OS EFEITOS DA OBESIDADE, A EXPECTATIVA DA IMAGEM CORPORAL E AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA

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1. RESUMO

A obesidade é uma doença crônica de difícil tratamento que vem repercutindo de forma negativa na vida dos indivíduos afetados. A cirurgia bariátrica (CB) é indicada pela medicina para reduzir os danos causados pelo excesso de peso por ser um procedimento que altera o sistema digestivo com a finalidade de diminuir a ingestão alimentar no estômago de pacientes portadores da obesidade mórbida de grau II e III, contribuindo para redução de gordura corporal e o excesso de peso em até 50%. O objetivo deste trabalho foi destacar a obesidade como doença crônica de difícil tratamento responsável por inúmeros prejuízos físicos e psicológicos na vida das pessoas afetadas pelo excesso de peso e suas comorbidades. Os Efeitos da Obesidade, A Expectativa da Imagem Corporal e As Contribuições da psicologia em pacientes submetidos à Cirurgia Bariátrica foi desenvolvido mediante referenciais teóricos com base nas análises e discussões fundamentais a partir do ponto de vista dos autores relacionadas à temática proposta. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com pacientes que foram submetidos à cirurgia bariátrica com o propósito de trazer informações subjetivas e relevantes para pesquisa. Neste trabalho, destacamos a importância do papel do psicólogo no pré e pós-operatório com suas contribuições investigativas por meio da avaliação psicológica e terapêutica, como forma de diminuir os impactos gerados pela nova imagem após o procedimento cirúrgico. Mostramos ainda que as contribuições da psicologia são necessárias para reabilitação com a finalidade de conscientizar os pacientes que foram submetidos à redução de estômago a mudar seus hábitos alimentares e comportamentais. Dessa forma, o psicólogo promove a saúde mental, favorecendo a ressignificação do paciente na aquisição de uma nova identidade para possibilitar sucesso da cirurgia.

PALAVRAS CHAVES: Obesidade, cirurgia bariátrica, imagem corporal, psicologia.

ABSTRACT

Obesity is a chronic disease that is difficult to treat and has had a negative impact on the lives of affected individuals. Bariatric surgery (CB) is indicated by medicine to reduce the damage caused by excess weight as it is a procedure that alters the digestive system in order to decrease the food intake in the stomach of patients with morbid obesity grade II and III, contributing to the reduction of body fat and excess weight by up to 50%. The objective of this study was to highlight obesity as a chronic disease that is difficult to treat, responsible for countless physical and psychological damages in the lives of people affected by overweight and its comorbidities. The Effects of Obesity, The Expectation of Body Image and The Contributions of Psychology in Patients Undergoing Bariatric Surgery were developed through theoretical references based on fundamental analyzes and discussions from the point of view of the authors related to the proposed theme. Semi-structured interviews were conducted with patients who underwent bariatric surgery in order to bring subjective and relevant information for research. In this work, we highlight the importance of the psychologist's role in the pre and postoperative period with his investigative contributions through psychological and therapeutic evaluation, as a way to reduce the impacts generated by the new image after the surgical procedure. We also show that the contributions of psychology are necessary for rehabilitation in order to raise awareness among patients who have undergone stomach reduction to change their eating and behavioral habits. In this way, the psychologist promotes mental health, favoring the patient's reframing in the acquisition of a new identity to enable the success of the surgery.

KEY WORDS: Obesity, Bariatric surgery, body image, psychology.

2. INTRODUÇÃO

Segundo levantamento de pesquisas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM 2018), pessoas que são afetadas pela obesidade de grau II e III enfrentam sérios problemas de saúde  físicas e psíquicas. A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de peso e que vem ganhando destaque nas últimas três décadas como um assunto a ser analisado não apenas no âmbito médico, mas em seu contexto epidemiológico.

Os impactos negativos que englobam a obesidade são refletidos em vários aspectos como: baixa autoestima, ansiedade, depressão, além dos prejuízos causados a saúde física e, por consequência, algumas vezes, os obesos são severamente afetados social e psicologicamente.

Neste contexto, as intervenções associadas à perda de peso não estão relacionadas apenas à saúde física e mental; há uma busca pela satisfação da imagem corporal ideal.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM 1999), a cirurgia bariátrica, é a forma mais rápida e eficaz para perda efetiva de peso. Porém, a perda considerável de peso após a cirurgia pode gerar um grande impacto na alteração da percepção da imagem corporal e o resultado pode não ser o idealizado pelo paciente.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas obesas vem crescendo como uma epidemia global, matando mais 2,5 milhões de pessoas por ano no mundo todo. Os estudos apontam que em seu estado mais grave, chamado de obesidade mórbida, é indicada a cirurgia bariátrica pela sua eficácia podendo reduzir em até 50% o excesso de peso, já que alguns métodos tradicionais como dietas, medicamentos, exercícios e psicoterapias não surtem o efeito esperado.

A cirurgia bariátrica é indicada pelas inúmeras vantagens para pacientes muito obesos além da considerável perda de peso. Os benefícios da cirurgia estão associados à cura das doenças consequentes da obesidade. São vantagens sociais e psicológicas que reduzem o risco de doenças emocionais como depressão e ansiedade, podendo elevar de forma expressiva a autoestima e a restauração das mobilidades físicas que antes não eram possíveis com o excesso de peso.

Essa pesquisa se faz relevante pela busca da compreensão da expectativa da autoimagem corporal ideal e real com a fundamental contribuição da psicologia, apoiando e conscientizando os pacientes acerca dos benefícios e das possíveis complicações do pós-cirúrgico como em qualquer procedimento; a importância da psicoterapia para evitar riscos no desenvolvimento de transtornos e o apoio no enfrentamento do processo de reabilitação e adaptação.

Nessa perspectiva, percebe-se a necessidade de se avaliar os efeitos da obesidade, a expectativa da imagem corporal e as contribuições da Psicologia em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

À vista disso, levanta-se a seguinte problemática: Quais as expectativas da autoimagem corporal em pessoas que foram submetidas à cirurgia bariátrica?

Em alguns casos, após o procedimento cirúrgico, a imagem real não é a idealizada pelo paciente. As expectativas criadas no pré-operatório são positivas. Entretanto, quando o paciente se depara com imagem no pós-cirúrgico, há possibilidade de surgir insatisfação com a imagem real. Dependendo do grau da obesidade, a considerável perda de peso pode implicar em aparecimento de flacidez e excesso de pele.

Deve-se considerar nesse estudo, a problemática enfrentada por pessoas que sofrem pelo excesso de peso, não apenas por sua aparência, mas também por doenças associadas como: hipertensão, problemas cardíacos, respiratórios, diabetes mellitus, problemas psíquicos e emocionais. Atualmente no Brasil, pessoas obesas são vistas de forma negativa em razão do tamanho do seu corpo, sofrendo preconceitos, e inclusive, enfrentando dificuldades para se encaixar no mercado de trabalho.

As participações da pesquisadora em cursos de Psicologia Hospitalar relacionados em cirurgia bariátrica contribuíram para fomentar o interesse em delinear o tema, com o propósito de aprofundar conhecimentos na área de transtorno alimentar e redução de peso. Partindo dessa premissa, surgiu a solidariedade às pessoas obesas que sofrem por causa das doenças associadas ao excesso de peso, vida sexual inativa e a baixa autoestima.

A escolha desse tema está relacionada a investigar e analisar de que forma a psicologia pode contribuir para amenizar os impactos psicológicos causados pela nova imagem corporal após a cirurgia bariátrica. Desse modo, enfatizar a importância do acompanhamento terapêutico para que possa evitar o surgimento de alguns transtornos como bulimia, anorexia e até mesmo a vigorexia.

Sendo a cirurgia bariátrica um recurso que mudará a vida do paciente em todo seu contexto, é relevante enfatizar a atuação do psicólogo antes, durante e após o procedimento, preparando os pacientes para os desafios que irão enfrentar com a percepção da nova imagem, as mudanças do novo estilo de vida e os sentimentos que podem surgir após a operação.

Então, o objetivo geral da presente pesquisa é: investigar quais as expectativas da autoimagem corporal em indivíduos que já foram ou serão submetidos ao procedimento cirúrgico e conhecer a atuação dos terapeutas frente a essa problemática.

Para tanto, foram delineados os seguintes objetivos específicos: descrever os impactos negativos da obesidade e a cirurgia bariátrica como método mais eficaz na significativa perda de peso; destacar as contribuições do acompanhamento psicológico no pré e pós-cirúrgico da cirurgia bariátrica; descrever as expectativas da imagem corporal na ressignificação [1] do paciente.

Parte-se da hipótese de que a cirurgia bariátrica é um dos últimos recursos para uma significativa perda de peso, uma vez que, esse método representa a retomada da qualidade vida e restauração da saúde. Portanto, a maioria das doenças que os obesos desenvolvem está associada ao excesso de peso.

Assim, para viabilizar o teste da hipótese, foi realizada uma pesquisa com a finalidade básica estratégica, com objetivo descritivo e exploratório, sob o método hipotético dedutivo e abordagem qualitativa nas principais bases de dados como Scielo, Pepsic, Tese de Doutorado, Dissertação de mestrado, Anais de Eventos e página de Revista Eletrônica.

Também foram incluídos na pesquisa, a utilização de livros dos principais autores deste trabalho na temática a qual será abordada. Posteriormente, munida de informações relevantes sobre o tema, iniciei a delimitação das informações para chegar aos objetivos do trabalho.

Baseado nesses objetivos, foram formuladas entrevistas semidirigidas, e em seguida, a pesquisa de campo que foi direcionada a indivíduos que realizaram a cirurgia bariátrica no Estado do Rio de Janeiro em hospitais públicos e particulares no período de 2010 a 2020.

Foi resgatada uma pequena parte de uma pesquisa anterior realizada em 2018 pela pesquisadora e pelo grupo e ampliada neste trabalho de monografia com autorização de todos os participantes.

Ao término da pesquisa de campo, foi realizada a análise dos dados utilizando o referencial da pesquisa qualitativa. Consequentemente, a pesquisa qualitativa propiciará uma análise e discussão melhor desses dados. Portanto, a entrevista semidirigida trará informações subjetivas desses indivíduos que deverão ser priorizadas ao verificar esses pontos, contemplando e encaixando adequadamente durante a discussão e análise de dados.

Segundo Godoy (1995, p.21), “A pesquisa qualitativa ocupa um lugar entre várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas intricadas relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes”.

De acordo com a autora acima mencionada, o fenômeno é compreendido quando um pesquisador vai a campo em busca de captar os fatos que estão sendo analisados, podendo considerar pontos de vista relevantes e conduzir o estudo através de diferentes caminhos.

Esse trabalho teve como base teórica, as análises e as discussões fundamentais a partir do ponto de vista dos autores relacionados à temática proposta nesta pesquisa.

Gláucio Nóbrega [2](2011) traz uma pesquisa a partir de suas experiências clínicas com pacientes obesos e enquanto especialista em cirurgia geral. Gláucio discorre sobre contextos interpessoais, familiares e socioculturais de pacientes que foram submetidos à cirurgia bariátrica como alternativa extrema, de se livrarem do sobrepeso e dos fatores que causam doenças graves e comprometem a qualidade de vida desses indivíduos.

As teorias apresentadas trazem uma análise a respeito do aumento desordenado de casos de obesidade mórbida, dos aspectos psicológicos e psicossociais relacionados ao sobrepeso.

