EFICÁCIA DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

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1. RESUMO

A presente Pesquisa tem como objetivo geral aclarar questões relacionadas a eficácia da Terapia Cognitiva Comportamental no tratamento dos transtornos de ansiedade, na aplicação das técnicas cognitivas e comportamentais mais eficazes no tratamento dos transtornos de ansiedade, descrever os sintomas da ansiedade e compreender como as táticas da Terapia Cognitiva Comportamental podem ser aplicadas no tratamento psicoterapêutico da ansiedade. Foram realizadas pesquisas bibliográficas que fornecem subsídios para a melhor compreensão do termo “ansiedade”, no qual inclui transtornos que compartilham características de insegurança, medo excessivos e agitações comportamentais. Para se alcançar a eficácia no tratamento de ansiedade por meio da Terapia Cognitiva Comportamental são utilizadas algumas técnicas, como a psicoeducação; teste de evidências; conceituação cognitiva; reestruturação cognitiva; relaxamento diafragmática; análise das vantagens e desvantagens das tomadas de decisões e resolução de problemas.

Palavras-chave: Ansiedade. Autonomia. Eficácia. Tratamento.

ABSTRACT

The present Research has as general objective to clarify issues related to the effectiveness of Cognitive Behavioral Therapy in the treatment of anxiety disorders, in the application of the most effective cognitive and behavioral techniques in the treatment of anxiety disorders, to describe the symptoms of anxiety and to understand how the tactics of anxiety Cognitive Behavioral Therapy can be applied in the psychotherapeutic treatment of anxiety. Bibliographic searches have been carried out that provide subsidies for a better understanding of the term “anxiety”, which includes disorders that share characteristics of insecurity, excessive fear and behavioral agitation. To achieve effectiveness in treating anxiety through Cognitive Behavior Therapy, some techniques are used, such as psychoeducation; evidence test; cognitive conceptualization; cognitive restructuring; diaphragmatic relaxation; analysis of the advantages and disadvantages of decision making and problem solving.

Keywords: Anxiety. Autonomy. Efficiency. Treatment.

2. INTRODUÇÃO

O objetivo geral deste estudo é demonstrar a eficácia da Terapia Cognitiva Comportamental no tratamento dos transtornos de ansiedade, descrever os sintomas da ansiedade e compreender como as táticas da Terapia Cognitiva Comportamental podem ser aplicadas de maneira eficaz no tratamento psicoterapêutico e quais as técnicas cognitivas e comportamentais mais eficazes no tratamento dos transtornos de ansiedade. Neste contexto faz-se necessária uma visão ampla do que é o transtorno de ansiedade e como afeta a vida diária do indivíduo.

Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados. Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Obviamente, esses dois estados se sobrepõem, mas também se diferenciam, com o medo sendo com mais frequência associado a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga, e a ansiedade sendo mais frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva (DSM-V, 2014).

Um dos componentes cognitivos da ansiedade é a preocupação excessiva com o futuro, é sábio, que a resposta da ansiedade é complexa e envolve elementos cognitivos, fisiológicos e comportamentais e causam efeitos significativos na vida diária do indivíduo, sendo que muitos transtornos de ansiedade são persistentes e se, não forem tratados causa sérios prejuízos na vida do indivíduo, passando a ser  reconhecida  como  patológica  quando são    excessivos,    desproporcionais    em relação  ao  estímulo, interfere nos relacionamentos pessoais e profissionais do sujeito.

A Terapia Cognitivo Comportamental é uma   terapia   de   curto   prazo, focalizada diretamente    no    problema.    A    função cognitiva   é   fundamental   nesse   método terapêutico, pois parte do princípio de que o ser humano avalia constantemente a relevância dos acontecimentos, tendo as cognições associadas às reações emocionais. Tem como objetivo a correção das distorções cognitivas, que o indivíduo tem de si mesmo, do mundo e do futuro. A Terapia Cognitiva Comportamental tem como ideia central o conceito de que as cognições   influenciam   e   controlam   as emoções e os comportamentos.  Há uma inter-relação   entre   cognição, emoção   e comportamento.   Para   esse   modelo   de terapia as psicopatologias são provenientes de perturbações que ocorrem no pensamento de um indivíduo, em que cada indivíduo tem uma percepção específica de interpretar   os   fatos.   Para   tanto, busca organizar a perturbação no pensamento que    está    por    trás    dos    transtornos, identificando assim três     níveis de cognições: os pensamentos automáticos; os   pressupostos   subjacentes;   crenças nucleares   ou   centrais (MOURA et.al, 2018).  

A   partir   do reconhecimento desses conceitos, é que são   delineadas   as   estratégias cognitivas comportamentais, visando    o    equilíbrio biopsicossocial do indivíduo. Por fim, as considerações finais abordam uma síntese coerente de todas as informações coletadas no material teórico desenvolvido ao longo da pesquisa.

2.1. PROBLEMATIZAÇÃO

Quais as técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental aplicadas no tratamento dos transtornos de ansiedade?

3. JUSTIFICATIVA

A relevância acadêmica deste trabalho é trazer subsídios técnicos para a atuação do profissional de psicologia que estejam embasados em dados científicos. A contribuição social, por sua vez é de propiciar a disseminação do conhecimento entre profissionais da área, visando a melhoria e aperfeiçoamento profissional.

3.1. OBJETIVOS

3.1.1. Objetivo Geral

Compreender como podem ser aplicadas as técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental no tratamento dos transtornos de ansiedade.

