TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS

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1. RESUMO

Este trabalho tem como objetivo demonstrar que as teorias de aprendizagem apresentam significativa importância e estão inseridas em cursos EaD. O desenvolvimento do indivíduo está centrado em si e seu papel de estudo, ou seja, um indivíduo ativo. Descreve pesquisas literárias e pensadores com o proposto de conhecer o crescimento e amadurecimento pedagógico no decorrer dos tempos e métodos que possam ser utilizadas tanto para conhecimento pessoal quanto em sala de aula com o intuito de aprimoramento do ensino.  Foi utilizada uma metodologia que consistiu no estudo do desenvolvimento pedagógico e evolução da educação. Tentou-se obter uma compreensão de que forma o ensino vem se evoluindo e até onde tais influências estão inseridas em cursos a distancia. Como resultado deste trabalho, descobriu-se a necessidade da utilização e imersão do conhecimento para que assim possamos educar e obter resultados mais satisfatórios ao longo dos tempos, que possam ser refletidos em sala através de alunos motivados a aprender e professores a buscar novos meios de ensinar. Através destes estudos foi possível observar que o conhecimento de teorias de aprendizagem, aliados aos históricos educacionais, são decisivos para um melhor avanço, pois as características deles foram propícias aos docentes por permitir ótimas alternativas e promover a interação de conhecimentos entre os alunos.

Palavras–chave: Teorias. Pedagógicas. Desenvolvimento. Educação

2. Introdução

Este trabalho se propõe a tratar dos aspectos pedagógicos da educação a distância nas corporações. Para tanto, tratará, primeiramente das tendências pedagógicas contemporâneas, a seguir das tendências pedagógicas em Educação à distância (EAD).

Segundo Dias (2007), a educação sempre passou por processos de transformação, muitas vezes influenciados pelo momento político e histórico de cada época. Estes momentos originaram as tendências pedagógicas que são a união das práticas didático-pedagógicas com os desejos e aspirações da sociedade de forma a favorecer o conhecimento.

Saviani (2005, p.1) relatou que:

Diferentes concepções de educação podem ser agrupadas em duas grandes tendências: a primeira seria composta pelas concepções pedagógicas que dariam prioridade à teoria sobre a prática, subordinando esta àquela sendo que, no limite, dissolveriam a prática na teoria. A segunda tendência compõe-se das concepções que subordinam a teoria à prática e, no limite, dissolvem a teoria na prática.

No primeiro grupo estariam as diversas modalidades de pedagogia tradicional. No segundo grupo se situariam as diferentes modalidades da pedagogia nova. Considera-se que, no primeiro caso, a preocupação se centra nas “teorias do ensino”, enquanto que, no segundo caso, a ênfase é posta nas “teorias da aprendizagem”.

As linhas ou tendências pedagógicas sintetizam características que, na prática, aparecem com maior ou menor ênfase em qualquer pedagogia. Conhecer um pouquinho de cada uma é de grande importância para o professor que deseja construir sua prática. Lembrando que as mesmas são elementos norteadores e não receitas a serem seguidas.

Sendo assim, este trabalho pretende de uma forma ampla, abordar os aspectos pedagógicos referentes à educação à distância, comparar as tendências pedagógicas da educação tradicional, com as tendências pedagógicas voltadas para a educação à distância e descrever as características referentes às tendências pedagógicas da educação, ressaltando-se suas propostas. Esse estudo tem como objetivo geral debater conceitos metodológicos da educação tradicional com a educação de tendências pedagógicas.

Após estas descrições, apresenta-se um panorama geral de três perspectivas dominantes em educação a distância que podem subsidiar as reflexões sobre os paradigmas dominantes de ensino-aprendizagem: a perspectiva associacionista, que considera aprendizagem como mudança de comportamento; a perspectiva cognitiva (e aqui se incluem as teorias construtivistas e socioconstrutivistas), que vê a aprendizagem como alcance da compreensão e a perspectiva situada, que entende a aprendizagem como prática social.

3. Metodologia

O presente trabalho é uma pesquisa bibliográfica exploratória realizada a partir de fontes secundárias, uma vez que de acordo com Lakatos e Marconi [1] trata-se de um levantamento bibliográfico já publicado em forma de livros, monografias, revistas, publicações avulsas e jornais, a finalidade é colocar o pesquisador em contato com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, pois permite ao mesmo o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações.

Nesta bibliografia que foi fundamentada em livros e revistas de educação esta pesquisa, destaca-se aqueles que priorizam o estudo das tendências pedagógicas da Educação, sobretudo Libâneo (1992), Dias (2007), Filatro (2009). Sendo estas destaques para o embasamento teórico necessário para o desenvolvimento deste estudo.

A divisão do tema principal deste trabalho em subtemas permitirá aos integrantes do grupo um maior aprofundamento na pesquisa, possibilitando uma investigação minuciosa em materiais de relevância com relação ao tema em fontes secundárias (trabalhos já publicados, que fornecerão embasamento teórico nos subtemas) e nos livros e demais referenciais bibliográficos, de autores já conceituados perante a abordagem de determinados assuntos relevantes ao objeto de pesquisa.

Este levantamento bibliográfico resultou no fichamento dos materiais de relevância ao tema principal do Trabalho Final de Curso, e aos subtemas específicos, definidos por cada integrante do grupo, sendo realizada uma análise inicial desta bibliografia, por meio de leitura crítica e realização dos pressupostos teóricos. Novas referências bibliográficas complementares que posteriormente forem encontradas e definidas de modo a agregar valor ao trabalho, também serão incluídas durante o desenvolvimento dos subtemas de cada integrante.

4. A VALORIZAÇÃO DAS TEDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

4.1. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS: Pedagogia tradicional

A pedagogia tradicional tem como objetivo transmitir uma separação dos conteúdos sociais para com a realidade, neste modelo de tendência apenas o professor tem razão, é ele o centro das atenções. Sua metodologia se baseia na memorização, tornando a aprendizagem mecânica, passiva e repetitiva.

Para Libâneo (1992, p. 57-64):

A pedagogia tradicional caracteriza as concepções de educação onde prepondera a ação de agentes externos na formação do aluno, o primado do objeto de conhecimento, a transmissão do saber constituído na tradição e uma concepção de ensino como impressão de imagens propiciadas ora pela palavra do professor ora pela observação sensorial.

Esta tendência pedagógica surgiu então no Brasil com os padres da Companhia de Jesus, logo após a chegada dos portugueses. Os jesuítas trouxeram todo um estilo de ensinar consolidado, posteriormente, no ratio studiorium, seu manual de organização dos estudos, especialmente a partir do século XVII.

De acordo com essa tendência pedagógica, a escola denominada tradicional, faz com que o aluno seja educado para atingir sua plena realização através de seu próprio esforço. Sendo assim, as diferenças de classe social não são consideradas e toda a prática escolar não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno. Quem garante seu aprendizado é o próprio aluno através de seus esforços.

Quanto aos pressupostos de aprendizagem, ou seja, como estas crianças aprendem, a ideia principal da escola para esta tendência pedagógica é de que o ensino consiste em repassar os conhecimentos para o espírito da criança, sendo acompanhada de outra teoria, de que a capacidade de assimilação da criança é idêntica a do adulto, sem levar em conta as características próprias de cada idade. A criança é vista, assim, como um adulto em miniatura, apenas menos desenvolvida (LIBÂNEO, 1992, p. 57-64).

Nesta concepção, o ensino é entendido como repasse de idéias do professor para a cabeça do aluno; os alunos devem compreender o que o professor transmite, assim reproduzindo a matéria transmitida. Tem-se uma aprendizagem mecânica, automática e associativa.

(Dias, 2007) estabelece, então, uma ênfase na formação moral do aluno, em que ele constitui seu caráter, pela chamada “instrução educativa”. Nesta perspectiva, a marginalidade é identificada com a ignorância, o ser sem formação, ou na nova sociedade burguesa, o marginal é o ignorante, ou seja, todo marginal se se caracteriza segundo esta tendência alguém sem conhecimento escolar adquirido.

