A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA REDUÇÃO DOS IMPACTOS DO ALCOOLISMO NA FAMÍLIA
índice
- 1. RESUMO
- 2. INTRODUÇÃO
- 3. JUSTIFICATIVA
- 4. REVISÃO DE LITERATURA
- 4.1 A FAMÍLIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO
- 4.1.1 Famílias: Transformações
- 4.2 ACOOLISMO UM PROBLEMA INDIVIDUAL E COLETIVO
- 4.3 REDE DE APOIO E TRATAMENTO
- 4.4 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL NO BRASIL: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO
- 5. OBJETIVOS
- 5.1 OBJETIVO GERAL
- 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- 6. METODOLOGIA
- 6.1 Cenário e Sujeitos da Pesquisa
- 6.2 Tipo de Pesquisa
- 6.3 Amostra e Coleta de dados
- 6.4 Análise de dados
- 6.5 Questões Éticas
- 7. ANÁLISE E DISCUSSÃO
- 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
- 9. REFERÊNCIAS
- 10. APÊNDICE A - Roteiro de Entrevista
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1. RESUMO
O presente trabalho busca uma analise sobre o trabalho do Assistente Social junto as famílias de alcoolistas atendidas no CAPS ad de Caucaia. O alcoolismo é um problema grave de saúde pública, além de afetar o organismo do alcoólatra acarretando fortes consequências físicas, emocionais, psíquicas e sociais. Podendo afetar sua família, deixando um estado de vulnerabilidade no equilíbrio familiar, levando-nos a refletir sobre essa temática. A escolha do tema ocorreu pelo fato de se considerar afetado, não só o alcoólatra, mas também sua família e pela vontade de compreender como o Serviço Social contribui no trabalho dessa demanda. O CAPS ad é um dos dispositivo de atuação do Serviço Social na saúde mental atuando de acordo com a reforma psiquiátrica respeitando o usuário, onde trabalha com as praticas orientadas de acordo com seu código de ética. O objetivo geral dessa pesquisa é analisar o trabalho do assistente social junto as famílias de alcoolistas atendidas no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad) do município de Caucaia, Tendo também como objetivos específicos identificar segundo o profissional as possíveis mudanças ocorridas no convívio familiar durante o tratamento, analisar os desafios enfrentados pelos profissionais no atendimento das famílias usuárias e Conhecer as atividades ofertadas para a família no CAPS ad. O estudo foi realizado e fundamentado no método de pesquisa qualitativa visando trabalhar os aspectos subjetivos do fato, seu nível é exploratório com a finalidade pura.
Palavras-chave: Alcoolismo. Família. Serviço Social.
ABSTRACT
This paper seeks an analysis of the work of the social worker with the families of alcoholics treated at CAPS ad Caucaia. Alcoholism is a serious public health problem, as well as affect the alcoholic's body causing strong physical, emotional, psychological and social consequences may affect your family, leaving a vulnerable state in the family balance, leading us to reflect on this theme. The choice of theme was affected by the fact consider not only the alcoholic but also his family and the desire to understand how social work contributes to this demand. The CAPS ad is one of the social service device in mental health functioning in accordance with the psychiatric reform respecting the user, which works with oriented practices in accordance with its code of ethics, the general objective of this research is to analyze the work of the social worker with the families of alcoholics treated at Psychosocial Care Center Alcohol and Drugs (CAPS ad) in the municipality of Caucaia, Having also identify specific objectives according to the professional the possible changes in family life during treatment, analyze the challenges faced by professionals in meeting the user families and know the activities offered to the family in CAPS ad. The study was conducted and based on qualitative research method aimed at working the subjective aspects of the fact, their level is exploratory with the pure purpose.
Keywords: Alcoholism 1. Family 2. Social Service 3.
2. INTRODUÇÃO
O alcoolismo é considerado um problema social e de saúde pública, a dependência do álcool é classificada como doença pela Organização Mundial de Saúde. Segundo o Ministério da Saúde o alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool trazendo vários problemas físicos, mentais e consequências muitas vezes irreversíveis, além de males físicos também ocasiona problemas sociais na vida do indivíduo e das pessoas que se relacionam com ele. É nessa perspectiva que vamos estudar o alcoolismo na família como demanda para o Serviço Social.
A família é algo fundamental para o desenvolvimento do ser humano pois é nela que criamos nossas bases de relacionamentos. Entendemos família como uma construção social, que se modifica e se adapta ao contexto social vivenciado. De acordo com Losacco (2000, p. 64) “Entendemos por família a célula do organismo social que fundamenta uma sociedade”. Nosso desenvolvimento humano e como cidadãos passam pela família ao estabelecer a base para nossas relações sociais, proporcionando ao indivíduo os elementos necessários para sua sobrevivência. O convívio familiar é muito abalado pelo alcoolismo, deixando um abismo entre os membros que acabam se isolando uns dos outros e socialmente.
Segundo Gigliotti e Bessa (2004, p.11) “O conceito de alcoolismo só surgiu no século XVIII, logo após a crescente produção e comercialização do álcool destilado, consequente a revolução industrial.” E vem sendo substituído por Síndrome de dependência do álcool. O alcoolista e sua família ainda sofrem com a estigmatização social, pois apesar de ser considerado como uma doença muitos ainda pensam que é falta de caráter, transformando muitas vezes o convívio familiar e social em algo insuportável. A questão social da síndrome de dependência do álcool é uma problemática que traz bastantes expressões na família e na sociedade.
A família é de fundamental importância no tratamento do alcoolismo, pois sua participação envolve o paciente e possibilita lidar com os conflitos ocorridos de uma forma mais clara. Muitas vezes ainda é forte o sentido de negação da dependência, o tratamento acaba sendo buscado somente para tentar amenizar os momentos de crise. O envolvimento de todos possibilita lidar com as questões que podem gerar maiores chances do usuário recair e também possibilitam o desempenho da equipe multidisciplinar.
Um importante dispositivo para promoção da saúde, prevenção e tratamento do alcoolismo é o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad), atuando na prevenção e tratamento do uso de álcool e outras drogas, possibilitando a reinserção social desses usuários e suas famílias. O Serviço Social é um componente desse dispositivo atuando no campo da Saúde mental, pautado pelo código de ética e na lei de regulamentação da profissão. Buscando a autonomia dos usuários e suas famílias. Assim, Segundo Oliveira e Silva (2014, p.9) “O CAPS veio para modernizar os atendimentos a saúde mental, oferecendo acolhimentos, encaminhamentos, atividades individuais, grupais e com familiares.”
O objetivo geral dessa pesquisa é analisar o trabalho do Assistente Social junto as famílias de alcoolistas atendidas no Centro de Atenção Psicossocial a usuários de álcool e outras drogas (CAPS ad) de Caucaia. Tendo também como objetivos específicos identificar segundo o profissional as possíveis mudanças ocorridas no convívio familiar durante o tratamento, analisar os desafios enfrentados pelos profissionais no atendimento das famílias usuárias e conhecer as atividades ofertadas para a família no CAPS ad. Através desses questionamentos veremos a visão do profissional sobre os desafios enfrentados durante o trabalho com as famílias e as possíveis mudanças ocorridas nas relações familiares e sobre os serviços ofertados e a maneira como eles enxergam as possíveis mudanças.
Essa pesquisa se realizou no CAPS ad do município de Caucaia buscando a visão do profissional sobre a prática dos serviços ofertados afim de entender como o Serviço Social trabalha com essas famílias. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa que visa trabalhar os aspectos subjetivos do fato com o objetivo de analisar o relato do entrevistado. Seu nível foi exploratório buscando uma visão geral sobre o assunto. O método de abordagem foi o dedutivo onde da preposição geral se tira conclusões particulares. Sempre respeitando as questões éticas e a privacidade do entrevistado.
O trabalho está organizado em Seções e Subseções na busca de contextualizar os assuntos abordados. No primeiro item da Revisão de literatura foi abordado a família como parte do desenvolvimento humano e suas transformações, em seguida o segundo item discorre sobre o Alcoolismo e a vulnerabilidade das famílias. No terceiro pode-se verificar a rede de apoio ao tratamento incluindo o CAPS ad. E por fim o último trata do Serviço Social e sua atuação no campo da saúde mental junto as famílias de alcoolistas.
3. JUSTIFICATIVA
A escolha do tema se deu pelo fato de considerar a atuação do Assistente Social com famílias de alcoolistas no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad) um campo de intervenção importante, além de despertar a curiosidade de buscar entendê-lo melhor. Considerando que o dependente não é o único afetado pelo alcoolismo, a família depois do etilista também pode ser alvo dessa doença. O alcoolismo é um problema de saúde pública, classificado como doença pela Organização Mundial de Saúde.
Segundo Santos e Martin (2009, p. 195) O alcoolismo é um dos problemas de saúde mais graves, pois afeta diretamente o cotidiano do usuário e de sua família que consequentemente tornam-se codependentes do indivíduo, pois sofrem com seus efeitos e suas mazelas juntamente com o alcoolista. De acordo com Martins (2007, p. 25) “com situação de alcoolismo dentro de uma família gera um grande desgaste, portanto, torna-se, também, uma doença de todo o grupo familiar.”
Podemos dizer que o alcoolismo é um problema individual e coletivo, pois ao mesmo tempo que afeta a saúde, vida social, familiar e psíquica do etilista pode também acarretar um estado de vulnerabilidade familiar. Muitas vezes o vínculo e convívio familiar fica insuportável deixando a família sujeita a outras questões sociais.
Os impactos que a família recebe do alcoolismo pode prejudica-la em alguns sentidos da vida emocional, social, familiar e psíquica, é muito importante o tratamento do alcoolista junto a sua família pois ao mesmo tempo que o dependente necessita de acompanhamento sua família também precisa. É importante esse vínculo entre profissionais, alcoolista e família permitindo um envolvimento da equipe com a vida do usuário dentro da instituição e fora, pois a persistência do tratamento depende de vários fatores que envolve a participação da família de forma direta no tratamento. Todas essas situações configuram-se em motivos para elaboração dessa pesquisa que irá contribuir para o conhecimento da realidade enfrentada pelos profissionais pesquisados mostrando como o serviço é ofertado e como o Serviço Social trabalha com essa demanda. Considerando os graves problemas individuais e sociais decorrentes do alcoolismo e o crescente número dessa dependência, pode-se dizer que o trabalho do Assistente Social com as famílias de alcoolistas configura-se em uma demanda que requer sua investigação.
