INTERVENÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL DURANTE A DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA

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1. RESUMO

Para a elaboração deste projeto foi realizada uma revisão bibliográfica narrativa de produções anteriores que analisaram a depressão na adolescência e as principais estratégias de intervenção da Teoria Cognitivo Comportamental (TCC). Pretende-se elucidar neste artigo os acometimentos psicológicos vivenciados por adolescentes que sofrem com a depressão. A depressão até pouco tempo atrás era vista somente como doença de adulto, mas cada vez mais adolescentes são diagnosticados com a doença. Uma doença grave que se não tratada e acompanhada por profissionais especializados e apoio dos responsáveis pode gerar consequências fatais como o suicídio.

Palavras-chave: Depressão; Adolescência; Doença; Suicídio; TCC.

2. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se que a depressão atinja um em cada cinco jovens entre 12 e 18 anos (faixa etária considerada como adolescência no Brasil). Há uma lista de motivos por trás do panorama tão assustador. Questões sobre sexualidade, dificuldade em lidar com frustrações, bullying, além de pressão pela escolha da carreira e por um bom desempenho escolar estão na base de conflitos que podem funcionar como agravantes.

A fase da adolescência por si só já é bem difícil, sai da infância para uma fase de mudanças corporais e psicológicas. Tem os hormônios quase que em erupção, descoberta da sexualidade, decepções, e muitas vezes falta de atenção dos pais ou responsáveis. Muitas informações e acontecimentos que um adolescente ainda não tem amadurecimento suficiente para entender e resolver, e isso pode desencadear grandes confusões e sofrimentos para ele.

A depressão é a principal doença e motivo de inaptidão entre os adolescentes, segundo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no primeiro relatório completo sobre os problemas de saúde dos adolescentes, elaborado com os dados fornecidos por 109 países. Os demais problemas nesta faixa etária estão relacionados ao cigarro, consumo de drogas e bebidas alcoólicas, Aids, transtornos mentais, nutrição, sexualidade e violência. Alguns estudos demonstram que todas as pessoas que sofrem de problemas mentais apresentam os primeiros sintomas a partir dos 14 anos. Segundo a OMS, se os adolescentes fossem tratados a tempo, "mortes e sofrimentos durante toda uma vida poderiam ser evitados” (OMS, 2014, online).

Assim, o problema de pesquisa se apresenta como o seguinte: quais são as principais estratégias de intervenção da TCC em adolescentes com depressão? O objetivo geral do artigo será: discutir a contribuição da TCC no acompanhamento da depressão durante a adolescência e como objetivos específicos, iremos:

  • Caracterizar a depressão;
  • Caracterizar o período da adolescência;
  • Descrever as características da depressão na adolescência;
  • Descrever a Teoria Cognitivo Comportamental (TCC);
  • Apresentar técnicas da TCC que corroborem o tratamento  da depressão na adolescência.

Foi utilizado a base de dados SciELO - Scientific Electronic Library Online e a ferramenta Google Scholar, os descritores utilizados para a coleta do material foram: depressão, depressão na adolescência e teoria cognitivo comportamental (TCC). Além de artigos disponíveis nas bases de dados pesquisadas, foram consultados livros para a elaboração desse projeto. Foram encontrados 98 artigos e pré-selecionados inicialmente foram 20 dos quais após o procedimento de leitura e analisarmos quais estavam dentro do tema proposto para nossa pesquisa foram selecionados definitivamente 10. Além das consultas a livros de alguns autores para fundamentar, teoricamente, a pesquisa, entre eles o de Judith S. Beck (2013).

3. CARACTERÍSTICAS DA DEPRESSÃO

Furegato, Santos e Silva (2008 apud MARQUES 2014), relatam depressão como um transtorno de humor e afeto, que tem sido de uma característica epistemológica existente de uma perda, essa perda pode ser de apetite, falta de energia, inutilidade, sentimento de culpa, e pensamento de morte. Ainda segundo os autores, é uma patologia grave, que pode levar o sujeito a um baixo rendimento, podem tentar se sentir melhor com o uso de drogas, e leva também ao rebaixamento da autoestima.