3.1.2. Objetivos Específicos

Apontar as técnicas Cognitiva e Comportamentais mais eficazes no tratamento dos transtornos de ansiedade;

Descrever as estratégias da Terapia Cognitiva Comportamental utilizadas no processo de tratamento da ansiedade;

Descrever os aspectos psicológicos de promoção do bem-estar nos indivíduos após o tratamento da ansiedade.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1. TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

De acordo com o DSM-V (2014), os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados. Sendo que medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Obviamente, esses dois estados se sobrepõem, mas também se diferenciam, com o medo sendo com mais frequência associado a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga, e a ansiedade sendo mais frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva. Às vezes, o nível de medo ou ansiedade é reduzido por comportamentos constantes de esquiva. Os transtornos de ansiedade diferem entre si nos tipos de objetos ou situações que induzem medo, ansiedade ou comportamento de esquiva e na ideação cognitiva associada. Assim, embora os transtornos de ansiedade tendam a ser altamente comórbidos entre si, podem ser diferenciados pelo exame detalhado dos tipos de situações que são temidos ou evitados e pelo conteúdo dos pensamentos ou crenças associadas.

Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da ansiedade adaptativos por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Eles diferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por estresse, por serem persistentes (p. ex., em geral durando seis meses ou mais), embora o critério para a duração seja tido como um guia geral, com a possibilidade de algum grau de flexibilidade, sendo às vezes de duração mais curta em crianças (como no transtorno de ansiedade de separação e no mutismo seletivo). Como os indivíduos com transtornos de ansiedade em geral superestimam o perigo nas situações que temem ou evitam, a determinação primária do quanto o medo ou a ansiedade são excessivos ou fora de proporção é feita pelo clínico, levando em conta fatores contextuais culturais. Muitos dos transtornos de ansiedade se desenvolvem na infância e tendem a persistir se não forem tratados. A maioria ocorre com mais frequência em indivíduos do sexo feminino do que no masculino (proporção de aproximadamente 2:1). Cada transtorno de ansiedade é diagnosticado somente quando os sintomas não são consequência dos efeitos fisiológicos do uso de uma substância/medicamento ou de outra condição médica ou não são mais bem explicados por outro transtorno mental (DSM-V, 2014).

4.1.1. Desvendando a ansiedade

Parte da definição de ansiedade é que ela é complexa. Quando o indivíduo se sente muito ansioso, é afetado de maneira física, emocional, comportamental e, é claro, cognitiva. Talvez o indivíduo não esteja consciente disso no momento em que está ansioso, mas no estado ansioso seu modo de pensar, sentir e se comportar é diferente do que quando ele não está ansioso. Eis alguns dos efeitos comuns da ansiedade (CLARK & BECK, 2014):

a) Sintomas físicos

   • Frequência cardíaca aumentada, palpitações

• Falta de ar, respiração rápida

• Dor ou pressão no peito

• Sensação de asfixia

• Vertigem, tontura

• Sudorese, calores, calafrios

• Náusea, estômago embrulhado, diarreia

• Tremores, estremecimento

• Formigamento ou dormência nos braços, pernas

• Fraqueza, desequilíbrio, sensação de desmaio

• Tensão muscular, rigidez

• Boca seca

b) Sintomas cognitivos

• Medo de perder o controle, de ser incapaz de enfrentar

• Medo de dano físico ou de morte

• Medo de “enlouquecer”

• Medo de avaliação negativa dos outros

• Pensamentos, imagens ou lembranças assustadoras

• Percepções de irrealidade ou alheamento

• Baixa concentração, confusão, distratibilidade

• Estreitamento da atenção, hipervigilância para perigo

• Memória fraca

• Dificuldade de raciocínio, perda de objetividade

c) Sintomas comportamentais

• Evitação de sinais ou situações de ameaça

• Fuga, escape

• Busca de segurança, reasseguramento

• Desassossego, agitação, andar nervosamente de um lado para o outro

• Hiperventilação

• Paralisia, imobilidade

• Dificuldade para falar

• Sintomas emocionais

• sentir-se nervoso, tenso, irritado

• sentir-se assustado, temeroso, aterrorizado

• ser irascível, apreensivo, alvoroçado

• ser impaciente, frustrado (CLARK & BECK, 2014, p. 20-21).

4.1.2. Os tipos de ansiedade

Entender as bases fisiológicas que determinam os tipos de ansiedade é importante para os profissionais de saúde adotarem metodologias de intervenção mais adequadas ao controle da patologia. Utilizando novos recursos e priorizando tratamentos diferenciados de acordo com os sintomas dos transtornos.

