O CALVINISMO EM IGREJAS PENTECOSTAIS: UM ESTUDO SOBRE O IMPACTO DA VISÃO REFORMADA DA SOBERANIA DE DEUS NA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS MINISTÉRIO ÁGUAS PURIFICADORAS (IEADMAP)
índice
- 1. Resumo
- 2. INTRODUÇÃO
- 3. A VISÃO TRADICIONAL CALVINISTA ACERCA DA SOBERANIA DE DEUS
- 3.1 CONCEITO HISTÓRICO DO CALVINISMO
- 3.1.1 Calvinismo como um nome sectário
- 3.1.2 Calvinismo como uma identificação Confessional
- 3.1.3 Calvinismo como um nome científico
- 3.2 EXTENSÃO GEOGRÁFICA CALVINISTA
- 3.3 PRECEDENTES CALVINISTAS
- 3.4 DIMENSÃO DO CALVINISMO
- 3.5 AS MANEIRAS DE PENSAMENTOS
- 3.5.1 Nossa relação com Deus
- 3.6 DUAS POSSÍVEIS RÉPLICAS
- 3.6.1 O Calvinismo não esta sendo apresentado como Protestantismo?
- 3.6.2 Deus é elementarmente compreendido?
- 3.6.3 A multiformidade do homem
- 3.6.4 A interpretação peculiar do Calvinismo
- 3.7 A SOBERANIA DE DEUS PARA O CALVINISMO
- 4. UMA BREVE HISTÓRIA DO PENTECOSTALISMO NO BRASIL: SURGIMENTO E DOUTRINAS
- 4.1 CARACTERÍSTICA DO PENTECOSTALISMO
- 4.2 O REAVIVAMENTO METODISTA NO SÉCULO XVIII
- 4.3 PENTECOSTALISMO NO BRASIL
- 4.4 A QUESTÃO DA SOBERANIA DE DEUS NA AD
- 4.5 COMO É DEFENDIDA A SALVAÇÃO NA AD
- 5. O SURGIMENTO DO MINISTÉRIO IEADMAP E COMO A VISÃO CALVINISTA DA SOBERNIA DE DEUS TEM IMPACTADO O MINISTÉRIO
- 5.1 SUCINTO HISTÓRICO DO MINISTÉRIO IEADMAP
- 5.2 A CONTROVÉRSIA DO CALVINISMO NAS ADs NO BRASIL
- 5.3 A INFLUÊNCIA DO CALVINISMO NA IEADMAP
- 5.4 CATALOGAÇÃO DA PESQUISA
- 5.5 SUJEITOS E INSTRUMENTO PARA A COLETA DE DADOS
- 5.6 ANÁLISE DAS RESPOSTAS: IMPLICAÇÕES
- 6. CONCLUSÃO
- 7. REFERÊNCIAS
- 8. APÊNDICE
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
1. Resumo
O movimento pentecostal é o que detém o título de maior grupo cristão do Brasil. É um dos movimentos que mais se cresce na região Norte e em poucas décadas atingiu todo o território nacional, marcando o final do século XIX e o começo do século XX, tendo crescimento contínuo e expandindo-se de forma numérica e geográfica. Contudo, junto a este crescimento, em paralelo o crescimento do Calvinismo acompanha e se propaga pelos meios de comunicações como, por exemplo, Youtube, redes sociais, livros e revistas etc. Percebemos que os reformadores têm divulgado bastante as doutrinas da graça, despertando o interesse de fiéis do meio pentecostal, que buscam se aprofundar na história da Reforma Protestante e tem se aproximado da visão Calvinista. Em resposta, diante de tamanho crescimento do Calvinismo no meio pentecostal, a Assembleia de Deus em parceria com a CGADB organiza uma comissão para elaborar a sua própria Declaração de Fé, que tem um viés arminiano, visando unicamente resguardar a sua membresia e doutrinas. Entretanto, podemos perceber que independente do posicionamento teológico, fica claro que ambos têm na sua concepção que a Bíblia é a sua regra de fé e prática, sendo por meio dela apresentado a manifestação do Espírito Santo e os seus efeitos na vida dos que foram alcançados. Desta forma, trabalharemos o impacto do Calvinismo em uma igreja pentecostal da região metropolitana de Belém.
Palavras Chaves: Calvinismo, Pentecostalismo, Doutrinas da Graça.
ABSTRACT
The Pentecostal movement is the one which holds the title of the largest Christian group in Brazil. It is one of the movements that have grown the most in the north region of the country and in few decades it reached the entire national territory, marking the end of the XIX century and the beginning of the XX century, expressing a continuous growth and expanding numerically and geographically. However, alongside with its growth, in parallel the growth of Calvinism increases and spreads throughout the media, for example, YouTube, social networks, books, magazines and etc. We realize that the reformers have widely publicized the doctrines of grace, arousing the interest of the Pentecostal half followers, which seek to deepen in the Protestant reformation history and end up approaching to the Calvinist view. In response to the size of Calvinism growth in the Pentecostal half, the Assemblies of God Church in partnership with “CGADB” organized a committee to draw up its own statement of Faith, which has an Arminian bias that aim to protect its membership and doctrines. However, we can see that, regardless of the theological position, it is clear that both have in their conception that the Bible is their rule of faith and practice, through which it is presented the manifestation of the Holy Spirit and its effects on the lives of those who have been reached. In this perspective, we will work on the impact of Calvinism in a Pentecostal church in the metropolitan area of Belém.
Key Words: Calvinism, Pentecostalism, Doctrines of Grace.
2. INTRODUÇÃO
Este trabalho expõe o Calvinismo em igrejas pentecostais e avalia o impacto das doutrinas da graça em uma igreja pentecostal. Percebemos o número crescente de fiéis do meio pentecostal que começaram a perceber uma diferença entre a teologia pentecostal e a teologia Calvinista, e ao se depararam com a exposição sobre as doutrinas da graça, contribuiu para uma crescente busca por parte de alguns fiéis por referenciais teológicos da Reforma, que pudesse aperfeiçoar seus conhecimentos acerca desta “nova” doutrina que se apresenta no meio pentecostal, procurando os fiéis, base Bíblica para averiguar a veracidade desta “nova” teologia que esta cada vez mais afeiçoando novos adeptos.
No tempo em que o mundo encontra-se dividido entre os que são mais liberais e os que permanecem ortodoxos, existe um povo que tem propagado informações por meio de livros, revistas, sites, meio acadêmico etc. Não se contentam com qualquer tipo de mensagem informativa, mas vivem buscando bases para o aprimoramento do conhecimento, e cada vez mais, querem viver sua fé de forma que também satisfaça o seu ser, e entre os pentecostais tem havido uma preocupação em preservar suas doutrinas fundamentais diante desta possível ameaça.
Contudo, ficou claro que a AD em resposta a crescente procura de fiéis pentecostais pelo o interesse sobre a Reforma, principalmente pelo Calvinismo, vem através da CGADB, organizar uma junta de teólogos para elaborar um documento que reforce sua doutrina e resguarde sua teologia. Assim, surge a Declaração de Fé das Assembleias de Deus neste ano vigente, sendo então, o documento oficial das Assembleias de Deus no Brasil.
Através deste envolvimento, podemos interpelar sobre qual é o impacto que as doutrinas da graça apresentada pela Reforma, em especifico pelo Calvinismo, têm causado nos fiéis da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Águas Purificadoras (IEADMAP).
Temos como hipótese, a não compreensão desse posicionamento teológico Calvinista a respeito das Doutrinas da graça, surge principalmente por ter uma teologia avivalista e de evidenciar a busca pelo poder e o batismo pelo Espírito Santo, sendo como uma segunda bênção, um poder “especial” na vida do crente e isto, traz uma preocupação em parte para os membros do Ministério, por acreditar que seria possível limitar o poder do mesmo na vida do fiel. Pois, historicamente o pentecostalismo se identifica com a teologia arminiana e, por isso, concluímos que essa possa ser a causa desses conflitos.
Como objetivo, procuramos entender o que as doutrinas da graça apresentada pelo Calvinismo têm impactado o Ministério IEADMAP. Assim como entender como a Assembleia de Deus e o Calvinismo compreendem acerca da soberania de Deus. E avaliar como a visão calvinista da soberania de Deus tem impactado o Ministério.
O motivo que nos levou a pesquisar este tema foi porque percebemos um número progressivo de cristãos pentecostais que tem procurado conhecer mais sobre a Reforma Protestante. Esse conhecimento tem sido apreendido pelos meios de comunicação como sites de Internet, vídeos no Youtube e discussões pelas Redes Sociais, facilitando à propagação deste importante conhecimento histórico.
Porquanto, o tema do trabalho é importante para compreendermos mais sobre as influências das Doutrinas da Graça em uma igreja pentecostal da Região Metropolitana de Belém. Visamos contribuir para ampliar o conhecimento sobre os impactos da visão reformada da Soberania de Deus no meio pentecostal.
Por certo, esta temática interessará a colegas da área acadêmica que procuram ampliar suas fontes de pesquisas, ou igrejas, membros e pessoas que desejam entender as diversas mudanças que tem acontecido no meio pentecostal, inclusive a influência de doutrinas reformadas nesse seguimento e este elaborado ajudará também a compreender um fenômeno contemporâneo que tem acontecido em algumas igrejas pentecostais: a adesão ao Calvinismo.
Como metodologia, esta questão abordará o Calvinismo no contexto da Assembleia de Deus. Sendo de importante valia, apontar algumas classificações de pesquisa. A fim de esclarecer qual é a compreensão sobre o tema abordado, utilizaremos a pesquisa bibliográfica. Onde consultamos livros da própria biblioteca da Instituição FATEBE, a fim de levantar fontes que sustentem o presente assunto elaborado.
Com isso, a análise proporciona uma interpretação das particularidades e opiniões da população evangélica do Ministério IEADMAP. Pois, a comunidade está sendo incentivada a conhecer a visão calvinista da soberania de Deus. Assim, entrevistas serão feitas aos fieis desta mesma, a fim de notarmos o impacto da visão Calvinista nesta igreja.
O exposto está contextualizado dentro da visão calvinista acerca da graça. Esta visão tem sido propagada pelos meios de comunicação, pelas mídias sociais, dentre outros e, desta forma, muitos evangélicos, em especial, muitos pentecostais tem se identificado com o Calvinismo, e para entendermos o que é a visão calvinista da soberania de Deus, serão utilizadas as contribuições dos autores Kuyper, Horton, Anglada etc.
Certo que eles procuram apurar as riquezas do Calvinismo, não unicamente como um posicionamento teológico, se referindo apenas à doutrina da salvação, mas evidenciar a sua importância como parâmetro de visão abrangente em todas as áreas da vida. Kuyper (2014, p.14) faz a seguinte afirmação: “O Calvinismo se refere a um sistema que alcança todos os aspectos da vida”.
Contudo, muitos cristãos acreditam hoje que a soberania da graça de Deus precisa ser limitada, de alguma maneira, pela liberdade de escolha humana. Entretanto, o Anglada (2015, p.85) afirma que o Calvinismo corrobora com o seguinte raciocínio: “A doutrina calvinista da graça eficaz diz respeito, portanto, à aplicação da obra da redenção ao coração dos eleitos de Deus”.
Uma vez que, para entendermos como a Igreja Evangélica Assembleia de Deus compreende esse assunto, usaremos os autores Gilberto, Araújo e a Confissão de fé da AD 2017. Onde Silva (2017, p.19) diz a seguinte afirmativa: “a Declaração de Fé [das Assembleias de Deus] servirá como proteção contra as falsas doutrinas e contribuirá para a unidade do pensamento teológico para ‘que digais todos uma mesma coisa’”. E Gilberto (2008, p.367) complementa dizendo: “[certo que] Deus não elege uns para a salvação, e outros, para a perdição”. O homem é capaz de fazer a livre-escolha.
Diante de uma apreensão distinta do crescimento do Calvinismo no meio Pentecostal brasileiro, a Assembleia de Deus elabora a sua Declaração de Fé. Com o intuito de expor o documento para a sua membresia, contendo aquilo que creem e que praticam.
Desta forma, o documento identifica o meio pentecostal como denominação séria e com o intuito de instruir seus membros a resistirem a qualquer ameaça iminente evidenciada pela Reforma e em especifico pelo posicionamento Teológico Calvinista.
Este trabalho foi estruturado de forma que no primeiro capítulo se conheça a visão tradicional calvinista acerca da soberania de Deus. Salientando o amor pelas Escrituras e de aplica-las em todo o viver do ser humano. Horton (2014, p.22) Complementa ao dizer: “Toda escritura é inspirada por Deus e é, portanto, tesouro comum de todos os cristãos”. Compreendendo que as Escrituras são a única fonte inerrante para a doutrina que é a própria base da vida prática.
Sendo assim, o calvinismo sustenta que a nossa relação com Deus é que rege todo o sistema de vida em geral, tendo uma interpretação basilar de uniformidade imediata de Deus com o homem e do homem com Deus.
Por isso, Boice (2002, p.207) diz o seguinte: “O Calvinismo [é] muito mais do que uma maneira de pensar, seu ponto de partida é uma mente iluminada pela verdade do Evangelho. O que o calvinista tem em mente o tempo todo é a glória de Deus”. Enfatizando que Deus de forma soberana tem o domínio sobre todas as coisas, e que sua vontade é demonstrada ou de forma eficiente ou permissiva em todas as existências e todos os eventos na terra.
Uma vez que, o Calvinismo ainda apresenta Deus no tocante às suas criaturas, sendo apresentados os fundamentos imutáveis de seu domínio. “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Sl 115.3).
No segundo capítulo, o trabalho mostra uma breve história do pentecostalismo no Brasil, seu surgimento e sua doutrina. Começando pelo pentecostalismo clássico e contemporâneo que tem em sua expressão a ênfase dos dons espirituais, como profecia, cura, falar em línguas estranhas e que em 1911, como destaca Oliveira (2008, p.775): “Gunnar Vingren (1879-1933) e Daniel Berg (1884-1963), suecos de origem batista, em Belém do Pará, organizaram a Missão de Fé Apostólica, mas em 1918 assume o nome de Assembleia de Deus”.
Como doutrina, os pentecostais em sua teologia compreendem que Deus é uma verdade inquestionável, que não necessita de comprovação e que as Escrituras são a única fonte confiável. Assim, entendendo que toda a sua teologia enfatiza a experiência pessoal do cristão, fundamentada na Palavra de Deus.
Soares (2008, p.52) diz: “Os pentecostais resgatam a comunhão com Cristo vivo, ressuscitado, como nos tempos do Novo Testamento”. E Andrade (2010) complementa: “A predestinação é universal. Ou seja: Deus, em seu profundo e inigualável amor, predestinou todos os seres humanos à vida eterna (Jo 3.16)”.
Já o terceiro capítulo conceitua o surgimento do Ministério IEADMAP e como a visão calvinista da soberania de Deus tem impactado o mesmo.
No ponto que se trata do Ministério IEADMAP, também temos exercido uma liderança e nos tornamos adeptos das Doutrinas Reformadas da Graça e temos compartilhado da mesma e visto como ela pode influenciar a forma de viver. Com isso, presenciamos atitudes diferentes em relação à receptividade destas doutrinas na igreja em que servimos.
Com isso, percebemos uma diversidade entre os posicionamentos teológicos dentro do meio pentecostal. Uns estão aderindo a doutrinas da graça. Outros têm rejeitado. O que permanece sendo consenso é que a Igreja local da qual participamos reconhece que o Espírito Santo fala por intermédio da Escritura.
Diante desse contexto, apresentaremos os resultados de pesquisa que fizemos com pastores e fiéis do Ministério IEADMAP com único intuito de obter elementos reais.
Procuramos entregar um questionário, procurando, ao máximo, agir como cientista e buscando constantemente a imparcialidade. Para isso, aplicamos um questionário com questões que investigam os fiéis a colocarem suas percepções sobre suas crenças. Solicitamos que não colocassem os seus nomes, pois gostaríamos de ter a real visão do fiel a respeito das questões levantadas.
Finalmente a pesquisa revelou a preocupação dos assembleianos acerca do Calvinismo e que a AD procura força para uma mudança no seu comportamento com intuito de proteger “contra as falsas doutrinas e [...] para [que] a unidade do pensamento teológico [assembleiano seja] ‘que digais todos uma mesma coisas’ (1 Co 1.10)”. (SILVA, 2017, p.19).
3. A VISÃO TRADICIONAL CALVINISTA ACERCA DA SOBERANIA DE DEUS
A Reforma Protestante ensina o amor às Escrituras e apresenta a glória da cruz. Mas, em oposição a este posicionamento, e contra sua influência em cada esfera da vida, têm surgido com força as ideias do Modernismo1. Kuyper destaca: “Não há dúvida, então de que o Cristianismo está exposto a grandes e sérios perigos” (2014, p.19).
Podemos perceber que existem aqueles que de forma reverente se humilham diante de Cristo, procurando viver suas vidas niveladas na fonte de todo saber cristão. Por outro lado, o Modernismo constrói um mundo próprio a partir do homem. Kuyper diz a este respeito:
Enquanto no modernismo, a imensa energia de um abrangente sistema de vida nos ataca; [...] nós temos que assumir nossa posição em um sistema de vida e poder, igualmente abrangente e extenso. E este poderoso sistema de vida não deve ser inventado nem formulado por nós mesmo, mas deve ser tomado e aplicado como se apresenta pela História. [...] Assim, o Calvinismo é como a única, decisiva, lícita e consistente defesa das nações protestantes contra o usurpador e esmagador Modernismo. (KUYPER, 2014, p.19-20).
O Calvinismo apresenta uma abordagem diferenciada. Ela evidencia que os seus ensinamentos não se limitam somente a doutrina da graça, mas tem como seu principal ponto abranger todas as áreas da vida humana e Horton faz a seguinte citação: “A Verdadeira história do Calvinismo, inclusive o que os calvinistas consistentemente pregaram, escreveram, oraram, cantaram e testemunharam não se encaixa nos estereótipos2” (HORTON, 2014, p.17).
Este autor defende que o Calvinismo também tem uma preocupação com a doutrina e a vida como padrão integrado.
Horton destaca a este respeito:
No entanto, a corrente principal do Calvinismo foi associada com a renovação pessoal tanto quanto com a reforma doutrinária. Na verdade, a piedade reformada resistiu à falsa escolha entre mente e coração, doutrina e vida, igreja e indivíduo. Nos séculos XVI e XVII tanto Luteranos quanto os de Tradição Reformada refletiam uma preocupação com a doutrina e a vida como padrão integrado. Como os próprios reformados, o movimento Evangelical foi profundamente impresso com o significado da verdade cristã para a vida cotidiana. É por isso que a Bíblia foi traduzida para a língua das pessoas e largamente distribuída às paróquias e famílias, junto com catecismo, livros de orações e hinários. (HORTON, 2014, p.18).