Segundo a LDB 9.394/96, com a divulgação das ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, em um traje sócio histórico, tais teorias buscavam se unir com a linguagem moderna, considerando-a como uma ação sobre o modo de ver e pensar do homem para o mundo. Tais aprofundamentos tentam construir uma realidade onde o home e o mundo esteja sincronizado formando-se então uma realidade fundamental de conhecimento.

Pedagogia Tradicional é um modelo de educação onde o principal sujeito da ação é o professor. Tendo este a função de instigar, acompanhar, criticar, observar, analisa educar culturalmente lecionar os ensinamentos da materia ao qual foi destinado através de suas aulas expositivas. Os alunos por sua vez, neste modelo, ficam prestndo atenção aos ensinamentos, realizam exercicios e atividades repetitivas como forma de gravar o conhecimento e por fim reproduzir como forma de aprendizado este cohecimento gravado.  Segundo (AZANHA, 2014) O professor expõe os conteúdos “oralmente”, seguindo passos pré-determinados e fixos para todo e qualquer contexto escolar. Pode-se dizer que aqui, o professor é “um organizador dos conteúdos e estratégias de ensino e, portanto, o guia exclusivo do processo educativo”.

4.2. Pedagogia renovada

Tem como base filosófica a concepção humanista moderna: visão do homem centrada na existência (DIAS, 2007, p.37).

A pedagogia renovada, segundo Libâneo (1992) agrupa correntes que advogam a renovação escolar, opondo-se a primeira e tem como características: valorização da criança, dotada de liberdade, iniciativa de interesses próprios e, por isso mesmo, sujeito da sua aprendizagem e agente do seu próprio desenvolvimento; individualização do ensino conforme os ritmos próprios de aprendizagem.

Segundo Dias (2007), esta escola surgiu como uma resposta à pedagogia tradicional, que já no final do século XIX, começou a ser questionada em seus princípios, por educadores que buscavam uma linha pedagógica mais adequada às novas necessidades mundiais. Defendia um clima psicológico-democrático, onde o professor é visto como “um auxiliar das experiências”.

O norte americano John Dewey, retomando os valores originais da Revolução Francesa, criou, na Universidade de Columbia, escolas experimentais onde procurou demonstrar a validade de seus princípios. Criou uma pedagogia centrada no aluno e propôs: uma pedagogia ativa, baseada na experimentação, via permanente clima de pesquisa; um ensino pragmático, que alguns veem como utilitarista, onde ocorre uma filtragem daquilo que, realmente, é importante; ênfase no estudo dos processos psicológicos de aprendizagem; ênfase nas diferenças entre os alunos e não na igualdade; segundo Dewey os homens não são iguais, reconhecendo que alguns são mais capazes que outros; é o saber lidar com as diferenças; proposta de escola enquanto comunidade modelo a ser estendida a toda a sociedade (DIAS, 2007).

Após a publicação da LDB nº 9.394/96, tem-se que a pedagogia renovada inclui várias correntes, que de uma forma ou de outra estão ligadas ao movimento da Escola Nova ou da Escola Ativa, que embora admitam divergências, assumem um mesmo princípio norteador de valorização do indivíduo como ser livre, ativo e social.

O centro da atividade escolar não é o professor nem os conteúdos disciplinadores, mas sim o aluno ativo e curioso. O mais importante aqui é o processo de aprendizagem e o professor é um mero facilitador no processo de busca de conhecimento do aluno, organizando e coordenando as situações de aprendizagem. (AZANHA, 2014).

Essa tendência até hoje influencia muitas práticas pedagógicas.

A tendência renovada propõe um ensino que valoriza o aluno como sujeito do conhecimento, a experiência direta sobre o meio pela atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo.

Segundo Saviani, 2007:

A tendência liberal renovada apresenta-se, entre nós, em duas versões distintas: a renovada progressivista, ou, pragmática, principalmente na forma difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os quais se destaca Anísio Teixeira, Montessori, Decroly e Piaget); a renovada não diretiva, orientada para os objetivos de auto realização e para as relações interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers (SAVIANI, 2007).

4.3. Pedagogia tecnicista

A pedagogia tecnicista tem como base filosófica a concepção analítica: centrada na análise lógica da linguagem educacional e, em parte, na concepção humanista moderna. Sua raiz se encontra no período imediatamente após a segunda guerra mundial. Neste contexto surgiram teorias importantes sobre planejamento, que enfatizavam a utilização de conceitos como utilitarismo, objetividade, eficiência, eficácia, técnica e outros. Estas teorias foram muito importantes na superação dos problemas econômicos dos países capitalistas e acabaram por espalhar-se, enquanto ideologia, por toda a sociedade, inclusive na educação (DIAS, 2007).

Segundo Libâneo (1992), a tendência liberal tecnicista acredita que a realidade contém em si suas próprias leis, bastando aos homens descobri-las e aplicá-las. Dessa forma, o essencial são as técnicas de descoberta e aplicação. Ou seja, a tecnologia é o meio eficaz de obter a maximização da produção e garantir um ótimo funcionamento da sociedade; a educação é um recurso tecnológico por excelência.

4.4. Pedagogia libertadora

Está diretamente ligado ao educador Paulo Freire. Parte do princípio de que, em países periféricos ao capitalismo, existe uma situação de dominação de classe claramente estabelecida: opressão. O oprimido é levado a uma situação de submissão. Atribui sua situação a fatores divinos, naturais ou culpa própria (DIAS, 2007).

O objetivo de Paulo Freire é o “desvelar” da realidade, que inicia o processo de conscientização para, posteriormente, restabelecer estratégias de ação organizada para a mudança. Sua metodologia se baseia no conceito do diálogo: forma de comunicação onde os participantes se apresentam como sujeitos do processo de conhecimento.

Paulo Freire não leva em consideração o papel informativo do ato de conhecimento na relação educativa, porém para ele, o conhecimento não é suficiente se não são elaboradas novas teorias do conhecimento que possam caminhar lado a lado com o aprendizado. Sua convicção se baseia principalmente no fato de que os oprimidos não puderem adquiri uma nova estrutura do conhecimento que lhes dariam a chance de reelaborar e reordenar seus próprios conhecimentos e/ou apropriar-se de outros.  (GADOTTI, 1988, p. 230 - 238).

Sendo assim, para Paulo Freire, a pedagogia libertadora ultrapassa os limites da pedagogia tradicional, pois além de indagar a situação de oprimido, faz com que o mesmo busque sua libertação em um contexto amplo, de forma que o sujeito obtenha uma consciência politica, critica econômica e social. (GADOTTI, 1988, p. 230-238).

4.5. Pedagogia libertária e crítico social dos conteúdos

Corrente pouco difundida na prática didática brasileira, especialmente por suas características anarquistas: eliminação de toda e qualquer autoridade; inserção da autogestão grupal. O saber deve circular livremente numa troca de experiências que acaba por caracterizar o saber como produção essencialmente coletiva; observa-se um vínculo indissolúvel entre didática e política; coeducação dos sexos (DIAS, 2007).

Esta tendência não tem proposta explícita de Didática e muitos dos seus adeptos se recusam a admitir o papel dessa disciplina na formação de educadores. A atividade escolar é centrada na discussão de temas sociais e políticos, ou seja, um ensino centrado na realidade social, em que professores e alunos realizam a problematização de determinado fenômeno. Portanto, esta proposta libertária permanece, apenas, como um referencial teórico (LIBÂNEO, 2002).

A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos surge no final dos anos 70 e início dos 80 e é uma reação de alguns educadores que não aceitam a pouca relevância que a pedagogia libertadora dá ao aprendizado do chamado ‘saber elaborado’, historicamente acumulado e que constitui o acervo cultural da humanidade. Compreende que não basta ter como conteúdo escolar as questões sociais atuais, mas é necessário que se possa ter o domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades para que os alunos possam interpretar suas experiências de vida e defender seus interesses de classe (LIBÂNEO, 1992).