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. A FAMÍLIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO
A família é uma organização social de fundamental importância para o ser humano, as primeiras relações sociais começam e se estabelecem na base familiar, onde se constrói os primeiros conceitos pessoais e sociais que podem ou não serem confrontados com o passar do tempo. De acordo com Losacco (2000, p.64)
“Entendemos por família a célula do organismo social que fundamenta uma sociedade”. O desenvolvimento humano passa pela família ao estabelecer a base para as relações sociais, proporcionando ao indivíduo os elementos necessários para sua sobrevivência.
Portanto,
A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo, materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal; é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e morais, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais. (KALOUSTIAN, 1994 apud GOMES; PEREIRA, 2005, p. 358).
Família é uma instituição que se constrói na sociedade pois vem se adaptando ao contexto social vivenciado, ao mesmo tempo que influência na sociedade, ela também recebe reflexos que por sua vez estabelecem fatores externos que acabam influenciando no seu contexto. Conforme Araujo ( 2007) esses fatores podem ser econômicos, sociais, culturais, emocionais, entre outros que estão no entorno da sociedade.
Esses fatores contribuem para algumas mudanças no contexto familiar e interferem em sua dinâmica, nessa sociedade em que se valoriza o consumo e a perspectiva do poder, onde se propaga o individualismo, a família sendo parte dessa sociedade recebe essas interferências e pode tornar-se vulnerável. Nessa perspectiva de acordo com Medeiros (2014, p. 277) “Tomando por base o percurso da história, inferimos que a família, em suas diversas configurações, é uma construção social, uma realidade mutável, sujeita a transformações constantes.”
Conforme Rosa (2011, p.185),
Apesar de figurar como instância de conservação de práticas e valores nem sempre modernos, a família também se constitui cada vez mais como agente de mudanças, movendo-se e impondo alterações na sociedade e alimentando-se reciprocamente da mudanças societárias.
Dessa forma ao se estabelecer como base das relações sociais a instituição Família interfere na sociedade, pois na qual são estabelecidos os princípios e os valores que norteiam a vida social como pessoas e cidadãos.
Cada ser que integra a família corresponde sua individualidade, mas ao mesmo tempo interagem no meio coletivo. De acordo com Pereira (2008, p. 36) a família tem que ser vista em sua totalidade como uma instituição simultânea estabelecendo sua “força e fraqueza”, sendo forte por ser lugar de afeto e cuidado em que a pessoa se sente amparada por conta dos fatores que marcam o contexto social como: violência, desamparo social e exclusão, e também por ser a base das relações, mas mostra sua fragilidade, ao ser violada por conflitos, violência, exclusão social e várias outras expressões da questão social. Cada família tem suas próprias características e singularidades que pertencem a cada indivíduo. Fatores culturais e sociais abrangem essa diversidade, o que proporciona encontrar diversos sentimentos, que podem ou não gerar conflitos no ambiente familiar.
De acordo com Losacco (2000, p. 64) família “É constituída por uma constelação de pessoas interdependentes girando em torno de um eixo comum”. Apesar de ser local de amparo e afeto, a família não está livre de sofrer abalos como conflitos, violência, medo, agressão e rompimento de vínculos, pois, nesse grupo, existem relações complexas e que podem ser fragilizadas (ROSA, 2011)
Portanto,
O sentimento de família engloba todas as emoções inerentes à pessoa: identidade, pertença, aceitação, amor, carinho, raiva, medo, ódio... Certamente é esta fusão de opostos que torna a família tão complexa e sua compreensão em desafio interminável. (SOUZA (1997 apud SANTOS, 2009, p.6).
Esse “eixo comum” nos permite ressaltar o significado da família para o ser humano, pois apesar de todas as complicações internas e externas vivenciada pela família, ela resiste e sendo-a principal instituição responsável por nossas relações ao mesmo tempo mutável ao se reformular no contexto social.
4.1.1. Famílias: Transformações
Ao falar de família atualmente remete as suas transformações tanto culturais, sociais e nas suas relações estabelecidas. O conceito e modelo de família tornaram-se mais abrangente. Essas famílias passaram a ser criadas não somente de laços consanguíneos, englobando tanto o modelo nuclear como as novas modelações que vão surgindo.
Segundo Losacco (2000, p. 66),
No debate contemporâneo sobre este tema, não podemos mais falar de família (no singular). A partir das diversidades e das complexibilidades apontadas, além de outras aqui não exploradas, o eixo do discurso deve ser famílias (em sua pluralidade).
Vários momentos da sociedade contribuíram para essas transformações na família, como citado no capítulo anterior essa recebe da sociedade fatores que interferem em seu contexto. Segundo Oliveira (2009, p.25) “A família, inserida no contexto social, tem suas relações interiores influenciadas pelas mudanças ocorridas.”
Ainda nessa perspectiva,
o processo de urbanização e industrialização, o avanço tecnológico, o incremento das demandas de cada fase do ciclo vital, a maior participação da mulher no mercado de trabalho, o aumento no número de separações e divórcios, a diminuição das famílias numerosas, o empobrecimento acelerado, a diminuição das taxas de mortalidade infantil e de natalidade, a elevação do nível de vida da população, as transformações nos modos de vida e nos comportamentos das pessoas, as novas concepções em relação ao casamento, as alterações na dinâmica dos papéis parentais e de gênero. (PRATTA; SANTOS 2007 apud BELING, 2008, p. 15)
Desde a industrialização passando pelas novas tecnologias que proporcionaram os métodos contraceptivos onde puderam intervir na reprodução humana, a alteração do papel da mulher na sociedade ganhando lugar no mercado de trabalho saindo do espaço doméstico onde perpetuava somente a imagem da dona de casa, mãe e esposa, e indo ao mercado de trabalho em busca de ganhar seu dinheiro e ampliar seus conhecimentos possibilitando novas descobertas culturais emancipadoras, o movimento feminista buscando a igualdade de gênero, todos esses fatores contribuíram para esse espaço ter sofrido diversas mudanças. (OLIVEIRA, 2012, p. 13)
Portanto,
Dentre o turbilhão de transformações provocadas pela Revolução Industrial encontramos a presença das lutas e reivindicações dos grupos feministas, descoberta de meios contraceptivos, as evoluções científicas no campo da genética, que findaram nas modernas técnicas de reprodução assistida. (OLIVEIRA 2012, p.15)
Durante esse período várias transformações proporcionaram e influenciaram mudanças no contexto familiar, principalmente no papel da mulher diante desse contexto vivenciado. Segundo Hintz (2001, p.12) “A família, como uma estrutura menor, recebe interferências externas, positivas ou negativas, com as quais está constantemente interagindo.” Dessa forma a mulher incorpora novos papeis diante a sociedade, construindo novos paradigmas.
De acordo com Medeiros (2014, p.277)
As famílias estão inseridas nas relações sociais, por isso, historicamente se transformam junto com a totalidade social, expressando-se em diversas configurações, dentre as quais podemos citar, na realidade atual: famílias reconstituídas, unipessoais, monoparentais, adotivas, homoafetivas, os casais sem filhos, entre outras formas de organização familiar. (MEDEIROS 2014, 276)
Na família tradicional nuclear a mulher exercia as funções da dona de casa, esposa e mãe, ao homem cabia a responsabilidade de pai, o sustento da família e a ordem. Essa configuração tem sofrido diversas transformações, apesar de ainda existir essa configuração a mulher já exerce também o papel de chefe de família e ao homem também recai trabalhos domésticos. Segundo Hintz (2011, p.14) “As mudanças ocorridas no status da mulher apresentam-se como fatores e como consequências de mudanças na dinâmica familiar.”
Nessa lógica existem diversos tipos e conceitos de arranjos familiares, não se pode dizer que exista um certo e adequado, o certo é respeitar cada arranjo com suas características e individualidades.
Dessa forma,
A família, da forma como vem se modificando e estruturando nos últimos tempos, impossibilita identificá-la como um modelo único ou ideal. Pelo contrário, ela se manifesta como um conjunto de trajetórias individuais que se expressam em arranjos diversificados e em espaços e organizações domiciliares peculiares.(FERRARI; KALOUSTIAN 2002 apud OLIVEIRA, 2009, p.67)
Essas transformações englobam várias discussões a respeito das chamadas “famílias” como Losacco (2000, p. 66) se refere, hoje esse termo nos faz refletir sobre esses novos conceitos.
Portanto,
Uma estrutura familiar que tem crescido em número é a formada por pais ou mães únicos, denominada famílias monoparentais. Estas famílias são decorrentes de divórcios ou separações, onde um dos pais assume o cuidado dos filhos e o outro não é ativo na parentalidade, ou famílias onde um dos pais é solteiro e o outro nunca assumiu a parentalidade. (HINTZ 2011, p.15)
Famílias reconstruídas formadas por novos casamentos ou novas uniões estáveis. As adotivas onde somente laços afetivos formam suas relações, famílias formadas por parentes, não necessariamente a mãe e o pai. Famílias formadas por casais homoafetivos que estabelecem suas relações, que foram reconhecidas e legalizadas no Brasil de acordo com a Resolução n° 175, de 14 de maio de 2013, publicada em 15 de maio de 2013, ficou aprovado o casamento civil entre casais do mesmo sexo. E diversas outras formas de organização familiar que caracterizam as transformações vivenciadas nos últimos tempos, sendo alvo de muitos questionamentos em nossa sociedade. (OLIVEIRA, 2009, p.68)
A mídia exerce um grande papel influenciador nessas transformações de paradigmas, pois atualmente recorre em mostrar em rede nacional essa novas configurações familiares de forma aberta, principalmente em novelas contribuindo para expandir esses novos conceitos. De acordo com Oliveira, (2009, p. 78) “É preciso, sobretudo, considerar as experiências vividas por cada família, sendo que um modelo específico não deve se sobrepor a outro.” Dessa forma consideramos a importância da família para cada indivíduo, sendo a família a principal instituição de formação do ser humano. Ainda de acordo com Oliveira (2009, p.80) “Mesmo assim, precisamos compreender a importância da família na sociedade, independentemente da maneira que a mesma se constituiu.”