Já Kuyper afirma:
Eu descobri que as Santas Escrituras não somente fazem-nos encontrar a justificação pela fé, mas também mostram o fundamento de toda a vida humana, as santas ordenanças que devem governar toda existência humana na Sociedade e no Estado. (KUYPER, 2014, p.14).
O Calvinismo ressalta o amor pelas Escrituras e as aplica em todo o viver do ser humano. Horton diz: “Toda escritura é inspirada por Deus e é, portanto, tesouro comum de todos os cristãos” (2014, p.22).
Compreendendo que as Escrituras são a única fonte inerrante para a doutrina que é a própria base da vida prática. Observamos o que Pink diz:
É pela doutrina, ou ensino, que nos são reveladas as grandes realidades a respeito de Deus, de nosso relacionamento com Ele, de Cristo, do Espírito, da salvação, da graça e da glória. É pela doutrina (mediante o poder do Espírito) que os crentes são alimentados e edificados; e, quando há negligência na doutrina, forçosamente cessam o crescimento na graça e no testemunho eficaz. Como é triste, portanto, constatar que a doutrina atualmente está sendo depreciada como lago sem valor para a vida prática, quando, de fato, a doutrina é a própria base da vida prática. (PINK, 1997, p.155).
As doutrinas foram defendidas antes da Reforma Protestante e os seus respeitados defensores teólogos a defenderam sobre o nome de “Agostinianos”. Destacamos: Anselmo, Gregório de Rimini, Arcebispo Bradwardine e o próprio mentor de Lutero, Johann von Stauptiz, o qual escreveu um tratado defendendo essas verdades mesmo antes de Lutero. Justo no momento em que ele liderava a ordem agostiniana na Alemanha.
Por este motivo, compreendemos que nenhum dos reformadores argumentou de modo contrário, mas deram ênfase que as doutrinas não foram inventadas e sim que foram reveladas na Palavra de Deus.
Com isso, seria um erro acreditar que o Calvinismo vem do próprio Calvino sendo que esta visão já era compreendida antes. Horton destaca:
Lutero queria ser conhecido simplesmente como um evangelical do evangelho. Ele recuou ao ouvir seus críticos católicos romanos chamarem os evangelicais de “luteranos”. Da mesma forma, Calvino expressou desaprovação quando seus críticos luteranos rotularam os evangelicais reformados com o apelido de “calvinistas”. (HORTON, 2014, p.4).
Deste modo, embolsa o nome de João Calvino, porque ele desempenhou uma influência internacional no desenvolver-se da doutrina da Reforma Protestante. Ao registrar as “Institutas da Religião Cristã” em 1534 (publicado em 1536) os quais aconselhavam não apenas a reforma da Igreja, mas também da vida do indivíduo.
Certamente, os seus ensinos reforçavam a ideia de que a salvação vem unicamente de Deus e só os escolhidos chegarão ao Paraíso.
As obras de Calvino foram revisadas várias vezes ao longo da sua história, em conjunto com a sua obra pastoral e uma quantidade massiva de anotações sobre a Bíblia, dessa maneira sendo a fonte de influência constante da vida de João Calvino no Protestantismo.
O termo “Calvinismo” foi usado em 1552, numa carta do pastor luterano Joachim Westphal, de Hamburgo e a partir de então, o Calvinismo vem sendo denominado de Fé Reformada, Confissão Reformada ou Teologia Reformada, se diferenciando tantas vezes como movimento religioso protestante, diferente do sistema de ideias sociocultural com ascendências na Reforma Protestante iniciada por João Calvino, em Genebra.
3.1. CONCEITO HISTÓRICO DO CALVINISMO
Na longa e rica história sobre o Calvinismo, precisamos compreender qual a sua visão. Partindo, deste modo, do uso corrente do termo, uma vez que este de caráter algum é o mesmo em distintos países e em diferentes campos de vida.
3.1.1. Calvinismo como um nome sectário
O cognome calvinista é frequentemente usado em nosso tempo como um nome sectário. Historicamente, este não parte dos países Protestantes, mas nos Católicos romanos, em especialmente na Hungria e na França.
Com isso, os membros das Igrejas Reformadas são ininterruptamente estigmatizados pelo título não oficial de “calvinistas”, um nome pejorativo sobreposto até mesmo àqueles que se excluíram de todas as linhas de afinidade com a fé de seus pais. Como comenta Kuyper:
“calvinista” [calviniste] é igualmente, e até mais enfaticamente, um estigma sectário, que não se refere à fé ou confissão da pessoa estigmatizada, mas simplesmente é colocada sobre os membros das Igrejas Reformadas, mesmo que ele tenha ideias ateístas. (KUYPER, 2014, p.20).
3.1.2. Calvinismo como uma identificação Confessional
Também, o calvinismo recebe o apontamento confessional pelo fato de ser encarnado excepcionalmente como o subscritor leal do dogma da predestinação. Contudo, aqueles que desaprovam esta forte ligação com a doutrina, contribuem com os polemistas3 romanistas, visto que ao receber o rótulo de “calvinista”, é ser exposto como um sofredor da baixeza dogmática; e o que é ainda pior, sendo considerado como ameaçador para a verdadeira seriedade da vida moral. Vejamos as palavras de Kuyper:
Este é um estigma tão visivelmente ofensivo que teólogos como Hodge4, os quais com plena convicção foram defensores públicos da Predestinação, e consideravam uma honra ser calvinistas, apesar disso, estavam tão profundamente impressionados com o desfavor vinculado ao “nome calvinista”, que por amor à sua confiante convicção, preferiam falar de Agostinianismo que de Calvinismo. (KUYPER, 2014, p.21).
3.1.3. Calvinismo como um nome científico
Além do que já foi abordado anteriormente, o nome “Calvinismo” soa como um nome científico quer em um sentido histórico, filosófico ou político.
Historicamente, o nome Calvinismo indica o canal pelo qual a Reforma se moveu. No sentido filosófico, compreendemos por Calvinismo aquele princípio de percepções que, sob a intervenção da reflexão docente de Calvino, levantou-se para dominar nas diferentes esferas da vida.
Como um nome político, o Calvinismo lembra aquele movimento político que tem a confiável liberdade das nações em governo constitucional.
Já no sentido científico, o nome Calvinismo é presentemente usual entre os eruditos alemães. E o fato é que esta não é tão somente a ideia daqueles que são respeitosos ao Calvinismo, mas também dos doutos que repudiaram todo padrão confessional da Cristandade, atribuindo este profundo significado ao Calvinismo. Contudo, Horton comenta:
O calvinismo não é uma seita. Não é um grupo dentro da igreja, procurando seu status independente. Em vez disso, é uma declaração da sola gratia na história da Igreja de Jesus Cristo. [...] As doutrinas da graça podem ser difamadas ou celebradas, mas nunca são enfadonhas ou triviais. Ao longo da história da Igreja, seu retorno provocou debates, reformas, renovações e missões. Nas últimas décadas, a terminologia foi se modificando um pouco. O movimento do “Novo Calvinismo” que recebeu publicidade nos anos recentes é identificado como “reformado”, embora muito de sua força numérica de sua ressurgência se encontre em denominações não reformadas (tais como a Convenção Batista do Sul). Essa alteração de definições oferece oportunidade e desafios. [...] Espera-se que o “Novo Calvinismo” leve não somente a um prazer mais amplamente difundido da graça de Deus, mas traga às igrejas reformadas uma vitalidade e um apreço renovado por essas preciosas verdades que são o tesouro comum a todos os cristãos na Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, o cristianismo reformado é mais do que os cinco pontos. (HORTON, 2014, p. 26, 30).
3.2. EXTENSÃO GEOGRÁFICA CALVINISTA
Observamos que o campo Calvinista é, de fato, muito mais extenso que as interpretações confessionais limitadas nos levam a supor. Vejamos o que nos diz Kuyper:
A aversão a nomear a Igreja com nome de homens deu origens ao fato que, embora França os protestantes fossem chamados de “huguenotes”, na Holanda de “mendigos” (Beggars), na Grã-Bretanha de “puritanos” e de “presbiterianos”, e na América do Norte de “pais peregrinos”, todos estes são produtos da Reforma que, em seu continente ou no nosso, sustentaram um tipo especial reformado, eram de origem calvinista. (KUYPER, 2014, p.24).
Como no Cristianismo existe uma regra para o prolongamento de campo, do mesmo pressuposto podemos aplicar ao calvinismo. Que ao longo de sua história conseguiu não somente se manter acalorado na Europa Ocidental, mas também na Rússia, nos Estados dos Balcãs5, os Armênios, e até mesmo o império de Menelik na Abissínia6.
Sendo assim, é correto que da mesma maneira deveríamos abranger no redil calvinista bem como aquelas Igrejas que tem mais ou menos discordado de sua forma mais pura. Kuyper diz a este respeito:
Em seus 39 Artigos, a Igreja da Inglaterra é estritamente calvinista, ainda que, em sua hierarquia e liturgia tenha abandonado os caminhos retos e tenha encontrado as sérias consequências deste desvio em puseísmo7 e ritualismo. A Confissão dos Independentes8 era igualmente calvinista, apesar de que em sua concepção sobre a Igreja a estrutura orgânica foi enfraquecida pelo individualismo9. E se sobre a liderança de Wesley muitos Metodistas tornaram-se opostos à interpretação teológica do Calvinismo, não obstante, é o espírito do Calvinismo em si que criou esta reação espiritual contra a petrificante vida da Igreja de seus dias. Em certo sentido, portanto, pode ser dito que todo campo que foi coberto pela Reforma, até onde ele não era luterano10 nem sociniano11, foi, a princípio, dominado pelo Calvinismo. Até mesmo os Batistas aplicaram-se em abrigar-se nas tendas dos calvinistas. É o caráter livre do Calvinismo que explica o aumento destes vários tons e diferenças, e das reações contra seus excessos. (KUYPER, 2014, p.24, 25).
3.3. PRECEDENTES CALVINISTAS
De tal modo abrangido, o Calvinismo está arraigado em um formato de crença que era peculiarmente favorável, e deste raciocínio religioso exclusivo desenvolveu-se primeiro uma Teologia peculiar, depois para uma posição eclesiástica especial, e então acertada forma de vida política e social, para a explanação do arranjo ético do mundo, para a afinidade entre a natureza e a graça, entre o Cristianismo e o mundo, entre a Igreja e o Estado, e finalmente para a Arte e a Ciência; e em meio a todas estas expressões de vida ele continuou sempre o mesmo Calvinismo, à medida que, concomitante12 e diretamente, todos estes acréscimos brotaram de seu mais profundo princípio de vida. Explica Anglada:
O Calvinismo é uma síntese das doutrinas dos reformadores, as quais, por sua vez, consistem na redescoberta da pregação apostólica do evangelho bíblico, também professadas na maioria das confissões de fé protestantes. O Calvinismo deve ser definido, portanto, como consistindo puramente nas antigas doutrinas da graça. (ANGLADA, 2015, p.14).
3.4. DIMENSÃO DO CALVINISMO
Não careceria nos admirar que o Calvinismo não fosse concebido até nossos dias, e que agora é confesso pelos amigos e inimigos como decorrência de um estudo melhor da História. Esse não teria sido o caso, se o Calvinismo tivesse introduzido a vida como um sistema bem construído, e tivesse se apresentado como resultado de um estudo. Salienta Kuyper ao dizer:
O Calvinismo, em suas partes, torna-se um assunto de estudo especial pelo qual os historiadores e teólogos têm traçado a relação entre os fenômenos calvinistas e a unidade abrangente de seus princípios. [...] visto que tanto as necessidades do presente como o cuidado pelo futuro, obrigam-nos a um estudo mais profundo do Calvinismo. (KUYPER, 2014, p.27).
Contudo sua ascendência aconteceu de um modo absolutamente diferente. Na ordem da essência, a vida é principal. E para o Calvinismo a história em si continuamente foi o principal elemento de seu valor. Vejamos o que diz Boice:
As doutrinas conhecidas como Calvinismo não sugiram há pouco tempo na história da igreja, ao contrário, suas origens remontam ao ensinamento de Jesus, preservado ao longo das diversas fases vividas pela Igreja e sempre caracterizando-a em seus maiores períodos de fé e expansão. É por essa razão que podemos afirmar que a igreja evangélica viverá novamente dias grandiosos. (BOICE, 2000, p.24).
Enquanto isso, Kuyper acrescenta a seguinte afirmativa:
Na Igreja Católica Romana todos sabem pelo que viver, porque com consciência clara gozam os frutos da unidade do sistema de vida de Roma. Mesmo no Islamismo você encontra o mesmo poder de uma convicção de vida dominada por um princípio. Somente o Protestantismo vagueia por ai no deserto, sem objetivo ou direção, movendo-se daqui para lá, sem fazer qualquer progresso. Isso explica o fato de o Panteísmo13 nascido da nova Filosofia alemã e devendo sua forma concreta de evolução a Darwin, reivindicar entre as nações Protestantes mais e mais para si a supremacia em cada esfera da vida humana, mesmo no da Teologia, e sob todo tipo de nomes tenta derrubar nossas tradições cristãs, e até mesmo está inclinado a trocar a herança de nossos pais por um Budismo moderno inútil. (KUYPER, 2014, p.27).
3.5. AS MANEIRAS DE PENSAMENTOS
Podemos compreender que o Calvinismo realmente nos fornece uma unidade de princípio de vida, solicitamos provas da afirmação de que ele não é um fenômeno parcial, nem foi um fenômeno simplesmente temporário, mas é um sistema de princípios abrangente, que, enraizado no passado, é capaz de fortalecer-nos no presente e de encher-nos com confiança para o futuro.
Com isso, precisamos entender quais são as condições requeridas para o sistema gerais de vida, tais como o Paganismo14, o Islamismo15, o Romanismo16 e o Modernismo17, e então evidenciar que o Calvinismo realmente preenche estas disposições. Então partimos para obter o discernimento nas relações fundamentais de toda criatura: a saber, nossa relação com Deus.
3.5.1. Nossa relação com Deus
A inicial exigência que tem um sistema de vida como o calvinismo, é que encontre o seu ponto de partida em uma interpretação especial de nossa relação com Deus. E na oração descobrimos não somente nossa unidade com Deus, contudo também a unidade de nossa existência pessoal.
As mudanças na História, portanto, que não surgem dessa fonte mais intensa é sempre parcial e temporária, e apenas aqueles atos históricos que se originaram dessas profundezas mais intensas da existência pessoal do homem, envolvendo toda a vida e possuindo a permanência requerida. Boice completa:
Se isso é verdadeiro, então nada é mais necessário hoje do que a recuperação precisamente dessas doutrinas [...] Essas doutrinas da graça tiveram destaque nas mentes e nos corações do povo de Deus em alguns dos melhores momentos da Igreja. (BOICE, 2000, p.24).
Observamos o caso do Paganismo18, que em seu formato mais completo é conhecido pelo fato que supõe, assume e adora a Deus no indivíduo. Não aprimorando a concepção da existência autônoma de Deus, além e acima da criatura. Por este motivo, se aplica ao mais baixo Animismo19, bem como ao mais alto Budismo. Kuyper ressalta:
O paganismo não eleva para a concepção da existência independente de Deus, além e acima da criatura. Mas, mesmo nessa forma imperfeita, ele tem como seu ponto de partida uma interpretação precisa da relação do infinito como finito, e a isso ele deve seu poder de produzir uma forma acabada para a sociedade humana. Simplesmente por possuir esse ponto de partida significativo foi capaz de produzir uma forma para toda a vida humana própria dele. (KUYPER, 2014, p.29).
Já o mesmo, podemos observar na esfera do Islamismo20, cujas características têm por seu ideal puramente anti pagão, isolando Deus da criatura. Kuyper destaca que:
Maomé e o Corão são os nomes históricos, mas em sua natureza o Crescente (quarto-crescente) é a única antítese absoluta do Paganismo21. O Islamismo Isola Deus da Criatura, a fim de evitar toda mistura com a criatura. Como antípoda22, o Islamismo era possuído de uma tendência igualmente extensa, e foi também capaz de gerar um mundo inteiramente peculiar de vida humana. (KUYPER, 2014, p.29).
Também acontece o mesmo com o Romanismo23, pois a tiara papal24, a missa etc., servindo como o meio místico de comunhão do indivíduo com Deus. Vejamos o que Kuyper sublinha:
A saber, que Deus entra em comunhão com a criatura por intermédio de um meio místico, que é a Igreja; não tomada como organismo místico, mas como instituição visível, palpável e tangível. Aqui a Igreja se posiciona entre Deus e o mundo, e até onde foi capaz de adotar o mundo e inspirá-lo, o Romanismo criou sua própria forma para a sociedade humana. (KUYPER, 2014, p.30).
Prontamente, o Calvinismo em oposição aos três, toma sua posição com o pensamento fundamental que é igualmente profundo. Não procurando Deus na criação, como o Paganismo25; não isolando Deus da criatura, como o Islamismo26; não postulando comunhão intermediadora entre Deus e a criatura, como o Romanismo27. Mas exaltando o pensamento glorioso que, embora Deus permaneça na sua alta majestade acima da criatura, Ele entra em comunhão imediata com o homem, como Deus o Espírito Santo.
Este é o âmago da confissão Calvinista das doutrinas da graça. Sobre a soberania de Deus, Pink destaca:
A doutrina da soberania de Deus, portanto, não é um mero dogma de cunho metafísico28, desprovido de valor prático; é uma doutrina que forçosamente produzirá um poderoso efeito sobre o caráter cristão e sobre a vida diária. A doutrina da soberania de Deus é fundamental na teologia cristã, não cedendo lugar a qualquer outra, senão possivelmente à doutrina da divina inspiração das Escrituras. (PINK, 1997, p.157).
E Kuyper ressalta:
Em cada momento de nossa existência, toda nossa vida espiritual repousa no próprio Deus. O “Soli Deo Gloria” 29 não era o ponto de partida, mas o resultado, e a predestinação foi inexoravelmente30 mantida, não por causa da separação do homem do homem, nem no interesse do orgulho pessoal, mas a fim de garantir, de eternidade a eternidade, para o nosso eu interior, uma comunhão direta e imediata com o Deus vivo. Portanto, a oposição contra Roma pretendida com o Calvinismo, antes de mais nada, rejeita uma igreja que colocou a si mesma entre a alma e Deus. A igreja não consistia em um escritório, nem um instituto independente. Os próprios crentes eram a Igreja porque pela fé permaneciam em contato com o Poderoso. Assim, como no Paganismo, no Islamismo e no Romanismo, Assim também no Calvinismo é encontrada esta interpretação própria e precisa da relação fundamental do homem com Deus, que é requerida como a primeira condição de um sistema de vida real. (KUYPER, 2014, p.30).
3.6. DUAS POSSÍVEIS RÉPLICAS
Algumas perguntas podem ser feitas a respeito da cosmovisão31 calvinista. Aqui vamos abordar sobre a perspectiva peculiar do Calvinismo. Esta visão parte do princípio de que o eleito tem uma relação direta com Deus, e que esta relação tem desdobramentos em todas as esferas da vida.
