: Apoiarão minha reivindicação à rainha dos Sete Reinos, e respeitarão a integridade dos Sete Reinos. Nada de saques, invasões, assaltos ou estupros.

Yara: É o nosso modo de vida.

Daenerys: Não mais.

Yara: Não mais.174

Diante da desolação causada pela Casa Lannister, às Casas Martell e Tyrell, Varys propõe a estas, vingança com “Fogo e Sangue”175, ao que aceitam se aliar a Daenerys. Com vistas à Westeros, Daenerys deixa o homem que a ama, e anuncia que agora que Meereen está em paz, a Baía dos Escravos se chamará Baía dos Dragões. Em seguida, cético em relação aos deuses, Tyrion diz que acredita em Daenerys e jura lealdade a ela, e ela no que lhe concerne o nomeia oficialmente como Mão da Rainha. E Daenerys com seus dragões e aliados, bem como com estandartes das Casas Greyjoy, Martell e Tyrell segue em seus navios para Westeros.176

Neste sentido, temos Daenerys fazendo uma transição do Mundo Especial para uma nova aventura. Conforme Vogler, mesmo que o Mundo Especial tenha seus atrativos, o herói ou heroína, na sua maioria, se decide pelo Caminho de Volta, podendo voltar ao Mundo Comum ou seguir outro caminho diferente do inicial. O Caminho de Volta marca o momento em que os heróis se dedicam novamente à aventura.177 Seguindo para Westeros, Daenerys novamente enfrentará obstáculos, mas segundo uma matéria publicada na Revista Quem, ela é cotada como a vencedora da guerra dos tronos, vindo a enfrentar muitos adversários, tais como Cersei Lannister, Mindinho, Gendry, Jon Snow e Sansa; podendo ser também ser a salvadora da real ameaça de Game of Thrones, os Vagantes Brancos.178

Embora haja mais duas temporadas para o encerramento da série179, é possível verificar como a trajetória da personagem em questão se enquadra nos “três atos” da Jornada do herói de Christopher Vogler. Sendo descrita: a) o Mundo Comum, desde o Chamado à Travessia do Primeiro Limiar; b) o Mundo Especial, desde os Testes à Recompensa; c) o Caminho de Volta, em que ela vai de encontro a uma nova aventura que segundo Vogler, é onde os heróis “agrupam o que aprenderam, ganharam, roubaram ou receberam no Mundo Especial”180

4.2. A linha tênue entre a heroína e a vilã e a moeda dos deuses aos Targaryens

O Herói e o anti-herói

Vogler define o herói como aquele que protege, serve e se sacrifica em benefício de outros. Diante de termos psicológicos o herói funciona como o que se distingue do resto da raça humana. Para ele, o herói busca uma identidade e totalidade do ego (personalidade) devendo, portanto, agregar as partes separadas deste – vilãs, amantes, amigos e inimigos – em uma forma completa e equilibrada para se tornar um ser integral.181

Segundo Vogler, o herói apresenta algumas funções dramáticas: ele se identifica com o público quando expressa emoções e motivações universais; cresce e aprende no decorrer da história; age ou faz algo ativamente que impulsiona a história para frente; reconhece uma dívida com o mundo através do sacrifício; dispõe a correr riscos podendo enfrentar a morte. Vogler ainda atesta que os “defeitos” humanizam o personagem tronando-os mais reais e atraentes.182

Segundo Iuri A. Reblin em sua tese de doutorado, Peter Coogan, caracteriza a “missão pró-social e altruísta” como atributo determinante para que um personagem seja considerado herói. Tal missão, portanto, pode ser encontrada em outros gêneros de personagens heroicos, todavia Coogan frisa que: “o herói é sempre um ideal de moral e perfeição, um exemplo a ser seguido”.183 Além disso, Reblin exemplifica esta missão em outros gêneros heroicos com a argumentação de Randy Duncan e Matthew Smith, em que estes afirmam que existem variações imperfeitas do herói – herói trágico e anti-herói, violentos e amargurados – que no final resultarão em serviço à causa da justiça.184

De acordo com algumas funções dramáticas do herói, apresentadas por Vogler e a breve exposição da figura do herói e seus gêneros apresentado por Reblin, conclui-se que o herói ou personagem heroico possui dentro de si sentimentos profundos de sua personalidade, bons ou maus, e ambos se fazem presentes no ser humano. O que nos remete a um dos arquétipos do herói apontado por Vogler, a Sombra. Este arquétipo é definido como um representante do lado obscuro, sendo muitas vezes o lugar de habitação dos monstros reprimidos no interior do homem. Apesar de possuir aspectos positivos, ele nas histórias pende mais ao aspecto negativo: se projeta nos vilões que se dedicam a morte, destruição ou a derrota do herói.185

Vogler afirma que a Sombra além de se manifestar num único personagem, possui a função de uma máscara podendo ser usada por qualquer personagem em momentos diferentes; a Sombra também pode se utilizar de outros arquétipos para atrair o herói ao perigo. No entanto, ela pode ser humanizada quando de sua vulnerabilidade, e “com isso, o vilão, de repente, deixa de ser apenas uma mosca a ser esmagada, e surge como um ser humano de verdade, com suas fraquezas e emoções”.186

Ao passo que a Sombra se humaniza, Vogler afirma que há de se tomar certo cuidado em relação a ela, no que se refere a sua não consideração quanto a vilania, e assim age como homem correto, sendo uma “pessoa tão convencida de que sua causa é justa que nada pode detê-la. Portanto, cuidado com o homem que acha que os fins justificam os meios”. Para melhor explicar esta questão, Vogler toma como exemplo o ditador Adolf Hitler, que com sincera certeza da razão, julgava sua causa justa e até heroica ordenando “as maiores atrocidades para atingir seus objetivos”.187

O arquétipo da Sombra pode ser um personagem externo ao herói, ou algo inerente e profundamente reprimido no seu interior. Algumas sombras negativas podem se redimir e se converter em positivas, como por exemplo, Darth Vader de Guerra nas estrelas, o qual quando sua maldade fora perdoada veio a se transformar em um ser benigno.188 Porém, este aspecto do personagem, Sombra, abriga tanto sentimentos sadios quanto perniciosos ou danosos, e Vogler alega que:

O conceito psicológico do arquétipo da Sombra é uma metáfora útil para compreendermos os vilões e antagonistas em nossas histórias, e também para captarmos os aspectos do herói que não se manifestam, ou ficam ignorados, ou ocultos.189

Dados os conceitos de Herói e Sombra, pode-se inferir que o “anti-herói” é a conciliação de alguns aspectos destes arquétipos. Ele, o anti-herói, por sua vez, não é o oposto do herói e sim um personagem que pode ser julgado como vilão do ponto de vista da sociedade, mas com que o público se identifica. Vogler caracteriza os anti-heróis em dois tipos: os que se comportam como os Heróis convencionais, “mas a quem é dado um toque muito forte de cinismo, ou uma ferida qualquer”, estes são homens honrados, que rejeitaram a corrupção “da sociedade e agora operam na sombra da lei”; e os Heróis trágicos, “que podem não ser admiráveis nem despertar amor, e cujas ações podemos até deplorar”, podendo estes ser destruídos por seus “demônios íntimos”.190

A motivação pessoal é outra característica do anti-herói, que geralmente agem em decorrência dela.191 Tem-se como exemplo, o anti-herói Justiceiro da Marvel Comics, que vez por outra está em debate com o clássico herói Demolidor. O debate entre o dois consiste em que para o Demolidor, os bandidos devem ser julgados pela justiça do Estado, e para o Justiceiro a justiça é feita pelas próprias mãos. O que o impulsionou Justiceiro a agir desta forma foi a morte de sua família após esta, num piquenique, presenciar uma execução da máfia.192

Este tipo de herói, a saber, o anti-herói está cada vez mais em voga no cinema e séries televisivas em geral. Sendo eles, honrados, mas cansados das injustiças e fazendo-as com as próprias mãos, conseguem a simpatia e o apreço do público. Na mesma direção de Morin quando este trata a respeito da projeção-identificação, 193 Vogler afirma que a plateia ao ouvir ou assistir uma história, peça ou filme pode se identificar com o herói e ver o mundo pelos olhos dele quando os narradores dão aos heróis qualidades misturadas à “características universais e únicas”. Vogler ainda ressalta o sentimento do público em relação aos anti-heróis dizendo que: “amamos esses personagens porque são rebeldes e torcem o nariz à sociedade, como gostaríamos de fazer”.194

Avançando para o mundo de Game of Thrones, sabe-se que é a habitação dos anti-heróis, salvo alguns que realmente são retratados como vilões. Conforme foi visto no capítulo um deste estudo, uma das características dos personagens da série é sua complexidade, a qual dificulta a caracterização dos mesmos como bons ou maus. No entanto, podemos ver na série, raros casos de personagens estritamente vilões, como por exemplo, Ramsay Bolton.

Ramsay Bolton é conhecido como o “rei dos vilões”, seu currículo de maldades engloba: esfolamento, tortura, caçada com cães à mulheres (feminicídio), estupro, parricídio, infanticídio etc. Porém, no penúltimo episódio da sexta temporada, como muitos espectadores esperavam e desejavam, o abominável Ramsay morreu devorado por seus próprios cães, enquanto Sansa, a esposa que sofria violência doméstica e estupro, assistia a cena tomada de satisfação. Em entrevista, o diretor Miguel Sapochnik, conta que ‘Ramsay deveria morrer, e de um modo trágico. O público ansiava por isso’.195

O público desejava a morte de Ramsay por todos os crimes hediondos que o mesmo cometeu. Quando o vilão é punido, o público se simpatiza com aquele anti-herói (Jon e Sansa) que aplicou a justiça com as próprias mãos. Tal posicionamento de satisfação dos espectadores pode estar atrelado à realidade que os mesmos vivem, e estes – através dos jornais ou mesmo das próprias experiências – percebem que, o que se tem “hoje diante dos olhos é, de fato, uma vida exposta como tal a uma violência sem precedentes, mas precisamente nas formas mais profanas e banais”.196

Dados os raros casos de vilões na série, sabe-se, portanto, que esta não é maniqueísta, logo não existe herói clássico, como por exemplo, o Demolidor. Nesse sentido pergunta-se: que tipo de heroína é Daenerys Targaryen? Não uma heroína clássica. Dentre todos os personagens da série, Daenerys é uma das protagonistas que mais se destaca como anti-heroica. Conforme os conceitos abordados sobre o Herói e Sombra resultando no Anti-herói, suas ações heroicas e sombrias podem ser observadas nos diálogos, discursos e nas atitudes nobres e amorais.

Daenerys tem atitudes altruístas, que competem aos heróis, como a libertação dos escravos, por exemplo. Aqui portanto cabe um adendo: as “revoltas” efetuadas sob sua liderança, subvertem as revoltas de escravos no mundo real, as quais eram “sufocadas no sangue” dos escravos, 197 pois em Meereen elas culminam no sangue dos próprios escravagistas. A personagem também apresenta atitudes implacáveis, como as da Sombra. Frases como, “eu reponderei a injustiça com justiça”,198 faz parte do seu cotidiano. Sua forma de responder a injustiça se resume em punir os “culpados” de crimes, como estupro, tráfico de escravos e infanticídio, com morte, assim como o anti-herói da Marvel, o Justiceiro.

Quando Daenerys, aconselhada por Barristan, decidiu dar um julgamento justo a um criminoso, um de seus seguidores, levantou-se como anti-herói e fez a “justiça com as próprias mãos”, ao que ela responde conforme suas leis (lei é lei), assassinando seu seguidor.199 Atualmente, no mundo real é questionável se essa “justiça com as próprias mãos” é justiça propriamente dita devido ao Direito Penal, que busca reprimir os delitos, imputando penas aos criminosos para preservar a sociedade e desenvolvê-la.200

Segundo Aldenor Pimentel, antes do Direito Penal as normas dos primeiros grupos sociais eram divididas em três fases: vingança privada, que consistia em justiça com as próprias mãos; vingança divina201, que considerava a agressão uma ofensa aos deuses; e a vingança pública, que “era realizada em nome do Rei ou Estado”.202 No entanto, o Direito Penal lido linear e evolutivamente revelou uma visão depreciativa em relação às primeiras normas sociais, sendo vistas como organizações não civilizadas. Pois, as “penas eram aplicadas sem critérios, consistiam quase que constantemente em penas capitais, praticadas de diversas maneiras, e todas selvagens”.203

No mundo real, algumas ações de Daenerys, por mais que o espectador vibre com estas, são consideradas não civilizadas diante do Direito Penal conforme aponta Pimentel. Contudo, estas ações são válidas no mundo de Game of Thrones, visto que a história se passa num contexto de guerras. Daenerys como rainha levantada entre os “primitivos” dothrakis pode então, executar a vingança pública nos conflitos internos da Baía dos Escravos.

No entanto, as ações de transformações político-sociais de Daenerys – mesmo que esta possa imputar a “justiça” – ficam intricadas no decorrer da série em relação a seus discursos quando se refere à sua motivação pessoal, tomar o Trono de Ferro a qualquer custo. Sua ambição pelo Trono de Ferro evidencia ainda mais seu anti-heroísmo. Conforme Vogler nos apontou, é preciso observar se a anti-heroína – junção de Herói e Sombra – irá tender para o lado sombrio, se convertendo em vilã, por julgar suas ações em busca do Trono de Ferro corretas acima de tudo e todos, como veremos na seção seguinte.