De acordo com o DSM-V (2014), existem 11 subtipos da ansiedade, cada um deles com diferentes sintomas, sendo eles: 1. Transtorno de Ansiedade de Separação – (característica essencial é o medo ou a ansiedade excessivos, envolvendo a separação de casa ou de figuras de apego. 2. Mutismo Seletivo – ao se encontrarem com outros indivíduos em interações sociais, as crianças com mutismo seletivo não iniciam a conversa ou respondem reciprocamente quando os outros falam com elas. O fracasso na fala ocorre em interações sociais com crianças ou adultos. 3. Fobia Específica – Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação (p. ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver sangue. 4. Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) – medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p. ex., proferir palestras). 5. Transtorno de Pânico – um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: a) palpitações, coração acelerado, taquicardia; b) sudorese; c) tremores ou abalos; d) sensações de falta de ar ou sufocamento. e) sensações de asfixia. f) dor ou desconforto torácico; g); náusea ou desconforto abdominal; h) Ssensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio; i) calafrios ou ondas de calor; j) parestesias (anestesia ou sensações de formigamento); k) desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo); l) medo de perder o controle ou enlouquecer; m) medo de morrer. 6. Agorafobia – medo ou ansiedade acentuado ou intenso desencadeado pela exposição real ou prevista a diversas situações marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações seguintes: a) uso de transporte público (p. ex., automóveis, ônibus, trens, navios, aviões); b) permanecer em espaços abertos (p. ex., áreas de estacionamentos, mercados, pontes); c) permanecer em locais fechados (p. ex., lojas, teatros, cinemas); d) permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão; e) sair de casa sozinho. 7. Transtorno de Ansiedade Generalizada - são ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva) acerca de diversos eventos ou atividades. A intensidade, duração ou frequência da ansiedade e preocupação é desproporcional à probabilidade real ou ao impacto do evento antecipado. O indivíduo tem dificuldade de controlar a preocupação e de evitar que pensamentos preocupantes interfiram na atenção às tarefas em questão. 8. Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento – são sintomas proeminentes de pânico ou ansiedade que são considerados como decorrentes dos efeitos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento ou exposição a uma toxina). Os sintomas de pânico ou ansiedade devem ter-se desenvolvido durante ou logo após a intoxicação ou abstinência da substância ou após a exposição a um medicamento, e as substâncias ou medicamentos devem ser capazes de produzir os sintomas. 9. Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica – é uma ansiedade clinicamente significativa que pode ser mais bem explicada como um efeito fisiológico direto de outra condição médica. Os sinais podem incluir sintomas proeminentes de ansiedade ou ataques de pânico. O julgamento de que os sintomas são mais bem explicados pela condição física associada deve estar baseado em evidências a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais, além disso, deve ser julgado se os sintomas não são mais bem explicados por outro transtorno mental, em particular o transtorno de adaptação, com ansiedade, no qual o estressor é a condição médica. 10. Outro Transtorno de Ansiedade Especificado – Esta categoria aplica-se a apresentações em que sintomas característicos de um transtorno de ansiedade que causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo predominam, mas não satisfazem todos os critérios para qualquer transtorno na classe diagnóstica dos transtornos de ansiedade. A categoria outro transtorno de ansiedade especificado é usada nas situações em que o clínico opta por comunicar a razão específica pela qual a apresentação não satisfaz os critérios para qualquer transtorno de ansiedade específico. Isso é feito por meio do registro de “outro transtorno de ansiedade especificado”, seguido pela razão específica (p. ex., “ansiedade generalizada não ocorrendo na maioria dos dias”). 11. Transtorno de Ansiedade Não Especificado – Esta categoria aplica-se a apresentações em que sintomas característicos de um transtorno de ansiedade que causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo predominam, mas não satisfazem os critérios para qualquer transtorno na classe diagnóstica dos transtornos de ansiedade. A categoria transtorno de ansiedade não especificado é usada nas situações em que o clínico opta por não especificar a razão pela qual os critérios para um transtorno de ansiedade específico não são satisfeitos e inclui apresentações para as quais não há informações suficientes para que seja feito um diagnóstico mais específico (p. ex., em salas de emergência).

4.2. A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

Aaron Beck desenvolveu uma forma de psicoterapia no início da década de 1960, a qual denominou originalmente Terapia Cognitiva: O termo Terapia Cognitiva hoje é usado por muitos da nossa área como sinônimo de Terapia Cognitivo Comportamental - TCC (BECK, 2013).

O termo Cognitivo se refere ao ato de conhecer ou reconhecer nossas vivências. Assim, a Terapia Cognitiva é um tratamento psicológico organizado e sistemático que ensina as pessoas a mudarem os pensamentos, crenças e atitudes que desempenham um papel importante em estados emocionais negativos como ansiedade ou depressão. A ideia básica na Terapia Cognitiva é que o modo como pensamos influencia o modo como sentimos; portanto, mudar nosso modo de pensar pode mudar como nos sentimos (CLARK & BECK, 2014).

A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais. Beck e outros autores tiveram sucesso na adaptação dessa terapia a populações surpreendentemente diversas e com uma ampla abrangência de transtornos e problemas. Essas adaptações alteraram o foco, as técnicas e a duração do tratamento, porém os pressupostos teóricos em si permaneceram constantes (BECK, 2013).

O tratamento também está baseado em uma conceituação, ou compreensão, de cada paciente (suas crenças específicas e padrões de comportamento). O terapeuta procura produzir de várias formas uma mudança cognitiva (modificação no pensamento e no sistema de crenças do paciente) para produzir uma mudança emocional e comportamental duradoura (BECK, 2013).

Existem muitas formas de Terapia Cognitivo Comportamental que compartilham características da terapia de Beck, mas cujas conceptualizações e ênfases no tratamento variam até certo ponto. Elas incluem a Terapia Racional-Emotiva Comportamental (ELLIS, 1962), a Terapia Comportamental Dialética (LINEHAN, 1993), a Terapia de Solução de Problemas (D'ZURILLA e NEZU, 2006), a Terapia de Aceitação e Compromisso (HAYES; FOLLETTE e LINEHAN, 2004), a Terapia de Exposição (FOA e ROTHBAUM, 1998), a Terapia de Processamento Cognitivo (RESICK e SCHNICKE, 1993), o Sistema de Psicoterapia de Análise Cognitivo-Comportamental (MCCULLOUGH, 1999), a Ativação Comportamental (LEWINSOHN; SULLIVAN e GROSSCUP, 1980; MARTELL; ADDIS e JACOBSON, 2001), a Modificação Cognitivo Comportamental (MEICHENBAUM, 1977) e outras. A Terapia Cognitivo Comportamental de Beck frequentemente incorpora técnicas de todas estas e outras psicoterapias, dentro de uma estrutura cognitiva (BECK, 2013).

A TCC tem sido adaptada a pacientes com diferentes níveis de educação e renda, bem como a uma variedade de culturas e idades, desde crianças pequenas até adultos com idade mais avançada. É usada atualmente em cuidados primários e outras especializações da saúde, escolas, programas vocacionais e prisões, entre outros contextos. É utilizada nos formatos de grupo, casal e família. Embora o tratamento esteja focado nas sessões individuais de 45 minutos, elas podem ser mais curtas. Alguns pacientes, como os que sofrem de esquizofrenia, frequentemente não conseguem tolerar uma sessão inteira, e certos profissionais podem vir a utilizar técnicas da terapia cognitiva sem realizar uma sessão completa de terapia, seja durante uma consulta clínica ou de reabilitação, seja na revisão da medicação (BECK, 2013).

4.3. TEORIA SUBJACENTE À TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

O modelo Cognitivo propõe que o pensamento disfuncional (que influencia o humor e o pensamento do paciente) é comum a todos os transtornos psicológicos. Quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de forma mais realista e adaptativa, elas obtêm uma melhora em seu estado emocional e no comportamento. Para que haja melhora duradoura no humor e no comportamento do paciente, os terapeutas cognitivos trabalham em um nível mais profundo de cognição: as crenças básicas do paciente sobre si mesmo, seu mundo e as outras pessoas. A modificação das crenças disfuncionais subjacentes produz uma mudança mais duradoura (BECK, 2013).