3.6.1. O Calvinismo não esta sendo apresentado como Protestantismo?
Quando se solicita para o Calvinismo o renome de ter restaurado a comunhão direta com Deus, não atropelamos o significado geral do Protestantismo. No domínio Protestante, adotado no sentido histórico, apenas o Luteranismo32 mantém-se ao lado do Calvinismo. Observamos a declaração de Kuyper:
Lutero em seu coração, tanto mais que no de Calvino, foi combatido o amargo conflito que levou à ruptura mundial histórica. Lutero pode ser interpretado sem Calvino, mas Calvino não pode sem Lutero. Em grande parte Calvino inicia a colheita do que o herói de Wittenberg tinha semeado na Alemanha e fora dela. Mas quando a questão proposta é - quem tinha o discernimento mais claro do princípio reformador, trabalhado mais plenamente, e o aplicou mais amplamente, a História aponta para o Pensador de Genebra e não para o Herói de Wittenberg. Lutero, bem como Calvino, lutou pela comunhão direta com Deus, mas Lutero a tomou por seu lado subjetivo, antropológico33, e não por seu lado objetivo, cosmológico34 como fez Calvino. O ponto de partida de Lutero foi o princípio soteriológico35-especial de uma justificação pela fé; enquanto que o de Calvino, estendendo para mais longe, o coloca no princípio cosmológico geral da soberania de Deus. Como consequência natural disso, Lutero também continuou a considerar a Igreja como o “mestre” representante e autoritário, continuando entre Deus e o crente, enquanto Calvino foi o primeiro a procurar a Igreja nos próprios crentes. Até onde foi capaz, Lutero ainda apoiou-se sobre o conceito romanista36 dos sacramentos da liturgia, enquanto Calvino foi o primeiro, em ambos, a traçar uma ligação que se estendeu imediatamente de Deus ao homem e do homem a Deus. (KUYPER, 2014, p.31).
E Erickson salienta a teologia de Calvino quando diz:
As institutas de João Calvino constituíram a mais completa declaração da nova visão do cristianismo. De vez em quando, sugiram movimentos heréticos, e uma visão um pouco diferente da teologia evangélica passou a existir com a obra de João Wesley, mas, durante um período de mais 250 anos, não houve personagem nem escrito teológico que fizesse sombra à influência de Calvino. (ERICKSON, 2015, p.63).
Com isso, o Luteranismo37 delimita-se a um costume tão-somente eclesiástico e teológico, enquanto que o Calvinismo aloca sua inscrição na Igreja e fora dela e sobre todas as divisões da vida humana.
Por isso, em espaço qualquer o Luteranismo é citado como o fundador de uma forma alegórica de vida; até ainda o nome de “Luteranismo” quase nunca é citado; enquanto que os colegiais de História com próspera unanimidade distinguem o Calvinismo como o criador de uma cosmovisão38 inteiramente própria.
3.6.2. Deus é elementarmente compreendido?
O calvinismo sustenta que a nossa relação com Deus é que rege todo o sistema de vida em geral, tendo uma interpretação basilar de uniformidade imediata de Deus com o homem e do homem com Deus e com isso, somos sabedores que o Calvinismo não arquitetou nem imaginou esta perspectiva fundamental.
Nós não agravamos aqui o fruto de um intelectualismo engenhoso, mas o produto de uma obra soberana de Deus no coração, ou, se preferirem, uma inspiração da História, segundo Kuyper:
O Calvinismo teve sua ascensão simultaneamente em todos os países da Europa Ocidental, e não apareceu entre essas nações porque a Universidade estava em sua vanguarda, ou porque eruditos conduziram o povo, ou porque um magistrado colocou-se à sua frente; mas nasceu do coração do próprio povo, com tecelões e fazendeiros, com negociantes e servos, com mulheres e jovens donzelas; e em cada caso exibiu a mesma característica: a saber, forte segurança da salvação eterna, não somente sem a intervenção da Igreja, mas até mesmo em oposição a ela. [...] Calvino não foi o autor disto, mas Deus, que através de seu Santo Espírito fez em Calvino o mesmo que ele tinha feito neles. Calvino não ficou acima deles, mas ao seu lado como um irmão, um participante com eles das bênçãos de Deus. Deste modo, o Calvinismo chegou à sua interpretação fundamental de uma comunhão imediata com Deus, não porque Calvino o inventou, mas porque através desta comunhão imediata o próprio Deus tinha concedido aos nossos pais um privilégio, do qual Calvino foi apenas o primeiro a tornar-se claramente consciente. Esta é a grande obra do Espírito Santo na História, pela qual o Calvinismo tem sido consagrado, e que interpreta para nós sua magnífica energia. (KUYPER, 2014, p.33).
Diante disso, em tempo de alta tensão religiosa, o Calvinismo sempre teve como pauta a ação do Espírito Santo sobre o coração do homem e por cima desta poderosa ação interior de Deus, compreendemos a experiência dos pais calvinistas, puritanos e peregrinos. Conforme destaca Kuyper:
Não ocorreu em todos os indivíduos no mesmo grau, pois em qualquer grande movimento isto nunca acontece; mas aqueles que formavam o centro da vida naqueles tempos, que eram os promotores daquela poderosa mudança, experimentaram a plenitude desse poder superior. [...] Graças a esta obra de Deus no coração, a convicção de que o todo da vida do homem deve ser vivido como na presença divina tem se tornado o pensamento fundamental do Calvinismo. Por esta ideia decisiva, ou melhor, por este fato poderoso, ele tem se permitido ser controlado em cada departamento de seu domínio interior. É a partir deste pensamento matriz que nasce o sistema de vida abrangente do Calvinismo. (KAYPER, 2014, p.34).
E Anglada complementa ao dizer:
O calvinismo fundamenta-se nas doutrinas da inspiração verbal, da inerrância, da suficiência e da autoridade final e absoluta das Escrituras como regra de fé e prática. É um sistema doutrinário que coloca o Deus eterno à frente de todas as coisas e que contempla tudo em relação à glória de Deus. O calvinismo está interessado em conhecer plenamente a majestade, a soberania, a independência, a onisciência, a onipotência, a onipresença, a santidade, a fidelidade, a justiça, a bondade, a longanimidade, o amor, a misericórdia e os demais atributos de Deus, tributado a ele toda virtude, honra, glória, louvor e adoração só a ele devidos. (ANGLADA, 2015, p.20).
3.6.3. A multiformidade do homem
Não existe uniformidade entre homens, mas multiformidades sem fim. Na própria criação foram estabelecidas as diferenças entre a mulher e o homem, pois na própria vida em geral se difere todas as coisas.
Estas diferenças são de um modo especial, por cada sistema de vida consistente. O paganismo39, Islamismo40, Romanismo41 e o Modernismo42 e assim também o Calvinismo tem tomado sua posição nesta questão de acordo com seu princípio primordial.
Por isso, as Escrituras nos trazem as devidas instruções para o mais profundo conhecimento de suas insondáveis riquezas. Produzindo um efeito poderoso contra qualquer princípio que não esteja fundamentado na mesma. Observe o que Kuyper diz:
O paganismo acentua as diferenças. Se, como o paganismo afirma, Deus habita na criatura, uma superioridade divina é exibida em tudo quanto é elevado entre homens. Deste modo ele obteve seus semideuses, cultos a heróis, e finalmente seus sacrifícios sobre o altar de Divino César Augusto. Por outro lado, tudo quanto é inferior é considerado como mau e, portanto, dá origem ao sistema de castas na Índia e no Egito, e à escravidão por toda a parte, colocando com isso um homem sob uma base de sujeição a seu próximo. (KUYPER, 2014, p.35).
Sob o Islamismo, que sonha com seu paraíso de houries43, a sensualidade usurpa a autoridade pública, e a mulher é a escrava do homem, o mesmo ocorrendo com o kafir44 que é escravo dos mulçumanos.
Assim, o Romanismo, tendo raiz em solo cristão, domina o caráter absoluto da distinção e o desenvolvimento relativo, a fim de interpretar toda relação do homem com o homem hierarquicamente.
Há uma hierarquia entre os anjos de Deus, uma hierarquia na igreja de Deus, e assim também uma hierarquia entre homens, conduzindo a uma interpretação inteiramente aristocrática da vida como a encarnação do ideal.
Finalmente, o Modernismo, que nega a abole toda a diferença, não pode descansar até ter produzido mulher-homem e homem-mulher e, colocando toda distinção em nível comum, destruindo a vida por coloca-la sob a maldição da uniformidade.
Um tipo deve responder todos, uma uniformidade, uma posição e um mesmo desenvolvimento da vida; e tudo quanto vai além e acima é considerado como insulto à consciência comum. Boice salienta:
O padrão básico de comprometimento teológico pode ser documentado na história da igreja. Quando a soberania divina é deixada de lado para dar lugar à capacidade humana, ocorre um deslocamento teológico que leva ao abandono da ortodoxia, inevitavelmente. (BOICE, 2002, p.67).
E Kuyper observa:
Avalie a energia que o Calvinismo exibiu aqui comparando-o à total incapacidade que o Modernismo evidenciou no mesmo campo, em virtude da absoluta esterilidade45 de seus esforços. Desde que entrou em seu período “místico46”, o Modernismo tanto na Europa quanto na América, também tem reconhecido a necessidade de esculpir nova forma para a vida religiosa de nossos dias. (KUYPER, 2014, p.52).
3.6.4. A interpretação peculiar do Calvinismo
O Calvinismo tem derivado de sua relação fundamental com Deus uma interpretação peculiar da relação do homem com o homem, e esta é a única relação social. Como observa Kuyper:
Se o Calvinismo coloca toda a vida humana imediatamente diante de Deus, então segue-se que todos, homem e mulher, rico ou pobre, fraco ou forte, obtuso47 ou talentoso, como criatura de Deus e como pecador perdido, não tem de reivindicar qualquer domínio sobre o outro, e que permanecemos como iguais diante de Deus, e consequentemente iguais como seres humanos. Por isso, não podemos reconhecer qualquer distinção entre os homens, exceto a que foi imposta pelo próprio Deus, visto que ele deu a um autoridade sobre o outro, ou enriquece um com mais talentos do que o outro, para que o homem de mais talentos sirva o homem de menos, e nele sirva a seu Deus. (KUYPER, 2014, p.36).
E Boice completa:
As doutrinas da graça ajudam a preservar tudo o que é reto e bom na vida cristã: humildade, santidade e gratidão, com uma paixão pela oração e pela evangelização. [...] O Calvinismo tem implicações para a pessoa como um todo, mas iniciemos pela mente, porque é por aí que a Bíblia começa: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente” (Rm 12.2a). Embora o Calvinismo seja muito mais do que uma maneira de pensar, seu ponto de partida é uma mente iluminada pela verdade do Evangelho. O que o calvinista tem em mente o tempo todo é a glória de Deus. (BOICE, 2002, p.206, 207).
Como um sistema especial, o Calvinismo procura modificar a estrutura da sociedade, por uma interpretação que estimula uma vida mais próxima dos princípios bíblicos.
As visões pagãs48, islâmicas49 e romanistas50 procuraram elevar a centralidade do ser humano e deram sua contribuição à humanidade. O Calvinismo também deu grandes contribuições. No entanto, é uma cosmovisão teocêntrica cujos valores influenciaram o mundo a ser mais solidário e a fornecer igualdade de oportunidades.
3.7. A SOBERANIA DE DEUS PARA O CALVINISMO
O calvinismo tem como característica distintiva a soberania de Deus sobre todas as coisas, e o pecado não é uma exceção; e que Sua vontade é demonstrada ou de forma eficiente ou permissiva em todas as existências e todos os eventos na terra. Mell destaca:
Deus não é apenas um Criador e Preservador, mas um Governante soberano e eficiente. Sua providência e Sua graça, portanto, controlam todas as coisas e eventos, grandes e pequeno, bons e maus materiais e mentais. A partir de uma escolha inteligente, Ele permite que todas as coisas nos homens sejam moralmente errada, e por Sua graça, de forma eficiente opera neles tudo o que é moralmente certo. Como Criador, Preservador, e Governador, Ele tem bastante inteligência para saber o que Ele Criaria; e Sua sabedoria e poder são adequados a todas as exigências do empreendimento em Sua incipiência, seu processo e sua consumação. (MELL, 2015, p.3).
Ferreira complementa ao destacar que:
A ação providencial de Deus envolve a criação inanimada, os animais, as nações e, finalmente, todos os homens: no nascimento e acontecimentos de sua vida, seus sucessos e fracassos, os acontecimentos aparentemente acidentais ou insignificantes da vida, as necessidades do povo de Deus, seus atos livres, seus atos pecaminosos e a oração dos servos de Deus. Podemos aprender, então, que a doutrina da providência é um aspecto central da vida cristã. [Sendo] a afirmação de que Deus está presente e ativo em cada detalhe de nossas vidas. “Estamos sob os seus cuidados e, portanto, podemos encarar o futuro confiantemente, sabendo que as coisas não acontecem por um mero acaso. Podemos orar, sabendo que Deus ouve e age de acordo com nossas orações. Podemos enfrentar perigos, sabendo que ele não está alheio, despreocupado”. (FERREIRA, 2007, p.322).
E Kuyper de forma ainda mais sucinta que: “O Calvinismo ainda carrega em si um poder maravilhoso para o futuro das nações” (KUYPER, 2014. p. 49). E Hodge afirma:
Soberania não é uma propriedade da natureza divina, mas uma prerrogativa oriunda das perfeições do Ser Supremo. Se Deus é Espírito, e, portanto uma pessoa infinita, eterna e imutável em suas perfeições, o Criador e Preservador do universo, a sabedoria absoluta é direito seu. A infinita sabedoria, bondade e poder, com o direito de posse que pertence a Deus no tocante às suas criaturas, são os fundamentos imutáveis de seu domínio. “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Sl 115.3). (HODGE, 2001, p. 331).
Podemos verificar neste projeto de pesquisa, que as riquezas do calvinismo têm contribuído para história, não apenas por um conjunto de dogmas teológicos, mas, sobretudo como um alicerce para uma visão compreensiva abrangendo todas as áreas da vida e dele surgiram outras visões que procuraram sobreviver pelos séculos, mas algumas não resistiram.
Compreendemos que a doutrina da graça é defendida por todos os que se preocupam com a solidez e o bem-estar da igreja.
Bem como se preocupa com a integridade intelectual dos quais foram chamados a se dispor diante do combate, contra todo preceito antropocêntrico, que de forma sorrateira, continua a se infiltrar em setores do pensamento evangélico contemporâneo.
Os que aderem à teologia calvinista buscam difundir a soberania da graça de Deus, trazendo vitalidade e um apreço renovado pelo Evangelho. Acreditando que também produzirá um efeito sobre o caráter cristão e sobre a vida diária, valendo a pena conservar a riqueza da fé, evidenciando-a até o fim. A este respeito, Pink salienta:
Ela [a doutrina da soberania de Deus] é o centro de gravidade no sistema da vida cristã; o sol ao redor do qual se agrupam os astros menores; o fio no qual as demais doutrinas são enfileirada tal como o colar de pérolas, mantendo-as no devido lugar e dando-lhes a unidade. É o prumo pelo qual cada credo precisa ser testado; é a balança na qual cada dogma humano deve ser pesado. Está destinada a ser a principal âncora de nossa alma, em meio às tempestades da vida. [...] Foi proposta e adaptada a fim de moldar as afeições do coração e dar orientação certa à conduta. Cria gratidão na prosperidade e paciência na adversidade. Oferece consolação no presente e sendo de segurança quanto ao futuro desconhecido. Ela é e faz tudo o que dissemos e mais ainda, porque atribui a Deus Pai, Filho e Espírito Santo a glória que lhe é devida, colocando a criatura no correto lugar diante dEle – no pó. (PINK, 1997, p.157).
Sendo assim, este capítulo almejou desvelar51 as principais características do Calvinismo.
Vimos que esta visão não consiste apenas em um conjunto de dogmas teológicos. Antes, trata-se de uma maneira de pensar. O Calvinismo é uma compreensão que abrange toda a vida. É uma cosmovisão que tem implicações na forma como o fiel lida com a sociedade em que está inserido.
Antes de avaliar o impacto da visão Calvinista em uma igreja pentecostal, no segundo capítulo, vamos abordar a história do pentecostalismo no Brasil e sua compreensão soteriológica, com o intuito de trazer uma compreensão melhor do movimento. Por isso, o pentecostalismo precisa ser compreendido a partir das raízes que precedem o próprio movimento.
4. UMA BREVE HISTÓRIA DO PENTECOSTALISMO NO BRASIL: SURGIMENTO E DOUTRINAS
O pentecostalismo clássico e contemporâneo tem em sua expressão a ênfase dos dons espirituais, como profecia, cura, falar em línguas estranhas (glossolalia52). Conforme destaca Bortolleto Filho:
O pentecostalismo moderno remonta, dentre outros, ao fenômeno das manifestações extáticas em Jerusalém, por ocasião da festa de Pentecoste. Em alguns períodos da história do cristianismo, algumas dessas manifestações se fazem presentes. Assim também no movimento de santidade Wesleyano, na doutrina da segunda obra da graça, a santidade, como distinta da salvação e diversos outros movimentos avivalistas53, notadamente nos EUA, com ênfase no chamado batismo com Espírito Santo. (BORTOLLETO FILHO, 2008, p.774).
No início do século XX, em Los Angeles, na Rua Azuza, a Missão de Fé Apostólica, torna-se a principal irradiadora do pentecostalismo, sobre a liderança de W. J. Seymor (1870-1922), um garçom ex-escravo. No Brasil, chega em 1910, com Luigi Francescon (1866-1964), de origem presbiteriana, que iniciou a Congregação Cristã, em São Paulo. Igreja ultra calvinista, nasce e se mantem, em seus quarenta primeiros anos, exclusivamente diante da colônia italiana. Já em 1911, como destaca Oliveira: “Gunnar Vingren (1879-1933) e Daniel Berg (1884-1963), suecos de origem batista, em Belém do Pará, organizaram a Missão de Fé Apostólica, mas em 1918 assume o nome de Assembleia de Deus” (BORTOLLETO FILHO, 2008, p.775).
E Araújo complementa:
O pentecostalismo clássico é assim chamado como referência aos movimentos de cunho pentecostal introduzidos no Brasil no inicio do século XX. Seus principais representantes são a Congregação Cristã do Brasil e a Assembleia de Deus. A Assembleia de Deus, segmento pentecostal originário do movimento avivalista54 norte-americano do inicio do século XX, [...] e detém hoje o título de maior igreja protestante do Brasil. Sua expansão se dá a partir da região Norte e em poucas décadas atingiu todo o território nacional. (ARAÚJO, 2001, p.1).