A depressão, “envolve período de sintomas nos quais um indivíduo vivencia um humor triste excepcionalmente intenso”. O humor triste, excepcionalmente elevado é conhecido como disforia. Segundo os autores, a depressão maior, é quando o indivíduo vivencia casos de sintomas depressivos agudos, mas com tempo reduzido (WHITBOURNE; HALGIN, 2015, p. 164).

De acordo com Beck (1997 apud DELITTI, 2000) para a Terapia Cognitiva o comportamento do depressivo ocorre da seguinte forma: 1- O indivíduo deprimido tem uma visão negativa de si mesmo, do mundo e do futuro; 2- Existem esquemas ou padrões cognitivos mais ou menos estáveis segundo os quais o indivíduo organiza suas experiências; 3- Erros cognitivos: inferências arbitrárias, hipergeneralização e raciocínio dicotômico (péssimo/ ótimo; tudo/nada).

Atualmente, cada vez mais tem crescido o número de pessoas acometidas pela depressão, sendo este um transtorno que desde os tempos passados tem sido visível mesmo que de forma branda entre os indivíduos, porém somente neste século têm ganhado tanta evidência (BARBOSA, 2006).

A depressão pode ser observada nos atendimentos básicos de saúde, com isso existe um grande aliado nesse procedimento que são as campanhas de conscientização, onde é muito importante a participação da população no modo geral, não apenas dos profissionais realizando e conscientizando à busca pela ajuda, pois o transtorno da depressão causa aos indivíduos não apenas perdas financeiras, mas envolve todo âmbito da vida, podendo chegar ao suicídio (ABELHA, 2014).

4. CARACTERÍSTICAS DO PERÍODO DA ADOLESCÊNCIA

Entende-se que a identidade desenvolve-se por todo o ciclo da vida, mas é na fase da adolescência que ocorrem as transformações mais importantes. A preocupação com a identidade torna-se mais consciente e intensa por vários fatores, entre os quais o autor destaca a “maturação biológica, o desenvolvimento cognitivo alcançado e as demandas sociais para comportamentos mais responsáveis” (ZACARES,1997, p. 2). Segundo o autor, é a “primeira etapa da vida em que se tem todos os ingredientes para a construção de uma identidade singular” (ZACARES,1997, p. 2).

Adolescência é a última, e a mais complexas das fases do desenvolvimento, uma fase que vem depois da infância, e que segundo as normas e políticas de saúde do Ministério de Saúde do Brasil, pode ter seu início por volta dos dez anos podendo estender-se aos vinte e quatro anos. Os anos da adolescência frequentemente são anos de conflitos. Parte dela é simplesmente uma tentativa mal orientada de estabelecer individualidade. Em alguns momentos sente prazer em mostrar seus gostos e opiniões de forma exagerada, imoderado com questionamento e uma fragilidade que é caracterizada em uma busca pela sua identidade, sendo assim são estabelecidos questionamentos críticos quanto as escolhas dele próprio e de seus familiares, em busca de sua autonomia e autoconfiança (EISENSTEIN, 2005).

A adolescência representa um período de contínuas e profundas transformações, tanto no nível psíquico quanto no físico e social. O sujeito, ao entrar na adolescência, passa a residir em um novo corpo, que clama por uma nova identidade e que marca a sua passagem da esfera familiar à esfera social. Essas mudanças geram um intenso sofrimento, pois acarretam perdas referentes à imagem infantil, aos pais idealizados da infância e à identidade infantil. Essas perdas, por sua vez, representam um rompimento com o passado a fim de que seja possível ao adolescente investir no futuro, desligando-se dos pais e tornando-se apto a realizar suas escolhas (LEVISKY, 2002; OUTEIRAL, 2008). Essas transformações decorrentes da adolescência fazem o sujeito perder as suas referências, não tendo mais uma representação de si mesmo, uma vez que sua nova imagem ainda se encontra em construção.

