OS PERCALÇOS DO PROFESSOR ALFABETIZADOR
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1. RESUMO
A alfabetização constitui-se em um processo de suma importância na vida do aluno, pois essa é a fase em que o indivíduo inicia a construção da base de conhecimentos. O presente artigo tem como objetivo retratar os desafios que o professor alfabetizador encontra diariamente em sala de aula como a superlotação da sala de aula, turmas multisseriadas, espaço desproporcional, o despreparo do gestor escolar, a falta de tempo para ações voltadas ao pedagógico, à indisciplina das crianças, além de pais descompromissados com a educação dos filhos, e assim demostrar as dificuldades enfrentadas na escola presente no processo da alfabetização. A construção deste artigo foi elaborada através de pesquisa exploratória, biográfica, qualitativa dando ênfase a uma busca de informações que retratasse os desafios do professor alfabetizador. Procurou-se embasar o estudo em teóricos que possuem trabalhos de pesquisa na área de conhecimento da alfabetização como Ferreiro (2011), Lemle (1988), Vygostky (2010), Cagliari (1989), Piaget (2010), Paulo Freire (1986) e outros. Assim, é possível dizer que a aprendizagem é algo enriquecedor e primordial na vida do indivíduo, porém para alcançar êxito ela perpassa com percalços conflitantes que só com a união das partes envolvidas como escola, professores, família e alunos serão capazes de conseguir mudar não só a nossa realidade, mas sim a vida de todos.
Palavras – chave: ALFABETIZADOR. DIFICULDADES. MEDIADOR.
2. INTRODUÇÃO
A alfabetização constitui-se em um processo de suma importância na vida do aluno, pois essa é fase em que o indivíduo inicia a construção da base de conhecimentos. Novos saberes surgirão posteriormente, ao qual, irá alicerçar-se a partir da carga primária, construída na alfabetização que perpassa pelos meandros da leitura e escrita e que será norteado por um professor alfabetizador.
O presente artigo tem como objetivo retratar os desafios que o professor alfabetizador encontra diariamente em sala de aula, tanto na teoria como na prática retratando dificuldades de aprendizagem presente na educação e assim buscando mecanismos ou métodos de como solucioná-las, pois se sabe que a alfabetização é um sistema muito mais complexo do que se pensa, que vai além do domínio da codificação e decodificação das palavras.
Diante dos diversos obstáculos que o professor enfrenta em sala de aula, surge então a necessidade de conhecer a papel do professor alfabetizador, por meio de informações bibliográficas que elevasse ainda mais a curiosidade em perceber, analisar e avaliar as facetas educacionais que o educador utiliza para o desenvolvimento sócio educativo do aluno durante seu aprendizado e assim desvendar quais os desafios de superação para uma alfabetização de qualidade.
Entendemos que alfabetização é algo muito mais complexo até mesmo pela sua diversidade de métodos que pode vir a gerar uma deficiência ainda maior diante da aprendizagem, que ao analisar os desafios do processo de alfabetização é nítido constatar que não existe método eficaz para um alfabetizador despreparado.
É imprescindível, que professor tenha interesse de compreender e diferenciar a teoria da prática, ao entender que não basta ter apenas o conhecimento e sim, atitude de unir conceitos e ações que elevem o desenvolvimento do aluno, permitindo a realização de um aprendizado mais significativo e eficaz tanto para o aluno quanto ao professor e ações que envolva a coparticipação de todos. Como afirma LEMLE (1988)
“É claro que, além dos conhecimentos básicos, o alfabetizador precisa de outros dons para se sair bem. Ele deve ter respeito pelos alunos, evitar o papel de cúmplice de um sistema interessado em manter esmagado uma grande parte do seu povo, confiar na capacidade de desenvolvimento dos alunos e ter criatividade, inventividade, iniciativa, combatividade e fé em suas capacidade de tornar este mundo melhor.” (LEMLE, 1988, p. 6)
Sabemos que grandes são os anseios do professor alfabetizador em oferecer uma alfabetização de qualidade. No entanto o professor precisa estar sempre a renovar-se frente sua postura como mediador do conhecimento para que tenha uma atitude flexível diante dos fatos encontrados em sala de aula, dando a entender que qualquer aluno é capaz de aprender, basta que haja um professor apto a ensinar.
