SÉTIMA ARTE E EDUCAÇÃO: a utilização e possíveis contribuições do cinema no processo de ensino e aprendizagem no ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA Campus Itaituba

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1. RESUMO

Este estudo monográfico possui como tema Sétima arte e educação: a utilização e possíveis contribuições do cinema no processo de ensino e aprendizagem, no Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA Campus Itaituba - Pará. Tal temática objetivou verificar se a utilização do cinema no espaço escolar pode contribuir no processo ensino aprendizagem, ocasionando o conhecimento intercultural dos alunos do ensino médio integrado do IFPA. Em síntese, a composição do estudo, tem-se como amparo objetivos que visam orientar o percurso da investigação, oportunizando o conhecimento acerca da importância da Sétima Arte e sua aplicabilidade na educação, identificando como a Instituição pesquisada trabalha com esta linguagem visual, e tal como, compreendendo que o uso do cinema no ambiente escolar poderá ser de suma relevância. Para tanto, tornou-se necessário elaborar e executar procedimentos metodológicos abrangentes a modalidade qualitativa e de cunho exploratório, com base em levantamentos bibliográficos e entrevistas realizadas com pedagogo e professores, foram coletados informações e relatos fundamentais para realização das análises. Portanto, mediante a realização da pesquisa em campo, de forma positiva e até mesmo expansiva, verificou-se que o cinema contribui no processo de ensino aprendizagem ocasionando um conhecimento intercultural nos alunos da instituição. No entanto ressalta-se que, no decorrer desta pesquisa, outras indagações acerca do uso do cinema nos espaços escolares surgiram, e através do contato com o campo, as ponderações e assimilações foram se expandindo, enriquecendo e apontando novas interrogações. Deste modo, os objetivos almejados foram respondidos e os resultados esperados propostos foram alcançados.

Palavras-chave: Cinema. Contribuição. Educação. Sétima arte.

2. INTRODUÇÃO

Notavelmente, é fácil observar que as evoluções tecnológicas viabilizaram o rompimento das barreiras terrestres, possibilitando que as incontáveis criações humanas, que surgiram e continuam surgindo em todo o mundo, sejam cada vez mais conhecidas e utilizadas. Entre estas criações dá-se destaque aqui para a sétima arte, reconhecida como cinema, e que em síntese, trata-se de uma ousada invenção que oferece ao homem a consolidação entre o real e o imaginário.

A Sétima Arte, de acordo com Xavier (2017) intitulada dessa forma primeiramente por Ricciotto Canudo no “Manifesto das Sete Artes” em 1911, integra magistralmente as composições que constituem todas as seis artes concebidas anteriormente. Isto é, o cinema consiste em incorporar imagem, literatura, música, pode-se ousar dizer realidade e imaginação, e tantas outras expressões humanas quanto vierem a surgir, em uma única tela que engloba a ambos, e que acaba por oportunizar a representação de diferentes culturas oriundas dos mais diversos contextos sociais.

Salienta-se que em meros 20 anos dos esforços pioneiros que produziram o cinema, os filmes passaram a ser assistidos por grandes plateias e em todo o mundo, ressalta-se ainda que o segundo século do cinema está destinado a assistir mudanças revolucionárias, neste ponto é possível acreditar que o século XXI seja uma espécie de era de ouro, pois, o desenvolvimento dos DVDs e dos downloads tornaram acessíveis o contato com filmes do passado e do presente sem a necessidade da ida até o cinema ou a espera por casuais exibições na televisão. (KEMP, 2011).

Em vista a essa expansão, e por meio de experiências na educação básica e na trajetória acadêmica, presenciou-se diversas exibições de filmes cinematográficos em sala de aula. Também durante alguns estágios realizados em escolas da educação básica, notou-se que havia a utilização de produções fílmicas. A partir dessas observações, suscitou-se a necessidade de conhecer sobre a Sétima Arte no ambiente escolar, e assim, desenvolver algumas contribuições sobre essas determinadas manifestações artísticas. Uma vez que, entende-se, que há certa facilidade em alguns casos, já que os avanços tecnológicos viabilizam esta inserção.

Deste modo, entende-se que a Sétima Arte não mais se limita dentro de uma sala escura e fechada, e inúmeros são os gêneros cinematográficos que a compõem. Hoje com a frenética propagação e acesso fácil, sua contemplação tornou-se alcançável, possibilitando desta forma, a inserção do cinema nos mais variados âmbitos sociais. Partindo dessas proposições surgiu a seguinte temática Sétima Arte e Educação: a utilização e possíveis contribuições do cinema no processo de ensino e aprendizagem no Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA Campus Itaituba.

Sendo assim, para sustentar a temática em questão levantou-se a seguinte questão norteadora: A utilização do cinema no espaço escolar pode contribuir no processo ensino aprendizagem dos alunos, ocasionando um conhecimento intercultural? Nessa perspectiva abordará a possibilidade do uso do cinema como ferramenta contribuinte no processo de ensino aprendizagem no ambiente escolar.

Diante dessa probabilidade o estudo explanado tem como objetivo geral: Verificar se a utilização do cinema no espaço escolar pode contribuir no processo ensino aprendizagem, ocasionando um conhecimento intercultural dos alunos do ensino médio integrado do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Pará - Campus Itaituba. E para pontuar as análises realizadas no decorrer da construção do estudo, tem-se como sustentáculos os seguintes objetivos específicos: conhecer a importância da Sétima Arte e sua aplicabilidade na Educação; identificar como a Instituição pesquisada trabalha a Sétima Arte como linguagem visual; e compreender como o uso do cinema no ambiente escolar proporciona o conhecimento intercultural instigando uma visão crítica reflexiva entre os alunos.

Para tanto, a metodologia utilizada neste estudo monográfico está amparada pela modalidade qualitativa, sendo que a pesquisa é de cunho exploratória, pois possibilitará uma interpretação mais próxima da realidade do objeto pesquisado. Os dados serão coletados através de uma entrevista e pesquisa de campo, realizados com professores e o pedagogo da instituição. Desta forma a investigação será fundamentada em levantamentos bibliográficos de autores que discorrem sobre o contexto histórico do cinema e sua relação com a Educação, tais como Morin (2014), Fresquet (2013), Napolitano (2015), Duarte (2002).

Por conseguinte, este estudo está organizado em seções e subseções, primeiramente será abordado a aurora da Sétima Arte: o nascer o do cinema, seguido por seu percurso e aspirações no mundo, bem como a personificação do cinema brasileiro. Após estas considerações serão expostos os possíveis vínculos entre o Cinema e a Educação, e as possibilidades de seu uso na sala de aula. Para finalizar serão apresentados a caracterização do campo de estudo e as análises acerca da pesquisa realizada, buscando por fim responder a problemática que norteia o tema a ser explorado.

3. A AURORA DA SÉTIMA ARTE: O NASCER DO CINEMA

A aurora da Sétima Arte o nascer do cinema, faz uma releitura na evolução criativa e imaginária da humanidade, que desde sempre busca compreender o mundo a sua volta, observando os cenários terrestres e celestes. Nessa perspectiva observa-se que esses panoramas causam um certo fascínio e aguçam a imaginação. Desta forma Sagan (2017) descreve que durante os últimos milhares de anos os seres humanos haviam começado a evoluir, e na medida em que a tecnologia avança, as gerações buscam, cada vez mais, pelo desenvolvimento do conhecimento.

Essas descobertas tornaram-se, progressivamente, mais presentes no cotidiano, de forma que a curiosidade e o desejo pela assimilação dos fatos que cerca vida, provocaram inúmeras outras questões a serem indagadas. Por certo, a ambição do homem em fixar a imagem a sua volta, o levou a eternizá-la ao despontar de novos cenários no contexto histórico sociocultural. Sendo assim, para iniciar a exposição do estudo monográfico, apresenta-se o itinerário do cinema no mundo e suas transformações.

3.1. O Itinerário do Cinema no Mundo

O itinerário do cinema no mundo de acordo com Morin (2014) iniciou-se a partir das abundantes transformações e concepções acerca do funcionamento da natureza, que conduziram o ser humano para o aperfeiçoamento de suas criações. Mais tarde a humanidade alimentaria a aspiração em manusear os elementos químicos transmutando-os e criando as primeiras fotografias. Com o tempo a imagem fixada que outrora satisfazia a aspiração humana acabou por despertar o anseio da compreensão dos movimentos, através disto a suscitação da inserção destes movimentos tornou-se mais sólida, possibilitando assim uma das invenções que revolucionaria profundamente a realidade e o imaginário no mundo: o cinema.

Desta forma, nota-se, que ao longo do tempo os vários universos cinematográficos, enredos extraordinários, e a vasta gama de ofertas apresentadas pelo cinema atual, não surgiram facilmente. No decorrer do século passado os primeiros entusiastas e pioneiros desta arte visualizaram de forma intrínseca as possibilidades das projeções, abrindo caminhos para que o imaginário humano tomasse forma se constituindo em realidade, provando mais uma vez que as maiores conquistas da humanidade nasceram a partir da imaginação.

Logo, Barboza (2007) evidencia que Isaac Newton já havia estudado o registro e reprodução do movimento no final do século XVII, e que desde 1891 Thomas Edison estava interessado em compreender as dificuldades de colocá-lo em prática. Bem como o autor ressalva, a reconstituição do movimento é obtida pela projeção de fotografias sucessivas, diferentes umas das outras e separadas por intervalos, e é devida ao fenômeno da persistência retiniana que se percebe essas impressões luminosas mesmo depois de seu desaparecimento.

Interessados também por projetar filmes, os irmãos Lumiére aperfeiçoaram um inovado projetor, e patentearam no ano de 1985 o Cinematógrafo. Segundo Morin (2014, p. 29) “a originalidade do cinema é relativa, Edison já havia animado fotografias e Reynaud projetado imagens animadas”. Contudo algo que o autor e outros inúmeros estudiosos concordam é que a primeira exibição do cinema no mundo ocorreu em 1895 no Hotel Scribe em Paris, sendo considerada a primeira exibição de filmes para um público pagante (KEMP, 2011). Os responsáveis por esta apresentação foram os Irmãos Lumiére, que transformaram o cinematógrafo em câmera filmadora e também em projetor, criando assim o cinema como espetáculo.

É notável que o encanto pela projeção de imagens em movimentos, ainda que somente como registro de cenas do cotidiano, há de ter causado tamanho alvoroço entre os espectadores presentes. “A saída de funcionários de uma fábrica” (1895) ou a “Chegada de um trem na estação” (1895) possivelmente despertaram, além do medo por falta de compreensão, o desejo em conhecer mais desta criação. Desejo este que incitou um novo modo de fazer cinema. Os primeiros enredos dos filmes são em sua essência cenas do dia a dia na cidade, outros poucos representam recentes fatos históricos, mas a partir do início do século XX a imaginação adentrou o campo cinematográfico, e rapidamente surgiram as primeiras ficções.

Em sequência Kemp (2011) afirma que o ilusionista George Meliés começou a realizar filmagens de cenas do cotidiano, entretanto logo descobriu o potencial da câmera para o ilusionismo, basicamente inventando os efeitos especiais. Seus filmes ficaram mais complexos e com diversas frequências interligadas por tramas elaboradas. Um de seus primeiros filmes de ficção foi “Viagem à Lua” (1902), um épico cósmico que continha quatorze minutos de duração e tornou-se o predecessor do gênero fictício.

Por certo, o cinema despertou e desperta em seus espectadores o fascínio pela magia. “Viagem à Lua” (1902) expressou o sonho humano de alcançar o espaço e desvendar seus mistérios, além disso apresentou um possível módulo espacial capaz de permitir tal disparato. Notavelmente sabe-se que neste período os primeiros aeromodelos já existiam, mas não se comparava em nada com o dispositivo imaginado pelo cineasta de forma inovadora para a época. Décadas mais tarde o imaginário de Meliés ainda que somente em parte, adentrou a realidade. A ilustração 01, logo abaixo, foi extraída do filme, e apresenta o momento em que a nave aterrissa na Lua.

Ilustração 01 – Le Voyage dans la lune (1902) de George Mélies.


Fonte: https://flappergirlcreations.files.wordpress.com/2011/05/l-2.jpg?w=450&h=318

Esta imagem é uma das mais conhecidas do filme “La voyage dans la Lune” e foi produzido pelo ilusionista e cineasta George Mélies em 1902. O filme aborda a temática fictícia, onde um grupo de cientistas estudam formas que possam possibilitar ao grupo uma viagem a lua. Por certo eles alcançam esse objetivo e partem para a lua em um tipo de cápsula de metal, ficam maravilhados com o que veem, há diversas espécies de plantas e até mesmo alienígenas, o grupo se envolve em confusões com os habitantes da lua e fogem rapidamente para a nave caindo da lua, literalmente, em um mar aberto na terra. (KEMP, 2011)

Durantes os anos seguintes o cinema se espalhou pelo mundo, e novos gêneros cinematográficos surgiam a todo o momento, assim como os estúdios que foram responsáveis por transformar e revolucionar o cinema. Para Ibid. (2011) rapidamente a tecnologia que originou o cinema e possibilitava apenas alguns minutos de duração foi aprimorada, o que alimentou o apetite pelo espetáculo oferecendo a oportunidade de se recriar o passado, reimaginar o presente e visualizar o futuro.

Neste seguimento a universalização do cinema acarretou em sua ampliação, ou seja, cada vez mais pessoas frequentavam as salas de cinema, seja em busca de assistir aos efeitos especiais ou a representação de acontecimentos históricos. Segundo Barboza (2007) a primeira guerra mundial, deflagrada entre 1914 e 1918, serviu de inspiração para alguns filmes que retratavam diversos aspectos e consequências da guerra, fazendo surgir desta forma o expressionismo no cinema alemão após a derrota do país. Ressalva-se na visão do autor, que este tipo de cinema visava evidenciar os sentimentos dos personagens, as tomadas se dão em cenários góticos com forte contraste e as atuações traziam profundas expressões.

Logo outro grande marco do cinema, foi a inserção do som nos filmes, Kemp (2011) salienta que instrumentos musicais e narradores sempre estiveram presentes nas exibições dos filmes. Contudo estes eram apresentados totalmente separados das reproduções, e foi somente com a estreia de “O cantor de Jazz” (1927), que o som foi inserido nas fitas cinematográficas. Conforme expõe o autor, foram apenas algumas palavras e partes de um musical a capela, mas isto foi o bastante para oferecer aos cineastas a passagem do cinema mudo para o sonoro, possibilitando que no ano seguinte fosse exibido “Luzes de Nova York” (1928), o primeiro longa-metragem totalmente falado.

Como já mencionado anteriormente, nota-se que o cinema acompanha as transformações que acontecem no mundo, como exemplo o expressionismo alemão que surgiu como consequência do pós-guerra, e como deve-se atentar, as exibições dos filmes sonoros acabariam se tornando mais presentes na sociedade americana durante os próximos anos. Pois, Kemp (2011) expõe que durante a grande depressão os filmes ofereciam uma janela para o mundo, um lugar onde os espectadores tinham a chance de vislumbrar suas vidas com outro olhar.