O período da adolescência vem carregado de projetos e ambições de uma personalidade em que o indivíduo toma consciência dos objetivos que deseja atingir e parte em busca dos mesmos por meios próprios, “seus traços psíquicos particulares e seu estilo de vida, continua solidamente ligado às fases que o enquadram” (DEBESSE, 1972, p. 104). Para o autor, esse é o período de crescimento mais sensível, pois é na adolescência que as transformações corporais e psíquicas que impressionam os adolescentes, na medida em que ele se interessa por si, porque as diferentes condutas podem ser observadas de um dia para o outro, surpreendendo-o. Essa evolução manifesta-se em todas as áreas da vida mental, como na personalidade social, e não apenas no domínio corporal e afetivo, todo o conjunto do modo de agir se transforma.

Ainda segundo Debesse (1972), o aspecto mais característico da evolução do adolescente é a puberdade, com a instalação da função reprodutora, pois seu desenvolvimento físico e mental pode ser alterado se faltar, ou se acontecer cedo demais ou tarde demais. É um mecanismo muito complexo essa maturação sexual, a evolução biológica pode ocorrer de forma natural e pode apresentar perturbações, como a má regulação hormonal e as doenças glandulares, que são da competência de um médico, cabendo ao psicólogo o acompanhamento dos aspectos mentais dessa fase.

5. CARACTERÍSTICAS DA DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA

A oposição de ideias entre a necessidade vincular e a autonomia do sujeito é ponto central para que se possa compreender a problemática da depressão na adolescência, a partir da visão de Jeammet e Corcos (2005). Para os autores esta psicopatologia revela o caráter ameaçador do vínculo para o sujeito. Isto se deve a uma falha na adaptação do objeto externo às necessidades da criança, que acaba por torná-la insegura diante da sua realidade interna e fazê-la recorrer a um superinvestimento defensivo nos objetos externos. A conquista da autonomia pelo adolescente depende dos vínculos que estabeleceu ao longo da sua vida, pois a construção de uma nova identidade implica a procura de processos de troca e de interiorização; e quando o adolescente percebe a autonomia como antagônica às relações vinculares, os mecanismos de identificação são bloqueados, ocorrendo um prejuízo na formação da sua personalidade e no seu desenvolvimento mental.

Em adolescentes existem importantes características fenomenológicas que são típicas do transtorno depressivo maior nesta fase da vida. Adolescentes com depressão apresentam-se principalmente irritáveis e instáveis, ao invés de demonstrarem ou queixarem-se de tristeza, podendo ocorrer crises frequentes de explosão e raiva. Acredita-se que mais de 80% dos jovens deprimidos apresentam humor irritado (KAZDIN & MARCIANO, 1998) e ainda perda de energia, apatia e desinteresse importante, retardo psicomotor, sentimentos de desesperança e culpa, perturbações do sono, principalmente hipersonia, alterações de apetite e peso, isolamento e dificuldade de concentração.

A capacidade de um adolescente observar essas mudanças é pouca, pois confunde-se com os estigmas que a fase da adolescência carrega. Quando não identificada e tratada, a depressão pode permanecer na fase adulta (MARQUES, 2014).

Deve-se suspeitar de depressão em adolescentes que apresentam problemas escolares (afastamento da escola ou queda importante no rendimento escolar), familiares e legais, alterações significativas de peso corporal, abuso de substâncias (álcool e drogas), comportamento sexual de risco e problemas de conduta (explosões de raiva, brigas frequentes, vandalismo e roubos). E ainda, estados de humor irritável ou depressivo duradouro e/ou excessivos, períodos prolongados de isolamento ou hostilidade com família e amigos, afastamento de atividades grupais, fugas de casa e presença de queixa física imprecisa, persistente e sem esclarecimento etiológico (SADLER, 1991; VILELA, 1996; WARD e cols., 2000).