Adriano Segal [3]e Márcio Mancini [4](2007) trazem discussões à cerca da obesidade como uma doença grave, buscando esclarecer aos leitores os aspectos e riscos da cirurgia bariátrica como um procedimento que pode salvar vidas, mas alerta para os perigos e explica no capítulo 3 do livro, que nem todas as pessoas obesas precisam ser operadas; principalmente idosas que são propensas a ter o esôfago mais fraco, bem como uma redução de massa óssea. Em outros indivíduos, de acordo com eles, é necessário ter o índice de massa corporal acima 40 (IMC>40 ou IMC>35 com doenças associadas).

Nas questões relacionadas à imagem corporal após o procedimento, os autores apontam que o resultado e o sucesso da cirurgia dependem de muitos fatores que incluem: os pacientes, as novas mudanças nos hábitos alimentares e exercícios físicos.

Melchiades Corrêa Utrini [5](2018) enfatiza a importância da psicanálise na investigação dos fatores que levam à distorção da imagem em obesos, assim como, a imagem corporal na contemporaneidade e a organização do aparelho psíquico que se impõe para se adaptar as novas exigências desencadeadas pela postura atual, caracterizada como pós-moderna.

O autor também evidencia que o sentido do trabalho dele nesse livro, é mostrar como entendido, o corpo que o obeso transporta corpo esse que, para o autor, não é reconhecido para si, e sim uma imagem distorcida.                                                                                                                                               

Patrícia Vieira Spada [6](2009) enfatiza que a obesidade e o ato de comer exageradamente, podem estar mascarando o sofrimento do individuo diante da possibilidade de se defrontar com diferentes conflitos psíquicos. Neste livro, a autora utiliza o recurso do olhar psicanalítico, embasada em bibliografias conceituadas e também sua atuação profissional, como as experiências emocionais e o funcionamento psíquico em ação do desenvolvimento da obesidade dentro da complexa interação do ambiente e a genética.

Abordamos no primeiro capítulo, a obesidade como uma doença crônica e os impactos que ela causa na vida das pessoas que são afetadas por comorbidades associadas ao excesso de peso. Como já sabemos, a obesidade se transformou em uma epidemia global nas últimas décadas, o que nos leva essa temática ser de grande relevância para saúde pública.

Foi ressaltado o sofrimento físico e emocional vividos por indivíduos obesos que se sentem impossibilitados de usufruir de uma vida saudável sem limitações.  Da mesma forma será destacada a cirurgia bariátrica como um dos últimos recursos de esperanças para uma significativa perda de peso, uma vez que, esse método representa a retomada da qualidade vida e restauração da saúde, visto que, a maioria das doenças que os obesos desenvolvem, estão associadas ao excesso de peso.

No segundo capítulo foi abordada a necessidade do papel do psicólogo no acompanhamento terapêutico da cirurgia bariátrica, com a finalidade de minimizar os transtornos que podem surgir antes, durante e depois do procedimento, assim como, identificar os motivos que levaram o indivíduo ao ganho excessivo de peso.

Através  da cirurgia serão avaliadas as possibilidades de encontrar prazer em outros âmbitos que não seja apenas o prazer de comer. Será frisada a importância da família como rede de apoio, colaborando para recuperação e motivação, e principalmente, cooperando com cardápios mais saudáveis para que não haja reincidência  ou reganhos de peso.

Será abordado o acompanhamento psicológico com o objetivo de identificar o desenvolvimento e as aptidões emocionais do candidato para enfrentar o procedimento cirúrgico e conscientizá-lo dos possíveis riscos; prepará-los para uma mudança radical de comportamentos e novos hábitos alimentares, assim como conscientizá-los de sua imagem após o procedimento e a aquisição de uma nova identidade corporal.

Nóbrega (2011, p.114) pontua que a rápida perda de peso pode gerar repercussões psiquiátricas negativas. Será também enfatizada, a importância da terapia como meio amenizar os efeitos do pós-cirúrgico, contribuindo para adaptação à nova imagem. Destacar a importância da avaliação psicológica em candidatos com o intuito de averiguar os aspectos psicológicos e a capacidade cognitiva do paciente de enfrentar a cirurgia; lidar com a possibilidade de complicações e auxiliá-los em razão da recuperação.

No terceiro capitulo foram levantados alguns tópicos pertinentes à importância da imagem corporal, assim como, as tendências culturais que são progressivamente estabelecidas pela sociedade, como a aquisição de corpos perfeitos e inalcançáveis e as dificuldades enfrentadas por pessoas acima do peso e não conseguem se enquadrar nesse modelo exigido pela sociedade contemporânea e os veículos de comunicação.

De acordo com Nechar (2018), corpos magros e de traçados secos são considerados modelos corretos e aceitos socialmente, sonegando assim qualquer outro estilo de corpo e questionando a capacidade de aceitação do outro.

Foi ressaltada a expectativa do cirurgiado após o procedimento e a forma como esse indivíduo passou a perceber essa nova imagem, que para ele, será seu passaporte para restabelecer vínculos sociais, afetivos e em alguns casos, sexuais.

Foi abordado o transtorno corporal dismórfico e os impactos na vida dos indivíduos afetados. Nas questões relacionadas à percepção corporal, foram levantadas as causas e motivos de insatisfação com a imagem antes e depois da cirurgia.

No quarto e último capítulo foram apresentados os encaminhamentos metodológicos deste estudo e suas análises de dados realizadas com pacientes que relataram a partir de uma entrevista semiestruturada suas vivências com a obesidade e suas experiências com a cirurgia bariátrica, tal como, a expectativa da autoimagem corporal idealizada após o procedimento cirúrgico e o relato dos sonhos e das perspectivas de um corpo mais magro e saudável livre das comorbidades.

Nas considerações finais, foi realizado o fechamento do trabalho utilizando as informações coletadas durante o processo de análises bibliográficas que alcançaram os objetivos dessa pesquisa, por meio da colaboração das participantes que relataram suas experiências com a finalidade de agregar informações relevantes deste trabalho. Levantamos novas questões para trabalhos futuros, visto que, temáticas complexas como essa, não se extinguem num único trabalho, mas que ainda precisam de muitos estudos referentes.

3. OBESIDADE E CIRURGIA BARIÁTRICA

A organização Mundial de Saúde aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderia chegar a 75 milhões, caso nada seja feito. (ABESO 2014).

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a obesidade é uma doença crônica que vem avançando como uma epidemia global, atingindo pessoas de todas as idades, tornando-se um desafio para saúde pública e um dos mais graves problemas de saúde a se enfrentar.

Segundo o ministério da Saúde (2019), o México e os Estados Unidos lideram o ranking com 31% a mais em números de obesos que em outros países. No Brasil, pesquisas apontam um aumento de 67,8% entre 2006 e 2018, isto é, um crescimento assustador. A obesidade atinge principalmente adultos e jovens ameaçando o ciclo de vida pessoal e profissional,  no momento em que deveriam estabelecer e refinar padrões de vida adulta (NÓBREGA, 2011, p. 121).

Assim como a bulimia e anorexia, a obesidade também é sinalizada como um transtorno alimentar que vem se destacando com mais frequência nas mídias e noticiários como forma de conscientização por comprometer extremamente a saúde física e mental. Fontes relacionadas ao tema apontam que, principalmente pessoas de baixa renda são atingidas pelo excesso de peso devido ao consumo frequentes de alimentos pobres em nutrientes, do tipo fast food, devido a ofertas de baixo custo.

Em países industrializados, os adolescentes de famílias menos abastadas tendem a se queixar de saúde mais precária e de sintomas mais frequentes (PAPALIA e FELDMAN, 2013, p.394 apud SCHEIDT et al, 2000). Ao adotarem esses hábitos, deixam de consumir uma quantidade significativa de frutas e legumes, passando a apresentar ganhos excessivos de peso.

A obesidade é uma doença multifatorial que envolve aspectos ambientais, genéticos, psicológicos e comportamentais, caracterizada pelo acumulo excessivo de gordura e considerada de difícil tratamento. Essa condição pode acarretar inúmeros prejuízos para integridade física e emocional das pessoas afetadas.

Para Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (2016), o procedimento cirúrgico é o método mais eficaz no combate a obesidade mórbida, podendo aumentar o tempo de vida dos pacientes devido ao controle das comorbidades.

A obesidade é definida e considerada uma doença grave de múltiplos fatores que compromete a qualidade de vida com altas taxas de morbidade e mortalidade nos indivíduos afetados. “A gordura em excesso se acumula pelo corpo todo e vai causando problemas, já que ela é ‘clandestina’ e indesejável na maioria dos órgãos” (SEGAL e MANCINI, 2007, p. 20 e 21).

Os maiores problemas enfrentados por pessoas obesas além dos impactos físicos e psicológicos é a rejeição e exclusão; limitações que causam comprometimento na vida afetiva, socioemocional, profissional, vida sexual inativa, doenças associadas ao peso e o risco de morte:

É atestado que a obesidade interfere na vivência da sexualidade e a perda da libido podendo ocasionar danos à saúde do individuo. Entretanto, o medo da aceitação do outro, devido ao seu corpo fora dos padrões, faz com que o obeso crie limitações nas relações afetivas e também sexuais (EDUARDO, 2017, et al).

De acordo com Segal e Mancini (2011), todas as doenças associadas à obesidade tendem a desaparecer com o emagrecimento, já que o excesso de gordura corporal é responsável pela maioria das doenças na obesidade.

Como afirma Utrini (2018, p.59--68), independente das causas, o aumento de peso está relacionado a uma grande ingestão em alimentos calóricos e ao pouco gasto de energia, ou seja, uma pessoa faz grande consumo de alimentos ricos em gorduras e leva uma vida sedentária; sem realizar nenhuma atividade física, resultando num consumo calórico elevado.

Para Filho, Burd e cols (2010), indivíduos com comportamentos sedentários que ficam sentadas em frente a TV, denominadas de “couch potatoes”, podem fazer maior ingestão de alimentos extremamente  calóricos,  proporcionado o aumento de peso.

3.1. Sofrimento psíquico e os impactos da obesidade   

Ao pensar a obesidade, o que vem de imediato à mente é: “um sujeito preguiçoso, lento, que come muito, engraçado e que não se envergonha, pois é só fechar a boca e parar de comer muito que emagrece”, conforme entendem alguns (CORREA UTRINI, 2018, p. 7).

A culpa da obesidade geralmente é atribuída ao próprio obeso. Eles sofrem todos os tipos de preconceitos e vivem às margens da sociedade; são estigmatizados por causa da aparência física e julgados por não se enquadrarem aos conceitos de beleza exigidos pela cultura e impostos pela sociedade.

Nóbrega (2011, p.93--97) afirma que a sociedade reforçada pela mídia, exige cada vez mais um modelo de magreza que precisa ser atingido para despertar o olhar do outro.

A sociedade parece ter sido totalmente projetada para os magros, onde pessoas obesas são excluídas e consideradas inadequadas socialmente. Obesos são constantemente constrangidos em lugares públicos onde possivelmente, não há espaços adequados para recebê-los como em: aviões, cinemas, teatros, transportes públicos, restaurantes entre outros.

Muitas pessoas por desconhecimento não compreendem o que está por traz de um corpo obeso; não conseguem enxergar um ser humano e por isso negam oportunidades; julgam suas capacidades e inteligência, os excluindo totalmente da sociedade. “Para muitos, a obesidade é uma deformidade física e uma aberração do comportamento, portanto, o indivíduo obeso é induzido a sentir-se merecedor da ‘justa’ discriminação” (NÓBREGA, 2011, p.45).