Provavelmente, o simples ato de ir ao cinema e contemplar os espetáculos cinematográficos já eram por si só um escape da realidade, o autor pontua ainda que, foi neste momento que os estúdios passaram a se sentir preparados para educar a plateia sobre alguns aspectos da sociedade. Se apresenta então aqui, uma possível vinculação do cinema e a educação, marcada em um período onde se iniciou a primeira guerra mundial. Segundo MacMillan (2014) a primeira guerra, que ficou conhecida como a guerra que acabaria com todas as guerras, infelizmente não foi a última a ser travada.

A década de 1940 marcou ainda mais o temor pelo surgimento de uma nova guerra, e Kemp (2011) expõe que, com outra guerra mundial parecendo inevitável, a indústria cinematográfica reagiu produzindo mais filmes com essa temática, anos antes alguns filmes já representavam a guerra como um mal promovido por políticos desonestos, comerciantes de armas corruptos e fanáticos. Obviamente estas produções não passaram despercebidas pelos americanos, e receberam duras críticas, o que não é difícil de entender, pois o país acabava de passar por uma crise econômica e entrar na guerra não deveria ser o sonho da população. Contudo o cinema mais uma vez, foi utilizado a fim de conscientizar o mundo dos horrores da guerra.

Por conseguinte, como afirma Barboza (2007) o cinema na década de 1950, época em que surgiu a televisão, foi um período de grandes mudanças, pois passados os horrores da segunda guerra, o cinema abandona o sentimentalismo patriótico e volta-se para uma percepção mais profunda da natureza humana, atendendo a vontade de entretenimento. Até mesmo as restrições de censura diminuíram, e a liberdade de expressão possibilitou a produção de filmes mais ousados e realistas.

Ou seja, a partir da visão do autor acima mencionado, entende-se porque os filmes desta época como “Cantando na chuva” (1952) tornaram-se clássicos que até hoje são reproduzidos em salas de cinema. Nota-se então que a vasta gama de filmes produzidos durante este período marcaram definitivamente a transição do cinema para os mais diversos estilos e gêneros cinematográficos que continuaram a surgir nas décadas seguintes.

Já no início dos anos 1970, se percebe o nascimento de um cinema que se preocupa com as causas sociais, e como discorre Barboza (2007) demonstra a preocupação com as questões humanas, abordando temas polêmicos que por vezes não agradavam as classes dirigentes e conservadoras de alguns países, onde o sistema aproveitava-se da alienação da população para impor normas que não permitiam a tomada de um estágio social mais prospero e condigno. Durante este período, uma enorme quantidade de filmes com uma visão realista da emancipação humana, buscaram levar os espectadores a uma reflexão dos fatos, entretanto estes não foram os únicos filmes produzidos, permitindo assim, que a popularização do cinema viesse a crescer indubitavelmente.

Como afirma Kemp (2011) a queda do muro de Berlim desencadeia a democratização nos países alinhados ao comunismo, e depois do colapso da União Soviética, a Europa entra nos anos 1990 abastecida, entre outras coisas, do espírito da liberdade artística. Portanto, tem-se aqui novamente, um outro ponto crucial para o rompimento de barreiras e criação de novos gêneros do cinema.

Observa-se como maiores produções deste período, os dramas que trabalham com temas diversos, não limitando em produções com fatos históricos, mas compondo-se de roteiros autênticos e pontos de vista peculiares, subsidiados por inovações tecnológicas. Talvez estes sejam os indícios de que o início do século XXI elevaria o cinema a um patamar, onde os mais variados universos cinematográficos iriam ser vislumbrados.

Para Kemp (2011), quando as gerações futuras olharem para a primeira década do século XXI, talvez a vejam como uma espécie de era de ouro do cinema. Sem dúvidas a chegada do século despertou a imaginação em um ponto que, o impossível poderia se tornar possível. Provavelmente teorias como a do “bug do milênio”, os avanços tecnológicos, a criação de supercomputadores e o início da era digital, contribuíram para o afloramento das mais ousadas ideias humanas nas telas.

Certamente, o cinema despertou tanto ou mais discursões quanto as outras artes, e não ficou congelado no tempo, e possivelmente nunca ficará, pois, como visto antes, o cinema sempre esteve intrinsecamente vinculado com o cenário da sociedade, essa conjuntura revela ainda que, as produções cinematográficas são em suma, a exposição da essência humana, contendo como produto final a materialização e representação dos devaneios mais audaciosos da humanidade. Portanto, na próxima subseção será abordado o surgimento do cinema brasileiro e sua personificação no contexto contemporâneo.

3.2. A Personificação do Cinema Brasileiro e seus Instrumentos de Amparo

Como visto antes, sabe-se que o cinema se espalhou pelo mundo rapidamente, e como tal, chegou ao Brasil. Contudo, o Brasil ainda não era um país totalmente estabilizado politicamente, e isto obviamente influenciou o desenvolvimento das produções brasileiras. E como afirma Barboza (2007, p. 52) “os recursos financeiros dos cineastas eram limitados, mas havia muita imaginação, criatividade e idealismo”.

De acordo com o autor mencionado, as primeiras filmagens no país se deram em 19 de junho de 1898 através dos esforços de Afonso Segreto. Percebe-se então que, o cinematógrafo não tardou a adentrar o território nacional, mas nota-se que, sua precoce chegada não foi o suficiente para que um impulso fosse concedido. Visto isso, tem-se o pressuposto de que, o cinema mundial estava caminhando em direção sua ascensão. Entretanto, nesse meio tempo, verifica-se que no Brasil a presença maciça dos filmes estrangeiros, marcou o surgimento do cinema brasileiro.

Possivelmente é por esta razão, que Bernardet (2007, p. 29) dispõe que “a história da produção cinematográfica no Brasil não se apresenta como uma linha reta, mas como uma série de surtos”. Desta forma, nota-se que os primeiros produtores de filmes brasileiros, além de enfrentarem inúmeros desafios financeiros ainda se preocupavam com a falta de aceitação do público, que preferia assistir filmes estrangeiros.

Logo depois, verifica-se a crescente popularização dos filmes europeus de ficção no país, os produtores brasileiros puderam observar um espaço de produção que não interessava aos estrangeiros. Segundo Bernardet (2009) desenvolveu-se então a produção de documentários, que eram chamados de naturais, e cinejornais que abordavam assuntos locais, o que não era de grande relevância para os grandes produtores internacionais, ou seja, uma área onde o cinema brasileiro poderia se desenvolver e ganhar visibilidade.

Conforme a passagem do tempo e o crescente anseio dos cineastas por um espaço na produção nacional, Bernadet (2009, p. 52) discorre que:

Atendendo as pressões dos cineastas, Getúlio Vargas, em 1932, acaba assinando um decreto que prevê a projeção compulsória de um filme de curta metragem para cada longa. Era a inauguração de uma intervenção estatal no plano da exibição dos filmes, criando compulsoriamente uma reserva de mercado para dar vazão a produção local [...] só que de 1932 para cá, modificou-se bastante. Em 1939, exigia-se a exibição de pelo menos um filme de ficção de longa metragem por ano em cada sala; em 1942 três filmes; em 1951, a proporção e critério modificam-se: é um filme nacional para cada oito estrangeiros; em 1959 novas modificações: a reserva de mercado é de 42 dias por ano. [...] o critério da quantidade de dias foi aumentando: 56 dias em 1963; em 1971, a reserva passa a 112 dias e a reação dos exibidores é tão violenta que o governo recua para 96; novas pressões, novo recuo: 84 dias a partir de 1972.

Percebe-se então, através desta medida de intervenção, que as produções nacionais poderiam se estabelecer como produto de mercado, bem como os filmes estrangeiros já eram. E isto possivelmente foi um forte impulso para os cineastas, que como visto antes, possuíam imaginação, criatividade, e acima de tudo, ideias que poderiam revolucionar o cinema brasileiro. Nesse ínterim, ressalta-se que, esta era apenas uma medida que garantia uma reserva e não a estabilidade do cinema nacional.

Segundo Bernadet (2009) inicialmente o estado não se dispôs a enfrentar diretamente os problemas oriundos da exportação de filmes, e como resultado outras ponderações foram levantadas por cineastas brasileiros. A presença constante dos filmes importados somente estimularia a indústria de legendas, e a dublagem poderia ampliar ainda mais a concorrência. No entanto, esta última argumentação perdeu força quando percebeu que, com a inserção da dublagem, as salas de cinema, no que diz respeito a qualidade sonora, seriam reequipadas e aprimoradas.

De acordo com Barboza (2007) surge entre os anos de 1940 e 1950, um gênero cinematográfico brasileiro que, se limitava a pequenas produções de baixo orçamento, e que foi visualizada como comédia popular carioca, a “chanchada”1. Por certo, em suas caracterizações não se pode abandonar o fato de que, tratava-se de uma forma de humor com aspecto de deboche, que não foi bem recebido pela crítica, mas que possivelmente, era uma forma de entreter o público deste período.

Ainda assim, verifica-se que o desejo em constituir e afirmar o cinema nacional prevaleceu, pois este é proveniente da realidade que se vive no país, o que acarreta desta forma uma reflexão sobre a interpretação desta realidade. Observa-se que as produções nacionais têm um poder sobre o público, nas provocações o filme implica uma ação, pois o que se passa nas telas é a vivencia ou cenário, dos espectadores que o assistem. (BERNARDET, 2007).

Certamente, este pode ser um dos possíveis vínculos do cinema nacional e educação, pois de acordo com o autor, o filme nacional proporciona ao espectador um ponto, onde faz-se a correlação do que passa na tela e a sua realidade. Acerca disto, Bernardet (2007, p. 40) articula-se:

De passagem, o excesso, o radicalismo, teve sua função didática na evolução do cinema brasileiro, pois agitava e provocava debates entre pessoas que posições mais equilibradas teriam deixado indiferentes. Tal radicalismo, característicos da época, ajudou imensamente a evolução das ideias cinematográficas no Brasil.

Entre a evolução das ideias cinematográficas no Brasil, está voltada para o radicalismo com papel de instrução. Como afirma a autora, vale ressaltar as produções que ofereciam ao espectador uma espécie de espelho da realidade social de muitos no Brasil, como por exemplo, “Vidas secas” (1963) uma adaptação literária do livro de Graciliano Ramos. Nessa produção faz-se visível e quase palpável a situação do homem que, por sobrevivência precisava ir para a cidade. Neste contexto Bernadet (2007) salienta que, este é um dos sinais de que o cinema nacional, por certo passaria também a abordar questões relacionadas sociais da cidade, uma vez que até então, os filmes brasileiros em sua maioria eram ambientados nos sertões, tem-se então o surgimento do “Cinema Novo no Brasil”.

Seguindo a visão de Bernadet (2009), no final da década de 1960, foi implantado através do instituto Nacional de Cinema, um novo modelo de sistema. Este visa ampliar as produções, estabelecendo que os distribuidores de filmes estrangeiros apliquem parte dos lucros obtidos com essas exibições, na produção brasileira. Esses lucros eram administrados pelo Estado, que criou a Embrafilme com a finalidade de financiar produções nacionais, servindo como uma espécie de banco. Contudo, a partir de 1973, a Embrafilme também passa a coproduzir.

Voltando-se para a questão das produções cinematográficas, Barboza (2007) ressalta que, no início do século de 1970, com a repressão política, surge a pornochanchada, que mesclava a chanchada humorística dos anos 1950 com o erotismo apelativo, de certa forma, tornando-se uma saída para as questões financeiras que até então o Cinema Novo enfrentava, haja vista que tais produções proporcionavam lucro. Ou seja, este tipo de produção não almejava aguçar ou despertar algum tipo de reflexão por parte do público, tratava-se apenas de entretenimento, algumas cenas censuradas, outras nem tanto.

Considerando o percurso do cinema brasileiro, em 1990 a Embrafilme foi extinta devido a política econômica do governo Collor. Porém, após o impeachment do presidente, o cinema passa a dar os primeiros sinais de recuperação, e em 1994, com o governo de Itamar Franco, a nova Lei de Audiovisual subsidiava incentivos para a produção de filmes que reafirmem a personificação do cinema brasileiro. Portanto, se tem novamente a possibilidade de consolidar de vez a identidade do cinema brasileiro, evidenciando novamente a reflexão da realidade através das telas. (Barboza, 2007).

Assim sendo, a partir deste período, o cinema brasileiro passou a incorporar sua identidade e mostra-se para o mundo, como ressalta Kemp (2011) com filme “Central do Brasil” (1998). Com o lançamento desse filme, o cinema brasileiro alcançou o cenário mundial, chegando até mesmo a ganhar o Leão de Ouro no Festival de Berlim. Certamente há ainda inúmeros exemplos de filmes que seguem a mesma forma de expressão do Brasil, que poderiam ser citados, ainda mais com as produções realizadas com o início do século XXI. Diante desse contexto, mostra-se a seguir a ilustração 02, que retrata uma cena do filme “Central do Brasil” no ano de 1998.

Ilustração 02 – Cena do filme “Central do Brasil” (1998)


Fonte: https://i.pinimg.com/originals/73/08/f2/7308f24c30d500fc14677783fa6e6417.jpg

Esta imagem retrata uma cena do filme “Central do Brasil” de 1998, que foi dirigido por Walter Salles, e apresenta ao público a história de Dora, uma professora aposentada que escreve cartas ditadas por pessoas analfabetas, e se compromete em enviá-las a seus destinatários, em certo momento, escreveu uma carta ditada por uma mulher que está acompanhada de seu filho Josué. Na ocasião da morte desta mulher, Dora acaba sente-se responsável pela criança, o menino Josué, e decide viajar com ele até o sertão nordestino em busca pelo pai do garoto. Durante essa viagem, Dora e Josué passam a se conhecer melhor, e a professora aposentada acaba por refletir sobre si mesma. (KEMP, 2011)

Segundo Marson (2010), em junho de 2000, aconteceu o III Congresso Brasileiro de Cinema, reunindo os sujeitos da classe, que elaboraram uma pauta com 69 reivindicações, solicitando políticas cinematográficas com maior comprometimento do Estado. Neste congresso é criado o Grupo Executivo do Desenvolvimento da Industria do Cinema, e desse surge a Ancine em 2001, que regula e fiscaliza a produção cinematográfica, sendo vinculado a Casa Civil da Presidência. Com a Ancine, muitas das reivindicações do âmbito cinematográfico são atendidas, possibilitando dessa forma, que o cinema brasileiro pudesse continuar a se desenvolver.

Portanto, confere-se que, os enredos, roteiros, adaptações e obras transpostas para as telas, transpõem em suma que, como afirma Bernardet (2007, p. 184) que “o cinema brasileiro não é um cinema popular, é o cinema de uma classe média que procura seu caminho político, social, cultural e cinematográfico”. Ou seja, pode-se considerar que a definição ou personificação da produção cinematográfica brasileira, seja a genuína expressão de um povo que consegue enxergar na sua realidade a sua liberdade. Assim sendo, para continuar descrevendo sobre este processo, o próximo tópico abordará o cinema e a educação.