4.6. TEORIAS PEDAGÓGICAS FUNDAMENTAIS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Segundo a abordagem de Greeno, Collins e Resnick (1996) citados por Filatro (2009, p.96-98), “o processo de ensino e aprendizagem pode adquirir distintos significados de acordo com o paradigma teórico predominante, sendo assim, um modo possível de categorizar as teorias pedagógicas é organizá-las sob três grandes perspectivas”. As perspectivas pedagógicas dominantes no cenário da educação a distância são: associacionista, cognitiva e situada e são descritas abaixo com base nos considerações feitas por Filatro (2009); e as abordagens instrumental e conectiva, descritas por Rodrigues (2011).

4.7. PERSPECTIVA ASSOCIACIONISTA

A teoria associacionista antecede o comportamentalismo ou o behaviorismo. É uma teoria inspirada na filosofia empirista e positivista, tal teoria atribui ao ambiente em que vive as caracterizações humanas e privilegia a experiência como a fonte do conhecimento e formação dos hábitos comportamentais dos indivíduos, sendo assim, o que determina o aprendizado e desenvolvimento do individuo segundo esta teoria são os fatores externos.

Esta teoria foi criada por Edward Thorndike, segundo ele, “a aprendizagem consiste na formação de ligações, conexões, estimulo-resposta que se originam a partir de impulsos diretos para a ação”. Para Thorndike, após perceber que várias respostas eram dadas a uma mesma situação resolveu realizar um experimento: (Thorndike, 1911):

Dentre as várias respostas dadas a uma mesma situação, as que forem acompanhadas ou seguidas de perto pela satisfação do animal, mantendo-se iguais as demais condições, tornar-se-ão mais firmemente conectadas à situação de modo que, quando esta ressurgir, tenderão a reaparecer; as que forem acompanhadas ou imediatamente seguidas por desconforto, às demais condições mantendo-se iguais, terão enfraquecidas suas conexões com tal situação, de forma que quando esta se repetir, elas terão menor tendência a ocorrer. Quanto maior a satisfação ou o desconforto, maior o fortalecimento ou enfraquecimento da conexão. - Lei do Efeito (Thorndike, 1911).

Entre os anos de 1950 e 1960, impôs-se o movimento da instrução programada, tendo em Skinner seu principal representante. Para Skinner, o resultado da aprendizagem é uma mudança ou aquisição de comportamentos observáveis causados por estímulos externos ou ambientais – esses comportamentos observáveis é que são os resultados da aprendizagem. Para este autor, o melhor método de ensinar a criança seria pelo ensino programado, baseado em duas premissas: necessidade de programar os reforços oferecidos ao aluno para manter a intensidade de seu comportamento e necessidade do uso de máquinas de ensinar, programas para estimular a aprendizagem (LAKOMY, 2008).

Segundo Filatro, (2009):

A definição de objetivos específicos a ser perseguida, a divisão da instrução em pequenos passos, o estabelecimento de padrões de comportamento desejados, o respeito ao ritmo de aprendizagem individual para alcançar esses padrões e o feedback imediato desembocaram primeiramente em livros e aparelhos tidos como ‘máquinas de ensinar’ e posteriormente, a partir dos anos 1980, em softwares educacionais que ofereciam uma alternativa tecnológica à educação tradicional (FILATRO, 2009).

Mais recentemente, a abordagem de redes neurais sugere a análise do conhecimento em termos de concordância com regularidades nos padrões de atividades. Ainda que não amplamente aplicada em educação, apoiada na premissa de que aprender equivale a formar, fortalecer e ajustar associações, essa abordagem corrobora o desenvolvimento da instrução programada e de softwares que reforçam conexões através de feedback imediato.

Filatro (2009) destaca que, essa perspectiva preocupa-se em enfatizar a aprendizagem ativa (aprender fazendo), com análise cuidadosa e feedback imediato de resultados e, sobretudo alinhamento de objetivos de aprendizagem, estratégias instrucionais e métodos para avaliação.

4.8. Perspectiva cognitiva

O paradigma cognitivista “implica, dentre outros aspectos, se estudarem cientificamente a aprendizagem como sendo mais que um produto do ambiente, das pessoas ou de fatores que são externos ao aluno” (FILATRO, 2009, p.97).

O cognitivismo, cujas ideias baseiam-se na Teoria de Piaget, enfatiza a importância do conhecimento no desenvolvimento da inteligência, ou seja, centra-se no fato de que o conhecimento é fruto da interação entre o sujeito e o mundo exterior, através de um processo permanente de construção e reconstrução que resulta na formação das estruturas cognitivas. O ensino é, nessa perspectiva, a ação de potencializar e favorecer a construção de estruturas cognitivas. As situações externas só podem influenciar o desenvolvimento do indivíduo se ele já tiver construído estruturas (esquemas cognitivos) que lhe permitam assimilar essas situações, apropriar-se delas e empregá-las na construção de novos conhecimentos (FILATRO, 2009).

Pode-se dizer que:

À medida que a criança passa a interagir com o mundo ao seu redor, ela começa a atuar e a modificar ativamente a realidade que a envolve. Atuar, no sentido piagetiano, não envolve necessariamente ações e movimentos externos e visíveis, como acontece quando um bebê faz soar um chocalho, mas também atividades internas, cognitivas e afetivas. Por exemplo, uma criança está mentalmente ativa quando, na solução de um problema, compara, ordena, classifica, conta ou faz deduções mentais (LAKOMY, 2008, p. 31).

O modelo de aquisição e retenção de conhecimento de Ausubel (citado por Filatro, 2009), envolve os processos de subsunção, diferenciação progressiva, aprendizagem superordenada e reconciliação integrativa.  Segundo o referido teórico, para que a aprendizagem significativa ocorra em uma situação social determinada, como a sala de aula, é necessário que novos conhecimentos se relacionem significativamente com as idéias e informações já existentes na estrutura cognitiva dos alunos. O uso de organizadores prévios e o sequenciamento de conteúdos são essenciais para o aperfeiçoamento da aprendizagem e solução de problemas.

A ênfase nos esquemas mentais estabelece, posteriormente, um novo modelo de processamento de informação, baseado na comparação da mente humana com a estrutura básica de funcionamento de um computador. Tem-se que a mente, tal qual um computador, recebe inicialmente registros sensoriais que são processados em uma memória de curto prazo e depois transferidos à memória de longo prazo. Na memória de longo prazo, os conhecimentos são armazenados na forma de esquemas, os quais são ativados e reestruturados no processo de aprendizagem e recuperados quando necessário.

No que diz respeito à concepção de ensino, Dewey descreveu que a aquisição do conhecimento é fruto de uma reflexão sobre a experiência, que permite sua reconstrução ou reorganização, a fim de lhes atribuir significado, e prepara o terreno para novas experiências. Segundo esse autor, a estrutura cognitiva (esquemas, modelos mentais) do individuo fornece significado e organização para as experiências e permite-lhe ir além da informação dada. O conhecimento é um processo, não o acúmulo de sabedoria cientifica armazenada em livros-textos. Para aprender conceitos e resolver problemas, os alunos devem ser colocados diante de situações discrepantes, de modo que a aprendizagem se dê através da descoberta (GUEDES et al, 2008).

Indo além de concepções mais individualizadas do construtivismo, Vygotsky, psicólogo e filósofo russo, recupera as raízes sociais da aprendizagem significativa, oferecendo à educação a perspectiva socioconstrutivista da aprendizagem. Para ele, as funções psicológicas superiores são fruto do desenvolvimento cultural, e não do desenvolvimento biológico. É a aprendizagem que sustenta o desenvolvimento humano, não o inverso. A formação de processos superiores de pensamento se dá pela atividade instrumental e prática, em interação e cooperação social, na zona de desenvolvimento proximal, objeto de atuação instrucional. Os instrumentos psicológicos ordenam e reposicionam a informação, através da inteligência, memória e atenção. Os sistemas de representação, como a fonética, os sistemas gráficos e a linguagem (sistema de signos) fazem a mediação instrumental, enquanto a mediação social ocorre pela interação interpessoal. Os processos internos são interiorizados pela formação da consciência desses processos (FILATRO, 2004).

