Os aspectos psicológicos da obesidade em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica

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1. RESUMO

A obesidade é um fenômeno de extrema relevância no contexto atual. O objetivo desse estudo foi compreender as experiências psicológicas de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Esse estudo é uma revisão bibliográfica que teve como bases eletrônicas o Scielo, Lilacs e Pepsic. Os resultados trazem que muitos pacientes apresentam baixa autoestima, depressão, alguns se sentem preparados para a realização da cirurgia bariátrica, porém não sabem o funcionamento do procedimento. A imagem corporal é um conjunto de diferentes percepções do corpo. A ansiedade é conceituada como várias preocupações adquiridas pelo indivíduo no cotidiano. A depressão é um transtorno de humor em que há perca de interesse nas atividades diárias. Pode-se concluir que foi possível compreender as experiências psicológicas da obesidade.

Palavras-chave: Cirurgia bariátrica, imagem corporal, depressão, obesidade, aspectos psicológicos da obesidade e ansiedade.

ABSTRACT

Obesity is a phenomenon of extreme relevance in the current context. The objective of this study was to understand the psychological experiences of patients undergoing bariatric surgery. This study is a bibliographic review that had as electronic bases the Scielo, Lilacs and Pepsic. The results show that many patients have low self-esteem, depression, some feel prepared for bariatric surgery, but they do not know how the procedure works. Body image is a set of different perceptions of the body. Anxiety is conceptualized as various concerns acquired by the individual in everyday life. Depression is a mood disorder in which there is loss of interest in daily activities. It can be concluded that the studies of anxiety and depression in obesity should be deepened.

Keywords: Bariatric surgery, body image, depression, obesity, depression, obesity, psychological aspects of obesity and anxiety.

2. INTRODUÇÃO

A obesidade é um fenômeno de extrema relevância no contexto atual, é bastante evidente o crescimento mundial desta epidemia. Segundo a Organização Mundial da saúde (OMS, 2000) a obesidade é definida pelo acúmulo de gordura corporal. De acordo com estudos realizados, a obesidade é uma doença de caráter multifatorial e os principais causadores são os fatores genéticos, os hábitos não saudáveis e a dificuldade em eliminar o excesso de peso (DHURANTHAR; KEITH, 2014; SKELTON et al.,2014). Tendo esse complexo cenário, a obesidade constata grandes dilemas voltados para a atenção pública, devido as evidentes consequências na saúde integral da pessoa obesa. A característica da obesidade favorece o agravamento de doenças crônicas, e, notadamente, o surgimento de condições psicológicas e sociais (MARCELINO e PATRÍCIO, 2011).

Levando em consideração o crescente número de pessoas obesas- segundo dados do Ministério da Saúde, 51% da população brasileira estão acima do peso (BRASIL, 2012) - a OMS classifica o diagnóstico da obesidade através do Índice de Massa Corporal (IMC), que consiste em ser um método quantitativo para calcular o peso dividido pela altura ao quadrado (peso/altura)². Nesse método um IMC de 30 kg/m² ou mais é classificado como obesidade (WHO, 2006). É caracterizada como obesidade grau I quando o IMC está entre 30,0 e 34,9. Na obesidade grau II, o IMC se encontra entre 35,0 e 39,9. A obesidade grau III é definida a partir do momento em que o IMC aponta resultados acima de 40, nessa circunstância é denominada de obesidade mórbida (SEGAL E FADIÑO, 2002).

As alterações psicopatológicas, tais como transtornos de ansiedade, compulsões, uso abusivo de substâncias, transtornos de humor, além de transtornos alimentares, a saber bulimia nervosa e anorexia nervosa, estão frequentemente relacionados as comorbidades observadas após a cirurgia bariátrica (LEAL & BALDIN, 2007). Após a cirurgia bariátrica o paciente passa por mudanças comportamentais, novos hábitos alimentares, imagem corporal, podendo apresentar dificuldades de adaptação ao novo estilo de vida. Devido a essa circunstância o paciente deve ser acompanhado e avaliado por uma equipe multidisciplinar durante o tratamento (FADIÑO ET AL., 2004). Concomitante ao surgimento dessas alterações psicológicas nos pacientes, o objetivo deste estudo foi compreender as experiências psicológicas de pessoas obesas submetidas à cirurgia bariátrica.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica que utilizou como fonte de dados bases eletrônicas PEPSIC (Periódicos Eletrônicos em Psicologia), SCIELO (Scientific Eletronic Library Online) e LILACS. As palavras-chave “aspectos psicológicos da obesidade”, “cirurgia bariátrica”, “imagem corporal”, “depressão”, “obesidade”, e “ansiedade” foram utilizadas segundo descritores em saúde (DECS). As referências bibliográficas também foram utilizadas.