4. CINEMA E EDUCAÇÃO

Como visto na sessão anterior, a Sétima Arte2 em si, traz consigo as mais diversas características e desencadeia inúmeras possibilidades de criação. Partindo deste princípio, talvez seja plausível considerar que estas sejam as maiores similaridades entre cinema e educação. Uma vez que, sabe-se bem que, a educação não possuiu um padrão especifico, mas se faz e refaz de acordo com o cenário em que se encontra.

Neste contexto, a professora Fresquet (2013, p.9) acredita que “as artes também se revelam uma janela para descobrir um mundo inacabado, ávido de transformações e de memórias para projetar futuros”. Considerando estas palavras, é válido o pressuposto de que o cinema e a educação podem estabelecer uma certa conexão, ainda que esta não seja visível. No entanto, é possível observar que, explorar essas prováveis conexões é ampliar o horizonte e praticar o desígnio da educação: a busca do conhecimento.

4.1. A Escola em Tempos de Cinema: uma base legal

Eventualmente o cinema se encontra presente no âmbito escolar, pois, provavelmente grande parte dos indivíduos que compõem o alunado brasileiro, já tiveram algum tipo de contato com o cinema. Isto possibilita a suposição de que, este contato, ainda que superficial, com a sétima arte possa ser inserido também nas instituições escolares, de modo a auxiliar na compreensão de temas relevantes para a educação formal.

Em princípio, é preciso apontar o cinema como prática social, uma vez que, nota-se o seu crescente público e sua popularização principalmente entre os mais jovens. Tornou-se comum, por exemplo, encontrar grupos de discursões sobre filmes nas redes sociais, isto supõe que além de fazer parte de um mercado, o cinema excedeu as telas e adentrou os pensamentos de quem inicialmente era apenas espectador, progredindo assim, o agente passivo para ativo de forma implícita.

Neste sentido, Duarte (2002) discorre que, ao pensar-se a educação como prática de socialização, sob a ótica de George Simmel, compreende-se o ensino aprendizagem como uma interação social onde todos os sujeitos se fazem ativos. Desta forma, mesmo que aparentemente os educandos não efetivem a interação com os demais sujeitos do processo educacional escolar, ainda assim constituem-se em essência, com base nos preceitos de socialização, pois, acima de tudo participam de um processo coletivo, que é a educação formal.

Ao ponderar-se sobre essa mera semelhança entre o cinema e a educação, tem-se como resultado o surgimento de um provável vínculo entre ambos. Quanto a isto, Fresquet (2013, p. 20) afirma que “com o cinema como parceiro, a educação se inspira, se sacode, provoca as práticas pedagógicas”. Por certo, uma das mais significantes características do cinema é provocar o surgimento do novo através da remodelação do que já existe, em outras palavras o cinema quando anexo a educação pode vir a enriquecer ainda mais as práticas educacionais.

Considerando a colocação da autora mencionada, percebe-se que é razoável pensar sobre as prováveis possibilidades de inserção do cinema nas escolas, haja vista que como citado acima, quando agregados podem diversificar as competências educacionais do alunado. Neste sentido faz-se necessário relembrar que, o cinema é criação humana, assim, como pontua Morin (2014, p.25) “ao contrário da maioria das invenções, que se tornam ferramentas e são guardadas em galpões, o cinematógrafo escapa desse destino prosaico”.

Ou seja, o cinema desenvolveu-se, evoluiu e despertou o desejo por mais criações e por reformulações, desde seu surgimento essa forma de linguagem tem se mostrado intrinsicamente conectada com os anseios e imaginário do ser humano. Assim, as reflexões que se iniciam e se dissipam sobre a funcionalidade e possibilidades entorno do cinema, têm trilhado por caminhos estreitamente vinculados com a educação, o que significa também pensar a prática educacional. Parafraseando Freire (1996, p. 43) reafirma a frase: “Pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática”.

Ao observar a fala mencionada, pode-se perceber na popularização desta ousada invenção, que há possibilidades de que o cinema seja usado como ferramenta metodológica nos espaços escolares. Desde que, os professores ou mediadores escolham uma forma proveitosa de usá-la como prática pedagógica. Neste sentido, a professora Frequest (2013, p. 19) acredita ainda que “os possíveis vínculos entre cinema e educação se multiplicam a cada momento [...] trata-se de um gesto de criação que promove novas relações entre as pessoas, coisas, lugares e épocas”.

Sendo assim, é presumível na fala da autora, que a inserção do cinema no ambiente escolar seja, além de acessível, proveitosa e produtiva, haja vista que os benéficos oriundos desta aplicabilidade são vários quando este é utilizado de maneira adequada e aceitável. Ou seja, para fazer uso desta linguagem visual o professor deve conhecer os objetivos desejados com a apresentação do material afim de compreender, qual a melhor forma de mediar a relação do filme com o ensino e aprendizagem.

Portanto, as discussões acerca da inserção do cinema nas escolas apesar de aparentemente ser recente, já mostrou significativos resultados. Quanto a essa proposição, o Governo Federal, através da Lei nº 13. 006 de 2014, incluiu na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, artigo 26 § 8º que “a exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais”.

Por certo, é de grande valia que esta lei tenha sido sancionada, contudo cabe questionar os parâmetros, ou a falta deles, para que tal ação seja desenvolvida na educação básica. Notavelmente, há de indagar-se, será que as escolas possuem subsídios que possibilitem esta execução e de que modo, os professores devem complementar o currículo com o auxílio do cinema. Outro ponto a refletir é sobre a forma de trabalhar essa linguagem visual, obviamente para assistir a um filme não é necessário dominar as regras gramaticais da língua portuguesa, mas ainda assim, faz-se necessário conciliar a mediação entre o filme e sua contextualização.

Segundo Duarte (2002), talvez esses sejam alguns dos motivos pelo qual, as escolas acabam por desaprovar o uso do cinema em sala de aula, pois há inúmeros desafios quando busca-se mediar filme com currículo. Pois, para trabalhar a linguagem escrita, como a literatura por exemplo, tem-se como subsidio os conhecimentos literários. Certamente há, atualmente, alguns exemplares didáticos e pesquisas acerca de como trabalhar o cinema em sala de aula, mas cabe refletir se os professores possuem tais aparatos ou mesmo se os conhecem, haja vista que o tema em questão ainda é recente.

Outra posição da autora citada anteriormente, que pode chegar a permear uma resposta sobre a resistência em usar-se o cinema na escola, devido ao fato de ter surgido inicialmente apenas como espetáculo para determinado público, o cinema como tal, não possui características que salientem, entre suas utilidades há fonte de conhecimentos. Entre outras dificuldades, tem-se também a objeção de reconhecer o cinema como arte, pois como qualquer outra expressão de arte humana, possuiu produções e qualidades que oscilam entre positivas ou não.

Para a autora, Duarte (2002), o pensamento de que o cinema é apenas diversão ou entretenimento, poderá prejudicar sua inserção nas salas de aulas, uma vez que, a educação formal tem como finalidade preparar o cidadão para o convívio em sociedade. E para isto, os profissionais da educação precisam de tempo para planejar os conteúdos a ser aplicados para os alunos, entretanto, nem todos dispõem desse tempo. Ou seja, talvez esta percepção acerca do cinema, seja hoje a maior justificativa para que ainda existam objeções sobre a introdução da sétima arte nas escolas.

Em sequência, Fresquet (2013) aponta alguns questionamentos sobre o que seria formar cidadãos emancipados para o convívio em sociedade, entre eles como favorecer experiências que visem a criticidade dos conteúdos, e de que forma a escola poderia transmitir tais experiências. Sabe-se que a escola do século XXI encontra-se mergulhada em constantes transformações, bem como necessita acompanhá-las para que o processo de ensino aprendizagem seja efetivado e que por fim resulte nas consequências almejadas.

Neste sentido, Fresquet (2013, p. 22) esclarece ainda, que a escola atual “é desafiada a se reinventar nos modos de organizar encontros entre os aprendentes/ensinantes e o conhecimento”. Isto é, a escola precisa conceber novas práticas, novas experiências e relações favoráveis ao desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem. Assim sendo, vale pensar que a busca do conhecimento desperta o anseio em reformular o mundo e a educação desperta o desejo pelo novo.

Ademais, a respeito das experiências provocadas no espectador por meio da sétima arte, Santos, Nunes e Oliveira (2017, p. 146) consideram que:

As experiências individuais entram em fusão com elementos externos que remontam o cotidiano e que fazem com que a realidade no contexto educacional esteja sempre em mutação, gerando a partir disso, o conhecimento. Pensar na relação professor, aluno e conhecimento significa pensar conjuntamente esses elementos e não fragmentá-los, já que as características pessoais reveladas pelo sujeito, através de suas ações, convencionam-se como marca registrada, construindo sua identidade.

Ou seja, conforme exposto pelos autores acima mencionados, a educação busca promover meios capazes de favorecer o enriquecimento pessoal, a emancipação dos educandos e consequentemente sua própria identidade perante a sociedade. Neste sentido, é possível salientar que, a educação faz um elo com o cotidiano, e tudo mais que está presente no conjunto de ensinar, como por exemplo assistir a um filme, possuem certa conexão com a consolidação dessa identidade pessoal, e tem consequência uma sociedade com cidadãos críticos ou não.

Sobre o enriquecimento pessoal, poderá ter consequências em toda a sociedade, Morin (2014, p. 247) afirma que “o imaginário é o fermento do trabalho de si e sobre a natureza, através do qual, se constrói e se desenvolve a realidade do homem”. Entende-se que, conforme o autor explicita, a realidade hoje conhecida é fruto do trabalho da humanidade que como tal se espelha através do imaginário, onde as possibilidades são quase infinitas e a realidade pode ser transportada.

Desse modo, uma criação humana que exemplifica satisfatoriamente a posição de Morin (2014) é a invenção do avião, que para o autor representa um sonho demasiado, alucinado pela humanidade desde que ela começou a olhar para o céu. Lugar este, onde na concepção de muitas pessoas, somente seres místicos viviam, e que provavelmente, ninguém conseguiria alcançar. Séculos mais tarde o sonho a humanidade transportou o imaginário para a realidade consolidando a fantasia de voar. Em vista dessas considerações, em sequência ao estudo, a próxima subseção será discutida as possibilidades didáticas pedagógicas do cinema em sala de aula.

4.2. Possibilidades Didáticas Pedagógicas do Cinema em Sala de Aula

Como exposto anteriormente, há diversas particularidades entre o cinema e a educação que torna possível a conexão entre ambos de forma viável, e que podem ocasionar resultados positivos no processo de ensino aprendizagem. Contudo, algo que deve ser constantemente questionado e discutido, são as formas práticas de se usar o cinema em sala de aula, haja vista que, têm-se na escola uma vasta diversidade de indivíduos, diferentes uns dos outros e que possuem diferentes perfis. Dessa maneira, deve-se fazer uma junção entre o uso das possibilidades didáticas pedagógicas do cinema no ambiente escolar ou em sala de aula, tendo como intuito ampliar o conhecimento dos alunos em diversos contextos sociais.

Após considerar tais aspectos, será necessário pensar sobre como e porque usar o recurso audiovisual em sala de aula. Quanto a esta visão, Duarte (2002) frisa que desde os primórdios a humanidade utiliza do recurso de contar histórias, que são passadas de geração em geração, para disseminar conhecimentos. Partindo deste princípio, vale ressaltar que o cinema se constitui através de histórias, e aos transporta-las para a tela, vem possibilitar não somente o ato de contar, mas a ação de mostrar.

Considerando esses conceitos, se faz necessário salientar que na sociedade atual, os recursos tecnológicos existentes possibilitam essa interação entre imaginação e realidade. Certamente trata-se de transmitir essas histórias para as telas, o que permite um novo modo de encará-las e analisá-las, e talvez, até mesmo, fazer surgir novas alternativas para ver e conhecer tais histórias. Haja vista, que o espectador tem inúmeras opções de fazer-se o uso dos conteúdos audiovisuais.

Retomando as considerações acerca do uso do cinema na sala de aula, Napolitano (2013) considera que são necessários a utilização de novas linguagens nas escolas, uma vez que a sociedade se encontra em meio a um fluxo constante de informações e transformações. Sendo assim, transportar o cinema para as salas de aulas, é fazer com que, a escola se encontra intrinsecamente com a cultura social e consequentemente o cotidiano dos educandos. Quanto a esta inserção, o mesmo autor destaca que:

A peculiaridade do cinema é que ele, além de fazer parte do complexo da comunicação e da cultura de massa, também faz parte da indústria do lazer e (não nos esqueçamos) constitui ainda obra de arte coletiva e tecnicamente sofisticada. O professor não pode esquecer destas várias dimensões do cinema ao trabalhar filmes em atividades escolares. (NAPOLITANO, 2013, p.14)

Em conformidade, percebe-se que, há de considerar várias colocações quando se fala em utilizar o cinema em sala de aula, contudo, as colocações ressaltadas pelo autor fazem emergir a confiança de que é possível relacionar o conteúdo audiovisual com o currículo escolar e seus conteúdos. Pois o cinema trata antes de mais nada, de uma linguagem, que ao ser empregada conforme as necessidades e finalidades. Assim, parafraseando Duarte (2017, p. 15) assegura que “uso do cinema em na escola derruba as fronteiras entre linguagem escrita e linguagem audiovisual”.

Sendo assim, escola precisa estar prepara com recursos didáticos tecnológicos, de forma que os professores possam manuseá-los, em suas aulas. Porém, algumas instituições públicas ainda precisam aprimorar os recursos didáticos tecnológicos, para passar um bom filme no decorrer do ano letivo. Nesse aspecto, Napolitano (2013), ressalta que, a escassez de recursos tecnológicos para a transmissão de filmes nas escolas brasileiras está hoje praticamente solucionada, ao menos nos grandes centros urbanos. Pois facilmente se encontra nessas instituições televisões, leitores de dvd´s entre outros aparelhos midiáticos.

Portanto, ao ter a questão da transmissão do filme resolvida, caberá aos professores analisar quais vídeos que irão utilizar, e ao fazer esta escolha, deve-se considerar ainda mais a abordagem a ser usada através da exibição do audiovisual. Assim sendo, ficar atentos que são vários os fatores que devem ponderar em relação as exibições de filmes nas salas de aula.

Napolitano (2013), ressalta ainda as possíveis complicações que surgem durante a escolha de um tema fílmico a se trabalhar, é preciso levar em conta que para a efetiva utilização do cinema, o professor deve planejar sua aplicação, verificar se os aparelhos estão disponíveis e a compatibilidade entre duração de filme e de aula, esses problemas podem ser até mesmo evitados se o professor reconhece o cinema como prática sistemática.

Observando as ponderações do autor, compreende-se que, a inserção do cinema na sala de aula deve ser vista como a explanação de qualquer outro conteúdo acadêmico. São necessários considerar os temas a serem tratados, a faixa etária dos educandos, seus limites, bem como, o desenvolvimento psíquico e estágio de aprendizagem do aluno. Porém, refletir sobre estas colocações pode interferir diretamente com as consequências e resultados finais, em fazer-se uso dos filmes juntamente com o conteúdo curricular das escolas. Simultaneamente, significa não somente relacionar cinema e educação, mas acima de tudo, dar sentido ao conteúdo em oferta, assim, o professor estará mostrando que a humanidade possui atualmente as mais variadas linguagens.