Para compreender melhor a postura do professor alfabetizador utilizou-se uma pesquisa bibliografia, quantitativa, observada e descritiva diante de autores como: Ferreiro (2011), Lemle (1988), Vygostky (2010), Cagliari (1989), Piaget (2010), Paulo Freire (1986) e outros.
Este trabalho está estruturado da seguinte forma: 2.0. Os percalços da alfabetização; 2.1 As competências do alfabetizador; 2. 2 processo da alfabetização.
Enfim, o professor alfabetizador é aquele que tem a capacidade de se reinventar diariamente, porque sabemos que não existe método eficaz e sim conhecimentos que auxiliam durante a trajetória pedagógica do professor, diante do seu papel como mediador do conhecimento.
3. OS PERCALÇOS DO PROFESSOR ALFABETIZADOR
A alfabetização tem sido uma das maiores preocupações do sistema de ensino no Brasil. E, isso devido às carências intelectuais do aluno durante o processo de aprendizagem, é fácil identificar alguns problemas que dificultam o desenvolvimento dos mesmos tornando-os analfabetos funcionais de modo que sabem ler e escrever, mas não conseguem interpretar e nem compreender o significado das palavras, como afirma (IPM 2005, p. 12):
É considerado analfabeto funcional a pessoa que, mesmo sabendo ler e escrever um enunciado simples, como um bilhete, por exemplo, ainda não têm as habilidades de leitura, escrita e cálculo necessárias para participar da vida social em suas dimensões no âmbito comunitário, no universo do trabalho e da política, por exemplo.(IPM, 2005. p,12)
E por ser tamanhas as dificuldades que o alfabetizador encontra em sua jornada, muitos docentes desistem e partem para outras áreas, deixa assim, este setor muito fragilizado, com defasagem no fazer pedagógico do professor por se sentirem tensos e sobrecarregados ao ver o índice de analfabetismo e repetências e evasão escolar durante formação acadêmica, dando sentido a diversos questionamentos, busca constate de encontrar meios de reverter essas catástrofes educacionais no País, conforme CAMBI (1999) afirma:
A partir dos anos 80, e sucessivamente até hoje, a pedagogia foi atravessada por um feixe de novas emergências, novas exigências e novas formulas educativas, novos sujeitos dos processos formativos/ educativos e novas orientações políticas culturais. (CAMBI, 1999p, 638).
A alfabetização está passando por grandes progressos entre a leitura e a escrita que vão muito além da decodificação de palavras que o abandono da sala de aula. Além disso, têm-se as baixas condições do sistema de educação, os desafios que comprometem o desenvolvimento do aluno, são meros obstáculos que elevaram a capacidade do educador em se reconstruir gradativamente durante o processo para alfabetização de qualidade com afirma Cagliari (1989).
“Alfabetização é o processo pelo qual as pessoas aprendem a ler e a escrever. Entretanto, esse aprendizado vai muito além de transcrever a linguagem oral para a linguagem escrita. Alfabetizar-se é muito mais do que reconhecer as letras e saber decifrar palavras. Aprender a ler e a escrever é apropriar-se do código linguístico - gráfico e tornar-se, de fato, um usuário da leitura e da escrita.” (CAGLIARI, 1989.p, 85).
A alfabetização não consiste somente na aquisição da leitura e escrita, ela necessita ser acompanhada pelo mecanismo de interpretação e compreensão, por serem conceitos que elevarão a capacidade do aluno se desenvolver socialmente. No entanto, o processo de alfabetização não acontece sozinho, necessita da intervenção do professor como mediador do conhecimento, partindo assim da interação e coparticipação do aluno diante das diversas atividades proposta pelo professor. Segundo Ferreiro (2011): “Para aprender a ler e a escrever é preciso apropriar-se desse conhecimento, através da reconstrução do modo como ele é produzido. Isto é, é preciso reinventar a escrita. Os caminhos dessa reconstrução são os mesmos para todos os alunos de qualquer classe social.”