Os critérios de inclusão foram: foco na obesidade, caracterização dos aspectos psicológicos e explicação do procedimento da cirurgia bariátrica. Os trabalhos que não abordaram a temática e sem embasamento teórico foram excluídos. Foram selecionados artigos no idioma português, entre o ano de 2007 e 2016. O levantamento bibliográfico totalizou 33 artigos, porém 12 foram selecionados.

Figura 1. Fluxograma de inclusão e exclusão de artigos

4. RESULTADOS

Segundo Almeida (2012), não foram encontradas diferenças significativas entre os gêneros para quaisquer dos parâmetros para ansiedade, depressão e imagem corporal. De acordo com Silva e Lange (2010), a obesidade em indivíduos obesos do sexo feminino desencadeia aspectos psicológicos, tais como: baixa autoestima, ansiedade, angústia, agressividade, tristeza, compulsão, negação, insatisfação com a imagem corporal.

Conforme Dallegrave (2010), a maioria dos pacientes bariátricos sente-se preparada para a cirurgia bariátrica na primeira entrevista psicológica, mas não conhece o método a qual será submetida. Grande parte não tem tratamento para o aspecto psicológico/psiquiátrico que acompanha a doença e não muda o estilo de vida após a operação. Rocha e Costa (2012) sinalizaram que a ansiedade está presente nos indivíduos com obesidade mórbida, mas, de acordo com as análises efetuadas, não parece haver correlações significativas entre a ansiedade, depressão, autoconceito e o IMC.

Enhrenbrink (2009) aponta que os efeitos posteriores à realização da cirurgia bariátrica são similares aos efeitos produzidos por alguns transtornos alimentares. Segundo a pesquisa de levantamento realizada por Lima e Oliveira (2016), os participantes apresentaram sintomas de ansiedade, estresse e um perfil disfuncional relacionado ao padrão alimentar e à autoestima, além de comportamentos não saudáveis, tais como alimentação compulsiva e baixa adesão a atividades físicas.

Segundo a pesquisa realizada por Leal e Baldin (2007), as entrevistadas expressaram expectativas além do emagrecimento, como a resolução dos conflitos interpessoais e conjugais, assim como mudanças de traços definidos de suas personalidades. Constatou-se, também, o uso de substâncias (álcool e tabaco) associado a comportamentos de risco (envolvimento extraconjugal e direção perigosa). O estudo realizado por Almeida (2012) mostra que não foram encontradas diferenças significativas entre os sexos para quaisquer dos parâmetros investigados para imagem corporal, ansiedade e depressão.

Estudos realizados por Moliner e Rabuske (2008) apontaram que os fatores etiológicos do sobrepeso foram: ansiedade, sedentarismo, hábitos alimentares, eventos estressores e tendência biológica. A decisão para a realização da cirurgia foi caracterizada pela expectativa dos resultados para a saúde, as relações sociais e de trabalho e autoestima. Na pesquisa feita por Marcuzzo (2012) foi verificado que as mulheres estão mais insatisfeitas com o corpo, sendo o principal motivo as comparações com as imagens midiáticas. Análises feitas por Mota (2014) evidenciam que a EFS apontou que a maioria das entrevistadas superestimou seu IMC real e 100% estavam insatisfeitas.

Pesquisa feita por Magdaleno Jr. (2009) aponta que foram identificadas três estruturas psicológicas: estrutura melancólica, estrutura desmentalizada e estrutura perversa.

Quadro 1- Descrições das produções científicas do estudo

Título/autor/ ano

Objetivo

Tipo de estudo

Conclusão

Fatores biopsicossociais envolvidos na decisão de realização de cirurgia bariátrica/ Juliana de Moliner e Michelli Morone Rabuske (2008).

Conhecer os fatores biopsicossociais envolvidos na decisão de realização da cirurgia bariátrica.

 

Qualitativo


 

 

A decisão de realizar a cirurgia bariátrica resultou de um conjunto de concepções dos pacientes sobre as consequências da obesidade mórbida para a saúde.


 

 

Imagem corporal, ansiedade e depressão em pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica/ Sebastião Sousa Almeida; Daniela Peroco Zanatta e Fabiana Faria Rezende (2012).