A teoria de Vygotsky apoia-se no conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) – em que a distância entre o nível de desenvolvimento atual, determinado pela solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado pela solução de problemas sob orientação de adultos ou em colaboração com pares mais capazes. A ZDP implica um método para converter o prognóstico psicológico em desenvolvimento real, através da educação. Para Vygotsky, “a instrução somente é boa quando vai adiante do desenvolvimento, quando desperta e traz à vida aquelas funções que estão em processo de maturação ou na zona de desenvolvimento proximal” (FILATRO, 2004, p.86).

4.9. Construtivismo a distância

A teoria do construtivismo sócio interacionista (Vygotsky e Piaget) é considerada por Resende (2005) como possível de ser aplicada na prática educativa à distância. Esta concepção explica o desenvolvimento humano como resultado da ação recíproca entre o organismo e o meio, sendo sua compreensão importante como fundamento das tecnologias na educação, principalmente porque uma das principais características da rede é a interatividade.

Esta teoria destaca-se pelas infinitas possibilidades nas interações sociais e nas mudanças de significados. O conceito de zona de desenvolvimento proximal proposto por Vygotsky é explicado por Resende (2005, p.4) em um ambiente computacional como uma “interação entre pares permeada pela linguagem humana e da máquina, que potencializa o desempenho intelectual porque força os indivíduos a reconhecer e a coordenar as perspectivas conflitantes de um problema, construindo um novo conhecimento a partir do seu nível de competência”. Ou seja, a Internet potencializa a noção de interação entre pessoas com diferentes níveis de experiência a uma cultura tecnológica.

Sobre a abordagem piagetiana, Resende (2005, p.6) destacou três aspectos que podem ser aplicados no modelo teórico da educação à distância:

Os conhecimentos são construídos a partir da atividade nas situações e experiências vividas pelo aprendiz; o aprendiz ocupa o bojo do processo, no qual a aprendizagem acontece pela interação do aprendiz com os componentes do seu meio ambiente, incluindo as informações disponíveis; e o contexto de aprendizagem desempenha um papel determinante, uma vez que a atividade do aprendiz está inserida num meio ambiente que possibilite a apropriação do conhecimento.

Sobre estes aspectos, JONASSEN (1998) destacou que o potencial de várias tecnologias, bem como os meios ambientes de aprendizagem interativa e as ferramentas cognitivas baseadas no computador têm permitido novos enfoques pedagógicos a ser considerados no desenho da aprendizagem à distância. Essas tecnologias têm o potencial de afastar a educação à distância dos métodos instrucionais tradicionais, tanto em sala de aula quanto a distância, em direção a uma aproximação da instrução centrada no aluno, que não mais enfatiza o professor como a fonte e o árbitro de todo o conhecimento.

JONASSEN (1998) propôs um número de recomendações específicas para o emprego de tecnologias que visem a apoiar a aprendizagem construtivista em situação de educação à distância. A aprendizagem construtivista pode ser apoiada nos ambientes de educação à distância através de uma variedade de tecnologias. Estes ambientes e ferramentas construtivistas podem substituir o modelo de ensino à distância controlado pelo professor, por ambientes de trabalho contextualizados, estratégias de pensamento e discussão através da mídia, que apoiem os processos de construção do conhecimento em ambientes a distância.

O trabalho colaborativo com o apoio do computador (TCAC) é um campo de estudo que apareceu nos anos 80 para ajudar grupos a estruturarem seus trabalhos através do apoio às interações funcionais e sociais dos mesmos. O TCAC desenvolveu softwares que proporcionam sistemas de ajuda, sistemas de apoio às decisões de grupo, ferramentas de gerenciamento de projetos, conferências eletrônicas e espaços de trabalhos compartilhados com consultas de multimídia.

O trabalho colaborativo com o apoio do computador (TCAC) combina comunicações e tecnologias do computador para apoio às várias atividades em grupos de tamanhos, permanência e estrutura variados. As tecnologias de TCAC podem apoiar grupos através de um meio ambiente distribuído.

Exemplos de meios ambientes de TCAC incluem, segundo JONASSEN (1998):

• Jardim de Respostas - permite que organizações de serviço de campo (hot-line) desenvolvam bancos de dados com as perguntas mais comumente feitas, incluindo redes de filiais, para ajudar os usuários a encontrar as respostas que eles desejam;

• Colaborador - ferramenta de multimídia para geração de idéias, gerenciamento de projetos, documentos compartilhadores de informação na organização de conferências;

• Dominó - dirige e controla os procedimentos da divisão de trabalho dentro de um escritório;

In Concert - automaticamente rastreia e distribui todas as tarefas num processo de fluência de trabalho;

Lotus Notes - integra multimídia, correio eletrônico, bancos de dados distribuídos e seu gerenciamento;

Option Finder (Entocador de Opções) - sistema de encontros dá apoio para "brainstorming" (tempestade de idéias);

Quitt (Colcha) - ferramentas para a produção de documentos colaboradores pela manipulação do ponto central dos hipertextos;

Cruizer (Cruzador) - conecta os escritórios para interação informal - simula descida de corredores, conversas improvisadas, esconderijos particulares;

gIBIS - meios ambientes de hipertextos (Conklin, Begemann, 1987) que fornecem uma estrutura de argumento (questão, posição e pontos centrais de argumento) aos quais os usuários adicionam comentários sobre um problema.

Tem-se então, que de acordo com estas teorias apresentadas, as tecnologias da informação devem considerar a necessidade de ambientes que promovam interações e experiências educativas.

4.10. Perspectiva situada

A cognição situada tem seus pressupostos ligados aos princípios socioconstrutivistas. Nela, o conhecimento está localizado na ação de pessoas e grupos, ou seja, é distribuído socialmente. Enfatiza-se o contexto social da aprendizagem, mas esse contexto deve ser muito mais próximo – ou idêntico- à situação na qual o aluno aplicará a aprendizagem adquirida (FILATRO, 2009).

Ou seja, aprender é muito mais a ação individual de obter informação geral a partir de um corpo de conhecimentos descontextualizados. É um fenômeno social, um processo dialético que envolve interagir com outras pessoas, ferramentas e o mundo físico (que existem dentro de um contexto histórico com significados, linguagem e artefatos culturais próprios). Interação social e colaboração são componentes críticos para a aprendizagem.

A aprendizagem é tida como uma atividade inerentemente social, na qual o diálogo cooperativo permite que os participantes experimentem similaridades e diferenças entre vários pontos de vista. Professores, materiais instrucionais e colegas de classe são vistos como fontes de informação e insights que podem ser consultados para resolver problemas reais. Valorizam-se as estratégias de ensino que permitem aos alunos aplicar diversas perspectivas a um problema e assumir a postura de que, para entender o ponto de vista dos outros, é necessário dialogar, e não apenas ouvir. Assim, a aprendizagem deve ocorrer em um ambiente social, não como uma ação privada, e precisa estar situada em contextos realistas e que interessam aos alunos.

Segundo a perspectiva situada, um aluno sempre estará sujeito às influências do ambiente social e cultural em que aprendizagem ocorre, o que também define, pelo menos parcialmente, os resultados de sua aprendizagem. Uma vez que o conhecimento se situa em práticas de diferentes comunidades, os resultados de sua aprendizagem envolvem as habilidades de os indivíduos participarem com sucesso dessas práticas. Isso pode ser visto como uma correção necessária de teorias de aprendizagem em que tanto os níveis comportamentais quanto cognitivos de analise se tornaram desconectados do aspecto social (FILATRO, 2009).