4.2.1. Dois lados da mesma moeda: a loucura e a grandeza

Debruçando-nos sobre a trajetória de Daenerys, percebemos que, após a perda de Rhaego seguida de sua maternidade mítica, mãe de dragões, ela assume também o papel de mãe-salvadora dos libertos. Por conseguinte, Daenerys se torna a primeira mulher a governar todos os khalasares, cujas tribos nunca haviam tido uma khaleesi como líder principal. Também vimos na seção anterior, que ela é uma rainha com um grande exército e frota de navios seguindo para Westeros.

Conforme Spector, Martin criou “um dos exemplos mais dramáticos de empoderamento feminino em As Crônicas de Gelo e Fogo”.204 Segundo Paloma Couto, Carrión destaca que,

[...] embora a Targaryen tenha prevalecido sobre a khaleesi, a terceira vida de Daenerys não se entende sem a soma de suas vidas anteriores. A primeira foi tese; a segunda, antítese; a terceira, talvez seja a síntese. Em qualquer caso, é a soma. Se não tivesse traduzido e não tivesse sido traduzida, se não tivesse integrado a magia, se não tivesse assumido seu animal sexual, se não tivesse aprendido o amor e a morte, não seria quem é agora.205

No entanto, Spector afirma que a natureza de Game of Thrones é “cobradora de um alto preço” àqueles que detêm o poder, e não é diferente em relação à Daenerys. Nota-se que a identidade da personagem foi se modificando, pois as circunstâncias, a questão da sobrevivência e principalmente sua ascensão ao poder lhe custou traços de sua personalidade, que foi sendo alterada de dócil para uma personalidade mais dura, implacável e insensível.206

Por outro lado, há alguns personagens que testemunham as qualidades da rainha. Como por exemplo, Jorah que no episódio cinco da segunda temporada, a descreve como uma pessoa de coração tão gentil que nem parece ser uma pessoa real.207

Contudo, é sabido desde a primeira temporada que o pai de Daenerys possuía o título de Rei Louco, e como vimos o irmão dela também era problemático por causa do desejo insaciável pelo “poder”, o Trono de Ferro. Ficamos sabendo que o pai de Daenerys foi morto pelo chefe da guarda-real208, Jaime Lannister, este que, conforme a lei de Westeros deveria dar a vida pelo rei caso fosse preciso. No entanto, o assassinato do rei Aerys II marcou a vida de Jaime para sempre lhe rendendo o título de regicida209.

No episódio cinco da terceira temporada Jaime conta para Brienne sobre o regicídio, é quando ficamos sabendo os detalhes deste fato. É a primeira vez que Jaime fala do assunto, sobre as motivações para o assassinato do Rei Louco.

Jaime: Conhece o líquido inflamável?

Brienne: É claro.

Jaime: O Rei Louco era obcecado por ele. Adorava ver as pessoas queimando. O jeito que a pele escurecia e empolava, e derretia dos ossos deles. Ele queimou lordes de quem não gostava, queimou conselheiros que o desobedeceram. Queimou todos que eram contra ele. Ele via traidores por todo lado. Então fez seus piromantes colocarem líquido inflamável por toda cidade. Debaixo do Septo de Baelor e das áreas pobres da Baixada das Pulgas. Debaixo das casas, estábulos, tavernas. Até mesmo debaixo de Red Keep (Fortaleza Vermelha). [...] Eu o encorajei a se render pacificamente. Mas o rei não quis me ouvir. [...] Mais uma vez eu fui até o rei, implorando para que se rendesse. Ele me falou para dar a ele a cabeça do meu pai. Aí ele voltou-se ao piromante. E disse: “Queimem eles, queime. Queimem eles em seus lares e em suas camas”.210

Após descrever o fim do pai de Daenerys, Jaime fala para Brienne que o Rei Louco pretendia morrer com todos para renascer como um dragão e fazer cinzas de seus inimigos. Algumas características de Aerys contadas por Jaime se assemelham a acontecimentos na vida de Daenerys, como veremos adiante.

No livro três, A tormenta de espada, da coleção As Crônicas de Gelo e Fogo, temos uma conversa de sir Barristan e Daenerys. Barristan diz para Daenerys que seu irmão, Viserys, diferente de Rhaegar (seu outro irmão, que não conhecera) era como o pai, mesmo quando criança. Ao dizer isso o sir estava se referindo à loucura do pai também presente em um dos filhos, e ainda conta para ela que o rei Aerys era conhecido como Rei Louco. Porém, Daenerys não acreditava e achava que era mentira do usurpador Robert Baratheon.211

Barristan destaca que antes de se aproximar dela queria se certificar se ela era louca como o pai. Então, Barristan explica que:

[...] qualquer criança sabe que os Targaryens sempre dançaram demasiado perto da loucura. Seu pai não foi o primeiro. O Rei Jaehaerys disse-me um dia que a loucura e a grandeza eram dois lados da mesma moeda. “Sempre que um novo Targaryen nasce” disse ele, “os deuses atiram uma moeda ao ar e o mundo segura a respiração para ver de que lado cairá”.212

Cersei Lannister ao falar sobre o filho Jofrey Baratheon, atribui o sadismo deste como preço pelo pecado de incesto, pois Jofrey assim como os outros irmãos são filhos dela com seu irmão Jaime Lannister. Mas os Targaryens casavam entre si, observou Tyrion Lannister. No entanto, Cersei diz que: “metade deles ficaram loucos. Qual é o ditado? Toda vez que um Targaryen nasce, deus joga cara ou coroa”.213 Guilherme Albero em uma matéria publicada no portal de entretenimento Cinescópiotv diz que a loucura Targaryen pode ser atribuída às relações consanguíneas mantida entre a família, como uma doença recessiva.214

Contudo, a loucura Targaryen é questionável, visto que “de todos os reis Targaryen que governaram Westeros por quase 300 anos, apenas Aerys II pode ser considerado realmente louco”. Alguns Targaryens cometeram insanidades devido a circunstâncias, e estas resultaram em tragédias, e quanto a personalidade instável deles, pode originar-se da magia no sangue, o sangue de dragão (fogo).215

A própria Daenerys disse certa vez: “o fogo está em nosso sangue”,216 isto é, nos Targaryens. Percebe-se que assim como o pai, que não chegou a conhecer, Daenerys é atraída pelo “fogo”. Se analisarmos as cenas da banheira de água escaldante e do ovo petrificado quente, podemos ver, na expressão facial de Daenerys, a saber, no olhar fixo tanto sobre a vapor que saia da banheira quanto para o ovo petrificado, a atração que a mesma tem pelo fogo. Na cena, do ovo petrificado, quando Daenerys é chamada, ela não responde e automaticamente com as mãos, retira do caldeirão o ovo petrificado quente. Após uma das mulheres dothraki arrancar o ovo de suas mãos (não feridas), no susto Daenerys diz: “está ferida”. Passando a impressão de que não se lembrava do que aconteceu.217

Daenerys, como anti-heroína, em sua jornada se mostrou amável com seus protegidos, os libertos, e implacável com os inimigos. Dos seus, Daenerys se compadece e protege. Dos inimigos que a ameaça e a seu povo, ela não exerce piedade ou sensibilidade face às mortes aplicadas ou presenciadas por ela. Um dos exemplos, é a morte do próprio irmão que ameaçava tirar com uma espada o filho de sua barriga. Quando Drogo derreteu correntes de ouro e jogou na cabeça de Viserys, como coroa reivindicada, Daenerys se recusou a virar o rosto para ver a morte do irmão. Impressionada, porém insensível ela diz que “ele não era um dragão, um fogo não pode matar um dragão”.218

Entre tomadas de cidades e libertação de escravos, o senso de altruísmo de Daenerys parece que foi regredindo em alguns momentos de sua jornada. Para aplacar sua impiedade e ira, ela precisa receber conselhos de seus aliados, e diferente de seu pai, os ouve. Os conselheiros de Daenerys, Jorah, Barristan e Tyrion funcionam como a figura do Mentor que conforme Vogler, sua “função é preparar o herói para enfrentar o desconhecido”, lhe aconselhando e orientando.219

Tanto Barristan quanto Tyrion orientaram Daenerys na sua forma de governar e para isso, ambos citaram o pai dela como exemplo, alertando-a de que ela poderia estar agindo da mesma forma que o pai. Certa vez, Barristan disse para ela que o Rei Louco quando incendiou castelos e casas, riu ao ver e ouvir quando homens eram queimados vivos com o líquido inflamável. Ele ainda frisa que o “Rei Louco deu aos inimigos a justiça que achou que mereciam. E todas às vezes isso o fez se sentir poderoso e correto”.220 E Daenerys decidiu não agir como o pai.

Após obtermos detalhes sobre o último dia de vida do Rei Louco na voz de Jaime Lannister, no episódio seis (Sangue do meu sangue) da sexta temporada vemos através de uma das visões de Bran Stark o Rei Louco sentado no Trono de Ferro gritando: “Queimem todos” entre cenas do líquido inflamável sendo preparado e devastando um corredor. E no final do mesmo episódio, ao discursar para os khalasares reunidos, Daenerys fala que não é um khal para escolher três cavaleiros de sangue, e como khaleesi escolhe todos como sangue do seu sangue.

No blog Escalada Jornalismo Nerd, a redatora Tay Mariola questiona se o nome do episódio, Sangue do meu sangue, seria proposital para dizer que ela tem a loucura do pai, pois em tal episódio, Daenerys “muda completamente o discurso de rainha que quebra correntes, mãe de seu povo”.221 Neste episódio, ao invés de permitir que os dothrakis escolham se querem segui-la, fazendo alusão ao discurso de Drogo na primeira temporada – pilhar, matar e destruir –,222 ela convoca o povo dothraki a tomar o Trono de Ferro para ela, destruindo seus inimigos, como o pai fazia.223

Não obstante, Daenerys além de traços da loucura de sua linhagem, ainda tem traços de grandeza. Segundo o site Que Conceito algumas das características da grandeza de uma pessoa é que elas são: [...]são humanas, solidárias e não pensam apenas em si mesmas; aplicam a filosofia de vida de deixar este mundo melhor do que encontraram”.224 Nesse sentido, podemos observar que Daenerys ainda é uma pessoa solidária à causa dos menos favorecidos. Ao sair de Meereen após trocar o nome do conjunto de cidades conquistada para Baía dos Dragões, ela deixa instruções para Daario cuidar da Baía, para que não mais seja escravizada.225

Acrescenta-se também que mesmo a personagem com suas motivações pessoais, característica do anti-herói, ela de fato demonstrou que se importa com o povo. E isto pode ser atestado em um dos podcast do Podcasteros, em que os podcasters dizem que Daenerys é a única personagem que se preocupa com o “povão”, não o vendo como dispensável, pelo contrário ela deseja acabar com a classe dominante e opressora, e quando chegar a Westeros se preocupará com o pobre.226 Outro desejo da personagem, um dos aspectos da grandeza, é deixar o mundo melhor de como o encontrou,227 e para isso, pretende reinar com apoio do povo comum e “quebrar a roda” dos ricos e poderosos destruindo a classe dominante que oprime o povo.228

A luta interior entre a grandeza e a loucura da personagem parece ser inconsciente para a mesma, sendo o aspecto da loucura Targaryen suscitado somente nos momentos em que seus conselheiros a recordam do título e dos feitos de seu pai.229 Mas podendo ser observada pelo espectador nos momentos em que a mesma recua na intenção de cometer alguma atrocidade, ou mesmo quando ela diz que se assustou por não sentir nada além de impaciência para terminar logo a despedida do homem que a amava, e que pensava que o amava também.230

O resultado do Herói e da Sombra, anti-heroísmo, aliado ao legado da família de Daenerys é uma linha tênue entre a Heroína e a Vilã, cujos aspectos negativos da Sombra (vilão) se mostram cada vez mais evidentes para os espectadores231. Sua ânsia pelo Trono de Ferro, pode estar impedindo que a personagem tome consciência de que poderá igualar-se ao pai na busca por este poder. Assim, enquanto a moeda dos deuses à Daenerys ainda gira, os espectadores seguram a respiração e aguardam as próximas temporadas para ver de qual lado cairá: grandeza ou loucura.