6. A TEORIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL (TCC)

A Terapia Cognitiva Comportamental utiliza o conceito da estrutura “biopsicossocial” na determinação e compreensão dos fenômenos relativos à psicologia, no entanto constitui-se como uma abordagem que focaliza o trabalho sobre os fatores cognitivos da psicopatologia. Assim, a Terapia Cognitiva tem como objeto de estudo principal a natureza e a função dos aspectos cognitivos, ou seja, o processamento de informação que é o ato de atribuir significado a algo (BECK, 1997).

A TCC corrobora o aspecto do modelo biopsicossocial ser um conceito amplo que visa estudar a causa ou o progresso de doenças utilizando-se de fatores biológicos, fatores psicológicos e fatores sociais. E a OMS - Organização Mundial de Saúde, prevê a definição de saúde como um estado completo de bem estar físico, mental e social do ser humano, ao contrário do senso comum, que infere ao termo a ideia de ausência de doenças. À esta abordagem, que cuida das instâncias biológicas, mentais e sociais, chamamos de modelo biopsicossocial, que atende diretamente ao conceito de saúde estabelecido pela OMS, em 1948, pois os conceitos de saúde e de doença são analisados em sua evolução histórica e em seu relacionamento com o contexto cultural, social, político e econômico, evidenciando a evolução das ideias nessa área da experiência humana (SCLIAR, 2007, p. 29).

De acordo com Beck (1995) uma das vantagens da terapia cognitiva é o caráter de participação ativa do cliente no tratamento, de modo que o cliente é auxiliado a Identificar suas percepções distorcidas; Reconhecer os pensamentos negativos e buscar pensamentos alternativos que reflitam a realidade mais de perto; Encontrar as evidências que sustentam os pensamentos negativos e os alternativos; Gerar pensamentos mais consistentes e dignos de crédito ligados a determinadas situações em um processo chamado reestruturação cognitiva.

A abordagem teórica da Terapia Cognitiva apresenta resultados positivos, as pessoas deprimidas que expressam pensamentos automáticos negativos e distorcidos, sobre si mesmo, sobre o mundo, seu futuro, na maioria das vezes esses pensamentos não condizem com a realidade vivida, por isso, “distorcidos” criando um chamado processo “vicioso” onde o pensamento negativo afeta seus sentimentos e emoções, consequentemente aumenta a intensidade desses pensamentos negativos. As cognições negativas surgiriam da ativação de crenças disfuncionais subjacentes, aprendidas, construídas e mantidas, de forma inconsciente, desde a infância. A característica essencial desta terapia é o uso de uma abordagem colaborativa, de “testagem” das hipóteses distorcidas do paciente (SCHESTATSKY, 1999)

Segundo Lima e Derdyck (2001, p. 491), seja em atendimento individual ou grupal, o objetivo da Terapia Cognitiva é sempre o mesmo “facilitar a aprendizagem de novos comportamentos e cognições”. A Terapia Cognitiva mantém um critério rigoroso de técnicas, que exige muito do profissional psicólogo ter as habilidades necessárias e da pessoa depressiva colaborar para essa prática. O item fundamental para o psicólogo atuar com êxito é sempre instalar a esperança, pois, em pessoas depressivas a esperança é um sentimento muitas vezes distante, pois, em sua maioria as pessoas se encontram sem perspectivas para o futuro.

O modelo cognitivo propõe que o pensamento disfuncional (que influencia o humor e o pensamento do paciente) é comum a todos os transtornos psicológicos. Quando as pessoas aprendem e avaliam seus pensamentos de forma mais realista e adaptativa, elas obtêm uma melhora em seu estado emocional e no comportamento. (BECK, 2013).

7. TÉCNICAS DA TCC QUE CORROBOREM O TRATAMENTO DA DEPRESSÃO NA ADOLECÊNCIA

7.1. TÉCNICAS COGNITIVAS

Conforme coloca Rangé (2001), as técnicas cognitivas, amplamente utilizadas pelo terapeuta nas sessões, consistem em identificar, testar na realidade, e corrigir crenças e pensamentos automáticos negativos. O paciente aprende a identificar os momentos em que sua disforia tende a aparecer mais frequentemente (“períodos críticos”), e aprende a detectar pensamentos automáticos. Num segundo momento, o paciente aprende a analisar os pensamentos automáticos, buscando enxergar distorções nos mesmos, onde passa então a questioná-los para obter interpretações mais realistas dos fatos a sua volta.