Investigar os níveis de ansiedade e depressão.

Quantitativo

 

A cirurgia bariátrica foi eficiente em reduzir não apenas o peso ao longo do estudo, mas também a insatisfação dos mesmos com a imagem de seu corpo.

 

Um novo olhar sobre a cirurgia bariátrica e os transtornos alimentares/ Petra Paim Ehrenbrink; Elzimar E. Peixoto Pinto e Fernanda Loureiro Prando (2012).

Investigar as possíveis mudanças ocorridas após a cirurgia bariátrica.

Qualitativo

Muitas vezes as pessoas, com o objetivo de livrar-se da obesidade, acabam não se atentando para as possíveis consequências psicológicas
da realização da cirurgia.

 

A construção da imagem corporal de sujeitos obesos e sua relação com os imperativos contemporâneos de embelezamento corporal/ Miquela Marcuzzo, Santiago Pich, Maria Glória Ditrich (2012).

 

Analisar a relação entre a história de vida dos sujeitos obesos e os imperativos de embelezamento corporal na atualidade.

 

Qualitativo

 

Existem evidências que permitem sustentar a hipótese quanto a decisiva influência dos imperativos de embelezamento corporal do sujeito obeso.

 

Imagem corporal, ansiedade e depressão em mulheres submetidas à cirurgia bariátrica/ Diana Cândida Lacerda Mota, Telma Maria Braga Costa, Sebastião Sousa Almeida (2014).

Avaliar mulheres submetidas à cirurgia bariátrica quanto ao estado nutricional (peso e IMC) e aos níveis de sintomas de ansiedade e depressão.

 

Qualitativo

 

A perda de peso pode ter contribuído para a melhora das doenças associadas e ao excesso de peso, bem como para a diminuição dos sintomas de ansiedade e depressão após a cirurgia bariátrica.

 

Acompanhamento psicológico tardio em pacientes indicados à cirurgia bariátrica/ Simone Dallegrave (2010).

Avaliar as condições pós-operatórias mediatas e tardias de pacientes bariátricos em contexto global.

Qualitativo

As motivações que levam os indivíduos a procurar a cirurgia bariátrica são calcadas nos retornos sociais, padrões estéticos e no desejo psicológico de mudança de vida.

Aspectos psicológicos na obesidade mórbida: Avaliação dos níveis de ansiedade, depressão e do autoconceito em obesos que vão ser submetidos à cirurgia bariátrica/ Carla Rocha e Eleonora Costa (2012).

Avaliar os níveis de ansiedade, depressão e autoconceito em obesos que vão ser submetidos à cirurgia bariátrica.

Quantitativo

 

Nem todos os sujeitos apresentam graus significativos de perturbações psicológicas.

Características psicológicas de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica/ Ronis Magdaleno Jr., Elinton Adami Chaim e Egberto Ribeiro Turato (2009).

Definir algumas estratégias para o manejo com os pacientes e com a equipe de profissionais de saúde envolvida com a realização da cirurgia bariátrica.

Qualitativo

Presença de especialistas em saúde mental que aplicariam estratégias de abordagem psicológica pré e pós-operatórias individualizadas.

 

Avaliação Psicológica e imagem corporal no preparo para cirurgia bariátrica/ Jéssica Inácio de Almeida Prado; Margareth Regina G. Veríssimo de Faria e Claudia Cezar Ferreira (2014).

Avaliar a imagem corporal de pessoas obesas em preparo para cirurgia bariátrica.

 

Qualitativo.

Os desenhos da pessoa humana do HTP, nestes casos, mostraram realmente a dificuldade enfrentada pelos participantes tanto no âmbito social como no psicológico, influenciando nas suas emoções e na forma como enfrentam a realidade.

Fatores psicológicos da obesidade e alguns apontamentos sobre a terapia cognitivo-comportamental/ Ana Carolina Rimoldi de Lima e Angélica Borges Oliveira (2016).

Avaliar os fatores psicológicos que dificultam o emagrecimento em uma amostra de indivíduos em tratamento para a obesidade

 

Qualitativo e quantitativo

A amostra estudada apresentou dificuldade para emagrecer, pensamentos disfuncionais, baixa autoestima e dificuldade em manter peso perdido.

Imagem corporal: A percepção do conceito em indivíduos obesos do sexo feminino/ Guidélia da Silva e Elaine S. Neves Lange. (2010).