O professor é a peça chave para o desenvolvimento eficaz do aluno, diante da sua postura educadora e por ter consciência da importância do seu papel como mediador do conhecimento. A aprendizagem acontece quando o indivíduo sente-se estimulado a vivenciar dentro da sua realidade algo novo, ao tornar aquele contexto uma experiência prazerosa, ou seja, algo além do que uma simples obrigação, onde a leitura e a escrita passa a ser algo mais revolucionário e inovador nas suas vidas, como afirma Emília Ferreira (1985):
“A alfabetização inicial é considerada em função da relação entre o método utilizado e o estado de maturidade ou de prontidão da criança. Os dois polos do processo de aprendizagem (quem ensina e quem aprende) tem sido caracterizado sem que se leve em conta o terceiro elemento da relação: a natureza do objeto de conhecimento envolvendo esta aprendizagem”. (Emília Ferreira 1985, p, 9)
Diante dos desafios constatados no processo de aprendizagem é nítido perceber que um dos maiores desafios são a indisciplina e a desmotivação dos alunos dentro ou durante o processo de aprendizagem. Mas, apesar disso, muitos indivíduos ainda se esmeram nos estudos.
Devido à falta de tempo os pais, estão delegando a formação constitucional e ética dos filhos, a terceiros não levando em conta as virtudes de uma base familiar na formação educacional dos educando, sendo essas atribuições destinadas aos avós, tios, creches, escolas, e por vários outros motivos à família deixa de exercer o seu papel que é primordial na vida do aluno. Ao passar a responsabilidade de formação de caráter para o professor o mesmo torna-se o vilão do fracasso educacional dos alunos, no entanto sabemos que os alunos são reflexos do lar de convívio e que o estímulo, a educação e a motivação são de estrema responsabilidade da família em catequisar os filhos antes de adentrar na escola.
A criança ao entrar na escola ela traz consigo uma bagagem de conhecimento que serão despidos aos poucos pelo professor, e o aluno independente da sua idade ou classe social trazem consigo uma bagagem, por isso é importante à interação da família coma a escola. Desde o ano de 1988 no artigo 205 da Constituição da Republica Federal afirma que “a educação é direito de todos é dever do estado e da família estar inteiramente ligadas e sintonizadas priorizando a formação de qualidade dos alunos”, que segundo Nérici (1972).
A educação deve orientar a formação do homem para ele pode ser o que é da melhor forma possível, sem mistificações, em sentido de aceitação social. Assim, a ação educativa deve incidir sobre a realidade pessoal do educando, tendo em vista explicitar suas possibilidades, em função das autênticas necessidade das pessoas e da sociedade. (Nérici, 1972, p.12).
Nesta concepção entendemos que o papel da família é algo primordial para o desenvolvimento sócio educativo do aluno e que não existe nenhuma outra instituição que possa substituir o valor da família no desenvolvimento sociocultural do aluno. Por isso, compreende-se que a falta de indisciplina na escola é reflexo do lar, muitas das vezes é a maneira que o aluno tem para transmite seus problemas, suas inseguranças, falta de limite, os seus medos e sentimentos.
Boa parte da aula é interrompida para chamar atenção, impor limites diante a falta de respeito do aluno com o professor, onde se encontram sobrecarregado de trabalho em tem que educar e formar o aluno, sendo que a educação e formação de caráter tem que vir de casa, que de acordo com Piaget (1977, p. 7), “ toda moral é um sistema de regras e a essência de toda moralidade consiste no respeito que o individuo sente por tais regras”.
No entanto o alfabetizador deve estar sempre preparado para resolver questões que possam ajudar o aluno assimilar e a construir alicerces que sirvam como base de construção de saberes para uma boa convivência como troca de conhecimento, porque o educador não é o dono do saber.
E as práticas educacionais estão a cada instante mais diversificada, ao confrontar-se sempre a postura e estratégias e os subsídios que professor utiliza para realização do seu trabalho como no processo ação/reflexão/ação com uma busca constate de enriquecer e aperfeiçoar suas ações educativas durante o processo aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.
3.1. AS COMPETÊNCIAS DO ALFABETIZADOR
Alfabetização não deve ser caracterizada apenas como mais uma etapa na vida do aluno, a escola e a sociedade são os colaboradores para o desenvolvimento intelectual e social do sujeito e que a leitura e escrita é uma convenção.