7.2. TAREFAS DE CASA

Um aspecto central da terapia cognitivo-comportamental é o terapeuta fornecer tarefas de casa para o paciente, visando que o mesmo utilize o tempo fora das sessões para novas experiências e exercícios corretivos de suas crenças disfuncionais (RANGÉ, 2001). Algumas tarefas podem estar relacionadas ao Registro diário de pensamentos disfuncionais, Plano Semanal de Atividades Diárias, etc.

7.3. REGISTRO DIÁRIO DOS PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS (RDPD)

Como tarefa de casa, o terapeuta utiliza amplamente esse exercício, que como Rangé (2001) assinala, busca que os pacientes anotem todos os seus pensamentos disfuncionais associados com seus estados de disforia para posterior análise ou para que o próprio paciente tente reestruturá-los.

7.4. O MÉTODO SOCRÁTICO

São perguntas que o terapeuta faz para o paciente buscando questionar os fundamentos de seus pensamentos automáticos e que, reconhecendo a ausência deles, possa modificá-los. Buscam-se as evidências que sustentam ou não as crenças e pensamentos automáticos, bem como sobre outras possíveis alternativas de interpretar as situações (RANGÉ, 2001). O método socrático é amplamente utilizado pelo terapeuta nas sessões.

Cordioli (2004), ao falar do questionamento socrático, coloca que este deve focalizar os pensamentos, onde depois de reconhecê-los, o paciente deve-se perguntar (ou o terapeuta deve perguntar ao paciente): “Que evidências tenho de que aquilo que passou pela minha cabeça naquele momento é verdadeiro?”; “Que evidências são contrárias ao que pensei?”; “Existem explicações alternativas?”; “Que provas tenho de que de fato o que imaginei na ocasião vai acontecer?”; “O que outras pessoas pensariam na mesma ocasião?”, etc.

7.5. TESTES COMPORTAMENTAIS

Conforme Cordioli (2004), uma forma de modificar crenças é desafiá-las em situações práticas. Nesse exercício, a crença é considerada uma hipótese, onde o paciente rejeita ou confirma, conforme testado na prática, em situações reais. Através de testes comportamentais, pode-se pedir, por exemplo, que um paciente que possua crenças do tipo: “Nada do que falar em grupo será interessante”, teste na prática essa sua crença, observando a resposta de outras pessoas às suas falas. Caso observe que algumas pessoas respondem às suas falas, a crença será questionada, na medida em que a fala foi interessante para a outra pessoa.

7.6. PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES DIÁRIAS

Para Rangé (2001) o planejamento de atividades diárias é feito geralmente semanalmente, e consiste em desenvolver junto com o paciente um programa diário de atividades que aumente o seu nível de ação, a probabilidade de reforçamento e a possibilidade de refutação de suas crenças negativas, o que torna a técnica muito eficaz no combate contra a depressão.

7.7. PRESCRIÇÃO DE TAREFAS GRADUADAS

Ajuda o paciente a recuperar seu nível normal de atividade, levando em conta suas dificuldades. Para alcançar sucesso, as tarefas devem ser começadas por baixo, ou seja, por aquelas em que o paciente sente menos desconforto ou ansiedade, e sente mais prazer (RANGÉ, 2001).

