A disfunção materna como fator prejudicial na formação da personalidade dos filhos

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1. RESUMO

Este trabalho objetivou compreender a função materna enquanto objeto primário na formação da personalidade dos filhos, descrever a importância dos cuidados primários para o desenvolvimento emocional dos filhos; identificar os fatores que fortalecem o vínculo mãe e filho, fazendo com que assim consiga identificar as consequências negativas do despreparo materno no desenvolvimento emocional dos filhos. A metodologia utilizada foi uma revisão de literatura, com pesquisas bibliográficas em livros acadêmicos, revistas científicas como Scielo, Psicologia em estudo dentre outras e sites confiáveis. Após pesquisa detalhada sobre o tema foi possível concluir a importância do afeto materno para o desenvolvimento da criança, para a reflexão dos profissionais que lidam diretamente com a família. É importante ressaltar que o vinculo mãe/filho exerce um papel importantíssimo para o desenvolvimento da criança, quando tem a ausência desse vinculo pode ser ocasionado prejuízos somente para criança. O presente estudo propõe apontamentos de futuros estudos sobre o tema.

Palavras-chave: Disfunção Materna; Psicologia; Personalidade

ABSTRACT

This work aimed to understand the maternal function as primary object in the formation of the children's personality, to describe the importance of the primary care for the emotional development of the children; to identify the factors that strengthen the bond between mother and child, thus making it possible to identify the negative consequences of maternal unpreparation on the emotional development of the children. The methodology used was a review of the literature, with bibliographic research in academic books, scientific journals such as Scielo, Psychology in study among others and reliable sites. After detailed research on the subject, it was possible to conclude the importance of maternal affection for the development of the child, for the reflection of professionals who deal directly with the family. It is important to emphasize that the mother / child bond plays a very important role for the development of the child, when it is absent this bond can be caused damages only for the child. The present study proposes notes of future studies on the subject.

Keywords: Maternal Dysfunction; Psychology; Personality

2. INTRODUÇÃO

Em todos os tempos a função materna é essencial para que o bebê organize e se constitua psiquicamente; cabe à mãe transmitir o desejo ao bebê, de existência, transmitirem sentimento de pertencimento, lidando de forma saudável com o bebê. A criança precisa sentir que ocupa um lugar na vida do outro, isso se dá com a função desempenhada pela pessoa que cuida, aqui estende se para a pessoa que amamenta que entende suas necessidades e lhe acolhe física e emocionalmente.

A mãe ou o cuidador desta criança está atento aos sinais orgânicos e emocionais, ocupa-se de uma série de pequenas atividades que são de grande importância para o desenvolvimento infantil (cantar, contar histórias...). Todas essas atitudes permitem à criança perceber-se como um ser único, amado, desejado e compreendido.

Em alguns casos, há uma falha nesta função, ou seja, a mãe deixa o bebê numa condição de falta no período inicial de sua constituição e apego, pois ela não tem conhecimento algum sobre seu filho Dessa forma, não é capaz de apropriar-se da criança e consequentemente não consegue exercer as funções necessárias, podendo assim, causar patologias que afetam o desenvolvimento intelectual, emocional e psíquico da criança.

O trabalho se norteia pela seguinte questão: qual a importância da função materna na formação da personalidade dos filhos? Este estudo objetivou compreender a função materna enquanto objeto primário na formação da personalidade dos filhos, descrever a importância dos cuidados primários para o desenvolvimento emocional dos filhos; identificar os fatores que fortalecem o vínculo mãe e filho, fazendo com que assim consiga identificar as consequências negativas do despreparo materno no desenvolvimento emocional dos filhos.

A metodologia utilizada foi uma revisão de literatura, com pesquisas bibliográficas em livros acadêmicos, revistas científicas como Scielo, Psicologia em estudo dentre outras e sites confiáveis, com publicação de 2000 em diante. Tendo como foco de referência os estudos de Winnicott e Bowlby, podendo ter outros autores citados como auxilio nos estudos e orientações de pesquisa. Foi utilizado artigos em língua portuguesa e inglesa.

3. DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA CRIANÇA

O desenvolvimento da personalidade de uma criança depende do envolvimento dos pais, como maneira que será educada, as pessoas que conviverão em seu meio, a maneira de como será criada, sabe-se que o primeiro contato com a mãe tem um envolvimento muito grande para este desenvolvimento.

O desenvolvimento infantil ocorre em vários estágios, sendo de uma forma contínua, os autores Papalia, Olds, Feldman (2010, p. 30) em seu estudo afirmam que “[...] para os teóricos mecanicistas, o desenvolvimento é contínuo, como andar e escalar uma rampa”.

Os pais têm um papel fundamental em atuar no desenvolvimento da personalidade da criança, organizando espaços e tempos fazendo com que a criança se envolva com experiências que enriqueceram para seu crescimento, fazendo com que ela conviva com a realidade do mundo.

3.1. DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE

A formação da personalidade não se trata de um único fator e sim de um processo de evolução, sendo que cada indivíduo tem sua particularidade, sua característica genética e comportamentais, traços físicos, emocionais, sendo que herdam características genéticas de algum familiar.

Segundo Cool, Marchesi, Palacios (2004, apud Rauber; Scheibe, 2014, p. 4): [...] “as pessoas se diferem notavelmente umas das outras: Cada qual tem uma herança particular, e cada uma vive em uma série de influências ambientais que tem também muito de pessoal”

As pessoas vivem de forma pessoal, mesmo que sejam criados e educados na mesma casa, pelas mesmas pessoas, sendo que tem vários fatores que tem que se levar em conta para a formação da personalidade sendo entre eles: herança, ambiente, valores e crenças dentre outros.

A formação da personalidade não é um a coisa simples de ser definida, não é algo que se herda de alguém, ou que foi desenvolvida pelas influencias externas; ela acaba sendo analisada, a maioria das vezes, somente por fatores emocionais, o que torna vago, quando a realidade mostra que não é só isso, pois se fosse assim seria muito fácil moldar alguém (Rauber; Scheibe, 2014).

O desenvolvimento humano impõe conflitos nucleares que desencadeiam crises. Cada crise possuiria duas saídas possíveis: se o conflito é resolvido de maneira satisfatória, a qualidade positiva é construída no ego e o desenvolvimento é sadio; se o conflito é resolvido de forma insatisfatória, a qualidade negativa se incorpora ao ego e o desenvolvimento é prejudicado (SANTOS; XAVIER; NUNES, 2009, p.55)

Os pais são um modelo para formação da criança, para sua estrutura e formação, pois as crianças têm uma psique influenciável e dependente podendo se espelhar nas atitudes dos pais, familiares ou próximos.

3.1.1. O DESENVOLVIMENTO DO EU

Na criança se dá o desenvolvimento da consciência a partir do terceiro, quarto ano de vida, quando começa a dizer EU. O ser humano está em seu inconsciente e não pode ser acessado, o “eu” então deixa de compreender muitas coisas. (COOL; MARCHESI; PALACIOS, 2004)

O autoconceito está ligado à imagem que temos de nós mesmos e se refere ao conjunto de características ou de atributos que utilizamos para nos definir como indivíduos e para nos diferenciar dos demais. O autoconceito se relaciona com os aspectos cognitivos do sistema do eu e integra o conhecimento que cada pessoa tem de si mesma como ser único (COOL; MARCHESI; PALACIOS, 2004, p.185)

Os autores acima citados ainda afirmam que o nível de desenvolvimento cognitivo e as experiências sociais é o que diferencia a forma como as crianças expressam seu autoconceito de uma idade para outra.

Quando as crianças se deparam com as exigências da sociedade elas começam a criar atitudes, regras para poderem serem aceitos; aonde começam a processar a tomada de consciência que muitas vezes foi proporcionada por seus pais.

3.2. FAMÍLIA E O EMOCIONAL

No estudo dos autores a primeira aprendizagem social da criança ocorre em casa, sendo através das suas experiências com a família, antecedentes decisivos de suas relações sociais com outras pessoas (Rauber; Scheibe, 2014).

A criança tem que ser criança, sonhar, brincar, pular, dançar, cantar desenhar, curtir o mundo infantil, para que ela possa ir descobrindo o mundo da sua maneira, sabendo respeitar e sendo respeitada.