4.2. ACOOLISMO UM PROBLEMA INDIVIDUAL E COLETIVO
O alcoolismo é considerado um problema social e de saúde pública. A dependência do álcool é classificada como doença pela Organização Mundial de Saúde. Segundo Heckmann e Silveira “nem todas as pessoas estão igualmente propensas a se tornar dependentes do álcool.” Não são todos que podem vir a ser dependentes mas segundo o mesmo autor não sabemos quem vai ser.
O álcool é classificado como uma droga lícita, aceita socialmente e muito influenciada ao poder e alegria, muitos nem o consideram como uma droga. Assim “drogas são substância psicoativas utilizadas para produzir alterações nas sensações, no grau de consciência ou no estado emocional.” (Brasil, 2014, p.70).
Na realidade é preciso diferenciar os tipos de consumo de álcool para podermos chegar ao alcoolismo, nem todos que consomem a bebida podem ser considerados alcoolistas. O consumo pode variar do uso onde o indivíduo tem controle sobre o álcool, sem prejudicar-se nem ocasionar problemas sócias, ou seja para si e os outros como dirigir bêbado, diferente do abuso onde faz uso nocivo do álcool seja por uma alta ingestão ou mesmo por dependência prejudicando sua capacidade física e mental, onde essa pode vir a ocasionar problemas. E a dependência onde também é caracterizada como nociva e prejudicial a saúde e vida social da pessoa e sua família. (Brasil, 2014, p.81).
Segundo Gigliotti e Bessa (2004, p.11) “O conceito de alcoolismo só surgiu no século XVIII, logo após a crescente produção e comercialização do álcool destilado, consequente a revolução industrial.” E vem sendo substituído por Síndrome de dependência do álcool que abrange uma totalidade, envolvendo não só os sintomas físicos. (Moreira, 2011, p.91)
Por isso,
A síndrome da dependência é tida como um grupo inter-relacionado de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos. As incapacidades relacionadas ao álcool, por outro lado, consistem em disfunções físicas, psicológicas e sociais que se seguem direta ou indiretamente ao uso excessivo da bebida e da dependência. (EDWARDS; LADER, 1994, p. 44 apud COLETT, 2010, p.12).
De acordo com a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas - SENAD, o alcoolismo ou síndrome da dependência do álcool, é uma doença que se caracterizapela compulsão, pela perda de controle pois a pessoa não consegue mais administrar a ingestão da bebida, por dependência física com sintomas de abstinência como náuseas, tremores, ansiedade, suor entre outros e também por tolerância que se caracteriza pela necessidade de aumentar as quantidades de álcool para sentir os prazeres e efeitos de antes. Também segundo o Ministério da Saúde o alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool trazendo vários problemas físicos, mentais e consequências muitas vezes irreversíveis. As consequências do alcoolismo podem afetar todo o organismo do indivíduo principalmente o sistema nervoso e o fígado.
De acordo com Meloni e Laranjeira (2014, p.10),” O consumo de álcool é um fator primordial no adoecimento e morte em todo mundo além disso está relacionado a várias outras consequências sociais.”
Portanto,
Comparando o cérebro ao de uma pessoa saudável, o de um alcoólatra apresenta atrofia, pois os neurônios são, progressivamente, destruídos, o fato pode ser observado pela dilatação dos ventrículos, pelo estreitamento do corpo caloso (a principal conexão entre os dois hemisférios) e pela redução do hipocampo (região da memória). (ARAUJO, 2007, p.8).
Segundo Lazo (1989), a sociedade não relaciona álcool a uma droga, acaba encarando de forma negativa somente as drogas ilícitas e personaliza a imagem do álcool somente a alegria, diversão e prazer. Esta imagem é muito influenciada por essa sociedade capitalista e industrial que se beneficia do consumo, a indústria de bebidas fatura muito dinheiro com esse consumo o que acaba por fazer com que ele seja cada vez mais propagado. “... Esta dependência vital em relação a um objeto cujo consumo é inevitavelmente crescente, tal como realiza o gozo Outro, é o ideal visado pela sociedade industrial” (Melman, 2000 p.153 apud Araujo, 2007, p.20).
Assim também, a mídia exerce um forte papel influenciador e acaba sendo usada para repassar essa imagem de alegria, diversão, descontração e poder influenciando o consumo. Segundo Ribeiro e Batista (2010) “no sistema comunicacional emissor>mensagem>receptor, os meios de comunicação são o emissor, o conteúdo é a mensagem e o público é o receptor.”
Dessa forma as mensagens transmitidas podem gerar grandes influências nas pessoas que estão recebendo. Os mesmos autores relatam que “os efeitos podem ser a persuasão, a formação de opinião, o choque cultural, alienação, rejeição ou simplesmente informação.” Com relação a esse papel da mídia a Agencia Brasil em 2013 publicou uma pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) onde relata que brasileiros deixaram de fumar após as medidas proibitivas de propagandas de cigarros na mídia. Esse poder influenciador ganha destaque principalmente nessa sociedade capitalista.
Assim,
Consumir cada vez mais, não se sentir saciado e partir em busca de mais produtos corresponde, assim, ao interesse da indústria de bebidas no crescimento do consumo e dos lucros, além de constituir grande fonte de recursos de arrecadação para os cofres públicos.
(ARAUJO, 2007, p.20).
O uso nocivo do álcool juntamente com fatores sociais, psicológicos e genéticos contribui para dependência. Cada grupo social acaba por influenciar os costumes, hábitos e comportamento de seus membros. (Araujo 2007, p.20). A busca pelo prazer ou até mesmo a neutralização de sentimentos facilita com que a pessoa beba cada vez mais. O alcoolismo pode ser uma resposta aos vários outras dilemas vivenciado pela pessoa por buscar na bebida um modo de fuga desses dilemas.
De acordo com Araújo (2007, p.20),
o alcoolismo é a reivindicação de um gozo infinito. O alcoolista procura a possibilidade do gozo e deseja ser reconhecido e respeitado como sujeito. É alguém que não tem receios, não para diante de barreiras ou limites, está disposto a ir até o fim na busca do prazer”. O consumo de álcool é frequentemente nomeado como um grave problema de saúde pública, podendo interferir simultaneamente na vida pessoal, familiar, escolar, ocupacional e social do consumidor. Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele atua ao nível do sistema nervoso central, provocando uma mudança no comportamento de quem o consome, além de ter potencial para desenvolver dependência.
Segundo Torquarto (2013) “O uso nocivo do álcool é considerado um dos principais fatores de contribuição para mortes prematuras e incapacidades, sendo um dos mais graves problemas de saúde pública da atualidade.” Torna-se um fator para gerar vários problemas e custos sociais.
Portanto conforme Araújo (2007, p.18) “o alcoolismo é reflexo de uma perturbação social profunda com consequências pessoais e sociais mais amplas”. A dependência pode ocorrer em todos os níveis da sociedade, e se configura como um problema de saúde individual e coletivo pois abrange o alcoolista, sua família e a sociedade. Podendo acarretar diversos problemas para usuário e sua família, mas também para a sociedade em geral, se configurando em uma questão social a ser abordada estudada.
Sendo assim, “Primeiro, o homem toma um drinque, então, o drinque leva a outro drinque, e, então, o drinque leva o homem. (VAILLANT, 1999, apud Araujo, 2007, p.26).
4.2.1. A vulnerabilidade das famílias de alcoolistas
O comportamento do alcoolista muda e ele acaba não sendo capaz de racionalizar, muitas vezes ocorre na família a inversão de valores, a violência doméstica, o medo e por fim a quebra do vínculo familiar fazendo com que o convívio não seja possível, deixando a família em um estado de alerta e desconfiança acarretando disfunções no equilíbrio da família que pode acabar isolando-se por vergonha e medo. Segundo Martins (2007, p.25) o “alcoolismo geralmente tem um profundo impacto na relação familiar do dependente do álcool, seja ele homem ou mulher.” O alcoolismo pode ser uma resposta a vários problemas vivenciados pelo individuo, considerado uma grave questão familiar, pois afeta não só o dependente.
Dessa forma Martins nos fala que,
Por isso, o impacto da doença do alcoolismo não incide somente no contexto social mais amplo e na saúde do dependente, uma vez que, a dependência do álcool interfere também na relação familiar, pois os componentes da família vivenciam diariamente a realidade do familiar que enfrenta a dependência do álcool. É importante, portanto, ter clareza de como esse fenômeno se manifesta na relação familiar. (MARTINS, 2007, p.25).
O isolamento da família é algo esperado pois além de sofrer com o alcoolismo ainda enfrenta os estigmas sociais, pois muitos em nossa sociedade ainda relacionam alcoolismo com falta de caráter, preguiça e outros termos. Reinaldo e Pillon (2008, p. 1) consideram que a família é diretamente afetada pelos impactos do alcoolismo, deixando-a em um estado de vulnerabilidade.
Na opinião de Martins (2007, p. 15):
Os dependentes do álcool e sua família estão sujeitos a vivenciar algumas das expressões da questão social. Entre essas expressões, destacam-se o desemprego, a subhabitação, a desnutrição, a precarização dos serviços de saúde e outras problemáticas que atingem, especialmente, a população de baixa renda, sobre a qual incidem de forma mais perversa as desigualdades sociais (MARTINS, 2007, p. 15).
O stress familiar pode ser constante na vida das famílias impactadas pela dependência, ela é diretamente afetada com as atitudes do dependente. Dificilmente o alcoolista reconhece que está doente, a negação da doença é uma tentativa de não se identificar como incapaz de administrar, de se controlar. Muitas vezes a procura por ajuda se dá pelo fato dele se penalizar e se comover pela família, em muitos casos somente a força de vontade não é suficiente para parar de beber, é preciso procurar ajuda nas redes de apoio. Devido aos grandes problemas individuais, familiares e sociais que o alcoolismo proporciona, o seu tratamento é de fundamental importância, juntamente com o envolvimento da família, buscar ajuda é um passo fundamental, para isso também se faz necessário a informação, informar sobre a rede de apoio que pode contribuir para ressocialização desse grupo. E também que além dos prazeres que o álcool traz ele pode acarretar uma dependência e com isso graves consequências.