5. PERSPECTIVA SALVÍFICA DE DOIS MUNDOS

5.1. O fim está chegando! As perspectivas messiânico-escatológicas no Mundo Terra

O fim está próximo! Diz uma das maiores teorias dos cristãos sobre o iminente retorno de Jesus, que trará o final definitivo da história deste mundo.232 Entretanto, a expressão “fim do mundo” permeia não só a esfera religiosa, mas fora desta também como, por exemplo, a vitória de Donald Trump nas eleições de 2016 nos EUA, que foi caracterizada como “fim do mundo” na fala de um colunista da Folha UOL, em que o mesmo diz: “a eleição de Trump certamente representa a sensação de ‘fim do mundo como o conhecemos’, mas com ela, ao redor do globo, poucos se sentem bem”.233

A expressão “fim do mundo” diz respeito a uma iminente “consumação maravilhosa, quando o bem será enfim vitorioso contra o mal, reduzindo-o para sempre à nulidade”, e a aniquilação ou afastamento dos homens maus. A partir dessa expectativa, o povo “escolhido” viverá em uma terra sem conflito, transformada e purificada, seja na história temporal ou na esfera sobrenatural. Essa expectativa, segundo Norman Cohn, adquiriu duas versões: a cristã que exerceu e ainda exerce um poderoso fascínio; a secularizada que “é facilmente reconhecível em certas ideologias político-sociais”.234

Ademais, na teologia apocalíptica a crença no fim do mundo, prevê um confronto final, no qual o “bem” (herói) vencerá o “mal” (vilão), dando lugar a um reino eterno de paz, uma vez que o mal e todas as suas faces serão aniquiladas para sempre. Tal otimismo apocalíptico tem raiz na religião persa de Zoroastro235. Segundo Priscilla Pinheiro Quirino, Norman Cohn afirma que Zoroastro se inspirou “em um mito antigo de combate para criar outro mito de combate”, o qual se transformou em fé apocalíptica; e Cohn ainda ressalta que a escatologia zoroastrista foi assimilada e adaptada em grande escala por outras religiões.236

Entre os que se assimilaram a escatologia zoroastrista está Israel. No entanto, Cohn diz que o povo de Israel não assimilou de forma sobrenatural essa escatologia, mas dizia que havia potências estrangeiras como inimigas de Israel e logo inimigas de seu deus. Cohn afirma que as concepções zoroastrianas foram aceitas pelos judeus, porém “os fariseus nunca aceitaram a ideia de uma grande potência sobrenatural hostil a Deus”, diferente de outros grupos que criam no poder e derrocada final do Diabo, como por exemplo, “a seita de Qumran e a seita de Jesus”.237

Conforme Renold J. Blank, antes do exílio a teologia apocalíptica de Israel partia do pressuposto de que Deus possuía um projeto a realizar-se dentro da própria história do povo. No entanto, com o exílio e a opressão dos Selêucidas, esta teologia, não totalmente, deu lugar a uma apocalíptica que, por sua vez, compreendia o agir de Deus projetado num futuro longínquo. Blank diz que, a teologia dos apocalipses converge em dois aspectos: no primeiro, está presente a ruptura total com a história – destruição catastrófica do mundo –, enquanto no segundo aspecto, se vê uma transformação dentro da história – destruição dos inimigos de Israel, nova Jerusalém. Quanto à continuidade, ambas tem o elemento mais significativo, a convicção de que: “Deus fará algo totalmente novo”. 238

As esperanças da concepção de um Novo Mundo para muitos se dará em decorrência da destruição do universo, bem como alguns aspectos relacionados ao fim, como alguns textos bíblicos relatam. De acordo com Alister E. McGrath em geral os textos apocalípticos seguem um mesmo viés: a expectativa da iminente intervenção divina no mundo, a libertação de Deus aos fiéis e destruição de seus inimigos, bem como a destruição da presente ordem do universo, a qual será substituída pela restauração da natureza.239

Para Cohn, os evangelhos sinóticos e o livro de Apocalipse são obras distintas, mas que possuem a mesma “preocupação escatológica”, e ao mesmo tempo em que o mundo é visto cada vez mais sob uma ótica dualista. Ao passo que essas obras mostram um caráter de poderio sobrenatural que frustraria os desígnios divinos, elas também tinham a visão de vitória de Deus sobre os inimigos que seriam destruídos pelos anjos de Deus, o julgamento universal com um juiz transcedente, o Messias, assim como um reino eterno e a imortalidade do corpo. Diferente de Israel que via os inimigos dele como ameaças terrenas aos desígnios de Deus e não numa esfera sobrenatural.240

A teologia apocalíptica trouxe, portanto, esperança de um consolo em meio ao sofrimento para muitos oprimidos. Todavia, trouxe também o sentimento de medo aos fiéis. A expectativa de um “fim” que demorava e a incerteza deste fez surgir o medo gerado pelo próprio medo que a teologia apocalíptica produzia. E assim, houve uma inversão da esperança, os fiéis começaram a temer o que trazia esperança. Com o tempo um desejo de vingança cresceu por parte dos fiéis conforme expõe Blank.241

O fim do mundo, o dia em que Deus acabará com esse “eon”242, se torna o grande dia da vingança do Senhor. Vingança esta que satisfaz não só a pressuposta ira do Deus ofendido, mas sobretudo também o desejo de vingança dos que até aquele momento sempre foram oprimidos e ridicularizados: o grupo dos “escolhidos”.243

A vingança, juízo ou ameaça de Deus é outra característica da teologia apocalíptica. Neste caso, os fiéis como eleitos de Deus já estão salvos, assim, as ameaças cabem somente aos ímpios. Consistindo em punição de Deus aos ímpios, aos opressores e a todos seus inimigos.244 Este aspecto da teologia apocalíptica é paralelo à escatologia zoroastrista. Segundo Braaten, a religião zoroástrica ensina que três mil anos depois de Zoroastro, virá um salvador para por um fim ao mundo presente.

Os mortos serão ressuscitados, e tanto os bons quanto os maus terão de passar por uma torrente de metal derretido. Os bons atravessarão sem dano algum e entrarão no novo mundo, ao passo que os maus serão purificados ou queimados. Após esta purificação universal, a soberania de Aúra Mazda será completa e os bons desfrutarão, junto com ele, de um novo céu e uma nova terra.245

Conforme Braaten, “para os cristãos, o dia do juízo não deve ser objeto de pavor”, pois Jesus será o juiz e não condenará àqueles que o confessam.246 Quanto à doutrina cristã em relação ao inferno (destino dos ímpios), McGrath diz que esta atingiu o interesse no ápice da Idade Média quando os artistas ao retratar “justos observando os pecadores sendo atormentados pelo fogo do inferno e por outros tipos de tortura”, era suposta certa satisfação da parte deles. Contudo, McGrath acentua que a ideia de inferno se tornou alvo de intensas críticas, uma delas é a contradição da “justiça vingadora” de Deus e o cristianismo que fala do amor e compaixão de Deus. 247 No entanto, o cristianismo tem como executor da sentença, Jesus.

Como vimos, antes do juízo final está previsto sob a perspectiva apocalíptica, o confronto final entre as forças do bem e do mal. Sendo este dualismo uma das características da religião persa na qual, conforme Braaten, Zoroastro pregava a luta entre “Aúra Mazda, o todo poderoso, e Angra Mainyu ou Arimã, a manifestação de tudo que é mau”.248 Desta forma, pode-se perceber essa dualidade no cristianismo: na pessoa de Jesus ou Deus (bem) e na pessoa de Satanás ou Diabo (Mal).

Segundo Carlos Augusto Vailatti, os cristãos tradicionais veem a figura do “mal” na teologia apocalíptica como o Anticristo, este por sua vez, ‘surgirá nos últimos dias como um oponente de Cristo’.249 No livro do Apocalipse também são utilizadas ‘visões horripilantes e irracionais, invocando imagens proféticas tradicionais de animais e monstros’ para caracterizar o poderio de Roma.250 Neto destaca que:

Na literatura neotestamentária todo o Universo passa a ser encarado como dividido entre dois reinos: o de Cristo e o do Diabo. Enquanto Jesus se vê incumbido na missão de destruir o reino do Mal, Satã se esforça de todos os modos para impedir a expansão do reino do Cristo. Deste modo, o Diabo conta com o auxílio de uma multidão de demônios inferiores que levam os homens a rejeitarem a Jesus e que os afligem com sofrimentos físicos.251

Para Blank, esse modelo dualista, serviu de consolo e avivamento da esperança para Israel, devido à condição de opressão que se encontrava. Devido à concepção de que “a luta entre as forças do bem e as do mal pode sacudir o povo eleito como quiser, o êxito dessa luta já foi predeterminado”, se tornando assim, a teologia apocalíptica, a “garantia para a dimensão histórica da esperança” no contexto de sofrimento.252

Os ideais messiânicos em Israel tinham significação político – nacionalista e religiosa. Num momento de instabilidade em Israel, devido às crises, era necessário recorrer à dinastia davídica (do ungido de Deus, Davi) para estabilizar e legitimar o herdeiro da casa de Davi. Simultaneamente, apontou-se a era messiânica escatológica oriunda de um ideal triunfalista imediato. Tal idealização estaria nos moldes de Davi, “cuja linhagem real deveria dispensar qualquer equívoco”, que no tempo de Jesus, o verdadeiro messias dependia “essencialmente da natureza real do Filho de Davi”.253

As expectativas messiânicas em torno de Jesus provêm de uma tradição lendária, a qual no momento da destruição do Templo de Jerusalém nascia o filho de Davi, o messias, na cidade de Belém. Para Scardelai, a releitura do Novo Testamento procurava provar a messianidade de Jesus de Nazaré, logo a tradição cristã se apropriou da lenda para colocar Jesus na linhagem de Davi.254 Richard A. Horsley e John S. Hanson, afirmam que “quase todos os movimentos e eventos tinham orientação antirromana”, e que alguns estudos tendem a se concentrar na caracterização de Jesus como “messias ou profeta escatológico”.255

Segundo Cohn, a mescla de dualismo e escatologia zoroástrica era muito viva entre os cristãos, que viam na figura do Messias um agente de Deus nos últimos dias. O Messias do Livro do Apocalipse tem aspectos muito comuns aos dos guerreiros da escatologia persa. Assim como na escatologia persa, em que esta espera o retorno de Zoroastro, no apocalipse espera-se que o Messias, Cristo, retorne. Cohn diz que “em ambos os casos a volta do redentor assinala o fim dos tempos e o início do mundo além do tempo, reino de Deus na terra”, sendo o cristianismo, aparentemente, mais exposto à influência zoroástrica.256

A ideia de messianismo se desenvolve no pensamento escatológico, no sentido de que seu pano de fundo é o “fim da história”, ou seja, o fim do sofrimento, da opressão e a esperança de um Mundo Novo. Portanto, evoluído em um contexto apocalíptico, o messianismo é um conjunto de crenças de várias culturas do mundo. Segundo Timóteo Carriker, a ideologia messiânica “possui certas características comuns apesar da sua diversidade histórica, étnica e estrutural”, sendo uma delas a preocupação com um fim catastrófico e a utopia de um Mundo Novo, cujo processo se dá na “redenção precedida por uma catástrofe pré-milenar”.257

5.2. O inverno está chegando! Perspectiva messiânico-escatológica no Mundo de Gelo e Fogo

Nesta seção serão analisados alguns fatos da série, bem como alguns trechos da coleção “As Crônicas de Gelo e Fogo”, a fim de buscar indícios de um possível roteiro messiânico-escatológico no mundo de Game of Thrones.

5.2.1. Sobre o retorno da magia e as profecias

Parte da história de Game of Thrones pode ser considerada uma reprodução apocalíptica, tal como a que descrevemos na seção 3.1. Mesmo que a temática central da série seja a disputa das Casas pelo Trono de Ferro, as questões ligadas à religião também permeiam esse mundo fantástico.258 Jones afirma que os universos imaginários com frequência “contém um sentido maior, expresso por forças tangíveis e poderosas de bem e mal.[...] A magia funciona. Os deuses se manifestam em suas maravilhas no mundo, para que todos possam ver”.259

Segundo o blogueiro britânico, Adam Whittehead, não se tem certeza de quanto tempo e em que grau a magia foi praticada em Westeros antes da queda de Valíria, mas se sabe que, “em algum momento, foi usada para tarefas grandiosas”, como por exemplo, construir a Muralha.260 Assim como no livro Um da coleção As Crônicas de Gelo e Fogo,261 a primeira cena que vemos em Game of Thrones é o encontro dos patrulheiros com seres sobrenaturais: Vagantes Brancos e mortos-vivos.262 Os Vagantes Brancos são criaturas de gelo, filhos do mal absoluto, o Grande Outro, que é o antagonista Senhor da Luz.263

Os Vagantes são criaturas descritas como: “demônios feitos de neve, gelo e frio. [...] O antigo inimigo. O único inimigo que importa”.264 Contudo, cabe destacar que eles foram criados pelos Filhos da Floresta, habitantes de Westeros antes da chegada dos Primeiros Homens265.266 Conforme vemos na série, os Primeiros Homens estavam em guerra com os Filhos da Floresta. Nessa guerra, grande parte dos Filhos da Floresta foi dizimada e tiveram suas árvores sagradas267 cortadas. Para se defender dos humanos, os Filhos capturaram um deles e empunharam uma de adaga de vidro de dragão no peito deste, assim criando os Vagantes Brancos, mas estes se rebelaram contra os Filhos e os humanos.268

A expressão “o inverno está chegando” foi pronunciada pela primeira vez por lorde Eddard Stark, que por sua vez, não acredita no retorno dos Vagantes, desaparecidos a milhares de anos.269 No decorrer da série, a expressão vai sendo repetida várias vezes e por personagens diferentes. Certa vez, Meistre Aemon também a pronunciou da seguinte forma: “[...] esses dias estão diminuindo. Os Starks tem sempre razão. O inverno está chegando, e este será longo e coisas sombrias virão com ele. [...] e quando o inverno chegar: que os deuses nos ajudem se não estivermos prontos”.270

A repetição da frase “o inverno está chegando”, é utilizada no sentido de um prenúncio catastrófico e terrível do que está por vir. Segundo Susan Vaught,

[...] o mal deve ter uma manifestação mais mundana, que surge da ameaça fundamental à existência nos Sete Reinos: o inverno interminável – Inverno – e as criaturas que ele traz. “O Inverno está chegando”, [...], e isso trará o terror e a morte que transcendem as típicas experiências humanas.271

Tal expressão se assemelha à tradicional expressão escatológica cristã: “o fim está próximo”. Nesse sentido, “inverno” e “fim” parecem equivaler-se, uma vez que a escatologia cristã reza um fim iminente e catastrófico da história, como descrito na seção anterior.

