EROS E PSIQUE APULEIO, BETHÂNIA E PESSOA: O MITO FUNDADOR DA PSICANÁLISE ATRAVESSANDO OS SÉCULOS E CONSTITUINDO-SE NA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA

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1.   INTRODUÇÃO

Certo dia, enquanto vagava, como comumente fazia, pela internet escutando várias poesias narradas nas vozes de diversos artistas, eu me deparei com uma em particular que me chamou muito a atenção.

Neste mesmo dia, eu finalizava um relatório de estágio, da faculdade de psicologia, sob supervisão da Professora Isabela Koga de Morais e preceptoria de Débora Duarte e Giovana Leão, cuja atividade consistia em realizar o acolhimento de pacientes em situação de sofrimento psicológico congruente com a capacidade de nós, os estagiários, de atender estes pacientes.

Dada certa hora, depois de já ter escrito bastante, no relatório, que assim como este, fala sobre arte (n’outro sobre música) e me deparei com a poesia Eros e Psique, de Fernando Pessoa, o grande poeta português do século XX, narrado na voz de ninguém menos que Maria Bethânia Teles Veloso, ou simplesmente, Maria Bethânia.

Eis que a poesia então, notavelmente, dentro de minha imaginação de escritor (obviamente menos brilhante do que Pessoa), a poesia fez um sentido que eu não consegui entender de onde vinha.

Ou seja, eu entendia o que o poeta dizia, através da interpretação da intérprete, mas não entendia de onde vinha esse entendimento.

Eis então que resolvi investigar, com tempo suficiente para uma pesquisa profunda, diante do quadro da atual pandemia no Brasil, trabalhando em casa e me esforçando o máximo que consigo, devido a fatos da minha saúde pessoal, que não vêm ao caso, me aprofundei no entendimento da interpretação e na análise da poesia, epistemologicamente falando.

Quero dar créditos totais à excelente interpretação de Maria Bethânia aqui, recomendando que, além de lerem a poesia por si só e também procurar a narração da cantora, mas quero trazer in loco, aqui neste trabalho, a tão bela poesia no Anexo 1.

Durante a análise da poesia, comecei a entender, historicamente falando, de onde vinha este entendimento.

Eis, que caros colegas, o mito denominado Eros e Psique, não é inédito, o texto original, que relata mitologicamente a relação de Eros, filho de Afrodite (ou Cupido) e a princesa Psique, a mais bela filha de um rei, que, ao causar inveja em Afrodite, fazem parte da literatura de Apuleio, um escritor e filósofo, nascido em 125 d.C.

Então a partir disso, vamos entender no referencial, como esse mito atravessa a psicologia, em especial a psicanálise (ou a funda) e a importância de entendermos nossas abordagens a partir da perspectiva histórica, filosófica, literária, etc. sob a qual ela foi construída.

Por aí, colegas, o presente trabalho justifica-se por si só, no sentido de que se dá pela importância de entendermos nossa filosofia pregressa, nossas artes e as bases que constituíram a nossa ciência.

Partindo disso, também justifica-se este trabalho para que, historicamente, entendamos para onde caminhará nossa psicologia, como ela, a partir de seus pressupostos, evoluirá, e tornar-se-á uma ciência de excelência (que já é) para conseguirmos, enquanto psicólogos, aliviar com a nossa prática, todo e qualquer sofrimento daqueles e daquelas que nos procurarem profissionalmente.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

“Quem és, perguntei ao desejo? Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.” HILDA HILST, 2004.

2.1. Apuleio: o início de tudo

A partir daqui, caro colega, iniciaremos nosso referencial teórico com um breve resumo da história de Eros e psique, primeiramente pela homônima de Apuleio e posteriormente, a poesia de Fernando Pessoa.

O mito de Eros e Psique (Apuleio, 125 d.C.) começa com a história de três princesas, filhas de um rei da antiga Grécia.

As três princesas possuíam rara beleza, no entanto, Psique era a mais bela de todas.

Pessoas de reinos distantes viajavam dias apenas para cortejar a beleza de Psique, passando a jovem princesa a ser adorara como uma divindade em detrimento da deusa Afrodite.

Afrodite, a deusa da beleza, tomada de fúria, envia seu filho, Eros, para que faça com que Psique se apaixone por uma criatura horrenda.

Eros então parte para cumprir a tarefa que sua mãe lhe incumbira. Ao chegar a quarto de Psique, o cupido Eros, deus do amor, encontra a jovem a dormir e acaba obnubilando-se com a tamanha beleza da jovem.