O bom alfabetizador é aquele que é capaz de prever antecipadamente um problema para que não atrapalhe o desenvolvimento do aluno, respeitando suas dificuldades mais buscando aperfeiçoar suas competências e habilidades, sabemos que ninguém e ruim em tudo e segundo Lev Vygotsky, o aprendizado e o desenvolvimento andam juntos, de modo que a criança ao obter contato com o outro ser ou ambiente, acabara absorvendo informações que contribuirá para o seu progresso intelectual e social. De acordo com Carvalho (2003):
Para o professor, a primeira turma de alfabetização é uma responsabilidade que preocupa e assusta. Colegas de trabalho, e família dos alunos estão atentos aos resultados. Quem tem êxito constrói uma reputação valiosa. Quem fracassa, recebe no ano seguinte uma turma mais fraca, de criança mais pobre, repetente, que não tem quem olhe por elas.(Carvalho, 2006 p. )
O desenvolvimento do aluno, no ambiente escolar se dá a partir da coparticipação dele nas atividades diárias, e da adaptação que surge, a intervenção do professor em observar, identificar e analisar as dificuldades demonstradas pelo aluno. Na teoria de Emilia Ferreiro, o professor é o mediador entre o conhecimento e o desenvolvimento, as interações com grupo incentivam a autonomia, a busca de novas experiências, favorecendo ainda mais aprendizagem com o todo. De acordo com Maria Pilar Lacerda (2009).
Todo aluno é capaz de aprender. E todo professor deve ser capaz de ensiná-lo. De nada adianta um profissional cursar a melhor faculdade, mas não ter didática, paciência e sensibilidade para respeitar o tempo às diferenças de cada aluno. (Pilar Lacerda 2009)
Entendemos que nem todo aluno tem a facilidade de aprender algo novo tão rápido, sabemos cada um tem a sua particularidade, é onde a parece o diferencial do educador em buscar subsídios para renovação de novas práticas ou teorias favorecendo o desenvolvimento do aluno. A aula pode se tornar significativa, partindo do conhecimento didático e lúdico onde o educador tem a possibilidade de planejar e elaborar e manipular uma aula alfabetizadora, onde os cartazes pregados na sala de aula deixam de serem enfeites, tornando mecanismo de leitura dentro do ambiente educacional, de modo que todos participem da aula levando consigo algo sempre novo e proveitoso para sua vida.
A aquisição da leitura e escrita não acontece sozinho, necessita da intervenção do professor como mediador do conhecimento e da aprendizagem como o todo. O desenvolvimento humano ocorre imprescindivelmente durante séculos,
Pensando assim, o professor é a peça chave para construção de um ensino eficaz do indivíduo, pois algumas destas crianças têm o professor como mestres exemplos que ela veem dentro da sala de aula. Desta forma, o professor precisa procurar mecanismo que o ajude a planejar e desenvolver atividades significativas favorecendo o desenvolvimento do aluno e sua aprendizagem a partir das cotações de história, músicas, jogos e brincadeiras que abriram caminhos para novos horizontes intelectuais e algum contexto escolar para os professores são;
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- Trabalhar de forma individual com o aluno que mostrou determinada dificuldade diante os conteúdos proposto.
- Motivar atividades coletivas entre si, para que possam estar trocando experiência diante do que foi proposto na aprendizagem.
- Valorizar os conhecimentos prévios o aluno diante sua vivência.
A formação de qualidade não é apenas dominar os conteúdos é buscar ensinar da melhor maneira os assuntos. O professor precisa dominar técnicas de atividades para enriquecer os conteúdos didáticos que serão suas ferramentas diárias. O professor de qualidade é aquele que busca a sua própria superação
A aquisição da aprendizagem acontece quando o individuo é estimulado a vivenciar dentro da sua realidade algo novo, tornado daquele contexto uma experiência muito mais prazerosa do que uma simples obrigação. A leitura e a escrita tem que ser passada para os alunos como um experimento renovador no qual, eles sintam o desejo de estar sempre em busca de novos conhecimentos. E para que haja um aprendizado significativo deve-se existir um mentor, alguém que lhe apresente algo novo e diferenciado. Segundo Teberosky (2003): é de fundamental importância apresentar ás crianças os suportes de linguagem escrita, em particular os livros e, sobretudo, suportes que, nos lares das crianças, são poucos frequentes.