Ainda de acordo com Martins (2007, p. 27),
O desenvolvimento das fases vivenciadas pela família em uma situação de alcoolismo demonstra que no início é difícil a aceitação da realidade. Depois, a família luta contra a dependência do familiar, procurando evitar que o mesmo faça uso abusivo do álcool. Temem que o familiar adquira outras doenças, como a cirrose, que poderá levá-lo a morte. Receiam que cause constrangimento a outras pessoas ou que coloque em risco sua vida e de outras pessoas, uma vez que, em estado de alcoolização pode perder o auto-controle, podendo até incorrer em violência psicológica e violência física.
4.3. REDE DE APOIO E TRATAMENTO
O tratamento do alcoolismo nem sempre é fácil, pois está relacionado a diversos pontos. O apoio da família é fundamental no tratamento, pois ela e o alcoolista carregam os medos, as angústias, os sofrimentos e todas as mazelas do cotidiano do alcoolismo. O envolvimento da família, no tratamento do usuário, possibilita à equipe multiprofissional esclarecer quais obstáculos existem para o desenvolver do quadro, ressaltando que o alcoolismo não possui cura: ficar sem beber é sempre uma conquista diária.
Com isso a família tem que ser esclarecida em todos os sentidos sobre o tratamento, assim ocorrerá o seu envolvimento, o do usuário e também da equipe profissional. No Brasil depois de muitos anos com políticas de cunho repressivo aos usuários de drogas, criou-se políticas de atenção, prevenção, tratamento e redução de danos para estes usuários. (Brasil, 2005, p.41)
Segundo Teixeira (2002, p.3)
As políticas públicas visam responder a demandas, principalmente dos setores marginalizados da sociedade, considerados como vulneráveis. Essas demandas são interpretadas por aqueles que ocupam o poder, mas influenciadas por uma agenda que se cria na sociedade civil através da pressão e mobilização social. Visam ampliar e efetivar direitos de cidadania, também gestados nas lutas sociais e que passam a ser reconhecidos institucionalmente.
Diante do crescente aumento do uso de drogas precisou pensar em algo que fosse além da repressão e também envolvesse: prevenção, tratamento, redução de danos, ou seja, uma forma de garantir a esse usuário uma proteção. Já com avanços nessa área criou-se a Política Nacional Sobre Drogas (PNAD) aprovada em 23 de maio de 2005, entrando em vigor em 27 de outubro pela resolução n° 3/GSPIPR/CONAD, traz em seu texto alguns desses elementos que norteiam um melhor planejamento sobre a questão do uso de drogas. (Brasil, 2005)
Assim observa-se ,
Em 2005, o Brasil aprovou sua nova Política Nacional sobre Drogas, em que foram estabelecidos os fundamentos, os objetivos, as diretrizes e as estratégias para que as ações de redução da oferta e da demanda sejam realizadas de formas articuladas e planejada. O documento foi escrito em cinco Capítulos: (i) prevenção, (ii) tratamento, recuperação e reinserção social, (iii) redução de danos sociais e à saúde, (iv) redução da oferta, e (v) estudos, pesquisas e avaliações; e parte da premissa de que a política nacional deve buscar a integração das políticas públicas, descentralizando as ações, para que sejam realizadas em conjunto com estados e municípios, e sempre em estreita colaboração com a sociedade e a comunidade científica. Trata-se, portanto, de uma responsabilidade compartilhada. (BRASIL, 2014, p. 217)
No contexto prioritário ao alcoolismo temos a Politica Nacional Sobre o Álcool instituída em 22 de Maio de 2007 pelo decreto n° 6.117 que estabelece princípios norteadores para o enfrentamento dos problemas relacionados ao consumo nocivo de álcool na vida dos usuários e famílias. Buscando uma visão ampliada do uso abusivo de álcool que não envolve somente o uso, mas engloba o tratamento, redução do uso, campanhas de orientação. Acaba refletindo o medo da sociedade em relação a esse problema social que é o alcoolismo tanto na saúde, na família e na segurança. (BRASIL, 2013)
Ainda se tem muito o que ser feito e articulado sobre a questão do alcoolismo mas essas políticas significam avanços para a sociedade, configurando uma nova visão sobre a questão e o tratamento ofertado a esse público que sofre com os impactos do alcoolismo, tanto na esfera da saúde como na esfera familiar, não enxergando somente o usuário, mas vendo que este faz parte de uma rede social que deve ser estudada e trabalhada para obter êxito e proporcionar uma melhor qualidade de vida dessas pessoas que convivem com o alcoolismo.
A demanda do uso prejudicial do álcool é uma questão que merece um cuidado especifico, nesse sentido o Ministério da Saúde conta com a Política para a Atenção Integral aos Usuários de álcool e outras drogas instituída em 2003, que é articulada com a política de saúde mental.
Portanto,
O Brasil, por intermédio do Ministério da Saúde, adotou a política de atenção integral a usuários de álcool e outras drogas, exigindo a busca de novas estratégias de contato e de vínculo com o usuário e sua família, além do reconhecimento de suas características, necessidades e vias de administração de drogas, objetivando o desenho e implantação de múltiplos programas de prevenção, educação, tratamento e promoção de fácil adaptação às diferentes necessidades. ( AZEVEDO; MIRANDA, 2010. p. 57).
Dessa forma muito significou o movimento de Reforma psiquiátrica no Brasil para a saúde mental, pois com ela ampliou-se o atendimento e o direito ao acesso dos serviços de atenção, além de se configurar o novo modelo de atendimento a saúde mental desconfigurando o modelo hospitalocêntrico ofertado, as práticas profissionais negativas e estipulando o tratamento humanizado e gratuito, articulado a rede de saúde e assistência.
Portanto,
Fundado, ao final dos anos 70, na crise do modelo de assistência centrado no hospital psiquiátrico, por um lado, e na eclosão, por outro, dos esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos, o processo da Reforma Psiquiátrica brasileira é maior do que a sanção de novas leis e normas e maior do que o conjunto de mudanças nas políticas governamentais e nos serviços de saúde. ( BRASIL, 2005. p.6)
A precarização no atendimento desse grupo de pessoas marca a história da saúde mental. Eram muitas as denúncias de maus tratos e desrespeito as pessoas com transtornos mentais. Esse movimento pôde trazer novas concepções para a saúde mental no Brasil. Bezerra (2007, p.243) diz que “com a virada do século, a Reforma Psiquiátrica no Brasil deixou definitivamente a posição de “proposta alternativa” e se consolidou como o marco fundamental da política de assistência à saúde mental oficial.”
Rosa e Vilhena (2012, p.19) afirmam que as instituições manicomiais realizavam um “belo serviço”, para a sociedade, isolando as pessoas com transtornos e deixando a sociedade livre desse problema. Ainda existem resquícios desses pensamentos, tanto em algumas instituições como em torno da sociedade. O processo de reforma psiquiátrica é um grande desafio, tivemos grandes avanços, mas ainda temos que implementar esse serviço.
Assim,
O movimento contou com a participação de diversos atores, como o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), importante ator político; a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), com a participação de alguns atores críticos à composição da psiquiatria clássica no campo da saúde mental, e as associações de usuários familiares em saúde mental, que representam o controle social no campo (MELO, 2012 .p.86).
Grandes marcos importantes para o processo de reforma psiquiátrica no Brasil e consequentemente para a saúde mental foram as conferências nacionais de saúde mental realizadas nesse período, onde levaram em pauta demandas e temáticas vivenciadas no contexto a fim de nortear diretrizes para melhorar a situação da saúde mental brasileira.
Segundo Tenório (2002 p.35)
A I Conferência representa, portanto, o fim da trajetória sanitarista, de transformar apenas o sistema de saúde, e o início da trajetória de desconstruir no cotidiano das instituições e da sociedade as formas arraigadas de lidar com a loucura. É a chamada desinstitucionalizão.
Outro marco importante foi o projeto de lei do deputado Paulo Delgado apresentado ao Congresso Nacional e somente sancionado doze anos depois. Este estabelece os direitos das pessoas com transtornos mentais dentre outras mudanças como a substituição gradativamente dos manicômios. Segundo Tenório (2002, p.36), “nesse período, o texto sofreu inúmeras mudanças que o amenizaram, é verdade, mas que produziram, assim mesmo, uma lei progressista.”
Portanto,
O texto da Lei 10.216 de 06 de abril de 2001, marco legal da Reforma Psiquiátrica, ratificou, de forma histórica, as diretrizes básicas que constituem o Sistema Único de Saúde; garantindo aos usuários de serviços de saúde mental – e, consequentemente, aos que sofrem por transtornos decorrentes do consumo de álcool e outras drogas - a universalidade de acesso e direito à assistência, bem como à sua integralidade; valoriza a descentralização do modelo de atendimento, quando determina a estruturação de serviços mais próximos do convívio social de seus usuários, configurando redes assistenciais mais atentas às desigualdades existentes, ajustando de forma equânime e democrática as suas ações às necessidades da população. (BRASIL, 2003 p. 5)
Dessa forma temos uma Política Nacional de Saúde Mental que segundo o Ministério da Saúde busca consolidar um modelo de atenção aberto e de base comunitária. Fazendo parte dessa atenção a saúde mental de acordo com o Ministério da saúde temos estabelecida a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) instituída com a Portaria nº 3088 de 23 de dezembro de 2011, com republicação em 21 de maio de 2013, que fortalece a política de saúde mental.
Dessa forma,
Ela dispõe sobre a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde. (BRASIL, 2014)
Fazem parte dessa rede os equipamentos que fornecem serviço e atenção a saúde mental, como os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS). De acordo com o Ministério da Saúde (2004, p.9) os CAPS constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica. Os CAPS foram instaurados como modelo substitutivo dos manicômios.
A Rede é composta por serviços e equipamentos variados, tais como: os Centros de Atenção Psicossocial(CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); os Centros de Convivência e Cultura, as Unidades de Acolhimento (UAs), e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). (BRASIL, 2013 p.1)
O Ministério da Saúde nos fala que os CAPS foram criados oficialmente pela portaria GM 224/92, mas atualmente são regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 e fazem parte do SUS.
Portanto,
Os CAPS são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. (BRASIL,2004, p. 9)
Estes equipamentos se diferenciam em seu modelo de atendimento, além de sua estrutura física, são espaços onde podemos ver a reinserção social como parte do tratamento, pois o usuário vive em um contexto social que o influencia, e sua família também sofre com os estigmas sociais e, muitas vezes, procuram o isolamento, para fugir da realidade vivida. Por isso, a importância de envolver o usuário, a família e a comunidade. Segundo Rosa (2012, p. ) “dentro da rede, os CAPS promovem o cuidado terapêutico ao paciente com transtorno mental que seja atendido em uma das unidades de pronto atendimento da rede pública de saúde.”