Muitos obesos têm um perfil de autoestima muito precária; geralmente são tristes e envergonhados com seu próprio corpo e deixam de gostar de si, e de certa forma, buscam conforto emocional na comida para preencher o vazio de suas vidas. A maioria dos pacientes portadores de obesidade apresenta sofrimento psíquico, sentem-se incapazes de mudar o seu próprio quadro de corpulência sozinho e acabam usando a autoexclusão como fuga dos olhares de terceiros.

De acordo com Spada (2009), as queixas mais comuns e sofridas pelos pacientes obesos são de incômodo ao perceberem que estão sendo observados por alguém. “Para alguns obesos, o seu corpo é grotesco e vergonhoso, o que faz os outros olharem com desprezo e hostilidade” (NÓBREGA, 2011, p. 45).

Conforme enfatiza Utrini (2018, p.18--30), pessoas obesas são rotuladas como doentes, e por isso, apresentam dificuldades que fazem parte de um conjunto de transtornos que agravam a obesidade, complicando cada vez mais o quadro por meio da baixa autoestima, da distorção da imagem, depressão e ansiedade, entre outras possibilidades.

Muitos não conseguem mais se reconhecer e passam a acreditar que não há mais solução para o seu estado. Consequentemente, passam a aceitar a condição de obeso para evitar o sofrimento de encarar o emagrecimento. [...] emagrecer denota sofrimento. “Portanto, é possível considerar que ‘fechar a boca’ significa emagrecer e que emagrecer significa morrer lentamente, sabe-se que a realidade é bem outra” (UTRINI, 2018, p. 7).

Em alguns casos onde há distorção da imagem real, que associada aos aspectos patológicos, impede que o sujeito se dê conta da sua verdadeira aparência e tenha noção da obesidade. “Simplesmente, indivíduos obesos vivem em um estado mental no qual, embora ‘saibam’ que estão acima do peso, continuam agindo da mesma forma sem poder buscar uma mudança” (SPADA, 2009, p. 39).     

O fato é que a imagem corporal em pacientes com dificuldades ponderais é em geral distorcida da realidade externa, porque tais imagens se associam a aspectos idealizados ou patológicos que refletem dificuldades internas profundas de aceitar o próprio corpo (Mello Filho, Burd e cols, 2010, p. 371).

Antes de começar o processo para cirurgia, é necessário conscientizar o paciente da importância de uma equipe multidisciplinar composta por profissionais de várias áreas que atuam em conjunto com o cirurgião e, entre os profissionais, está o psicólogo. Ele tem um papel fundamental na equipe, fazendo o acompanhamento terapêutico no pré e no pós-operatório.

Segundo Nóbrega (2011, p.105--107), A atuação do psicólogo é imprescindível para que o paciente obeso compreenda as transformações que irá experimentar, tornando-o responsável pela aquisição de uma imagem diferente.

O psicólogo desempenha um papel de grande relevância antes da cirurgia, que vai além de avaliar, se o paciente está apto ou não para tomar sua decisão. É importante prepará-lo tanto para o tratamento cirúrgico quanto para o pós-operatório, com efeito, enfrentar mudanças em seu estilo de vida que provavelmente irá ocorrer, mudando principalmente a questão física. Logo após a cirurgia de pacientes muito obesos é comum haver flacidez nos seios, nos braços e no abdome trazendo muito desconforto.

Nesses casos, é aconselhável a cirurgia plástica para reparar o excesso de pele. “Depois de ter perdido muito peso, se a pessoa era muito obesa, ela poderá ficar com um ‘avental’ de pele que não sairá com o tempo” (SEGAL e MANCINI, 2007, p. 96).

3.2. Os benefícios da cirurgia bariátrica

A técnica cirúrgica surgiu como uma importante solução para diminuição do excesso de peso e promoção de saúde física e mental, prometendo benefícios que vão além da perda considerável e prolongada. As pesquisas apontam essa técnica como um procedimento potente na redução do estômago, capaz de diminuir o peso de forma intensa e duradoura por diferentes mecanismos cirúrgicos.

A proposta da cirurgia bariátrica é devolver a qualidade de vida e autoestima ao paciente, reduzindo as comorbidades associadas à obesidade. Por esses motivos, progressivamente, pessoas com excesso de peso e sobrepeso são motivadas a buscar esse procedimento.

Segal e Mancini (2007) afirmam que a perda de peso voluntária está associada à melhora de uma série de parâmetros medidores de saúde e da melhora da qualidade de vida como um todo.

Segundo dados da Sociedade de Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), a gastroplastia[7], também conhecida como cirurgia bariátrica ou da obesidade, é um procedimento adotado pela medicina desde a década de 1950 como uma das formas mais eficazes na perda significativa de peso em pacientes com obesidade mórbida, que é definida por um índice de massa corporal superior a 35 ou 40 kg/m².

De acordo com médicos e especialistas, esses tipos de obesidades têm grandes probabilidades de gerar problemas de ordem fisiológica como diabetes, hipertensão, apneia do sono, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. De ordens psicológicas, gera ansiedade e depressão e dependendo do IMC (índice de massa corporal), pode gerar transtornos mentais. “A partir do IMC de 25, quanto mais o valor, maior a presença de doenças físicas e mentais e de outros problemas associados ao excesso de peso” (SEGAL e MANCINI, 2007, p. 202). Diante disso, com a realização da cirurgia bariátrica será possível controlar todas as doenças associadas à obesidade.

A cirurgia oferece bons resultados devolvendo a autoestima, proporcionando ganhos estéticos, qualidade de vida e além desses benefícios, seu principal objetivo é a promoção de saúde e bem estar. Muitos pacientes com esse tipo de obesidade já tentaram inúmeros métodos de emagrecimento e logo após os resultados, ocorre o reganho de peso, o chamado “efeito sanfona”, trazendo desânimo e frustração, fazendo-os recorrer a um método mais rápido para diminuição desse excesso.

Nóbrega (2011, p.102), afirma que a cirurgia bariátrica, hoje é considerada uma opção terapêutica para os casos de obesidade severa, sendo responsável por uma perda substancial do peso, podendo melhorar ou curar as comorbidades.

Em muitos casos, a cirurgia bariátrica é considerada um dos últimos recursos para o emagrecimento eficaz de pessoas com obesidade severa do grau II e grau III, que são obesidades responsáveis pelas principais comorbidades. Com a cirurgia, os pacientes terão a chance de alcançar uma vida mais saudável e livre de doenças relacionadas ao excesso de gordura corporal.

Entretanto, para que a cirurgia seja satisfatória, é de extrema importância à participação efetiva desses pacientes como agentes de mudanças e comprometidos em modificar seus hábitos alimentares e comportamentais. “A cirurgia bariátrica produz uma alteração drástica na conduta alimentar, exigindo mudanças no comportamento sedimentado ao longo de vários anos” (NÓBREGA, 2011, p. 56).

Ainda de acordo com o autor citado acima, se os padrões recomendados forem obedecidos, o paciente irá perceber uma rápida e acentuada perda de peso, possibilitando mudanças significativas na estrutura corporal.

4. AS CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA E NO PRÉ E PÓS-CIRURGICO

No processo pré e pós-cirúrgico, é importante destacar a eficácia do acompanhamento psicológico. É de grande relevância preparar o paciente para as mudanças que vão muito além de uma nova imagem, com o objetivo de amenizar os impactos e promover o sucesso do tratamento. Por isso, a proposta deste capítulo, é mostrar o papel do psicólogo e suas contribuições dentro de sua categoria profissional individual e junto à equipe multiprofissional. SEBASTINI e MAIA (2005, p. 85) descrevem quê:

A atuação do psicólogo é necessária no sentido reorganizar o esquema de consciência do paciente no mundo, ou seja, a adaptação à nova imagem corporal que foi modificada pela intervenção cirúrgica, pois, cada indivíduo vivencia de acordo com a estrutura da sua personalidade, graus diferenciados de adaptação à nova imagem corporal.            

O acompanhamento deve ser iniciado alguns meses antes da cirurgia e continuar após como forma de assistência terapêutica.  A continuidade após o procedimento cirúrgico também é de extrema importância para capacitar o paciente a enfrentar as dificuldades do período pós-operatório.                                                                                                                                                                                                                                            

Nóbrega (2011, p.107) afirma que o período pós-cirúrgico imediato é reconhecido como um momento psicologicamente difícil, por causa do trauma cirúrgico e restrições físicas e alimentares.

Ainda sobre as mudanças relacionadas ao pós-operatório, existem as mudanças na alimentação e o esforço do paciente em manter-se firme em seus propósitos de emagrecimento saudável; sempre procurando restringir-se de alimentos calóricos que possam fazê-lo retomar o peso anterior.

Em vista disso, Nóbrega (2011, p.108) reintera que a força de vontade não é suficiente para garantir a manutenção do peso em longo prazo. O paciente deve conscientizar-se de que a cirurgia bariátrica não é milagrosa, é apenas um importante procedimento potente para redução excessiva de peso e que o sucesso dos resultados dependem das mudanças em seu comportamento: Para Segal e Mancini:

Uma das coisas mais importantes para quem vai reduzir o estômago é aprender a comer. Aprender a se alimentar corretamente é um fator determinante para obter sucesso na cirurgia, recuperar a saúde e ser feliz (SEGAL e MANCINI 2007, p.84).

Como já foi dito, o terapeuta tem um papel fundamental na vida de um candidato a cirurgia bariátrica no período pré e pós-operatório, sendo responsável por meio de testes psicológicos e entrevistas; analisar e investigar o que levou o paciente à obesidade e compreender com um olhar humanizado e a escuta sensível tais motivos.

Em consequência disso, Segal e Mancini (2007) ressaltam que o psicólogo tem uma função educativa capaz de contribuir de forma eficaz e esclarecedora, ensinando os pacientes a lidar com fantasias positivas e negativas, e no pós, a importância de iniciar uma forma específica de abordagem psicoterápica para pacientes com mais dificuldades de adaptação na perda de peso. “O emagrecimento rápido e acentuado é visto pelos psicólogos como passível de ocasionar repercussões psiquiátricas” (NÓBREGA, 2011, p.123).

Dessa forma, com o foco educativo e preventivo, o psicólogo poderá auxiliar os pacientes na tomada de decisão, e realizar avaliações psicológicas pelas quais esses pacientes serão submetidos para constatar a aptidão do procedimento cirúrgico. Porém, de acordo com pesquisas, nem todos os pacientes conseguem a mesma evolução no tratamento terapêutico por ignorarem as orientações do serviço de psicologia e da equipe multidisciplinar. Por consequência, não conseguem atingir os resultados esperados. De acordo com Nóbrega:

[...] pacientes que se comprometem com o seu processo de emagrecimento fazem as avaliações psicológicas, nutricionais, as consultas médicas programadas e praticam reuniões, certamente, estão mais bem capacitados para enfrentar as dificuldades do período pré e pós-cirúrgico, bem como para usufruir plenamente dos benefícios que a cirurgia é capaz de proporcionar (Nóbrega 2011, p. 62).

Além da importância do trabalho desenvolvido pelo psicólogo no estágio pré-operatório, também é necessário enfatizar o desempenho relevante desse profissional no estágio trans operatório, que são os momentos que antecedem o procedimento cirúrgico, gerando estresse, medo do desconhecido, possibilidade de sentir dor, o desconforto de estar longe da família em um ambiente hostil que é o hospital.