4.11. Abordagem instrumental

Rodrigues (2011) destacou que a abordagem instrumental, adota o referencial teórico do behaviorismo e é definida pelas concepções de ensino e aprendizagem, que trazem embutidos os conceitos de homem, sociedade, educação e de comunicação. Caracteriza-se pelo estudo programado, pelo auto teste, pelo diagnóstico e pelo trabalho por simulação e modelos. Ela concebe o receptor como um indivíduo passivo e sujeito a modelações da comunicação de massa, enfatizando o estudo individualizado. Assemelha-se, portanto, à “Educação Bancária”.

4.12. Abordagem conectiva

A abordagem conectiva, segundo Rodrigues (2011), é entendida como um processo de ensinar e aprender que tem a comunicação como mediadora. Caracterizar essa interatividade como rede de conexões requer como suporte o pensamento complexo. Ou seja, articular e organizar informações e conhecimentos requer uma reforma de pensamento que pressupõe um pensar complexo dos processos de ensinar e aprender, levando-se em consideração a rede de conexões em que o conhecimento é construído. Este tipo de abordagem não se define pelo uso do computador ou de qualquer outra tecnologia.

Numa abordagem de um processo comunicativo conectivo na EAD, há uma mudança da função do professor, pois além do planejamento de cursos e estratégias, há sempre pré-requisitos de conhecimentos, diferentes formas de aprender, já que os alunos podem acessar informações sem preparação e ajuda do professor. Nesse sentido, alunos e professores desenvolverão habilidades e capacidade de autonomia para recuperar e gerenciar dados.

Os princípios da abordagem conectiva são flexibilidade, autonomia e diálogo que são gerados pelas tensões nas relações interpessoais e nas formas de gestão e de comunicação, que promovem possíveis articulações dos elementos da prática pedagógica: planejamento de tempo, metodologias e ferramentas de comunicação, materiais didáticos e processos avaliativos (RODRIGUES, 2011).

Segundo o autor, esta abordagem evidencia a concepção de educação para a cidadania, na qual a qualidade, a democratização e a inclusão são buscadas como meta de todo e qualquer processo educacional, especialmente a EAD. Sendo que a construção desta abordagem em EAD implica assegurar o princípio da autonomia na especificidade didática de um planejamento minucioso e flexível, na adoção de linguagens diversificadas, de metodologias interativas, de acompanhamento individualizado e processos avaliativos contextualizados, bem como o desenvolvimento da aprendizagem de cunho colaborativo.

4.13. Aplicação das teorias pedagógicas aos processos de treinamento e desenvolvimento da EAD

Martins (2009) relata que, o avanço tecnológico dos meios de produção causou impactos na forma como as pessoas aprendem dentro das organizações. O fator humano ocupa a centralidade das propostas de desenvolvimento da organização, requerendo das empresas, a formulação de novas estratégias gerenciais de políticas de pessoal. Do Estado, um amplo esforço de requalificação da força de trabalho.

O mundo corporativo se abre para um novo patamar de treinamento e desenvolvimento (T&D) quando o Brasil se insere na economia globalizada e as demandas por qualidade e produtividade ditam o cenário concorrencial da empresa nacional (MARTINS, 2009).

Com a disseminação do modelo do TQM (total quality management), muitas empresas passam a fazer investimentos maciços na aprendizagem de funcionários. A necessidade de melhor posicionamento no mercado globalizado demarcou áreas de elevada competitividade como o setor de serviços financeiros e de saúde, o setor de alimentos e bebidas, de telecomunicações/TI e a indústria automobilística (MARTINS, 2009).

Não por acaso, esses setores da atividade econômica desenvolveram as primeiras universidades corporativas, entendidas como guarda-chuvas estratégicos sob os quais convergem os esforços de aprendizagem de uma empresa ou setor (EBOLI, 2004).

As tecnologias de informação e comunicação, cada vez mais, fazem com que a distinção entre ensino presencial e a distância desapareça. Uma simples constatação disso pode ser feita quando se verifica o quanto ambas as modalidades incorporam possibilidades, funções e atividades que eram típicas da outra. Aqueles que lidam com a EAD passaram a perceber que ela pode ser melhor se possibilitar, entre outras coisas, a interação. Na educação presencial, já se verifica que todas as tecnologias podem ser utilizadas para aprimorar o processo de ensino aprendizagem. Dessa forma, gradativamente passa-se do ‘presencial’ ou ‘à distância’ para o ‘presencial mediado’, ou melhor, para uma ‘aprendizagem mediada pelas tecnologias’; da previsibilidade ao experimento e simulação; do ‘eu’ para o ‘nós’.

Para Scott (2007), o novo ato de ensinar ocorre por meio de processos contínuos de construção, interpretação e modificação das representações da realidade. Nesse contexto, a essência repousa nas experiências e nas negociações que se estabelecem no cotidiano, na prática. Com as comunidades, apesar das diferentes formas com que a aprendizagem ocorre, torna-se possível fazer emergir soluções adequadas aos diversos problemas que se apresentam.

O novo contexto educacional, seja ele formal ou empresarial, é impulsionado pela digitalização, que, por sua essência inovadora, faz com que as práticas pedagógicas sejam repensadas, pois o conhecimento e a aprendizagem passam a acontecer a todo o momento e por uma imensa variedade de possibilidades, sobretudo em função das mídias e tecnologias. Nelas, o papel dos atores – particularmente, professores e alunos-, o tempo e o espaço tornam-se, cada vez, mais relativos.

As teorias pedagógicas nunca foram tão intensamente desafiadas. Não é uma tarefa fácil para toda uma geração oriunda da era analógica incorporar a virtualização, praticar tamanha variedade de conceitos e, simultaneamente, compreender que a TICs e a Internet possibilitam à empresa o rompimento de barreiras clássicas do treinamento.

Normalmente, os termos educação on-line, educação à distância e e-learning são utilizados como termos sinônimos. No entanto, há diferenças conceituais que não podem ser ignoradas.

A educação a distância pode se realizar pelo uso de diferentes meios (correspondência postal ou eletrônica, rádio, televisão, telefone, fax, computador, Internet etc.), técnicas que possibilitem a comunicação e abordagens educacionais; baseia-se tanto na noção de distância física entre o aluno e o professor como na flexibilidade do tempo e na localização do aluno em qualquer espaço (...). Educação on-line é uma modalidade de educação a distância realizada via Internet, cuja comunicação ocorre de formas sincrônicas e assincrônicas. Tanto pode utilizar a internet para distribuir rapidamente as informações como pode fazer uso da interatividade propiciada pela internet para concretizar a interação entre as pessoas, cuja comunicação pode se dar de acordo com distintas modalidades comunicativas (EBOLI, 2004, p. 239).

No entanto, há indissociabilidade entre treinamento e os recursos de EAD. Na verdade, a EAD está trazendo para a área de treinamento uma pedagogia cujo pilar de sustentação é a conectividade. Algumas possibilidades pedagógicas da conectividade: aprendizagem assíncrona, interatividade, conhecimento compartilhado (ou colaborativo), objetos de aprendizagem, pílulas de conhecimento diagnóstico e mapeamento das competências desenvolvidas.

A guisa do que se estabeleceu no senso comum, o Brasil não carece de ‘mais treinamento’ e sim de ‘melhor treinamento’: maior interatividade, incentivo ao autodesenvolvimento, aliando conformação tecnológica e gosto pelo aprendizado. Os conteúdos devem produzir sentido para além do cotidiano da empresa. Ou seja, o aprendizado deve guardar relação também com a vida das pessoas.

Por outro lado, melhorar o treinamento pressupõe aprimorar os mecanismos de avaliação de resultados e de retorno sobre o capital investido na formação de pessoal e, nesse aspecto, a tecnologia oferece inúmeros aparatos de controle e mensuração da aprendizagem.

Evidentemente, o treinamento virtual não substitui o presencial. Essa falsa dicotomia já está superada, pois se percebe que o espaço virtual está oferecendo a essa área metodologias e ferramentas tecnológicas de mensuração e avaliação de resultados, um fator crítico de sucesso nos programas de treinamento corporativo.