Conforme o Ministério da Saúde (Brasil, 2004, p. 13),
O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de atendimento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos.
A sociedade tem dispositivos que atuam no tratamento do alcoolismo tais como as comunidades terapêuticas que atuam num víeis de internação indo ao contrario da reforma psiquiátrica os grupos de autoajuda e os Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad), que fornecem atendimentos diferenciados.
Assim,
Foi através da portaria 2197 de 14 de outubro de 2004, que o ministério da saúde normatizou ao dependente químico no âmbito do SUS, onde a mesma estabelece a construção de uma rede integrada de atendimento em três níveis : primário, com a inserção da dependência química no programa saúde da família, secundário, como o funcionamento do Caps ad e terceiro com o funcionamento de unidades de desintoxicação em hospitais gerais.(MESQUITA, 2013, p. 29)
As comunidades terapêuticas apesar de ser reconhecidas, causam uma certa polêmica no campo da saúde mental, pois estas vão contra a reforma psiquiátrica ao estabelecer a internação do dependente. Segundo o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS, 2015) essas configuram um retrocesso na historia da saúde mental.
Outro dispositivo é o grupo de auto ajuda, onde por conta própria tentam resolver seus dilemas, esses desempenham uma função importante, mas não estão inseridos na rede. De acordo com Lima e Braga “Grupos de autoajuda estão se tornando cada vez mais comuns, à medida que seus membros se organizam para conviver com o alcoolismo e resolver seus próprios problemas”.
4.3.1. CAPS ad no contexto do alcoolismo
O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad) é um importante dispositivo de atuação no tratamento do alcoolismo e de outras drogas, buscando um cuidado maior com esse público com base na Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas e voltado na Reforma Psiquiátrica. De acordo com Azevedo e Miranda (2010, p. 62), o CAPS ad é um equipamento que está configurado para ressocializar o usuário e sua família proporcionando um espaço comunitário com atividades voltadas a restabelecer a vida psíquica e social do usuário juntamente com a sua família.
Portanto,
A assistência a usuários de álcool deve ser oferecida em todos os níveis de atenção, privilegiando os cuidados em dispositivos extra hospitalares, como os Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPSad), devendo também estar inserida na atuação do Programa de Saúde da Família, programa de Agentes Comunitários de Saúde, e da Rede Básica de Saúde. (BRASIL, 2003, p.20).
Segundo a Organização Mundial da Saúde “apesar de ser uma doença sem cura, o alcoolismo pode ser totalmente controlado.” (Brasil, 2012).” É nessa perspectiva de controle, redução de danos e diminuição das mazelas do alcoolismo, tanto para o indivíduo como para sua família, que deve ser apoiado, incentivado e procurado o tratamento.
Nessa perspectiva,
Um CAPSad tem por finalidade proporcionar atendimento à população, respeitando-se a adstrição do território, oferecendo-lhe atividades terapêuticas e preventivas, tais como: atendimento diário aos usuários dos serviços, dentro da lógica de redução de danos; gerenciamento dos casos, oferecendo cuidados personalizados; condições para o repouso e desintoxicação ambulatorial de usuários que necessitem; cuidados aos familiares dos usuários dos serviços e ações junto aos usuários e familiares, para os fatores de proteção do uso e da dependência de substâncias psicoativas. (BRASIL, 2003 apud AZEVEDO; MIRANDA, 2010, p.57).
O convívio em grupos faz com que o usuário se ressocialize e veja novas experiências, tenha uma visão além de sua realidade e que possa trocar essas vivências com os outros. A equipe multidisciplinar é um componente que agrega o CAPS ad. Segundo o Ministério da Saúde a equipe mínima prevista para o CAPSad é composta por 13 profissionais de nível médio e superior, como: Assistentes Sociais, Enfermeiros Psicólogos dentre outros. (Brasil, 2004, p.24). Esse trabalho envolvendo diferentes áreas possibilita envolver o usuário no tratamento de forma mais completa e trabalhar diversas modalidades como a sua autonomia.
Dessa forma,
Os CAPSad desenvolvem uma gama de atividades que vão desde o atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros) até atendimentos em grupo ou oficinas terapêuticas e visitas domiciliares. Também devem oferecer condições para o repouso, bem como para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem desse tipo de cuidados e que não demandem por atenção clínica hospitalar.(BRASIL, 2004, p.23)
Segundo o Ministério da Saúde “a lógica que sustenta tal planejamento deve ser a da redução de danos, em uma ampla perspectiva de práticas voltadas para minimizar as consequências globais de uso de álcool e drogas.” (Brasil,2004, p.24)
De acordo com a Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 os CAPSad tem capacidade operacional para atender em municípios com mais de 70.000 habitantes. Com funcionamento de segunda a sexta nos horários de 08 às 18h, com atividades terapêuticas, atendimento individual, atendimento familiar, dentre outros serviços. Priorizar a individualidade de cada pessoa no tratamento é de fundamental importância pois são contextos e realidades vivenciadas e interpretadas pelo indivíduo de formas diferentes, que se tornam relevantes.
Portanto,
Os CAPSad, por sua vez, configuram-se como os equipamentos de saúde mental capazes de impulsionar esse cuidar centrado na reabilitação psicossocial do usuário e de sua família, congregando esforços também nos espaços comunitários que os envolve, por meio de um processo de trabalho e cuidado em saúde caracterizado pelo acolhimento, atenção integral, humanização, vínculo e corresponsabilização. (AZEVEDO; MIRANDA, 2010, p. 62)
De acordo com Azevedo e Miranda (2010 p. 62) a única alternativa de “tratamento” para os usuários, por muito tempo, foram as internações psiquiátricas que não ajudavam, além da falta de assistência. Um sistema onde enxergava o usuário apenas com um problema social e não visualizava como um ser social que deve ser respeitado em sua individualidade, além de não encaixar nessa perspectiva de tratamento a sua família e comunidade, lugares onde são vivenciadas as maiores expressões desse contexto do alcoolismo.
4.4. SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL NO BRASIL: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO
O Serviço social é uma profissão que tem por base a intervenção social, lidando diretamente com as expressões da questão social. Definida como as junções das expressões das desigualdades sociais vivenciadas pela sociedade capitalista. (IAMAMOTO, 2007, p. 27). A profissão é regulamentada pela Lei n° 8.662 de 7 de junho de 1993, onde estabelece competências e atribuições do Assistente Social norteando o trabalho do profissional. Além dessa lei o Serviço Social possui o seu código de ética que pauta a conduta profissional, dessa forma o Serviço Social luta pela efetivação dos direitos sociais e politicas publicas. Ainda segundo Iamamoto (2007, p. 27) “o Assistente Social tem sido historicamente um dos agentes profissionais que implementam politicas sociais, especialmente politicas publicas.”
A Constituição brasileira, Carta Magna do pais estabelece a saúde como um direito de todos e sendo um dever do Estado garanti-lo, nessa perspectiva que área da saúde se configura como um dos campos de atuação do Serviço social, regulamentado pela resolução do Conselho Federal de Serviço Social (CEFSS) 383 datada de 29/03/1999, caracterizando-o como profissional da saúde. Lembrando que o conceito de saúde é algo que vai além do estado físico. Nesse sentido a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004) define saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade". (2004 apud SILVA, 2014, p. 89).
De acordo com,
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988)
De acordo com o CFESS que estabeleceu a Resolução Nº 569, de 25 de março de 2010 o Serviço Social na saúde mental deve seguir alguns parâmetros para atuação, respeitando o seu limite profissional e não realizando atividades de cunho terapêutico. A atuação do serviço social em saúde mental segundo Vasconcelos (2010) se configura em um campo fortemente influenciado, desde de o movimento de higiene mental, movimento de reconceituação e a reforma psiquiátrica.
Conforme Vasconcelos
Em poucas palavras, o movimento de higiene mental não só teve uma forte influência na própria constituição do serviço social doutrinário católico belga, francês e brasileiro, mas esta teve clara continuidade através do chamado período de influência norte-americana, a partir dos anos 40.
As primeiras atividades do serviço social relacionadas a área de saúde mental correspondem ao ano de 1946, através dos Centros de Orientação Infantil e os Centros de Orientação Juvenil. Até os anos 1960 eram poucos Assistentes Sociais, por isso não víamos muitos trabalhando nas instituições de saúde mental.(Bisneto 2011, p. 21).
Segundo Vasconcelos (2010, p.163),
Ao contrário dos Estados Unidos, que constituíram a prática do casework e aftercare no hospital psiquiátrico anteriormente à própria institucionalização da profissão, já nos primeiros anos do século, o Serviço Social brasileiro iniciou sua inserção no campo da saúde mental através dos COJ e dos COI, diretamente influenciados pelo modelo proposto pelos higienistas naquele contexto, tendo por base a experiência das Child Guidance Clinics norte-americanas.
De acordo com Bisneto (2011, p. 21) “havia hospícios estatais nas principais capitais do Brasil, e às vezes um hospício em algum estado da federação atendendo a grandes áreas do interior.” Com o golpe militar de 1964 e a reforma da saúde e previdência, o Estado passa a comprar os serviços psiquiátricos da rede privada gerando um grande aumento de internações na rede privada. (BISNETO, 2010, p. 23).
Ainda de acordo com Bisneto (2011, p. 23),
O número de hospícios no Brasil teve um grande aumento após 1964 com as reformas da saúde e da previdência promovidas pela ditadura militar, com a administração centralizada e com a privatização do atendimento médico. Com a passagem do atendimento e depois eram pagas pelo INPS. Com isso se multiplicou a possibilidade de empregar assistentes soais na área de Saúde mental.
Segundo Bisneto (2010, p.24) “os hospitais psiquiátricos passaram a contratar um assistente social para cumprir a regulamentação do Ministério, pagando o mínimo possível como salário e sem incumbi-lo de funções definidas.” Apesar da grande procura por assistentes sociais, o trabalho não era valorizado. As condições de trabalho eram precárias. Dessa forma foi durante os anos 1970 que de fato aumentou a contratação e consequentemente a participação do Serviço social na saúde mental. A preocupação não era com o individuo e seu bem estar , mas sim com a tentativa de camuflar o grande abandono das pessoas com problemas mentais. De acordo com Bisneto (2010, p.25) “O grande problema para o governo na ditadura militar nos hospícios no fim dos anos 1960 não era a loucura (esta era controlada pela psiquiatria, pelos psicotrópicos e pelo aparato asilar).”