Para Napolitano (2013), além das considerações iniciais relatadas para a escolha de um filme a ser exibido em sala de aula, o professor deve estar atento a etapa de aprendizagem em que seus alunos se encontram. Tratando-se do ensino infantil, o cuidado deve ser meticuloso, e considerar que para crianças tudo o que é visto no filme pode ser considerado verdadeiro e real, haja vista que elas não possuem a completa noção de realidade e representação.

Neste sentido, será imprescindível ainda mais ter cautela, ao mostrar-se um vídeo na sala de aula de educação infantil. Desse modo, ao pensar sobre esses cuidados, é preciso essencialmente compreender que tipo de estímulos pretende-se disponibilizar com a exibição do audiovisual, pois esta experiência pode tanto acrescentar no processo de desenvolvimento cognitivo do aluno, como desencadear possíveis lacunas.

No entanto, durante os anos do ensino fundamental, período este em que a maioria dos alunos encontram na pré-adolescência, o autor Napolitano (2013, p. 25) compreende que, “ o aluno ainda não está muito apto para o desenvolvimento de conceitos formais e apresenta-se irrequieto e curioso”. Ou seja, apesar de ainda não formular conceitos sistemáticos, o alunado do ensino fundamental já desenvolve um olhar de mundo, e já sabem que há diferenças de lugares, culturas, e funcionamento das sociedades.

Estas considerações acabam por permitir ao professor um horizonte de possibilidades, um pouco maior do que aquele apresentado na educação infantil. Nesta primeira fase do ensino fundamental, já é possível a exibição de filmes mais históricos e mesmo um tanto quanto reflexivos, acompanhadas é claro, de forma planejada e bem articulada nas mediações pelo docente. Uma reflexão que precisa ser feita, em concordância com as colocações do autor anteriormente sobre a interdisciplinaridade, nesta fase da educação pode ser um dos temas a se trabalhar tendo como o cinema.

No que diz respeito ao cinema no ensino médio, devido as características que permeiam a faixa etária dos educandos dessa etapa da educação, Napolitano (2013, p. 27) acredita que “estas características gerais [...] permitirão professor uma abordagem mais aprofundada e um maior, adensamento das discussões possibilitadas pelos filmes”. Ao considerar essa colocação do autor, entende-se que mesmo a escolha dos filmes a serem exibidos, torna-se mais abrangente, e as temáticas a serem abordadas podem ser mais aprofundadas.

Sendo que, o uso didático-pedagógico do cinema em sala de aula, segundo Ibid. (2013, p. 28) “pode ser abordado pelo conteúdo, pela linguagem ou pela técnica, três elementos que estão presentes nos filmes”. Entende-se dessa forma, que a inserção do cinema nas escolas desencadeia uma sucessão de possibilidades de utilização, cabendo ao professor, que é o mediador dessa interação, após minuciosa análise do tema a ser trabalhado em questão, a escolha da sua abordagem e exibição.

Em geral quando se opta fazer uso do cinema pelo seu conteúdo, que é o mais usado, há de se pensar sobre as duas formas de sua aplicação, que são: como fonte, quando as discussões surgem através do roteiro do filme em questão, e como texto gerador, que possui como diferencial a extrapolação do seguimento do roteiro e segue gerando debates relacionados as representações no filme, mas que transcorrem para além dessas. (Ibid, 2013).

Em suma, essas duas aplicações do filme podem gerar reflexões acerca dos temas trabalhados, pois possibilitam a construção de pensamentos críticos a respeito de determinados assuntos. Ou ainda, a suscitação de hipóteses e estratégias que visem a solução de oportunas situações, quando apresentadas em tela. O que leva a indagar sobre a potencialização de se fazer uso do audiovisual como linguagem para mediar certos conteúdos.

Napolitano (2013) aponta ainda que há possíveis usos inadequados do cinema em sala de aula. Por exemplo, quando o professor não possuir um plano extra emergencial, acaba exibindo para a turma um vídeo apenas como passatempo, como manobra, ou apenas o vídeo, sem necessariamente discuti-lo ou relacioná-lo ao conteúdo curricular. Ou ainda, utilizar filmes exageradamente, esquecendo-se de que a prática educacional não ocorre em uma única forma, e que, ao defini-la como apenas uma, pode-se gerar exorbitantes lacunas na ação cognitivas dos alunos.

Por estes motivos, analisar as relações entre cinema e educação faz-se pertinente, e suas considerações devem ser minuciadas e refletidas antes de qualquer possível exibição. Tais cuidados, os docentes devem ter em trabalhar com o auxílio do audiovisual, uma vez que, esse instrumento ampara as decisões e contextualizações acerca do que deseja alcançar-se com o conteúdo em sala de aula. E assim, ao utilizar tal recurso como ferramenta midiática entre conteúdo e contextualização, o professor deve saber realmente o que pretende ensinar.

Para Fresquet (2013, p. 123) “ ver e fazer experiências dessa arte renova, no aprendizado, a vitalidade do aprender”. Portanto, como discorrido anteriormente, fazer a conexão entre cinema e educação poderá otimizar o aprendizado, permitindo ao alunado o conhecimento de novas culturas, crenças, valores, tempos e mesmo espaços, sem a necessidade de fazer-se presença física em tais locais.

Dessa maneira, o cinema reflete a capacidade ao educando de criar-se e de refazer-se um imaginário transformando-o no real. Assim como a educação possibilita a busca do conhecimento, o cinema é a representação da audácia e potencialidade humana ao sonhar e realizar desejos incomparáveis. Portanto, o uso da Sétima Arte na educação formal e a utilização de possíveis contribuições do cinema no processo de ensino e aprendizagem, será abordada na próxima sessão, e através da pesquisa em campo, acredita-se que será possível entender sobre a temática do estudo.

5. SÉTIMA ARTE E EDUCAÇÃO: A UTILIZAÇÃO E POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DO CINEMA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ – IFPA CAMPUS ITAITUBA

5.1. Caracterização do Campus

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – Campus Itaituba atua neste município desde o ano de 2009. Embora ainda em fase de desenvolvimento, a instituição tem procurado cumprir sua missão de “Promover a educação profissional e tecnológica em todos os níveis e modalidades por meio do ensino, pesquisa e extensão, formando cidadãos críticos, com o propósito de contribuir para o desenvolvimento do contexto sociocultural, político, econômico e ambiental da Região do Tapajós”.

Em 2010, tomam posse os primeiros servidores do Campus, o que viabilizou o primeiro processo seletivo para formação de turmas para cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio e Tecnológicos. No dia 01 de Setembro de 2011, acontece a inauguração oficial do prédio do IFPA – Campus Itaituba. Neste mesmo dia, o Prof. Dr. Juracy Correa Castro, tendo cumprido sua missão de implantar a instituição no município, passa o cargo de Diretor Geral para o Professor Dr. João Lobo Peralta.

Também em 2011, como forma de coroar o final desta primeira etapa de fixação no município, esse Instituto entrega para a comunidade itaitubense os novos profissionais formados pelas primeiras turmas do E-tec Brasil; em 2014 concluíram seus cursos os alunos dos Cursos Tecnológicos Superior em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Saneamento Ambiental; concluiu-se também os cursos ofertados através do PARFOR: uma turma de Licenciatura em Pedagogia ofertado no município de Novo Progresso e uma turma no município de Jacareacanga e uma turma de Licenciatura em Informática, ofertada em Itaituba.

No decorrer dos anos de 2013 a 2015 o Campus ofertou através do Programa PRONATEC Cursos FIC em diversas modalidade: Monitor de recreação, Mestre de obras, Representante Comercial, Vendedor, Agente de Projetos Sociais, Auxiliar Administrativo, Horticultor Orgânico, Produtor de Embutidos e Defumados, Aplicador de Revestimento Cerâmico, Armador de Ferragem, Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão, Programador Web, Operador de computador, Cuidador de Idoso, Cuidado infantil, Ajudante de obras, Auxiliar de transbordo de Cargas, Cadista, Auxiliar de Recursos Humanos, Agricultor Familiar, Auxiliar de Secretaria escolar. O Programa Mulheres Mil em 2012 ofertou o Curso de Corte e Costura e em 2013 ofertou uma turma de Corte e Costura e duas novas turmas para os Cursos de Auxiliar de Cozinha.

Em 2015 ocorreu uma nova mudança na gestão, tendo o Professor Dr. João Lobo Peralta deixado a Direção Geral, passando o cargo a ser exercido pelo administrador Renato da Silva Jordão Filho. Em cumprimento ao Regimento Interno institucional e em conformidade com a Lei Federal nº11.892, de 29 de dezembro de 2008 e com o Decreto Federal nº6.986, de 20 de outubro de 2009, ocorreu em 06 de abril de 2016 o primeiro processo eleitoral para a escolha da nova Direção Geral do Campus, tendo sido eleito o servidor Raimundo Lucivaldo Cruz Figueira ocupante do cargo de Analista de Tecnologia da Informação, designado através da Portaria nº656, publicada no D.U.O. de 18 de abril de 2016.

No que se refere às ações de pesquisa, é assegurada a oferta de bolsas de iniciação científica, a realização de eventos internos e a participação de discentes e docentes em eventos externos de cunho científico. Por sua vez, os projetos extensionistas focalizaram as demandas da sociedade, possibilitando interferências nos mais amplos aspectos sociais através da realização de palestras, reuniões, visitas técnicas, treinamentos, cursos, abertura de vagas de estágio e disponibilização de bolsas.

O IFPA – Campus de Itaituba, mesmo atuando na educação profissionalizante prima pela relação escola/família, pois atualmente a habilitação profissional é sempre plena. Espera-se que essas instituições educacionais preparem profissionais que tenham aprendido a aprender e a gerar autonomamente um conhecimento atualizado, inovador, criativo e operativo, e que incorporem as mais recentes contribuições científicas e tecnológicas das diferentes áreas do saber, desenvolvendo suas competências profissionais, e todas essas habilidades e competências são desenvolvidas a priori no âmbito da relação familiar.

O Campus de Itaituba atualmente conta com 54 (cinquenta e quatro) professores e 35 (trinta e cinco) técnicos administrativos distribuídos em três diretorias e várias funções conforme organograma funcional, para atender uma demanda de alunos que está distribuída nos seguintes cursos: Integrados ao Ensino Médio: Técnico em Edificações, Informática e Saneamento; Curso Técnico subsequente em Agroecologia; Cursos Superiores: Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistema, Tecnólogo em Saneamento Ambiental e Licenciatura em Ciência Biológicas; Especialização: Docência para a Educação Profissional e Científica.

Atualmente o IFPA mantem em parceria com os Municípios de Trairão, Aveiros e Rurópolis, POLOS com laboratórios onde está em execução o Curso Técnico de Informática para a Internet, atendendo 150 alunos através do MedioTec que disponibiliza a formação profissional e técnica de forma integrada aos conhecimentos básicos do Ensino Médio, em tempo integral. Também está em vigor a oferta de cursos na modalidade Formação Inicial e Continuada - FIC em parceria com a Prefeitura Municipal de Itaituba e o Exército Brasileiro. (DOCUMENTO CEDIDO PELA INSTITUIÇÃO PESQUISADA – HISTÓRICO, 2018)

5.2. A Construção do Método na Execução da Pesquisa

A construção do método na execução da pesquisa, iniciou o percurso primeiramente, com visitas ao local em que supostamente seria realizada a pesquisa de campo, com intuito de ser coletado os dados dos instrumentos de estudo, e assim ser analisados. Dessa forma, o método utilizado buscou verificar as evidências e a importância do uso de uma metodologia científica, que segundo Severino (2007, p. 102) “trata-se de um conjunto de procedimentos lógicos e de técnicas operacionais que permitem o acesso ás relações causais constantes entre os fenômenos”. Observa-se na pontuação do autor, que a metodologia subsidia a pesquisa científica, além do mais, com sua utilização pode-se analisar os possíveis resultados, característica que diferencia o conhecimento científico do empírico.

Por conseguinte, realizou-se o levantamento bibliográfico acerca da temática abordada, ou seja, o contexto histórico do cinema e suas possíveis relações com a educação. As obras utilizadas foram escolhidas a partir dos objetivos desejados, Morin (2014) trata das questões históricas e sociais que permeiam o cinema, Fresquet (2013) e Duarte (2002) discorrem acerca da relação entre cinema e educação, e, Napolitano (2015), examina possíveis formas de inserção do cinema em sala de aula. Ambos foram selecionados por se aproximarem de forma relevante do tema trabalhado.

Em síntese, quanto aos objetivos utilizou uma abordagem de cunho exploratório, efetuada através de entrevistas com os sujeitos envolvidos na investigação, que consistirá como pesquisa de campo. Uma vez que, Prodanov (2013, p. 70) descreve que neste tipo de abordagem “a pesquisa tem o ambiente como fonte direta dos dados, o pesquisador mantém contato direto com o ambiente e o objeto de estudo em questão”. Dessa forma, utilizando este tipo de abordagem será possível uma interpretação mais próxima da realidade, alcançando assim uma provável resposta verossímil sobre a questão que norteia o tema explanado.

Segundo Severino (2007, p. 123) a pesquisa exploratória “ é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem”. Considerando essas palavras, julga-se que através destes procedimentos será possível alcançar resultados satisfatórios e subsidiados, para a questão fundamental da pesquisa apresentada.

Em relação a modalidade da pesquisa de campo, é qualitativa, e tem como finalidade de qualificar os resultados de acordo com um nível de realidade, onde a pesquisa será aplicada. Sendo assim, a investigação será realizada no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA Campus Itaituba, com quatro profissionais docentes que já utilizam a sétima arte na sala de aula e um pedagogo da instituição. Com o propósito de favorecer a participação e exposição das reflexões dos entrevistados, fez-se uma entrevista com perguntas abertas, aplicada individualmente e dialogada, com o intuito de se aprofundar nas ponderações relatadas e contrastar com a realidade observada.

Portanto, após a pesquisa de campo e realização das entrevistas, os dados obtidos foram analisados de modo a refletir, primeiramente, se estão em conformidade com a observação feita em campo. Em seguida fez-se a fundamentação teórica para amparar e comparar os resultados dos dados encontrados a partir das análises. Para Severino (2007, p. 150) “ é comparar as várias posições que se entrechocam dialeticamente”. Desta forma, as informações adquiridas por meio da pesquisa, deverão subsidiar a resposta ou o surgimento de conjecturas, que visem responder à questão que norteia o tema apresentado.

5.3. Materiais da Pesquisa Institucional

Os materiais utilizados para a execução da pesquisa foram definidos a partir das necessidades que envolvem a problemática levantada para nortear o estudo a ser desenvolvido. Os professores e o pedagogo entrevistados foram solicitados com o propósito de se obter uma maior variedade de experiências e relatos, ou seja, com o intuito de angariar informações a partir da diversidade de conteúdos e temáticas que podem ser usadas.

Dessa forma, as entrevistas transcorreram individualmente, tanto com o pedagogo da instituição como com os professores. Foi-se utilizado um roteiro com questões abertas, uma vez que, esta ferramenta possibilita uma maior abertura e interação entre a pesquisadora e os sujeitos da pesquisa, e o uso de um aparelho gravador, que proporcionou um diálogo livre e sem interrupções.