Em resumo, o treinamento deve estar constantemente alinhado às necessidades das áreas de negócios e, simultaneamente, produzir significado nas pessoas em situação de aprendizagem. Esse é o desafio. Por tudo isso, a EAD, com sua metodologia e seus recursos tecnológicos de aprendizagem, tem contribuído para mudar o cenário do desenvolvimento de pessoas.

Certamente, uma das maiores contribuições da EAD ao treinamento é o incremento de soluções tecnológicas. Para Masie (2005), a emergência de novas tecnologias aplicadas à educação corporativa suscita o conceito de aprendizagem extrema. Trata-se de potencializar e acrescentar novas abordagens às aulas e aos programas de treinamento para que as empresas possam lidar com a velocidade dos negócios e o impacto das constantes mudanças de padrões tecnológicos nos vários ramos da atividade empresarial.

5. Resultados e Discussões

Quando se fala em aprendizagem encontra-se apoio na área da Psicologia da Educação. A Psicologia da Educação vem apresentando contribuições significativas em relação à aprendizagem. Se mostrado bastante produtiva em relação aos aspectos metodológicos, porém com muita paciência no oferecimento de subsídios à Educação. Apesar desta paciência, suas contribuições não têm deixado de promover desenvolvimento do ser humano em suas experiências e aprendizagens.

Em alguns textos de ALMEIDA,1997, SALVADOR, 1996, nos deparamos com fundamentos que demonstram a histórica da relação entre Psicologia da educação com a própria educação em si. Porém, o que podemos observar é que os estudos e as formas de investigação da Educação conduzem, de uma forma geral, a trabalhos que permitem resultados satisfatórios de aplicação na área de ensino e de aprendizagem.

A evolução educacional tem como principal objetivo interpretar a área do conhecimento que chamamos aprendizagem, tais estudos demonstram que as interpretações teóricas mudam com o tempo e dependem de fatores sociais, políticos, culturais e econômicos da época. Analisando.

No estudo sobre teorias de aprendizagem e tendências pedagógicas, nos deparemos com as variações no decorrer do tempo, estudo este que levado para o campo educacional possibilitou a ênfase de análises sobre este trabalho e como foi sua inclusão em educação a distancia, visto que eram teorias presenciais, porém com supostas modificações para atender esta nova demanda educacional.

5.1. O PAPEL DA ESCOLA NAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

Para analisar e desenvolver a abordagem das tendências pedagógicas utilizou como critério a posição que cada tendência adota em relação as finalidades sociais da escola.

A pedagogia liberal, apesar do termo liberal, tal doutrina apareceu como justificativa para o sistema capitalista, que ao defender a permanência da liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma espécie de organização social, denominada sociedade de classes. Sendo assim, a pedagogia liberal é a manifestação própria deste tipo de sociedade. A pedagogia liberal trabalha com a hipótese que a escola tem por função preparar os indivíduos a desenvolverem papeis sociais, de acordo com as aptidões individuais.

O objetivo é demonstrar aos alunos que a escola vai além dos muros que a cercam é crescer para a cidadania, ser capaz de introduzir e levar para a comunidade o conhecimento adquirido ao longo de tal processo educacional. Sendo assim, o papel da escola consiste na preparação intelectual e moral dos alunos, fazendo-os assumirem sua posição na sociedade. A escola passa então a ter o compromisso com a cultura, os problemas sociais pertencentes à sociedade.

Na tendência liberal renovada progressista, a escola passa a ter a finalidade de se adequar as necessidades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar de forma que os alunos entendam o quanto possível, a vida.

O papel da escola para a tendência liberal renovada não-diretiva acentua-se na formação de atitudes, preocupa-se bem mais com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais.

A tendência tecnicista trata a escola como um sistema social harmônico, orgânico e funcional, onde a escola, seria uma modeladora de comportamento humano, através de técnicas especificas. À educação escolar, passa a ter a competência de organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos, uteis e necessários para que os indivíduos possam se interagir no sistema global.

O papel da escola em tendências pedagógicas é onde se inicia a criação do desenvolvimento, ou simplesmente onde se inicia a fase de testes para averiguar o que pode ser feito e o que seria melhor se fosse feito, sendo assim as tendências pedagógicas são os fatores que evidenciam tais questões.

5.2. TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS E O PAPEL DA ESCOLA

O termo “progressista”, geralmente é usado para designar as tendências que, partindo de uma analise critica das realidades sociais. A pedagogia progressista não pode institucionalizar em uma sociedade capitalista, por isso ela passa a ser um instrumento de luta dos professores ao lado de outras praticas sociais.

A pedagogia progressista se destaca por três tendências: a libertadora, mais conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, a libertária, que reúne os defensores da autogestão pedagógica; a critico social dos conteúdos que diferentemente das anteriores acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com a realidade.

5.2.1. TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA

O papel da escola não seria indagar a própria pedagogia, visto que a mesma tem como sua principal marca a atuação “não-formal”. Porém, educadores a utilizam como um confronto de saberes entre alunos e professores, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o conteúdo de aprendizagem, tal método, procura atingir um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim de atuarem, num sentido amplo de comunicação social.

O principal mentor e idealizador desta teoria é Paulo Freire, que coloca intrinsicamente o fator politico em sua pedagogia, o que segundo ele mesmo disse, que este caráter político impede que ela seja posta em pratica em termos sistemáticos, nas instituições oficiais, na transformação da sociedade. Sendo assim, o grande motivo de sua atuação se dar mais em nível da educação extraescolar.

5.2.2. TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA

Segundo a tendência progressista literária, ela espera que o papel da escola seja de exercer uma transformação na personalidade dos alunos em um sentido libertário e auto gestionário. Tendo como algumas ideias básicas introduzir modificações instrumentais, com auxílio do meio. A escola receberá do aluno tudo aquilo que ele aprendeu e exerceu no externo, participando e indagando o que viu e aprendeu para os conceitos escolares.

O estilo de tal tendência tende a abominar qualquer tipo de intervenção que seja implantada no aluno. Seu principal fundamento é criar um sistema auto gestionário.

5.2.3. TENDÊNCIA PROGRESSISTA “CRITICO SOCIAL DOS CONTEÚDOS”

O papel da escola na tendência progressista é de difundir conteúdos e tarefas primordiais pra o aprendizado. A escola deve ser valorizada como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que na própria escola se pode contribuir para que aja uma melhor distribuição e eliminar a seletividade social.

De uma maneira geral, a escola tem como obtivo construir um conhecimento concreto para que o aluno, em sua fase adulta, possa se tornar-se um bom profissional dotado de iniciativa e conceitos próprios que o cerca.

5.3. O DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PARA A EaD

O ensino a distancia é a modalidade que hoje mais cresce no pais. Trabalhando com eficácia e eficiência consegue-se inserir, nem que seja um pouco destas teorias de aprendizagem e ideologias de tais pensadores.

Desse modo, o professor poderá fazer uma reflexão, problematizar e dar a seus alunos comprovações, criando estratégias, confiança em sua capacidade de conhecer e pesquisar novos desafios, dando-lhes autonomia, para que possam discutir diferentes aspectos relativos ao ensino-aprendizagem. O conhecimento de teorias de aprendizagens proporciona uma metodologia de ensino diferenciada nas escolas e apontando caminhos para a superação das já existentes.

Portanto, foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre o assunto com o objetivo de verificar as metodologias de ensino e suas modificações para poder ampliar a possibilidade de atuação do docente e permitir que os educandos interajam com o conteúdo proposto, tendo domínio de metodologias já existentes e conhecendo as mudanças proporcionadas pelas mesmas. O importante é trabalhar com situações diferenciadas ao qual o aluno em EaD não se sinta em uma educação distante, sim presente.

 Realizando uma metodologia diferencia pode-se, buscar a valorização da educação EaD com uma visão mais ampla, ou seja, quebrando o mito de que para alguns a EaD é diferente negativamente da presencial.