Era a pobreza, o abandono, a miséria, que saltavam à vista e que geravam contestações da sociedade, principalmente após a incorporação do atendimento aos trabalhadores e seus dependentes na rede previdenciária de assistência mental. O assistente social veio para “viabilizar” o sistema manicomial no seu ponto mais problemático. (BISNETO, 2010, p.25)
Com o movimento de reconceituação e a reforma psiquiátrica houve possibilidades de mudanças nas práticas profissionais do Serviço Social ampliando para possibilidade de intervenção, não sendo apenas viabilizador do “cuidado” e da “atenção”, mas desenvolvendo um pensamento critico sobre a questão da loucura e as práticas utilizadas para seu tratamento. (BISNETO, 2010, p. 61)
Concomitantemente, nos anos 1970, no Brasil, o Serviço Social vivia o Movimento de Reconceituação. A repercussão disso foi que as metodologias clássicas em Serviço Social no campo da Saúde Mental foram contestadas pela psiquiatrização dos problemas sociais e por seu víeis psicologizante. (Netto, 1992 apud Bisneto, 2010, p. 28)
Conforme Bisneto (2010, p.40) “o movimento de reforma psiquiátrica veio propor novos encaminhamentos metodológicos, com a possibilidade de o Assistente Social intervir de forma efetiva nas refrações da “questão social” na área de saúde mental.” Diante de uma sociedade capitalista o profissional da saúde mental encontrava-se em uma contradição, pois ao mesmo tempo que luta para manter a reforma psiquiátrica nas instituições vivemos em um contexto excludente onde os estigmas sobre a pessoa com transtorno mental perduram até hoje.(BISNETO, 2010, p. 63)
4.4.1. O Trabalho do Assistente Social junto as famílias de alcoolistas
De acordo com a Lei n° 8.662, de 7 de junho de 1993, que regulamenta a profissão de Assistente Social, dentre algumas competências do Assistente social, estão a de orientar, e encaminhar providências. A exclusão, o desemprego, a violência e várias outras expressões da questão social podem se estabelecer no âmbito familiar. É nesse contexto que o Serviço Social atua. É no trabalho interventivo que o Serviço Social busca dar respostas a essas demandas.
Segundo Iamamoto (2004, p. 28),
Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública etc.
Essa expressões podem afetar a família em suas mais variadas formas, consequentemente surgem como demanda para o Serviço Social que atua de forma interventiva em busca da autonomia e efetivação dos direitos desse grupo. O alcoolismo na família vem a se configurar como uma demanda para o serviço social na saúde mental. Segundo Bisneto (2011, p. 129) “o Serviço Social em Saúde mental faz entrevistas com o usuário e mantém ao longo do atendimento um processo de escuta da pessoa.” Essa Interação proporciona uma melhor convivência entre profissional e usuário, buscando avaliar motivos que estão além do aparente.
Segundo a Política Nacional da Assistência Social (2004, p. 41),
Por reconhecer as fortes pressões que os processos de exclusão sociocultural geram sobre as famílias brasileiras, acentuando suas fragilidades e contradições, faz-se primordial sua centralidade no âmbito das ações da política de assistência social, como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisa também ser cuidada e protegida.
Segundo Silva “A família aparece como demanda para o Serviço Social quando ocorre algum problema ou conflito na função social, ou seja, quando a família por um certo motivo não consegue cumprir o seu papel.” Esse víeis interventivo, proporciona ao profissional uma busca da autonomia desses indivíduos onde já afetados pelas mazela do alcoolismo.
De acordo com Bisneto (2010, p. 131),
O serviço social tem atuado principalmente no bojo do movimento de Reforma psiquiátrica, nos mais diversos programas de atendimento que visam possibilitar aos usuários melhores condições de vida ou reintegração social, e ainda de reabilitação psicossocial ou ressocialização.
O Serviço Social respeitando seu código de ética profissional e atuando de acordo com a reforma psiquiátrica pode possibilitar ao usuário e sua família a reinserção social principalmente em sua comunidade onde estão suas relações sociais estabelecidas e além disso pode possibilitar a autonomia, orientando e encaminhando esses usuários. Segundo Silva (2012, p.88) “O profissional de Serviço Social precisa em sua intervenção profissional uma postura crítica, investigativa e interventiva sobre a realidade que intervém.” Dessa forma é que será possível o estimulo e a tentativa de mudanças nas demandas vindas para o profissional, e um melhor andamento do tratamento, pois algumas situações interferem diretamente no desenvolver do tratamento.
Conforme relata Mesquita (2013, p. 35),
O trabalho do assistente social refere-se ao atendimento direto com os usuários e seus familiares a fim de esclarecer sua duvidas, direitos e deveres enquanto cidadão a partir de esclarecimentos em relação as questões levantadas, assim no espaço destinado ao Serviço Social ou seja sua atuação possui como um dos objetivo mais importante, proporcionar a conquista de autonomia dos usuários, através do exercício do empoderamento, que visam ao incentivo à participação e à ocupação por parte dos usuários e familiares nos espaços em que são oferecidos, bem como a conquista de novos espaços.
O trabalho do Assistente Social por lidar com pessoas torna-se mais complexo, a pratica adotada pelo profissional deve ser pautada na sua instrumentalidade. Segundo Sousa (2008, p. 124) “Expressar os objetivos que se quer alcançar não significa que eles necessariamente serão alcançados.” Mas deve-se buscar essa pratica de tentar realizar, traçar objetivos que possam ser alcançados. Segundo o mesmo autor “pensar a instrumentalidade do Serviço Social é pensar para além da “especificidade” da profissão: é pensar que são infinitas as possibilidades de intervenção profissional [...] ’’ Assim, torna-se um desfio a profissão, pois em uma sociedade pautada pela realidade da exclusão social, o profissional tem que se manter em uma postura que não o desmotive diante das grandes dificuldades postas.
Conforme Mesquita (2013, p.36),
Nesse sentido pode-se perceber diversas atividades desenvolvidas pelo assistente social no CAPS ad, como : Triagem, Acolhimento, Atendimentos individuais, Atendimento família, Grupo Terapêutico, Orientações, Encaminhamentos, Entrega de benefícios (Vales Transportes), Vistas Domiciliares, Visitas Institucionais.
Essas atividades fazem parte da função do Assistente Social conforme Bisneto (2010, p.115) “o serviço social necessita ir além das aparências, dos objetos fetichizados, da assistência social a-critica, da ajuda pela ajuda, do humanismo idealista.” Deve-se ir além da realidade trazida, tentar enxergar o que está por traz de diversas questões que envolvem aqueles usuários.
Segundo Seeger (2011, p. 42)
família deve ser considerada um dos pilares dos procedimentos voltados à reconstrução de vida dos dependentes químicos, em específico dos alcoolistas, devendo ser incluída no decurso do cuidar não apenas com apoio ao tratamento, mas também como alvo dessa atenção, reconhecendo-se, assim a sua importância enquanto estrutura social.
Dessa forma com o envolvimento da família possibilita-se um melhor desenvolvimento do tratamento, pois é na família que estão alguns dos principais conflitos que podem gerar possíveis complicações e interferir na adesão do usuário e, sendo a família uma instituição fundamental não só para o indivíduo, mas para toda a sociedade, está deve ser trabalhada pois ao conviver com a dependência podem se estabelecer diversas mazelas prejudicando seu convívio e sua dinâmica familiar.
5. OBJETIVOS
5.1. OBJETIVO GERAL
Analisar o trabalho do Assistente Social junto as famílias de alcoolistas atendidas no CAPS ad de Caucaia.
5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
-
Identificar segundo o profissional as possíveis mudanças ocorrido no convívio familiar durante o tratamento;
-
Analisar os desafios enfrentados pelos profissionais no atendimento das famílias usuárias;
-
Conhecer as atividades ofertadas para a família no CAPS ad.
6. METODOLOGIA
6.1. Cenário e Sujeitos da Pesquisa
O lócus de pesquisa foi no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad) de Caucaia, localizado na rua Coronel Correia no centro de Caucaia. A escolha desse lócus foi por sua localização, tornando o acesso mais viável. O sujeito da pesquisa foi o profissional, Assistente Social. No CAPS ad o Serviço Social é composto por duas assistentes socais, no momento dessa pesquisa somente uma estava atuando pois a outra estava em período de licença. A profissional entrevistada tem 30 anos e trabalha na instituição há quatro anos e sete meses.
6.2. Tipo de Pesquisa
O estudo foi realizado e fundamentado no método de pesquisa qualitativa visando trabalhar os aspectos subjetivos do fato, seu nível é exploratório que segundo Gil (2012, p.27) tem o intuito de mostrar uma visão aproximativa acerca do fato estudado. O método de abordagem foi o dedutivo onde da preposição geral se tira conclusões particulares. A pesquisa é de finalidade pura que segundo Gil "busca progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação diretas com suas aplicações e consequências práticas" (GIL, 2012, p.26). A pesquisa foi dividida em três fases que contribuíram para o seu melhor desenvolvimento e conclusão.
Na primeira fase da pesquisa foi escolhido o tema, após isso foi realizado um estudo relevante sobre este. Posteriormente foi feito um levantamento bibliográfico de livros e artigos no banco de dados da Scielo, no Google acadêmico e na biblioteca da Fatene, onde se constituiu o referencial teórico. Segundo Lakatos e Marconi, (2011, p.57) a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, se caracteriza por abranger toda bibliografia já publicada sobre o tema e abrange publicações de todos os tipos desde monografias até audiovisuais. Após o levantamento dos embasamentos teóricos os artigos foram divididos de acordo com os tópicos que iriam ser abordados nessa pesquisa possibilitando uma organização de ideias e argumentos.