Ao ficar contemplando a beleza de Psique, Eros acaba atrapalhando-se e acerta em si mesmo a poderosa flecha, capaz de fazer apaixonar até os mais insensível dos corações acabando ele mesmo, por apaixonar-se perdidamente por Psique.

Na volta de Eros, a deusa Afrodite fica mais irritada ainda, pela falha do filho em cumprir a tarefa por causa da beleza da jovem e então amaldiçoa Psique, fazendo com que nenhum homem seja capaz de cortejá-la.

O pai de Psique, preocupado pelo fato da filha não desposar, uma vez que as outras duas irmãs já haviam casando, cada qual com um nobre de alta estirpe, tomou caminho ao oráculo de Delfos, onde, por intermédio das pitonisas, recebeu uma mensagem do deus Apolo.

O deus das artes e da música disse então ao pai de Psique que a donzela deveria ser deixada à beira de um precipício para que ela fosse levada à morte por uma horrenda criatura.

Porém, Apolo nutria um grande ressentimento por Eros, uma vez que o deus do amor era assaz arteiro, gostava de pregar peças e fazer travessuras com quem quer que seja e um dia, Eros havia lançado uma flecha dourada em Apolo para que se apaixonasse pela ninfa Dafne, que foi acertada por uma flecha de chumbo, fazendo que a ninfa nutrisse um ódio mortal pelo deus da música.

O pai de Psique, estava desencorajado em deixar que a filha fosse levada para a morte por uma horrenda criatura, mas, foi encorajado pelas duas irmãs de Psique, que tinham imensa inveja da jovem.

Chateada com as atitudes da irmã e dos pais, Psique mesmo se encaminha para a beira do precipício onde seria levada à morte pela tal criatura horrenda, não sabendo que a criatura horrenda se tratava de Eros.

Ao chegar à beira do despenhadeiro, Zéfiro, o vento que sopra do oriente, carrega Psique em seus braços até um suntuoso palácio de jardins tão opulentos e belos, que nem mesmo o maior e melhor jardineiro da Grécia conseguiria plantar.

Psique é recebida por criados invisíveis, que prometem lealdade à donzela, dizendo que durante a noite, ela se preparasse para a chegada de seu marido.

Ao chegar da noite e Psique aguarda a noite, aflita em seu leito, por seu temido marido. O quarto, encontrava-se em completa escuridão, fato que impedia que Psique pudesse ver aquele que desposara.

Ao contrário do que imaginava a bela moça, ela foi tratada com imenso carinho e afeto, não só aquela, como em todas as noites que era visitada, então o casamento seguia repleto de amor e prazer.

No entanto, a jovem jamais vera o rosto de seu marido, e um dia, antes que ele fosse embora, a jovem questiona-lhe a razão pela qual não poderia olhar-lhe a face e a deixava durante o dia.

Mas então o marido lhe pede, que lhe deposite toda a sua fidelidade, questionando se não bastasse a ela que ele depositasse nela, todo amor e carinho que lhe dava, pois na escuridão, eles eram como iguais.

Contudo, apesar de todo o amor que sentia pelo marido, Psique ainda sentia saudades de sua família, então pede, antes do raiar da alvorada, que ela possa visitar a família, que tanta falta sentia.

O marido então lhe concede seu desejo, concluindo que se ela voltasse para seus braços, seria a mais absoluta prova do amor da jovem por ele.

O retorno de Psique ao seio de sua família foi colossal e triunfante. Para as invejosas irmãs da jovem, todas as histórias que Psique contava sobre o palácio em que vivia e sobre o marido, eram mentira. Então, ela mesma convida as irmãs para que visitem o castelo.

Ao chegarem ao topo do monte, as três irmãs se jogaram nos braços de Zéfiro e tomaram rumo ao palácio de Psique. As irmãs ficaram deslumbradas e ainda com mais inveja.

As invejosas irmãs então, intrigaram psique a descobrir o que era o marido, fazendo com que psique quebrasse a promessa que o marido pediu que nunca quebrasse.

Chegando a noite, as ideias de Psique não conseguiam distanciar-se da intriga das irmãs e depois de mais uma noite de amor e prazer, Psique, enquanto o marido dormia, toma uma lamparina em suas mãos e curiosa, percebe que o marido não se trata de ser uma horrenda criatura, mas sim um jovem de beleza rara e única.

Psique distraída com a beleza do marido, que se tratava do deus Eros, deixa que uma gota de óleo caia da lamparina no corpo de Eros, que acorda assustado.