4.3.1. Conceitos básicos dos níveis de processamento cognitivo

Foram identificados três níveis básicos de processamento cognitivo por Beck e seus colegas. O nível mais alto da cognição é a consciência, um estado de atenção no qual decisões podem ser tomadas racionalmente. A atenção consciente nos permite: monitorar e avaliar as interações com o meio ambiente; ligar memórias passadas às experiências presentes; controlar e planejar ações futuras (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Na TCC, os terapeutas incentivam o desenvolvimento e a aplicação de processos conscientes adaptativos de pensamento, como o pensamento racional e a solução de problemas. O terapeuta também dedica bastante esforço para ajudar os pacientes a reconhecer e mudar o pensamento patológico em dois níveis de processamento de informações relativamente autônomo: pensamentos automáticos e esquemas. Pensamentos automáticos são cognições que passam rapidamente por nossas mentes quando estamos em meio a situações (ou relembrando acontecimentos). Embora possamos estar subliminarmente conscientes da presença de pensamentos automáticos, normalmente essas cognições não estão sujeitas à análise racional cuidadosa. Esquemas são crenças nucleares que agem como matrizes ou regras subjacentes para o processamento de informações. Eles servem a uma função crucial aos seres humanos, que lhes permite selecionar, filtrar, codificar e atribuir significado às informações vindas do meio ambiente (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

A TCC não postula estruturas ou defesas específicas que bloqueiam os pensamentos da consciência. Em vez disso, enfatiza técnicas destinadas a ajudar os pacientes a detectar e modificar seus pensamentos profundos, especialmente aqueles associados com sintomas emocionais, como depressão, ansiedade ou raiva. A terapia cognitiva comportamental ensina os pacientes a “pensar sobre o pensamento” para atingir a meta de trazer as cognições autônomas à atenção e ao controle consciente (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

4.4. TÉCNICAS MAIS UTILIZADAS PELO TERAPEUTA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

Depois de fazer a identificação dos problemas e compreender o que está por trás deles, o terapeuta Cognitivo Comportamental faz uso das técnicas de intervenção. Para isso, considera tanto as particularidades das demandas quanto o grau de sofrimento do paciente.

A TCC é considerada uma forma de psicoterapia estruturada que possui técnicas objetivas e diretivas para atuar nos diferentes níveis do sistema humano. As técnicas da terapia cognitiva e da terapia comportamental tem demonstrado serem eficazes no tratamento de vários transtornos mentais (CONCEIÇÃO; BUENO, 2020).

As técnicas de Terapia Cognitiva Comportamental tornam a terapia mais eficaz, onde abrange clientes e casos mais complexos, que avaliam e direcionam o cliente a um desenvolvimento apropriado. É fundamental que o psicólogo utilize técnicas diante de uma emoção negativa apresentada pelo cliente, pois quando consegue fazer essas emoções serem expelidas, o tratamento progride (FRIEDBERG; MCCLURE; GARCIA, 2011). 

O papel do psicólogo é ajudar o cliente a reconhecer seus pensamentos e a modifica-los, examinando a veracidade de suas afirmações e observando evidências que contradizem. A Terapia Cognitiva não visa estimular a autodefesa ou o pensamento positivo, mas sim, o pensamento realista. A estimulação das emoções, desenvolvimento da motivação e as técnicas ativam novas experiências e sentimentos, o cliente pode precisar confrontar a realidade com os novos pensamentos e comportamentos para ver a importância de uma resposta racional (LEAHRY, 2006).

Algumas das técnicas mais utilizadas em TCC são:

Psicoeducação - tem uma importante função de orientar o/a paciente em diversos aspectos, seja a respeito das consequências de um comportamento, na construção de crenças, valores, sentimentos e como estes repercutem em sua vida e na dos outros, bem como nortear um/a paciente e sua família quanto à existência ou prevalência de doenças, sejam elas de ordem física, genética ou psicológica, é capaz de proporcionar o indivíduo a desenvolver pensamentos, ideias e reflexões sobre as pessoas, sobre o mundo e como comportar-se diante de algumas situações através de atividades que podem colaborar justamente na reflexão e obtenção de valores, tanto nas intervenções individuais como nas coletivas (BECK, 2013).

Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD) - faz com que o cliente saiba identificar e analisar, de forma consciente, os seus pensamentos, emoções e comportamentos conflituosos, levando o indivíduo a pensar em respostas adaptativas em relação às suas cognições negativas, para que, assim, se torne seu próprio terapeuta, conseguindo lidar com seus conflitos (CREPALDI, 2018).

Questionamento Socrático - baseia-se em uma relação empírica colaborativa e tem o objetivo de ajudar o paciente a reconhecer e modificar o pensamento desadaptativo ambiente (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Exposição - é aplicada segundo o fundamento de que a ansiedade é uma resposta condicionada que tende a diminuir através da habituação durante a exposição sistemática aos estímulos temidos (CONCEIÇÃO; BUENO, 2020).

Dessensibilização Sistemática - é um conjunto de técnicas de exposição/aproximação à experiência traumática, envolvendo três etapas básicas: treinamento do cliente ao relaxamento físico, estabelecimento de uma hierarquia de ansiedade em relação ao estímulo fóbico e contra condicionamento do relaxamento como uma resposta ao estímulo temido, iniciando-se com o elemento mais baixo na hierarquia de ansiedade até chegar ao ponto mais alto dessa hierarquia previamente estabelecida na segunda etapa. Traz resultados de bem-estar para mente e corpo, encorajamento para lidar com situações que lhe traz medo, autocontrole no plano físico, mental e emocional (KNAPP; CAMINHA, 2003).