Além do presságio de um fim iminente, outros sinais aparecem nesse mundo fantástico. Os lobos gigantes são tidos como sinal, símbolo da Casa Stark. Segundo Jones, Catelyn Stark “vê os animais como um sinal das coisas sombrias que estão por vir”. Jones ressalta que os lobos eram um sinal profético, destinados a proteger as crianças Starks. No entanto, “logo essa proteção se torna inconsistente”, pois aos poucos as crianças acabam se separando de seus lobos.272

Pode-se destacar também, outro sinal apresentado na série: o cometa vermelho brilhando, tanto nos céus de Westeros quanto nos céus de Essos. Para Scoble, este é um forte presságio, cujos personagens interpretam como lhes convém.273 No episódio um da segunda temporada, a personagem Osha e Bran Stark veem o cometa e conversam sobre ele. Bran diz que o cometa significa a vitória de seu irmão Robb, e Osha diz que ouviu que significa a vitória dos Lannister (os Starks e os Lannister estavam em guerra). Porém, Osha fala para Bran que: “as estrelas não caem por causa dos homens. O cometa vermelho significa uma coisa [...], dragões”. E Bran diz que todos os dragões morreram há séculos. Em seguida vemos Daenerys com seus dragões sob o cometa vermelho nos céus de Essos.274

Todo episódio primeiro da segunda temporada é marcado pelos presságios e pela tirania dos reis, direta ou indiretamente. Presságios, no sentido de que diversas vezes neste episódio, além da ênfase no cometa, as frases relacionadas ao longo inverno e ventos frios que estão chegando são pronunciadas. No caso da tirania dos reis, nós temos estes fazendo de tudo em seus governos pelo poder: a rainha Daenerys, indiretamente, leva o povo que a segue passar fome no deserto; a rainha Cersei, ordena que o chefe da guarda real não deixe os camponeses entrar na cidade para buscar alimentos; na fortaleza de Craster, este se casa com as próprias filhas e com as netas, e as crianças do sexo masculino são entregues por ele aos Vagantes na floresta; o rei Jofrey, ordena a matança de todos os bastardos de seu falecido pai, Robert Baratheon.

Os sinais que precedem a chegada do inverno são muito semelhantes aos que precedem a vinda do Saoshyant (futuro benfeitor) no zoroastrismo, bem como do redentor no cristianismo. Cohn elenca uma série de acontecimentos destrutivos na profecia do Saoshyant e de Jesus, antes de suas vindas, que variam entre os sentimentos do homem à causas da naturais, tais como: homens enganadores e sem amor algum pela vida das pessoas, o escurecimento do céu, o sopro de ventos frios, “o Espírito do Mal será muito opressivo e tirano”, guerras e rumores de guerras, terremotos e fomes, e perturbações das estrelas. 275

A nova religião, trazida do leste à Westeros é a do Senhor da Luz, que aos poucos se torna notável neste continente. A região de onde ela procede é Essos, lugar no “qual a magia tem muito mais relevância que em Westeros”, conforme atesta Scoble.276 Os livros que dão base à crença no Senhor da Luz estão nas cidades de Asshai. “Acredita-se que Asshai porta um grande conhecimento sobre dragões”; e a magia é muito praticada por aqueles que a detêm, como por exemplo, Melisandre, a sacerdotisa vermelha.277

Para Scoble, o fogo pressagia o Senhor da Luz e sua sacerdotisa Melisandre, uma das personagens mais adeptas da magia. Ela tem visões nas chamas; manipula sombras; quando envenenada sua feitiçaria a mantém salva; para recriar uma espada lendária ela “sacrifica simbolicamente os ídolos” da Fé dos Sete e convence Stannis de que ele é o Azor Ahai278 príncipe prometido.279 A primeira vez que vemos Melisandre é no primeiro episódio da segunda temporada, na cena ela proclama Stannis Baratheon como o príncipe prometido, e cita para o povo a profecia, base para isso:

Após um longo verão, a escuridão irá pairar sobre a terra, as estrelas sangrarão [...] o vento frio do inverno congelará os mares, [...] e os mortos surgirão no Norte. [...] Nos livros antigos está escrito que um guerreiro irá retirar uma espada incandescente do fogo, e essa espada deverá ser a Luminífera. Stannis Baratheon, guerreiro da Luz, sua espada o aguarda.280

Segundo Rafael Bacellar do site Game of Thrones BR, o “príncipe prometido”, Azor Ahai, viveu oito mil anos antes de Aegon Targaryen. Em meados da Longa Noite281, o príncipe prometido lutou contras os Vagantes e os derrotou empunhando a espada Luminífera. A profecia diz que quando a estrela vermelha sangrar e as trevas chegarem, o príncipe prometido deverá nascer em meio a fumaça e sal para acordar os dragões de pedra, e lutando contra os Vagantes, se derrotado, “o mundo perecerá junto com ele”. 282

Conforme Cohn, tanto Saoshyant quanto Jesus, no drama escatológico do nosso mundo real, são retratados como guerreiros e ambos empunharão uma espada.283 De acordo com o que vimos na seção anterior a esta, Blank fala a respeito de uma vitória predeterminada do Messias sobre o mal. No entanto, apesar de em Game of Thrones, o “messias” portar uma espada como Saoshyant e Jesus, a vitória não é predeterminada, e sim há possibilidades dela ou de derrota.

Cohn afirma que Jesus e seus discípulos buscavam ampliar o reino, na preparação do caminho, a fim de eleger muitos servos para este reino.284 Assim como no cristianismo, a religião do Senhor da Luz cumpre seu papel na preparação do caminho pré-inverno, pregando sobre a esperança do retorno de uma figura messiânica para redimir a todos que aderirem a fé.

No continente Essos, a alta sacerdotisa Kinvara declara Daenerys como a figura messiânica. Kinvara fala que os dragões de Daenerys purificarão os descrentes queimando seus pecados e carne, ao que Tyrion diz que Daenerys tem seguidores de diversas religiões. Entretanto, Kinvara diz que será necessário sacrifício pois, Daenerys irá liderar a guerra atual e a grande guerra que virá.285 Um discurso semelhante ao do juízo final exposto na primeira seção deste capítulo.

Em Westeros, Melisandre anuncia Stannis como o messias e diz que o povo deverá escolher entre a vida e a morte.286 Portanto, o Senhor da Luz (vida) ou o Grande Outro (morte). Melisandre diz que:

A guerra é travada desde o começo dos tempos, e, antes de chegar ao fim, todos os homens devem escolher de que lado se encontram. De um lado está R'hllor, o Senhor da Luz, o Coração de Fogo, o Deus da Chama e da Sombra. Contra ele ergue-se o Grande Outro, cujo nome não pode ser pronunciado, o Senhor das Trevas, a Alma do Gelo, o Deus da Noite e do Terror. A nossa escolha não é entre Baratheon e Lannister, entre Greyjoy e Stark. O que escolhemos é a morte ou a vida. A escuridão ou a luz.287

Deste modo, torna-se ainda mais evidente o antagonismo das duas divindades – Senhor da Luz e o Grande Outro – que se enfrentarão num confronto final, a saber, com a chegada do inverno. Segundo Jones, os seguidores do Senhor da Luz, consideram os Vagantes como servos do Grande Outro, logo são inimigos de seu deus, sendo assim um “reflexo da divisão cristã entre Deus e Satanás”.288

Para Scoble, a magia sempre esteve presente no Mundo de Gelo e Fogo, só que adormecida. Com o nascimento dos dragões de Daenerys, essa magia foi despertada.289 E, conforme vimos no primeiro episódio da segunda temporada, como um período de transição do último episódio da primeira temporada, o cometa vermelho aparece logo após o nascimento dos dragões.290

5.2.2. Possível erro de tradução: expectativa messiânico-escatológica em Daenerys

Diante do que vimos até o momento neste capítulo, é conhecido que, várias religiões e culturas esperam um messias e, por conseguinte a restauração do atual mundo. Vimos também que em Game of Thrones há a expectativa de um messias ou príncipe prometido, como o povo de Westeros e Essos o chamam.

Segundo Carlos Antonio dos Santos em seu estudo bibliográfico “Fronteiras entre messianismo judaico antigo e cristianismo primitivo”, ao investigar o ideal messiânico entre os judeus e cristãos no primeiro século, chegou-se no ponto em que grupos do Judaísmo Tardio (como os essênios), fundaram a comunidade Nova Aliança em Qumran desenvolvendo nesta a concepção de alguns messias. Para alguns existiam,

[...] três ungidos (messias) que viriam para libertá-los da opressão estrangeira, mas que também, em algumas ocasiões aguardavam a chegada de dois messias, que poderiam ser da linhagem do sumo sacerdote Arão e da linhagem do rei Davi, os judeus tinham uma crença no seu Messias de forma variada.291

Neste sentido, cabe a pergunta: Quem é o messias ou príncipe prometido do Mundo de Gelo e Fogo? Sabemos que a sacerdotisa Melisandre proclamou Stannis Baratheon como o príncipe prometido logo no primeiro episódio da segunda temporada nas areias da ilha de Pedra do Dragão sob o cometa vermelho.

Segundo a profecia, quando a estrela vermelha sangrar e as trevas se aliarem, o príncipe prometido renascerá da fumaça e do sal, “para acordar os dragões de pedra”, ele também portará uma espada incandescente, a Luminífera.292 Melisandre pregava que este príncipe era Stannis Baratheon, pois ele renasceu (converteu ao Senhor da Luz) em Pedra do Dragão, e retirou da imagem de um dos deuses queimados por Melisandre, uma espada pegando fogo. No castelo de Pedra do Dragão, as cozinhas tem forma de dragão, e das narinas do dragão saem fumaça e calor.293

Dessa forma, Stannis pode ser tido como o príncipe prometido, visto que renasceu em Pedra do Dragão e porta uma espada incandescente. No entanto, em uma das visões de Daenerys na Casa dos Imortais, ela vê um rei com uma espada e que não projetava sombra, e um grande animal expressa: “Mãe de Dragões, matadora de mentiras”.294 Também Meistre Aemon (cego e um dos sábios da série) desacredita de Stannis, pois quando próximo a ele com a espada, Aemon percebe que esta é falsa por não “emanar calor e ter cheiro de aço queimado”.295 Isso nos remete a um dos poderes de Melisandre, que conforme vimos tem poder de manipular sombras e recriar coisas, e até mesmo sombras demoníacas (a sombra que matou o irmão de Stannis).296 Com tais poderes ela forjou a espada a Luminífera.

Sendo assim, temos uma figura feminina como salvadora do mundo de Gelo e Fogo. Certa vez uma bruxa profetizou que o príncipe prometido surgiria dos Targaryens, a saber, Aerys e Rhaella Targaryen.297 Sabe-se que Daenerys é filha de ambos. Meistre Aemon298 próximo a sua morte, conversa sobre a última Targaryen no mundo, Daenerys. Ele diz que:

[...] nunca ninguém procurou uma garota [...] Fora um príncipe a ser prometido, não uma princesa. O erro teve origem na tradução. Os dragões não são nem machos nem fêmeas. [...] A língua nos induziu em erro durante mil anos. A escolhida é Daenerys, nascida entre sal e fumaça.299

Daenerys nasceu em Pedra do Dragão, e renasceu entre sal e fumaça quando entrou na pira com os três ovos de dragão petrificados. Mas, em Westeros Daenerys não é muito conhecida, muito menos como Azor Ahai. Atualmente, com a morte de Stannis, a sacerdotisa Melisandre assume que errou e anuncia outro possível príncipe prometido, Jon Snow.300

A profecia de que Daenerys seja o Azor Ahai, é mais difundia em Essos. A mensagem diz que ela é o cumprimento de uma profecia, a qual Azor Ahai nasceria do sal e da fumaça para refazer o mundo. Seu triunfo sobre a escuridão traria um verão sem fim, e a morte se dobraria a ela e os que morressem lutando por sua causa iriam renascer.301 Quanto à espada, segundo Rafael Bacellar, Lightbringer (Luminífera) significa “Portador de Luz”, logo esta pode ser relacionada a luz do fogo dos dragões de Daenerys.302

Quando a alta sacerdotisa Kinvara conversa com o conselheiro de Daenerys, Tyrion, ela fala da profecia e sobre os feitos de Daenerys, a libertação dos escravos e a condenação dos mestres escravagistas. Em seguida ela diz que os sacerdotes espalharão a palavra: “Daenerys foi enviada para liderar o povo contra a escuridão, nesta guerra e na grande guerra que está por vir”.303

Para Antônio Máspoli A. Gomes, teólogo e psicólogo, “na fala do senso comum, messias equivale a herói. Messianismo, por sua vez, refere-se aos atos heroicos do messias”. Messianismo pressupõe a vinda ou retorno de um “herói”, “divino libertador, um messias com poderes e atribuições que aplicará ao cumprimento da causa de um povo ou um grupo oprimido”. 304

Segundo o pesquisador de Teologia e Cultura Pop, Renato F. Machado, Daenerys pode ser lida como figura messiânica, pensando-se nas lutas por libertação de pessoas em situação de opressão. Especialmente a libertação de mulheres que sofriam estupros, assim sendo possível uma “leitura messiânica feminista”305 No episódio dez da sexta temporada, Daario pergunta: quem iria seguir a Mãe de Dragões, Nascida da Tormenta em Westeros? Daenerys por sua vez, responde: “um grande número de mulheres, eu imagino”.306

Se associarmos a mensagem de Kinvara a definição de messias e messianismo do teólogo Antônio Máspoli A. Gomes, podemos definir Daenerys como o messias da série. Kinvara fala “nesta guerra”, se referindo a uma guerra que está acontecendo na história do mundo de Game of Thrones, onde as transformações político-sociais, ou seja, a libertação dos oprimidos e o reinado em Meereen culminaram no Mundo Novo em Essos, a saber, como a Baía dos Dragões, por exemplo. As esperanças estão projetadas também para a conquista dos Sete Reinos com pretensões a refazê-lo, tornando-o um lugar íntegro para o povo.