O educador como conhecedor do saber, necessita ter algumas habilidades educacionais como planejar, organizar, mediar e avaliar, construindo uma postura diferencial entre dos demais, que só assim o educador saberá reverter dificuldades em meros desafios que o elevaram para caminhos extraordinários de superação, porque todo o dia estamos aptos aprender a ensinar. Como afirma POERSCH (1990)
O alfabetizador é um profissional do ensino de línguas e, como tal, além do domínio e das técnicas pedagógicas deve possuir sólidos conhecimentos linguístico tanto da língua, enquanto meio de comunicação, quanto sobre língua, enquanto objeto de análise. (POERSCH, 1990, p.37.)
O bom alfabetizador é também um grande investigador, uma pessoa que estar sempre em busca de algo relevante para seus desafios, que além de investigar ele precisa saber relacionar conceitos satisfatórios dentro da sala de aula, dando subsídios ao elevar o desenvolvimento do aluno. A aprendizagem só é satisfatória quando o aluno é capaz de relacionar sua vivência com aprendizagem, e isso não acontece espontaneamente e sim pela troca de conhecimento, o professor sabe que diante das dificuldades todo aluno tem uma habilidade que deve ser reconhecida, estimulada e transformada em suporte de desenvolvimento sociocultural do aluno.
Em fim, a alfabetização bem sucedida é quando o professor está capacitado e disposto a ensinar, buscar, estimular e desenvolver dentro da criança uma motivação em querer ir além daquilo que é dado, porque não basta ensinar ler e escrever e sim dá suporte para o aluno pensar e se reinventar diante tantos conhecimento.
3.2. O PROCESSO DA ALFABETIZAÇÃO
A escola é espaço mais amplo que o aluno tem para experimentar diversas formas de resolver conflitos e obter novas experiências, desta maneira que a escola e professor devem estar abertos a ensinar os alunos a lidar com a diversidade cultural e social do meio de que estar inserido.
Faz-se necessário proporcionar aulas mais edificantes para o aluno, mostrando as diversidades de informações que contribuirão para sua aprendizagem dentro e fora do ambiente escolar, na visão da Educadora Emilia Ferreira e Lev Vygotsky, a criança não necessita de idade para desenvolver intelectualmente e sim de estímulo de mudanças os meios a tantas informações.
O aprendizado é chave fundamental para o desenvolvimento humano, que estar ligado direta e indiretamente com o universo sociocultural do indivíduo, porque o desenvolvimento do aluno na escola se dá partir da sua coparticipação nas atividades proposta dentro e fora da sala de aula, levando em conta a importância da intervenção do professor em instruir nas atividades.
A aquisição da leitura e escrita não acontece somente na sala de aula, e algo que vai muito além dos portões da escola, a leitura faz parte continua na vida do estudante, independente da sua escolarização, porque nem todos que sabem decodificar códigos linguísticos sabem ler e interpretar, que segundo Cagliari (2005).
A leitura é extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior de que um diploma. A leitura é uma atividade de assimilação de conhecimento, de interiorização, de reflexão. (CAGLIARI, 2005.p, 148)
Mas o processo da alfabetização tem seus estágios primordiais, na formação educacional do individuo, é importante ressaltar que a leitura e a escrita é a porta do conhecimento, onde os pequenos desbravadores poderão reutilizar de diversos gêneros textuais para ler o mundo e resolver conflitos. A alfabetização não deve ser caracterizada apenas como mais uma etapa na vida dos alunos e sim o começo do desenvolvimento sociocultural.
4. MATERIAL E MÉTODOS
A construção deste artigo foi elaborada através de pesquisa qualitativa, biográfica, exploratória dando ênfase a uma busca de informações que retratasse os desafios do professor alfabetizador.
Ao se exercer a regência escolar, busca-se retratar fatos reais dentro do contexto escolar, em que se descrevem as incertezas e insatisfações ocorridas dentro da instituição escolar dando margens a uma busca de interação entre a teoria e prática.