7.8. A PREVENÇÃO DE RECAÍDAS

A Prevenção de Recaídas representa uma extensão e variação importantes dos procedimentos de autocontrole, como bem aponta Caballo (1996), visto que a recaída seria uma crise ou um retrocesso das tentativas do paciente em mudar ou manter as mudanças do seu comportamento. Os procedimentos de prevenção de recaídas, embora mais amplamente utilizados nos programas de tratamento da drogadição, podem ser utilizados nos programas de mudança de comportamento geral. Através da autovigilância, os pacientes devem prestar atenção ao seu comportamento e, inibir o comportamento habitual, identificando situações de alto risco onde a recaída é provável. Habilidades de afrontamento também são importantes, na medida em que os pacientes as podem utilizar nas situações de alto risco para eles, onde sentem que podem perder o controle. Procedimentos de manipulação do stress e de treinamento em relaxamento também são utilizados na Prevenção de recaídas. A reestruturação cognitiva também deve ser usada, para evitar reações de pacientes que recaem, tais como: sentimentos de perda, culpa e fracasso.

7.9. TREINAMENTO EM HABILIDADES SOCIAIS (THS)

“Uma tentativa direta e sistemática de ensinar estratégias e habilidades interpessoais aos indivíduos, com a intenção de melhorar sua competência interpessoal e individual nos tipos específicos de situações sociais” (CURRAN, 1985, citado por CABALLO, 1996 p. 367). De modo geral, concentra-se na aprendizagem de um novo repertório de respostas.

Através de um Treinamento em Habilidades, empregam-se procedimentos tais como as instruções, a modelação, o ensaio comportamental, a retroalimentação e o reforçamento. Busca-se também realizar a redução da ansiedade em situações sociais problemáticas, realizar uma reestruturação cognitiva e fazer um treinamento em solução de problemas (CABALLO, 1996).

7.10. O ENSAIO COMPORTAMENTAL

Conforme Caballo (1996) coloca, nesse procedimento representam-se maneiras apropriadas e efetivas de enfrentar as situações da vida real que são problemáticas para o paciente. Consiste no aprendizado de novas respostas que substituirão respostas não adaptativas. Diferentemente do psicodrama, o ensaio comportamental concentra-se na mudança de comportamento, e não na identificação e expressão de supostos conflitos. O ensaio comportamental, segundo Rangé (2001), focaliza a modelagem de estratégias que o indivíduo pode empregar numa situação em particular.

7.11. ROLE-PLAYING

Terapeuta e cliente se comportam imitando o comportamento de alguma pessoa relevante no ambiente natural do sujeito ou fazendo uma representação do comportamento do próprio sujeito em alguma situação social. Serve para treinar o paciente a interagir adequadamente em situações sociais (RANGÈ, 2001b).

7.12. FEEDBACK E REFORÇAMENTO

O reforçamento, presente em todas as sessões do THS, serve para que o paciente adquira novos comportamentos e aumente aqueles considerados adaptativos, onde o terapeuta recompensará as aproximações sucessivas do paciente. O feedback por sua vez, proporciona informação específica ao sujeito, buscando que o mesmo desenvolva e melhore uma habilidade (CABALLO, 1996).

7.13. O PROCEDIMENTO DE DESSENSIBILIZAÇÃO SISTEMÁTICA (DS)

Conforme Turner em Caballo (1996), a dessensibilização sistemática (DS) é uma intervenção terapêutica desenvolvida para, dentre outras coisas, eliminar as síndromes de evitação. O terapeuta utiliza esse procedimento em casos, para que o paciente, com ansiedade social, vá se aproximando de forma gradual das situações sociais (estímulo provocador de medo) consideradas ansiogênicas. A exposição aos estímulos sociais, pôde ser concretizada através da imaginação, ensaios comportamentais e nas situações reais.

A DS consta de quatro passos principais: a) Treinamento no emprego da escala “SUDS”; b) Uma completa análise comportamental e o desenvolvimento de uma hierarquia de medos; c) Treinamento do relaxamento muscular profundo ou algum outro procedimento de relaxamento; d) A combinação da exposição, na imaginação, à hierarquia de medos junto com o estabelecimento de uma resposta de relaxamento profundo no paciente – “a dessensibilização propriamente dita”.