Para tanto, ao finalizar a entrevista, optou-se por listar os filmes mencionados nos diálogos entre pesquisadora e sujeitos pesquisados, afim de contribuir, com possíveis temáticas cinematográficas que podem otimizar os conteúdos curriculares educacionais, uma vez que, poderá também enriquecer o capital cultural daqueles que se aventurarem a conhecê-la. Assim, os filmes mencionados pelos entrevistados se encontram apêndice (A) desse estudo, contendo título e sinopse das películas.

5.3.1. Entrevista com o pedagogo

As transcrições a seguir apresentam a tradução textual da entrevista executada na instituição pesquisada, aplicada em uma sala de reuniões, sem a presença de um terceiro e sem interrupções, onde a pesquisadora fez uso de um roteiro semiestruturado e um aparelho gravador, afim de potencializar o desenvolvimento da exploração de campo, proporcionando um contato mais próximo com o sujeito da pesquisa. As indagações realizadas foram pensadas a fim de se conhecer efetivamente, o vínculo do corpo pedagógico da instituição com a utilização do cinema no campus.

As perguntas foram destinadas ao pedagogo, que possui Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Ciências Sociais, com especialização em psicopedagogia preventiva, planejamento e gestão escolar, formação de professores e ciências da religião. O mesmo atua na educação há vinte e um (21) anos.

No decorrer da entrevista foram realizadas cinco (5) questões abertas. E para iniciar o diálogo, perguntou-se: Qual seu conhecimento com relação ao cinema quanto sétima arte? Ao que obteve como resposta:

Você tem através do cinema a possibilidade de ter uma visão futurística, uma visão do passado e uma vivência do presente. As influências que podem acontecer na história, no passado. [...]. Então o cinema traz para nós essa possibilidade, inclusive o próprio cinema vai também relatar aquilo que é a psique humana, sentimentos, valores humanos. E também lógico, digamos que você tem uma tecnologia sendo trabalhada e ela mexe com a sua sensibilidade, com seu senso crítico gerando utopias, sonhos, sentimentos, emoções. Então é um instrumento completo para uma ação pedagógica, porque ele como um instrumento meio ele dá uma abertura para determinado tema ou ele permite confirmar um determinado tema ou hipótese. Então são estratégias metodológicas onde os filmes podem servir para o processo ensino-aprendizagem. (PEDAGOGO. DEPOIMENTO COLHIDO EM, OUTUBRO DE 2018).

Partindo das colocações despontadas na fala do entrevistado, pode-se deduzir que seu conhecimento em relação ao cinema é amplo, no sentido de diversidade de temáticas cinematográficas e próxima, quando expõe as diversas possibilidades apresentadas nos filmes em geral. A resposta apresenta ainda uma possível utilização do cinema como instrumento pedagógico, sendo o audiovisual um meio para salientar variados temas.

O primeiro questionamento foi feito, necessariamente, para compreender a concepção acerca do cinema pelo entrevistado, e para nortear as demais perguntas, uma vez que, se a resposta obtida fosse contrária à sua diversificação e usabilidade, ter-se-ia, uma posição adversa quanto as utilizações do cinema, atando-o desta maneira, para a finalidade de entretenimento. Assim, seguidamente questionou-se sobre qual a perspectiva do pedagogo a respeito das exibições cinematográficas na instituição? Os seguintes posicionamentos foram:

É bem verdade que é preciso ter consciência do que se está fazendo, porque eu posso exibir um filme como objeto de recreação, tão somente para estar matando o tempo, sem ter um propósito, sem estar sendo direcionado ao processo ensino-aprendizagem. Mas eu posso também utilizar como um instrumento que permite confirmar aqueles conteúdos que estou lecionando em sala de aula, dinamizar, criar dar vida para este conteúdo, para as palavras de um texto, para a teoria. Isso é fundamental, porque nós aprendemos pouco quando temos somente a leitura, mas, quando a gente amplia isso para o audiovisual você tem mais chance de adquirir ou de ter lembranças, ou conhecimentos de fato através dos filmes, dos vídeos que permitem isso, então é preciso você ter ele como um instrumento didático, um instrumento didático, não o instrumento didático, porque existem vários e ele é sempre uma ferramenta meio, ele não é um fim por si só, é um instrumento meio. (PEDAGOGO. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Notou-se pela conotação em suas palavras, conforme as colocações do entrevistado, que o cinema pode ser inserido nas salas de aulas, e que possui posição a favor de que esta inserção aconteça, desde que, haja plena consciência dos educadores, de que a ferramenta audiovisual é potencializadora de conteúdo, e conhecimentos somente quando utilizada de acordo com todo um roteiro de propósitos, objetivos e itinerário a seguir.

Em sequência as falas mencionadas do entrevistado, Napolitano (2013, p. 34) conclui que “não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integra-o com o assunto das aulas”. Entende-se, portanto, que, a utilização do audiovisual nas salas de aulas, possuem também usos inadequados, quando negligenciados as características que possibilitam sua inserção no âmbito educacional. Ou seja, como colocado pelo entrevistado, e também pelo autor citado, o cinema deve ser utilizado somente quando ponderado sobre uma finalidade.

Dessa forma, para prosseguir, foi questionado ao entrevistado: É observável nos alunos da instituição o interesse em presenciar as exibições cinematográficas apresentadas? O pedagogo respondeu da seguinte forma:

[...] pelo menos aqui no Instituto tenho visto muito isso, para passar um vídeo se tem um roteiro. Ou seja, o vídeo ou filme, é um instrumento de formação, então o aluno ao assistir tem que escrever, tem que falar, depois relatar aquilo que ele vivenciou. E aí eu penso que para as áreas, de modo particular as áreas de humanas, você tem uma infinidade de filmes didáticos que podem ser utilizados, é claro que nas outras áreas também, mas nas de humanas com muito mais ênfase. E também empolgar o aluno, “olha vocês vão assistir um filme aqui por assistir”, ou “vocês vão ver como é que esse filme vai mudar vocês ”, isso é balela, tu tens que incentivar o aluno, instigar, utilizar da estratégia da oralidade para fazer com que ele esteja vibrando ali com o filme, caso contrário o filme pelo filme fica extremamente técnico e chato, e os alunos não vão se ligar nisso, eles se ligam naquilo que motiva, que dá ânimo ou que desafia. (PEDAGOGO. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Percebe-se nas declarações do entrevistado, que atualmente há inúmeras possibilidades de se obter ou assistir uma película cinematográfica. Em conformidade com fala mencionada pelo pedagogo, Kemp (2011) aponta que as evoluções tecnológicas do século XXI, facilitaram demasiado a propagação dos filmes. Além do mais, compreende-se também, que o cinema está presente no cotidiano dos alunos, ou seja, faz parte da realidade de ambos. Sendo assim, pode-se inferir que a inserção do audiovisual nas salas de aulas não cause estranheza, uma vez que já se encontra nas vivências do alunado.

No que diz respeito, a empolgação ou participação dos alunos diante de uma exibição de filmes em sala de aula, assim mencionado pelo autor, será viável que, é preciso apropriar-se de artimanhas para conseguir captar a atenção desses espectadores. Neste sentido, Napolitano (2013, p. 16) acredita que o essencial é “todo professor e toda escola criem seus próprios mecanismos e procedimentos e, mais importante ainda, reflitam coletivamente sobre eles”. Entende-se então, que cada professor e cada escola possui suas particularidades, e através da reflexão sobre estas, os caminhos e estratégias a serem seguidos devem estar em conformidade com as necessidades de cada instituição.

Acerca das particularidades da instituição pesquisada, se faz relevante evidenciar que deve ser desenvolvido projetos, que possuem metodologias específicas vinculadas ao uso do audiovisual. Partindo dessas considerações, abordou-se então, ao entrevistado: Qual a sua percepção acerca de desenvolvimento de projetos voltados para o uso do audiovisual, em sala de aula? Assim respondeu que:

É sempre gratificante. [...] E é claro, os projetos não são desvinculados de um projeto maior, o projeto político pedagógico da instituição, criamos um projeto pela necessidade. A gente vê que a cultura da nossa cidade e evidentemente das famílias, e consequentemente dos nossos alunos, não é essa cultura de formação crítica, e os projetos são experiências para se ter acesso a uma visão diferenciada de mundo, questionando determinadas dogmas ou valores cristalizados. E os filmes, através do projeto, trazem ênfase e objetividade ao alcance dos alunos. (PEDAGOGO. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

A respeito do desenvolvimento de projetos nas instituições educacionais Martins (2001) discorre que, a pedagogia de projetos nas escolas pode ampliar as vivências dos alunos sem se desprender totalmente dos conteúdos curriculares, uma vez que, nos projetos as temáticas devem ser voltadas para questões que possam ser enviesadas com os conteúdos, o que acaba por potencializar e dinamizar os temas abordados em sala de aula.

Pode-se, de certo modo, vincular a fala do entrevistado com a colocação do autor anteriormente citado, pois ambos se dispõem de uma significação semelhante acerca dos projetos realizados nas instituições escolares. Dessa forma, nota-se que os benefícios de fazer uso das possibilidades relacionadas aos projetos, não se limitam dentro de um único contexto, mas podem fluir entre os mais variados eixos curriculares, otimizando o aprendizado do aluno, e estimulando as experimentações adquiridas por meio de conhecimentos advindos de trabalho em equipe.

Dando finalização a entrevista com o pedagogo da instituição, foi indagado: Você visualiza o cinema como uma ferramenta contribuinte e eficaz no processo de ensino aprendizagem? O entrevistado respondeu o seguinte:

Com certeza. Ela é uma ferramenta meio, ela só tem sentido se eu introduzir a aula despertando o aluno. É legal porque dinamiza esta relação de efeito, de luzes, de cores, de sentimentos, de visão do futuro, do passado, traz tudo isso para um sujeito que está aqui presente, que consegue através dos filmes interagir com o passado, a com uma perspectiva de futuro. [...]. Os filmes são capazes de descortinar determinadas situações, eles são uma ferramenta fantástica, mas devem estar alinhadas com o projeto político pedagógico, com o planejamento das aulas e execução, caso contrário não serve, quantos modelos já vivenciamos, escolas com uma sala cheia de computadores que não são usados, sem potencializar esta ferramenta. (PEDAGOGO. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Certamente, as ponderações do entrevistado a respeito da contribuição dos filmes no processo de ensino aprendizado, são declaradas com base nas experiências que a instituição vivencia. Contudo, fez-se necessário salientar, conforme expõe Machado (2008) que as pessoas vivem uma época onde os avanços tecnológicos são constantes, e em meio a estas evoluções, de aparelhos midiáticos e tudo mais, a acessibilidade a informação e utilização desses meios, facilitam a entrada do cinema nos espaços escolares.

Ou seja, cabe aos educadores e a comunidade escolar aderir ou não a essa inserção, mas caso seja efetivado esta vinculação entre cinema e educação, a escola deve perseverar na otimização dessa utilização. Nesta perspectiva Fresquet (2013, p. 20) reflete que “ com o cinema como parceiro, a educação se inspira, se sacode, e provoca as práticas pedagógicas”. Neste contexto, é possível frisar então que, as contribuições surgem de acordo com a aplicabilidade do conteúdo cinematográfico, e como observado durante a pesquisa de campo, resulta positivamente em ações desenvolvidas na instituição.

5.3.2. Entrevista com os docentes

A entrevista reproduzida em texto a seguir foi realizada com quatro (04) docentes que atuam, com dedicação exclusiva, no Ensino Médio integrado ao Técnico, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, Campus Itaituba. Os questionamentos transcorreram individualmente, em dias e datas diferentes. Todos responderam as seis (6) questões apresentadas pela pesquisadora.

A entrevista foi realizada em uma sala de coordenação, sem interferências exteriores, o primeiro a ser entrevistado foi o professor A, que possui formação em Licenciatura em Ciências Sociais e Mestrado também em Ciências Sociais. Já está atuando há nove (9) anos na educação, com experiências em escolas municipais, estaduais e com a educação técnica.

Em seguida, entrevistou-se o professor B, que possui Licenciatura em História e também em Pedagogia, e Mestrado em Educação. Atua na educação há dezenove (19) anos. E o terceiro a ser entrevistado foi o professor C. O mesmo possui graduação em arquitetura e mestrado em artes, atua há seis (6) anos na educação, com experiência em educação superior na Faculdade de Estudos Avançados do Pará – FEAPA.

Para finalizar a coleta de informações, entrevistou-se o professor D, o mesmo possui Licenciatura em Filosofia, e Mestrado em Antropologia Social. Atua na educação há dez (10) anos, tem experiência com povos indígenas da região do baixo amazonas, na área de antropologia política, e está desenvolvendo um trabalho junto as associações indígenas da região.

As informações coletadas consistem em relatos e experiências, dos professores, quanto ao uso do cinema em sala de aula. As indagações foram discorridas a fim de aprofundar o estudo temático desta monografia, e de conhecer as características que permeiam a utilização das películas cinematográficas na instituição. Para iniciar os diálogos priorizou-se o emprego de questão com cunho pessoal, sem vínculo com o meio educacional. Tendo reflexo na significação do cinema quanto ferramenta pedagógica, ou quanto mecanismo de lazer.

Desta forma, iniciou-se a entrevista com primeiro entrevistado, proferindo o seguinte questionamento: Qual é a sua concepção em relação ao cinema, como a sétima arte? Ao responder o primeiro questionamento, verificou-se no decorrer da entrevista, com os demais professores entrevistados, semelhanças em suas respostas. Observam-se a seguir:

O cinema sempre foi uma forma de representação social, sonhos angustias duvidas questionamentos, pura e simples entreterimento, o que também tem um aspecto cultural por que a forma como uma sociedade se diverte ou não também diz muito sobre ela, então para mim o cinema é muito caro, e também para as ciências sociais porque cada filme podemos enxergar como uma janela para se entender sobre a sociedade, os problemas, as questões sociais como um todo, então pra mim a importância do cinema dentro da educação, está dentro daquilo que é foco da sociologia: hábitos, cultura, relações sociais, a própria ação humana em si, se encontra muito material rico dentro do cinema, tem muita coisa relevante no cinema. [...]. Para mim significa muita coisa, não só um apreço pessoal, mas como também ferramenta de trabalho. (PROFESSOR A. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO, DE 2018)

Eu sou um admirador, eu gosto muito de filmes, de cinema. Aqui eu fui uma vez somente, para o cinema, e levei os alunos, assistimos “Pantera Negra”, trabalhamos a história da África com esse filme. Eu sempre gostei de filme, desde moleque, sessão da tarde, na faculdade eu sempre dormi muito tarde, então eu assistia filmes a noite, na tv aberta mesmo. Eu acho o cinema fascinante, é uma arte, não só conta uma história, ele te mostra. Desde o filme de ficção científica até um épico histórico, enfim eu acho que é uma maneira que tem de se conhecer muitas coisas, muitos lugares sem sair do sofá. (PROFESSOR B. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO, DE 2018).