A realidade constatada no período de estágio II, em uma escola particular situada na cidade de Itabuna/ Bahia, durante dez dias, na condição de regente da turma do 1º ano do Ensino Fundamental I, com média de vinte e quatro alunos, com idade entre seis a sete anos, mas com variação de classe social e dificuldades educacionais que poderão ser explicadas tanto na teoria quanto na prática pedagógica, serão alicerçadas por grandes autores com Piaget, Ferreiro, Vygotsky, Cagliari, Lemle e muitos outros que darão sustentabilidade ao projeto.
E ao se elaborar o artigo, procurou-se unir a prática real e documentada que serviu como alicerce para construção deste trabalho acadêmico, no qual possibilitará debater e relacionar alguns conceitos de possíveis soluções para os percalços do professor alfabetizador.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao se ingressar no âmbito acadêmico, foi possível conhecer e vivenciar diversos acontecimentos e conhecimentos que auxiliarão na nossa formação profissional. E, o período de docência conduz a reflexão e a interação com os resultados de ações dentro do ambiente escolar, em que à teoria estudada e a prática estão entrelaçadas entre ação/reação ou reação/ação. Assim, é possível relacionar o conhecimento prévio adquirido na formação acadêmica em parceria com a prática real em sala de aula, e perceber as possíveis limitações, além das dificuldades a serem enfrentadas na profissão.
Diante de vivências no âmbito escolar torna-se nítidos alguns desafios que o professor enfrenta ao exercer a sua profissão como a superlotação de alunos na sala de aula, turmas multisseriadas, espaço desproporcional, o despreparo do gestor escolar, as multifunções do coordenador na falta de tempo para ações voltadas ao pedagógico, à indisciplina das crianças, além de pais descompromissados que transferem a responsabilidade da educação do filho para escola ou para terceiros.
Desta forma, muitos são os percalços do professor, principalmente, do professor alfabetizador que se encontra como o profissional mais cobrado, por ser responsável pela série que envolve toda sustentação dos demais níveis escolar do aluno, durante sua vida.
O professor é o mediador do saber, em que a responsabilidade de se criar caminhos apropriados e eficazes para a descoberta do conhecimento pelo aprendiz, pesa sobre os seus ombros. Um caminho desafiador, no qual o indivíduo descobre a representação de fonemas e grafemas e o docente precisa ajudar o seu aluno a perpassar a decodificação e o conduzi-lo ao mundo da compreensão de seus significados por meio do código escrito. Como já foi citado por grandes autores como Emília Ferreira, Paulo Freire, Cagliari e muitos outros que a alfabetização é algo mais complexo, pois, o ler e o escrever são a sustentabilidade de algo que vai além da compreensão.
O papel do professor é o ponto primordial para o desenvolvimento do aluno, mas não se pode ter um aprendizado eficaz com um professor desmotivado, desvalorizado e muitas vezes desrespeitado em sua profissão. A sociedade em si passa por um desequilíbrio educacional onde todos querem resultados, mas poucos se unem para chegar a uma solução. É mais fácil apontar o erro e intitular o profissional como incapaz, do que assumir seu papel, pois, os pais não têm tempo de ensinar ou acompanhar a formação educacional dos filhos, que muitas das vezes reflete em alunos mal criados, rebeldes, agressivos ou de uma aprendizagem deficiente que poderia ser evitada.
Hoje, o professor além de ensinar, tem que educar as crianças, frente a frases de alguns pais relapsos que chegam a falar: ”tia, dá um jeito ai, porque eu não sei o que fazer mais com fulano” e esquece-se de assumir o seu real papel como pais.
E, outro desafio é quando o professor tenta inserir a criança dentro do sistema da alfabetização e a escola cria barreiras que impossibilita a realização de um bom trabalho. A escola tem um regime ou constituição que muitas vezes é só no papel, com o documento PPP, que afirma (As turmas estão organizadas de acordo com a faixa etária, procurando criar um clima agradável e alegre entre os alunos, a sala de aula é arrumada de acordo as atividades serem desenvolvidas). Onde pode ser visto que não passa de um simples documento e que na realidade o professor se ver sufocado de obrigações, de modo que todos querem ver um resultado, com vinte quatro alunos, no mesmo nível de aprendizagem, mas que se torna algo impossível.