Kinvara fala também de uma “grande guerra que virá”, que sob a liderança de Daenerys o povo lutará contra a escuridão. Isto faz alusão à chegada do inverno com as criaturas demoníacas de gelo. Para essa luta Daenerys, como uma heroína divina, precisa ter poderes sobrenaturais, e os tem no seus poderosos dragões, e conforme vemos na série, os Vagantes podem ser aniquilados com fogo ou vidro de dragão.

Segundo Spector, Daenerys possui um poder real, na forma dos dragões e na sua natureza mágica.307 E para Scoble, a magia de todo universo de Game of Thrones só poderia ser desbloqueada por alguém que seja de Westeros e de Essos e, “mesmo assim, não completamente de nenhuma delas” e esta é Daenerys.308

Além de se enquadrar nas profecias que reza a religião do Senhor da Luz, Daenerys também cumpriu a profecia dos dothrakis: o garanhão que monta o mundo virá a “terra” e unirá todas as tribos dothrakis em um único khalasar.309 Ela conseguiu reunir todos os khalasares em um único povo e agora todas a seguem.310

Portanto, Daenerys tem fortes indícios de ser a princesa prometida, tanto na esfera temporal quanto sobrenatural. Com o despertar dos dragões, que são poderosas armas bélicas, ela pode conseguir salvar o mundo do inverno que está chegando, cujas criaturas que vem junto com este, é a real ameaça desse universo fantástico. No entanto, deve-se levar em consideração o fato de que a personagem em questão pode vir a ser uma vilã, devido ao legado de seu pai e se adquirir de fato a loucura do pai, irá destruir toda população de Westeros.311

6. CONCLUSÃO

O fenômeno audiovisual Game of Thrones trouxe neste estudo algumas discussões relevantes no cotidiano do espectador. Contudo, apesar da trama evidenciar mais as questões políticas, um fenômeno se faz muito presente nesta: o religioso. Sabe-se que a política e a religião sempre estiveram muito próximas. Deste modo, a mesma esperança messiânica que a religião no mundo real prega, pode ser encontrada na série. Os personagens de classe dominante por meio de suas lideranças, seja no âmbito mais civilizado ou primitivo (dothrakis), estão sempre buscando mais poder, e isso em detrimento do povo. No entanto, desde o início da série percebe-se que alguns habitantes de Game of Thrones temem uma ameaça que poderá destruir por completo seu mundo, enquanto, as Casas disputam pelo símbolo de poder máximo de Westeros, o Trono de Ferro.

O objetivo geral desta pesquisa foi identificar um possível movimento messiânico-escatológico da tradição judaico-cristã na série com expectativas na personagem Daenerys Targaryen como uma figura messiânica. Este objetivo foi alcançado por meio da análise de várias cenas na série televisiva e de alguns trechos dos livros da coleção “As Crônicas de Gelo e Fogo”, em que ficou claro um roteiro messiânico-escatológico.

Concluiu-se que há um roteiro messiânico-escatológico na série, e este ficou destacado em dois tipos de expectativa messiânica. Em Essos ela é destaca as transformações sociais de Daenerys, como a libertação dos escravos e das mulheres que eram estupradas. Já em Westeros, a ênfase é voltada para uma intervenção sobrenatural, com a guerra contra os Vagantes Brancos. Bastante semelhante às expectativas messiânicas no mundo real, em que podem também serem vistas de duas formas: transformação na história ou de caráter sobrenatural com o fim catastrófico do planeta Terra.

As imagens escatológicas fazem parte do cotidiano do povo de Essos e Westeros (neste muito mais). A expectativa de um fim imediato em Westeros deixa os habitantes preocupados com o futuro, e este é terrível com a entrada de demônios na terra e a escuridão e o congelamento total desta. Diferente do que prega o cristianismo, na guerra entre o bem e o mal não há garantia de vitória. Contudo, a fé impulsiona a vitória, e esta é disseminada entre os povos e muitas vezes segue para o extremismo, com sacrifícios de humanos e condenação dos pecadores que não aderem à religião.

Constatou-se que, para a expectativa do inverno próximo, como na escatologia, alguns sinais são apresentados para o povo de Westeros e Essos, no entanto, não é toda população dos dois continentes que acredita no fim do mundo. Alguns nem mesmo creem na existência dos dragões, e para eles os sinais são referentes à situação do mundo, da história. Aqueles que acreditam na magia são os que mais aceitam o retorno de um messias.

Um dos principais resultados foi justamente isso, a crença no retorno de um messias. Chegou-se a conclusão que Daenerys é uma figura messiânica, porém, com um desvio do ideal messiânico: o anti-heroísmo. Pois, a personagem na sua ânsia pelo Trono de Ferro, desempenha atitudes contrárias ao que se prega o cristianismo, como por exemplo, os diversos assassinatos. E isso, levou os espectadores a questionar se a personagem pode vir a ser uma vilã, logo não poderá ser um “messias”, visto que um dos conceitos de messias apresentado na pesquisa é seu caráter de “herói”.

No entanto, a luta de Daenerys em Essos é pela transformação da sociedade, em que diferente dos reis de Westeros, ela pensa na classe subjugada e busca construir um Mundo Novo para o povo. Em Essos, ela conseguiu desbancar os mercadores de escravos que se enriqueciam sobremodo e aboliu a escravidão da Baía dos Escravos culminando na alteração do nome desta para Baía dos Dragões, pois não há mais escravos. A caminho de Westeros ela tem pretensões ao Trono de Ferro, mas seus ideias são de um Mundo Novo, com a valorização do povo simples e a desestruturação da classe dominante. Cumprindo o que, em termos gerais, caracteriza o messianismo, ou seja, transformações e esperança para aqueles cujas experiências são de certo modo opressoras.

Daenerys de alguma forma se identifica com as mulheres salvas por ela. Como elas, Daenerys era um objeto para os homens, foi dada em troca de um exército, como um objeto foi usada por seu marido até tomar a iniciativa de mudar o quadro da sua história, e conseguiu. Assim, se pode fazer uma leitura messiânica feminista da personagem. Ela também incentivou os escravos a lutarem por sua própria liberdade, e estes conseguiram.

Seu caráter anti-heroico faz com que os espectadores se identifiquem com ela, pois numa sociedade injusta com a maioria da população, as lutas empreendidas por ela se equiparam as do mundo real. Na própria Bíblia encontramos personagens anti-heroicos como é o caso de Davi, que por exemplo, entregue a paixão, foi levado a assassinar um homem de seu exército e era louvado pelo povo.

Como resultado geral do estudo, pode-se averiguar que, a esperança faz parte da vida humana, ela é projetada para a história atual ou creditada para além-mundo no imaginário de alguns, criando expectativas em relação a um enviado que irá liderar os empreendimentos de transformação no mundo. Também se constatou que Daenerys é uma figura messiânica que como anti-heroína tem falhas, o que a aproxima do ser humano, e faz com que todos possam ser messias da sua própria história, e sua representação evidencia o poder da mulher em ultrapassar as opressões impostas a ela.

Ademais, esta pesquisa não se esgota aqui. Conforme vimos, a criação dos Vagantes Brancos é um tema a se pesquisar, pois sua criação se deu em decorrência da destruição da natureza pelos seres humanos. Assim, com vistas à ecoteologia proposta por alguns teólogos contemporâneos, este é um tema que poderá contribuir nesta área.

7. REFERENCIAS

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GAME of Thrones. Disponível em: <https://www.youtube.com/user/GameofThrones>,

PATRULHA da Noite. Disponível em: <http://supernovo.net/podcasts/patrulha-da-noite/>.

PODCASTEROS. Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/category/podcasts/podcasteros>.

SETE Reinos. Disponível em: <http://iradex.net/setereinos/>.

8. ANEXOS

8.1. ANEXO A – EUROPA E ORIENTE MÉDIO... WESTEROS E ESSOS

Extraído do site Game of Thrones BR. Mais paralelos entre Westeros e a Europa. Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2013/01/mais-paralelos-entre-westeros-e-europa.html>.

Mais paralelos entre Westeros e a Europa

Todos tecemos teorias a respeito de que elementos no mundo d’As Crônicas de Gelo e Fogo são baseados no mundo real. Comenta-se sobre como a Guerra das Rosas parece ter inspirado a disputa entre Lannisters e Starks e nós já até postamos sobre de onde veio a inspiração pra Muralha e especulamos um pouco sobre as dimensões de Westeros. Quais outros pontos de vista podem ser abordados?

Em um post no Quora, o usuário Lucas Mund nos traz uma especulação bastante interessante, traçando paralelos sociais e geográficos entre a Europa e Westeros. Confira na íntegra!

O Norte: Rússia e Leste europeu

Motivo: vasto e com população esparsa. Os portos têm a maior parte da população e do poder (Porto Branco = São Petersburgo). Invernos longos e difíceis. Impossível de se invadir (pergunte a Hitler e Napoleão). Segue uma religião diferente do resto do continente (Cristianismo Ortodoxo = Deuses Antigos e Católicos Apostólicos Romanos = Novos Deuses). Moscou = Winterfell por estar no meio de uma terra vasta e gélida.

O Vale: Alpes Suíços

Motivo: extremamente montanhoso com vales excelentes para plantio. Têm uma costa (Os Dedos) no Mar Estreito.

Terras Fluviais: Países Baixos e Renânia

Motivo: excelente para plantio e muitos rios. Facilmente conquistados por outros países.

Ilhas de Ferro:  Escandinávia

Motivo: de longe, a comparação mais fácil por causa dos Homens de Ferro e os Vikings, ambos corsários em característicos barcos longos. Uma terra fria, sem possibilidade de cultivo e é assolada por tempestades terríveis.

Terras Ocidentais: Ilhas Britânicas

Motivo: possuem ricas minas (as Terras Ocidentais possuem ouro e a Grã-Bretanha tem ferro, prata e estanho). País rico e coberto de colinas com muitos bons portos. Separado do resto do continente por colinas ou pelo Canal Inglês.

Terras da Tempestade: Itália

Motivo: forte dependência do comércio no Mar Estreito = Mar Mediterrâneo. Uma península que se projeta bastante ao mar. Atingida constantemente por tempestades. Roma = Ponta Tempestade porque ambas são cidades antigas, fortificadas e economicamente dependentes do comércio.

Dorne: Espanha

Motivo: terra quente e seca. Produz excelente vinho. Não se envolve com os outros países na maior parte das vezes.

(Game of Thrones BR: Martin já afirmou que Dorne é inspirado na Espanha e no País de Gales)

Terras da Coroa: Alemanha

Motivo: território rico, constantemente disputado e que se situa no meio do continente.

Pedra do Dragão: Malta

Motivo: pequena ilha no meio do mar (Estreito ou Mediterrâneo). Excelente lugar para uma base naval por conta de sua localização estratégica.

A Campina: França

Motivo: excelente terra para cultivo, com pessoas românticas que amam vinho e flores. País muito poderoso quando se mobiliza. Paris = Jardim de Cima, pois ambas são cidades grandes e extravagantes rio acima.

Como extra, Os Dothraki seriam os Mongóis (nômades corsários que se alimentam de carne de cavalo e bebem leite de égua), As Cidades Livres (PentosBravosVolantis etc.), são as várias cidades-estado do Oriente Médio (constantemente lutando umas com as outras e muito ricas econômica e culturalmente) e Valíria seria a Grécia Antiga (um povo antigo e culto que colonizou/ influenciou a maior parte de Westeros/ da Europa, mas com o passar do tempo a maior parte do seu conhecimento se perdeu).

8.2. ANEXO B – MAPA MUNDO CONHECIDO: WESTEROS E ESSOS

Extraído do site Game of Thrones BR. Arquivo:Map got.jpg. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Arquivo:Map_got.jpg>. Arquivo:Map got.jpg

1 Abreviação dada pelos fãs da série.

2 ISTO É DINHEIRO. Notícias. Game of Thrones: os números milionários da aclamada série da HBO. Disponível em: <http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/mercado-digital/20150409/game-thrones-numeros-milionarios-aclamada-serie-hbo/249562>. Acesso em: 23 jul. 2016.

3 PAZ, João da.Mais cara da TV, Game of Thrones custa três vezes Os Dez Mandamentos. Disponível em: <http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/series/mais-cara-da-tv-game-of-thrones-custa-tres-vezes-dez-mandamentos-10992>. Acesso em: 26 jul. 2016.

4 A série Game of Thrones, exibiu dois episódios, 09 e 10 da quarta temporada em IMAX (sistema mais largamente usado para formatos-grandes e apresentações especiais de filmes, apresentados em tamanhos maiores que o convencional), sendo a primeira série de TV a receber este tratamento. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/series/versao-televisiva/episodios-de-game-of-thrones-serao-exibidos-em-cinema-imax-nos-eua/>. Acesso em: 18 de ago 2016.

5 MILLER, John Jos. Colecionando As Crônicas de Gelo e Fogo na era do nook e do kindle. In: LOWDER, James (Org.). Além da muralha: explorando o universo de As crônicas de gelo e fogo, de George R. R. Martin. São Paulo: Leya, 2015, p. 204.