Avaliar os níveis de ansiedade, depressão e autoconceito em obesos que vão ser submetidos à cirurgia bariátrica.

Quantitativo

Nem todos os sujeitos apresentam graus significativos de perturbações psicológicas.

O impacto emocional da cirurgia bariátrica em pacientes com obesidade mórbida/ Cristiano Leal e Norma Baldin (2007).

 

Relatar os fenômenos psicológicos envolvidos no procedimento da cirurgia bariátrica e suas implicações.

Qualitativo

 

O problema da obesidade ficou evidenciado como parte de uma complexa situação que envolve o estado físico e emocional das pessoas.

Fonte: Dados da pesquisa.

5. DISCUSSÃO

De acordo os estudos nacionais e internacionais as pessoas possuem um alto nível de estresse, ansiedade e pensamentos disfuncionais relacionados ao comportamento alimentar, a percepção diante de si, no entanto fica esclarecida a importância dos aspectos psicológicos no desenvolvimento e manutenção da obesidade (OLIVEIRA e FONSECA, 2006). As taxas depressão e ansiedade são entre três e quatro vezes maiores em indivíduos obesos do que em magros (GREENBERG et al., 2012). É fundamental a presença da equipe multidisciplinar para o tratamento da obesidade, mas antes da realização de uma intervenção é necessário trabalhar com as crenças do indivíduo, como o mesmo lhe dá diante de sua imagem corporal, assim como os seus sentimentos, paciente. Um dos métodos fundamentais é a Terapia Cognitivo- Comportamental para trabalhar as crenças disfuncionais.

A depressão e a ansiedade aparecem com maior incidência nas entrevistas pós-operatórias. Percebe-se que os pacientes desejam realizar a operação, porém não sinalizam a importância de preparo para a realização do procedimento, e não conseguem efetivar a mudança de comportamento para adquirir resultado positivo de longo prazo, devido ao abandono do tratamento (MARCHESINI, 2010). É importante ressaltar que no período pré-operatório deve haver uma preparação em que o psicólogo informará ao paciente os possíveis riscos que a apresentados pela cirurgia, as responsabilidades que o mesmo irá arcar, assim como os benefícios.

De acordo com o estudo, evidencia-se que a procura maior para o tratamento da obesidade é efetivada pelo sexo feminino nos grupos A e B. As mulheres tendem a sofrer uma cobrança social e a obesidade pode contribuir para o desencadeamento do estresse excessivo (BAPTISTA, 2008). As mulheres têm se preocupando em atingir o padrão de beleza estabelecido pela sociedade, em que esse padrão não se encaixa com a realidade que as mesmas vivem, as mídias sociais tem contribuído para as mesmas conquistarem o corpo perfeito, corporal, na medida em que a procura para o alcance da satisfação corporal é excessiva, pode ser desencadeado um transtorno.

Os dados apontam que as pacientes possuem uma alimentação desequilibrada, padrão que contribui para o acúmulo de peso. (ANDERSON e WADDEN, 2002). É importante frisar que as pacientes convivem com outra pessoa obesa no cotidiano, a maioria delas ingere uma grande quantidade de alimentos açucarados e gordurosos. As questões emocionais devem ser sanadas, devido à rotina estressante do dia a dia, as mesmas desenvolvem estresse, angústia dentre outros, e descontam na comida. Anderson e Wadden (2000) relatam que muitas pessoas consomem os alimentos excessivamente mesmo não estando com fome.

Após o período da cirurgia bariátrica houve mudanças satisfatórias na rotina dos pacientes na fase pós-operatória estão satisfeitos com a nova imagem corporal, possuem a autoestima renovada, surge uma nova vontade de cuidar de si mesmo, consequentemente alteram o estilo de vida para melhor. (MORENO, 2011). Os pacientes que decidem se submeter ao procedimento cirúrgico possuem uma autoestima baixa, os fatores emocionais sofrem influenciam e permitem ao indivíduo desenvolver ansiedade, depressão, os mesmos são cobrados socialmente a cumprirem um estereótipo estabelecido como padrão.

O procedimento cirúrgico foi marcado como transição para uma modificação radical evidenciando a eliminação do excesso de peso e os cuidados no período pós-operatório (MOLINER e RABUSKE, 2008). Depois que o paciente passa pela cirurgia bariátrica, o paciente adota hábitos mais saudáveis, como a prática de atividade física e uma alimentação saudável o organismo do mesmo aos poucos se adapta a receber pouca quantidade de alimentos, mudanças que contribuem para uma eliminação de longo prazo. Os pacientes do sexo feminino encontram um alvo para culpabilizar reconhecendo que os fatores socioculturais são relevantes para os aspectos psicológicos (SILVA e LANGE, 2010). Os fatores culturais e sociais na qual o paciente está inserido são provocadores de causas emocionais, o indivíduo passa a não aceitar a sua imagem corporal diante do que é imposto como padrão social.