Neste momento, Eros enfurece-se com a esposa, dizendo-lhe que havia perdido a confiança nela, pois ela havia quebrado a única promessa que ele havia pedido, de não tentar descobrir quem ele era.

Eros então parte e Psique fica desolada. De fato havia sentido tamanho amor por Eros, que não lhe necessitava que houvesse quebrado a promessa.

Ao saber que havia sido deixada por Eros, as invejosas irmãs de Psique foram até o monte, esperaram até que Zéfiro soprasse seus ventos e então elas saltaram, mas Zéfiro não as agarrou, fazendo que elas caíssem do precipício.

Desolada, Psique então dedicou-se nas tarefas no templo dedicado à deusa Demeter, deusa da agricultura.

A jovem dedicou-se com muito apreço no templo e então a deusa Demeter compadeceu-se da jovem e com compaixão falou para que ela se entregasse para Afrodite, com submissão e humildade para tentar aplacar a ira da deusa e quem sabe, reconquistar o amor de sua vida.

Psique então deu-se à deusa Afrodite que lhe incumbiu uma primeira tarefa: separar no celeiro de grãos, tudo que havia ali e organizar o celeiro.

A jovem, apesar de sua tarefa árdua, obedece à deusa, sempre pensando em conseguir o perdão dela, e começa sua tarefa.

Porém Eros a observava escondido, ao ver a dificuldade de Psique e o tamanho da tarefa que a mãe dele ordenara à mulher que amava, Eros pede às formigas que ajudem Psique, que conclui a tarefa em um tempo muito rápido.

A deusa Afrodite, indignada com a agilidade que a tarefa foi realizada, ordena que Psique traga-lhe a lã dourada de carneiros muito perigosos.

A tarefa também era árdua, mas com a ajuda de um deus do rio, a donzela consegue cumprir a tarefa sem ser atacada.

Espantada ao ver a tarefa realizada, Afrodite agora lhe pede que a jovem traga água da nascente do rio Estige, que ficava em altos e íngremes montanhas.

Escalar a montanha seria uma tarefa demasiadamente difícil até para Hércules, mas Zeus, compadecido pelo esforço da jovem, manda sua água para que leve a água da nascente para Psique.

Como última tarefa, a deusa diz que os aborrecimentos causados a ela por Psique, haviam lhe cansado a beleza, então como mais árdua tarefa, Afrodite incumbe Psique de encher uma pequena caixa, com a beleza da rainha Perséfone, esposa de Hades e rainha do submundo.

A jovem não conhecia outra maneira de adentrar no submundo que não fosse tirando a própria vida. Mas, quando estava prestes a saltar da torre, Psique ouve uma voz que lhe diz a maneira pela qual conseguiria entrar no submundo.

Essa maneira seria encontrar o barqueiro Caronte e passar pelo Cérbero, o cão de três cabeças e também lhe disse que de maneira alguma, deveria abrir a caixa que Perséfone encheria com beleza.

Psique desce por uma gruta e encontra Caronte, ás margens do rio Estige, entrega-lhe duas moedas e diz-se aos serviços da deusa Afrodite e assim, atravessou o rio das almas, conseguindo entrar no palácio do submundo.

Já no palácio, frente a frente com Perséfone, Psique pede, em nome de Afrodite, que encha a caixa com beleza, para que a deusa da beleza consiga restaurar aquela que perdeu.

Perséfone então, entrega-lhe novamente a caixa, que agora está mais pesada e então parte para a saída do submundo. A jovem então encontra Cérbero, que lhe assusta, porém, a jovem havia levado consigo um pão de cevada e mel embebido em sonífero.

A jovem oferece o pão ao imenso cão de três cabeças, que adormece, possibilitando à jovem a possibilidade de sair ilesa do submundo.

Enquanto Caronte faz o trajeto de volta, a jovem vê seu próprio reflexo nas águas. Ela então percebe que a beleza de si estava cansada, parecia exausta.

Ela então vê a caixa com a beleza da rainha Perséfone e pensa em tomar um pouco da beleza para si, já que a caixa transbordava de beleza e então, quando encontrasse Eros novamente, estaria bela e radiante novamente.

Psique abre a caixa e dela sai uma névoa escura. Ao aspirar os gases que saíram da caixa, Psique começa a desfalecer e a vida, começa a deixar o seu corpo.

Eros, sabendo do acontecido, parte em salvação de Psique mas quando ele a encontra, Tanatos, o deus da morte, já se encontrava ao lado dela e a jovem tão fria quanto um cadáver.

Eros afugenta Tanatos e com seus poderes retira a fumaça tóxica e coloca novamente o conteúdo na caixa.