Relaxamento Muscular Progressivo de Jacobson - reduz o impacto físico do estresse, reduz os sintomas de ansiedade, insônia, baixa a pressão arterial, reduz a probabilidade de convulsões. Consiste em contrair e relaxar os grupos musculares específicos e em sequência concentrando-se em áreas específicas e enrijecendo e depois relaxando-as, você pode se tornar mais consciente do seu corpo e sensações físicas (AZEVEDO, 2016).

Respiração Diafragmática - é bastante utilizada em pacientes com queixas dos mais diversos transtornos de ansiedade, principalmente em quadros onde há a ocorrência de ataques de pânico. Esta técnica de respiração consiste em concentrar o ar na região do diafragma (músculo que fica na altura do estômago), fazendo a barriga estufar e voltar ao normal ao puxar e soltar o ar, respectivamente (CANTINIEM, 2003).

Cartão de Enfrentamento - são frases motivacionais e realistas que ajudam as pessoas a manterem o foco, ou a verem as coisas por uma lente menos negativa, naqueles momentos em que tudo parece desmoronar (CONCEIÇÃO; BUENO, 2020).

Role-Play (Racional-Emocional) - essa técnica é usada principalmente em clientes que talvez entendam intelectualmente a falsidade ou a inutilidade das crenças, ainda se sentem emocionalmente amarrada a elas. Nesta forma de role-play, o cliente representa a parte racional da sua mente, e o terapeuta dramatiza a parte emocional (CONCEIÇÃO; BUENO, 2020).

Tarefas de casa (Biblioterapia) - ajuda a reforçar as questões abordadas durante as sessões de terapia e mantém o cliente ativo entre estas. As leituras designadas são em geral relevantes para o foco de recepção de conteúdo no decorrer do tratamento (CONCEIÇÃO; BUENO, 2020).

Solução de Problemas - o objetivo da técnica em si é incentivar o paciente a identificar os problemas, tanto os problemas que ele enfrentou na semana que ainda lhe causam sofrimento e os que ele prevê para as semanas seguintes e coloca-los em pautas (BECK, 2013).

Parada do Pensamento e Autoinstrução - controlar os próprios pensamentos e ações, o paciente identifica ideias que o fazem mal e dar o comando “pare” sempre que elas surgirem, levando o aumento da consciência sobre os pensamentos e exercita seu poder de interromper e modificar pensamentos (CONCEIÇÃO; BUENO, 2020).

4.5. TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL PARA OS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

Clark & Beck (2014) enfatiza que tratamento para um transtorno de ansiedade varia entre 6 e 20 sessões individuais, normalmente oferecidas semanalmente no início e depois diminuindo sua frequência aos poucos para sessões quinzenais e mensais. O tratamento se divide em três fases:

1. Avaliação. A primeira ou duas primeiras sessões visam avaliar a natureza de seu problema de ansiedade. O terapeuta fará muitas perguntas sobre a história de sua ansiedade, seus sintomas, suas vivências cotidianas com ela e como o indivíduo tentou enfrentar. A maioria dos terapeutas cognitivos também dá questionários aos pacientes para completar em casa. O objetivo da avaliação é compreender a natureza de sua ansiedade e desenvolver um plano de tratamento que funcionará para o paciente.

2. Intervenção. Esta é a principal parte da terapia cognitiva, a qual visa identificar o pensamento problemático que o está deixando ansioso, corrigir estes pensamentos, ajudar a descobrir uma nova perspectiva sobre a ansiedade e estruturar planos de ação que alterarão seu modo de lidar com episódios de ansiedade.

3. Término. As sessões finais ocorrem com menos frequência e se concentram nas habilidades necessárias para lidar com o retorno ocasional da ansiedade. Os terapeutas chamam isso de prevenção de recaída, e seu objetivo é garantir que a pessoa tenha capacidade de enfrentar futuras vivências de ansiedade sem auxílio do terapeuta (CLARK & BECK, 2014, p. 14).

As sessões de Terapia Cognitiva seguem uma estrutura bastante típica, embora os terapeutas cognitivos difiram quanto ao rigor com que seguem este formato de sessões, a maioria dos elementos, se não todos, estará presente durante a maioria das sessões de terapia para ansiedade. Além disso, os terapeutas Cognitivos Comportamentais adotam um determinado estilo terapêutico que acreditam oferecer o melhor contexto para aprender a superar a ansiedade. Este estilo terapêutico, juntamente com as características de uma boa relação terapêutica (confiança, crença na compreensão do terapeuta, preocupação e empatia demonstrada, facilidade de autorrevelação, garantia de sigilo), produz o melhor ambiente terapêutico para tratamento do medo e da ansiedade (CLARK & BECK, 2014).