A boa convivência com a família contribui significativamente para a autoestima da criança. Autoestima é a forma que a pessoa avalia a si mesma isso varia de atividade para atividade, podendo este indivíduo em um momento se avaliar de forma positiva e em outro não. (Rauber; Scheibe, 2014).

Quando os filhos são muito protegidos acabam crescendo inseguros, pois os pais acabam impedindo que a criança descubra o mundo, a realidade, os filhos são criados para o mundo, muitos pais fazem com que os filhos vivam um mundo imaginário privando do real.

Os autores Coll, Marchesi; Palacios (2004), afirmam que tem crianças que desde pequenas já demonstram atitudes de autoestima mais elevadas de que outras, isso se relaciona a valorização que elas recebem daqueles que fazem parte das suas convivências.

As pessoas mais próximas e significativas para as crianças costumam ser os membros de sua família mais imediata, especialmente seus pais. Isso faz com que a reflexão sobre os determinantes da autoestima durante esses anos remeta, em grande parte, aos estilos de educação familiar. (COOL; MARCHESI; PALACIOS, 2004, p. 187-188)

Segundo Stevanato (2003), em geral, as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem experimentam sentimentos de inferioridade, insatisfação e ansiedade, apresentando assim um autoconceito negativo.

É muito importante a que a família exerça seu papel na vida do seu filho, mas tem que deixar ele ser feliz, vivenciar situações que ele consiga protelar soluções, não se pode deixar que a criança perca sua infância com medo de que ela desenvolva uma personalidade “ruim”. A relação entre pais e filhos varia de família para família, de modo que, em cada caso, os pais assumem posturas diferentes.

O que o conjunto da sociedade, em especial dos educadores, deseja é uma disciplina ativa e consciente, marcada pelo respeito, responsabilidade, construção do conhecimento, interação, participação, formação do caráter e da cidadania. E isto começa em casa, com os pais, que tem que transmitir o saber fazer à criança. Eles são os primeiros modelos (SANTO, 2007, p.16).

A criança assimila tudo aquilo que lhe é apresentado, tudo que lhe for proporcionado ao seu redor ela vai assimilando, mas as pessoas que convivem com essa criança têm um fator importante pois o caráter e os sentimentos também são assimilados pelas crianças.

4. Vínculos iniciais e desenvolvimento infantil

A mulher, enfim, passa a ser vista como um indivíduo e não meramente como “mulher-natureza”, à medida que ingressa no mercado de trabalho e adquire um domínio maior da possibilidade de reprodução, com a criação dos métodos anticoncepcionais. Busca o prazer próprio e preocupa-se mais com sua imagem, sem correr o risco de ser condenada (PEIXOTO et al., 2000, apud gutierrez, castro, pontes, 2011, p. 7).

4.1. A importância das primeiras relações

Nas obras que se referem aos estudos de Winnicott, traz a necessidade da compreensão de que a disfunção materna, ou, melhor compreendendo, a função materna ideal, se inicia ainda enquanto desejo do casal em ter o filho.

Winnicott, psicanalista inglês e teórico das relações objetais, em 1963, descreveu o desenvolvimento emocional primitivo em termos da jornada da dependência à independência, propondo três categorias: dependência absoluta, dependência relativa e autonomia relativa. Para ele, é na fase de dependência absoluta que a mãe desenvolve o que chamou de preocupação materna primária (BRUM; Schermann, 2004).

Este estado especial da mãe faz com que ela seja capaz de compreender o bebê por meio de uma surpreendente capacidade de identificação, constituindo-se com ele em uma unidade. A mãe, então, auxilia-o a se integrar (BRUM; Schermann, 2004, p. 458).

Parafraseando o autor na fase de dependência absoluta, não há uma mãe capaz de se conectar com seu bebê, este fica num estado de não-integração, tornando-se apenas um corpo com partes soltas

De acordo com as ideias acerca do desenvolvimento propostas por Winnicott, é aqui que ocorrem as falhas primitivas no desenvolvimento, acarretando o surgimento de patologias mentais (Winnicott, 2000).

A constituição da criança comece a se manifestar, para que as tendências ao desenvolvimento comecem a desdobrar-se, e para que o bebê comece a experimentar movimentos espontâneos e se torne dono das sensações correspondentes a essa etapa inicial da vida (Winnicott, 2000, p. 403).