Nesse sentido, o psicólogo tem como proposta: conscientizar o paciente acerca dos benefícios e das possíveis complicações que a cirurgia pode oferecer; da possibilidade de realizar outras cirurgias reparadoras, uma vez que, acontecerão significantes mudanças físicas; dos sentimentos que podem surgir durante a espera pela operação; dos cuidados que serão necessários logo após a intervenção cirúrgica e de todas as mudanças a que ocorrerá tendo ele que levar para o resto de sua vida. Nóbrega afirma quê:

Com a redução significativa da ingestão e do peso, modificações importantes acontecem físicas e emocionais e poucos são os indivíduos que dispões de recursos psicológicos para lidar adequadamente com as transformações sem ajuda de psicoterapia (Franques 2002, p.56 apud Nóbrega 2011, p.58).

O papel do terapeuta mostra–se de extrema relevância e trabalha nos artigos divididos em duas partes: pré-operatório e pós-operatório. Pode ser observado em algumas pessoas com obesidade mórbida, um desenvolvimento emocional inadequado, apresentando dificuldades de lidar com suas angústias, medos e decepções, e com isso, a única maneira que encontra de reprimir esses sentimentos negativos é exagerando na comida.

Como afirma Nóbrega (2011, p.), a sua demanda por comida não é fisiológica, mas é psicológica. O psicólogo contribui para ajudar o paciente a lidar com as privações alimentares e controlar as compulsões que possam surgir, como álcool e outras drogas, ou até mesmo a vigorexia.

É importante ressaltar que, após a cirurgia, o paciente não irá emagrecer como num passe de mágica ou um milagre. O processo de emagrecimento leva um tempo, mas as mudanças corporais serão bastante significativas. Muitas pessoas passam de obesos mórbidos grau 3 para obesos grau 1 e outros entram na faixa do sobrepeso. “Somente alguns poucos indivíduos acabam normalizando o peso corporal” (SEGAL e MANCINI, 2007, p.30).

Os pacientes que são candidatos à cirurgia bariátrica e já sofrem há muito tempo com o excesso de peso, fazem altos investimentos em motivação, com o objetivo de transformar os aspectos físicos e emocionais e adquirir uma vida mais saudável, inclusiva e menos discriminatória. Mas para alcançar o êxito, precisam respeitar os limites impostos pela cirurgia. Alguns pacientes ignoram as orientações da equipe e acabam se prejudicando.

De acordo com Nóbrega (2011), pacientes ao serem encaminhados para as entrevistas com psicólogos e nutricionistas que fazem parte da equipe, apresentam rejeição e atacam as orientações por se tratar de uma exigência protocolar.

4.1. Uma análise da avaliação psicológica nos candidatos a cirurgia bariátrica

O percurso terapêutico que leva a obtenção das respostas precisam ser bem elaborados e conhecidos pelos psicólogos, para que os pacientes sintam-se seguros de suas tomadas de decisões. Um dos recursos utilizados pelo terapeuta são os testes de avaliação assegurados pelo CFP como uma atribuição do psicólogo.

Art. 1° Os testes Psicológicos são instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas, constituindo-se um método ou uma técnica de uso privativo do psicólogo, em decorrência do que se dispõe o § 1° Art. 13 da Lei n° 4.119/62. Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput deste artigo, os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostra de comportamento e respostas de indivíduos com o objetivo de descrever ou mensurar características e processos psicológicos, compreendidos tradicionalmente nas áreas de emoção/afeto cognição/inteligência, motivação, personalidade, psicomotricidade, atenção memória, percepção, dentre outras, as suas mais diversas formas de expressão, segundo padrões definidos pela construção dos instrumentos (CFP, 2003).

A avaliação psicológica é um procedimento técnico científico. Sua prática é de uso exclusivo do profissional de psicologia contribuindo para diversos contextos de atuação na área. As avaliações podem ser realizadas em grupos ou individual, através de diversos métodos, técnicas e variados instrumentos.

Para que pacientes possam realizar a cirurgia bariátrica, existem muitos aspectos que precisam ser avaliados antes do procedimento cirúrgico que vão além do encaminhamento médico apresentando o quadro clinico. São critérios referentes às causas e as necessidades de efetuar a cirurgia como: comorbidades e as tendências compulsivas.

É necessário que todos os candidatos sejam submetidos a testes psicológicos praticados por psicólogos com o intuito de investigar questões emocionais, mentais e intelectuais que podem ser capazes de influenciar os resultados. Nessa avaliação, é realizada uma investigação com o objetivo de constatar a aptidão do candidato ao procedimento e suas responsabilidades pessoais relacionadas à compreensão ao risco cirúrgico, as mudanças do estilo de vida e expectativas dos resultados. “Para tal finalidade, a entrevista clinica e a testagem psicológica, aparecem como recursos valiosos para obtenção de informação sobre o funcionamento psicológico do paciente” (FLORES, 2014).

Contudo, de acordo com algumas pesquisas realizadas, é importante ressaltar a atenção do psicólogo quanto à preocupação com pacientes capazes de manipular o resultado dos testes para que sejam aprovados ao procedimento.

De acordo com Jaqueline Machado psicóloga especialista em obesidade e cirurgia bariátrica do Hospital Carlos Chagas, a realização apenas de entrevistas informais, é o melhor método, por acreditar que os dados apresentados são mais fidedignos, uma vez que os testes avaliativos, mesmo apontando sua importância e veracidade, os pacientes encontram métodos para manipular os resultados, vistos que alguns testes são encontrados na internet (informação verbal).

É importante destacar que nem todos os pacientes estão aptos para enfrentar a cirurgia; existem fatores que impedem a realização do procedimento cirúrgico, e um desses fatores são as questões psicológicas. Alguns pacientes não estão emocionalmente preparados para enfrentar a cirurgia e o pós- cirúrgico.  De acordo com as pesquisas de Flores (2014):

Um estudo realizado com 194 profissionais da saúde mental nos Estados Unidos listou “problemas psiquiátricos” como sendo a principal contraindicação para operação, apontada por 91,2% dos respondentes. Dentre os principais problemas desta categoria estavam: uso/abuso/dependência de substâncias, transtornos alimentares, transtornos psicóticos, depressão e suicídio (FLORES, 2014).

É necessário ressaltar as possibilidades de aptidão ou inaptidão como uma das grandes responsabilidades do psicólogo, pois a recusa da intervenção cirúrgica pode implicar em conflitos emocionais graves ou severos. Portanto, mesmo inaptos, os pacientes realizam o acompanhamento com o terapeuta alguns meses antes da cirurgia.

Alguns pacientes mesmo inaptos para realizar a cirurgia correm o risco de ir a óbito de qualquer forma, pois as comorbidades existentes com a obesidade trazem riscos de morte. Negar a um candidato à chance de mudar sua qualidade de vida através da cirurgia pode levá-lo a ideação suicida, pois esses pacientes encontram na cirurgia a última chance de obter qualidade de vida (MACHADO[8], 2018, informação verbal).

De acordo com Segal e Mancini (2007), o indivíduo candidato à cirurgia bariátrica é um sujeito que sofreu muito antes de chegar à cirurgia em si. Dependendo do grau de obesidade, mesmo com riscos e sendo constatada a inaptidão, a melhor opção para o bem do paciente é realização a cirurgia.

4.2. A importância da assistência familiar no pré e pós-operatório e suas contribuições para evolução dos pacientes como rede de apoio

A estrutura familiar formada por esses membros pode mudar de acordo com algum acontecimento extrafamiliar ou intrafamiliar, ou seja, a estrutura da família pode ser modificada por fatores sociais (externos) ou por fatores dos próprios membros (internos). Por exemplo, a doença da obesidade, quando um dos membros resolve fazer a cirurgia bariátrica, esse terá que redefinir seu papel dentro do grupo modificando assim a estrutura familiar que já existia (RIBEIRO BRAGA, 2011  et al SOUZA, 1997; McGOLDRICK, 1995; MINUCHIN, 2002).

A cirurgia bariátrica proporciona uma grande mudança na vida do paciente, incluindo uma nova e severa rotina que deverá ser seguida com total desempenho. Por esse motivo, a redução de estômago deve ser compreendida por seus candidatos e familiares como um projeto que exigirá cuidados e manutenção para o resto da vida.

O sucesso dos resultados é dever do paciente, sendo responsável em administrar a recuperação dele de maneira consciente, submetendo-se a regras alimentares e comportamentais para atender as mudanças exigidas no pós-cirúrgico.

Desse modo, é de suma importância à família formar uma rede de apoio com sua presença e incentivo, atuando como facilitadora no processo de recuperação e emagrecimento, e com isso, favorecendo o sucesso dos resultados. “É principalmente na vivencia familiar que podem ser destacados múltiplos comportamentos e fantasias quanto ao significante comer e aumentar o peso” (FILHO, BURD e cols, 2010, p. 370).

O ambiente familiar é o local apropriado para desenvolver padrões e estilos de vida que influenciam os sujeitos desde a infância. As contribuições dos pais servirão de parâmetros para seus filhos durante a infância, adolescência e vida adulta. “O mundo familiar e o ambiente externo são modeladores da experiência fantasiosa no período de ‘incorporação oral’ da infância que vão se reproduzir mais tarde na vida adulta” (FILHO, BURD e cols, 2010, p. 370 apud PAIVA, 1982).

Do mesmo modo, acontece com os hábitos alimentares que são inseridos e compartilhados no ambiente familiar. Existe a possibilidade das crianças começarem a ingerir alimentos pobres em nutrientes no período em que passam a frequentar a escola, tendo em vista as grandes ofertas em lanches ricos em açúcares e gorduras.

Segal e Mancini (2011) destacam cantinas escolares associadas a propagandas da TV reforçam a constituição de alimentos, que ingeridos com frequência, podem desencandear a obesidade ainda na infância. Quando a família é de indivíduos gordos, aumenta a probabilidade dos filhos também herdarem a mesma genética. Utrini afirma que:

Nas diversas etapas de seu desenvolvimento, o organismo humano traduz o resultado de diferentes interações entre o patrimônio genético (herdado de pais e familiares), o ambiente socioeconômico, cultural e educativo e o ambiente individual e familiar (Utrini, 2018, p. 15).

Para algumas mães, filhos obesos estão relacionados à beleza e uma boa nutrição, ou ao fato de mostrar aos familiares o quanto ela é uma boa mãe. “Nesses casos, a comida é oferecida insistentemente, em grandes quantidades, e a criança fica inserida nesses hábitos alimentares desde cedo, portanto, não consegue escapar disso” (SPADA, 2011, p.47).

Os familiares precisam reconhecer a importância do seu apoio ainda no período pré-operatório e suas formas de contribuição para o sucesso do procedimento cirúrgico.

Desde o inicio, é de extrema relevância o acompanhamento familiar do paciente em suas consultas e reuniões pré-bariátrica, sanando as dúvidas e buscando informações a respeito da cirurgia. Dessa forma, passarão mais confiança para o paciente, fazendo com que sinta seguro e acolhido pelos membros de sua própria família. “O apoio dos familiares é importante na recuperação do pacientes, pois exercerão funções diferentes e suas reações contribuirão muito para própria reação do paciente” (RIBEIRO BRAGA 2011 apud KUBLER-ROSS, 2005).