[...] com tecnologia do século XX, XXI a gente tem essa relação do ser humano com as histórias extrapolada, tem no cinema isso, você tem recursos de efeitos especiais, trilha sonora, coisas que agregam a essa contação de histórias, elementos que não se tinham a possibilidade de fazer por uma questão tecnológica mesmo. Mas a relação das pessoas com as histórias é a mesma, a mesma de um grego há 2500 anos atrás. Você consegue sair da vida real e ver em um contexto lúdico de histórias, de ficção, que faz a gente entender o outro lado das coisas. Eu acho que quando a gente considera que essa relação de aprendizado por meio de histórias não é nova, todas as ferramentas que a gente tem para contar história são válidas, especialmente o cinema que abarca tudo, composição de cena tal qual pintores clássicos faziam, enquadramentos que remetem as pinturas clássicas, música, o próprio teatro, questões de moda e figurino, tem fotografia, praticamente todas as artes. (PROFESSOR C. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO, DE 2018).

Eu me considero cinéfilo, tenho uma biblioteca de filmes bem grande. Para mim o lance do audiovisual ele permite uma percepção da realidade que a escrita não permite [...]. Eu acho que o audiovisual tem esse poder simbólico pelo simples fato dele mobilizar a visão e audição. E o entendimento é muito mais direto, a imagem tem esse poder que o puro discurso não tem. Na França, quando os irmãos Lumiére criam o cinema, o filme a chegada do trem na estação, as pessoas se remexem nas cadeiras, porque aquilo era real, para elas era real, porque o cinema é essa possibilidade, uma coisa que um quadro não tem, quem nunca chorou assistindo um filme? É esse o impacto que a imagem tem, então para mim o cinema é a arte por excelência, e dentro desta perspectiva é que tenho trabalhado na sala de aula com o cinema, pensando nesse elemento simbólico com poder de mobilização de pensar raciocinar. (PROFESSOR D. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO, DE 2018).

Constatou-se nas respostas dos entrevistados, que ambos compreendem que o cinema e a Sétima Arte é como uma tecnologia que ampara inúmeras possibilidades, inclusive pontuando o significativo potencial de aprendizagem por meios das histórias. Desta forma, ao não definirem o cinema somente como um meio para entretenimento ou lazer, pôde-se perceber sob qual percepção, se dá o uso das produções cinematográficas nas aulas desses professores.

Ao vincular o cinema com a educação, os entrevistados aprontaram as afinidades do audiovisual com seus conteúdos curriculares. Os relatos colhidos sinalizaram de maneira prática, quanto ao uso dos filmes, e através das ponderações colocadas pelos entrevistados, notou-se a importância das películas e sua utilização nas salas de aulas, o que acaba por nortear e subsidiar o itinerário da inserção do cinema na instituição.

Prosseguindo com a coleta de informações, os entrevistados foram indagados acerca de: Em que momento você constatou que o cinema poderia ser inserido em suas aulas? As respostas foram as seguintes:

Desde o primeiro momento, eu já iniciei minha carreira como jovem professor, utilizando filmes o tempo todo. Talvez o cinema para o desenvolvimento da sociologia é mais importante e presente do que em outras disciplinas, por exemplo, me recordo de exibir filmes em algumas escolas e a concepção de alguns professores e coordenadores era de que, o professor que exibia um filme não queria dar aula, então você enfrenta também esse tipo de problema, até a questão do material, tem escolas mais preparadas, com uma sala de vídeo. [...]. Eu percebi desde o início que eu tinha que usar cinema, mas algumas escolas davam condições e outras não, até por não compreender de fato a importância da inserção do cinema na escola. Aqui no campus optamos por usar o livro “tempos modernos tempos de sociologia”, que o próprio MEC, no catálogo salienta que traz um eixo voltado para o cinema, e porque esses autores optaram por isso? Porque se a sociologia trata da sociedade e o cinema trata da representação social existe uma identificação por parte dos alunos, de todas as pessoas que assistem o cinema, por mais que o indivíduo seja alguém que não gosta de cinema ou não tem hábitos de ver filmes, possivelmente se ele vier a assistir alguns ele vai sofrer identificação com algumas histórias. A pessoa pode não ter uma relação com o cinema porque não experimentou, por que se experimentasse teria algum tipo de reflexão daquilo. (PROFESSOR A. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO, DE 2018)

Praticamente desde o início. Comecei a dar aula como substituto, eu tinha uma proposta que era muito bem aceita pelos alunos, a gente entrava e eu dava aula de história, tinha um plano de aula, plano de ensino, a gente fazia um trabalho de continuidade. E foi nesse primeiro momento que eu lancei os filmes, principalmente os documentários, pelo tempo de aula. Quando eram três aulas exibia um longa, mas normalmente era documentário. (PROFESSOR B. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO, DE 2018).

Desde o começo. Nunca passou pela minha cabeça ensinar sem o uso de filmes. Tive dificuldades técnicas, se perde um pouco de tempo montando os aparelhos, caixa de som. Na FEAPA eu não tinha essa dificuldade porque tínhamos uma sala de tv. Mas em outras ocasiões para passar um trecho de filme, não era nem o filme completo, era difícil. (PROFESSSOR C. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO, DE 2018).

Comecei a lecionar com os métodos mais tradicionais, mas eu vi que não tinha muito resultado. Percebendo o quanto isso ainda não era produtivo eu passo a inserir o audiovisual, primeiro de maneira bem leve, passando um ou outro filme para trabalhar de acordo com o conteúdo, eu lembro que o primeiro filme que passei foi “O Jardineiro fiel” de Fernando Meirelles, um filme extremamente interessante que mostrava como as indústrias farmacêuticas se utilizam dos corpos humanos na África, o filme é magnifico, é uma jornalista que descobre isso e ela é perseguida. Esse foi o primeiro filme, para discutir um pouco do imperialismo, de como algumas ações se beneficiam das desigualdades, da manutenção da opressão de outros povos. A molecada gostou muito, foi bem produtivo, de certa maneira todo mundo pensou, raciocinou, conseguiram colocar suas opiniões a respeito, e ai eu percebi que o audiovisual seria uma linha interessante para poder trabalhar, até porque na filosofia trabalhamos com autores que pensam diferentes, dois mais dois na filosofia pode não ser quatro, dependendo da perspectiva que você assume, então como trabalhar na sala de aula, com diversos autores que pensam diferente sobre um mesmo tema e depois querer que os alunos consigam dispor dessas diferenças? É meio complicado isso, então eu busquei algo novo, o cinema, e venho utilizando com bastante frequência. (PROFESSOR D. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO, DE 2018).

Mediante os relatos dos professores, observa-se que houveram momentos em que a exibição do audiovisual foi descartada mediante algumas situações. Diante a essa observação, Napolitano (2013, p. 16), afirma que as possibilidades técnicas e organizativas são um dos “fatores que costumam influir no desenvolvimento e na adequação das atividades”. Nesse sentido, se nota que a falta de equipamentos tecnológicos pode ser um grande obstáculo, para a inserção do cinema nas salas de aulas, mas o desconhecimento do cinema como ferramenta pedagógica, poderá ser outro empecilho.

Outras colocações cabíveis que vale ressaltar, nas respostas dos entrevistados, são as reações e recepções por parte dos alunos acerca dos filmes, que constitui de forma positiva. Nessa perspectiva, Nunes, Diniz e Barboza (2017, p. 60) acreditam que “A educação possibilita a formação de identidades que levem ao pertencimento dos sujeitos a uma categoria de atores sociais na busca do fortalecimento da cidadania”.

Entende-se, portanto, que a partir da educação, e da exibição de filmes vinculados a eixos educacionais, os educandos podem observar as analogias da sociedade através das representações das películas cinematográficas. Possivelmente, como resultado dessa dinamização de conteúdo curricular e expressões cênicas, os educandos acabam por se interessar em participar das atividades em sala.

Em relação a esta dinamização da educação, Candau (2010, p. 12) discorre que as escolas devem desfrutar de práticas pedagógicas “onde diversas linguagens são trabalhadas e pluralidade de sujeitos interajam, seja de modo planejado ou com caráter mais livre e espontâneo”. Ou seja, é importante que as experiências educacionais, sejam desenvolvidas a partir de uma perspectiva onde a interação entre os sujeitos transcorra de modo a favorecer a participação de todos.

A sustentação do uso de diversas linguagens, vai de encontro diretamente com o uso do cinema nas salas de aulas, uma vez que os filmes também se configuram como linguagem visual. Por conseguinte, continua-se com a entrevista, perguntando aos professores: Quais fatores influenciam na escolha dos filmes a serem utilizados e como transcorre essa exibição? As respostas foram:

Basicamente a temática e a capacidade que o filme tem de fazer o aluno desnaturalizar as relações sociais. Talvez o maior objetivo de usar filmes na sociologia seja “olha só, então, o que você acha que é algo natural e acontece assim sempre e para sempre, não é tão natural assim, o casamento não é só assim, como o que você conhece, tem culturas em que se casa usando preto, porque na simbologia dessa cultura o preto é fertilidade, alegria, esperança, enquanto que na nossa cultura judaico cristã ocidental, o branco é que simboliza a pureza. Então o aluno tem que olhar o branco do casamento e saber que ele não representa um hábito secular apenas, mas representa uma forma de viver e enxergar a sociedade, e que outras culturas podem fazer de outra forma. Então o objetivo do uso do cinema na minha disciplina é, dar exemplos de como as ações sociais podem ser diferentes, e como isso pode ser usado pedagogicamente para que o aluno compreenda as diferenças em si. (PROFESSOR A. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO, DE 2018)

Primeira coisa é você ver a qualidade, normalmente eu gosto de cinema europeu que não tem tanta preocupação com superprodução, com beleza e estética, se bem que é bonito, mas eles estão mais preocupados com roteiro, enredo, história. Não que não tenha filmes americanos bons, tem muitos diretores bons, o negócio é que a grande maioria hoje faz filme para ganhar dinheiro. Eu gosto do filme para fechar o conteúdo, como é um recurso audiovisual, aquilo que o aluno não conseguiu muitas vezes encaixar, organizar, lendo, pesquisando ou vendo a aula expositiva, ele vai conseguir quando ele assiste o filme. Inclusive na minha aula didática do concurso, eu utilizei dois vídeos curtos de 3 minutos, justifiquei na metodologia importância de se usar o vídeo em sala de aula, eu até pensei como será que a banca vai reagir, será que vão pensar que eu estou matando aula, matando o tempo aqui? Por isso eu tive esse cuidado de justificar na metodologia, no plano de aula, o recurso filme. Eu passei, então acho que eles gostaram. (PROFESSOR B. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Sempre que eu vejo que vou trabalhar algum conceito, e eu visualizo isso em algum filme eu passo. Porque primeiro eu exibo o filme, os alunos veem em contexto lúdico e a partir disso para introduzir o tema fica muito mais fácil, “lembra daquela cena quando eles fazem isso e isso? ” E eles lembram. E também depois dessa exibição eu peço para os alunos fazerem algum tipo de análise, e isso já faz eles pensarem a respeito do filme e lembrarem do conceito, e ao escrever eles desenvolvem, nem todos desenvolvem bem, mas tem essa possibilidade de, ao se verem forçados a pensar a respeito, alguma coisa sai, e as vezes sai de quem você não imagina, isso é que é interessante. (PROFESSOR C. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Sempre tento associar a temática que estou trabalhando, as vezes isso não se mostra possível, então você vai pôr similaridades. Então geralmente é assim por similaridade, você pega um filme de guerra como “Tróia”, e consegue verificar como era formada aquela sociedade. É quando se visualiza como aquela sociedade está pensando a filosofia, se torna mais dinâmico entender determinado conteúdo. Eu sempre contextualizo e o filme traz essa possibilidade de contextualizar. Agora estou falando sobre a modernidade europeia, “Oliver Twist”, que é um livro de Charles Dickens, foi adaptado para o cinema, e ele mostra qual era o cenário da Europa nesse contexto que estamos pensando na modernidade, um lugar sujo, violento, da burguesia nascente tentando se impor socialmente e confrontando o reinado vigente, no caso na Inglaterra, das lutas de classe que estão acontecendo ali, os trabalhadores preconizados, e é um filme que estou utilizando agora, para caracterizar o que é o tempo moderno e pensar, porque para mim o pensamento ele sempre tem local, uma realidade, então o pensador está tentando dar respostas para o contexto que ele está vivendo, então você entende o que o cara está falando. (PROFESSOR D. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

É notável nas considerações dos entrevistados, que um dos fatores determinantes para a escolha dos filmes a serem exibidos em sala, seja a conexão dos conteúdos trabalhados, com a temática cinematográfica. Se percebe então que, a relação entre essas duas formas de linguagem se dão nos mais variados aspectos interdisciplinares. Neste sentido Napolitano (2013, p.37) dispõe que esta é uma possibilidade interessante já que com esses contextos interligados “o filme é abordado em suas diversas perspectivas, sendo extraído o máximo de informação e questões para debate”.

Ou seja, como colocado pelos entrevistados, ao fazer uso de uma película, que em primeiro momento não se revela como uma ferramenta que possa ser utilizada devido à escassez de filmes que retratem unicamente conteúdos filosóficos por exemplo, podem ser usados filmes que abarcam parte desse contexto, uma vez que, através da visualização dos hábitos, cultura e constituição de uma sociedade, é possível compreender sem muitas complicações, o pensamento de um autor que vivenciou aquela esfera social.

Neste sentido, Duarte (2002) discorre que, há tempos cinema e educação se relacionam e demonstram suas possíveis conexões, isto porque, o cinema está presente no cotidiano dos atores da comunidade escolar. Contudo, é interessante refletir sobre os aspectos em que, pode-se ocorrer esse encontro. A autora salienta que, desde a segunda guerra mundial o cinema faz presente como ferramenta educativa. Porém, o intuito não é demonstrar a composição dos filmes quanto formativos, mas sim, a relevância que essa expressão cinematográfica tem para a compreensão e reflexão de todo um contexto social.

Quanto a metodologia dos professores, que após a exibição do filme desenvolvem discursões e produção textual com os alunos, Napolitano (2013, p.41) pontua que “ como toda obra de arte, o cinema pode estimular o desenvolvimento da linguagem verbal e da compreensão textual”. Entende-se, portanto, que, é favorável e cabível, entrelaçar diferentes conteúdos curriculares com temáticas cinematográficas que estimulem a reflexão acerca da realidade, uma vez que, essa conjunção resulta na otimização do ensino aprendizagem.

Neste sentido, deu-se prosseguimento a quarta questão, com o seguinte questionamento: Observa nos alunos algum tipo de reflexão crítica instigada através da exibição de filmes?