Os cuidados iniciais, destaca-se a experiência de amamentação, a qual pode possibilitar a construção de um vínculo saudável entre a mãe e o bebê, pois este é o primeiro momento que a mãe tem como seu filho, porém o autor relata que pode ser um momento que pode causar ansiedade quando a relação e os cuidados disponibilizados pela mãe durante a amamentação não são adaptados e, portanto, não atendem às necessidades do bebê (Winnicott, 2000).

O estudo realizado por Bowlby (2002) o autor relata que as mães que não correspondem às investidas do bebê para alcançar a proximidade com elas podem contribuir para que haja um sentimento de insegurança ou ansiedade nestes. Isso porque os bebês possivelmente não irão relaxar e moderar seus esforços na tentativa de aproximar-se da mãe.

O bebê tem um aparato inato para responder a estímulos sociais, e se utiliza dele para garantir a proximidade com a mãe, desde o início da vida. A partir dos três meses, a maioria dos infantes responde à mãe de um modo diferente se comparado com outras pessoas, onde ele começa a sorrir reconhecendo o som da voz de sua mãe, seguindo esta com os olhos, com a finalidade de manter proximidade com ela (Bowlby, 2002).

A necessidade das implicações maternas no trato com os filhos, em todas as etapas, destacará no presente trabalho, a disfunção na lida com as crianças, nas primeiras etapas da vida, seguindo o pressuposto de que, enquanto bebê a concepção do mesmo já estaria de fato atenta aos estímulos bons e ruins do meio afetuoso, trazendo posteriormente, tais implicações para a vida adulta (INFANTE, 2000).

A mãe articula a demanda do bebê ao seu saber inconsciente, à sua rede significante, atribui à ação do bebê um sentido, a partir do qual realiza a oferta de uma ação específica. Mas, neste movimento de articulação da pulsão pela demanda, também se abre a dimensão do desejo, pois a pulsão não fica toda articulada na demanda, o desejo sempre escapa, sempre insiste na busca da realização do que ficou inscrito como satisfação (JERUSALINSKY, 2002, p. 138).

O exercício da função materna implica instaurar um funcionamento corporal subjetivado no cuidado que se realiza no bebê, pois a mãe articula a antecipação simbólica, que é relativa ao desejo que estabelecia para o bebê um lugar suposto antes de seu nascimento, à sustentação do tempo necessário para que a constituição do bebê possa se produzir, fazendo com seus cuidados, certa suplência diante da imaturidade real do organismo do bebê. A psicanálise aponta para fatores da função materna que tem relação com aspectos reais, imaginários e simbólicos. Desse modo, à mãe simbólica cabe: supor um sujeito no bebê, interpretar o grito e alternar-se em presença-ausência. O desejo da mãe está relacionado ao Imaginário, ou seja, o bebê que sonha ter (INFANTE, 2000).

4.1.1. RELAÇÃO MÃE-BEBÊ

Deve-se ressaltar que o cuidado materno se trata de uma relação humana viva, e não de um rodízio de cuidados em termos de número de horas por dia, e deve ser considerada em termos do prazer que mãe e filho obtêm na companhia um do outro.

Bowlby (2006) atenta para a importância da continuidade, intimidade e afetividade do relacionamento entre mãe e filho, em que ambos encontrarão satisfação e prazer.

É essencial para a saúde mental do bebê que ele e a mãe sintam-se fortemente identificados dentro de uma relação calorosa, de modo que o bebê sente que é objeto de prazer e orgulho para a sua mãe, e a mãe sente uma expansão de sua própria personalidade na personalidade de seu filho (Bowlby, 2006, p. 69).

Para Soifer (1980 apud Mozzaquatro, Arpini, Polli, 2015), o apoio familiar é indispensável para que tais sintomas e sensações de confusão, fadiga, despersonalização, entre outras, acabem por se transformar em carinho para com o bebê.

Desse modo, pode-se pensar que o apoio emocional que todas as mães receberam foi essencial para a saúde física e emocional destas, evitando que se instalasse uma depressão maior, e colaborando para o estabelecimento de uma relação especial entre elas e os bebês.