Em algumas falas dos entrevistados foram abordados como aspectos psicológicos da obesidade a ansiedade e depressão, relatam que hoje em dia a obesidade tornou-se desvalorizada na sociedade, muitos sofrem preconceito no ambiente familiar (GREJANIN et al., 2007). Na época primitiva, o acúmulo de peso era visto como forma saudável, porém, na atualidade essa visão foi desconstruída, devido ao surgimento de estudos de doenças cardiovasculares que comprovam que a obesidade é um dos fatores de sua causa. Nota-se que os aspectos psicológicos como depressão e ansiedade foram nomeados pontos negativos. A motivação foi o sentimento positivo impulsionador responsável pela mudança dos hábitos alimentares, assim como intervenção da equipe multidisciplinar a fim de obter respostas terapêuticas (FRANÇA et al., 2012). Os fatores negativos foram considerados desestimulantes para o paciente dar continuidade ao processo, e os fatores positivos contribuíram para o mesmo modificar suas crenças, assim como seus hábitos saudáveis.

A cirurgia bariátrica é definida como uma técnica bastante eficaz que contribui para a eliminação e a manutenção do peso (ARASKI et al., 2005). O procedimento provoca no obeso mórbido além do emagrecimento, modificações na vida social, assim como, interromper a forma de aliviar momentos de tensões por meio de ingestão alimentar excessiva (FRANQUES, 2002). É necessário que o paciente realize uma avaliação psicológica para que possa verificar as mudanças e os aspectos que podem comprometer ao tratamento, ajudando o paciente a entender sua maneira de se alimentar atualmente e no futuro e como isso pode vir a influenciar no seu estilo de vida.

A depressão é classificada como transtornos do humor segundo o manual diagnóstico DSM V, na qual há a perda de interesse na realização das atividades no cotidiano (SIMON et al., 2006). Cerca de 15% a 30% dos pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica possuem depressão 50% foi diagnosticado com Depressão Maior (ROSE, 2008). Os indivíduos que estão deprimidos se alimentam compulsivamente de alimentos ricos em açúcar e carboidratos, alguns não se alimentam. Eles não demonstram interesse e disposição na prática de exercícios físicos e a baixa autoestima deles se deve pelo acúmulo de gordura corporal.

A imagem corporal é conceituada como uma variedade de percepções, pensamentos que o indivíduo possui de seu corpo (CASH e PRUZINSK, 2002). As imagens são criadas a partir do olhar do outro, corpos funcionais através da medicalização, a transição para a o envelhecimento e as limitações corporais são enfrentamentos diários que o obeso passa no dia a dia (APPOLINARIO e LATINO 2000). Com a evolução da tecnologia, pode ser sanada que a mídia influencia as pessoas a querer conquistar o corpo perfeito, um exemplo que é das blogueiras fitness. As propagandas de remédios para emagrecer tem virado tendência na contemporaneidade, convencendo o consumidor a adquirir tal produto, fazendo promessas do tipo “o cliente ficará satisfeitos com os primeiros resultados”, mal sabendo o indivíduo do risco que esses medicamentos podem trazer para a saúde. O indivíduo encontra várias maneiras para conquistar o corpo estabelecido pelos padrões de beleza.

A ansiedade é uma preocupação que está presente durante o cotidiano do sujeito, segundo o DSM IV(2002). A ansiedade pode causar atitudes disfuncionais nos pacientes obesos, pois os pacientes descontam essa preocupação na comida (SILVA, 2001). Mather et al.(2009) aponta que de acordo com evidências, a obesidade possui uma variedade de pertubações que vão além da depressão e a ansiedade. O indivíduo está cada dia mais ansioso. É comum as pessoas pensarem que algo vai dar errado, mesmo que não tenha ainda acontecido, preocupações diárias do dia a dia. Os estudos mostram que as mulheres obesas apresentam maior percentual de ansiedade relacionado aos homens. São diversos os fatores que confirmam essa afirmativa tais como falta do apoio familiar, ambiente de estresse, baixa autoestima, dentre outros.