Desta forma, a realidade citada acima, vem contradizer a ideia Jean Piaget, que diz a criança aprende devido seu estágio de amadurecimento, nem todo aluno aprende da mesma maneira. Mas o diferencial se faz presente na parceria entre a escola e comunidade, mas falta a fiscalização da coordenadora e dos pais, que a ponta o dedo e diz que a professora que está com implicância com o aluno que não percebe que o professor sozinho é incapaz de realizar um trabalho eficaz, que independente da sua competência e habilidades o professor não terá sucesso sozinho. Como Vygostky afirma que ninguém se desenvolve sozinho, necessita da união de todos para um melhor benefício, onde todos têm responsabilidades a cumprir porque a formação educacional é direito de todos os cidadãos, com parte do estado, da escola, do professor e da família.
A família é a base, onde se constrói caráter e responsabilidades, pois é através dela que vem o estímulo aos estudos. De acordo com Ferreira a criança ao entrar na escola ele trás consigo uma bagagem de conhecimento que deverá aos poucos ser desabrochado pelo educador, que tem a responsabilidade de buscar se qualificar diante seu papel como mediador do saber. E segundo o professor Paulo Freire, não é a educação que muda o mundo, mas a educação transforma as pessoas que mudará o mundo.
A escola tem parte na responsabilidade entre o fracasso do aluno e o aprendizado do mesmo, mas o professor faz-se desmotivado ante a educação, pois, sabe-se que o corpo docente muitas vezes não se encontra apto a exercer determinada função com êxito. Há uma necessidade urgente na busca da qualificação dos seus profissionais, em oferecer um ambiente mais propício, ao diálogo, parceria, a um lugar mais afetivo, uma organização melhor. Mas, as exigências e cobranças são vigentes em que o professor não pode errar, não pode ter dificuldade, o ambiente muitas das vezes é de discórdia, mal renumerado, não recebi suporte pedagógico, vive sobre pressão, o desrespeito ao seu trabalho.
Devido às situações ocorridas no ambiente escolar, foi possível ter um olhar diferenciado diante da proposta oferecida pela instituição e estabelecida pelas informações que auxiliaram na compreensão do que é o processo aprendizagem. A aprendizagem é algo enriquecedor e primordial na vida do indivíduo, e que só com a união das partes envolvidas como escola, professores, família e alunos será capaz de conseguir mudar não só a nossa realidade, mas sim a vida de todos.
Diante destes percalços pode-se afirmar que não é nada fácil se tornar um professor e mais ainda um alfabetizador, o mais deslumbrante que se tem nesta profissão é a satisfação de trabalho cumprido, ao ter o prazer de ver um aluno dizer ”Tia eu conseguir ler”, é algo que não tem preço.
E o que é um professor alfabetizador? É aquele que tem um olhar mais aguçado, diante tudo que ocorre ao seu redor, ele dever ser atencioso, carismático, dinâmico, responsável e habilidoso diante sua postura profissional e, assim tornado o processo da leitura e escrita algo mais prazeroso e desafiador para tantos os lados, pois, alfabetizar é uma arte.
Desta forma, é possível afirmar que o caminho da educação tornou-se gratificante ao se vivenciar experiências em sala de aula, e entender que o caminho a ser seguido é árduo até se alcançar a posição de um profissional qualificado e, assim oferecer aos alunos um futuro melhor sendo responsável na construção de sua própria história.
Frente ao que foi exposto e pesquisado conclui-se que as dificuldades são nítidas dentro do contexto escolar e no processo alfabetizador que tende, paulatinamente a emperrar a construção da aprendizagem. Mas, é possível entender que o diferencial dessa realidade encontra-se a postura do educador consciente que precisa estar disposto a envolver-se na prática e na reflexão de sua prática para intervir significativamente. O professor precisa estar disposto a ser um professor pesquisador e entender que ele não é algo acabado, mas alguém que busca subsídios para ações reflexivas para, então produzir resultados satisfatórios na construção dos saberes dentro da sala de aula e, consequentemente, na formação de indivíduos. Como afirma Paulo Freire:
Ninguém começa a ser professor numa certa terça feira às 4 horas da tarde. Ninguém nasce professor ou marcado pra ser professor. A gente se faz educador, a gente se forma educador, permanente, na prática e na reflexão sobre a prática (FEIRE, 1995,P.58)
6. CONSIDERAÇÔES FINAIS
Diante de tudo que foi discutido é possível concluir que a alfabetização é algo fundamental na formação educacional do indivíduo onde será a construção da sua formação acadêmica. Pois, a partir do contato com os diversos meios de conhecimentos é que o indivíduo pode mudar a sua realidade no modo de pensar e agir, principalmente, quando este advém de um contexto social baixo, e sem nenhum incentivo na busca do conhecimento ele encontra a oportunidade de fazer do futuro, algo melhor.