5. O FORTALECIMENTO DO VÍNCULO MÃE - FILHO

O vinculo mãe e filho é importantíssimo para o processo do desenvolvimento da criança, podendo ser o passo para a formação da sua personalidade se este vinculo for de uma maneira adequada, saudável, a criança necessita desse vinculo para o processo de desenvolvimento psicológico.

O cuidado cotidiano de crianças pequenas é fundamental para que elas cresçam e se desenvolvam, para ser fisicamente saudáveis, emocionalmente seguras e respeitadas como sujeitos sociais. No processo de desenvolvimento, a criança necessita de interações positivas e de cuidados adequados, desempenhados por pessoas comprometidas com a sua saúde e bem-estar (Abuchaim et al, 2016)

5.1. AUSÊNCIA MATERNA

Para Winnicott (2000) a ausência materna e a falta de apego geram na criança uma necessidade da busca de um objeto transitório; essa criança pode apresentar comportamentos desajustados, como; roubo, insônia; apresentam comportamentos de regressão, tendência antissocial, carência e até uma propensão a delinquência.

Os cuidados que a criança recebe nos primeiros anos de vida, tem grande importância para a saúde mental futura, e é essencial que essa criança tenha a vivência de uma relação amorosa, íntima e contínua com a mãe; quando a criança não encontra esse tipo de relação ela vivencia a “privação parcial”; quando a mãe convive na mesma casa que a criança e não proporciona os cuidados que a criança precisa, da mesma forma ela vivenciará a privação; quando por qualquer outro motivo essa criança tenha sido afastada dos cuidados de sua mãe (BOWLBY, 2002, p. 4).

5.1.1. PRIVAÇÃO MATERNA

Em seu estudo Bowlby (2002 p, 29) destacou algo muito importante que será abordado a seguir na integra:

No fim dos anos trinta diversos pesquisadores distintos haviam estudado crianças que cometeram diversos crimes, e se surpreenderam com a constância dos fatos, e a relação de que essas crianças não demonstravam sentimento pelos outro, e apresentavam resistência para se relacionarem; a característica que chamou a atenção foi o fato de que essas crianças tiveram no início de sua infância um relacionamento conturbado com suas mães; e apresentavam comportamentos desajustados; como, roubo, violência, má conduta sexual e egoísmos, que são apenas algumas das características apresentadas no comportamento dos mesmos. Foi identificado que rupturas prolongadas na relação entre mãe e filho durante os três primeiros anos da criança causam danos na estrutura emocional da criança, e a característica de sua personalidade é prejudicada; percebeu-se que as consequências dessa privação, causou uma prevalência em relação a como essa criança lidaria com o mundo, e com o relacionamento com o outro; essas crianças estudadas tenderam a dificuldade de estabelecimento de laços afetivos, sociabilidade superficial, ausência de sentimentos, e a grande possibilidade a delinquência.

As provas sugerem que existem três tipos de experiências ligeiramente diferentes em relação à privação que podem produzir uma personalidade “incapaz de afeições” e delinquente em algumas crianças, são elas (Bowlby, 2002):

a) Falta de qualquer oportunidade para estabelecer ligação com a figura materna nos primeiros três anos de vida. b) Privação por um período limitado mínimo de 3 e provavelmente 6 meses- nos primeiros 3 ou 4 anos. c) Mudanças de uma figura materna para outra durante o mesmo período.

Foi ele um dos primeiros a reconhecer que o ser humano chega ao mundo predisposto a participar na interação social. “A visão evolucionária do apego propõe que os bebês da maioria das espécies animais nascem pré-programados para o estabelecimento de uma ligação próxima e forte ao agente principal de cuidados com o qual tal relação se estabelece. ” (MONTEIRO,2003, p.59).

Lima et al, 2016 em seu estudo descreve que uma parte das crianças que cresceram sem a presença física da mãe, ou mesmo as que a tiveram fisicamente, tiveram prejuízos no desenvolvimento de sua saúde mental e em contrapartida outras conseguiram desenvolver através de características pessoais, ou subsídios, a capacidade de lidar com as situações recorrentes da vida, mesmo que criadas em lares comprometidos.