Segundo Silva e Menezes, (2001) “a pesquisa é fundamentada e metodologicamente construída objetivando a resolução ou esclarecimento de um problema”. Dessa forma posteriormente na segunda fase da pesquisa já com os estudos realizados, artigos selecionados e divididos, foi realizada uma pesquisa sobre a estrutura e montagem do corpo do trabalho, organizando e fundamentando o trabalho de modo a estruturá-lo. As duas primeiras fases da pesquisa foram realizadas através de fontes indiretas de informações. A terceira fase da pesquisa foi uma pesquisa de campo no CAPS AD da Caucaia, possibilitando uma maior aproximação da realidade pesquisada. A escolha desse lócus foi por sua localização. Foram utilizadas fontes diretas e intensivas e entrevista semiestruturada.
6.3. Amostra e Coleta de dados
O presente trabalho vem apresentar a visão do profissional, Assistente social que atua diretamente com as famílias de alcoolistas no CAPS ad de Caucaia. Foi aplicado um roteiro de entrevista semiestruturado, denominado no trabalho de apêndice A, constituído de questões abertas possibilitando o aprofundamento das respostas fornecidas. Essas questões buscam a visão do profissional acerca do trabalho realizado de acordo com o objetivo geral do estudo de analisar o trabalho do Assistente Social junto as famílias de alcoolistas atendidas no CAPS ad de Caucaia. Para coleta dos dados foram utilizados suportes materiais como: gravadores, papel, celular e canetas esses materiais facilitaram o desenvolvimento da entrevista.
6.4. Análise de dados
Após a realização da entrevista os dados coletados foram analisados e transcritos para o trabalho, método de procedimento foi o Monográfico ou estudo de caso “Partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes” (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 90).
Segundo Gil (2011, p.57-58),
“[...]é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados”
6.5. Questões Éticas
Toda a entrevista foi gravada com a permissão do entrevistado que assinou o termo de consentimento viabilizando a pesquisa, Sempre respeitando sua privacidade de acordo com a resolução 196 de 10 de outubro de 1996 que revogada pela resolução 446 de dezembro de 2012 incorporando, deste modo novas normas, discorrendo sobre o bem-estar e proteção dos entrevistado fazendo com que seja respeitado sem gerar contra tempos. O termo de consentimento foi entregue a profissional entrevistada e esclarecendo todas as condições da pesquisa, ofertando tempo para a leitura do mesmo que foi assinado e datado, foi exposto o tema, os objetivos da pesquisa e sua finalidade. Todas as questões éticas foram devidamente respeitadas.
7. ANÁLISE E DISCUSSÃO
Entrevista direcionada à Assistente Social do CAPS ad do município de Caucaia
Conforme descrito anteriormente na metodologia foi realizada entrevista com uma profissional, pois a outra estava em período de licença. Esta pesquisa é composta por um roteiro de entrevista que denominamos de apêndice A, com perguntas direcionadas ao profissional: Assistente Social do CAPS ad do município de Caucaia, localizado na rua Coronel Correia no centro de Caucaia. A profissional entrevistada está atuando na instituição há quatro anos e sete meses .
Em relação a rotina de trabalho no CAPS ad
“Existem atividades que são comuns a todos os profissionais de nível superior, certo? No CAPS, a gente realiza triagem que são os atendimentos iniciais de pacientes que estão ingressando no serviço, agente tem atendimento individual, atendimento familiar, que a maioria é o Serviço Social que faz, mas os outros profissionais também podem fazer, é, em tese existem visitas domiciliares, mas elas são extremamente difíceis de acontecer por falta de transporte, e existem os grupos né, atividades em grupo, é, o grupo que eu sou responsável atualmente é o grupo de conto terapia certo? Como eu te falei antes, é, são contos, textos, fabulas em que é, agente ler e os pacientes refletem um pouco né, falam do que entendeu as lições que tirou, algo parecido que vivenciou e que aprendeu em fim é mais discussão mesmo, conversa e tem o aspecto também de orientação né as vezes até de uma intervenção mais direcionada, por exemplo ta acontecendo uma situação especifica que a gente não sabe como chegar e abordar o paciente ai através do texto que é digamos assim, desenhe uma realidade aproximada a problemática que a gente ta tendo com o paciente a gente leva o texto ai o paciente é eu achei que esse texto ta parecendo com um episódio que aconteceu aqui, é já começa a ter os insight isso é bem interessante sabe? Ai esse é o grupo que eu faço, ai além desse tem o grupo com a psicóloga, tem o grupo com as terapeutas ocupacionais né, e no momento só tem, são quatro grupos que tem, tem o acolhimento inicial que acontece todas as manhãs.” (Assistente Social)
Nessa fala pode-se refletir sobre o trabalho em equipe multiprofissional que se torna por um lado muito importante dentro do tratamento e por outro um grande desafio a ser enfrentado pelo profissional. De acordo com Jordão (2014, p. 50)“ O Serviço Social é um dos saberes que pode compor a equipe multiprofissional, entretanto seu saber e sua atuação podem sofrer limitações.”
Na fala acima também verifica-se a rotina da Assistente Social no CAPS ad, onde percebemos uma forte atuação diária na orientação junto aos usuários e as demandas direcionadas ao serviço de acordo com a fala da profissional várias atividades que podiam ser feitas por outros profissionais acabam sendo realizadas pelo Serviço Social. Pode-se perceber também a precariedade do suporte dado ao profissional, quando este deixa de exercer uma atividade de suma importância que são as visitas domiciliares por falta de equipamentos, essas visitas possibilitam ao profissional entender o contexto social que o usuário e sua família estão inseridos.
Segundo Sousa (2006, p.128) “A visita domiciliar é um instrumento que, ao final, aproxima a instituição que está atendendo ao usuário de sua realidade, via Assistente Social.” No decorrer da entrevista a profissional também abordou essa precariedade. De acordo com Bisneto (2011, p. 163) “A prática sofre interferências e limitações em nível organizacional, institucional e social.” Muitas práticas e atividades que podiam ser realizadas nas instituições deixam muitas vezes de ser realizadas por falta de recursos e verbas para dar andamento.
Diante dessa realidade conforme Iamamoto (2007, p. 161) “Porém é essa realidade de precariedade dos serviços públicos que enfrentamos e da qual temos de partir no cotidiano profissional, não podendo deixar que ela nos afixie.” Dessa forma o profissional deve encarar sua prática profissional não de forma fatalista como se nada funcionasse, como se as coisas não pudessem mudar e dessa forma se deixar acomodar pelos fatos virando um mero executor tecnicista, preso a uma pratica mecânica sem entender a realidade para além do que está posta e nem de forma messiânica encarando-se como capaz de solucionar todos os problemas no serviço como detentor do poder. (IAMAMOTO 2007, p. 162).
Nessa realidade são grandes os desafios enfrentados pelo Assistente Social, mas este profissional deve se utilizar do seu saber, sua postura crítica e de seu posicionamento interventivo. De acordo com Sousa (2006, p.123) “Assim, no momento da execução da ação profissional, o Assistente Social constrói suas metodologias de ação, utilizando-se de instrumentos e técnicas de intervenção social.”
No tocante as atividades desenvolvidas junto as famílias de alcoolistas no CAPS ad:
“Com a família nossa proposta de intervenção é atendimento individual, né, que é momento de escuta e orientação basicamente, é, e o grupo de família que ocorre uma vez por mês, e nesse grupo a gente geralmente usa alguma das técnicas dos nossos grupos correntes né, pra, pra poder dar o norte pra começar, pra eles começarem a falar por que no inicio a família geralmente chega meio calada assim não quer falar, não quer participar muito, ai inicialmente a gente faz um mini relaxamento né, ou então, alguma dinâmica de grupo pra tentar né, dar um esquenta pra eles começarem a interagir a gente percebeu que sem isso eles tem mais dificuldades de falar, ai tem esse momento inicial. De conto, é, nunca foi feito, grupo de família iniciado com conto, porque assim, esse grupo de conto terapia é um grupo que demanda um certo nível intelectual certo, é tanto que os pacientes que vão pra esse grupo são pacientes que conseguem né, se expressar bem, ter uma compreensão boa do que ta acontecendo porque é muito difícil você ficar numa sala com um monte de gente, alguém lendo um texto e você se concentrar naquilo pra poder conversar sobre aquilo né, então assim com a família a gente nunca propôs ainda essa atividade, certo, então são dinâmicas de grupos geralmente pra leva-los a participar, ou então, a gente inicia com uma espécie de mini palestra sobre um tema especifico: dependência química, co-dependência, um tema né que tenha a ver com a situação pra que eles “ Eu me identifico com isso ai” ai começa, né a conversar, ai flui, flui bem, né, quando vem mais gente é melhor, quando vem pouca gente eles ficam mais inibidos, são esses os recursos.” (ASSISTENTE SOCIAL)
Pode-se perceber que com as famílias a maior temática encontra-se na orientação e escuta das mesmas. Na fala da profissional pode-se perceber que são um pouco limitadas as atividades que envolvem a família, devido a dificuldade de participação, ocasionando um certo desgaste dessas atividades. A Assistente Social informou que passou-se muito tempo sem realizar o grupo com famílias e voltando agora com a adesão de uma média de cinco a dez famílias, o que já considerou uma boa média para a realidade existente. O grupo de família segundo a fala da Assistente Social acontece uma vez por mês, outras atividades constam em festas e comemorações abertas aos familiares e pacientes. Segundo Bisneto (2011, p. 54) “no contexto do movimento de Reforma Psiquiátrica a atuação profissional é orientada para o atendimento em grupos, pois suas concepções podem reforçar a reinserção e a reabilitação psicossocial.” No grupo de família acontecem mini relaxamentos que segundo a profissional faz com que os participantes se envolvam mais e comecem a interagir entre si e com a equipe, de acordo com Sousa (2006, p. 127) “Contudo, a dinâmica de grupo é um recurso que pode ser utilizado pelo Assistente Social em diferentes momentos de sua intervenção.” Essas dinâmicas fazem com que os usuários se entreguem mais, se relacionem e são uma ótima forma de fazer com que eles extravasem seus medos anseios, por uma maneira de descontração logicamente sempre procurando respeitar a individualidade de cada participante. O mesmo autor também diz que “e nunca é demais lembrar que é o instrumento que se adapta aos objetivos profissionais - no caso, a dinâmica de grupo deve estar em consonância com as finalidades estabelecidas pelo profissional.” Podemos verificar que no grupo com famílias também são realizadas palestras decorrentes de temas relacionados as demandas existentes no serviço, dessa forma se orienta e esclarece dúvidas sobre as realidades vivenciadas pelas famílias no seu cotidiano. No atendimento individual com as famílias a intervenção e a orientação vai depender das demandas trazidas pela família.