4.1. CARACTERÍSTICA DO PENTECOSTALISMO
Socialmente, o pentecostalismo alcançou primeiramente a classe de baixa renda, com pouca escolaridade. Atualmente, na terceira geração pentecostal brasileira, já existe uma incidência de pentecostais da classe mais alta, além do processo de ascensão social muito enfatizado no neopentecostalismo55. Observamos o que Bortolleto Filho completa:
Social e teologicamente, o pentecostalismo brasileiro e bem heterodoxo56. Há uma certa unanimidade em termos teológicos em se afirmar como “pentecostal”, mas o que cada grupo entende e afirma é bem diverso dos outros. (BORTOLLETO FILHO, 2008, p.775).
No Brasil, o pentecostalismo tem de introdução um pouco mais de 100 anos e, desde então, apresentou um crescimento contínuo expandindo-se de forma numérica e geográfica. Como destaca Romeiro:
Ao estudar o fenômeno pentecostal, bem como as suas múltiplas ramificações, não é uma tarefa fácil, pois, um dos desafios é a vastidão do tema. Por ser movimento dinâmico, apresenta mudanças constantes e tendências novas com significativa velocidade. (ROMEIRO, 2005, p.17).
Porém, mesmo diante da complexidade do assunto, documentos que nos mostram o início do movimento, bem como as reações a ele, e mais, trabalhos realizados por alguns teóricos, causa-nos um profundo encanto em se pesquisar o assunto.
Sobre a origem e o desenvolvimento inicial do movimento pentecostal no Brasil, o sociólogo Paul Freston é o criador das categorias descritas como as três ondas ou fases da implantação do pentecostalismo no Brasil.
Com isso, considerando a teoria das três ondas criada por Paul Freston sobre o pentecostalismo, vamos compreender como o movimento pentecostal se desenvolveu ao longo de sua história. Campos destaca sobre as fases do pentecostalismo, quando diz:
A primeira onda, conhecida como Pentecostalismo Clássico (1910-1950), é caracterizada pela entrada do pentecostalismo no Brasil em 1910 com a Congregação Cristã no Brasil (CCB) e, um ano depois, com a Assembleia de Deus (AD). [...] Na sua fundação, elas eram marcadas, em especial a AD, pela ênfase no batismo com o Espírito Santo com a evidência da glossolalia, nos usos e costumes, na escatologia dispensacionalista, além de um forte proselitismo em direção à Igreja Católica e às Igrejas Evangélicas de Missão. A AD é atualmente a maior denominação evangélica do país.
No segundo movimento do pentecostalismo, o Pentecostalismo de Segunda Onda (1950-1970) ou Deuteropentecostalismo, surgiram igrejas como a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), Igreja O Brasil para Cristo (BPC) e a Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA). Dentre as características marcantes desse período estão à ênfase na cura divina e no exorcismo. A IEQ e a BPC tem características semelhantes como a liberação dos rígidos usos e costumes, estilos contemporâneos de louvor e participação na política. No entanto, a IPDA, ao contrário das outras duas, possui rígidos padrões de comportamento sendo altamente facciosa e legalista. A Renovação Espiritual que alcançou Igrejas Evangélicas de Missão também fez parte dessa segunda onda, abrangendo o período entre 1960 e 1970. Bledsoe (2012, p. 40ss.) destaca que algumas denominações históricas acrescentaram elementos pentecostais, mesmo mantendo estruturas e filosofias similares. Esse período foi marcado pela divisão de Igrejas Evangélicas de Missão, resultando em novas congregações, novas denominações e igrejas independentes, sempre promovendo o pentecostalismo em suas estruturas. Em 1965 foi emblemática a fundação da Convenção Batista Nacional (CBN), divisão oriunda da Convenção Batista Brasileira (CBB), e hoje considerada a maior denominação renovada brasileira.
A terceira onda pentecostal foi o Período Neopentecostal (1977-atual) ou Pentecostalismo Autônomo. O movimento neopentecostal é difícil de ser definido devido a sua complexidade. Não há unanimidade teológica neste grupo e nem há como precisar o número de seus membros, haja vista a grande rotatividade de pessoas em seus cultos. Este movimento é uma nova forma pentecostal tendo como traços marcantes a Teologia da Prosperidade e a Batalha Espiritual. Na primeira ênfase a “[...] realização e riqueza é colocada em plano semelhante ou superior à perseverança na salvação” (BLEDSOE, 2012, p. 43). Já a Batalha Espiritual atribui todos os males como a doença, pobreza e pecados aos demônios que são sempre associados ao panteão das religiões afro-brasileiras e ao espiritismo. Dentre as igrejas representantes do neopentecostalismo estão a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) e a IURD. A IURD foi fundada em 1977 por Edir Macedo. Ela tem como marcas principais a crença de que o evangelho de Jesus traz em seu bojo as bênçãos físicas, financeiras e espirituais, além da libertação dos demônios pelo uso da fé. [...] Há outras igrejas menores oriundas desse movimento neopentecostal e que influenciam igrejas históricas e pentecostais, promovendo grande diversificação no cenário pentecostal brasileiro (BLEDSOE, 2012). Em suma, o neopentecostalismo, marcado pelo intenso crescimento numérico, é um “pentecostalismo autônomo ou agências de cura” cuja característica marcante é a “comercialização dos bens simbólicos” (MONTEIRO, 2012). (CAMPOS, 2014, p.57-59).
Como podemos perceber, não demorou muito para que surgissem diversidades do movimento, as quais se transformaram em denominações e por esta fragmentação do protestantismo, acelerou-se rapidamente a mensagem do pentecostalismo. Vital acrescenta com a seguinte citação:
Outros grupos pentecostais e neopentecostais brasileiros resultaram da chamada renovação carismática. Esse movimento surgiu nos estados Unidos no início dos anos 60, com a ocorrência de fenômenos pentecostais nas igrejas protestantes históricas e também na Igreja Católica Romana. No Brasil, a renovação produziu divisões em quase todas as denominações mais antigas, com o surgimento de grupos como a Igreja Batista Nacional, a Igreja Metodista Wesleyana e a Igreja Presbiteriana Renovada. (Vital, 2010).
Assim, alcançando a todas as partes do mundo, graças suas agencias missionárias. Com isso, parte das igrejas evangélicas no Brasil compõe de grupos pentecostais. Vejamos o que diz Champlin:
As primeiras ênfases foram o perfeccionismo metodista, a possessão e o uso dos dons espirituais e a santificação. Com alguma variação, essas sempre foram às ênfases mais importantes do movimento pentecostal. O livre-arbítrio é enfatizado, fazendo contraste com o determinismo. De modo geral a doutrina arminiana é favorecida fazendo contraste com o calvinismo. No entanto, dentro do movimento carismático, que vai alcançando as mais diversas denominações cristãs, é comum acharem-se igrejas de pendor nitidamente calvinista, ou mesmo aquelas que assumem posição de meio-termo entre arminianismo e calvinismo, quando então a questão fica assim definida: antes da regeneração, o calvinismo; após a regeneração, o arminianismo, ou pelo menos, enfatiza-se a responsabilidade humana do crente. [...] É costumeiro aparecer algum novo grupo de restauração, afirmando-se uma expressão superior ou mesmo única do cristianismo bíblico. Também poder-se-ia mencionar que, em vista de uma formação teológica deficiente, por parte de boa parte do ministério pentecostal, praticam-se muitas aberrações, que parecem chocantes para os mais bem fundamentados nos ensinos neotestamentários57. (CHAMPLIN, 1991, p.201).
4.2. O REAVIVAMENTO METODISTA NO SÉCULO XVIII
Para entendermos melhor a história pentecostal, precisamos desconstruir uma concepção equivocada de que ela teria vindo da Reforma Protestante no século XVI. Antes, entendemos que o movimento pentecostal surgiu posteriormente, no século XX, vinculada ao Metodismo.
Então, as raízes do pentecostalismo clássico estão na igreja Metodista. Esta igreja, fundada por João Wesley na Inglaterra, foi chamada de evangélica, reavivalista, conservadora e enfatizando a santidade, que é também uma descrição da igreja pentecostal. Destaca Alister:
A maior contribuição do Metodismo à teologia evangélica foi sua doutrina sobre a santificação como uma segunda experiência, separada e subsequente à salvação. Wesley afirmou que a remissão de pecados e o recebimento de um novo coração foram o resultado de duas experiências chamadas “a cura dupla”. Em consequência deste movimento, a ênfase da reforma Luterana58 da justificação pela fé mudou para a santificação através de uma experiência especifica. (ALISTER, 1977, p.18).
Para Wesley, tudo parecia ter sido ter sido micro gerenciado pelo próprio Deus. Com isso, destaca Rodrigues sobre a conversão de Wesley:
À noite eu fui de má vontade à sociedade na Rua Aldersgate, onde alguém estava lendo o prefácio de Lutero para a Epístola aos Romanos. Cerca de um quarto para as nove, enquanto ele estava descrevendo a mudança que Deus opera no seu coração pela fé em Cristo, eu senti meu coração estranhamente aquecido, senti que acreditava em Cristo, apenas em Cristo, para a salvação, e uma segurança me foi dada de que Ele havia levado meus, sim os meus, e me salvado da lei do pecado e da morte. (RODRIGUES, 2009, p.26).
Deste modo, Wesley acreditou que sua conversão foi através da ação divina. Sua compreensão acerca da salvação espalhava-se no senso de que Deus controla e conduz a vida de seus filhos para o grande evento da conversão, que garante a salvação.
Este senso comum expresso por Wesley não foi superado nos avivamentos que priorizavam a experiência da salvação.
A partir deste momento, o metodismo alcançou um crescimento bastante significativo. Depois de Wesley, Asbury59 foi um grande colaborador para a difusão do metodismo na América. Ele contribuiu para que este movimento norte-americano se tornasse autóctone60, produzindo o que se conhece como “segundo despertamento”, menos calvinista e mais pragmático61.
Rodrigues salienta que: “[Asbury] percorreu milhares de quilômetros a cavalo, levando uma mensagem mais arminiana a zonas rurais. Seu sucesso foi considerado magnifico. Encarou um pragmatismo sacrificial, que continuaria a mobilizar a missão [...] dos pentecostais”. (RODRIGUES, 2009, p.31).
Mas de contrapartida ao que pregava Wesley, Asbury em uma decisão inédita e para o horror de Wesley, se auto proclamou bispo, selando a autonomia do metodismo norte-americano. Rodrigues destaca:
Os metodistas americanos, agora independentes, apresentavam problemas que o próprio Wesley não havia previsto. Asburg e Coke haviam assumido o título de “bispos”, abrindo mão da preferência de Wesley, que gostava do termo “superintendente”. Essa mudança levou Wesley a escrever ao seu “querido Frank” (Francis Asbury) em 1788: “Os homens podem me chamar de patife ou tolo, um tratante, um salafrário e eu fico contente; mas eles nunca, com o meu consentimento, me chamarão de bispo. Por amor de mim, pelo amor de Cristo, ponha um fim definitivo nisso”. (RODRIGUES, loc. cit.).
Com isso, esta doutrina preparou o caminho para a doutrina do batismo no Espírito que ocorre depois como consequência do arrependimento. Tentar entender e delimitar o pentecostalismo se tornou uma tarefa complicada pela larga visão que abarca. Rodrigues destaca:
A assimilação dos pentecostais como mais um seguimento evangélico agrava o trabalho de compreender e definir quem são, na verdade, os evangélicos, já que, historicamente, estes consideravam os pentecostais uma seita cismática62. O pentecostalismo é um universo de complexidade à parte, com diversas identidades. (RODRIGUES, 2009, p.20).
O crescimento expressivo do pentecostalismo problematiza a identidade do mesmo. Podemos citar Charles Finney (1792-1876), “o qual criou um método de evangelismo que foi copiado “in totum” pelo pentecostalismo. No século XIX, Finney fez a ponte entre o Metodismo e o pentecostalismo”. (ALISTER, 1977, p.19).
Alister retrata que um episódio fez parte dos marcos iniciais do pentecostalismo. Ele faz a seguinte observação: “Todos os historiadores do pentecostalismo são unânimes em dizer que o derramamento do Espírito Santo nesta igreja humilde de negros em Azuza Street marcou o início dos movimentos pentecostais”. (ALISTER, 1977, p.20). E Rodrigues destaca:
Na América Latina, o crescimento evangélico também acontece primordialmente entre pentecostais e se ramifica em largo espectro com diversas matrizes. Os pentecostais são responsáveis com suas muitas teologias, práticas e estruturas, muitas vezes, conflitantes pela extensa e multifacetada identidade evangélica. (RODRIGUES, 2009, p.20).
Uma das características mais importantes do protestantismo brasileiro é seu relacionamento histórico e teológico com o evangelicalismo e mais precisamente com os desdobramentos da “era metodista”. Destaca Rodrigues:
Se há um viés calvinista entre os evangélicos, o arminianismo wesleiano também se fortaleceu. Mas tanto calvinistas como metodistas visaram à salvação das almas. No Brasil, os pregadores do metodismo itinerantes cobravam uma decisão de seus ouvintes, repetindo em seu território nacional o mesmo fervor dos avivamentos que varreram a Nova Inglaterra, no nordeste dos Estados Unidos. A inserção do protestantismo brasileiro repete assim, a realidade paradoxal dos pregadores metodistas que obtiveram grande sucesso nos Estados Unidos. (RODRIGUES, 2009, p.28).
4.3. PENTECOSTALISMO NO BRASIL
O pentecostalismo tem causado um impacto muito grande no Brasil. Isso porque, ao receber a “profecia” em um culto numa igreja pentecostal perto de Chicago, EUA, os dois missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, ouviram a palavra “Pará”.
Deste então o pentecostalismo se espalhou no norte para todas as regiões do Brasil. Observamos o que Conde diz sobre a referida profecia:
Nessa ocasião, em uma reunião de oração, Deus, através de uma mensagem profética, falou ao coração de Daniel Berg e Gunnar Vingren, que partissem a pregar o Evangelho, e as bênçãos do avivamento pentecostal. O local fôra mencionado na profecia o Pará. Nenhum dos presentes conhecia tal lugar. Após a oração, os dois jovens foram a uma livraria a fim de consultar um mapa que lhes mostrasse onde estava localizado o Pará. [...] Ambos ardiam de zelo pela causa de Cristo, eram tochas dessa fogueira que ardia em Chicago. (CONDE, 1960, p.14).
Vingren relata o dia em que recebera o batismo com Espírito Santo e com fogo, logo depois de receber uma profecia. Observe:
No verão de 1909, Deus me encheu de uma grande sede de receber o batismo com Espírito Santo e com fogo. Em novembro do mesmo ano, pedi licença à minha igreja para visitar uma conferência batista que deveria ser realizada na Primeira Igreja Batista Sueca em Chicago. Fui à conferência com o firme propósito de buscar o batismo com Espírito Santo. E, louvado seja Deus, depois de cinco dias de busca, o Senhor Jesus me batizou com o Espírito Santo e com fogo! Quando recebi o batismo, falei em novas línguas, justamente como está escrito que aconteceu com os discípulos no dia de Pentecoste, em Atos 2. (VINGREN, 2000, p.25).
E Berg complementa:
[Daniel] Após haver se formado pelo Seminário Batista Sueco, atuava como bem-sucedido pastor na capital do estado vizinho, Indiana, na cidade de South Bend. Ele havia se revelado um ardente aspirante ao batismo com o Espírito Santo. [...] Depois de inúmeras vigílias de oração, tornou-se também participante do Espírito do Pentecostes. [Foi] quando ouviu dentro de si uma voz insistente a chama-lo para ser instrumento seu em um campo missionário. (BERG, 1995, p.51-52).
Assim, no ano de 1910 os jovens pastores chegaram ao Pará para fundar a maior igreja evangélica na América Latina. E Israel de Araújo relata mais sobre este fato:
Em 19 de novembro de 1910, os suecos Adolph Gunnar Vingren e Daniel Gustav Högberg, batizados no Espírito Santo em Chicago no ano anterior, chegaram, pelo navio Clement, a Belém do Pará, procedentes dos Estados Unidos da América. Depois que alguns brasileiros subiram no navio, eles ouviram o idioma português – aquele mesmo idioma que o Espírito Santo tinha levado Olof Adolfo Uldin a pronunciar durante uma reunião de oração nos EUA, na qual Gunnar Vingren recebera a chamada de Deus para vir ao Pará. Eles não compreenderam nada e sentiram certo temor em seus corações. Mas este sentimento desapareceu bem depressa e, outra vez, se sentiram bem tranquilos e seguros nas mãos de Deus. (ARAÚJO, 2016, p.30).
Alister afirma:
Hoje, é difícil encontrar uma encruzilhada no Brasil que não tenha uma congregação das Assembleias, e nas capitais dos estados seus grandes templos atestam o vigor do pentecostalismo. [...] Centenas de Igrejas Pentecostais, cruzadas de evangelização e movimentos carismáticos63 tem surgido [...], fazendo do Brasil o maior país pentecostal no mundo. (ALISTER, 1977, p.26, 27).
E diante de tamanho crescimento, Vingren complementa:
O trabalho pentecostal no Brasil, no princípio insignificante, cresceu, e agora é um dos maiores movimentos pentecostais do nosso tempo. [...] O poder de Deus foi derramado de tal maneira que causou grande admiração e surpresa, tanto entre os incrédulos como entre os crentes das denominações. Um dos segredos do grande progresso dessa obra tem sido o fato do Espírito Santo ter tido sempre um lugar importante na igreja, tanto na pregação da Palavra quanto no revestimento de poder dos crentes. (VINGREN, 2000, p.72).
Nos documentos históricos dos testemunhos dos fieis assembleianos ao longo de sua história, percebemos uma mudança interessante na concepção do que significava “milagre”.
Um dos pontos centrais da Assembleia de Deus sempre foi à salvação e o batismo com o Espírito Santo. Mas, a partir de 1945 notamos uma mudança interessante. Os fiéis, mesmo dando ênfase à salvação e ao batismo com o Espírito Santo, destacam, ao final de seus testemunhos, alguma cura de enfermidades.
Esse modelo de testemunho pode ser encontrado ao longo de todos os números do Mensageiro da paz64 (1930) consultados ao longo do ano de 1945. Observamos um testemunho da Azevedo:
Com grande prazer, e com o coração cheio de alegria, desejo dar meu testemunho do que Deus tem feito por mim, pois tornou-se minha força e salvação. Vivi muitos anos desviada dos caminhos do Senhor, sem Deus e sem paz, mas o dia chegou, quando ouvi a voz do Senhor, e recebi alegria e paz em meu coração. Desde então, muitas bênçãos tenho recebido do Senhor, e por esse motivo venho louvá-lo. Jesus é o salvador por excelência, mas também cura as enfermidades; estava gravemente enferma, consultei vários médicos, mas não obtive melhoras, e não tinha esperança de ficar boa. Foi então que resolvi confiar em Jesus, e fui curada, Ele tornou-se a minha força. Cabuçú de Itaboraí – Est. do Rio Alice Fróes de Azevedo65. (ARAÚJO, 2001, p.9).