6 GINZBURG, C. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

7 MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p.45.

8 CALVANI, Carlos Eduardo. Teologia da Arte. São Paulo: Fonte Editorial/Paulinas, 2010, p. 354.

9 Ferramenta do Google que pesquisa quantidade de termos inseridos em seu portal. Disponível em: <https://www.google.co.in/trends/explore?date=today%2012-m&geo=BR&q=%2Fm%2F010s5_sm>.

10 NAÍSA, Letícia. O que os acadêmicos prevêem para a sexta temporada de Game of Thrones? Disponível em: <http://motherboard.vice.com/pt_br/read/academicos-do-game-of-thrones>. Acesso em: 24 jul. 2016.

11 Google acadêmico: Quando se joga o Jogo dos Tronos, você vence ou morre: representações sociais e disputas pelo poder em Game of Thrones; Jaime Lannister e o monomito em Game of Thrones; Percurso, paixões e formas de vida do ator feminino Catelyn Stark, em Game of Thrones; Identidade e representação da mulher na série Game of Thrones: uma análise da personagem Cersei Lannister. Disponível em: <https://scholar.google.com.br/>. Acesso em: 14 ago 2016.

12 Banco de teses da Capes: Um jogo de rainhas: as mulheres de Game of Thrones;  A caminho de Westeros: Game of Thrones – A complexidade narrativa na série televisiva e seu desenvolvimento nas demais mídias;  Ação, Paixões e formas de vida do feminino na série televisiva Game Of Thrones. Disponível em: <http://bancodeteses.capes.gov.br/banco-teses/#/>. Acesso em: 14 ago 2016.

13 Portal de periódicos da Capes: Brienne of Tarth and Jaime Lannister: a romantic comedy within HBO's Game of Thrones; Wall of sound: listening to Game of Thrones. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br/>. Acesso em: 14 ago 2016.

14 Portal da Intercom: Game of Thrones: experiências sensoriais na comunidade afetiva do seriado norte americano; Summer is coming: a circulação de informações sobre mudanças climáticas como ação política pela via de “Game of Thrones”. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/anais/nacional2015/trabalhos.htm>. Acesso em: 14 ago 2016.

15 Sites: Game of Thrones BR (http://www.gameofthronesbr.com/), Game of Thrones Wiki (http://gameofthrones.wikia.com/wiki/Game_of_Thrones_Wiki); fanpages no facebook: Game of Thrones da depressão (https://www.facebook.com/GotDaDepressaooo/), Game of Thrones – Brasil (https://www.facebook.com/TheGameofThronesbr/); canais do youtube: GameofThrones (https://www.youtube.com/user/GameofThrones), Game of Thrones Brazil (https://www.youtube.com/user/GOTBrazil).

16 Produtos da HBO: Games, livros, curso de línguas Dothraki (língua oficial de um clã), cerveja, entre outros. Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/tag/produtos>; <http://www.gameofthronesbr.com/tag/cerveja>. Acesso em: 27 ago 2016.

17 Nome da obra de Henry Jenkins que aborda a convergência midiática como novo contexto cultural.

18 BARBOSA, Sthefany E. Bonness. A estratégia da comunicação integrada de Marketing no contexto da cultura da convergência midiática: Um estudo das aplicações pelas marcas. 2011. 111 f. Monografia (Bacharel em Publicidade e Propaganda) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011, p. 24.

19 Arquivo áudio ou multimédia, divulgado com periodicidade regular e com conteúdo semelhante ao de um programa de rádio, que pode ser descarregado da Internet e lido no computador ou em dispositivo próprio. DICIONÁRIO da Língua Portuguesa. Priberam Informática, 2013. Disponível em: <https://www.priberam.pt/dlpo/PODCAST>. Acesso em: 06 ago 2016.

20 Podcasts: Sete Reinos (http://iradex.net/setereinos/) Podcasteros (http://www.gameofthronesbr.com/category/podcasts/podcasteros), Patrulha da Noite (http://supernovo.net/podcasts/patrulha-da-noite/).

21 Podcasteros (http://www.gameofthronesbr.com/category/podcasts/podcasteros).

22 Game of Thrones BR é um site dedicado à série de livros de George R. R. Martin: As Crônicas de Gelo e Fogo e a série Game of Thrones da HBO (http://www.gameofthronesbr.com/).

23 Nome dado a quem produz podcast.

24 ALVES, Ana Carol. (11/06/2016). Podcasteros #46: Episódio 6.07 The Broken Man. [áudio podcast]. Recuperado de <http://www.gameofthronesbr.com/2016/06/podcasteros-46-episodio-6-07-the-broken-man.html>. (11mim 26 s).

25 MANGIAROTTI, Chiara. Mistérios do amor. In: ANTELO, Marcela (Org.). Mulheres de hoje: figuras do feminino no discurso analítico. Petrópolis: KBR, 2012. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=jd0EiUUgbKcC&pg=PT26&dq=emo%C3%A7%C3%A3o+s%C3%A9ries+de+TV&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiw45u94rHOAhUGhpAKHWolBEMQ6AEIOzAD#v=onepage&q=emo%C3%A7%C3%A3o%20s%C3%A9ries%20de%20TV&f=false>. Acesso em: 13 ago 2016.

26 LIMA, Ana Luiza do. S. A relação do sucesso do seriado Game of Thrones com o público da Internet. 2014. 78 f. Monografia (Graduação em Comunicação) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014, p. 41.

27 MORIN, Edgar. Cultura de massas do século XX: Neurose. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011, p. 4-5.

28 MORIN, 2011, p. 72-73.

29 MORIN, 2011, p. 74-75.

30 SALVATORE, R. A. Histórias para as noites que virão. In: LOWDER, James (Org.). Além da muralha: explorando o universo de As crônicas de gelo e fogo, de George R. R. Martin. São Paulo: Leya, 2015, p. 8.

31 JESUS, Katia de. A caminho de Westeros: Game of Thrones – A complexidade narrativa na série televisiva e seu desenvolvimento nas demais mídias. 2015. 93 f. Dissertação (Mestrado) – Área de Comunicação Audiovisual, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2015, p. 13.

32 COUTO, Paloma Rodrigues Destro. Um Jogo de Rainhas: as mulheres de Game of Thrones. 2015. 125 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2015, p. 69.

33 Autor dos livros que inspiraram a série.

34 FRAENKEL, Aline. A Guerra dos Tronos - As Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin. Disponível em: <http://sobrelivroseletras.blogspot.com.br/2014/02/comentario-guerra-dos-tronos-as.html>. Acesso em: 25 set 2016.

35 O GLOBO. Autor defende mortes em Game of Thrones: Ninguém vive para sempre porque é herói. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/autor-defende-mortes-em-game-of-thrones-ninguem-vive-para-sempre-porque-heroi-19324951>. Acesso em: 26 jul. 2016.

36 Final feliz.

37 MORIN, 2011, p. 85-86.

38 O site de entretenimento IGN Brasil contabilizou 50 mortes na série, somente as mais marcantes. Disponível em: <http://br.ign.com/game-of-thrones/5390/feature/game-of-thrones-as-50-mortes-mais-marcantes-da-serie?p=2>. Acesso em 08 set 2016.

39 VAUGHT, Susan. O custo brutal da redenção em Westeros. In: LOWDER, James (Org.). Além da muralha: explorando o universo de As crônicas de gelo e fogo, de George R.R. Martin. São Paulo: Leya, 2015, p. 106-107.

40 WEISS, 2013 apud OLIVERA, Isadora V. V. de. Game of Thrones e a narrativa televisiva: quality TV e cultura de série. 2015. 51 f. Monografia (Curso de Comunicação Social) – Habilitação em Publicidade e Propaganda, Centro Universitário de Brasília – UNICEUB, Brasília, 2015, p. 16-17.

41 SALVATORE, R. A., 2015, p. 9-10.

42 Cf. MORIN, 2011, p. 72-73.

43 PORQUE desisti de assistir Game of Thrones. Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2015/05/por-que-desisti-de-assistir-game-of-thrones.html>. Acesso em: 07 set 2016.

44 COSTA, Juliana. O estupro de Theon Greyjoy. Disponível em: <https://nerdice.com/nerdivinas/o-estupro-de-theon-greyjoy>. Acesso em: 07 set 2016.

45 Cf. nota 9 e 10 deste capítulo.

46 RAMOS, Luiz Carlos. A misteriosa dança das palavras: os mecanismos de sedução do relato. In: ADAM, Júlio C.; REBLIN, Iuri A. (Org.). Religião, mídia e cultura. São Leopoldo: EST, 2015, p. 39.

47 ALVES, Ana Carol. (06/06/2015). Podcasteros #28: Episódio 5.08, “Hardhome”. [áudio podcast]. Recuperado de <http://www.gameofthronesbr.com/2015/06/podcasteros-28-episodio-5-08-hardhome.html>. (59mim 58 s).

48 ALVES, Ana Carol. (18/04/2015). Podcasteros #21: Episódio 5.01, “The Wars to Come”. [áudio podcast]. Recuperado de <http://www.gameofthronesbr.com/2015/04/podcasteros-21-episodio-5-01-the-wars-to-come.html>. (72mim 27 s).

49 LIMA, 2014, p. 52.

50 JESUS, 2015, p. 58.

51 COUTO, 2015, p. 75.

52 Cf. CALVANI, 2010, p. 354.

53 Cf. nota 42 deste capítulo.

54 Cf. JESUS, 2015, p. 48- 49.

55 GEOGRAFIA. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Geografia>. Acesso em: 18 set 2016.

56 MARQUES, Anderson. Mais paralelos entre Westeros e a Europa. Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2013/01/mais-paralelos-entre-westeros-e-europa.html>. Acesso em: 07 ago 2016. Os detalhes estão reproduzidos no ANEXO A – Europa e Oriente Médio... Westeros e Essos.

57 MARQUES, Anderson. 5 abordagens científicas para as estações malucas de Game of Thrones. Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2012/08/5-abordagens-cientificas-para-as.html>. Acesso em: 01 set 2016.

58 O mapa está reproduzido no ANEXO B – Mapa Mundo Conhecido: Westeros e Essos.

59 Os Vagantes Brancos são criaturas invernais e sobrenaturais que ameaçam a sobrevivência humana.

60 MARTIN, George R. R. et al. O Mundo de Gelo e Fogo: a história não contada de Westeros e As Crônicas de Gelo e Fogo. São Paulo: Leya, 2014, p. 11.

61 MURALHA. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Muralha>. Acesso em: 03 out 2016.

62 A Muralha tem cerca de mais de 200 metros de altura de gelo. MARTIN [et al], 2014, p. 145.

63 A MURALHA de Adriano: inspiração real para o mundo de George R. R. Martin. Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2012/08/a-muralha-de-adriano-inspiracao-real.html>. Acesso em: 07 ago 2016.

64 A Conquista se deu antes dos eventos narrados nos livros e na série.

65 Os sobrenomes das famílias nobres são precedidos pela palavra “Casa”.

66 MARTIN [et al], 2014, p. 135.

67 MACHADO, Renato Ferreira. Game of Thrones: a parábola do trono de ferro. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/noticias/532603-game-of-thrones-a-parabola-do-trono-de-ferro>. Acesso em: 29 mai 2016.

68 GOES, Ludenbergue. ABC do Código Da Vinci. São Paulo: Conex, 2006. p. 278. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=NZ-fgvl5ZzEC&pg=PA278&dq=torre+de+Londres+real+casa+da+moeda&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwi6_rbzobvPAhVDI5AKHVL5Dp0Q6AEINDAA#v=onepage&q=torre%20de%20Londres%20real%20casa%20da%20moeda&f=false>. Acesso em: 02 out 2016.

69 Religião dominante nos Sete Reinos.

70 PEQUENO Conselho. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Pequeno_Conselho>. Acesso em: 30 set 2016.

71 Mão é o nome dado à pessoa que aconselha o rei (Mão do Rei).

72 Filho primogênito ilegítimo de Robert Baratheon.

73 Centro do culto religioso da Fé dos Sete e a sede do Alto Septão (líder religioso). GRANDE Septo de Baelor. In Wiki. Disponível em: <wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Grande_Septo_de_Baelor>. Acesso em 01 out 2016.

74 A Guerra das Rosas foi uma guerra civil pela conquista do trono inglês, travada entre 1453 e 1485. Nela se enfrentaram a família real de Lancaster, cujo brasão tem uma rosa vermelha, e a de York, que traz no seu uma rosa branca. GUERRA das Rosas. Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/ef2/guerrarosas/>. Acesso em: 02 out 2016.

75 SCOBLE, Jesse. Uma espada sem cabo: os perigos da magia em (e para) Westeros. In: LOWDER, James (Org.). Além da muralha: explorando o universo de As crônicas de gelo e fogo, de George R. R. Martin. São Paulo: Leya, 2015, p. 140.

76 HUIZINGA, Johan. O declínio da Idade Média. 2. ed. Editora Ulisseia. Disponível em: <http://www.portalconservador.com/livros/Johan-Huizinga-O-Declinio-da-Idade-Media.pdf>. Acesso em: 02 out 2016.

77 Aemon Targaryen renunciou o direito ao Trono de Ferro, se tornou membro da Patrulha da Noite e veio a falecer no episódio sete da quinta temporada.