Através da Escala de Unidades Subjetivas de Ansiedade (SUDS) busca-se que o paciente faça discriminações precisas de seus medos, colocando, por exemplo, numa escala de 0 a 100 situações consideradas mais aterradoras até aquelas que lhe proporciona tranquilidade. Conforme coloca Rangé (2001), à medida que o paciente passa a não mais reagir com ansiedade à apresentação de um determinado nível de estímulos, atinge-se o critério para apresentar o estímulo seguinte da lista hierarquizada. Os estímulos dessensibilizados em consultório tendem a se generalizar para as situações reais.

8. RESOLUÇÃO E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Como apresenta Skinner (1975, p. 28):

O comportamento observado quando um homem resolve um problema caracteriza-se pelo fato de mudar uma outra parte de seu comportamento e ser reforçado quando isto ocorre...O comportamento responsável pela mudança é adequadamente denominado resolução de problema, e a resposta que ele promove, solução” (SKINNER,  1975, p. 28).

Resolver um problema é um evento comportamental. Os vários tipos de atividades que promovem o aparecer de uma solução são formas de comportamento. O comportamento de resolução de problema destina-se a fortalecer ou enfraquecer uma resposta já identificada.

Segundo D´Zurilla e Nezu (1987), citados por Caballo (1996) a solução eficaz de problemas requer cinco processos interagentes, cada um dos quais trazendo uma determinada contribuição. Esses processos incluem: a) Orientação para o problema; b) Definição e formulação do problema; c) Levantamento de alternativas; d) Tomada de decisões; e) Prática da solução e verificação.

Através do Levantamento de alternativas, o paciente deverá levar em conta o princípio de quantidade, o princípio de adiamento de julgamento, e o princípio da variedade. Com a Tomada de Decisões, onde o paciente deve fazer a antecipação dos resultados da solução (consequências positivas e negativas esperadas, em curto e longo prazo), a avaliação (julgando e comparando) dos resultados de cada solução (resultados referentes à solução do problema, bem-estar emocional, tempo e esforço empregados e bem-estar pessoal-social geral) e deve fazer a preparação de uma solução (uma solução simples ou uma combinação de soluções). Ensina-se também o indivíduo a estimar: a) A probabilidade de que uma alternativa determinada seja realmente eficaz para alcançar o objetivo; b) A probabilidade de que o indivíduo seja realmente capaz de realizar a solução de forma adequada. Na Prática da solução e verificação, o paciente deverá atentar para o resultado da solução e avaliar a eficácia da mesma para controlar a situação problemática, através de medidas de autorregistro, auto-esforço ou plano de contingências previamente estabelecido. Caso a solução não tenha se mostrado eficaz, o paciente deverá realizar o reinício do ciclo do processo.

A aplicabilidade do modelo de solução de problemas se estende a: pacientes psiquiátricos; indivíduos com problemas de uso de drogas, de fumar, de obesidade; depressão clínica, stress; ansiedade proveniente de indecisão vocacional, da agorafobia, da hipertensão e da raiva; problemas conjugais; idosos; grupos da comunidade; agressividade em deficientes mentais; facilitação da competência geral entre indivíduos “normais”; e em terapeutas comportamentais.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo verificou que a depressão tem se mostrado um fenômeno crescente, sem distinção de sexo, idade, classe econômica ou crenças. Portanto, não seria exagero referir-se a ela como o mal do século XXI, e que não tendo uma estratégia eficaz para combatê-la, é estimado que este número seja ainda maior para os próximos anos.

Foi verificado ainda que, a depressão antes considerada como uma consequência secundaria ou terciária de outras doenças, tem se tornado protagonista e autônoma diante das demais comorbidades, tornando se nociva, silenciosa e prejudicial ao sujeito acometido por ela. Diante disso, buscou-se fazer um breve relato sobre as características, ocorrência e o impacto da depressão na fase da adolescência, que tem se alastrado nos últimos tempos, como uma doença que afeta todo o contexto de vida do mesmo, assim como, o seu meio familiar, social e econômico.