Inserir tais conteúdos de aprendizagem e conhecimentos educacionais transformam a educação a distancia em uma educação de qualidade, onde os alunos terão conhecimento do que este modelo educacional faz por eles, fazendo com que a educação seja mais chamativa e instigue o aluno a se dedicar e aprender cada vez mais.

5.4. Emprego das ferramentas e estratégias de interação e comunicação na prática da tutoria em EAD: um importante aliado na aprendizagem colaborativa dos alunos

E evolução das novas tecnologias de informação e comunicação proporcionaram uma revolução na Educação a Distância. Neste sentido, o trabalho dos profissionais envolvidos num sistema de tutoria vai muito além da mediação da aprendizagem e do domínio de tecnologias e uso de ferramentas. O tutor está inserido numa nova concepção educacional, que provocou a mudança de antigos paradigmas, fazendo com que sua atuação abranja elementos que além de favorecer a aprendizagem colaborativa, englobam acolhimento, motivação, autonomia e a inclusão social. Segundo Dowbor, (2013):

Não é preciso ser nenhum deslumbrado da eletrônica para constatar que o movimento transformador que atinge hoje a informação, a comunicação e a própria educação constitui uma profunda revolução tecnológica. Este potencial pode ser visto como fator de desequilíbrios, reforçando as ilhas de excelência destinadas a grupos privilegiados, ou pode constituir uma poderosa alavanca de promoção e resgate da cidadania de uma grande massa de marginalizados, criando no país uma base ampla de conhecimento, uma autêntica revolução científica e cultural (DOWBOR, 2013, p. 16).

Durante a elaboração deste TFC, identificaremos as ferramentas utilizadas dentro dos AVA’s, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, também conhecidos como plataformas, espaços estes onde são disponibilizadas ferramentas síncronas e assíncronas de comunicação, como chats, wikis, fóruns dentre outras. Esses recursos constituem o principal elo de comunicação e interação entre tutores e estudantes. Segundo Oliveira e Santos (2013):

Chamamos de plataforma o ambiente na internet que possui diversas ferramentas de navegação, onde são colocados cursos. Envolve aspectos pedagógicos e ergonômicos. Quando avaliamos uma plataforma de EAD, têm relevância fatores como tecnologia, acesso, conteúdo, padrões de desenvolvimento de software. O ponto principal, no entanto, deve ser a forma como esses fatores atuam, de forma sinérgica, para propiciar aprendizagens significativas e prazerosas (OLIVEIRA e SANTOS, 2013, p. 208).

Para um adequado desenvolvimento das atividades de tutoria, é de suma importância que os profissionais envolvidos no processo de aprendizagem mediado por um AVA, tenham as competências necessárias, no que se refere ao domínio das ferramentas subsidiadas pela evolução das novas TIC’s. A este domínio, é dado o nome de fluência tecnológica. Segundo Mallmann, (2012):

Ser fluente tecnologicamente significa conhecer e apropriar-se das ferramentas educacionais, seus princípios e aplicabilidade em diferentes situações. Criar, corrigir, modificar interativamente diferentes ferramentas e artefatos, compartilhando novos conceitos, funções, programas e ideias. Aplicar de forma sistemática e científica os conhecimentos, adaptando-os às próprias necessidades de cada contexto(MALLMANN et al, 2012, p.4).

Neste sentido tem-se que o tutor constitui um elemento dinâmico e essencial no processo ensino aprendizagem, oferecendo aos estudantes os suportes cognitivos, metacognitivos, motivacionais, afetivo e social para que estes apresentem um desempenho satisfatório ao longo do curso. Deverá, pois, ter participação ativa em todo o processo. Por isso, é importante que se estabeleça uma vinculação dialogal e um trabalho de parceria entre o tutor, o professor/especialista e a equipe pedagógica (PRETI, 1996). Segundo Gonzalez, (2005):

É extremamente importante para as ações motivacionais do educando que o professor-tutor estabeleça, em seus primeiros contatos com cada aluno, uma conversa franca, objetiva e direta, sobre os motivos que o levaram a ingressar em determinado curso. Essa estratégia inicial deverá ser repetida sempre que possível quando se notar que o aluno, por qualquer razão, já não participa das atividades propostas ou seu rendimento está abaixo do esperado (GONZALEZ, 2005, p. 46).

Percebe-se que um dos desafios de um curso é a aceitação por parte dos alunos da figura e do papel dos tutores, de tal forma que se deve estimular ao máximo a relação interpessoal entre ambos, baseada na confiança e na responsabilidade. Além disso, existem fatores emocionais envolvidos, pois o aluno precisa manter, com o tutor, uma relação de confiança e auxílio mútuo. Pode-se perceber que o tutor é o profissional que fica em contato com aluno, tanto pedagogicamente quanto na parte administrativa de um curso, mantendo contato com o aluno, estimulando sua participação. Segundo Costa e Franco, (2005):

O uso de chats, por exemplo, tornar-se-á propício à aprendizagem, se respeitar o contrato de conversação a ser estabelecido na ambiente virtual. A definição do nível de abertura de uma AVA, precisa levar em consideração aspectos relativos à promoção da autonomia do estudante, procurando-se dimensionar as atividades como estruturas no sentido piagetiano, que não reduzam as possibilidades de interação. A constituição de grupos e o uso do AVA por este grupo, precisa garantir a igualdade e a mutualidade na realização das tarefas. A construção de portfólios virtuais pelos estudantes, deve levar em consideração que aquela produção passa a integrar a Internet, local onde o estudante é um dos protagonistas (COSTA  e FRANCO, 2005, p.9)

5.5. A autonomia como um elemento a ser desenvolvido pelos alunos com auxílio do tutor

Para que os alunos obtenham sucesso em seu processo educativo no ambiente virtual, é necessário que haja um esforço pessoal e coletivo, por intermédio da assessoria do tutor e do uso das ferramentas síncronas e assíncronas da plataforma, para que o aluno vá desde o início de seus estudos desenvolvendo um grau de autonomia em seu modo de aprender.

Barbot e Catamarri definem o termo autonomia como uma capacidade humana em agir com base em normas autodeterminadas, nas quais a autonomia do sujeito não aparece como a afirmação de uma liberdade sem limites, mas mais como o fundamento de uma responsabilidade solidária. Trata-se, pois, de um pacto intersubjetctivo, segundo o qual a responsabilidade que cada um está em condições de exercer em relação a si próprio é a condição essencial, não só da responsabilidade do outro em relação a si, mas também do laço social que existe entre dois sujeitos (BARBOT e CAMATARRI, 2001 apud ROCHA e VILARINHO, 2008, p. 2).

Se pensamos na base da educação à distância, obtemos que uma de suas funções é formar indivíduos autônomos em seu processo, pois baseia-se numa aprendizagem autônoma, entendida por Belloni como o processo “centrado no aprendente, no qual o professor deve assumir-se como recurso do aprendente, considerado como um ser autônomo, gestor de seu processo de aprendizagem, capaz de autodirigir e auto-regular este processo”. (BELLONI, 2002 apud ROCHA; VILARINHO, 2008, p. 2-3).

A aprendizagem é uma via de mão dupla, ou seja, o tutor aprende ao mesmo tempo em que o aluno, e vice versa. O ensino à distância só consegue ser "sem distâncias" através da boa tutoria. Assim, considerando a aprendizagem como meio social de interação entre indivíduos, podemos conciliar com a definição de Vigotsky que Rocha e Vilarinho, (2008) apresentam:

A autonomia do aprendiz depende, a princípio, de um movimento externo a ele, proveniente da sua interação com o meio sóciohistórico, de modo que ambos – aprendiz e meio - são, ao mesmo tempo, transformadores e transformados, produtos e produtores de cultura e conhecimento. Após este primeiro movimento, será desencadeado um segundo, intrapessoal, voluntário, intencional e autônomo, no qual o aprendizado ganhará um significado singular para o aprendiz, tornando-se parte de seu repertório pessoal de conhecimentos, permitindo-lhe novas e inúmeras interações com seu mundo cultural, em uma relação dialética, dinâmica e ativa, de intervenção, transformação e construção de novos saberes, numa síntese que se renova e se recria continuamente. (ROCHA; VILARINHO, 2008, p. 6).