78 WARKEN, Júlia. 10 momentos de "Game of Thrones" que foram inspirados em fatos reais. Disponível em: <http://mdemulher.abril.com.br/famosos-e-tv/m-trends/10-momentos-de-game-of-thrones-que-foram-inspirados-em-fatos-reais>. Acesso em: 02 out 2016.

79 BINI, Felipe. A bastardia no mundo de gelo e fogo. Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2016/07/a-bastardia-no-mundo-de-gelo-e-fogo.html>. Acesso em: 29 set 2016.

80 O Casamento Vermelho foi uma das cenas mais chocantes para os fãs, provocando reações entre. BARROCA, Cristina. Confira as reações de fãs de Game Of Thrones ao assistirem à cena do Casamento Vermelho. Disponível em: <http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/blogs/box-1.8052/confira-as-rea%C3%A7%C3%B5es-de-f%C3%A3s-de-game-of-thrones-ao-assistirem-%C3%A0-cena-do-casamento-vermelho-1.368772>. Acesso em: 03 out 2016.

81 Vilarejo escocês.

82 ALVES, Ana Carol. Por que R. R. Martin escreveu o Casamento Vermelho? Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2013/06/por-que-r-r-martin-escreveu-o-casamento-vermelho.html>. Acesso em: 02 out 2016.

83 GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005, p. 426.

84 LABURTHE-TOLRA, Philippe; WARNIER, Jean-Pierre. Etnologia – Antropologia. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 216-217.

85 No texto da Revista Religion, em Game of Thrones: “Uma forma especial é a paisagem religiosa viva e variada de Westeros e as terras de além-mar estreito. Religião no mundo de Westeros e além não é simplesmente no fundo ou mencionado de passagem, ao contrário, é muitas vezes na vanguarda das questões em mão. Isso é natural argumenta Martin, "se você voltar para o meu modelo, a Idade Média, a religião era extremamente importante". Assim, no mundo de Westeros, é igualmente importante”. (“One particular way is the vivid and varied religious landscape of Westeros and the lands beyond the narrow sea. Religion in the world of Westeros and beyond is not simply in the background or mentioned in passing, rather it is often the forefront of the issues at hand. This is only natural argues Martin, “if you go back to my model, the middle ages, religion was enormously important”. Thus in the world of Westeros, it is equally important”. Google tradutor). ON RELIGION. Religion in Game of Thrones. Disponível em: <http://www.onreligion.co.uk/religion-in-game-of-thrones/>. Acesso em 04 out 2016.

86 Título dado a cavaleiros.

87 JONES, Andrew Zimmerman. Sobre lobos gigantes e deuses. In: LOWDER, James (Org.). Além da muralha: explorando o universo de As crônicas de gelo e fogo, de George R. R. Martin. São Paulo: Leya, 2015, p. 136.

88 DANTAS, Gabriela Cabral Da Silva. As Cinco Maiores Religiões; Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/religiao/as-cinco-maiores-religioes.htm>. Acesso em 09 de outubro de 2016.

89 http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/P%C3%A1gina_principal

90 http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Deus_Afogado

91 ELIADE, Mircea. Tratado de história das religiões. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 160.

92 http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Deuses_Antigos

93 Um dos grupos étnicos de Westeros.

94 GUIA da Mitologia Celta. 2. ed. São Paulo: On Line Editora, 2016. p. 27. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=jejZDAAAQBAJ&pg=PA24&dq=religi%C3%A3o+celta&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=religi%C3%A3o%20celta&f=false>. Acesso em: 09 out 2016.

95 DANIEL, Thayse Catarina. Entre dois mundos: O Sincretismo religioso no mito arthuriano. 2014. 65 f. Monografia (Graduação em História) – Licenciatura e Bacharelado em História, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, 2014, p. 33.

96 http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Sete

97 JONES, 2015, p. 128.

98 MCGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução a teologia cristã. São Paulo: Shedd Publicações, 2005, p. 375.

99 GAME of Thrones: George Martin revela que religião inspirou a "Fé Militante". Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Cultura/Series/noticia/2015/05/game-thrones-george-martin-revela-que-religiao-inspirou-fe-militante.html>. Acesso em: 09 out 2016.

100 http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Grande_Garanh%C3%A3o

101 BRAATEN, Carl E. et al. Dogmática cristã. 2 ed. São Leopoldo: Sinodal, 2007, 2 v. p. 575.

102 Nome dado a uma horda de dothrakis liderada por um dos guerreiros, cujo titulo é khal.

103 http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/R%27hllor; http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Grande_Outro

104 HERÁCLITO, Zoroastrismo e o Cristianismo primitivo: uma análise dos fundamentos do culto à R’hllor e sobre sua ascensão em Westeros. Disponível em: <https://historiadegeloefogo.wordpress.com/2014/05/07/heraclito-zoroastrismo-e-o-cristianismo-primitivo-uma-analise-dos-fundamentos-do-culto-a-rhllor-e-sobre-sua-ascensao-em-westeros/>. Acesso em: 09 out 2016.

105 JONES, 2015, p. 124.

106 VOGLER, Christopher. A jornada do escritor: estruturas míticas para escritores. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006, p. 26, 46. Edição digital disponível em: <https://notamanuscrita.files.wordpress.com/2016/02/visto-vogler-jornada-do-escritor.pdf>. Acesso em: 15 out 2016.

107 MARTIN, George R. R. A guerra dos tronos. 29ª reimpressão. São Paulo: Leya, 2010, p. 26. (As Crônicas de Gelo e Fogo, 1).

108 MARTIN, 2010, p. 27.

109 DAENERYS Targaryen. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Daenerys>. Acesso em: 29 out 2016.

110 MARTIN [et al], 2014, p. 33.

111 Nascida da Tormenta da Casa Targaryen; Não Queimada; Rainha de Mereen; Khaleesi do Grande Mar de Grama; Quebradora de Correntes; Mãe de Dragões.

112 Título dado às esposas de khals tornando-as importante, não mais que um khal, pelo fato de serem mulheres.

113 VOGLER, 2006, p. 95.

114 Illyrio é um poderoso e rico mercador de Pentos, e também acolhedor dos irmãos Targaryen. Seu objetivo é ajudar Viserys tomar o Trono de Ferro para obter o cargo de Mestre da Moeda nos Sete Reinos. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Illyrio_Mopatis>. Acesso em: 15 out 2016.

115 Título dado ao guerreiro líder de grupos nômades, khalasar.

116 Primeira temporada, episódio um (33min 32s).

117 Primeira temporada, episódio um (34min 12s).

118 VOGLER, 2006, p. 112.

119 SPECTOR, Caroline. Poder e Feminismo em Westeros. In: LOWDER, James (Org.). Além da muralha: explorando o universo de As crônicas de gelo e fogo, de George R. R. Martin. São Paulo: Leya, 2015, p. 197.

120 SOUZA, Kélica A. C. de. Ação, paixões e formas de vida do feminino na série televisiva Game of Trones. 2015. 135 f. Dissertação (Mestrado) – Mestrado em Linguística, Universidade de Franca, Franca, 2015, p. 82.

121 Primeira temporada, episódio um (52min 31s).

122 SPECTOR, 2015, p. 197-198.

123 ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: A essência das religiões. São Paulo: Martin Fontes, 1992, p. 150.

124 COUTO, 2015, p. 104.

125 Primeira temporada, episódio três (35min51s).

126 Primeira temporada, episódio quatro (38min 15s).

127 Primeira temporada, episódio seis (19min 03s).

128 CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. São Paulo: Pensamento, 1997, p. 9, grifo nosso. Edição digital disponível em: <http://projetophronesis.files.wordpress.com/2009/08/joseph-campbell-o-heroi-de-mil-faces-rev.pdf>.

129 ROSENBERG, Alyssa. Homens e Monstros: Estupro, mitificação, ascensão e queda de nações em As Crônicas de Gelo e Fogo. In: LOWDER, James (Org.). Além da muralha: explorando o universo de As crônicas de gelo e fogo, de George R. R. Martin. São Paulo: Leya, 2015, p. 38.

130 Primeira temporada, episódio oito (28min 08s).

131 A magia de sangue era condenada pelo povo dothraki. Cf. subseção 1.2.2, alínea “d” – Deus Garanhão.

132 Primeira temporada, episódio nove (29min 01s)

133 Que ou aquele que nasceu morto. DICIONÁRIO da Língua Portuguesa. Priberam Informática, 2013. Disponível em: <https://www.priberam.pt/dlpo/natimorto>. Acesso em: 15 out 2016.

134 Primeira temporada, episódio dez (22min 33s).

135 Primeira temporada, episódio dez (25min 39s).

136 Primeira temporada, episódio dez (32min 34).

137 Primeira temporada, episódio dez (47min 40s).

138 Primeira temporada, episódio dez (50min 25s).

139 VOGLER, 2006, p. 135.

140 VOGLER, 2006, p. 138.

141 Segunda temporada, episódio um (32min 04s).

142 Segunda temporada, episódio quatro (14min 36s).

143 Segunda temporada, episódio sete (23min58s).

144 Segunda temporada, episódio sete (41min 30s).

145 A Casa dos Imortais é um edifício sem torres nem janelas, que se enrola como uma serpente; lugar maligno e fantasmagórico. MARTIN, George R. R. A fúria dos reis. 17ª reimpressão. São Paulo: Leya, 2011a. p. 449. (As Crônicas de Gelo e Fogo, 2).

146 Segunda temporada, episódio dez (44min 20s).

147 Abrigo subterrâneo blindado ou fortificado. DICIONÁRIO da Língua Portuguesa. Priberam Informática, 2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/bunker>. Acesso em: 25 out 2016.

148 Segunda temporada, episódio dez (55min 33s).

149 BAÍA dos Escravos. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Ba%C3%ADa_dos_Escravos>. Acesso em: 27 out 2016.

150 Os Imaculados são soldados eunucos, treinados desde jovens em Astapor para ter obediência inquestionável e grande habilidade marcial. Eles são usados como guardas por todas as Cidades Livres, também são vendidos as centenas e milhares. IMACULADOS. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Imaculados>. Acesso em: 26 out 2016.

151 Os Imaculados obedecem em tudo, a quem estiver em posse do chicote.

152 Terceira temporada, episódios um, três e quatro.

153 Terceira temporada, episódio cinco (43min 36s).

154 Antigo veículo sem rodas, suspenso por varais levados à frente e atrás por homens ou animais. DICIONÁRIO da Língua Portuguesa. Priberam Informática, 2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/liteira>. Acesso em: 27 out 2016.

155 Terceira temporada, episódio sete (19min 25s).

156 Terceira temporada, episódio sete e oito.

157 Terceira temporada, episódio dez (57min19s).

158 Quarta temporada, episódio quatro (05min55s).

159 Quarta temporada, episódio quatro (07min16s).

160 Quarta temporada, episódio cinco (6min 40s).

161 Quarta temporada, episódio dez (20min 15s).

162 Assobio da cobra. DICIONÁRIO da Língua Portuguesa. Priberam Informática, 2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/liteira>. Acesso em: 29 out 2016.

163 Quinta temporada, episódio dois (48min 25s).

164 Quinta temporada, episódio quatro e cinco.

165 Quinta temporada, episódio nove e dez.

166 Grupo composto por viúvas de khals; elas vivem juntas até o fim de seus dias.

167 Sexta temporada, episódio um (35min 55s).

168 Sexta temporada, episódio quatro (51min 15s).

169 Sexta temporada, episódio cinco (30min 35s).

170 Escamagris é uma doença que pode deixar a carne dura e morta, e a pele quebradiça, escamada, enegrecida ou acinzentada e parecer pedra quando tocada. ESCAMAGRIS. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Escamagris>. Acesso em: 29 out 2016.

171 Sexta temporada, episódio seis (46min 23s).

172 Sexta temporada, episódio nove (1min 56s).

173 Os Homens de Ferro dessa antiga religião acreditam que foram criados pelo Deus Afogado para saquear, estuprar e formar reinos. Cf. subseção 1.2.2, alínea “a” – Deus Afogado.

174 Sexta temporada, episódio nove (29min04s).

175 Lema da Casa Targaryen.

176 Sexta temporada, episódio dez.

177 Cf. VOGLER, 2006, p. 187 e 189.

178 REVISTA QUEM. Game of Thrones: 7 reviravoltas que devem rolar na próxima temporada. Disponível em: <http://revistaquem.globo.com/Popquem/noticia/2016/07/7-reviravoltas-que-devem-rolar-na-proxima-temporada-de-game-thrones.html>. Acesso em: 30 out 2016.

179 HBO confirma fim de 'Game of Thrones' após 8ª temporada. Disponível em: <http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2016/08/hbo-confirma-fim-de-game-thrones-apos-8-temporada.html>. Acesso em: 31 out 2016.

180 VOGLER, 2006, p. 194.

181 VOGLER, 2006, p. 52.

182 Cf. VOGLER, 2006, p. 53-56.

183 COOGAN, 2006 apud REBLIN, Iuri A. A superaventura: da narratividade e sua expressividade à sua potencialidade teológica. 2012. 257 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Religião e Educação, Escola superior de Teologia – EST, São Leopoldo, 2012, p. 116.

184 DUNCAN; SMITH, 2009 apud REBLIN, 2012, p. 116-117. Duncan e Smith se refere ao exemplo de herói trágico – Hulk, o Monstro do Pântano e anti-herói – Wolverine, o Justiceiro.