Com isso, observamos também que se as enfermidades ganham relevância, o corpo e a realidade terrena passam a ganhar espaço no imaginário assembleiano.
Ao observarmos a seção de testemunhos do Mensageiro da Paz de 1954 fica evidente que o declínio da importância dada à salvação espiritual, em detrimento da salvação do corpo, indica uma maior valorização da vida terrena, detectáveis a partir das ações de graça oferecidas pelo seu prolongamento.
Se a vida terrena deve ser prolongada, as questões espirituais não deixam de existir, mas sua relação de relevância se inverte e isso pode ser percebido no modelo dos testemunhos publicados nos números consultados em 1954. Araújo faz a seguinte observação:
Se no período anterior o milagre principal era a salvação e o batismo, nos números consultados posteriores a 1954 a cura do corpo vai dominar as seções de testemunhos demonstrando uma valorização do corpo e da vida presente. A secularização, tão característica da década de 1980, não surge como um fenômeno resultante unicamente da conjuntura da década, mas se constitui na soma de tais conjunturas a um conjunto de transformações imperceptíveis por seus sujeitos em suas manifestações externas, mais profundas em seus significados e em sua cosmologia. (ARAÚJO, 2001, p.9).
4.4. A QUESTÃO DA SOBERANIA DE DEUS NA AD
Os pentecostais em sua teologia compreendem que Deus é uma verdade inquestionável, que não necessita de comprovação e que as Escrituras são a única fonte confiável.
Assim, entendendo que toda a sua teologia enfatiza a experiência pessoal do cristão, fundamentada na Palavra de Deus. Soares destaca:
A teologia pentecostal se fundamenta nas Escrituras Sagradas; é histórica e mantém o pensamento teológico dos reformadores quanto às doutrinas cardeais da fé Cristã. [...]. Ela impediu o avanço das ideias liberais, além de enfatizar a doutrina do Espírito santo, que nunca havia recebido um tratamento justo nos tratados de teologia. A teologia pentecostal dá ênfase às experiências pessoais do cristão, porém aquelas fundamentadas na Palavra de Deus. Uma das características da dispensação da graça é o fato de Deus se comunicar com cada crente de modo individual, independentemente de sexo ou faixa etária por meio de sonhos, visões, profecias e até pequenas coisas dos dia-a-dia. (At 2.17,18). Os pentecostais resgatam a comunhão com Cristo vivo, ressuscitado, como nos tempos do Novo Testamento. A batalha contra os liberais, os avanços nos estudos sobre o Espírito Santo e os dons, com as suas manifestações nos cultos e na vida pessoal de cada crente, são as principais contribuições do pentecostalismo na construção do pensamento teológico do século XX. (SOARES, 2008, p.52).
E Williams complementa:
Assim, fé não é como às vezes se insinua pensamento positivo, mas a consequência da resposta de Deus ao coração que o busca. Fé não é ver, mas, lembrando-se de Hebreus, é “a prova das coisas que não vemos” (11.1). As “coisas” de Deus – sua realidade, seus atos, seu propósito – não são vistas, a menos que ele as ilumine e com isso faça brotar a fé. Fé, por conseguinte, não é um “salto no escuro”, um tipo de crença contra as evidências, mas uma dádiva de Deus para o coração humano faminto. [...] Deus está sempre buscando o homem, mesmo quando o homem gostaria de se afastar dele. (WILLIAMS, 2011, p.40).
Os pentecostais compreendem a soberania de Deus como um instrumento legítimo dEle, através da qual executa Ele toda a sua vontade, visando à plena consecução de seus decretos. Segundo Andrade:
Sendo infinitamente Santo e Justo, e Criador de quanto existe, tem o Senhor Deus autoridade sobre todas as criaturas morais, e tudo fará a fim de que o seu plano redentivo seja integral e perfeitamente cumprido. Deus jamais criaria uns para a salvação e outros para a danação eterna. Isto contrariaria os dois principais atributos de sua bondade: santidade e justiça. [...] A predestinação66 é universal. Ou seja: Deus, em seu profundo e inigualável amor, predestinou todos os seres humanos à vida eterna (Jo 3.16). Por conseguinte, ninguém é chamado à vida para ser lançado no lago de fogo que, conforme bem o acentuou Jesus, fora preparado para o Diabo e aos seus anjos (Mt 25.41). Cumpre ressaltar, porém, que o fato de o homem ser predestinado à vida eterna não lhe garante a posse compulsória desta. É necessário creia ele no Evangelho e aceite e persevere em seguir a Jesus, a fim de que seja havido por eleito de Deus. Nossa eleição67, portanto, tem como base a soberania e a presciência68 divinas: “eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2). (ANDRADE, 2010).
Assim, a Assembleia de Deus entende a grandeza de Deus e frisa que Ele age de forma presciente. Deus conhece o fim desde o princípio; pois Ele está presente na eternidade. Vejamos o que diz Soares:
[...] presente, passado e futuro são as mesmas coisas para o Senhor, posto que Ele sabe tudo, desde as coisas grandiosas – como os números das estrelas, incluindo os nomes delas: “conta os números das estrelas, chamando-as a todas pelos seus nomes” (Sl 147.4). Até ao pequeno pardal: “nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai” (Mt 10.29). [...] Deus, na sua presciência, não interfere na liberdade humana, ou seja, no livre-arbítrio. Ele sabe de antemão todos os acontecimentos futuros sem interferir diretamente na decisão de cada pessoa. (SOARES, 2008, p. 71).
A própria Declaração de Fé das Assembleias de Deus salienta a seguinte afirmativa: “Nós [da Assembleia de Deus] a interpretamos [a Bíblia] sob a orientação do Espírito Santo, observando as regras gramaticais e o contexto histórico e literário”. (SILVA, 2017, p.29). E completa dizendo que tudo foi criado para um propósito: “Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ef 3.11). Silva destaca:
Os decretos ou conselhos divinos são o plano eterno e imutável69 de Deus claramente revelado nas Escrituras; dizem respeito à vontade e ao propósito de Deus, tais como a criação, a encarnação do verbo, a eleição de Jesus como Salvador e a eleição de Israel e da Igreja. Trata-se de deliberações70 absolutas que nasceram do desígnio e propósito do Deus Trino na eternidade e que independem da ação humana ou de qualquer outro ser no universo. Ninguém é capaz de frustrar esses desígnios71 de Deus. [...] O governo divino não é um controle meticuloso ao ponto de excluir a liberdade humana; o seu reger por direito fixa limites a essa liberdade: “porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17.28). (SILVA, 2017, p.35,36).
Deste modo, a Assembleia de Deus também compreende que Deus é aquele que dirige e governa todas as coisas. A este respeito, a observação Williams salienta:
Deus em sua providência dirige sua criação. Ele guia e governa todas as coisas. Isso se refere em particular ao propósito que a criação deve cumprir. Desde o início Deus vem dirigindo sua criação. Ele não só preserva e acompanha suas criaturas, mas também as governa e guia. Ele [Deus] não permite que nada fuja de seu controle. Tudo cumpre sua intenção e finalidade. (WILLIAMS, 2011, p.106).
4.5. COMO É DEFENDIDA A SALVAÇÃO NA AD
A Assembleia de Deus defende que a salvação é o livramento do poder da maldição do pecado. Também entende que a salvação é a restauração à plena comunhão com Deus de todos os que confessam a Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador pessoal. Tratando-se da restauração do relacionamento do ser humano com Deus por meio de Cristo Horton diz:
Evidentemente, a Bíblia ensina uma escolha feita por Deus: A eleição72 divina. [...] Para ser filho de Deus depende da livre e soberana expressão de sua misericórdia, e não de algo que sejamos ou façamos. [...] [Entendo que é] o Deus que elege, e em Jesus não achamos nenhum particularismo. Nele achamos o amor. [...] Portanto, quando a Bíblia liga nossa eleição à presciência73 (1 Pe 1.2) não devemos ver nisso a causalidade. Deus não precisa predestinar para saber de antemão. (HORTON, 1996, p.193,194).
O pentecostalismo clássico compreende que somente a fé na morte expiatória de Cristo e o arrependimento podem remir o pecador e levá-lo ao Criador. Assim, esta salvação é um ato da graça soberana de Deus pelo mérito de Cristo e não é proveniente das obras. (Ef 2.8,9).
Assim, vamos destacar a observações da própria Declaração de Fé das Assembleias de Deus na compreensão da salvação, sua natureza, a graça de Deus e a possível perda da salvação.
4.5.1. Salvação para todas as pessoas
A declaração de fé compreende que a salvação é disponível para todos os que creem sem exceção, por mérito de Cristo. Isso se deve pelo fato de Deus amar a todos e nós fomos criados à imagem de Deus. Observamos o que a Declaração de Fé das Assembleias de Deus compreende:
O soberano Deus não predestinou74 incondicionalmente pessoa alguma à condenação eterna. [...] [Pois] A predestinação genuinamente bíblica diz a respeito apenas à salvação, sendo condicionada à fé em Cristo Jesus, estando relacionada à presciência75 de Deus. Portanto, a predestinação dos salvos é precedida pelo conhecimento prévio de Deus daqueles que, diante do chamado pelo Evangelho, recebem a Cristo como seu Salvador pessoal e perseveram até o fim. A predestinação do crente leva-o a ser conforme a imagem de Cristo; assim sendo, todos somos exortados a perseverar até o fim [...]. A graça de Deus é manifesta salvadoramente maravilhosa, perfeita; entretanto, não é irresistível, pois não são poucos os que, ignorando o Evangelho de Cristo, resistem ao Espírito da graça. (SILVA, 2017, p.110).
E Williams complementa ao dizer:
A vida cristã em si é um paradoxo contínuo entre a direção e o governo de Deus por um lado e, por outro, a atividade livre de suas criaturas. Há tanto “eleição76” como resposta humana: Deus escolheu antes da fundação do mundo, mas também há a resposta da fé. [...] Tudo, pois, move-se para o cumprimento glorioso em Jesus Cristo e para a unidade de todas as coisas nele. (WILLIAMS, 2011, p.108).
Assim, o movimento pentecostal compreende que a ação da graça de Deus é o que capacita o homem para que este se torne apto a responder positivamente a ordem do evangelho no que tange ao arrependimento.
4.5.2. A natureza da salvação
A Assembleia de Deus declara firmemente que a natureza da salvação é unicamente por Cristo através do sacrifício vicário. Ou seja, Cristo é o único caminho que conduz ao céu.
Deste modo, a própria Declaração de Fé das Assembleias de Deus destaca sobre a natureza da salvação, Observe:
A salvação é nos oferecida pela graça mediante a fé no sacrifício de Jesus Cristo na cruz do calvário. Ela é eterna, completa e eficaz. [...] No ato da aceitação, o pecador é imediatamente e simultaneamente salvo, justificado e adotado como filho de Deus. [...] Entendemos que o salvo é o pecador que Cristo resgatou das trevas e libertou do pecado e da morte espiritual e que agora está livre da condenação eterna. (SILVA, 2017, p.111).
Mas também compreendem que todo homem é pecador e que carece da misericórdia de Deus para poder ser justificado. Williams salienta a seguinte afirmativa:
Deus, que é justo de todos os modos, exige de sua criatura humana uma integridade recíproca, mas o homem não responde de forma afirmativa; de fato, em virtude de sua natureza pecadora, ele não pode e não irá responder, porém não há como evitar a exigência de Deus para que o homem ande na justiça. Por isso, essa é a crise original, pois nenhum homem pode viver uma vida que reflita verdadeiramente a justiça de Deus. [Uma] tentativa de justificação por meio das obras humanas se torna impossível em razão de Deus ser quem é de suas exigências e da condição pecadora do homem. [...] Não há nada, absolutamente nada em nós – quer sejamos a mais moral quer a mais imoral das pessoas – que torne isso possível. (WILLIAMS, 2011, p. 404-406).
Gilberto complementa o que é ter uma convicção da salvação. Compreendendo que não se trata apenas de livramento da condenação do inferno, mas que abarca todos os atos e processos redentores, bem como transformadores da parte de Deus para com o ser humano e com o mundo. Observe:
Se todos os crentes tivessem uma plena visão da salvação; se pudessem ver plenamente ao longe a tão grande salvação que receberam, com certeza teriam atitudes diferentes no dia-a-dia. Teríamos tanto regozijo, tanta motivação, tanto entusiasmo, tanta convicção, tanto anseio, e enlevo pelo céu, que não haveria na Terra um só salvo descontente, descuidado, negligente e embaraçado com as coisas desta vida e deste mundo! [...] Inúmeros crentes, por terem uma visão atrofiada da salvação em Cristo, levam uma vida comprometida com o mundo, descuidada, negligente, sem amor, sem dedicação, sem ideal, sem uma busca constante da face do Senhor. [E mais, porque] experimentamos o batismo com Espírito Santo, os dons espirituais, o amadurecimento na fé. Nestes últimos dias, seitas e doutrinas falsas vêm contaminando as doutrinas bíblicas da salvação em Cristo. [...] E, quanto à Soteriologia, isso ocorre principalmente quanto à eleição do povo de Deus, a predestinação77 e o livre-arbítrio. (GILBERTO, 2008, p.335-337).
Assim, a AD entende que a natureza da salvação nos possibilita sermos reconciliados com Deus e nos dá o direito de morar no céu.
Isso acontece, pois os seres humanos, influenciados pela graça que os habilita a livre escolha, são livres para escolher. Com isso, Deus proveu a salvação para todas as pessoas, mas essa salvação aplica-se somente àqueles que creem.
4.5.3. A graça de Deus e a possível perda da salvação
A própria Declaração de fé das Assembleias de Deus compreende que todos os homens e mulheres foram atingidos pelo pecado e por si só não podem achegar-se a Deus. Ou seja, não existe nada no indivíduo que ele possua ou pratique que lhe faça merecida a graça de Deus.
Assim, Deus derrama a sua graça, sem a qual o homem não pode entender as coisas espirituais, sendo Deus quem tomou a iniciativa na salvação. A este respeito, Silva esclarece:
Graça é um favor imerecido. É por meio da graça que Deus capacita o ser humano para que ele responda com fé ao chamado do evangelho. Todavia, os seres humanos, influenciados pela graça que habilita a livre escolha, são livres para escolher. Deus proveu a salvação para todas as pessoas, mas essa salvação aplica-se somente àqueles que creem. (SILVA, 2017, p.113).
Gilberto faz a seguinte observação sobre a graça de Deus:
A graça de Deus é um dom da salvação em Cristo, como dádiva de Deus ao pecador, indigno e merecedor do justo juízo de Deus (Tt 2.11). A graça do Senhor é a dádiva das bênçãos diárias que recebemos dEle, sem merecê-las (Jo 1.16). É, ainda, a dádiva da capacitação divina no crente, para este realizar a obra de Deus. (GILBERTO, 2008, p.352).
Com isso, a Assembleia de Deus entende que cada crente salvo na pessoa de Cristo tem a responsabilidade de zelar e de fazer a manutenção da salvação que é oferecida gratuitamente.
Ou seja, neste aspecto Cristo a dá, mas cabe ao homem zelar para mantê-la. Neste ponto, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus destaca: “Não há duvidas quanto à possibilidade do salvo perder a salvação, seja temporariamente ou eternamente. Mediante ao mau uso do livre arbítrio, o crente pode apostatar da fé, perdendo, então, a salvação”. (SILVA, 2017, p.114).
E Gilberto (2008, p.371) diz: “Um cristão salvo pode vir sim a se perder. [Basta] desviar-se, cair em pecado e perecer, caso não se arrependa antes a insistência do Espírito Santo”. Observamos sua analise:
As palavras de Jesus em João 6.37 “Todo o que o Pai me dá, esse virá a mim, e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. Significam que Deus destinou à salvação, não somente este ou aquele indivíduo, mas sim todo aquele que nEle crê (Jo 3.16). Ou seja, tal passagem refere-se ao fato de Deus aceitar o pecador quando este vem a Ele. Se não há perigo de queda definitiva para o crente, por que a Bíblia adverte com tanta ênfase para que ninguém caia (2 Pe 1.10)? (GILBERTO, 2008, p.371).
Williams complementa:
Todavia, pelo fato da salvação de Deus atuar por meio da fé – uma fé que é viva –, seu abandono pode produzir à apostasia78. Ao não permanecer em Cristo, não continuar nele e na sua palavra, não perseverar em meio à provação ou à tentação mundana, não manter firme a fé nem fortalecê-la – permitindo assim que a infelicidade se introduza –, os crentes podem se afastar de Deus. Portanto, Eles podem tragicamente perder a salvação. (WILLIAMS, 2011, p.466).
Este capítulo apresentou de forma sucinta a origem do movimento pentecostal e como resultado o surgimento de uma das maiores denominações no Brasil. Porém, ao longo de sua história as Assembleias de Deus tem se deparado com a problemática sobre a teologia Calvinista e Arminiana.
Conforme no histórico da AD, podemos constatar a primeira “aparição” do Calvinismo na década de 1930 pelo Pr. Manoel Hygino de Souza, pastor da AD em Mossoró (RN).
O que logo resultou na manifestação da Convenção Geral de obreiros para tratar do caso, mas sem sucesso. E Como resultado, acarretou a exclusão do Pr. do ministério.
Segundo história oficial, uma vez excluído, o "rebelde" iniciou em Mossoró a Assembleia de Cristo (atualmente Igreja de Cristo). Observamos o que Santana destaca em seu blog:
Em continuação se afirma que, a CGADB em Natal (RN) em 1930 foi “o primeiro passo histórico, que evidenciou a divergência doutrinária existente". Divergência essa comprovada pelo fato de Vingren no Rio de Janeiro criar o jornal Som Alegre e o hinário Saltério Pentecostal. Temerosos de errar na doutrina da "segurança e salvação eterna do crente genuíno", os irmãos elegeram Manoel Hygino como mediador, o qual em carta enviada ao missionário Kastberg sugere uma convenção para tratar do assunto. Mas a resposta, além de demorada foi negativa. Na missiva Nils Kastberg, teria escrito que estava "de acordo com os ensinos da salvação condicional, e quem estivesse aborrecido que saíssem para onde quisessem...” Mas também é fato que muitos dos primeiros crentes da AD tinham origem em igrejas evangélicas tradicionais como a Presbiteriana, conhecida por defender a doutrina calvinista. Manoel Hygino, além de ser pioneiro na região norte e nordeste era também muito próximo a Gunnar Vingren no início do seu ministério, e como os outros líderes era experiente na liderança ministerial. Sua adesão ao calvinismo causou surpresas. (SANTANA, 2015).
Podemos perceber que a questão Calvinismo na AD sempre ressurge com força. Santana ainda complementa:
Agora, [...] a questão calvinista na AD, [...] ressurge com força nas redes sociais e blogs. O assunto talvez nunca tenha desaparecido, mas simplesmente abafado pelos principais pastores e expoentes das ADs. Em tempos de internet, aquilo que no passado era "tratado e resolvido", agora é fonte de debates abertos entre os estudiosos dos temas soteriológicos79. (SANTANA, 2015).