Durante a fase de internação, esse paciente precisará do incentivo da família para seguir as rigorosas recomendações e orientações da equipe multidisciplinar. Muitos pacientes não aceitam submeter-se a algumas regras e acham bobagem seguir os protocolos.

Nóbrega (2011) aponta que alguns pacientes ignoram as orientações da equipe cuidadora e não retornam para consultas de controle clínico com psicólogos e nutricionistas.

Ainda na fase de internação, é essencial a presença da família, sempre ajudando na locomoção, alimentação e higiene do paciente caso sejam solicitadas. No pós-operatório, muitos pacientes não sentem vontade de se alimentar.

O familiar pode incentiva-lo, mostrando a importância da alimentação para sua nutrição e recuperação. “Emagrecer é, portanto, controle da alimentação em conjuntura com o controle das emoções, dos impulsos e de sentimentos, buscando assim o equilíbrio e a maturidade emocional” (RIBEIRO BRAGA, 2011 apud FERREIRA, 2004).

É importante que os familiares acompanhem o paciente nas caminhadas e o auxilie no controle da alimentar, estipulando e administrando os horários mais adequados para realização das atividades e as refeições. Após a alta, o paciente continuará se exercitando.

A caminhada é fundamental e, com o acompanhamento efetivo do familiar nas caminhadas, será uma prática saudável para todos e uma excelente forma de mudar o comportamento sedentário, diminuindo os riscos à saúde e as chances de reganho de peso.

5. DEFINIÇÕES DA IMAGEM CORPORAL

Os conceitos e definições de imagem corporal são possíveis identificar desde a antiguidade quando os padrões de beleza tanto nos homens quanto nas mulheres eram relacionadas a imagem corporal. De acordo com a história da humanidade, padrões de beleza já eram notados desde quando o homem começou a viver em grupos. Com o passar do tempo, foram ocorrendo mudanças na sociedade onde as pessoas passaram a se preocupar com peso e com a imagem. Na contemporaneidade, a moda e a beleza física assumiram valores da maior importância para sociedade em geral (UTRINI, 2018, p.86).

Em algumas averiguações relacionadas aos aspectos históricos sobre a imagem corporal, os conceitos são representações complexas e subjetivas da percepção da aparência de forma afetiva, cognitiva e comportamental, formando uma combinação de fatores. A imagem corporal é a forma de como o corpo se apresenta para nós, ou seja, como vemos nós a mesmos.

De acordo com Conti (2008), as experiências que são formadas na mente do individuo, ou o modo como esse corpo se apresenta, são envolvidos pelas sensações e experiências imediatas.

Existem maneiras de conceitos corporais que são formas de como o indivíduo percebe o corpo: como se sente sobre o seu corpo; a maneira que ele pensa e como ele se envolve; a forma que essa imagem abrange seu comportamento. Nóbrega (2011), afirma que a imagem é adquirida pelos sentidos e moldadas pelas representações mentais.

Na forma de percepção corporal, nem sempre essa representação corresponde o modo que individuo está na realidade, sobretudo, se houver existência de algum tipo de transtornos como anorexia, bulimia ou obesidade mórbida, torna-se comum a distorção da imagem. “Tal acontece por haver o não reconhecimento da dimensão física do seu corpo, aliado a aspectos emocionais inerentes à constituição da imagem corporal” (UTRINI, 2018, p. 103).

A forma como o sujeito sente esse corpo é a forma afetiva relacionada à sua satisfação ou insatisfação com a sua imagem ou partes distintas desse corpo. A maneira como o sujeito pensa esse corpo é a imagem corporal cognitiva, que pode leva-lo a preocupações com a forma e o peso do seu corpo. Nessa percepção, o sujeito acredita que pode sentir-se melhor consigo mesmo ao realizar algo que possa transformar sua aparência.

5.1. A importância da imagem corporal para o indivíduo

A beleza é um conceito cultural estabelecido pelos membros de uma determinada população e influenciado pela história da sociedade e pelo contexto atual. Desta forma, o padrão de beleza e o conceito de belo não são estáticos, estão sempre sendo modificados (CASTILHO, 2001, apud, RAMOS, 2009).

Atualmente, estudos realizados no Brasil e no mundo têm abordado o crescimento efetivo do culto ao corpo e a autoimagem, como jamais visto em toda a história da humanidade. Nunca a importância com o corpo foi tão intensa como na atualidade.

São ideais de beleza determinados pela cultura, pela mídia e sociedade que tem atuado de forma exigente e repressiva na construção da autoimagem corporal muitas das vezes inalcançável. Há uma grande preocupação com a boa forma, provocando nas pessoas uma busca incessante por medidas ideais de autossatisfação com sua imagem.

A imagem corporal é um tema em evidencia causando conflitos no corpo real e o ideal. As pessoas buscam cada vez mais manter uma “aparência agradável” para si e para o outro, uma aparência que lhe traga satisfação pessoal, felicidade e prazer, que possa proporcionar a elevação da autoestima. “Na contemporaneidade, a moda e a beleza física assumiram valores da maior importância para sociedade em geral” (UTRINI, 2018, P.86).

A imagem corporal é a representação mental que temos do nosso corpo; um construto envolvendo questões cognitivas, ou seja, como percebemos e entendemos a imagem desse corpo. De acordo com Nóbrega (2011), a imagem é uma aquisição dos sentidos e moldadas pelas representações mentais, definindo alguns comportamentos emocionais assumidos com o nosso corpo. Ainda de acordo o autor, “o corpo e a vivencia do corpo cria em cada indivíduo uma imagem de muita significação” (NÓBREGA, 2011, p. 47).

A busca pela imagem perfeita provém das influencias culturais e midiáticas que atualmente vem exigindo cada vez mais a “boa aparência” como requisito de sucesso e perfeição. Para alguns autores, os indivíduos precisam alcançar resultados desejados que os façam sentir pertencentes ao mundo da beleza para se enquadrar aos estereótipos de perfeição impostos.

Especialistas da área da educação física que trabalha com a saúde e cuidados com o corpo das pessoas afirmam que a estética vem tomando um espaço assustador na vida das pessoas, e a obsessão por um corpo magro e atlético, tornou-se protótipo para alcançar forma física perfeita que nem sempre é a mais saudável.

À vista disso, o fracasso dessa busca pode afetar a autoestima, causando insatisfação ou descontentamento com a imagem, que pode provocar o surgimento de psicopatologias e comportamentos prejudiciais à saúde.

Os ideais de beleza física impostos culturalmente atuam de forma repressiva na construção da imagem corporal, levando o indivíduo a se conscientizar do corpo que tem, o que quase sempre acaba abalando a autoestima (UTRINI, 2018, P. 86).

5.2. Distorção da imagem na obesidade

Nesse instante, já não é possível um comparativo desse indivíduo com a própria imagem e ele mesmo já não reconhece no próprio corpo tanta adiposidade, já não o enxerga tão grande. Agora sua imagem apresenta-se distorcida (UTRINI, 2018, P. 17).

A distorção da imagem corporal na obesidade é definida como incapacidade de reconhecer adequadamente sua imagem real, o tamanho do seu corpo e suas formas. “É comum a deformação da autoimagem em obesos, bem naqueles que estão acima do peso” (SPADA, 2009, p. 60).

A existência da distorção da imagem, ou a negligencia dela, é mais frequente em pessoas portadoras de bulimia ou anorexia que faz parte dos transtornos alimentares mais frequentes. As características psicológicas dos transtornos alimentares é a obsessão pela forma física ou um corpo atlético, idealizado e vigente na atualidade.

No caso da obesidade, existe um transtorno chamado “gordorexia[9]”, que se trata de um distúrbio sem respaldo científico. De acordo com a matéria publicada pela revista ISTOÉ (2010), essa doença ainda não é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso quer dizer que, ainda não há critérios e nem respaldos científicos que atestem a veracidade dela.

A gordorexia, de acordo com as pesquisas, é um distúrbio da imagem que afetam pessoas obesas que não tem consciência do excesso de seu peso, não conseguem perceber o tamanho do seu corpo mesmo se olhando no espelho. Utrini (2018) afirma que, mesmo com a falta desse reconhecimento, as pessoas obesas têm muita dificuldade de aceitar a própria imagem, por isso não conseguem se ver como realmente são. Ao se olharem no espelho, percebem-se mais magras do que são na realidade.

Ainda de acordo com o autor, essa distorção da imagem podem levar os obesos a não tomarem os cuidados devidos com alimentação e com isso, adquirir doenças que a obesidade pode ocasionar. Para Utrini (2018):

Esse comportamento de não querer ou de não conseguir se enxergar como realmente está, piora o quadro do obeso pela possibilidade da pessoa se descuidar e cometer excessos, sem preocupação com as consequências (UTRINI, 2018, p. 108).

Ao contrário das anoréxicas que buscam obsessivamente o espelho, os “gordoréxicos” fogem deles, principalmente dos espelhos que mostram o corpo todo, geralmente procuram por reflexos que mostrem apenas o rosto. Nóbrega (2011) afirma que um dos aspectos a ponderar sobre a imagem do indivíduo obeso é que, além da discriminação sofrida, existe a autorrejeição daqueles que não gostam de se ver refletidos no espelho; no máximo toleram ver o rosto para arrumar o cabelo ou a maquiagem. “É importante salientar que o corpo obeso perde a noção de sua imagem corporal durante o tempo em que aumenta e diminui de peso várias vezes durante tentativas de emagrecimentos fracassadas” (UTRINI, 2018, p.106). É recomendado acompanhamento multidisciplinar para pessoas obesas com esse tipo de transtorno.

Segundo especialistas, os obesos só conseguem encarar a realidade apenas quando procuram ajuda nos tratamentos e são submetidos a uma balança. Dessa forma, são capazes de reconhecer como realmente estão ao se depararem com o seu peso e diante disso, pode-se pensar que o obeso perde a referencia de seu próprio corpo.

De acordo com Utrini (2018) o indivíduo obeso desenvolve um esquema corporal que intervém na capacidade de suas percepções corporais e também de suas noções espaciais. “Ainda de acordo com ele, isso acontece por não haver o não reconhecimento da dimensão física do corpo, aliado a aspectos emocionais inerentes a constituição da imagem corporal” (UTRINI, 2018, P.103).

Muitos obesos, ao chegarem aos consultórios, apresentam inúmeras queixas relacionadas ao seu excesso de peso, e uma delas são as adversidades para chegar até lá, visto que a locomoção é um dos obstáculos.

Ocorrem muitas dificuldades para caminhar, as juntas começam a doer, espaço para entrar nas conduções, espaço até mesmo no assento de espera nos consultórios, pois as cadeiras não comportam a estrutura física de um obeso, dentre outros fatores, os que ainda padecem de pressão alta, diabetes e outras enfermidades causadas pela obesidade, em fim, uma série de obstáculos que os impedem de buscar tratamento e visualizar seu próprio corpo.

No consultório, muitos justificam o excesso de peso por vários motivos: seja aquisição após a gravidez, ou deu inicio após uma perda emocional (luto ou separação), ou até mesmo a perda de um emprego. Utrini (2018) reintera que o aumento de peso começa gradualmente ao longo do tempo sem ser percebido, silenciosamente, e quando notado, as roupas já estão com numerações maiores, mais largas e com elásticos na cintura e assim por diante.