Fale sobre as possíveis facilidades e dificuldades em atuar junto aos familiares de alcoolistas.
“A dificuldade maior é a questão de eles realmente participarem, porque o que eu percebo é que a família procura o CAPSad no momento de desespero no momento em que não sabe mais o que fazer e que o paciente ta dando muito trabalho, só que depois que a coisa estabiliza né, o quadro estabiliza, ele começa a tomar algum remédio a frequentar o CAPS, as atividades e ter uma melhora a família dificilmente continua acompanhando, são raros, então a parte mais difícil é essa de realmente a família querer estar no serviço, querer acompanhar porque muitos alegam que tem que trabalhar, né, que não tem tempo e ai acabam não acompanhando, e trabalhar com família é algo fundamental para esse tratamento aqui, porque a gente só tem contato com o paciente num período do dia né e são eles que estão ali todos os dias, que podem realmente nos dar um feedback mais seguro do que ta acontecendo com o paciente, se ta tomando medicamento de um forma errada, se ta sei lá de repente omitindo alguma coisa que ta acontecendo lá fora pra gente, né, então assim não é pra fiscalizar mas é para a gente poder complementar.” (Assistente Social)
Ao analisar a fala da Assistente Social podemos refletir que é fundamental o trabalho com as famílias dos usuários, mas que são grandes os desafios enfrentados, torna-se uma das maiores dificuldades pela falta de adesão nas atividades. Na família é onde se tem as maiores possibilidades para entender a dinâmica e o contexto daquele usuário. Segundo Bisneto (2011, p.115) “O serviço social necessita ir além das aparências, dos objetos fetichizados, da assistência social a-crítica, da ajuda pela ajuda, do humanismo idealista.” É preciso ir além dessas perspectiva refletir o porquê dessas famílias não comparecerem nas atividades. Será que realmente esses horários de atendimentos em grupo não estão sendo incompatíveis com a realidade dos usuários?. Torna-se contraditório o tratamento sem envolver a família, pois ela não sabe como lidar com usuário. Conforme o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) “A família, em especial, é peça-chave tanto na prevenção do uso nocivo do álcool, como em casos em que o problema já está instalado.” Essa importância se caracteriza ao relacionar o cotidiano do usuário, a família pode colaborar em muitos aspectos do tratamento dando informações sobre o comportamento, sobre as dificuldades de adesão, os possíveis avanços ou recaídas. Não somente participar das atividades, mas apoiar o tratamento em amplos sentidos com mudanças de hábitos e diálogos. De acordo com Melo e Paulo “torna-se fundamental a presença dos familiares durante os atendimentos e reuniões trazendo dúvidas e conhecendo melhor o trabalho do CAPS [...]”. O esclarecimento do tratamento favorece a família nos momentos de dificuldades como uma possível recaída, fazendo com que essa não desestimule e continue a apoiar o usuário.
Quais possíveis mudanças você percebe na dinâmica familiar ao participar das atividades propostas no CAPSad?
“Não sei se todas as famílias participando melhoraria pra todas, mas as que participam a gente diz que sim, né, porque é muito mais fácil você ter, é, espaço pra agir num ambiente que você já tem vinculo com a família que aconteça alguma coisa você já pode se comunicar e orientar do que pra uma família que só vem quando a situação ta insuportável, insustentável. De certa forma aqui é um espaço pra família também desabafar, Colocar pra fora, porque é muito difícil é muito adoecedor, é, essa lida diária com um usuário de qualquer substância química, é muito desgastante. O usuário não é um pedaço que vai aquele seu serviço demandar um determinado objeto, produto ou serviço é um ser que faz parte de um contexto. (Assistente Social)
A profissional durante a entrevista, citou dois casos como exemplo, respeitando os limites éticos e a privacidade destes. Ela nos relatou que esses casos são acompanhados sistematicamente porque a família sempre participa, assim eles tem um vinculo maior e podem intervir, a profissional ressaltou, as mudanças ocorrem, não de forma imediata, mas conforme o tratamento vão se percebendo alterações no convívio, no comportamento do usuário, ela ainda ressaltou que se torna mais fácil desenvolver o trabalho quando a família participa, pois se tem como orientar, encaminhar, conhecer, intervir realmente de forma mais profunda, pois com esse vinculo entre família, equipe e usuário o tratamento pode vir a corresponder melhor. A Assistente Social entrevistada também concorda que é adoecedor a convivência com o dependente químico, que afeta não só o usuário mais sua família. Um grande problema que pode se instalar na família é a codependência. Segundo Rosa (200, p.13) “ o codependente desenvolve a obsessão de sentir-se responsável, preocupar-se com os outros e acaba controlando e vigiando as pessoas.” A codependência torna a pessoa escrava do outro de suas necessidades e atitudes, fazendo com que a pessoa viva o problema do outro. Ressalta-se também a importancia de se conhecer o contexto vivenciado pelo usuário, esse faz parte de uma comunidade, onde estabelece relações que podem interferir na dinâmica do tratamento. De acordo com a fala da profissional entendemos que possíveis mudanças ocorrem, mas não acontecem de forma repentina, são gradativamente sentidas no decorrer do avanço do tratamento.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo buscou analisar a prática do Assistente Social junto as famílias de alcoolistas ressaltando a importância dessa atuação não somente, para as famílias, mas para a categoria profissional. Entendendo o conceito de família como uma construção social que se reformula e se adapta ao contexto vivenciado recebendo interferência da sociedade e ao mesmo tempo influenciando na mesma. Diversas mudanças ocorreram na configuração familiar, e momentos importantes vivenciados pela sociedade contribuíram para essas modificações. A família é a instituição que mais influencia o ser humano, nela são criadas as bases das relações sociais. “A família é a primeira referência da pessoa, é como uma sociedade em miniatura.” (BRASIL, 2013, p.102).
Buscou-se compreender os novos arranjos familiares configurados no contexto social atual. Concordando com a afirmação de Losacco (2000, p. 66) onde relata que “no debate contemporâneo sobre este tema, não podemos mais falar de família (no singular).” Deve-se buscar compreender essa pluralidade. Dessa forma após compreender a família e suas transformações buscou-se contextualizar o alcoolismo como um problema individual e ao mesmo tempo coletivo, que prejudica o estado físico e social do alcoolista e interfere na dinâmica familiar podendo ocasionar graves problemas para o dependente e sua família, deixando-a em um estado vulnerável e sujeita as novas expressões da questão social. Concordando com Martins (2007, p.25) onde diz que o “alcoolismo geralmente tem um profundo impacto na relação familiar do dependente do álcool, seja ele homem ou mulher.”
Dessa forma procurou-se conhecer a rede de apoio ao tratamento desses grupos, onde pode-se perceber as politicas públicas como a Politica Nacional Sobre o álcool que estabelece princípios norteadores para o enfrentamento dos problemas relacionados ao consumo. Essa politica “reflete a preocupação da sociedade em relação ao uso cada vez mais precoce dessa substância, assim como o seu impacto negativo na saúde e na segurança.” (BRASIL, 2013, p.102). Outra política de bastante relevância é a Política para atenção integral aos usuários de álcool e outras drogas de 2003, articulada a política de saúde mental, buscou-se ter uma visão mais ampla dos problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas, deixando de encará-lo somente como questão de punição, articulando Estado, Família e Sociedade, envolvendo a reabilitação, prevenção e o tratamento. São avanços para esses grupos mas torna-se necessário e preciso efetivar de forma concreta essas políticas.
Buscou-se fazer uma pequena contextualização sobre o Serviço Social na área de saúde mental, este configurou- se com diversas modificações e influências, destacando-se o movimento de reconceituação e a reforma psiquiátrica, que estabeleceram novos moldes de atuação nesse campo, voltados para a humanização do usuário, respeitando seus direitos, lutando contra as práticas excludentes. Segundo Bisneto (2011, p.131) “o Serviço Social tem estado atento à proteção social dos usuários de assistência psiquiátrica.”
Um importante dispositivo para as práticas da Reforma psiquiátrica foram os CAPS, criados para substituírem gradativamente os manicômios, configuram-se em locais de busca da reinserção social do usuário e cuidado familiar. No que se refere ao alcoolismo o CAPS ad é uma peça fundamental, nele o usuário e sua família são atendidos na perspectiva de reabilitação social.
Conclui-se que o CAPS ad é um dos dispositivo de atuação do Serviço Social na saúde mental atuando de acordo com a reforma psiquiátrica respeitando o usuário, onde trabalha com as praticas orientadas de acordo com seu código de ética, buscando a autonomia e reinserção do usuário e sua família, através da escuta, orientação acolhimento e encaminhamentos viabilizando a oportunidade de acesso a direitos e serviços aos quais não se tinha. Conclui-se também que o trabalho com as famílias de alcoolistas é de suma importância para o tratamento, o envolvimento da família proporciona melhores condições para a intervenção profissional. Ressalta-se que a prática do Assistente Social não é algo sistematizado, a intervenção vai de acordo com a realidade trazida por cada família, além disso destaca-se a precariedade do suporte oferecido ao profissional para a realização de algumas atividades. O trabalho com as famílias é algo fundamental, mas torna-se um grande desafio a ser enfrentado pelo profissional, desde a busca da adesão as tarefas realizadas, a não desmotivação da família com o tratamento, a precariedade dos suportes dados ao profissional e realização da reinserção social desses grupos em uma sociedade altamente excluidora e estigmatizante. Dessa forma conclui-se que o profissional tem um papel fundamental com essas famílias, ao tentar proporcionar orientação e intervenção nas mais diversas temáticas trazidas pelos usuários, na busca de resgatar a autonomia social desses grupos.
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10. APÊNDICE A - Roteiro de Entrevista
Caracterização Sociodemográfica
Sexo__________ Idade______________ Tempo de serviço__________________
Estado civil___________Naturalidade_______________Procedência________
Questões Norteadoras
- Em relação a rotina de trabalho de trabalho no CAPS ad.
- No tocante as atividades desenvolvidas junto aos familiares de alcoolistas em tratamento no CAPS ad.
- Quais possíveis facilidades e dificuldades em atuar junto aos familiares de alcoolistas.
- Quais possíveis mudanças você percebe na dinâmica familiar do familiar que participa das atividades propostas no CAPS ad?
Publicado por: Pryscylla Braga
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