Figura 1 - Pr. Manoel Hygino de Souza, pastor da AD em Mossoró (RN). O que aderiu a "predestinação calvinista".
Fonte: Memórias das Assembleias de Deus: A polêmica do Calvinismo na Assembleia de Deus. 05 fev. 2015. Disponível em: <http://mariosergiohistoria.blogspot.com.br/2015/02/a-polemica-calvinista-na-assembleia-de.html>. Acesso em: 09 nov. 2017.
Vemos o impacto do Calvinismo ser crescente nas Assembleias de Deus e entre pentecostais de maneira geral, que tradicionalmente normalmente se identificam como Arminianos. Com isso, Geremias do Couto, um pastor calvinista confesso na Assembleia de Deus em Teresópolis (RJ). Diz a seguinte afirmação:
Embora se diga que a AD seja tradicionalmente arminiana, pelos muitos de seus escritos em nossos órgãos oficiais, na prática, na rotina dos nossos púlpitos, regra geral, a verdade é que sobrepujava uma tendência para o semipelagianismo80, sem que os pastores soubessem até o que isso significa. É só nos lembrarmos dos antigos “cultos de doutrina”, onde o que menos tínhamos era doutrina, mas a insistência na pregação dos usos e costumes, de forma opressora, com o risco de “perder” a salvação, se incorrêssemos na quebra de uma daquelas regras, mesmo que fosse jogar bola de gude ou soltar pipa. Cresci nesse ambiente em que durante o dia me via “perdendo” a salvação várias vezes, com drama de consciência, pois não conseguia cumprir à risca o que era necessário para manter-me salvo. À noite, tentando dormir, sofria com medo de ir para o inferno, se morresse, por causa das falhas cometidas. Mas convém sinalizar que a liderança assembleiana, com as honrosas exceções de praxe, sempre teve uma atitude refratária à educação teológica formal. Temos de ser realistas e encarar o fato sem maquiagem. Não éramos estimulados ao estudo acadêmico. (SIRQUEIRA, 2015).
Porém, Silas Daniel, pastor, jornalista, escritor e chefe de Jornalismo da CPAD. Em resposta, faz a seguinte afirmação no site sobre o referido assunto:
O objetivo de lembrar aqui essas exclusões por Calvinismo no passado da AD não é para pregar que agora devemos começar uma espécie de ‘caça as bruxas’ aos calvinistas dentro da Assembleia de Deus. Nada disso. É apenas para lembrar que o Calvinismo nunca fez parte de nossas origens e nem muito menos fez parte do nosso padrão doutrinário, ao ponto de no passado até se excluir por causa disso. E se hoje o Calvinismo é cada vez mais comum no meio assembleiano, isso se deve tão somente ao fato de que temos ensinado pouco ou quase nada sobre o verdadeiro Arminianismo81 nos púlpitos e seminários de nossas igrejas. Assevero que o Arminianismo é biblicamente mais coerente, mas não reconheço como “heresia perniciosa”, como acham alguns, o calvinismo compatibilista. Aliás, eu acrescentaria também que, mesmo considerando que há, sim, um grande número de assembleianos que professam hoje alguma simpatia pelo Calvinismo, eles ainda parecem ser minoria em relação ao número de assembleianos inconscientemente semipelagianos por falta de ensino do que é o verdadeiro Ariminianismo. (DANIEL, 2015).
Com isso, podemos perceber a preocupação das Assembleias de Deus acerca da Teologia Calvinista, ao ponto de surgir à necessidade de organizar os pontos mais significativos da fé cristã pentecostal.
Até então, a igreja não dispunha de credos ou de qualquer formulação doutrinária formalizada, a não ser “O Cremos que temos hoje”, que era publicado no Mensageiro da Paz a partir de junho de 1969. Sendo este o único documento oficial da igreja que expressa o pensamento doutrinário das Assembleias de Deus.
Diante disso, uma comissão especial foi convocada para elaborar o credo, assim denominado Declaração de Fé, ou seja, para nortear os membros das possíveis teologia e heresias que podem aparecer no meio pentecostal.
Observamos o que salienta Silva: “A Declaração de Fé servirá como proteção contra as falsas doutrinas e contribuirá para a unidade do pensamento teológico para ‘que digais todos uma mesma coisas (1 Co 1.10)’”.
Compreendemos que na teoria os principais pontos da teologia pentecostal são de natureza pneumatologica82, mais especificamente o batismo com Espírito Santo como uma segunda benção e a contemporaneidade dos dons, enquanto o principal ponto da teologia calvinista é de natureza soteriologica.
Portanto, se fizermos uma associação desta natureza, podemos até creditar que seja possível uma mudança. Claro que na prática é muito mais difícil, até porque o Calvinismo não se resume somente nos cinco pontos e o Pentecostalismo não é um movimento que enfatiza apenas os dons espirituais.
5. O SURGIMENTO DO MINISTÉRIO IEADMAP E COMO A VISÃO CALVINISTA DA SOBERNIA DE DEUS TEM IMPACTADO O MINISTÉRIO
Iniciaremos este capítulo, apresentando uma sucinta história do surgimento do ministério IEADMAP e abordando a questão sobre o impacto do Calvinismo nas ADs do Brasil. Logo, abordaremos o resultado de questionários respondidos por fiéis desta igreja, onde apresentam uma interpretação das características e opiniões da população evangélica do ministério IEADMAP.
Atualmente, a igreja passa por uma mudança de compreensão sobre a visão calvinista da soberania de Deus. A respeito da influência calvinista no meio pentecostal, McAlister diz:
Muitos pentecostais estão descobrindo que a sua leitura das Escrituras, a sua hermenêutica é equivocada. E estão precisando voltar a uma doutrina mais sólida, mais histórica. [Tudo isso porque] estão descobrindo autores como: João Calvino, John Piper, Augustus Nicodemus etc. (MCALISTER, 2013).
5.1. SUCINTO HISTÓRICO DO MINISTÉRIO IEADMAP
Entrevistamos o pastor Kleberson Thiago Santos, presidente e fundador da IEADMAP, que nos forneceu informações a respeito do início desse ministério. Ele nos contou que em 2011, precisamente no dia 06 do mês de julho, surge o ministério IEADMAP. A igreja está localizada no conjunto Paar, quadra 04, n.º 19, em Ananindeua/PA.
Este pastor diz que recebeu uma profecia que garantia que ele abriria um novo ministério e que o Senhor iria conduzir vidas para ele cuidar e apascentar.
Em resposta à profecia, o pastor entrou em um propósito de jejum e oração, pedido a Deus que, no dia em que iniciasse esse trabalho, que naquele dia o Espírito Santo convertesse uma pessoa como confirmação da profecia recebida e de que estava de acordo com a vontade divina.
A primeira reunião contava com sete pessoas presentes. Uma delas era viciada em drogas. Num determinado momento, ela se rendeu aos pés de Cristo. Mediante esta conversão, o Pr. Kleberson entendeu que estava fazendo a vontade de Deus. Ficou, então, motivado a prosseguir no chamado do Senhor.
Assim, surge o Ministério Assembleia de Deus Águas Purificadoras. Esta igreja recebeu este nome, pois o pastor tinha origem pentecostal assembleiana. Compreendeu, também, que, a agua é fonte de vida e sinônimo de limpeza. Então, este nome significa que era uma comunidade com um ministério semelhante a este simbolismo. Deste modo, recebendo o complemento de “águas purificadoras”.
Dessa forma, mesmo sendo uma ramificação da Assembleia de Deus, logo se deu um crescimento de membros, e com isso, o ministério veio a vincular-se na CEADDIF (Convenção Gerais das Assembleias de Deus Distrito Federal) e seus líderes a CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil). Para assim ter sua legalidade e conhecimento como uma denominação séria da Assembleia de Deus tradicional, conservando os seus usos e costumes como característica peculiar da mesma.
5.2. A CONTROVÉRSIA DO CALVINISMO NAS ADs NO BRASIL
Em resposta a crescente busca de irmãos pentecostais pelo conhecimento sobre as doutrinas da graça apresentada pelo Calvinismo, as Assembleias de Deus se mobilizaram e prepararam a sua própria Declaração de Fé. Até então, a denominação não tinha uma declaração de fé, a não ser uma pequena declaração contida no jornal o Mensageiro da Paz (1930). Com isso, o referido jornal era tido como um documento que possuía um extrato para retratar as doutrinas básicas da denominação pentecostal.
Recentemente, como resposta ao crescimento do Calvinismo na AD, uma comissão doutrinária da CGADB foi levantada para propor uma declaração de fé oficial que reafirmasse os valores pentecostais e corroborasse com a perspectiva arminiana de salvação. Essa comissão pesquisou os credos ecumênicos83 e as principais confissões de fé históricas, com o intuito de salientar aos pentecostais o que eles creem e praticam. Com isso, a Declaração de Fé torna-se a primordial marca do pentecostalismo no Brasil.
O Calvinismo tem trazido um impacto crescente nas AD, acarretando novas posturas no meio pentecostal. Como vemos o pastor assembleiano Geremias do Couto.
Figura 2 - Pr. Geremias do Couto, pastor da AD em Teresópolis (RJ). Um dos poucos pastores assembleianos de expressão nacional assumidamente calvinista.
Fonte: Blog do pastor Hafner: Calvinismo na Assembleia de Deus – parte1. 31 jun. 2015. Disponível em: <http://pastorhafner.blogspot.com.br/2015/07/calvinismo-na-assembleia-de-deus-parte-1.html>. Acesso em: 09 nov. 2017.
Convém também apontar que a liderança assembleiana anteriormente, sempre teve uma atitude refratária à educação teológica formal.
Sobre isso, Couto faz a seguinte declaração: “É só folhear as páginas do Mensageiro da Paz do período, que serão encontrados artigos contrários e favoráveis ao ensino formal”. (SIQUEIRA, 2015). E Araújo faz a seguinte afirmação:
Se os missionários estrangeiros em contato com pessoas simples do povo tornam-se modelo pela sua própria condição de estrangeiro, os novos obreiros se afirmavam pela sua experiência, uma soma de história e tempo de conversão. A consagração, legitimada por uma eleição divina, se materializava na indicação de obreiros iniciados que não estavam preocupados com a formação intelectual ou teológica do indicado. Textos bíblicos iriam contribuir para a defesa da tese da negatividade do conhecimento intelectual e a maior parte dos líderes se oporia a qualquer exigência de formação intelectual para a consagração de pastores, pois segundo o texto mais usado por esses defensores da experiência, o texto de II Coríntios cap.3 verso 6, “... a letra mata, mas o Espírito vivifica.” o que realmente importava era a unção do Espírito e não as letras. (ARAÚJO, 2001, p.4).
Sendo que o estudo da teologia sempre foi incentivado entre as igrejas tradicionais, mas no pentecostalismo clássico, durante grande parte de sua história, esse estudo foi evitado. Em sua edição da segunda quinzena de 1937, o Mensageiro da Paz publicou um artigo de página inteira, onde o autor alertava para os riscos eminentes do uso da teologia o seio da Assembleia de Deus. Observamos o que destaca Araújo:
Os teólogos são espiritualmente secos. Curiosos esmiuçadores da história. Enquanto esses teoristas escavam e encontram papeis, o crente simples nas suas escavações (de joelhos dobrados) encontra água viva em abundância. Um acha a letra que mata outro o Espírito que vivifica. O que seria dos simples e indoutos, se a erudição bíblica tivesse algum valor no processo de salvação? Se, para irmos ao céu, necessitássemos ter a cabeça cheia de letras, os iletrados nada mais teriam à sua espera, que não fosse o inferno84. (ARAÚJO, 2001, p.4).
Com o passar do tempo, percebeu-se na AD a necessidade do cristão preparar-se intelectualmente, ficando evidente o surgimento de uma nova vertente que contribuiu para diluir, mesmo que lentamente, este antagonismo85 aos estudos, vigente até então, entre a letra e o espírito: vislumbrava-se a possibilidade de convivência harmônica entre a intelectualidade e o divino.
Com isso, na Convenção Geral de 1983 a CGADB recomenda às convenções e ministérios regionais que os candidatos à ordenação ao cargo de pastor preencham alguns pré-requisitos, entre eles a qualificação teológica.
Por essa razão, ao definir como pré-requisito para a consagração de pastores a capacitação teológica, a Assembleia de Deus consolidou um passo na construção de uma legitimidade de poder cada vez mais fundamentada na letra e no saber teológico.
5.3. A INFLUÊNCIA DO CALVINISMO NA IEADMAP
No ponto que se trata do Ministério IEADMAP, também temos exercido uma liderança e nos tornamos adeptos das Doutrinas Reformadas da Graça e temos compartilhado da mesma e visto como ela pode influenciar a forma de viver. Com isso, presenciamos atitudes diferentes em relação à receptividade destas doutrinas na igreja em que servimos.
Percebemos uma diversidade entre os posicionamentos teológicos dentro do meio pentecostal. Uns estão aderindo a doutrinas da graça. Outros têm rejeitado. O que permanece sendo consenso é que a Igreja local da qual participamos reconhece que o Espírito Santo fala por intermédio da Escritura.
Diante desse contexto, apresentaremos os resultados de pesquisa que fizemos com pastores e fieis da IEADMAP com o intuito de obter informações concretas. Entregamos um questionário, procurando, ao máximo, agir como cientista e buscando constantemente a imparcialidade. Para isso, aplicamos um questionário com questões que instigavam os fiéis a colocarem suas percepções sobre suas crenças.
Por fim, atrelamos as informações adquiridas com as pesquisas no ministério. Para que possam colaborar e elucidar os fatos e, por conseguinte produzir novos conhecimentos e conceder confiabilidade a este estudo.
5.4. CATALOGAÇÃO DA PESQUISA
Para formular as perguntas de forma sistemática, a pesquisa foi elaborada dentro da temática abordada, procurando objetividade e transparência para captar informações que proporcionem interpretar os fenômenos acerca da questão. Para Prodanov:
[A] pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento. A finalidade da pesquisa é resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos [...] e a partir de interrogações formuladas em relação a pontos ou fatos que permanecem obscuros e necessitam de explicações plausíveis e respostas que venham a elucidá-las. (PRODANOV, 2013, p.42).
Nessa explicação, além de facilitar na informação de conhecimentos, esse tipo de pesquisa ainda proporcionará a descoberta de novas informações, a partir do contato direto com componentes desafiantes na abrangência desta temática. E Prodanov complementa:
A pesquisa sempre parte de um problema, de uma interrogação, uma situação para a qual o repertório de conhecimento disponível não gera resposta adequada. Para solucionar esse problema, são levantadas hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas pela pesquisa. Portanto, toda pesquisa se baseia em uma teoria que serve como ponto de partida para a investigação. (PRODANOV, 2013, p.43).
5.5. SUJEITOS E INSTRUMENTO PARA A COLETA DE DADOS
A investigação abarca sujeitos diferentes, que cooperaram de modo simples e voluntariamente para a coleta de dados.
Participaram dessa etapa três pastores ambos integrantes do Ministério Assembleia de Deus Ministério Águas Purificadoras.
Assim, utilizamos como instrumento da coleta de dados o questionário, por ser um instrumento que permite maior flexibilidade e possibilita na captação de informações.
A caracterização do questionário consiste em perguntas abertas direcionadas não somente aos líderes, mas também a alguns membros do ministério por livre e espontânea vontade.
Ressalvamos que em nenhum momento procuramos interferir nas respostas.
Foi anunciado aos membros do Ministério que seria aplicado um questionário no qual fazia parte de uma pesquisa para captar informação que contribuiriam para o trabalho de conclusão do curso na faculdade.
Sendo de livre e espontânea vontade de cada irmão, no qual a participação seria de grande valia e suas identidades seriam mantidas em sigilo. Inclusive solicitamos que eles não colocassem os seus nomes nos questionários.
Sendo assim, para a captação das respostas, houve a participação da secretária da igreja em conjunto com a minha esposa. Elas contribuíram para entregar os questionários no ministério junto aos membros para que não decorressem constrangimentos.
Com isso, os discernimentos para o arranjo dos tipos de observação variam de acordo com o enfoque86 dado, os interesses, os campos, as metodologias, as situações e os objetos de estudo. Por isso, pode até surgir à pergunta o que é pesquisa e Prodanov complementa:
O que é pesquisa? Essa pergunta pode ser respondida de muitas formas. Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas. Podemos dizer que, basicamente, pesquisar é buscar conhecimento. Nós pesquisamos a todo o momento, em nosso cotidiano, mas, certamente, não o fazemos sempre de modo científico. (PRODANOV, 2013, p.43).
5.5.1. Análise de dados da pesquisa
O acréscimo da análise se deu a partir dos dados obtidos através das respostas dos questionários que estão classificados em abertos e considerados de conteúdo qualitativo.
Prodanov (2013, p.43) observa: “Assim, pesquisar, num sentido amplo, é procurar uma informação que não sabemos e que precisamos saber”.
Nesse sentido, analisou-se o conteúdo dos dados adquiridos, procurando fundamentos que nos auxiliem a interpretação a partir das opiniões expressas pelos sujeitos da pesquisa nas respostas obtidas.
Portanto, as informações captadas como auxílio, para conferir importância a este trabalho e aprofundamento da pesquisa pelo meio de apreciações que nos permitiram a interpretação das respostas, na dialética87 dos sujeitos de pesquisa, sendo de forma quantitativa e qualitativa.
5.5.2. Líderes e membresia do Ministério
Após realização das metodologias para quantificação e qualificação organizaram-se os dados da pesquisa em quadros, em que procuramos explicar com fundamentações teóricas, levando em consideração os pontos de vista dos participantes na pesquisa de campo a respeito do assunto e o resultado desse processo está apresentado no quadro a seguir segundo CEPs88:
QUADRO 01 – Sujeitos da pesquisa: lideranças da igreja
Participantes89 |
Sexo |
Funções |
Participante A |
Masculino |
Pastor A |
Participante B |
Masculino |
Pastor B |
Participante C |
Masculino |
Pastor C |
Participante D |
Masculino |
Diácono A |
Participante E |
Feminino |
Diaconisa B |
Participante F |
Masculino |
Diácono C |
Participante G |
Feminino |
Diaconisa D |
Participante H |
Masculino |
Obreiro A |
Participante I |
Masculino |
Obreiro B |
Participante J |
Masculino |
Obreiro C |
Fonte: Dados da pesquisa (2017)
Diante do quadro 01 é possível se notar que todos os entrevistados têm cargo de liderança, podemos considerar também que nesse quadro está caracterizado que todos (as) têm experiência eclesiástica. Portanto, acreditamos que isso nos possibilite captar a compreensão da liderança na temática abordada.