Um dos problemas observados por Spada (2009) é a destruição gradativa da organização dos pensamentos e suas noções mentais, já que, em suas conclusões, o cérebro é atacado e impedido de “funcionar bem” pelo próprio indivíduo e atribuído a grande quantidade de alimento ingerido. Na mesma perspectiva da autora:

Na obesidade, o corpo é narcisicamente investido na tentativa de dar lugar e vazão para as emoções. Há que se levar em conta que, com o passar dos anos, já ocorre uma dificuldade natural para que o corpo possa ser mantido com saúde (SPADA, 2009, P. 81).   

Embora alguns obesos tenham consciência do excesso de peso, o que mais os incomoda são as dificuldades em lidar com o próprio corpo, devido aos transtornos causados pela falta de saúde, desenvoltura e mobilidade. Isso faz com que o obeso perca a autoestima e a percepção da verdadeira dimensão do seu corpo. “Portanto, em muitos casos de obesidade, a distorção da imagem corporal apresenta-se como mais um agravante que esse sujeito tem que lidar” (UTRINI, 2018, p.109).

5.3. A expectativa da imagem corporal após a cirurgia bariátrica

Este tópico irá destacar a expectativa da imagem corporal ideal e real dos pacientes que foram submetidos à cirurgia bariátrica. No tópico anterior, foi destacada a distorção da imagem corporal na obesidade.

Por estarem gravemente afetados pela obesidade, os indivíduos não conseguem mais se reconhecer e muitos evitam os espelhos, principalmente os de corpo inteiro. “O espelho para o obeso revelará sempre uma imagem distorcida, uma imagem contrária ao ideal preconizado, logo, ele nunca refletirá uma bela imagem” (UTRINI, 2018, p. 88).

Vivemos em uma sociedade onde a mídia reforça que o ideal é ser magro, pois pessoas obesas estão fora dos padrões considerados normais.  Dessa forma, mulheres que estão acima do peso e insatisfeitas com seu corpo, sentem-se obrigadas a procurar uma maneira de se ajustar aos padrões considerados normais, modificando suas aparências.

Fernandes (2003) chama a atenção o destaque dado ao corpo frente à cena social. Vivencia-se hoje a era do ideal corporal com padrões rígidos de beleza e estética. Assim, estar fora dos padrões significa frustração, sofrimento e insatisfação o que irá configurar numa “[...] busca psicopatológica da saúde ou, ao contrário, um esquecimento patológico do corpo. [...]” (Ibid., p. 15).

Partindo do pressuposto que a cirurgia bariátrica pode a elevar autoestima, a qualidade de vida e saúde mental, também se espera o melhor resultado na aparência corporal. É daí que surge a expectativa da autoimagem e a percepção do corpo real e ideal.

As pessoas obesas que optam pela cirurgia bariátrica com o objetivo de um melhor desempenho na sua vida pessoal, amorosa e social, também esperam um resultado positivo que possa transformar suas vidas nas questões relacionadas à saúde e autoestima, porém, alguns resultados podem não ser o esperado do idealizado.

Para Castro (2009), a rápida e maciça perda de peso pode elevar a autoestima, contudo, poderá trazer insatisfação com a percepção do resultado da nova imagem corporal após a cirurgia, como suas consequências que são a flacidez na pele, nas mamas, no abdômen e as cicatrizes. Os pacientes que realizam a cirurgia bariátrica logo após o procedimento, mostram-se insatisfeitos ao olhar-se no espelho devido ao excesso de pele.

Nóbrega (2011) enfatiza que essa insatisfação está relacionada à brusca perda de peso que ocasiona uma grande mudança e sofrimento psíquico motivado pela dificuldade de reconhecer-se como pessoa.

De acordo com os estudos, esses pacientes são impactados com a mudança física, ocasionando efeitos psicológicos negativos. Ao se deparar com a imagem do corpo, irão perceber, além da significativa perda de peso, que algumas partes não estão devidamente como gostariam.

Alguns não estão preparados para uma mudança brusca de sua imagem, afinal de contas, foram anos habitando em um corpo muito grande e o impacto visual do seu reflexo no espelho é comum. Eles terão que se adaptar temporariamente com a flacidez e os excessos de pele que são as consequências de um emagrecimento rápido nas regiões como: nos braços, coxas, nádegas, seios e o mais incômodo de todos que é a flacidez abdominal. Essas características da redução de estômago são as que mais causam desconforto, insatisfação e perda da autoestima. Segal e Mancini (2007), afirmam que nesses casos é aconselhável e necessária uma cirurgia plástica que possa reparar o excesso de pele e enfatiza que os motivos são mais que estéticos, devido às irritações cutâneas, assaduras e eczemas.

Os indivíduos que sofrem com obesidade mórbida (que acarreta várias doenças) e sobrepeso veem na cirurgia bariátrica um dos últimos recursos de esperança para uma nova perspectiva e qualidade de vida, visto que, muitos já passaram por todos os tipos de tratamentos em métodos tradicionais de emagrecimento como: medicamentos, dietas, exercícios físicos e até mesmo terapias, mas os resultados não foram alcançados com sucesso. Após o tratamento, o peso voltou quase em dobro, trazendo sensação de fracasso e frustração.

Por estarem gravemente afetados pela obesidade, os indivíduos não conseguem mais se reconhecer e muitos evitam os espelhos, principalmente os de corpo inteiro. “O espelho para o obeso revelará sempre uma imagem distorcida, uma imagem contrária ao ideal preconizado, logo, ele nunca refletirá uma bela imagem” (UTRINI, 2018, p. 88).

De maneira efetiva, Spada (2009) compara a distorção da imagem em sujeitos obesos ao funcionamento narcísico onde o obeso nega sua realidade e o formato do seu corpo, revelando um aspecto psíquico absolutamente intolerante à frustração e por isso evita o espelho.

A falta de reconhecimento do obeso com sua própria imagem é devido a insatisfação, vergonha e todas as dificuldades que o excesso de peso produz na vida deles. Após a realização da cirurgia bariátrica, a perda de peso acontece muito rápido, e com o passar dos meses, as mudanças tornam-se muito evidentes, melhorando a percepção e as dimensões corporais. Nóbrega (2011) afirma que:

A rejeição que havia antes da cirurgia ao próprio corpo, ao ponto de se sequer se olhar inteiro no espelho, desaparece junto com excesso de peso que foi reduzido. O indivíduo passa a se descobrir como pessoa, a gostar de si próprio, a formar uma imagem com novos contornos menos arredondados e com novos valores (NÓBREGA, 2011, p. 113).

Sendo a cirurgia bariátrica um recurso que irá transformar a vida do paciente em todo seu contexto, após o procedimento cirúrgico com o passar do tempo, o ex-obeso começa a experimentar os resultados aguardados com tantas expectativas.

A maioria dos estudos relacionados à qualidade de vida revelam que pacientes obesos após a cirurgia mostraram significativas melhoras na qualidade global de vida referente aos aspectos de relação social, sexual, ansiedade e depressão.

Com efeito, Utrini (2018) informa que após a redução de estômago, o obeso passa a reconhecer o novo corpo e enxergar o que antes não conseguia. Passa a ver partes do corpo que antes com a gordura não podia, como pernas e pés, e até mesmo os órgãos genitais, mas alguns estudos revelam que nem todos que passam pela intervenção ficam felizes e satisfeitos com os resultados.

Nóbrega (2011) explica que indivíduos obesos desde a infância ou adolescência jamais se imaginaram com um corpo “desengordurado” e precisam criar uma imagem desprovida do excesso de peso para amenizar o impacto e a dificuldade de identificar no espelho uma um novo e diferente reflexo do seu corpo como sendo seu e jamais visto antes.

O que se observa no comportamento dos ex-obesos é a insegurança da adaptação à nova imagem e as dificuldades de tomar posse de uma nova identidade, visto que, a partir desse momento, terão que se responsabilizar pela reeducação alimentar e as mudanças dos hábitos alimentares.

5.4. Transtorno dismórfico corporal

“O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é um transtorno relacionado com a aparência e suas características são defeitos imaginados na aparência” (MORYAMA e AMARAL, 2007, s/p). Os sintomas desse transtorno podem surgir de maneira súbita ou gradual persistindo se não forem tratados adequadamente.

Indivíduos que tentam mudar com frequência os aspectos naturais de sua aparência e não se contentam com os resultados, tem grandes probabilidades de desenvolver o TDC. Os principais motivos de preocupação em quem sofre de TDC é o rosto, podendo haver variações para outras partes do corpo, como, pernas, nádegas e seios. “Classificado como Transtorno Somatoformes, caracteriza-se por ideias prevalentes ou supervalorizadas, implicando, por tanto, maior prejuízo na capacidade crítica” (TORRES, 2001, s/p).

É possível que, uma pessoa afetada pelo TDC, encontre supostos “defeitos” em determinadas partes do corpo que não condizem com a realidade. Torres (2001), afirma que pacientes portadores de TDC, costumam procurar dermatologistas e cirurgiões plásticos para realizar supostas correções e mínimos defeitos físicos que os incomodam.

Em muitos casos, são pessoas com corpos atléticos que se sentem franzinos, com isso, tentam obsessivamente aumentar os músculos realizando exercícios físicos de forma extrema. Possivelmente portadores desse transtorno descrever-se-ão feias, medonhas e não atraentes.

Muitas investigações têm apontado para a extrema preocupação com a estética em níveis muito altos, a ponto das pessoas sacrificarem a própria natureza do corpo recorrendo às cirurgias plásticas em prol da adequação aos padrões de beleza instituídos na atualidade.

Essa busca incessante pela imagem perfeita tem enriquecido cada vez mais a indústria da beleza e da estética. O aumento no número de cirurgias plásticas por ano no Brasil é muito grande, além da venda de cosméticos “ultrapoderosos” e milhões de revistas com dicas de dietas mirabolantes e etc. Ramos enfatiza quê:

Ao ocupar o lugar dos valores morais e estéticos, a busca da perfeição corporal é confundida com felicidade e realização, gerando grandes frustrações. É sabido que a maioria das pessoas possui certo grau de insatisfação em relação a alguma característica de sua aparência. Entretanto, quando se leva em consideração a ênfase dada à beleza pela cultura atual, é fato que o risco para o desenvolvimento de uma patologia seja alto (Ramos, 2009).

Pessoas com TDC têm preocupações excessivas com pequenas imperfeições físicas, sendo assim, as literaturas enfatizam o sofrimento como transtornos. As conceituações do TDC como transtorno do espectro obsessivo compulsivo se evidenciam a partir provenientes estudos psicopatológicos, genéticos e terapêuticos que indicam algumas semelhanças com o transtorno obsessivo compulsivo (TOC).

6. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

Com os problemas atuais de quarentena que estamos enfrentando decorrentes de uma pandemia (COVID 19), foi necessário o afastamento social para evitar a proliferação do vírus.

Os encaminhamentos metodológicos presentes nesse estudo deram início com levantamento bibliográfico e a definição dos capítulos teóricos, da mesma forma, a realização de pesquisas qualitativas.

Para realização da pesquisa, buscou-se autorização dos termos das entrevistas resguardando o teor ético, porém, de acordo com a situação atípica que estamos vivenciando, foi necessário fazer adaptações de acordo com o cotidiano da atualidade, que é o distanciamento social.

Mediante essa situação, não foi possível buscar pela assinatura do termo de autorização com a coordenação do curso de Psicologia. Contudo, a realização da entrevista se deu por meio telefônico através de áudios de um aplicativo onde cada entrevistada relatou suas experiências.