Sabe-se que algumas crianças não são criadas diretamente pela mãe, muitas perdem a mãe no parto, ou no decorrer de seu crescimento por uma fatalidade, algumas crianças são criadas por algum ente, sem aquele afeto maternal importante para seu crescimento, que muitos não entenderiam.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender a privação do afeto materno foi desafiador, sabendo que a figura materna é vista como o cuidado, amor e zelo. Quando se depara na sociedade a rejeição da mãe com seu filho, no caso de uma doação, abandono, parece até um tabu.

Após pesquisa detalhada sobre o tema foi possível concluir a importância do afeto materno para o desenvolvimento da criança, para a reflexão dos profissionais que lidam diretamente com a família.

O afeto advindo da mãe (ou o cuidador da criança) constrói uma subjetividade, quando há uma ausência desse afeto, seja ele parcialmente começa a ser desenvolvido a parte psíquica da criança prejudicada sendo que os primeiros contatos vivenciados entre mãe/criança são com o mundo externo.

É importante ressaltar que o vinculo mãe/filho exerce um papel importantíssimo para o desenvolvimento da criança, quando tem a ausência desse vinculo pode ser ocasionado prejuízos somente para criança. O presente estudo propõe apontamentos de futuros estudos sobre o tema.

7. REFERÊNCIAS

Abuchaim, B.O.et al. Importância dos vínculos familiares na primeira infância: estudo II. 1. ed. -- São Paulo: Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal - FMCSV, 2016.Disponível em:< http://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/crianca_feliz/Treinamento_Multiplicadores_Coordenadores/WP_Vinculos%20Familiares.pdf>. Acesso em: 18 de outubro de 2018.

Bowlby, J. Cuidados maternos e saúde mental. São Paulo: Martins Fontes. 2006.

_________. Cuidados Maternos e Saúde Mental. Rio de Janeiro, Martins Fontes, 2002.

Brum, E.H.M.; SCHERMANN, L. Vínculos iniciais e desenvolvimento infantil: abordagem teórica em situação de nascimento de risco. Ciência & Saúde Coletiva, v,9. n.2, p.457-467, 2004. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/csc/v9n2/20399.pdf>. Acesso em 10 de outubro de 2018.

COLL, C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. Desenvolvimento Psicológico e Educação. In Desenvolvimento da personalidade entre os dois e os sete anos. 2° ed. Porto Alegre - RS: Artmed, 2004.

Gutierrez, D.M.D.; CASTRO, E.H.B.; PONTES, K.D.S. Vínculo mãe-filho: reflexões históricas e conceituais à luz da Psicanálise. Revista do Nufen - Ano 03, v. 01, n.02, agosto-dezembro, 2011. Disponível em:< http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rnufen/v3n2/a02.pdf >. Acesso em 18 de outubro de 2018.

INFANTE, D. P. O Outro do bebê: as vicissitudes do tornar-se sujeito. In: Cláudia F. Rohenkohl (Org.). A clínica com o bebê. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

JERUSALINSKY, A. Desenvolvimento e Psicanálise. In: Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque transdisciplinar. Trad. Diana Myriam Lichtenstein. 3ª edição – Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2004

LIMA, W.L. et all. Prejuízos da ausência materna no desenvolvimento infantil. CESUAP. 2016. Disponível em:< http://www.cesuap.edu.br/anais/congresso-multidisciplinar-2016/psicologia/prejuizos_da_ausencia_materna_no_desenvolvimento_infantil.pdf >. Acesso em 08 de outubro de 2018.

PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: AMGH, 2010.

Rauber, M.; Scheibe, R. W. A formação da personalidade da criança na perspectiva dos pais. Revista de Ciências Sociais do Norte de Mato Grosso. n.2. 2014. Disponível em:< http://revistanativa.com/index.php/revistanativa/article/view/182>. Acesso em 14 de agosto de 2018.

SANTO, J. M. R. Interações família-escola. Artigos. 2007. Disponível em:< http:// www.centrorefeducacional.com.br/infamesco.htm>. Acesso em: 27 agosto 2018.

WINNICOTT, D. Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas. Imago. Rio de Janeiro: 2000


Publicado por: Fabíola Evelyn Santana

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