185 VOGLER, 2006, p. 83.

186 Cf. VOGLER, 2006, p. 84-85.

187 Cf. VOGLER, 2006, p. 85-86, grifo nosso.

188 Cf. VOGLER, 2006, p. 86.

189 VOGLER, 2006, p. 86.

190 VOGLER, 2006, p. 58.

191 MARTINS, Luiz Eduardo de. B. A ascensão do anti-herói: Watchmen e a Hollywood pós – 11 de setembro. 2011. 130 f. Monografia (Bacharel) – Curso de Comunicação Social – Habilitação em Cinema e Vídeo, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2011, p. 94.

192 ASSIS, Érico. Justiceiro | A trajetória do anti-herói nos quadrinhos. (Figuras 4, 6 e 7 na galeria da matéria) Disponível em: <https://omelete.uol.com.br/quadrinhos/lista/justiceiro-a-trajetoria-do-anti-heroi-nos-quadrinhos/4/>. Acesso em: 02 nov 2016.

193 Cf. MORIN, 2011, p. 72-75.

194 Cf. VOGLER, 2006, p. 53 e 58.

195 NUNES, Stef M. GOT: Diretor pensou em fazer os fãs sentirem pena de Ramsay. Disponível em: <http://br.blastingnews.com/tv-famosos/2016/06/got-diretor-pensou-em-fazer-os-fas-sentirem-pena-de-ramsay-00978825.amp.html>. Acesso em: 03 nov 2016.

196 AGAMBEN, 2002 apud PIMENTEL, Aldenor da Silva. Morte bandida e cidadania virtual: circulação discursiva em jornais on-line sobre a execução sumária de suspeitos, acusados e sentenciados por crimes hediondos. 2014. 180 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014, p. 31.

197 GIBELLINI, Rosino. A Teologia do século XX. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1998, p. 385.

198 Quarta temporada, episódio quatro (45min 41s).

199 Quinta temporada, episódio dois (48min 25s).

200 DIREITO Penal. In: WIKIPÉDIA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Direito_penal&oldid=46915982>. Acesso em: 9 out. 2016.

201 “Nesta fase o comportamento desviante era tido como uma ofensa aos deuses. Estas regras são encontradas nos códigos da Índia, China, Babilônia, Pérsia, Israel, etc. A administração e aplicação das penas, geralmente ficava a cargo dos sacerdotes”. SILVA, Ageu Tenório. Evolução da prática e do discurso no Direito Penal. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2851>. Acesso em: 12 nov 2016.

202 PIMENTEL, 2014, p. 17.

203 BARBOSA, 1999 apud PIMENTEL, 2014, p. 17.

204 SPECTOR, 2015, p.197.

205 CARRIÓN, 2012 apud COUTO, 2015, 112.

206 SPECTOR, 2015, p. 199-200.

207 Segunda temporada, episódio cinco (50min 05s).

208 Guarda-costas do reis no Trono de Ferro. Eles juram proteger o seu rei e a família real com as suas próprias vidas, obedecer aos seus comandos e guardar seus segredos. Eles são jurados servir a vida toda, e são proibidos de possuir terras, ter uma esposa ou filhos. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Guarda_Real>. Acesso em: 03 nov 2016.

209 Termo utilizado para identificar aquele que mata um rei ou rainha. DICIONÁRIO da Língua Portuguesa. Priberam Informática, 2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/regicida>. Acesso em: 03 nov 2016.

210 Terceira temporada, episódio cinco (36min 05s), grifo nosso.

211 MARTIN, George R. R. A tormenta de espadas. 7ª reimpressão. São Paulo: Leya, 2011b, p. 737. (As Crônicas de Gelo e Fogo, 3).

212 Cf. MARTIN, 2011b, p. 737.

213 Segunda temporada, episódio sete (48min 45s).

214 ALBERO, Guilherme. Daenerys será a grande vilã de Game of Thrones? Disponível em: <http://cinescopiotv.com/2016/06/02/daenerys-sera-grande-vila-de-game-thrones/>. Acesso em: 04 nov 2016.

215 LOUCURA Targaryen. In: Wiki. <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Loucura_Targaryen>. Acesso em: 04 nov 2016.

216 MARTIN, 2010, p. 27.

217 Primeira temporada, episódio seis (07min 03s).

218 Primeira temporada, episódio seis (51min 22s).

219 VOGLER, 2006, p.39.

220 Quinta temporada, episódio dois (28min 07s).

221 MARIOLA, Tay. Estaria a rainha louca a caminho dos Sete Reinos? Disponível em: <http://www.blogsoestado.com/sigaescalada/2016/06/01/estaria-a-rainha-louca-a-caminho-dos-sete-reinos/>. Acesso em: 04 nov 2016.

222 Primeira temporada, episódio sete (50min 15s).

223 Sexta temporada, episódio seis (48min 43s).

224 CONCEITO de grandeza. Disponível em: <http://queconceito.com.br/grandeza>. Acesso em: 04 nov 2016.

225 Sexta temporada, episódio dez (41min 20s).

226 ALVES, Ana Carol. (06/06/2015). Podcasteros #28: Episódio 5.08, “Hardhome”. [áudio podcast]. Recuperado de <http://www.gameofthronesbr.com/2015/06/podcasteros-28-episodio-5-08-hardhome.html>. (60mim 58 s).

227 Sexta temporada, episódio nove (29min 04s).

228 Quinta temporada, episódio oito (23min 53s).

229 Quinta temporada, episódio dois (27min 38s). Sexta temporada, episódio nove (3min 37s).

230 Sexta temporada, episódio dez (45min 20s).

231 (http://cinescopiotv.com/2016/06/02/daenerys-sera-grande-vila-de-game-thrones/); (http://www.blogsoestado.com/sigaescalada/2016/06/01/estaria-a-rainha-louca-a-caminho-dos-sete-reinos/); (http://lunaticosgames.com.br/seria-daenerys-a-vila-de-game-of-thrones-e-sete-outras-perguntas-acerca-do-ultimo-episodio-blood-of-my-blood/); (http://lunaticosgames.com.br/daenerys-targaryen-heroina-ou-vila-vejam-as-duvidas-que-cercam-personagem/).

232 BRAATEN, 2007, p. 498.

233 TROYJO, Marcos. Eleição de Trump representa 'fim do mundo como o conhecemos'. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcostroyjo/2016/11/1830684-eleicao-de-trump-representa-fim-do-mundo-como-o-conhecemos.shtml>. Acesso em: 10 nov 2016.

234 COHN, Norman. Cosmos, caos e o mundo que virá: as origens das crenças no Apocalipse. (1ª reimpressão). São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 11.

235 Pode ser também chamado de Zaratustra.

236 COHN, 1996 apud QUIRINO, Priscilla Pinheiro. Meu rei e a construção do paraíso. 2011. 160 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2011, p. 51-52.

237 Cf. COHN, 1996, p. 286, 293.

238 Cf. BLANK, Renold J. Escatologia do mundo: o projeto cósmico de Deus. 4. ed. São Paulo: Paulus, 2008, v. 2, p. 33, 44, 48.

239 MCGRATH, 2005, p. 638.

240 COHN, 1996, p. 286.

241 Cf. BLANK, 2008, p. 53-55.

242 Longo período de tempo.

243 BLANK, 2008, p. 56.

244 BLANK, 2008, p. 54.

245 BRAATEN, 2007, p. 487.

246 BRAATEN, 2007, p. 575.

247 MCGRATH, 2005, p. 638-639.

248 BRAATEN, 2007, p. 486-487.

249 REDDISH, 1990 apud VAILATTI, Carlos Augusto. O rei da Babilônia e o rei de Tiro: uma análise de Isaías 14:12-15 e Ezequiel 28:11-19. Revista Vértices, São Paulo, n. 16, p. 107-138, 2014, p.116.

250 PAGELS, apud NETO, Antônio Lazarini. O demoníaco: a antiguidade e transformações do tema na tradição judaico-cristã. Orácula, São Bernardo do Campo, n. 3.6, p. 131-149, 2007, p. 142.

251 NETO, 2007, p. 143.

252 BLANK, 2008, p. 50-51.

253 SCARDELAI, Donizete. Movimentos messiânicos no tempo de Jesus: Jesus e outros Messias. São Paulo: Paulus, 1998, p. 48.

254 SCARDELAI, 1998, p. 59-60.

255 HORSLEY, Richard A. Hanson, John S. Bandidos, profetas e messias: movimentos populares no tempo de Jesus. 4ª reimpressão. São Paulo: Paulus, 1995, p. 10-12.

256 COHN, 1996, p. 293-294.

257 CARRIKER, Timóteo. As Contribuições do Messianismo para uma Hermenêutica Missiológica: algumas pistas. Boletim Teológico, São Paulo, Ano 6, n. 19, Fraternidade Teológica Latino Americana, p. 10-41, dez/1992, p. 25.

258 Cf. nota 77 no primeiro capítulo.

259 JONES, 2015, p. 123-124.

260 WHITTEHEAD, Adam. Um mundo incerto: História e contagem do tempo em Westeros. In: LOWDER, James (Org.). Além da muralha: explorando o universo de As crônicas de gelo e fogo, de George R. R. Martin. São Paulo: Leya, 2015, p. 65.

261 MARTIN, 2010, p. 13.

262 Primeira temporada, episódio um (primeira cena).

263 Cf. subseção 1.2.2, alínea “e” – Senhor da Luz e Grande Outro.

264 MARTIN, 2011b, p. 806.

265 Primeiros Homens refere-se aos primeiros humanos a pisar em Westeros. In: Wiki. Disponível em: < http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Primeiros_Homens>. Acesso em: 14 nov 2016.

266 FILHOS da Floresta. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Filhos_da_Floresta>. Acesso em: 14 nov 2016.

267 As árvores eram sagradas. Cf. subseção 1.2.2, alínea “b” – Deuses Antigos.

268 Sexta temporada, episódio cinco (16min 52s).

269 Primeira temporada, episódio um (14mim 42s).

270 Primeira temporada, episódio três (49mim 30s).

271 VAUGHT, 2015, p. 107-108.

272 JONES, 2015, p. 126-127.

273 SCOBLE, 2015, p. 149.

274 Segunda temporada, episódio um (13min 30s).

275 COHN, 1996, p. 139, 257.

276 SCOBLE, 2015, p. 146.

277 ASSHAI. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Asshai>. Acesso em: 13 nov 2016.

278 Na série de TV não se pronuncia o nome do príncipe prometido que é Azor Ahai.

279 SCOBLE, 2015, p. 149-151.

280 Segunda temporada, episódio um (25min 02s).

281 A Longa Noite foi um período tão longo que, pessoas nasceram, viveram e morreram sem nunca terem visto a luz do dia. MARTIN [et al], 2014, p. 11.

282 BACELLAR, Rafael. Quem é Azor Ahai? Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2011/10/quem-e-azor-ahai.html>. Acesso em: 13 nov 2016.

283 COHN, 1996, p. 139, 281.

284 COHN, 1996, p. 258.

285 Sexta temporada, episódio cinco (32min 36s).

286 Quinta temporada, episódio quatro (19min 26s)

287 MARTIN, 2011b, p. 267-268.

288 JONES, 2015, p, 123-129.

289 SCOBLE, 2015, p. 148.

290 Episódio dez da primeira temporada e episódio primeiro da segunda temporada.

291 SANTOS, Carlos Antonio. Fronteiras entre messianismo judaico antigo e cristianismo primitivo. Revista Jesus Histórico, [S.l], v. 8, n. 14, p. 68-86, 2015, p. 71-72.

292 Cf. MARTIN, 2011b. p. 268, 805.

293 PEDRA do Dragão. In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Pedra_do_Drag%C3%A3o>. Acesso em: 14 nov 2016.

294 MARTIN, 2011a. p. 455.

295 BACELLAR, Rafael. Quem é Azor Ahai? Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2011/10/quem-e-azor-ahai.html>. Acesso em: 14 nov 2016.

296 Segunda temporada, episódio seis (3min 38s).

297 AZOR Ahai (Teorias). In: Wiki. Disponível em: <http://wiki.gameofthronesbr.com/index.php/Azor_Ahai_(Teorias)>. Acesso em: 14 nov 2016.

298 Mestre Aemon é também um Targaryen, assim parente de Daenerys.

299 MARTIN, George R. R. O festim dos corvos. São Paulo: Leya, 2012a, p. 447. (As Crônicas de Gelo e Fogo, 4).

300 Sexta temporada, episódio três (4min 10s).

301 MARTIN, George R. R. A dança dos dragões. São Paulo: Leya, 2012b, p. 249. (As Crônicas de Gelo e Fogo, 5).

302 BACELLAR, Rafael. Quem é Azor Ahai? Disponível em: <http://www.gameofthronesbr.com/2011/10/quem-e-azor-ahai.html>. Acesso em: 14 nov 2016.

303 Sexta temporada, episódio cinco (33min 08s).

304 GOMES, Antônio Máspoli A. O messianismo milenarista no Brasil e o mito do eterno retorno: limites e possibilidades de reflexão. Ciências da Religião – História e Sociedade, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 14-35, 2008, p. 19-20.

305 MACHADO, Renato Ferreira. Game of Thrones: a parábola do trono de ferro. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/noticias/532603-game-of-thrones-a-parabola-do-trono-de-ferro>. Acesso em: 29 mai 2016.

306 Sexta temporada, episódio dez (42min 57s).

307 SPECTOR, 2015, p. 200.

308 SCOBLE, 2015, p. 146.

309 Cf. subseção 1.2.2, alínea “d” – Deus Garanhão.

310 Sexta temporada, episódio seis (46min 23s).

311 Cf. subseção 2.2.2 .


Publicado por: Edna Pereira De Souza

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