Para construção de um sujeito existe a presença de alguém essencial que é o professor alfabetizado que se caracteriza como o elo entre o saber e o indivíduo. Esse professor tende a passar por alguns percalços que o desafia e que o leva a repensar sua prática no fazer pedagógico para assim ter condições de saber lhe dar com todas as dificuldades que se apresente e que, assim o faça um profissional compromissado com o seu trabalho.
Frente ao encantamento que agracia a vida de quem se dedica a alfabetizar, ao poder ensinar os alunos a ler e encontra-se com o mundo das letras, o futuro professor tem a oportunidade de unir a teoria com a prática, além de vivenciar diversas situações, que o conduzirá a deparar-se com outras realidades de vida e contribuir na construção de indivíduos conscientes.
Diante dos conceitos presentes na alfabetização é possível perceber a noção de como será a rotina na profissão tão almejada, pois ao interagir como docente consegui chegar a uma reta final, com o intuito de desenvolver a cada dia na busca por fornecer um trabalho de qualidade e perfeição para todos, como afirma; ( Feire. 1996 pag. 47). “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção ou sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”
Enfim, está experiência foi primordial para o amadurecimento como educador, pois a mesmo foi relevante na formação do graduando tornando-se um profissional mais critico refletivo e consciente diante escolhas, que ao buscar a realização das atividades com eficácia ele proporciona ao educando a oportunidade de se tornarem cidadão ativo dentro da sua própria realidade.
7. REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição (1988). Constituição da Republica Federal do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Imprensa Oficial. Brasília, DF,1988.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Linguística. São Paulo: Scipione, 1989.
_, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguistica. 10ª ed. 12ª impressão. São Paulo. Scipione, 2005.
CAMBI, Franco. História da pedagogia. Tradução de Álvaro Lorenci. São Paulo. Fundação editora da UNESP (FEU), 1999- ( Encyclopaidéia).
CARVALHO, Narlene. Alfabetizadora e Letrar: um diálogo entre teoria e pratica. Petrópolis, RJ. Vozes: 2003
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 26. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 17. Coleção Polemica do Nosso Tempo ed. São Paulo: Cortez Editora, 1985.
, Emília. Psicogêneses da língua escrita. Emília Ferreiro e Ana Teberosky; Tradução de Diana Myrian Lichtenstein, Liana Di e Marco Corso. – Porto Alegre: Artes Médicas. 1985.
FREIRE. Paulo, Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996
_, Paulo. A educação na cidade. São Paulo. Cortez, 1991.
IPM, INSTITUTO PAULO MONTENEGRO. Folheto Analfabetismo Funcional - 2005. São Paulo, 2005.
LACERDA – Maria Pilar. Educar Para Crescer. Acesso 08 de março de 2017
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/professor-qualidade- 504747.shtml
LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. 2ª Ed. São Paulo: Ática, 1988. Série Princípios.
NÉRICI, Imídeo G. Lar, escola e educação. São Paulo: Atlas, 1972.
PIAGET, J. O Julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou, 1932/1977.
POERSCH, J.M. Suportes Linguísticos para a alfabetização. 2ed. Porto Alegre: Sagra 1990.
TEBEROSKY, Ana, COLOMER, Teresa, Aprender a ler e a escrever – Uma proposta construtivista. Porto Alegre, Ar Med.: 2003.
VYGOTSKY, Lev Semeniovichy. Linguagem Desenvolvimento e Aprendizagem. Coleção Educadores MEC / Fundação Joaquim Nabuco. Recife / Pernambuco. Editora Massangana. 2010
Publicado por: Adriana Souza Santos
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