A autonomia é essencial para o desenvolvimento das atividades em ambiente virtual, segundo Carvalho, (2012):

O aluno deve desenvolver a capacidade de autonomia para garantir a condução e a efetivação de sua aprendizagem, uma vez que não dispõe diretamente do acompanhamento presencial do professor, para realizar seus estudos e construir o conhecimento. Por isso, há a ideia de que o aluno da EAD tem maior oportunidade de desenvolvimento de leitura, análise, interpretação de textos científicos e, consequentemente a capacidade investigativa no processo de aprendizagem. (CARVALHO, 2012, p.5)

E que a busca e construção de um aprendizado autônomo, não deve ser buscada a partir de abordagens pessoais ou individuais, mas de um conjunto no qual deve imperar a interação, para que o aluno possa ter segundo Carvalho, (2012) a capacidade de auto analise sobre o seu processo de aprendizado, formulando assim questões e reorganizando o seu pensamento, para conseguir fluir e chegar ao entendimento de aprender a aprender.

Essa perspectiva de levar o aluno a desenvolver-se autonomamente, com o auxílio do tutor, muito se interliga com a aprendizagem colaborativa que veremos a continuação.

5.6. Aprendizagem colaborativa e o sistema de tutoria

Ao realizar um estudo a respeito de Educação à Distância é importante considerar que essa modalidade tem a necessidade de se sustentar através de interações entre todos os seus participantes: alunos, tutores, administração do curso e professores.

A criação de ambientes colaborativos, possibilitada através das várias novas tecnologias utilizadas na educação faz com que a metodologia à distância tenha como característica a defesa desse tipo de aprendizagem, que rompe as barreiras do tempo e do espaço, promovendo a participação intensa dos alunos, a interação entre eles, a pesquisa, o diálogo, a busca coletiva pelo conhecimento.

Tal modo de se aprender é defendido por Paulo Freire (1996), que considera que o homem apreende a realidade por meio de uma rede de colaboração na qual cada ser ajuda o outro a se desenvolver, desenvolvendo-se também de forma recíproca. O próprio autor, aborda o assunto da seguinte maneira: “ninguém educa ninguém, como também ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.” Freire (1996, p.39)

Na modalidade à distância, portanto, é preciso que os tutores adotem estratégias interativas para que possam obter sucesso, para potencializar a construção coletiva do conhecimento, promovendo uma aprendizagem colaborativa.

Aprender de forma colaborativa se dá através de interações que se estabelecem em busca de um objetivo comum a todos, onde não há hierarquia e sim um respeito mútuo às diferenças individuais e liberdade para a exposição de ideias e questionamentos.

Os fóruns, por exemplo, onde acontecem discussões abertas a respeito de um tema pré-estabelecido é um tipo de aprendizagem que se concretiza de maneira colaborativa. Trata-se de um trabalho em conjunto, não há distinção hierárquica, todos estão propensos a ensinar e aprender, o processo ensino-aprendizagem se efetiva de uma maneira em que todos os membros participam, é o “aprender junto”, em equipe. Segundo Behrens, (2002):

Uma postura colaborativa exige tomada de decisões em grupo, troca e conflitos sociocognitivos, consciência social, reflexão individual e coletiva, tolerância e convivência com as diferenças, responsabilidade do aprendiz pelo seu aprendizado e pelo do grupo, constante negociações e ações conjuntas e coordenadas. (BEHRENS, 2002, p. 106)

O sistema de tutoria é muito importante para que se promova a aprendizagem colaborativa, pois é de responsabilidade do tutor, sinalizar participações interessantes e “provocar” os alunos para que discutam a respeito das colaborações de seus colegas, fazendo com que essa relação dialógica entre os alunos se estabeleça de uma maneira produtiva, para que todos busquem responder suas próprias dúvidas e consigam chegar a um consenso juntos.

Cabe ao tutor, portanto “(...) orientar o processo, estimular o grupo para participar, e apresentar opiniões, criar um clima amigável de envolvimento para que todos possam superar suas inibições de comunicarem-se.”(KENSKI, 2006 p.125).

6. Conclusão

Com base nos estudos teóricos realizados, reforço o que muitos autores citaram: a variação do método de ensino e propostas de uma nova pedagogia agrega o valor de uma pedagogia vista como defasada, a tentativa é de se desenvolver um melhor meio de educar visando os questionamentos decorrentes da época a qual foram criados.

Pedagogia tradicional onde o ensino era centrado apenas no professor passou para a pedagogia renovada, onde o fator de aprendizagem seria o professor como um guia para as experiências das crianças, ou seja, tratava-se o aluno como um ser ativo, curioso, a criança como um ser livre de pensamentos e criações para o seu desenvolvimento, tendo o professor seu guia. Outras pedagogias foram criadas, a fim de obter um melhor meio de ensino e se adequando as novidades da época.

A pedagogia tecnicista a partir de criações da época focava na parte do ensino através de meios que possibilitavam a aprendizagem para exercer papeis sociais. Por outro lado à pedagogia libertadora baseava-se em conceitos de Paulo Freire, vinha com a posição do dialogo, onde a classe era oprimida, porém a comunicação educacional libertaria tal contexto e melhoria o conhecimento do individuo.

O que se observa são adequações de épocas, onde através de estudos e práticas desenvolvidas por teóricos como Skinner, Gardner, Piaget, dentre outros. A tentativa de modificar e se adequar o aprendizado de forma a torna-lo mais efetivo e consequentemente eficaz.

Voltando estas analises teóricas para o ensino a distancia percebe-se com este trabalho que diferentes teorias de aprendizagem se encaixam nesta modalidade, sendo assim, algumas perspectivas foram criadas, como por exemplo: associacionista e cognitiva. A perspectiva associacionista prevalece os estímulos externos, que são decorrentes de mudanças mensuráveis e de observação. A perspectiva cognitiva evidencia o sujeito como fruto da interação entre ele e o mundo em que vive. Tais teorias evidenciam as formas de se trabalhar a EaD, onde o aprendizado de um passa a ser ensinamento de outro e vice versa.

Através das relações de teorias de aprendizagem e EaD, evidenciamos a importância das teorias de aprendizagem para o direcionamento educacional adequado. O construtivismo segundo Vygotsky e Piaget, por exemplo, seguindo a perspectiva cognitiva, relaciona o aprendizado como uma fusão entre o individuo e o meio, que no caso da EaD o meio de convivência seria a plataforma a qual se realiza o aprendizado EaD.

O relacionamento pessoal e impessoal de cursos EaD tem o direcionamento de aprender e ensinar ao mesmo tempo, o aprendizado que o individuo tem em função de seu meio passa a ensinar outros de acordo com seu aprendizado, consequentemente aprendendo também em função do outro. Na perspectiva situada, o conhecimento está localizado na ação de pessoas e grupos, ou seja, é distribuído socialmente.

Consequentemente em EaD ocorre com frequência o conhecimento distribuído socialmente através dos fóruns. Utilizando uma abordagem instrumental, onde trata o aluno como um ser passivo, em EaD o aluno tem que ser um ser ativo, aquele que busca o seu próprio conhecimento através da abordagem conectiva, ou seja, ensina e aprende ao mesmo tempo através de conceitos de aprendizados mútuos da convivência virtual.

Por fim, este trabalho teórico apresentou teorias pedagógicas, seus processos educativos e de desenvolvimentos em EaD. Através de teorias de aprendizagens, abordagens cognitivas e pensamentos de diversos estudiosos, pode-se perceber que o processo de ensino aprendizado é algo que sempre esta evoluindo e transformando, onde a partir de conceitos anteriores, aprimora-se e transforma em possíveis teorias seguintes para um melhor aprendizado e uma melhor forma de educar e aprender.

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Publicado por: Douglas Francisco Rosendo

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