Ao recobrar a consciência, Psique acorda nos braços de Eros e o casal se beija apaixonadamente.

Eros aconselha que Psique termine sua tarefa, entregando a caixa Afrodite, enquanto ele se dirigiu ao monte Olimpo, pedindo a Zeus que convença Afrodite a aceitar a união do casal.

Após concluir seu último trabalho, Psique segue para o monte Olimpo, onde foi recebida por todos os deuses e deusas. Zeus diz-lhe que o caminho que passara fora tortuoso, mas que agora ela estaria livre de todos entraves criados pelo homem e que o laço que a unia com seu amado jamais seria quebrado.

Ela então recebe néctar e ambrosia, tornando-se imortal e por consequência, fazendo que o amor que Eros e Psique sentiam um pelo outro, também durasse pela eternidade.

2.2. Eros e Psique – Freud e a psicanálise

“Minh’alma de sonhar-te anda perdida/ Os meus olhos andam cegos de te ver/ Não és sequer razão do meu viver/ Pois que tu és já, toda minha vida.” (Espanca, 1923)

Bom, caro colega, entramos agora, além do mundo da mitologia, supracitada, no mundo dos conceitos da psicanálise, trazidos anteriormente, aqui neste referencial, através do mito apresentado.

Os conceitos que quero trazer aqui, tem justamente o mesmo nome do livro de Apuleio, entretanto, estes conceitos, ou melhor, essas definições teóricas são: Eros e Psique, que aproximadamente 900 anos depois de escritas por Apuleio, vem trazidas por Sigmund Freud em sua obra,

O mito de Eros e Psique é absolutamente dotado de concepções que podemos trazer para o nosso dia a dia, como apresentados anteriormente, mas como estes se aplicam na teoria da Psicologia, em especial à Psicanálise.

Eros: Bom, segundo Apuleio, Eros era o deus do Amor, quando pegamos este termo (amor) e olhamos para ele etimologicamente através das palavras de Zimmerman (2012), este termo tem origem latina, de amorem, mas os dicionários etimológicos, não aprofundam no sentido desta palavra original.

Podemos dizer, então, também, que essa palavra possa ser a junção do prefixo a (sem) e mors (morte) ambos, curiosamente, de origem grega, que despojaria o significado de amor como, a ausência de morte, uma vez que Eros foi quem afugentou Tanatos, sendo que podemos dizer sobre a prática da psicanálise, a qualidade do amor sempre está ligada à algum tipo de arranjo entre pulsões de vida (amorosas) e pulsões de morte (agressivas-destrutivas) (ZIMMERMAN, 2012)

Na história de Fernando Pessoa, que citei, sendo narrada por Maria Bethânia, Eros é um jovem infante, que tem uma missão de acordar uma bela jovem adormecida (PESSOA, 1942)

Já o termo Psyche, também de origem grega, que para Zimmerman (2012), traz no seu sentido original, alma, sendo esta sido utilizada por Freud, deixando claro que o pai da psicanálise, fazia alusão absolutamente clara, que a psicanálise referia-se ao estudo da alma humana.

E voltando a Fernando Pessoa (1942), Psique era uma princesa encantada, que segundo a lenda, vestida bela com uma grinalda de hera, que apenas seria acordada por um infante que viria de além do muro da estrada.

2.3. Importância histórica do saber da psicologia

Bom, caro colega, eis que chegamos aos parágrafos finais deste relatório que tão cheio de conceitos e nomes, então agora é hora de finalizarmos, entendendo o porquê do saber da história da psicanálise se dá importante para nós.

Antunes (1989, pag. 32-33) nos diz que a reflexão sobre aquilo que é psicologia, no nosso caso aqui, mais especificamente, de onde veio a psicanálise, é tão imprescindível para o psicólogo quanto o domínio de suas técnicas e teorias.

Cambaúva, Silva e Ferreira (1998) entendem que estudar a psicologia sob uma perspectiva história influencia diretamente o sujeito na maneira que ele comporta-se no mundo, seja para com ele mesmo, seja em suas relações.

Os autores também que quando falamos da construção do pensamento daquilo que é psicologia, estamos falando diretamente do desenvolvimento, elaboração e evolução daquilo que se concebe como pensamento humano.

"Fala, pensa, aprende e ensina, transforma a natureza, o homem é cultura, é história" (Lane, 1985 p. 12).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Parece, caro colega, que chegamos ao ponto mágico dessa longa história que perdura por mais de 900 anos até hoje.

Freud constituiu-se um cientista importante no desenvolvimento daquilo que temos hoje por psicologia e mais, constituiu termos, cujos papéis históricos, sociais, epistemológicos, científicos e teóricos perduram até hoje.