QUADRO 02 – Sujeitos da pesquisa: fiéis da igreja
Participantes |
Sexo |
Funções |
Participante L |
Feminino |
Secretária A |
Participante M |
Feminino |
Jovem A |
Participante N |
Feminino |
Jovem B |
Participante O |
Masculino |
Jovem C |
Participante P |
Masculino |
Membro A |
Participante Q |
Feminino |
Membro B |
Participante R |
Feminino |
Sonoplasta A |
Participante S |
Feminino |
Membro C |
Participante T |
Feminino |
Membro D |
Fonte: Dados da pesquisa (2017)
Diante do quadro 02, separamos os membros para podermos captar a compreensão da membresia na temática abordada.
Com isso, vamos apresentar as perguntas feitas aos líderes em conjunto com a membresia para percebermos suas compreensões.
-
A visão Calvinista defende a doutrina da predestinação. Com base nisso, pergunto: O Cristão pode perder a salvação? Por quê?
QUADRO 03 – Respostas da Temática
Participantes |
Respostas |
Liderança |
Entre a liderança podemos detectar que 4 (quatro) líderes responderam que Sim, que os cristãos podem perder a salvação, por deixarem de crer nas Escrituras e por não estarem em conformidade com a mesma. Eles compreendem que o fiel precisa ser fiel as Escrituras. Caso contrário não será salvo. Entretanto, 6 (seis) líderes responderam que Não, que o cristão verdadeiro não pode perder a sua salvação, compreendendo que a salvação é dada pela graça mediante a fé na pessoa de Cristo Jesus. |
Membresia |
Já com a membresia do Ministério, percebemos o inverso. 6 (seis) dos 9 (noves) pesquisados, responderam que Sim, argumentando que Deus dotou o homem com o livre arbítrio. Assim, o indivíduo tem domínio sobre a escolha acerca da salvação. Prontamente, 3 (três) dos fiéis restantes, responderam que Não, afirmando que o sacrifício vicário de Cristo é perfeito para a salvação dos eleitos. Pois, a eleição vem unicamente da parte de Deus e que Ele jamais perderá uns dos seus. |
-
Quando perguntou-se para os entrevistados: Na sua compreensão é o homem que escolhe a Deus ou Deus que escolhe o homem. Por quê? Houve uma resposta bem curiosa. Vejamos o quadro abaixo:
QUADRO 04 – Respostas da Temática
Participantes |
Respostas |
Liderança |
Podemos perceber que 9 (nove) dos fiéis entrevistados, responderam que Deus que escolhe ao homem, frisando que o texto de Jo 15:16 que nos diz: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei [...]”. Sendo esta a melhor referência como afirmativa sobre a questão abordada. Onde, 1 (um) dos líderes entrevistados, respondeu que o homem que escolhe a Deus, pela ideia de Deus ter dotado o homem com o livre arbítrio. |
Membresia |
Já de forma unânime, todos os 9 (nove) entrevistados, responderam que Deus escolheu o homem. Destacando que se dependesse da vontade humana, jamais o homem se voltaria para Deus. Citando Rm. 3:11 que nos diz: “Não há ninguém que busque a Deus”. |
Agora, quando se perguntou para os entrevistados: Em sua opinião, você acredita que seria possível para um crente pentecostal ser Calvinista? Segundo a pesquisa, percebemos que duas pessoas entrevistadas optaram em não responder, mas dezessete delas responderam que Sim. Argumentando que no tocante a pregação do Evangelho exista uma centralidade na essência da Palavra de Deus. Onde o Espírito Santo atua com seu poder para libertar o pecador e de regenera-lo para viver em novidade de vida. Observamos uma das respostas apresentadas:
Acredito que por conta de uma doutrina muito fechada nos seus costumes limita a pessoa a uma compreensão de uma vida com Cristo, a doutrina pentecostal na sua essência é assim. Por isso, muitos pentecostais ao se depararem com o Calvinismo ficam surpresos, maravilhados e muitos ainda reconhecem logo de imediato sua ignorância no tocante a sua cosmovisão90 bíblica. Porém, quer crê que para um pentecostal passar a ser um calvinista puro, não hibrido91. Só um entendimento e liberdade de consciência para que isso possa acontecer. (Participante H, 2017).
Prodanov (2013, p.48) diz: “Esse procedimento fornece ao investigador um caminho para o conhecimento da realidade ou de verdades parciais”. As respostas nos levam a entender que o Ministério IEADMAP passa por uma mudança na compressão acerca das Escrituras.
Diante do pressuposto, compreendemos o quanto é importante esse contato mais aprofundado na busca pelo conhecimento e a clareza na Palavra de Deus.
Esta concepção nos leva a entender que, através em uma pregação expositiva da Palavra de Deus e ao apresentarmos como são simples as doutrinas da graça.
Com isso, o ouvinte se atenta na mensagem anunciada e passa a refletir sobre o que lhe é apresentada e através da ação do Espírito Santo começa evidenciar mudança no comportamento entre os membros do Ministério IEADMAP.
5.6. ANÁLISE DAS RESPOSTAS: IMPLICAÇÕES
Diante do exposto, descortina-se sobre nós apenas duas opções: aceitar ou negar que o ministério IEADMAP esteja sendo impactado pela visão Calvinista acerca das doutrinas da graça.
A negação disso seria no mínimo enganosa, senão falsa e desleal. Podemos perceber claramente nos quadros com as respostas apresentadas, que existe claramente uma compreensão equilibrada acerca das Escrituras e suas bases. Com o avanço crescente das informações, fiéis procuram encontrar uma mensagem sólida, Cristocêntrica.
Podemos concluir que as doutrinas da graça ao enfatizar que Deus é absolutamente soberano na salvação de pecadores, revigora a fé. Logo, estabelece uma aceitação válida, mesmo que, possa existir uma resistência por parte de outros.
Agora, o Ministério compreende perfeitamente que as Escrituras é o manual cristão, fonte de vida, alimento para a alma. Dando evidência que Deus tem de forma soberana, por sua Palavra, operando no tempo, e dando ao que crê a segurança da vida eterna. Sendo as Escrituras a própria fonte de revelação da fé cristã evangélica.
Podemos perceber que no século XXI a Igreja de Cristo tem presenciado um despertamento. O povo de Deus tem sido chamado a se atentar para as verdades reveladas pelas Sagradas Escrituras. E com isso, tem mudado o comportamento de muitos fiéis no meio pentecostal.
Desta forma, compreendemos como algo positivo, de muita valia para os pentecostais. Como podemos perceber o acrescimento do movimento pentecostal no mundo, e vemos em paralelo, a busca em conhecer mais de Deus.
Outro ponto que observamos na DFAD92, depois de um longo período de preparação, publicou oficialmente na 43ª AGO da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) realizada em São Paulo a sua Declaração de Fé. Neste documento são esclarecidos e sistematizados os principais pontos doutrinários da denominação, tendo como pilar as Escrituras.
O maior objetivo deste documento é salvaguardar a denominação de doutrinas estranhas a sua origem. Dessa forma, a estrutura da DFAD é totalmente Arminiana. Mas na prática os pentecostais agem de maneira “inconsciente” na linha semipelagina93. Daniel em seu blog faz a seguinte afirmação:
[Existe] um grande número de assembleianos que professam hoje alguma simpatia pelo Calvinismo, eles ainda parecem ser minoria em relação ao número de assembleianos inconscientemente semipelagianos por falta de ensino do que é o verdadeiro Ariminianismo94. A solução para o Semipelagianismo popular é ensinar o Arminianismo de fato [...]. (DANIEL, 2015).
Podemos perceber claramente a preocupação dos assembleianos acerca do Calvinismo e de querer doutrinar o Arminianismo como sua base e verdade. Assim como também percebemos alguns assembleianos simpatizantes pela teologia Calvinista. A verdade é que a AD procura força para uma mudança no seu comportamento com intuito de proteger “contra as falsas doutrinas e [...] para [que] a unidade do pensamento teológico [assembleiano seja] ‘que digais todos uma mesma coisa’ (1 Co 1.10)”. (SILVA, 2017, p.19).
6. CONCLUSÃO
Em virtude dos fatos mencionados podemos compreender que a proposta da temática foi concretizada.
Abordamos os aspectos do Calvinismo, não apenas como um conjunto de dogmas teológicos, mas principalmente como um fundamento para a visão abrangente de vida e também no transcorrer da temática abordada que a palavra Calvinismo existe vários sentidos. Tendo seu significado mais amplo, que se refere a um sistema que alcança todos os aspectos da vida.
Assim, destacando o grande pregador batista Charles Spurgeon, que viveu em um período semelhante ao nosso, onde prevalece uma evidente insatisfação e desgosto para com a visão calvinista. Mesmo assim, ele não hesitava em declarar que não concebia pregação do evangelho que não fosse calvinista. Spurgeon diz: “Minha opinião pessoal é que [...] Não creio que possamos pregar evangelho... a menos que preguemos a soberania de Deus em sua dispensação da graça”. (SPURGEON apoud, ANGLADA, 2015, p.14).
Por isso tudo, o Calvinismo busca compendiar as doutrinas dos reformadores, as quais, por sua vez, incidem na redescoberta da admoestação apostólica do evangelho bíblico. Em razão de, nós nos deparamos numa era em que se prega um cristianismo sem comprometer-se com a Palavra.
A veracidade, a fé e a expectativa vindoura foram trocadas pela intuição, a emoção e a recompensa imediata. Mas, se a comunidade denunciar esta fé egoísta e voltar-se para Cristo e a sua cruz como o centro, ela verá reforma e avivamento. E isso só acontecerá quando ela redescobrir as doutrinas da graça.
Dessa forma, Deus é apresentado como soberano grandioso e bondoso pelo Calvinismo. Vejamos o que Anglada (2015, p.14) diz: “O evangelho, conforme crido e proclamado pelo calvinismo, é o evangelho do Senhor Jesus, do apóstolo Paulo, de Agostinho, de Lutero, de Calvino etc”.
Já por outro lado, a Assembleia de Deus entende que o credo, confissão de fé, regra de fé ou declaração de fé são interpretações autorizadas das Escrituras Sagradas aceitas e reconhecidas por uma igreja ou denominação. E que diante do atual contexto social e político por si só exige uma definição daquilo em que a Igreja crê e daquilo que professa desde as suas origens.
Assim, a Declaração de Fé é apresentada como um documento eclesiástico que organiza, de forma escrita e sistemática, as crenças e práticas das Assembleias de Deus no Brasil que já doutrinadas desde a chegada dos missionários fundadores.
A DFAD em seus 24 (vinte e quatro) capítulos apresenta as interpretações em conjunto das Escrituras de forma sintética, abrangendo todas as principais doutrinas Bíblicas, facilitando os fiéis em uma melhor compreensão acerca da manutenção da unidade da fé pentecostal.
Desta forma, o pentecostalismo oriundo da raiz metodista tem em sua teologia uma visão avivalista. E por isso, não podemos deixar de ressaltar que em toda a cristandade pentecostal, mantém-se a teoria de que o homem determina a própria sorte e decide seu destino, através de seu “livre arbítrio”.
Onde podemos perceber claramente nas Escrituras, que ao dizer que Deus é soberano, é declarar que Deus é Deus. É dizer que Ele é o Altíssimo, o qual tudo faz segundo a sua vontade no exército dos céus e entre os moradores da terra; “Não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn. 4:35). Pink (1997, p.22) complementa: “Dizer que Deus é soberano é declarar que Ele é onipotente, possuidor de todo o poder nos céus e na terra, de tal maneira que ninguém pode impedir os seus conselhos. (Sl. 115.3)”.
Tendo em vista os aspectos observados, compreendemos que tanto a AD pode passar por uma Reforma, como o Calvinismo pode sim colaborar para uma centralidade na busca pelo um “avivamento” genuíno em conhecer mais a fundo as doutrinas da graça.
À vista disso, no meio reformado de teologia calvinista existe do posicionamento continuísta o qual caberia perfeitamente para poder dizer que tenha pentecostal reformado.
No entanto, para que isso seja possível, Concordamos com a seguinte frase de McAlister ao dizer: “Precisamos de um avivamento, sem dúvida alguma. Mas precisamos também de uma reforma, o mover do Espírito, tanto no sentido mais atual do termo, quanto no sentido histórico de um retorno às máximas da fé”.
Pois para que haja um mover de Deus em nosso país, temos que preparar o caminho, temos que nos alicerçar na sã doutrina.
Não podemos deixar de observar que a igreja de Cristo é invisível. O pertencimento a este corpo não depende do ponto de vista soteriológico95 do crente. Certo que ao olharmos para a salvação, ela é unicamente dada por Cristo e seu sacrifício é totalmente eficazes para salvar arminianos, calvinistas e pentecostais.
Entendemos que a eleição é para o que crê. Os pentecostais pertencem a uma comunidade cristã e os tenho como meus irmãos na fé.
Acerca da maneira peculiar como compreendem algumas doutrinas das Escrituras, é justamente o que faz ser um povo com uma ótica bem distinta, sendo este ponto que se diferencia das demais teologias, mas não no aspecto da salvação.
Este trabalhou limitou-se no primeiro momento em apresentar o impacto do calvinismo em uma igreja pentecostal da região metropolitana de Belém.
Certamente seria interessante salientar que o trabalho é somente o primeiro passo de uma profunda pesquisa, talvez de um futuro livro, ou uma dissertação de mestrado ou tese de conclusão em doutorado. Sendo ao meu entender um assunto de grande importância para o cenário em que vivemos, e abordarmos este tema de forma a torná-lo mais próximo do cenário real.
Estou certo de que uma investigação mais profunda em uma pós-graduação ou Mestrado poderá avançar o estudo sobre o Calvinismo em igrejas pentecostais como um novo ingrediente indentitário nos pentecostalismos brasileiros neste presente século.
7. REFERÊNCIAS
ACESSO Teológico. Disponível em: < http://www.acessoteologico.com/2015/04/o-que-e-soteriologia.html>. Acesso em: 21 jan. 2018.
ANDRADE, Claudionor de. Lições Bíblicas CPAD. Jovens e Adultos. 2 Trimestre de 2010, Jeremias, esperança em tempos de crise. Lição 6: A soberania e a autoridade de Deus. 09 mai. 2010. estudantesdabiblia. Disponível em: <http://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2010/2010-02-06.htm>. Acesso em: 26 out. 2017.
ANGLADA, Paulo, Calvinismo: As Antigas Doutrinas da Graça. 4. ed. Ananindeua-Pa: Knox Publicações, 2015.
ARAÚJO, Arão Inocêncio de. O Mensageiro da paz: 1930 – 1990: Uma História do Sagrado. Universidade Iguaçu – UNIG. Disponível em: <www.ebookscloud.com.br/wp-content/plugins/download.../download.php?id=7793>. Acesso em: 07 nov. 2017.
ARAÚJO, Israel. História do Movimento Pentecostal no Brasil: O caminho do Pentecostalismo Brasileiro até os dias de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
AULETE Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br/Romanismo>. Acesso em 22 jan. 2018.
BECHARA, Evanildo C. Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras: Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2011.
BERG, David. Daniel Berg: Enviado por Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
BOICE, James Montgomery; RYKEN, Philip Graham. As Doutrinas da Graça: Resgatando o Verdadeiro Evangelho. Rio de Janeiro: Anno Domini, 2002.
BUYERS, Paul E. Os Fundadores do Metodismo. Imprensa Metodista. 1929. Disponível em: <http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/os-fundadores-do-metodismo.pdf>. Acesso em: 06 dez. 2017.
CAMPOS, Samuel Marques. A Igreja Universal do Reino de Deus na “modernidade líquida”: marcas identitárias da IURD na (pós-)modernidade. 145 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade do Estado do Pará, Belém, 2014.
CHAMPLIN, Russell Norman; BENTES, João Marques. Enciclopédia de Bíblia: Teologia e Filosofia. São Paulo: Candeia, 1991.
CONDE, Emílio. História das Assembleias de Deus no Brasil: Belém 1911-1961. Rio de Janeiro: Livraria Evangélica, 1960.
DANIEL, Silas. CPADNews: Sobre o meu artigo “Em defesa do Arminianismo”. 30 jan. 2015. Disponível em: <http://www.cpadnews.com.br/blog/silasdaniel/o-cristao-e-o-mundo/94/sobre-meu-artigo-em-defesa-do-arminianismo.html>. Acesso em: 09 nov. 2017.
DI - Dicionário informal. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/ significado/socinianismo/9223/>. Acesso em: 09 Nov. 2017.
ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática: São Paulo: Vida Nova, 2015.
FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática: Uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.
FILHO, Fernando Bortolleto, Dicionário Brasileiro de Teologia: São Paulo: Aste, 2008.
GILBERTO, Antonio, ANDRADE, Claudionor de, ZIBORDI, Ciro Sanches, SOARES, Esequias, et al. (Ed.) Teologia sistemática pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
GOTQUESTIONS. Disponível em: <https://www.gotquestions.org/Portugues/ Armianismo.html>. Acesso em: 21 jan. 2018.
HAFNER, Blog Pastor. Calvinismo na Assembleia de Deus – parte 1. 31 jun. 2015. Disponível em: <http://pastorhafner.blogspot.com.br/2015/07/calvinismo-na-assembleia-de-deus-parte-1.html>. Acesso em: 09 nov. 2017.
HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001.
HORTON, Michael. A Favor do Calvinismo: Prefácio de Roger Olson. São Paulo: Reflexão, 2014.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
MCAALISTER, Bp. Walter. O que é um pentecostal reformado? Catedral da Igreja Cristã Nova Vida. 11 mar. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v =7bZOr5etz94>. Acesso em: 06 dez. 2017.
MELL, Patrick Hues. Um Ensaio Sobre o Calvinismo. São Paulo: Sociedade Bíblia Trinitariana do Brasil, 2015.
PINK, A.W. DEUS é Soberano. São Paulo: Fiel, 1997.
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Rio Grande do Sul: Universidade Feevale, 2013.
RODRIGUES, Ricardo Gondim. A Teologia da Missão integral: Aproximação e impedimentos entre Evangélicos e Evangelicais. São Paulo: UMESP: Faculdade de. Humanidades e Direito - Programa de Pós-. Graduação em Ciências da Religião, 2009, 161 pgs. Dissertação de Mestrado. Disponível em: <tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/ 521/1/Ricardo%20Gondim.pdf>. Acesso em: 11 mai 2017.
SANTANA, Mario Sérgio de. Memorias das Assembleias de Deus. 5 fev. 2015. Disponível em: <http://mariosergiohistoria.blogspot.com.br/2015/02/a-polemica-calvinista-na-assembleia-de.html>. Acesso em: 09 nov. 2017.
SILVA, Esequias Soares. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
VINGREN, Ivan. O Diário do Pioneiro Gunnar Vingren. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
VITAL, Ministério Vigiai. As “três ondas” do pentecostalismo no Brasil. 12 mai. 2010. Disponível em: <http://vigiai.net/artigos/as-tres-ondas-do-pentecostalismo-no-brasil-2>. Acesso em: 21 jan. 2018.
KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2014.
WILLIAMS, J. Rodman. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. São Paulo: Vida, 2011.