Sim, inclusive talvez esta seja a parte mais interessante da experiência, porque você consegue tirar muitas análises disso. Eu já lecionei sociologia para licenciaturas, e como as pessoas estão ali mais sensíveis a questão da educação, do conceito de ensino e aprendizagem, elas ficam muito mais tocadas com “o sorriso de Monalisa” do que por exemplo se eu passar “o sorriso de Monalisa” para o curso técnico de edificações. O professor trabalha com o cinema precisa fazer esses cálculos. Então se eu leciono num curso de edificações, informática e saneamento eu tenho que saber que o mesmo filme pode não surtir o efeito pedagógico desejado. Tem que tentar alinhar o filme escolhido, o tema da aula e as características dos alunos que estão naquele curso. O filme tem que fazer sentido, tem que tocar o aluno. E eu não falo tocar o aluno do ponto de vista emotivo, eu falo do ponto de vista teórico reflexivo, que de fato ele veja a película e comece a pensar e refletir sobre as coisas. (PROFESSOR A. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018)

Sim, e por isso mesmo a importância da qualidade dos filmes a se usar. Lembro que eu tinha um colega, que dava aula de geografia, e certa vez ele usou um filme americano na sala de aula, “terremoto- a falha de Sant Andréas”, um filme hollywoodiano, e a gente discutia sobre isso, ele dizia que sabia, mas que a finalidade dele era mostrar para os alunos o que acontecia quando as placas tectônicas se moviam, no caso do filme na cidade de São Francisco, o filme explora justamente a possibilidade da cidade ir água abaixo. Ele dizia “se eu passar um filme cult eles dormem na sala”. Então ao mesmo tempo que eu brincava com ele sobre isso, eu também sabia que um filme de ação é o que a molecada gosta, não que você não possa passar um épico clássico, eu já passei várias vezes, mas você tem que trabalhar a turma, olha esse filme aqui tem a proposta diferente, é um filme realista que não possui muitos efeitos especiais, mas conta uma história um filme para realmente assistir e refletir. (PROFESSOR B. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Sim, o que acontece é que alguns alunos gostam mais de filmes do que outros, então é comum que esses alunos gostem de conversar mais a respeito depois. Depois que se exibe o filme tem aluno que me pergunta coisas, pede indicações de filmes, pedem que eu passe o filme para eles assistirem novamente. E a gente percebe isso quando fazemos juntos o relatório do filme, alguns vão mais longe outros nem tanto ficam ali só na superficialidade, mas ensino médio o pessoal ainda está engatinhando nesse sentido. (PROFESSOR C. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Sim. Eles conseguem pensar no que está acontecendo. Eis um poder do cinema, a imagem tem um impacto, nem tanto a narrativa, isso é interessante, você acaba de reproduzir o filme e pergunta, “e aí gente o que vocês entenderam? ”. A percepção que eles têm são sempre em cenas de impacto, eles pensam naquilo que impacta mesmo, que chama mais atenção, então estão muito atentos a essas cenas de impacto. E eles conseguem de alguma maneira pensar um pouco sobre isso, por exemplo uma cena de violência, eles pensam refletem e falam, “ah professor isso tá acontecendo mais ou menos aqui ”. Então é um pensamento crítico ainda em gestação, mas perceptivelmente crítico, porque tem essa capacidade de associar ao contexto, acho que a crítica é isso, são possibilidades de associar os contextos. (PROFESSOR D. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Como exposto nas colocações dos entrevistados, a utilização de produções cinematográficas pode instigar uma reflexão crítica desde que, seja feito todo um planejamento programático, que, inicia-se com escolha do filme, e permeia até as atividades executadas após as exibições. Essa seleção significa que, o cuidado com a escolha e proposta de temáticas, deve estar sempre interligado as possibilidades de interpretação de uma película, seja através de seu enredo ou de seus símbolos.

Por esse ângulo, Deus et al (2017, p. 132), acredita que o cinema possibilita “criar outras situações de aprendizagem [...] como provocador da potência do aprender”. Nota-se, nas avaliações do autor e nos relatos dos entrevistados, que ao utilizar os filmes como recurso pedagógico no processo de aprendizagem, as capacidades de interpretação da linguagem visual não se fundem apenas com o conteúdo curricular, mas se potencializa, gerando variadas leituras e conseguem instigar e ocasionar determinadas reflexões nos educandos.

Em conformidade com essas proposições, Ibid. (2017, p. 144) reforça ainda que os filmes quando vinculados ao processo de ensino aprendizagem “configuram-se como uma janela que permeia outro lugar de conhecimento e outra forma de intercomunicação com o outro e consigo mesmo”. Ou seja, presenciar uma exibição cinematográfica, pode estimular a consciência individual e coletiva nos alunos, e a partir desse raciocínio podem surgir observações reflexivas acerca de um tema, ou acerca da presença dessa temática no contexto em que se está inserido, como foi relatado na entrevista.

Continuando com a entrevista, indagou-se aos entrevistados, se os consideram que a utilização do cinema no espaço escolar pode contribuir no processo ensino aprendizagem dos alunos, ocasionando o conhecimento intercultural? As respostas se constituíram da seguinte forma:

Vou pegar a teoria do cinema, um dos principais objetivos da construção de um roteiro da produção de filme ou no trabalho de adaptação de algum livro, é basicamente tocar de alguma forma o ser humano. O cinema trabalha com emoções humanas, a gente pode assistir um filme que vai falar da problemática indígena na região do Tapajós, ou a gente pode produzir um filme sobre os trapalhões, para lembrar os anos 80, a comédia nacional. Então o filme contribui e toca nesse sentido porque ele pode ser usado como ferramenta, e ver esses filmes vai fazer com que o aluno tenha contato, ainda que por meio de uma tela, com culturas totalmente diferentes. Da produção cinematográfica pode-se extrair sempre alguma reflexão. (PROFESSOR A. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018)

Sim. Porque o filme tem essa linguagem própria. Por exemplo “pantera negra”, é um filme de ficção cientifica, mas que mescla com um pouco da história, dados reais com ficção, é extrapolado, o diretor viaja. Mas tinham reinos africanos no século XV riquíssimos que a gente nunca ouviu falar na escola, só sabíamos da África pós escravidão, a África que servia para fornecer escravos para o Ocidente e Oriente. E a África tinham reinos riquíssimos organizados, e o filme explora bem isso, só que no filme o cara viaja, tem até nave espacial. Mas o filme está justamente mostrando como era, a parte pobre da África não era assim, ela está pobre hoje justamente por causa do colonialismo da Europa, o que deixaram foi miséria, pobreza, mas a África já foi muito rica, antes da colonização. Dei exemplo desse filme para falar da cultura, e como a cultura brasileira tem desde a culinária, a música, vestimenta, enfim a própria religião, muita coisa da cultura africana, e muitas vezes nem sabemos da origem delas, então com certeza o cinema possibilita essa interação intercultural. (PROFESSOR B. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Claro. Dos filmes que passei, era o que mais se aproximava da realidade de Itaituba foi “Up – Altas aventuras”, eu sou de Belém, lá não temos uma zona rural, Itaituba tem uma zona rural, tem lugares que você tem casas no meio do nada e lugares que você tem bem urbanizados, com prédios e postos de gasolina e outros. Esse começo do filme mostra muito bem isso, ele mostra uma casa em uma área mais pacata, e vai mostrando a transformação, quando termina a abertura do filme e se começa de fato, a câmera fica focada no protagonista, e abre em duas acompanhando o ritmo da trilha sonora, abre primeiro na casa pequena dele e depois abre mostrando as construções acontecendo, o progresso da cidade, ou seja, você vê a transformação nitidamente de uma cidade que tinha uma característica mais rural para uma característica de metrópole. (PROFESSOR C. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Sim, principalmente se você está trabalhando com a linha de filmes étnicos documentários, eu tento trazer através dos filmes outras maneiras de pensar, mostrar como há modos de vida e pensamentos diferentes, distintos, e que não necessariamente precisam ser colocados em uma hierarquia, e eles conseguem perceber essas diferenças. Eu passei um filme que é um étnico documentário que é sobre os Xavantes, um ritual de iniciação de crianças onde, os meninos estão em roda, cercados por adultos e eles tem tacato, um pedaço de pau, e os meninos se batem, uns nos outros, as crianças choram e os adultos dão risadas, e impactou muito os alunos, eles ficaram, “como assim? ”. E explicar que isso diz respeito a cultura deles, que é um processo de iniciação desses meninos no mundo adulto, e mostrar que a gente também tem os nossos, o brinco na menina por exemplo, dói também, mas faz parte da nossa cultura, tem um significado histórico para isso também, então vejo a interculturalidade para se trabalhar assim, trazendo essas possibilidades de pensar a partir da concepção antropológica mesmo. (PROFESSOR D. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Conforme as respostas dos entrevistados, notou-se que, nas suas experiências com o cinema na sala de aula, certamente há, a presença de um conhecimento intercultural desenvolvido a partir dos filmes, como mostram os exemplos relatados. Sendo assim, quanto a interculturalidade, Candau (2010, p.55) supõe que trata-se da “inter-relação entre diferentes culturas”. Ou seja, as informações coletadas nas entrevistas estão em conformidade com este conceito, uma vez que, nessas exibições cinematográficas se estabelecem possíveis ligações entre a cultura local com a cultura de outros ambientes.

Para subsidiar essa posição, Ibid. (2010, p. 52) discorre que “ as salas de aula, onde pretensamente, se ensina e aprende, deveriam ser espaços [...] de vivencias que têm necessariamente uma dimensão antropológica, política e cultural”. Nesse sentindo, compreende-se que, através da interculturalidade é possível permear essa dimensão, e os filmes se enquadram justamente no ponto em que, são produções que englobam os mais variados aspectos e características, de inúmeras culturas e grupos sociais, que em síntese, viabilizam uma visualização, ainda que somente em parte, aquilo que pode ser intercultural.

Uma vez que, se obteve uma resposta positiva em relação ao conhecimento intercultural que os filmes em sala de aula podem trazer, se destaca a importância da consciência de que há realidades, hábitos e pensamentos diferentes a cerca de um mesmo tema, e frisando ainda mais essa relevância para o meio social, Ibid. (2010, p. 56) “ a interculturalidade orienta processos que têm por base o reconhecimento do direito a diversidade”. Em conformidade, pode-se considerar que, esse reconhecimento estimula o respeito a pluralidade coletiva e individual.

Portanto, para finalizar a entrevista, questionou-se aos entrevistados: acredita que a inserção do cinema nos espaços escolares, seja uma ferramenta contribuinte eficaz no processo ensino aprendizagem? As afirmações foram:

Sim, bastante, e é preciso trabalhar de forma séria. Essa inserção tem que ser séria, tem que estar registrada em um projeto ou então registrada no plano de ensino da disciplina. Quando eu exibo um filme, é uma aula prática para a sociologia porque eu pego conceitos que foram trabalhados, o conteúdo que foi ministrado, as análises que foram produzidas, e vamos para uma atividade onde você assiste. Eu considero o cinema como uma ferramenta importante, mas eu faço essa ressalva, é muito importante de que seja feita de forma planejada, e ela tem que ser entendida não como ferramenta de substituição de uma aula, não é ferramenta eventual é ferramenta pedagógica séria, que se você usa a qualquer modo, os alunos não vão entender, o e o próprio corpo discente não vai levar a sério. Eu sou a favor dessa inserção, acho que ela é importante, mas tem que ser feita de forma séria. (PROFESSOR A. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018)

Sim. É uma ferramenta fundamental, eu não uso mais devido ao tempo mesmo, aulas curtas, quando você vai passar um longa tem que articular com o colega, duas três aulas, porque tem outra coisa importante, não é só passar o filme também, você dá o conteúdo aula expositiva seminário e acabou, o filme precisa ser debatido, pode fazer isso antes ou depois, mas há uma preparação, uma sinopse, e depois tem que fazer uma discussão um debate, até mesmo para dar voz ao aluno, “olha você conseguiu enxergar isso? Sim professor e tal...”. Lógico que ele nunca substituiu um livro, mas é muito produtiva essa inserção. (PROFESSOR B. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Sim, é interessante essa inserção do cinema nas instituições. Acredito que já tenha colocado isso, temos um projeto, o cineclube, que é muito simples, não está atrelado a uma disciplina especificamente, ele consiste em basicamente ter um cineminha aqui e quem quiser parar para ver não tem uma obrigatoriedade, nem ficha de frequência, eles podem assistir ao filme e quem quiser ficar depois do filme, uns dez ou quinze minutos a mais, alguns professores fazem alguns comentários do filme que foi exibido, geralmente o filme está ligado a algum tema, por exemplo, o primeiro filme foi “o clube da luta”, onde a temática é a sociedade do consumo. (PROFESSOR C. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Sim, e faço uma crítica, precisamos aprender a trabalhar melhor com esses instrumentais, e esses instrumentais precisam estar disponíveis. Como suporte pedagógico poucos professores trabalham com isso, a metodologia geralmente é voltada para esse ensino clássico vitoriano mesmo, da sala de aula, texto e exercício, que nem sempre tem esse efeito que gostaríamos, que eles entendessem. Acho que estamos lutando contra a máquina, e isso pode auxiliar tanto a gente, mas ainda ficamos reticentes, pensam que o filme é para passar tempo, que passar filme não é aula. Ainda há uma resistência por parte do corpo docente em adotar esses instrumentais. É um problema que temos com a tecnologia, ela não é um inimigo, ela está aqui e precisamos saber como trazê-la de fato ao nosso favor, porque o celular está na sala de aula independente de se criar toda uma disciplina para proibir, o celular vai estar em sala de aula, eles vão criar outras formas de usar o celular, e então porque não trazer isso para a gente? Não dá para lutar contra isso. (PROFESSOR D. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

Ambos os relatos mostraram concordância quanto a inserção do cinema no meio educacional. A vista disso, pontua-se que, de acordo com as respostas dos entrevistados, o uso de filmes em sala de aula, constituem como ferramenta pedagógica, desde que utilizados com responsabilidade. E reconhecendo essa aplicabilidade, do cinema em sala de aula, Cabrera (2006, p. 28) expões que “ o que o cinema proporciona é uma espécie de superpotencialização das possibilidades conceituais da literatura [...] indispensável ao desenvolvimento do conceito”.

Ou seja, como colocado durante a entrevista, o cinema otimiza as aprendizagens em sala de aula, essa característica pode ser considerada a mais sagaz quanto a utilização das produções cinematográficas. Outro ponto necessário a ser refletido, é quanto à capacidade de visualização e aplicação dos filmes. Como foi citado por um professor, a instituição dispõe atualmente de um projeto intitulado cineclube, onde as películas exibidas possuem eixos interdisciplinares, que dão partida para discursões sobre diversos temas.

Nesta perspectiva, Napolitano (2013, p. 42) sublinha, que é fundamental que tenha no quadro de lotação das escolas, “professores criativos, com capacidade de iniciativa, que se preparam e buscam instrumentos para transforma ideias em projetos viáveis”. Desta forma, considera-se nas colocações dos entrevistados, que a utilização dos filmes somente resultará conforme o desejado, se houver anteriormente a exibição, de um planejamento devidamente desenvolvido.

Quanto ao cineclube, o professor discorre que, a proposta desse projeto é justamente reversar tipos de filmes, menciona ainda que, nas grandes cidades a população tem acesso a bibliotecas, museus, e até mesmo a produções fílmicas que no interior do país dificilmente se tem, ou seja, o contato com a cultura se expande nos grandes centros urbanos, enquanto que nos pequenos municípios esta oferta é escassa. O professor finaliza manifestando que “ o cineclube é uma maneira de tentar amenizar isso, e não só isso, para quem se interessar em saber mais, quando termina o filme é que o filme começa” (PROFESSOR C. DEPOIMENTO COLHIDO EM OUTUBRO DE 2018).