Posteriormente, iniciou-se a análise e interpretação dos dados. A coleta de dados ocorreu através de entrevista semiestruturada a partir de roteiro orientador. As características da entrevista semiestruturada, é a escolha de não seguir um roteiro engessado, oferecendo informações importantes que possam fornecer dados qualitativos e quantitativos.

Gil (1999, p. 120) explica que o entrevistador permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas, quando este se desvia do tema original, esforça-se para sua retomada. Cada entrevista teve duração aproximadamente 45 minutos totalizando cada áudio e depois foram transcritas.

6.1. Método

 Foi realizado contato telefônico com as pessoas indicadas que passaram pelo procedimento cirúrgico, apresentando o interesse de realizar uma pesquisa de caráter técnico-científico. Sinalizei que as informações coletadas, viriam subsidiar com a colaboração e autorização do entrevistado para conclusão do meu trabalho de curso e certamente para ampliação do meu conhecimento.

Após o primeiro contato, marcou-se uma conversa onde foi apresentado por foto a Carta de Autorização para Realização das Pesquisas. Diante da formalização, as entrevistadas prontamente foram solícitas em responder todas as perguntas relatando suas experiências para a pesquisa proposta.

6.2. Participantes

Os participantes foram três mulheres que e tiverem experiências negativas com a obesidade e sofreram com os impactos causados pelas doenças associadas ao excesso de peso e optaram pela realização da cirurgia de redução de estômago para alcançar um resultado mais eficaz para perda significativa da gordura corporal.

Para preservar a identidade dos participantes, estes foram chamados de paciente 1, paciente 2, paciente 3, e foram entrevistados cada um em sua casa através do telefone

6.3. Análise dos entrevistados

Após a leitura e releitura das entrevistas apresentam-se quatro categorias que respondam aos objetivos das pesquisas:

  1. Relato da experiência com a obesidade e as dificuldades enfrentadas enquanto obesos.
  2. Informar a experiência com a cirurgia bariátrica e a expectativa da autoimagem corporal após a cirurgia bariátrica.
  3. O que mudou na vida após o procedimento cirúrgico
  4. Identificar os desafios que foram enfrentados após a cirurgia bariátrica

6.4. Categoria 1Relato da experiência com a obesidade e as dificuldades enfrentadas enquanto obesos

A partir das entrevistas realizadas com as pacientes que foram submetidas à cirurgia de redução de estômago, no que diz respeito às experiências enquanto obesas relataram que:

P1 - Desde criança tive muitas brigas com a balança e sempre estive acima do peso. Quando a idade foi chegando, comecei a sofrer com as alterações hormonais e não conseguia manter um peso adequado e vivia no efeito sanfona, que acarretaram problemas como mudanças severas de humor. Sentia muitas dores nas articulações dos joelhos. Nas questões relacionadas aos aspectos da autoestima, não podia comprar roupas que me agradavam e não me sentia bem nas roupas que cabiam em mim. Nunca sofri preconceitos enquanto obesa, mas as pessoas faziam comentários com o meu corpo e eu me sentia mal com essas comparações do tipo ”você está mais gordinha” ou “você conseguiu emagrecer um pouco” (informação verbal)

P2 - Enquanto fui obesa, eu era uma pessoa muito triste, desanimada da vida e de tudo. Nenhuma roupa cabia em mim, e eu desejava usar roupas que geralmente não tinha o meu número de manequim e me via obrigada a comprar nas lojas plus size. Tinha todos os problemas de saúde possíveis como pressão alta, má circulação, diabetes e etc. Sofri muito com a questão do preconceito, principalmente nos ônibus, as pessoas não queriam sentar-se ao meu lado, porem, na verdade, o espaço que sobrava no acento só cabia pessoas muito magras. Em vários lugares, pessoas me olhavam com pena e quando me elogiavam, falavam que eu tinha um rosto muito bonito, sinalizando que o corpo não era agradável, apenas o rosto (informação verbal).

P3 - Eu sempre tive problemas de obesidade desde a infância, e na adolescência fazia de tudo para emagrecer, como dietas, exercícios físicos e medicamentos. Nunca consegui alcançar resultados significativos e após a gravidez, engordei ainda mais. As questões que mais me afetavam estavam relacionadas à saúde, pois na minha família tem históricos de diabetes e hipertensão, por isso, fui orientada pela minha terapeuta a recorrer ao procedimento cirúrgico da redução de estômago. Fiz a cirurgia mais por questões de saúde e não de estética (informação verbal).

Diante dos relatos apresentados, pode-se perceber que a obesidade surgiu ainda na infância. De acordo com Nóbrega (2011, p.83), esta informação aponta a infância como um momento crítico de desenvolvimento do sobrepeso e a expectativa da evolução da criança obesa para o adulto obeso. Na condição de adultos obesos, pode-se identificar o quanto as pessoas que são afetadas enfrentam problemas de saúde associadas ao sobrepeso, e diminuição da autoestima.

Utrini (2018, p. 23), afirma que a obesidade favorece em grande escala de risco de aparecimento e agravamento de doenças crônicas e de sofrimentos psicossociais.

6.5. Categoria 2 – descrever experiência com a cirurgia bariátrica e a expectativa da autoimagem corporal após a cirurgia

Quanto ao relato da experiência com a cirurgia bariátrica, as entrevistadas pontuam suas dificuldades e realizações;

P1 - No começo, fui bastante resistente a ideia da cirurgia, mas ao pensar em todos os problemas que eu estava enfrentado com o excesso de peso, resolvi seguir as orientações da equipe multiprofissional. Após a cirurgia, consegui encarar todas as fases da recuperação da melhor maneira possível. Tive pouquíssimas vezes problemas ao engolir os alimentos.  Hoje, posso dizer que o sacrifício valeu à pena. Consegui alcançar minhas expectativas ao ver os resultados nas roupas que ficaram largas, porém, não conseguia enxergar de fato o resultado. Precisei passar pelo acompanhamento terapêutico para não entrar em depressão por não estar mais conseguindo me reconhecer no espelho. A perda de peso foi significativa e consequentemente veio o excesso de pele acarretando algumas frustrações e precisei trabalhar todas as questões com a minha psicóloga. Sem o acompanhamento psicológico eu provavelmente teria entrado em depressão, porque a cirurgia mexeu muito com o meu psicológico (informação verbal).

P2 - Tive dificuldades com os processos na primeira semana, senti muitas dores e muitos incômodos, não conseguia se quer me alimentar com o copinho de 50 ml. E o pior que fiz na época de natal e não pude participar da ceia, mas tive o apoio da minha família, e isso me fortaleceu. Fiquei feliz em passar natal usando uma roupa que jamais pensei que um dia poderia usar. As minhas expectativas após a cirurgia foram um pouco frustrantes, não fiquei com o corpo que idealizei; os resultados não são do dia para noite e nem tão pouco milagrosos. Mas em relação a minha saúde, todos os problemas desaparecerem após a cirurgia devido a redução de gordura corporal. Tive problemas com o excesso de pele, e foi necessário me submeter a outras cirurgias de reparação.  Após o procedimento cirúrgico tive que ficar em acompanhamento terapêutico por ter adquirido uma síndrome compulsiva por compras de roupas (informação verbal).

P3 - A decisão de optar pela cirurgia bariátrica não foi fácil. Tive um longo acompanhamento multiprofissional para enfim me sentir preparada para o procedimento cirúrgico. A minha expectativa com a cirurgia, era conseguir fazer o controle dos meus hormônios de tireoide e não ter mais dores nas articulações dos joelhos, podendo melhorar meu condicionamento. Nessas expectativas, as minhas maiores preocupações eram com o fim dos problemas de saúde. Em relação à autoimagem, foi um grande desafio, porque a vida toda sempre me percebi gordinha, hoje me olho no espelho e não consigo me reconhecer magra e ainda tenho uma autovisão de gordinha. As minhas novas expectativas daqui pra frente, é começar a me reconhecer novamente num outro corpo, reaprender uma nova autoimagem (informação verbal).

Os relatos das participantes com a experiência da cirurgia, só vem reforçar o quanto o acompanhamento terapêutico no pré e pós-cirúrgico é importante no caso da redução de estômago, principalmente no que diz respeito à expectativa da autoimagem corporal que provavelmente não será exatamente como os pacientes idealizam.

Sem o acompanhamento psicológico, os pacientes ficam muito mais suscetíveis a desenvolver transtornos psíquicos por não conseguirem lidar com possíveis frustrações do corpo real do pós-cirúrgico.

Nóbrega (2011), também ressalta que alguns pacientes conseguem reconhecer a importância dos profissionais e o bom desempenho de uma equipe dando suporte indispensável para evolução da cirurgia e da recuperação.

É também muito comum em pacientes o medo de realizar cirurgias, pois, em todas existem riscos e comprometimentos. Porém, quando se trata da redução de estômago, muitos pacientes, apesar do medo, coloca a expectativa da nova imagem e a esperança de uma vida mais saudável acima de tudo, visto que o sofrimento de enfrentar a obesidade sem perspectiva é desanimador.  

As dores, os sofrimentos tidos nos dias que seguiram a cirurgia e até mesmo as dificuldades adaptativas da alimentação rapidamente são esquecidos quando a perda de peso começa a ficar evidente (NÓBREGA, 2011, p. 107).

6.6. Categoria 3 – O que mudou na vida após o procedimento cirúrgico

Nesta instância foram abordadas as mudanças ocorridas após o procedimento cirúrgico e as vantagens obtidas. Ao se tratar dos aspectos relacionados após a cirurgia, as participantes relataram que:

P1 - A primeira mudança que tive, foi de enxergar o emagrecimento e ver que era o que eu realmente queria por uma questão de saúde, meus pensamentos mudaram e senti como se eu tivesse me encontrado e passei a perceber o quanto a cirurgia me fez bem em relação a coisas que antes eu não podia fazer como subir uma escada com rapidez, usar roupas e sapatos que antes jamais me caberiam e comprar roupas em qualquer loja. A obesidade afetava apenas a minha saúde, em relação a autoestima, eu nunca tive problemas. Mas após a bariátrica, tudo mudou, passei a sentir o meu corpo mais magro e percebi que isso era muito bom. Tive uma mudança radical na minha vida que antes era cheias de limitações (informação verbal).

P2 - O que mudou após a cirurgia foi a minha qualidade de vida. Hoje eu consigo brincar com meus netos, coisa que não consegui fazer com meus filhos, e até mesmo correr e pular sem ficar ofegante. Passei a me sentir melhor e mais jovem, as pessoas falam que eu estou me comportando igual a uma mocinha e eu digo “eu me sinto jovem com o espírito jovial”. Não tive uma juventude saudável por causa do excesso de peso, engordei muito durante o período de gestação. Os meus filhos tinham até vergonha de mim, principalmente nas festinhas escolares, em muitas das vezes, eu que me escondia por perceber a vergonha deles. Hoje sou uma pessoa muito feliz e totalmente satisfeita com a minha vida e com meu corpo. A minha autoestima é elevada e tenho prazer em diversões e principalmente em tirar fotografias (informação verbal).

P3 - Muitas coisas mudaram na minha vida, principalmente a disposição e animação de fazer certas coisas que antes da cirurgia eu não podia. O que estranhei após a cirurgia, foi a questão de reaprender a me alimentar (informação verbal).

A obesidade traz muitos prejuízos nos aspectos orgânicos e psíquicos, por isso há a indicação da cirurgia como forma de redução de peso com o objetivo de elevar a autoestima e devolver a saúde física.