4.6. REDUZINDO A ANSIEDADE E ROMPENDO PADRÕES DE EVITAÇÃO

Os aspectos Cognitivos e Comportamentais dos transtornos de ansiedade, medos irreais de objetos e situações, superestimar o risco ou o perigo, subestimar a capacidade de enfrentar ou lidar com os estímulos temidos e padrões repetidos de evitação. Pacientes com transtorno de ansiedade normalmente relatam experiências subjetivas intensas de medo acompanhadas de sintomas físicos de excitação psíquica, quando expostas a um estímulo ameaçador. Por exemplo, se uma pessoa com a fobia de altura estiver enfrentando a perspectiva de subir em uma escada alta, ela pode ter pensamentos automáticos provocadores de medo (p. ex., vou desmaiar... vou cair... não aguento isso... tenho que descer já), além de emoções intensas e ativação fisiológica (p. ex., ansiedade, coração disparado, respiração acelerada, suor frio). O estímulo original que levou a pessoa a ter medo é chamado de estímulo não-condicionado (ENC). A resposta original de medo ao ENC é chamada de resposta não-condicionada (RNC). Coisas que lembram ao paciente esses estímulos também podem evocar uma resposta de medo (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Em pessoas com transtornos de ansiedade, as respostas emocionais e fisiológicas aos estímulos temidos normalmente são tão aversivas que aqueles que as sofrem farão tudo o que for necessário para evitar passar por essas situações novamente. Assim, as pessoas com fobia social se manterão longe de eventos ou lugares em que possam se sentir expostas às pressões sociais. Aqueles com fobias específicas evitarão alturas, lugares fechados, elevadores ou outros desencadeantes de sua ansiedade; pacientes com transtorno de estresse pós-traumático tentarão se isolar das condições que as lembrem das experiências traumáticas (p. ex., deixarão de dirigir, não voltarão ao trabalho ou evitarão namorar ou ter relacionamentos interpessoais íntimos) e as pessoas que têm transtorno de pânico com agorafobia tomarão muito cuidado para não passar por situações que desencadeiem seu medo (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Como a evitação é recompensada com alívio emocional, é mais provável que o comportamento evitativo ocorra novamente quando a pessoa for confrontada com as mesmas circunstâncias ou circunstâncias semelhantes. Por exemplo, quando uma pessoa com fobia social decide não ir a uma festa e sente alívio imediato da ansiedade, sua evitação é reforçada. Na próxima vez em que receber um convite para um evento social, a pessoa provavelmente continuará o padrão de evitação como forma de controlar a ansiedade associada ao julgamento social o qual ela prevê que irá acontecer. Cada vez que ela evita uma situação social, seu comportamento fóbico e suas cognições disfuncionais sobre o desempenho social são ainda mais reforçados e seus sintomas se tornam mais profundamente intricados (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Os procedimentos gerais mais comumente utilizados para desfazer o pareamento ENC e RNC são inibição recíproca e exposição. A inibição recíproca é definida como um processo de redução da excitação emocional ao ajudar o paciente a vivenciar uma emoção positiva ou saudável que se contraponha à resposta disfórica. O método habitual de implementação da inibição recíproca é induzir um estado de profundo relaxamento da musculatura voluntária, produzindo assim um estado de calma altamente incompatível com a ansiedade ou excitação. Quando uma pessoa fica profundamente relaxada na presença de um estímulo temido, o estímulo e a resposta podem ser despareados. Quando esse método é praticado regularmente, o poder do estímulo de evocar o medo e a evitação podem diminuir ou ser eliminados. A exposição produz o despareamento da conexão estímulo-resposta de maneira diferente. Como estratégia de enfrentamento, a exposição tem os efeitos opostos da evitação. Se uma pessoa se expuser intencionalmente a um estímulo provocador de medo, ela provavelmente sentirá medo. No entanto, o medo geralmente tem tempo limitado, pois a excitação fisiológica não pode ser mantida em um estado elevado indefinidamente. Ocorre fadiga e, na ausência de novas fontes de excitação, a pessoa começará a se adaptar à situação. Por exemplo, se uma pessoa que tem medo de altura for levada ao último andar de um prédio alto e solicitada a olhar pela janela, ela ficará apavorada ou até mesmo em pânico. Mas, em algum momento, a resposta de medo se esgotará e um estado homeostático normal se restabelecerá. Com a repetição da exposição, a resposta fisiológica à situação temida deve diminuir à medida que a pessoa conclui que o estímulo pode ser enfrentado e controlado (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

As técnicas de reestruturação cognitiva podem ajudar no processo de despareamento da resposta de medo do estímulo ameaçador, por facilitar a resposta de relaxamento e por promover o envolvimento em intervenções baseadas na exposição. Métodos que reduzem ou desligam pensamentos negativos podem baixar os níveis de tensão, ajudando assim a pessoa a desfrutar de sensações físicas e emocionais de relaxamento. A parada do pensamento é um método comumente utilizado para realizar esse objetivo (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Um outro método de reestruturação cognitiva que pode ajudar a desparear as respostas de ansiedade de seus estímulos é a descatastrofização, uma técnica que ajuda o paciente a:

1. avaliar sistematicamente a probabilidade de um resultado catastrófico ocorrer ao se expor ao estímulo;

2. desenvolver um plano para reduzir a probabilidade de que tal resultado ocorra;

3. criar uma estratégia para enfrentar a catástrofe, caso esta ocorra (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 124).

4.6.1. Intervenções comportamentais para sintomas de ansiedade

A sequência de intervenções comportamentais é semelhante no tratamento de diferentes transtornos de ansiedade. Primeiro, o terapeuta avalia os sintomas, os “gatilhos” de ansiedade e as estratégias de enfrentamento existentes. Depois, são definidos alvos específicos de intervenção que irão nortear o curso da terapia. Em seguida, ensinam-se habilidades básicas ao paciente para enfrentar os pensamentos, sentimentos e comportamentos que caracterizam o transtorno de ansiedade. Finalmente, essas habilidades são usadas para auxiliar o paciente a se expor sistematicamente a situações que provocam ansiedade (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Passo 1: Avaliação de sintomas, “gatilhos” e estratégias de enfrentamento. Ao avaliar transtornos de ansiedade, é importante delinear claramente:

1. os eventos (ou memórias de eventos ou fluxos de cognições) que servem como gatilhos para a resposta de ansiedade;

2. os pensamentos automáticos, erros cognitivos e esquemas subjacentes envolvidos na reação exagerada ao estímulo temido;

3. as respostas emocionais e fisiológicas;

4. os comportamentos habituais, como sintomas de pânico ou evitação (WRIGHT; BASCO;  THASE, 2008, p. 124).