Podemos acompanhar diante a revisão da literatura que em muitos casos os sintomas depressivos especificamente em adolescentes, são desconsiderados ou despercebidos nos ambientes em que estão inseridos, como o meio familiar e a escola, por isso, é importante ficarmos alerta, observar e entender as mudanças físicas, cognitivas, emocionais, e os significados dos eventos para os adolescentes, respeitando sua subjetividade e singularidade de interpretar o mundo em sua volta de acordo com suas crenças e  experiências de vida.

Contudo, é preciso que familiares, educadores e até a comunidade em que este adolescente está inserido, mantenham um olhar atento, afim de perceber possíveis mudanças emocionais e comportamentais que podem estar diretamente ligadas ao quadro da depressão e que o quanto antes esses sintomas forem identificados e esse adolescente for encaminhado para o tratamento adequado, maiores são as chances de cura para o quadro de depressão.

Vale reforçar que o diagnóstico precoce é de extrema importância para maior eficácia do tratamento. Uma vez que segundo pesquisado nas literaturas, há um risco gradual, somático e evolutivo que podem agravar o quadro patológico do adolescente.

Também podemos observar que uma boa parte da população inclusive os adolescentes tendem a ver a depressão como algo passageiro, “algo temporário” ou como sintoma esporádico apenas, mas não tem conhecimento do porquê tais sintomas se manifestam, e o que pode ter desencadeado tal sintoma. Essa falta de informação da gravidade desta patologia por muitas vezes leva o desinteresse por buscar ajuda especializada e tratamento adequado, podendo assim agravar o quadro clínico do indivíduo, ao ponto de levá-lo a óbito inclusive tirando sua própria vida.

Com isso, verificamos que o adolescente com características depressivas persistentes não está mais diante de uma sintomatologia considerada e esperada para essa fase, mas que este estará diante um quadro depressivo que interfere em todos os âmbitos de sua vida, dificultando a sua passagem por uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano, e que, como consequência, acarretará danos às demais fases.

No entanto, falar sobre a depressão na adolescência é falar sobre assuntos que na maioria das vezes será incomodo para o mesmo, mas de extrema importância para entendermos o porquê da manifestação de tal patologia. Geralmente a depressão na adolescência é provocada por eventos específicos e que esse jovem não teve discernimento de elaborar em sua mente. Por isso requer uma compreensão e um modelo de intervenção específico para cada caso. Intervenções psicológicas eficazes, nessas situações, são importantes, a fim de minimizar ao máximo os impactos causados por essa patologia.

Diante disso pode ser observado frente à literatura, que a TCC (Terapia Cognitivo Comportamental) tem se mostrado eficaz no tratamento e na prevenção da depressão em adolescentes. A sua aplicabilidade junto ao adolescente com a inclusão dos familiares no processo terapêutico torna-se relevante para implementação e generalização de mudanças comportamentais.

Contudo pôde-se concluir de acordo com o pesquisado, que a TCC está dentro das psicoterapias que mais tem se mostrado eficaz para o tratamento deste transtorno, inclusive com adolescentes por ter uma estrutura participativa e pontual, e consequentemente apresenta uma maior agilidade na intervenção do quadro clinico.

Porém, é importante lembrar que de acordo com os autores pesquisados, em muitos casos mais graves a psicoterapia apenas não é suficiente, assim como a medicalização sem atendimento terapêutico não é satisfatório e eficaz. Ressalta-se a necessidade e importância em perceber os sintomas precocemente e buscar por orientação de profissionais qualificados, como médico e psicólogos, para que se comece um tratamento e acompanhamento seguro e efetivo, pois existem diferentes níveis de depressão e que se não tratados de maneira adequada podem trazer sérias consequências ao acometido.

A intervenção rápida dos familiares e escola deste jovem para uma efetivação estável do tratamento, pode de maneira gradual diminuir esta crescente incidência de depressão na adolescência. Embora muita das vezes esse adolescente se feche para o mundo vale a pena tentar uma aproximação para tentar obter maiores informações de tal acometimento.

10. REFERÊNCIAS

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Publicado por: Ariana Priscila Cordeiro Fernandes

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