De acordo com Utrini (2018, p. 17), de fato, o emagrecimento melhora muito a autoestima antes tão prejudicada. Melhora também a imagem, que começa a ser percebida de maneira diferente, de forma mais real.

A partir dos conteúdos das participantes, foi analisado o grau de satisfação com o corpo atual e as repercussões relacionadas às mudanças na vida pessoal após a cirurgia. O que parece, é que todas obtiveram os resultados esperados e apresentaram questões psicológicas satisfatórias.

6.7. Categoria 4 - Quais foram os desafios que enfrentaram após a cirurgia

Neste quesito, as participantes relataram os desafios que foram encarados após a cirurgia, principalmente nas questões adaptativas nas mudanças comportamentais para manter o peso adquirido. Elas relataram que:

P1 Os desafios após a cirurgia foi dar início as cirurgias reparadoras e encarar a mesa de cirurgia mais de uma vez. Sempre tive os braços muito grossos que foi uma das primeiras partes do corpo que quis fazer e também tive que colocar próteses nos seios, pois ficaram “muxibentos”. Ademais os desafios são comigo mesmo todos os dias, enfrentando um dia de cada vez e sempre tentando me conscientizar de seguir as orientações dos profissionais de saúde com foco reeducação alimentar e nos exercícios físicos. Sei que a cirurgia bariátrica não é uma mágica e sim uma ajuda. Por isso preciso está sempre me policiando e me contendo porque sei dos riscos de voltar a engordar novamente (informação verbal).

P2 – Os desafios que enfrentei após a cirurgia, foram adotar uma postura radical dos hábitos alimentares e a inclusão de exercícios físicos permanentes na minha rotina para conseguir manter o peso que foi adquirido. Mas creio que a parte mais desafiadora, é a mudança de pensamentos, afinal, não posso mais pensar como uma pessoa obesa e a minha terapeuta tem me orientado muito nesse quesito (informação verbal).

P3 – O meu grande desafio foi a questão de me perceber no espelho, perceber o meu emagrecimento que ainda não consigo ter essa percepção. Outro desafio foi com a alimentação, nem todos os locais que eu frequento, posso consumir alimentos saudáveis, principalmente no trabalho, e isso resulta de alguma forma no consumo de alimentos que possam me fazer mal por causa do excesso de gordura. Outro desafio são dores no estômago, porque esse órgão foi cortado e continua no corpo, ele não foi retirado, e essas dores são bem incômodas. Outro desafio foi lidar com a queda capilar que envolve a autoimagem e a autoestima e em numeras vezes me surge à pergunta do que é mais importante: a queda do cabelo ou a autoimagem? E isso também marca muito. Mas o que eu achei muito legal foram os comentários das pessoas me dizendo que eu emagreci e a percepção do emagrecimento a partir das roupas que começas a ficar mais largas (informação verbal).

Certamente é importante enfatizar o resgate do corpo que há muito sofria com o excesso de peso.  Com a expectativa da melhora através do emagrecimento, o ex-obeso passa a ser percebido e perceber partes do seu corpo que antes era impossível, fazendo com que se sintam orgulhosos de si mesmo. Compara Utrini (2018):

Observa-se, também, que essas mudanças no corpo fazem com que eles se permitam falar desse novo físico e não só senti-lo. E falar não só com palavras, mas com gestos, coisa que não havia possibilidade de se manifestar com a obesidade, pois a gordura os impedia.

É importante enfatizar que a aquisição desse novo corpo também impõe algumas responsabilidades, precisam ser os autores de suas mudanças para que evitem o tão temido reganho de peso.  “A cirurgia e os acompanhamentos médicos-psicológicos da equipe, só foram um empurrão, porque a decisão de continuarem ou não nessa busca que será constante, só depende deles” (UTRINI, 2018, p. 115).

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa se propôs, como objetivo geral, investigar as expectativas da nova imagem em pacientes submetidos à cirurgia com ênfase nos ideais de beleza propostos pela sociedade e pelas mídias sociais que elevam a importância do culto ao corpo na contemporaneidade. Destacar as contribuições da psicologia e sua assistência psicoterapêutica no pré e pós-operatório colaborando para o sucesso da cirurgia.

Para que o trabalho não se limitasse apenas à teoria, buscou junto a pacientes que passaram pelo procedimento, colher seus depoimentos para compreender melhor um pouco das emoções e sentimentos que os permearam. Sendo assim, descrever as experiências negativas com a obesidade e suas expectativas para aquisição de uma nova imagem após a cirurgia e como encararam o desafio de uma mudança radical de vida.

Pode-se chegar assim a algumas conclusões: o desejo de realizar a cirurgia está efetivamente relacionado ao objetivo de alcançar principalmente um corpo magro e bonito, livre das comorbidades e agradável ao olhar do outro. Inserir-se novamente à sociedade e, em alguns casos, obter ênfase nos relacionamentos afetivos.

Desfrutar de espaços públicos que antes da cirurgia eram inadequados e constrangedores. Ser capaz de fazer uso de roupas com manequins menores, e não mais plus size, e dessa forma, apresentando elevação da autoestima com sentimento de pertencer novamente aos grupos sociais.

Constatou-se nesta pesquisa, que nem todos os pacientes conseguem obter sucesso após a cirurgia por inúmeros motivos, entre eles, resistência com as modificações dos hábitos alimentares e as dificuldades de se adaptar a rotinas de exercícios físicos. Muitos abandonam o acompanhamento multiprofissional, deixando de buscar atendimentos com os profissionais nutricionistas e psicólogos.

Com esse comportamento por partes dos cirurgiados, é possível que, em menos de dois anos, consigam engordar novamente e desenvolver todos os problemas de saúde físico e mental que os afetavam antes da cirurgia. Essas dificuldades enfrentadas pelos pacientes os direcionam de fato para o insucesso da cirurgia e os sentimentos de frustração e fracasso.

Durante o período das pesquisas bibliográficas e de campo foi possível compreender a importância da realização da cirurgia bariátrica em pacientes que são afetados pelo excesso de peso. Destaca-se a percepção da imagem corporal após o procedimento cirúrgico e a importância da obtenção de um corpo perfeito como um dos fatores relevantes da aceitação social e elevação da autoestima, descrevendo a expectativa da autoimagem corporal real e ideal no pós-cirúrgico.

Os motivos que levam pessoas obesas a optarem pelo método cirúrgico estão relacionados para além dos aspectos físicos e dos inúmeros problemas de saúde que estão associadas ao acúmulo de gordura. O sofrimento psíquico produzido pela exclusão social, os estigmas e os preconceitos acabam gerando impactos severos na vida socioemocional, afetiva e sexual ocasionando transtornos capazes de desenvolver depressão e ansiedade.

Por esse motivo, foi enfatizado nesta pesquisa que a cirurgia bariátrica é uma das soluções mais eficazes para redução significativa de peso, podendo devolver a saúde física e proporcionar a elevação da autoestima. Foram identificados alguns fatores que conduzem as pessoas a adquirir excesso de gordura corporal. Dentre eles estão os aspectos nutricionais, metabólicos e psicológicos.

O consumo excessivo de alimentos pobres em nutrientes, problemas metabólicos e genéticos ou perdas significativas como de um emprego, fim de um relacionamento e até mesmo vivência de um luto, são um dos motivos levantados pela ciência para explicar o desenvolvimento dessa doença crônica e as possibilidades do óbito, caso não haja intervenções médicas e multidisciplinares.

Em vista dos argumentos apresentados, também foi proposto nesta pesquisa, mostrar de forma ampla o papel do psicólogo na aplicação dos testes que comprovam as aptidões dos candidatos nos momentos que antecedem a cirurgia, buscando identificar a presença de fatores ansiogênicos capazes de dificultar o processo pré e pós-operatório.

Ademais, buscar uma formação e um pensamento que possibilite ao psicólogo realizar suas ações interdisciplinares, que corroboram com os avanços tão necessários para saúde mental. É uma das responsabilidades que, enquanto estudantes, são de extrema relevância aprender a desenvolver não apenas teorias literárias.

Portanto, realizar as atividades de campo proporcionou uma nova reflexão e postura diante da realidade vivida e os conflitos emocionais e psicossociais enfrentados por pacientes que necessitam da intervenção cirúrgica para melhorar sua qualidade de vida.

Foram analisadas as formas de suporte da psicologia como sendo fundamental para atenção socioemocional com as características do sofrimento pessoal gerado pela obesidade. Entre elas destacam-se o trabalho do psicólogo no pré-operatório e apoio emocional, escuta sensível em relação à história do paciente com a obesidade e o olhar humanizado sem julgamentos; fornecimento de informações e orientações aos pacientes e sua rede de apoio (família) promovendo o autoconhecimento para minimizar de danos psíquicos favorecendo o bem-estar.

A realização da pesquisa proporcionou um novo olhar para atuação do psicólogo na área de transtornos alimentares e as intervenções terapêuticas em candidatos a cirurgia bariátrica, quebrando paradigmas e conceitos de uma atuação restrita.

Ao longo de todo desenvolvimento, novos questionamentos e inquietações surgiram incentivando a pesquisar, buscar conhecer ainda mais as diversas formas de atuação profissional na área hospitalar, visando prioritariamente o acolhimento, proporcionando bem estar psicossocial e a redução dos impactos causados após a realização da cirurgia. A formação continuada para o profissional de psicologia, seja para sua atuação com a equipe multidisciplinar, ou com pacientes da CB, também é um dos grandes desafios e conquistas que deve se percorrer.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[1] Dar um novo significado a uma nova experiência.

[2] Médico formado pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Cirurgia Geral. Mestre em Psicologia pela Universidade de Fortaleza - Unifor. Coordenador do centro Integrado de Tratamento da Obesidade (CITO) em Fortaleza. Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

[3] Médico formado pela USP. Doutor em Psiquiatria formado no Hospital das Clínicas da USP. Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria. 

[4] Médico formado pela USP. Doutor em Endocrinologia pela USP. Especialista em Endocrinologia e Metabologia formado no Hospital das Clínicas da USP. Professor de Pós-Graduação e orientador de Mestrado e Doutorado da USP.

[5] Psicólogo formado pela Universidade Gama Filho RJ. Especialista em Psicologia Junguiana. Mestre em Psicanálise Saúde e Sociedade.

[6] Psicóloga formada pela Universidade Paulista. Pedagoga formada pela PUCSP. Especialista em Psicologia da Infância pela USP. Mestre em Nutrição pela USP. Doutora em Nutrição pela USP. Pós- Doutora em Ciências Humanas pela UNIFESP.

[7]  Plástica do estômago (gastro = estômago, plastia = plástica) que tem como o objetivo reduzir o peso de pessoas com o IMC muito elevado.

[8] Jaqueline Machado é psicóloga, especialista em obesidade, distúrbios alimentares e neurociências ligadas à obesidade. Atua há 16 anos como coordenadora da equipe multidisciplinar juntamente com o Dr. Cid Pitombo no HECC (Hospital Estadual Carlos Chagas).

A informação verbal da psicóloga acima mencionada foi retirada de uma pesquisa anterior realizada por mim e pelo meu grupo em abril de 2018 com autorização de todos os participantes inclusive da profissional Jaqueline Machado.

[9] Gordorexia é um distúrbio que faz com que pessoas obesas se enxerguem magras ou abaixo do peso ideal.


Publicado por: Lucy Cleide Galvão Freitas de Araújo

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