6. CONCLUSÃO

Este estudo possibilitou a compreender os aspectos psicológicos da obesidade, assim como ficou evidenciado a presença do psicólogo antes e depois do período cirúrgico. Falar da avaliação psicológica foi bem importante, é sempre bom reforçar a finalidade da mesma antes da cirurgia, para o indivíduo obeso ficar consciente. Além da depressão e ansiedade, a obesidade comporta uma variedade de perturbações.

No estudo houve pontos fracos tais como a disposição de artigos na língua portuguesa e na língua inglesa e o ponto mais forte é que um conteúdo recente, que é pouco estudado, em que a procura de materiais sobre o assunto foi satisfatória. Entende-se que é necessário intensificar os estudos sobre a ansiedade e depressão na obesidade, pois não há informações da sobre elas de forma detalhada nesse contexto.

7. REFERÊNCIAS

1) MOLINER, Juliana de; RABUSKE, Michele Moroni. Fatores biopsicossociais envolvidos na decisão de realização da cirurgia bariátrica. Revista Psicologia: teoria e prática. 2008; 10(2); p.p. 44-60. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S151368720080002004

2) LEAL, Cristiano; BALDIN, Norma. O impacto emocional da cirurgia bariátrica em pacientes com obesidade mórbida. Revista de Psiquiatria. 2007; 29(3); p.p. 324-327. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082007000300013

3) SILVA, Guidélia da; LANGE, Elaine S. Neves. Imagem corporal: A percepção do conceito em indivíduos obesos do sexo feminino. Revista Psicologia e Argumento. 2010; 28(60); p.p 43-54. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/19779/19087

4) ROCHA, Carla; COSTA, Eleonora. Aspectos psicológicos na obesidade mórbida: Avaliação dos níveis de depressão, ansiedade e do autoconceito em obesos que vão ser submetidos à cirurgia bariátrica. Revista Análise Psicológica. 2012; 30(2); p.p 451-466. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870823120120003007

5) MAGDALENO JR, Ronis; CHAIM; Elinton Adami; TURATO, Egberto Ribeiro. Características psicológicas de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Revista de Psiquiatria. 2009; 31(1); p.p. 73-78. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082009000100013

6) LIMA, Ana Carolina Rimoldi; BORGES, Angélica. Fatores psicológicos e alguns apontamentos sobre a terapia cognitivo-comportamental. Revista Mudanças- Psicologia da Saúde. 2016; 24(1); p.p. 1-14. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/MUD/article/view/6465

7) DALLEGRAVE, Simone. Acompanhamento tardio em pacientes indicados à cirurgia bariátrica. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Diagnóstica (ABCD). 2010; 23(2); p.p.108-113. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-67202010000200010&script=sci_abstract&tlng=pt

8) MOTA, Diana Cândida Lacerda; COSTA, Telma Maria Braga; ALMEIDA, Sebastião Sousa. Imagem corporal, ansiedade e depressão em mulheres submetidas à cirurgia bariátrica. Revista Estudos de Psicologia. 2012; 17(1); p.p. 153-160. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2012000100019

9) MARCUZZO, Miquela; PICH, Santiago; DITRICH, Maria Glória. A construção da imagem corporal de sujeitos obesos e sua relação com os imperativos contemporâneos de embelezamento corporal. Revista Interface: Comunicação, Saúde e Educação. 2012; 16(43); p.p. 946-953. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141432832012000400007&script=sci_abstract&tlng=pt

10) ALMEIDA, Sebastião Sousa; ZANATTA, Daniela Peroco e REZENDE, Fabiana Faria. Imagem corporal, ansiedade e depressão em pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica. Revista Estudos de Psicologia. 2012; 17(1); p.p. 153-160. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413294X201200010009

11) EHRENBRINK, PINTO,Elzimar E. Peixoto; PRANDO, Fernanda Loureiro. Um novo olhar sobre a cirurgia bariátrica e os transtornos alimentares. Revista Psicologia Hospitalar. 2009; 7(1); p.p. 88-105. Disponível: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S167774092009000100006

12) PRADO, Jéssica Inácio de Almeida; FARIA, Margareth Regina G. Veríssimo de; FERREIRA, Claudia Cezar.Avaliação psicológica e imagem corporal no preparo para a cirurgia bariátrica. Revista Interdisciplinar de Ciências Humanas. 2014; vol.7; p.p. 97-106. Disponível: http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/fragmentos/article/view/3568/2072


Publicado por: Paula Cunha de Jesus

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