No que diz respeito a efetuação da inserção do cinema nos espaços escolares, têm-se o suporte legal da Lei nº 13.0006/2014, que assegura a exibição de duas horas mensais, de filmes nacionais, nas escolas brasileiras. Contudo não basta apenas afirmar essa inserção, é necessário garantir que ela seja efetivada, ou seja, como em alguns relatos na entrevista, nem todas as escolas dispõem dos recursos midiáticos, ou ainda, nem todas as comunidades escolares compreendem a importância dessa interação.

Em síntese, ao concluir a entrevista, acredita-se que através dos diálogos com os sujeitos da pesquisa, a problemática que norteou o estudo monográfico foi respondida. Salienta-se que, no decorrer do desenvolvimento da investigação em campo, ficou visível o vislumbre da junção entre cinema e educação, e assim, conceberam o surgimento de novas opiniões e proposições, e que, certamente superou o grau de satisfação desejado dos envolvidos, com a execução do estudo que norteou essa pesquisa.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema proposto nesta monografia, Sétima Arte e Educação: a utilização e possíveis contribuições do cinema no processo de ensino e aprendizagem no Ensino Médio do IFPA, teve o estudo e a pesquisa desenvolvida a fim de se atingir o objetivo geral, no qual, pode-se verificar se a utilização do cinema no espaço escolar pode contribuir no processo ensino aprendizagem, ocasionando o conhecimento intercultural dos alunos do ensino médio integrado

Para compreender este pressuposto, sustentou-se todo o estudo exposto com base na questão norteadora, onde foi questionado se: a utilização do cinema no espaço escolar pode contribuir no processo ensino aprendizagem dos alunos ocasionando o conhecimento intercultural? Com esta perspectiva, abordou-se o cinema como ferramenta contribuinte do processo ensino aprendizagem no espaço institucional. Dessa forma, as análises realizadas a partir das informações coletadas via entrevista, possibilitaram uma melhor compreensão acerca do tema.

Assim sendo, após a pesquisa em campo, entrevista e estudos bibliográficos, no que diz respeito a esta pesquisa, identificou que o cinema contribui no processo de ensino aprendizagem dos alunos na instituição. Contudo frisa-se que, somente acontece essa contribuição por meio dos filmes, com referência à aprendizagem dos alunos, devido ao planejamento e compreensão dos educadores em otimizar essa ferramenta pedagógica.

Durante o contato com o campo pesquisado, tendo como subsídio o referencial teórico, foi possível conhecer a importância da Sétima Arte e sua aplicabilidade na Educação, bem como identificar como a Instituição pesquisada trabalha a Sétima Arte como linguagem visual, o que acabou por possibilitar que a pesquisadora pudesse compreender como o uso do cinema no ambiente escolar proporciona o conhecimento intercultural instigando uma visão crítica reflexiva entre os alunos.

Notou-se que os alunos são estimulados a participar das atividades realizadas, e como essa inserção do cinema é vista como um ponto positivo pelos educadores na instituição, pôde-se presenciar a exibição de um filme cinematográfico, com uma proposta temática acerca da consciência negra, onde percebeu-se o entusiasmo dos alunos em presenciar esta apresentação. Neste sentido, ressalta-se que é importante planejar atividades de modo que os alunos, façam-se ativos.

Portanto, a participação e colaboração dos entrevistados foi de suma importância, uma vez que, até mesmo nas pontuações das produções cinematográficas utilizadas, percebeu-se que há, entre os professores, a percepção e criatividade, acerca das temáticas que podem ser inseridas através de filmes que, inicialmente podem não apresentar-se como potencial para se exibir nas salas de aula. Devido esta constatação, que foi recebida como uma surpresa positiva, os filmes mencionados na pelos entrevistados se encontram em uma lista, no apêndice (A), com título e sinopse.

Por fim, obteve-se a resposta para a questão norteadora desse estudo, e os resultados esperados quanto aos objetivos, foram alcançados. No entanto, vale ressaltar que, no decorrer desta pesquisa, outras indagações acerca do uso do cinema nos espaços escolares surgiram, e através do contato com o campo da pesquisa, as ponderações e assimilações desse estudo foram expandindo, oportunizando novos questionamentos junto aos entrevistados.

Ou seja, as propostas colocadas neste estudo foram investigadas e respondidas, no entanto as reflexões surgidas apontam que os estudos acerca do tema não se findam ou se concluem, mas abrem novos caminhos para outras pesquisas, pois, o cinema é invenção humana, e como tal reflete as características de seus inventores, se faz e refaz, constrói e descontrói, bem como a educação.

7. REFERÊNCIAS

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BERNADET, Jean-Claude. Brasil em tempos de cinema: ensaio sobre o cinema brasileiro de 1958 a 1966. São Paulo: Companhia das letras, 2007.

______. Cinema brasileiro: propostas para uma história. São Paulo: Companhia das letras, 2009.

CABRERA, Júlio. O cinema pensa: uma introdução à filosofia através dos filmes. Rio de janeiro: Rocco, 2006.

CANDAU, Vera. Construir ecossistemas educativos. In______. (Org.). Reiventar a escola. 7. ed. Petrópoles, RJ: Vozes, 2010.

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DUARTE, Rosália. Cinema e educação. São Paulo: Autêntica, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

FRESQUET, Adriana. Cinema e Educação: reflexões e experiências com professores e estudantes de educação básica, dentro e “fora” da escola. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2013.

KEMP, Philip. Tudo sobre cinema. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.

MACMILLAN, Margaret. A primeira guerra mundial: que acabaria com as guerras. São Paulo: Globo livros, 2014.

MACHADO, João Luís de Almeida. Na sala com a sétima arte: aprendendo com o cinema.

MARSON, Melina. Para entender a retomada: cinema e estado no Brasil nos anos 1990. Revista observatório Itaú cultural, São Paulo, n. 10, set/dez, 2010.

MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino médio. 3. ed. Campinas: Papirus, 2001.

MORIN, Edgar. O cinema ou homem imaginário: ensaio de antropologia sociológica. São Paulo: É Realizações, 2014.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 5. ed. São Paulo:

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NUNES, Célia Maria Fernandes; DINIZ, Margareth; BARBOZA, Maria das Graças Auxiliadora Fidelis. O cinema na universidade: pelas mãos dos/as professores/as. In: TEXEIRA et al (Org.). Telas da docência: professores, professoras e cinema. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

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XAVIER, Ismail. A sétima arte, um culto moderno: o idealismo estético e o cinema. São Paulo: Sesc, 2017.

WHITAKER, Jussara et al. Manual de normas para trabalhos científicos da faculdade do Tapajós (FAT). Itaituba/PA, 2015.

8. APÊNDICES

8.1. APÊNDICE A – LISTA DE FILMES

8.1.1. CLUBE DA LUTA

Data de lançamento 29 de outubro de 1999 (2h 19min)

Direção: David Fincher

Gêneros Suspense, Drama

Nacionalidades Alemanha, EUA

Jack (Edward Norton) é um executivo jovem, trabalha como investigador de seguros, mora confortavelmente, mas ele está ficando cada vez mais insatisfeito com sua vida medíocre. Para piorar ele está enfrentando uma terrível crise de insônia, até que encontra uma cura inusitada para sua falta de sono ao frequentar grupos de auto-ajuda. Nesses encontros ele passa a conviver com pessoas problemáticas como a viciada Marla Singer (Helena Bonham Carter) e a conhecer estranhos como Tyler Durden (Brad Pitt). Misterioso e cheio de ideias, Tyler apresenta para Jack um grupo secreto que se encontra para extravasar suas angústias e tensões através de violentos combates corporais.

Disponível em: < http://www.adorocinema.com/filmes/filme-21189/> Acesso em 6 de Nov. 2018.

8.1.2. O JARDINEIRO FIEL

Data de lançamento 14 de outubro de 2005 (2h 08min)

Direção: Fernando Meirelles

Gênero Suspense

Nacionalidade EUA

Uma ativista (Rachel Weisz) é encontrada assassinada em uma área remota do Quênia. O principal suspeito do crime é seu sócio, um médico que encontra-se atualmente foragido. Perturbado pelas infidelidades da esposa, Justin Quayle (Ralph Fiennes) decide partir para descobrir o que realmente aconteceu com sua esposa, iniciando uma viagem que o levará por três continentes.

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-56739/> Acesso em 6 de Nov. 2018.

8.1.3. OLIVER TWIST

Duração 2h 05min

Direção: Roman Polanski

Gêneros Aventura, Drama

Nacionalidades França, Reino Unido, Itália, República Tcheca

Oliver Twist (Barney Clark) é um órfão entre as centenas que sofrem com a fome e o trabalho escravo na Inglaterra vitoriana. Vendido para um coveiro, ele sofre com a crueldade da família deste e acaba fugindo para Londres. Lá ele é recolhido das ruas por Artful Dodger (Harry Eden), um ladrão que o leva até Fagin (Ben Kingsley), um velho que comanda um exército de prostitutas e pequenos marginais. Quando Oliver conhece um bondoso homem em quem finalmente enxerga um possível pai, Fagin teme que ele denuncie seu esquema. Para evitar isso Fagin planeja um assalto à casa do rico Sr. Brownlow (Edward Hardwicke), o pai desejado por Oliver.

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-53969/> Acesso em 6 de Nov. 2018.

8.1.4. O SORRISO DE MONALISA

Data de lançamento 23 de janeiro de 2004 (1h 59min)

Direção: Mike Newell

Gêneros Comédia dramática, Romance

Nacionalidade EUA

Katharine Watson (Julia Roberts) é uma recém-graduada professora que consegue emprego no conceituado colégio Wellesley, para lecionar aulas de História da Arte. Incomodada com o conservadorismo da sociedade e do próprio colégio em que trabalha, Katharine decide lutar contra estas normas e acaba inspirando suas alunas a enfrentarem os desafios da vida.

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-40141/> Acesso em 6 de Nov. 2018.

8.1.5. PANTERA NEGRA

Data de lançamento 15 de fevereiro de 2018 (2h 15min)

Direção: Ryan Coogler

Gêneros Ação, Aventura, Ficção científica, Fantasia

Nacionalidade EUA

Após a morte do rei T'Chaka (John Kani), o príncipe T'Challa (Chadwick Boseman) retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação. Nela são reunidas as cinco tribos que compõem o reino, sendo que uma delas, os Jabari, não apoia o atual governo. T'Challa logo recebe o apoio de Okoye (Danai Gurira), a chefe da guarda de Wakanda, da irmã Shuri (Letitia Wright), que coordena a área tecnológica do reino, e também de Nakia (Lupita Nyong'o), a grande paixão do atual Pantera Negra, que não quer se tornar rainha. Juntos, eles estão à procura de Ulysses Klaue (Andy Serkis), que roubou de Wakanda um punhado de vibranium, alguns anos atrás.

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-130336/ Acesso em 6 de Nov. 2018.

8.1.6. TERREMOTO - A FALHA DE SAN ANDREAS

Data de lançamento 28 de maio de 2015 (1h 54min)

Direção: Brad Peyton

Gêneros Ação, Aventura, Suspense

Nacionalidade EUA

Um forte terremoto atinge a Califórnia e faz com que Ray (Dwayne Johnson), um bombeiro especializado em resgates com helicópteros, tenha que percorrer o estado ao lado da ex-esposa (Carla Gugino) para resgatar a sua filha Blake (Alexandra Daddario).

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-200433/> Acesso em 6 de Nov. 2018.

8.1.7. TRÓIA

Data de lançamento 14 de maio de 2004 (2h 35min)

Direção: Wolfgang Petersen

Gêneros Épico, Ação, Aventura

Nacionalidades EUA, Reino Unido

Em 1193 A.C., Paris (Orlando Bloom) é um príncipe que provoca uma guerra da Messência contra Tróia, ao afastar Helena (Diane Kruger) de seu marido, Menelaus (Brendan Gleeson). Tem início então uma sangrenta batalha, que dura por mais de uma década. A esperança do Priam (Peter O'Toole), rei de Tróia, em vencer a guerra está nas mãos de Aquiles (Brad Pitt), o maior herói da Grécia, e seu filho Hector (Eric Bana)

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-47357/> Acesso em 6 de Nov. 2018.

8.1.8. UP - ALTAS AVENTURAS

Data de lançamento 4 de setembro de 2009 (1h 35min)

Direção: Pete Docter, Bob Peterson

Gêneros Animação, Família

Nacionalidade EUA

Carl Fredricksen (Edward Asner) é um vendedor de balões que, aos 78 anos, está prestes a perder a casa em que sempre viveu com sua esposa, a falecida Ellie. O terreno onde a casa fica localizada interessa a um empresário, que deseja construir no local um edifício. Após um incidente em que acerta um homem com sua bengala, Carl é considerado uma ameaça pública e forçado a ser internado em um asilo. Para evitar que isto aconteça, ele enche milhares de balões em sua casa, fazendo com que ela levante vôo. O objetivo de Carl é viajar para uma floresta na América do Sul, um local onde ele e Ellie sempre desejaram morar. Só que, após o início da aventura, ele descobre que seu pior pesadelo embarcou junto: Russell (Jordan Nagai), um menino de 8 anos.

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-130368/> Acesso em 6 de Nov. 2018.

8.2. APÊNDICE B – ROTEIRO ENTREVISTA COM O PEDAGOGO

Nome:

Formação acadêmica:

Atuação: 

Roteiro

Qual seu conhecimento com relação ao cinema quanto sétima arte?

Qual a sua perspectiva a respeito das exibições cinematográficas na instituição?

Observa nos alunos da instituição o interesse em presenciar as exibições cinematográficas apresentadas?

Qual a sua percepção acerca de desenvolvimento de projetos voltados para o uso do audiovisual, em sala de aula?

Visualiza o cinema como uma ferramenta contribuinte e eficaz no processo de ensino aprendizagem?

8.3. APÊNDICE C – ROTEIRO ENTREVISTA COM OS DOCENTES

Nome:

Formação acadêmica:

Atuação: 

Roteiro

Qual é a sua concepção em relação ao cinema, como a sétima arte?

Em que momento você constatou que o cinema poderia ser inserido em suas aulas?

Quais fatores influenciam na escolha dos filmes a serem utilizados e como transcorre essa exibição?

Observa nos alunos algum tipo de reflexão crítica instigada através da exibição de filmes?

Considera que a utilização do cinema no espaço escolar pode contribuir no processo ensino aprendizagem dos alunos, ocasionando o conhecimento intercultural?

Acredita que a inserção do cinema nos espaços escolares, seja uma ferramenta contribuinte eficaz no processo ensino aprendizagem?

__________________

1Foi dado o nome chanchada por críticos de cinema aos musicais carnavalescos, que eram julgados como escassos de valor artístico e vulgares, e posteriormente, a todos os filmes que possuíssem esses elementos da comédia popular. São produções rápidas e de baixo custo, consideradas a genuína comédia brasileira. Barboza (2008)

2 Trata-se da manifestação e conjunção de todas as artes anteriormente conhecidas: música, artes cênicas, pintura, escultura, arquitetura e literatura. Xavier (2017)  


Publicado por: Vilma Lucia de Oliveira

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