8. APÊNDICE
Questionário feito aos Líderes e fiéis do Ministério IEADMAP
-
Hoje com a internet, houve uma velocidade de informações disponibilizadas através de sites, páginas sociais, youtube etc. Percebo o crescimento do interesse dos irmãos pentecostais pela visão Calvinista. Alguma vez você já leu artigos, livros etc. sobre o Calvinismo? Qual é a sua opinião sobre essa visão?
-
A visão calvinista defende a doutrina da predestinação. Com base nisso, pergunto: O Cristão pode perder a salvação? Por quê?
-
Para você, como o ser humano é salvo? Explique.
-
Na sua compreensão é o homem que escolhe a Deus ou Deus quem escolhe o homem. Por quê?
-
Em sua opinião, você acredita que seria possível para um crente pentecostal ser calvinista? Justifique.
1 O Modernismo é uma corrente heterogénea de pensamento que, basicamente, defende a evolução (e modificação ou transformação) do dogma e "uma reinterpretação da religião à luz do pensamento científico do século XIX". Apareceu como conjunto de movimentos artísticos e literários, iniciado no final do século XIX e atingiu o seu auge no início do século XX, que preconizava a ruptura com a expressão estética tradicional. Sendo abordado em tópico posteriormente. (BECHARA, 2011, p.869).
2 Estereótipo são generalizações que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características de outros. Significa impressão sólida, ideia, conceito ou modelo que se estabelece como padrão e pode ser sobre a aparência, roupas, comportamento, cultura etc. (BECHARA, 2011, p.546).
3 Polemista: é que ou quem faz polêmica ou sustenta polêmica com outrem. (BECHARA, op. cit., p.1000).
4 Charles Hodge: O maior teólogo Norte Americano do século XIX (1797-1878). Hodge estudou na Universidade de Princeton e, posteriormente, no seu Seminário, instituição da qual se tornou professor. Foi um profuso escritor e produziu uma famosa Teologia Sistemática que apresenta uma sólida visão calvinista da vida. Hodge influenciou profundamente a visão de Simonton sobre o campo missionário. (KUYPER, op. cit., p.21).
5 Balcãs ou Países balcânicos: Países da região do sudeste da Europa, delimitada pela Península Balcã, que contém os montes Balcãs. Compreende, entre outros países, a Grécia, a parte europeia da Turquia, a Bulgária, a Croácia, a Sérvia e a Albânia. Na ocasião em que Kuyper pronunciou essas palavras, a região se encontrava parcialmente sob o poder do Império Otomano (turcos). (KUYPER, op. cit., p.24).
6 Menelik II: Imperador da Etiópia (1844-1913), antiga Abissínia, responsável pela unificação daquele país. Fortaleceu a influência da igreja Coptica (antigo ramo africano da igreja cristã) e entre as reformas sociais promovidas destaca-se a abolição da escravidão. (KUYPER, loc. cit.).
7 Puseísmo ou Puseyismo: Ideias e doutrinas do teólogo da Igreja Anglicana, Edward Bouverie Pusey (1800-1882), da Universidade de Oxford, expostas em vários panfletos publicados, nos quais ele, paradoxalmente, se contrapunha ao liberalismo, mas advogava sucessão apostólica e, posteriormente, a reunificação à Igreja Católica. Na Igreja Anglicana instituiu irmandades, a confissão auricular e um reavivamento do ritualismo. Escreveu também vários comentários bíblicos. (KUYPER, loc. cit.).
8 Independentes: Congregacionais Puritanos, da Inglaterra, que haviam sido formuladores e eram igualmente subscritores, juntamente com os Presbiterianos, à Confissão de Fé de Westminster, um dos documentos calvinistas mais importantes do século 17. (KUYPER, loc. cit.).
9 Individualismo: tendência, atitude de quem vive exclusivamente para si, demonstra pouca ou nenhuma solidariedade; egoísmo, egocentrismo: A antítese do individualismo é o altruísmo. (BECHARA, op. cit., p.708).
10 Luterano é relativo a Lutero ou à sua doutrina, ou o que é adepto desta. (BECHARA, op. cit., p.800).
11 Sociano ou socinianismo é uma doutrina antitrinitária e considera que em Deus há uma única pessoa e que Jesus de Nazaré é um homem. DI - Dicionário informal. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/socinianismo/9223/>. Acesso em: 09 Nov. 2017.
12 Concomitante: é aquilo que se diz de ou o que se produz ou se apresenta em simultâneo com outra coisa. (BECHARA, op. cit., p.336).
13 Panteísmo: doutrina filosófica caracterizada por uma extrema aproximação ou identificação total entre Deus e o universo, concebidos como realidades conexas ou como uma única realidade integrada. (BECHARA, op.cit., p.944).
14 Paganismo é uma religião onde seus seguidores baseiam suas crenças na natureza. Sendo um conjunto das ideias, costumes e cultos pagão. (BECHARA, op. cit., p.937).
15 Islamismo: Religião monoteísta, fundada pelo profeta árabe Maomé (576 ou 580-632), cuja doutrina está codificada no livro sagrado Corão ou Alcorão; maometismo, islã, islame, islão. (BECHARA, op. cit., p.751).
16 Romanismo: s. m. (jur.) elementos do direito romano, ou textos Introduzidos no direito pátrio. Opinião especial de um romancista. Nome que dão os adeptos das outras religiões as doutrinas da Igreja Romana: Fazer praça do seu apostolicismo, do seu romaniamo. (Antero de Fig., Miradouro, p. 79, ed. 1934.) F.Romano. Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br/Romanismo>. Acesso em 22 jan. 2018.
17 Cf. BECHARA, op. cit., p.16.
18 Cf. BECHARA, op. cit., p.25.
19 Animismo é uma das doutrinas que afirmam a existência da alma humana. Sendo modo de pensamento ou crença religiosa que atribui alma a todos os seres e fenômenos naturais. (BECHARA, op. cit., p.140).
20 Cf. BECHARA, op. cit., p.25.
21 Cf. BECHARA, op. cit., p.25.
22 Antípoda isto é, o contrário, o oposto. (BECHARA, op. cit., p.144).
23 Cf. AURELE, op. cit., p.25.
24 Tiara papal: Originariamente uma touca persa. A tiara do papado denota seu tríplice poder: temporal, espiritual e purgatorial. (KUYPER, op. cit., p.29).
25 Cf. BECHARA, op. cit., p.25.
26 Cf. BECHARA, op. cit., p.25.
27 Cf. AURELE, op. cit., p.25.
28 Metafísico: é o que vai além da experiência física; transcendente, espiritual: O artista busca a dimensão metafísica de sua expressão. (BECHARA, op. cit., 853).
29 Soli Deo Gloria: Expressão em latim que significa: “Glória somente a Deus”. (KUYPER, op. cit., p.30).
30 Inexoravelmente: De maneira inexorável, mesmo que implacável. Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br.>. Acesso em 22 jan. 2018.
31 Cosmovisão: Visão de mundo; concepção de mundo. Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br.>. Acesso em 22 jan. 2018.
32 Luteranismo: Doutrina religiosa protestante de Martinho Lutero, teólogo e reformador alemão. Religião cristã que segue essa doutrina. AULETE, op. cit.
33 Antropológico: Antropologia; O estudo da espécie humana em seus aspectos biológicos (origem, evolução, características distintivas, distribuição de subgrupos e variedades) e comportamentais (especialmente os referentes a costumes, técnicas e modos de vida de grupos e coletividades). Reflexão filosófica, ger. de caráter abrangente e sistemático, acerca da natureza humana. AULETE, op. cit.
34 Cosmológico: Cosmologia; Ciência que estuda a origem, estrutura e evolução do universo. AULETE, op. cit.
35 Soteriológico: que diz respeito à soteriologia; cristológico. F. Soteriologia. AULETE, op. cit.
36 Cf. AULETE, op. cit., p.25.
37 Cf. AULETE, op. cit., p.28.
38 Cf. AULETE, op. cit., p.28.
39 Cf. BECHARA, op. cit., p.25.
40 Cf. BECHARA, op. cit., p.25.
41 Cf. AULETE, op. cit., p.25.
42 Cf. BECHARA, op. cit., p.16.
43 Houries: É uma palavra persa que significa “olhos negros”. Huri significa “moça que, segundo Maomé, espera no céu, os crentes de sua religião; odalisca”. (KUYPER, op. cit., p.35).
44 Kafir: É um escravo do mulçumano: Na língua árabe, kafir significa descrente. Seria o equivalente ao gentio, para os judeus. Os muçumanos podiam tomar descrentes como escravos. (KUYPER, op. cit., p.35).
45 Esterilidade: Qualidade ou condição de estéril, de quem ou do que é incapaz de reproduzir (-se), gerar fruto; INFERTILIDADE. Incapacidade criativa; exiguidade, escassez de algo. Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br.>. Acesso em 22 jan. 2018.
46 Místico: Ref. a ou próprio do misticismo (ritual místico); característico de ambiente religioso (atmosfera mística); Diz-se do caráter misterioso, alegórico ou figurado das coisas religiosas. Diz-se de indivíduo que possui grande fervor religioso, acreditando somente nos preceitos divinos; DEVOTO. Sendo uma pessoa que leva vida religiosa contemplativa. AULETE, op. cit.
47 Obtuso: Pouco nítido; CONFUSO; INDISTINTO. Falto de inteligência ou perspicácia; BRONCO; PARVO; PASCÁCIO. Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br>. Acesso em: 22 jan. 2018.
48 Cf. BECHARA, op. cit., p.25.
49 Cf. BECHARA, op. cit., p.25.
50 Cf. AULETE, op. cit., p.25.
51 Desvelar: Ocupar-se com grande zelo de; esmerar-se, empenhar-se, esforçar-se e revelar-se. (BECHARA, 2011, p.437).
52 Glossolalia: Suposta capacidade de falar línguas desconhecidas quando em transe religioso (como no milagre do dia de Pentecostes). De acordo com Delgado, citando observações do Prof. Heraldo Maués ao seu trabalho, informa que há diferenças entre as palavras “glossolalia”, “xenolalia” e “xenoglossia”. Para ele “Glossolalia em termos técnicos é a emissão de sons ritmados, mas sem sentido aparente. E pode ser interpretada culturalmente tanto como um fenômeno religioso, místico, como não religioso (por exemplo, cantores de jazz, quando improvisam, fazem uma espécie de glossolalia [...]). Xenolalia é falar numa língua estrangeira. O episódio narrado em Atos 2, é xenolalia. O que ocorre mais comumente, inclusive nas igrejas pentecostais é a glossolalia (mas não só, e não só no cristianismo)” (DELGADO, 2008, p. 19, nota nº. 6). Mais adiante Delgado (2008, p. 20, nota nº. 7) informa que xenolalia corresponde à xenoglossia e corresponde à “fala espontânea em língua(s) que não fora(m) previamente aprendida(s)”. (CAMPOS, 2014, p.65).
53 Avivalista: Movimento ligado aos Holiness que instalou-se em um templo metodista na Rua Azuza, onde se intensificou a prática da glossolalia (falar em línguas estranhas). (ARAÚJO, 2001, p.1).
54 Cf. ARAUJO, op. cit., p.37.
55 Neopentecostalismo: Vem da Terceira Onda do Pentecostalismo sendo uma vertente do evangelicalismo, conglomerando igrejas do movimento de Renovação Cristã. Fora do Brasil, essas igrejas são chamadas também de carismáticas, aqui esse termo é reservado a um movimento da Igreja Católica. Essa vertente toma como base ideias do Pentecostalismo e Carismátismo americanos. (BORTOLLETO FILHO, op. cit., p.775).
56 Heterodoxo: É o que contraria padrões, normas ou dogmas estabelecidos (em certo domínio). Que está em oposição a princípios ou moselos vigentes. (BECHARA, 2011, p.663).
57 Neotestamentário: Ref. a testamento; TESTAMENTAL; Aquele que herda por testamento. Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br.>. Acesso em 22 jan. 2018.
58 Cf. BECHARA, op. cit., p.23.
59 Francis Asbury (1745-1816) nasceu na velha Inglaterra, ao pé da Ponte de Hamstead, na paróquia de Handsworth, a quase uma légua distante de Birmingham, em Stafford-shire, no dia 20 de agosto de 1745”. Asbury seria um dos dianteiros deste novo movimento metodista. Seu papel seria igual ao de João Wesley. O que fora Wesley na Inglaterra, Francis Asbury iria ser na América do Norte. “O deserto e os lugares secos se alegrarão nisto, e o ermo exultará e florescerá como a rosa”. Ao redor destes dois vultos é que nos dois mundos (Europa e EUA) se estabeleceu o metodismo. (BUYERS, 1929, p.84).
60 Autóctone: O que é originário do lugar em que se encontra: população, cultura autóctone. Aborígine. (BECHARA, 2011, p.180).
61 Pragmático: Que considera o valor prático e concreto das coisas (pessoa pragmática; pensamento pragmático). Que se volta exclusivamente para as coisas práticas, concretas, materiais, para os objetivos de curto prazo, sem maiores considerações de ordem ideológica, filosófica, religiosa etc. Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br.>. Acesso em 22 jan. 2018.
62 Cismática: A revista Instituto Moody de janeiro de 1921, um dos principais seminários fundamentalistas dos Estados Unidos, traz um artigo “Pentecostal Saints And the Tongues Movement” em que considera quatro possibilidades para os pentecostais: divino, carnal, satânico ou demoníaco. O autor chega à conclusão de que o “movimento é considerado por seus frutos” porque é um movimento cismático e, portanto, “carnal”. (RODRIGUES, op. cit., p.20).
63 Carismático: Adepto do movimento carismático de algumas igrejas cristãs. (BECHARA, 2011, p.270).
64 Mensageiro da paz: Primeiramente, o jornal das Assembleias de Deus circula em 1919 com o nome de A Boa Semente. A Boa Semente, primeiro jornal do segmento, reinaria absoluto até 1929 quando surgiu o Som alegre, jornal de vida relativamente curta, pois duraria cerca de um ano, saindo de circulação juntamente com A Boa Semente. Os dois jornais deixariam de existir e dariam lugar a um periódico único, O Mensageiro da Paz. [Assim] a convenção da CGADB reunida em 1930 havia decidido que apenas um jornal circularia e seria o órgão oficial das Assembleias de Deus. (ARAÚJO, 2001, p.2).
65 Publicação no Mensageiro da Paz, 2ª quinzena de agosto de 1945. (ARAÚJO, op. cit., p.9).
66 Predestinação: É destinar com antecipação alguém ou alguma coisa para determinado fim. Destinar para alguém coisa que há de acontecer. (BECHARA, 2011, p.1017).
67 Eleição: É ato ou efeito de eleger. (BECHARA, op. cit., p.468).
68 Presciência: É o Conhecimento do que ainda virá. Conhecimento que Deus tem de tudo o que há de acontecer. Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br.>. Acesso em 22 jan. 2018.
69 Imutável: É o que não muda; que não está sujeito a mudança. (BECHARA, 2011, p.693).
70 Deliberar: É decidir, após pensar detidamente ou fazer consultas sobre algo. Pensar detidamente sobre algo para tomar uma decisão. Deliberação. (BECHARA, op. cit., p.398).
71 Desígnio: É propósito, intensão. (BECHARA, op. cit., p.424).
72 Cf. BECHARA, op. cit., p.47.
73 Cf. BECHARA, op. cit., p.47.
74 Cf. BECHARA, op. cit., p.47.
75 Cf. AULETE, op. cit., p.47.
76 Cf. BECHARA, op. cit., p.47.
77 Cf. BECHARA, op. cit., p.47.
78 Apostasia: Deserção da fé. Abandono de uma antiga opinião, de um partido etc. (BECHARA, 2011, p.151).
79 Soteriologia: É o estudo da doutrina da salvação. Soteriologia discute como a morte de Cristo assegura a salvação daqueles que creem. Ela nos ajuda a compreender as doutrinas da redenção, justificação, santificação, propiciação e expiação substitutiva. Acesso Teológico. Disponível em: < http://www.acessoteologico.com/2015/04/o-que-e-soteriologia.html>. Acesso em: 21 jan. 2018.
80 Semipelagianismo: É uma doutrina que afirma que o homem não regenerado é capaz de contribuir com suas obras para a realização de sua própria salvação. A regeneração é um processo sinergético onde a vontade do homem coopera com a graça de Deus. Doutrina do século V que admitia em parte as heresias do pelagianismo. Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br.>. Acesso em 22 jan. 2018.
81 Arminianismo: É um sistema de crença que tenta explicar a relação entre a soberania de Deus e o livre-arbítrio da humanidade, especialmente em relação à salvação. O Arminianismo recebe esse nome devido a Jacó Armínio (1560-1609), um teólogo holandês. Enquanto o Calvinismo enfatiza a soberania de Deus, o Arminianismo enfatiza a responsabilidade do homem. Gotquestions. Disponível em: <https://www.gotquestions.org/Portugues/Armianismo.html>. Acesso em: 21 jan. 2018.
82 Pneumatologica: Estudo dos espíritos tomados como seres intermediários entre homens e Deus. (BECHARA, 2011, p.997).
83 Ecumênico: Que convivi ou dialoga com diferentes religiões: culto ecumênico. Que pertence à esfera humana; universal. (BECHARA, 2011, p.463).
84 Mensageiro da Paz, 2ª quinzena de agosto de 1937 p.2. (ARAÚJO, op. cit., p.4).
85 Antagonismo: Ato em sentido contrário; oposição. (BECHARA, 2011, p.141).
86 Enfoque: Modo de tratar um tema, um problema etc. (BECHARA, 2011, p.496).
87 Dialética: Busca da verdade pelo diálogo, pela discussão. Método de pensamento que opõe ideias ou fatos contraditórios com intuito de resolver as contradições. (BECHARA, 2011, p.441).
88 CEPs (Comitês de Ética em Pesquisa). Segundo o mesmo, seu objetivo maior é preservar a integridade dos sujeitos, objeto da pesquisa científica, bem como apreciar previamente os projetos de pesquisa. [...] Conforme estabelece a Resolução CNS 196 (1996). E a resolução CNS 196 (1996) define o consentimento livre e esclarecido como: [...] anuência do sujeito da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação, após explicação completa e pormenorizada sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais de riscos e o incômodo que esta possa acarretar, formulada em um termo de consentimento, autorizando sua participação voluntária no experimento. (PRODANOV, 2013, p.47).
89 Os nomes não serão usados para preservar a integridade moral dos mesmos.
90 Cf. AULETE, op. cit., p.28).
91 Hibrido: Composto por elementos diferentes. (BECHARA, 2011, p.664).
92 Declaração de Fé das Assembleias de Deus (2017).
93 Cf. AULETE, op. cit., p.55).
94 Cf. GOTQUESTIONS, op. cit., p.56).
95 Cf. ACESSOTEOLÓGICO, op. cit., p.54).
Publicado por: EZEQUIEL SEIXAS SILVA
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.