A evolução da psicologia enquanto ciência e as realizações nesses pouco mais de 120 anos da psicologia científica tem muito a ver com o nosso passado ancestral, vindo da filosofia.

E mais, caro colega, notamos que a importância de se entender de onde vêm é tão grande, para nós, profissionais da psicologia, quanto para onde se vai.

Nosso passado se constitui imprescindível na nossa profissão, entende-lo, analisa-lo e elaborá-lo, seja sob o ponto de vista da literatura, filosofia, sociologia, da mitologia, é absolutamente necessário para que nos constituamos como bons profissionais, capazes de, como dito antes, sermos instrumentos pelos quais nossos pacientes terão acesso à qualidade de suas vidas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Eu sei que para muitos é estranho eu escrever este trabalho, muitas vezes, em primeira pessoa e agora quero explicar, aqui nessa conclusão, a razão pela qual faço isso.

Fato é, caro colega, que escrever esse trabalho, assim como outros, pra mim, em primeira pessoa, se dá importante por dois fatos:

Primeiro: a impressão que fica para mim, é que eu traço uma comunicação direta com você, leitor.

E segundo, mas não menos importante, a impressão que me dá, é que eu trilhei um caminho bastante longo, de muitos estudos e práticas, no campo da psicologia, e dizer as palavras que digo a vocês em primeira pessoa, me consolida como um profissional, doravante, da psicologia.

Por fim, gostaria de agradecer pelo conhecimento que minha supervisora de estágio, Isabela Koga Morais, pelas discussões calorosas, nas supervisões das preceptoras Débora Duarte e Giovana Leão.

Quero reservar um par de parágrafos para fazer agradecimentos especiais, primeiro às três coordenadoras de curso que eu tive, respectivamente à professora Kélia Bianco, que para mim foi a dama de ferro da psicologia, em segundo à professora Rosário Avelino, uma das pessoas mais gentis e agradáveis que tive prazer de conhecer nesse meu caminho de formação e à professora Marilane Santos, uma das pessoas mais prestativas do universo acadêmico, muito obrigado.

Segundo, quero agradecer às professoras e aos professores que me fizeram apaixonar por psicanálise e filosofia, são elas: Mart Batalini, Shirley Pimenta, Raquel do Prado, Iná Nascimento, Sebastião Vianney, Cidinha Cordeiro (ensino médio), Professora Gláucia (ensino médio). Muito obrigado.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APULEIO, Lucius. O asno de ouro: Eros e Psique. Império Romano: [s. n.], 125 d.C.

CAMBAÚVA, Lenita Gama; SILVA, Lúcia Cecilia da; FERREIRA, Walterlice. Reflexões sobre o estudo da história da psicologia. Estudos de psicologia, Maringá, ed. 3, p. 207-227, 1998.

ESPANCA, Florbela. Livro de sóror saudade. Lisboa: Tipografia A Americana, 1923. 39 p.

HILST, Hilda. Do desejo. São Paulo: Globo, 2004. 148 p.

Lane, S. (1985). A psicologia social e uma nova concepção do homem para a psicologia. In S. Lane, W. Codo (Orgs.). Psicologia social: o homem em movimento (3a. ed., pp. 10-19). São Paulo: Brasiliense.

PESSOA, Fernando. Poesias. Lisboa: Ática, 1942.

ZIMERMAN, David E. Etimologia de Termos Psicanalíticos. Porto Alegre: Artmed, 2012.

6. ANEXOS

6.1. Eros e psique – Fernando Pessoa

Conta a lenda que dormia/ Uma Princesa encantada/ A quem só despertaria/ Um Infante, que viria/ Do além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado/ Vencer o mal e o bem/ Antes que, já libertado/ Deixasse o caminho errado/ Por o que à Princesa vem.

A Princesa adormecida/ Se espera, dormindo espera/ Sonha em morte a sua vida/ E orna-lhe a fronte esquecida/ Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado/ Sem saber que intuito tem/ Rompe o caminho fadado/ Ele dela é ignorado/ Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino / Ela dormindo encantada/ Ele buscando-a sem tino/ Pelo processo divina/Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro/ Tudo pela estrada fora/ E falso, ele vem seguro/ E, vencendo estrada e muro/ Chega onde em sono ela mora.

E, inda tonto do que houvera/ À cabeça, em maresia/ Ergue a mão, e encontra hera/ E vê que ele mesmo era/ A Princesa que dormia.  


Publicado por: Alexandre Sousa Silva

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