Assim, todos os elementos do modelo Cognitivo Comportamental básico são avaliados e considerados ao se desenvolver a formulação e o plano de tratamento. A principal forma de avaliação é uma entrevista minuciosa voltada para a identificação dos sintomas-chave, dos gatilhos de ansiedade e das cognições e comportamentos mais importantes (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Passo 2: Identificação de alvos para intervenção.  Não é raro que um indivíduo tenha múltiplas manifestações de ansiedade. O que frequentemente funciona melhor é começar trabalhando um sintoma ou meta que seja mais facilmente realizável, de modo que o paciente possa construir confiança ao obter sucesso logo de início. Além disso, o que foi aprendido com as experiências no manejo de uma situação temida frequentemente pode ser generalizado para usar estratégias eficazes de enfrentamento para outras ansiedades (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

Passo 3: Treinamento de habilidades básicas. Várias habilidades básicas da TCC podem ajudar os pacientes com transtornos de ansiedade a se envolverem com sucesso em intervenções baseadas na exposição. Detalhamos a seguir cinco desses métodos: treinamento de relaxamento, parada de pensamentos, distração, descatastrofização e retreinamento da respiração (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

  1. Treinamento de relaxamento - o objetivo do treinamento de relaxamento é ajudar os pacientes a aprenderem a atingir uma resposta de relaxamento, um estado de calma mental e física. O relaxamento muscular é um dos principais mecanismos para atingir a resposta de relaxamento. Ensina-se aos pacientes a liberar sistematicamente a tensão em grupos musculares por todo o corpo. À medida que a tensão muscular diminui, o sentimento subjetivo de ansiedade normalmente se reduz.
  2. Parada de pensamentos - seu objetivo é interromper o processo de pensar negativamente e substituir por pensamentos mais positivos ou adaptativos. A parada de pensamentos pode ser útil para alguns pacientes com transtornos de ansiedade como fobias e transtornos do pânico.
  3. Distração - seu objetivo é facilitar a participação na exposição e em outras intervenções comportamentais ao reduzir a frequência ou intensidade de pensamentos automáticos e baixar a tensão física e a angústia. As distrações comumente usadas são ler, ir ao cinema, envolver-se com um hobby ou um trabalho manual, socializar-se com amigos ou entrar na internet.
  4. Descatastrofização - as previsões catastróficas sobre o futuro são muito comuns entre pessoas com depressão e ansiedade. Essas previsões são frequentemente influenciadas pelas distorções cognitivas observadas nesses transtornos, mas, às vezes, os medos têm razão de ser. Assim, o procedimento de descatastrofização nem sempre tenta negar o medo catastrófico. Ao contrário, o terapeuta pode preferir ajudar o paciente a trabalhar maneiras de enfrentar uma situação temida caso ela se torne real
  5. Retreinamento da respiração - o retreinamento da respiração geralmente é utilizado no tratamento do transtorno de pânico, pois a hiperventilação é um sintoma frequente dos ataques de pânico. A estratégia mais frequentemente usada para o retreinamento da respiração para ataques de pânico começa por pedir ao paciente para aumentar o ritmo da respiração, antes de reduzi-lo. O paciente pode ser instruído a respirar rápida e profundamente por um curto espaço de tempo (máximo de um minuto e meio) para reproduzir a respiração na vivência de um ataque de pânico. O próximo passo é pedir ao paciente para tentar respirar lentamente até recobrar o controle normal sobre sua respiração. Assim, é útil amenizar os temores catastróficos em relação a resultados possíveis, explicando o que acontece fisiologicamente quando uma pessoa hiperventila (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 126-129).

Passo 4: Exposição. A exposição a estímulos provocadores de ansiedade é o passo final do rompimento da conexão entre estímulo e resposta nos transtornos de ansiedade. Para combater o ciclo de reforço causado pela evitação, o paciente é auxiliado a confrontar situações estressantes enquanto aplica os métodos de reestruturação cognitiva e de relaxamento descritos em “Passo 3: treinamento de habilidades básicas”. Embora alguns sintomas de ansiedade, como fobias simples, possam ser tratados em uma única sessão com terapia de inundação (o paciente é encorajado a enfrentar diretamente o estímulo temido enquanto o terapeuta modela o enfrentamento da situação), a maioria das terapias de exposição utiliza o método de dessensibilização sistemática. Esse procedimento envolve o desenvolvimento de uma hierarquia de estímulos temidos que é, então, usada para organizar o protocolo de exposição gradual para superar a ansiedade em um passo de cada vez (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).

5. MÉTODO

O presente trabalho desenvolvido seguiu os preceitos do estudo exploratório, por meio de uma pesquisa bibliográfica. De acordo com Gil (2008 p. 50), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

Ainda, de acordo com o autor, partes dos estudos exploratórios podem ser definidas como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo. “A pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente” (GIL, 2008, p. 50).

Nesta perspectiva, a proposta de Gil (2008) foi utilizada as seguintes etapas que forneceram subsídios para a melhor compreensão do termo “ansiedade”, no qual foram utilizadas para definir a eficácia da Terapia Cognitiva Comportamental no tratamento dos transtornos de ansiedade.

1- Fontes;

2- Coleta de Dados;

3- Análise e Interpretação dos Resultados;

4- Discussão dos Resultados.

A seguir estão descritas as fontes que forneceram as respostas adequadas à solução do problema proposto, nos quais foram realizadas coleta de dados sobre a temática, sendo:

a) 2 artigos científicos acessada nas bases de dados da Scielo (ScientificEletronic Library OnLine); FAEMA (Faculdade de Educação e Meio Ambiente), a partir dos seguintes descritores: Ansiedade. Autonomia. Eficácia. Tratamento.

b) 7 livros que abordam a temática em idioma português;

c) 3 artigos que abordam a temática acessados nas bases de dados da plataforma educacional da Psicologia Explica; Psico Ativo; Facilitah.

A coleta de dados seguiu a seguinte premissa:

a) Leitura Exploratória de todo o material selecionado;

b) Leitura mais aprofundada das partes que realmente interessam;

c) Registro das informações extraídas das fontes em instrumento específico (autores, ano, método, resultados e conclusões).

Na análise e interpretação dos resultados foi realizada uma leitura analítica com a finalidade de ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes.

Na discussão dos resultados foram analisadas e discutidas a partir do referencial teórico relativo à temática do estudo.

6. DISCUSSÃO

A Presente pesquisa pretendeu demonstrar a eficácia da Terapia Cognitiva Comportamental no tratamento dos transtornos de ansiedade, descrever os sintomas da ansiedade e compreender como as táticas da Terapia Cognitiva Comportamental podem ser aplicadas de maneira eficaz no tratamento psicoterapêutico e quais as técnicas Cognitivas e Comportamentais mais eficazes no tratamento dos transtornos de ansiedade.

Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da ansiedade adaptativos por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Eles diferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por estresse (DSM-V, 2014).

Entender as bases fisiológicas que determinam os tipos de ansiedade é importante para os profissionais de saúde adotarem metodologias de intervenção mais adequadas ao controle da patologia. Utilizando novos recursos e priorizando tratamentos diferenciados de acordo com os sintomas dos transtornos.

As considerações de Beck (2013) mostram que o tratamento está baseado em uma conceituação, ou compreensão, de cada paciente (suas crenças específicas e padrões de comportamento). O terapeuta procura produzir de várias formas uma mudança cognitiva (modificação no pensamento e no sistema de crenças do paciente) para produzir uma mudança emocional e comportamental duradoura.

Para Wright; Basco; Thase (2008), na TCC, os terapeutas incentivam o desenvolvimento e a aplicação de processos conscientes adaptativos de pensamento, como o pensamento racional e a solução de problemas. O terapeuta também dedica bastante esforço para ajudar os pacientes a reconhecer e mudar o pensamento patológico em dois níveis de processamento de informações relativamente autônomo: pensamentos automáticos e esquemas. Enfatiza técnicas destinadas a ajudar os pacientes a detectar e modificar seus pensamentos profundos, especialmente aqueles associados com sintomas emocionais, como depressão, ansiedade ou raiva. A Terapia Cognitiva Comportamental ensina os pacientes a “pensar sobre o pensamento” para atingir a meta de trazer as cognições autônomas à atenção e ao controle consciente.

Conceição; Bueno (2020), ressaltam que a TCC é considerada uma forma de psicoterapia estruturada que possui técnicas objetivas e diretivas para atuar nos diferentes níveis do sistema humano. As técnicas da Terapia Cognitiva e da Terapia Comportamental tem demonstrado serem eficazes no tratamento de vários transtornos mentais.

O entendimento feito a partir do presente estudo compreende que várias habilidades básicas da TCC podem ajudar os pacientes com transtornos de ansiedade, não é raro que um indivíduo tenha múltiplas manifestações de ansiedade. O que frequentemente funciona melhor é começar trabalhando um sintoma ou meta que seja mais facilmente realizável, de modo que o paciente possa construir confiança ao obter sucesso logo de início. Assim, todos os elementos do modelo Cognitivo Comportamental básico são avaliados e considerados ao se desenvolver a formulação e o plano de tratamento.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante  da  conclusão  desse  estudo, pode-se  observar  que  a  TCC no tratamento dos transtornos de ansiedade,  tem  grande  eficácia,  pois oferece  ao  indivíduo  uma  variabilidade  de técnicas  que  são  empregadas  de  modo combinados  que  originam  impacto  sobre  o transtorno,  no entanto,  o  sujeito  passa  a  ver  a preocupação como um processo normal do desenvolvimento humano e não mais como algo patológico, sendo assim, o indivíduo é ensinado a reconhecer suas preocupações como um comportamento de evitação.

A TCC é uma abordagem clínica e, é uma das teorias que podem basear o atendimento psicoterapêutico, ou seja, é uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais e se destaca por sua base científica. Os precursores da Terapia Cognitivo Comportamental partiram do método científico e consideraram os conhecimentos sobre comportamento e neurociência. É considerada uma forma de psicoterapia estruturada que possui técnicas objetivas e diretivas para atuar nos diferentes níveis do sistema humano. As técnicas da TCC têm demonstrado serem eficazes no tratamento dos transtornos de ansiedade.

Os terapeutas Cognitivos Comportamentais adotam um determinado estilo terapêutico para oferecer ao paciente o melhor contexto para aprender a superar a ansiedade. Este estilo terapêutico, juntamente com as características de uma boa relação terapêutica, produz o melhor ambiente terapêutico para tratamento do medo e da ansiedade.

Diante desta pesquisa concluo que a psicologia interessa-se, igualmente, por descrever e explicar as condições nas quais é possível ocorrer preservação do potencial para o comportamento e para o desenvolvimento, sendo que é importante que o psicólogo construa um bom vínculo com o paciente e observe com atenção todo o processo clínico. Dessa forma, fica mais fácil analisar as demandas e perceber quando determinada técnica pode ser utilizada para agregar à terapia.

8. REFERENCIAS

AZEVEDO, T. Técnica de relaxamento progressivo de Jacobson passo a passo com imagens e vídeo. 2016. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2021.

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CLARK, D.A.; BECK, A. T. Vencendo a ansiedade e a preocupação com a terapia cognitivo-comportamental: manual do paciente. Porto Alegre: Artmed, 2014.

CONCEIÇÃO, J.; BUENO, G. 101 Técnicas da terapia cognitivo-comportamental. Mafra-SC: Editora UNC, 2020.

CREPALDI, M. Por favor, não menospreze o RPD!. Facilitah. Ponta Grossa. 07 maio 2018. Disponível em: < https://facilitahdesenvolvimento.com.br/por-favor-nao-menospreze-o-rpd/>. Acesso em: 25 abr. 2021.

DSM-5. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: American Psychiatric Association. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

FRIEDBERG, R. D.; MCCLURE, J. M.; GARCIA, J. H. Técnicas de terapia cognitiva para crianças e adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2011.

GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2008.

KNAPP, P; CAMINHA, R. M. Terapia cognitiva do transtorno de estresse pós-traumático. Rev. Bras. Psiquiatr., v. 25, suppl. 1, p. 31-36, 2003. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2021.

LEAHY, R. L. Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed, 2006.

MOURA, I. M. et.al. A terapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada. Rev Cient Fac Educ e Meio Ambiente [Internet]. 2018;9(1):423-441. Disponivel em: . Acesso em: 30 mar. 2021.

WRIGHT, J.H.; BASCO, M. R.; THASE, M. E. Aprendendo a terapia Cognitivo-comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008.


Publicado por: Edson Félix de Jesus

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