O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO EDUCACIONAL

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1. RESUMO

Ao pesquisarmos a origem da Psicopedagogia, verificamos por meio de estudos que a preocupação com os problemas de aprendizagem teve origem na Europa, ainda no século XIX. No que se refere à inserção da psicopedagogia no âmbito pedagógico, conclui-se que a dinâmica histórico-social determinou a necessidade de um profissional que respondesse aos graves problemas enfrentados pela Pedagogia diante da expansão demográfica do pós-guerra, gerando uma crise na escola devido à utilização de métodos inadequados, aumento de matrículas entre outras dificuldades. Diante dessa situação, a sociedade sentiu uma grande necessidade de um profissional para orientar o processo educativo construindo um conhecimento mais profundo dos processos de desenvolvimento, de maturidade de aprendizagem humana. Este trabalho tem como objetivo analisar os benefícios das práticas do Psicopedagogo na instituição escolar: Quais são as suas verdadeiras contribuições no contexto escolar? Quais são os seus desafios? Como o Psicopedagogo Educacional contribui nesta situação problema que vem crescendo constantemente em relação às dificuldades de aprendizagem, os fatores que contribuem para que ela ocorra e a ação preventiva do Psicopedagogo junto com os professores. É importante ressaltar que a psicopedagogia como complemento é uma ciência nova que estuda o processo de aprendizagem e dificuldades, muito tem contribuído para explicar a causa das dificuldades de aprendizagem, pois tem como objetivo central de estudo o processo humano do conhecimento: seus padrões evolutivos normais e patologias bem como a influência (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento.

Palavras chaves: Psicopedagogia, instituição escolar, dificuldade de aprendizagem.

2. INTRODUÇÃO

Esta monografia tem como objetivo principal conhecer o papel do Psicopedagogo educacional e a sua relação prática com os educandos. Para isso foi necessário realizar uma pesquisa em três escolas que analisasse como psicopedagogo trabalha dentro da instituição escolar. Durante quatro semanas visitei as escolas: Instituto Social Objetivo, Escola Estadual Clériston Andrade e a Escola Moderninha de Valéria localizada na cidade do Salvador/Bahia, com isso foi possível perceber que os profissionais em questão desenvolvem um trabalho multidisciplinar.

Realizei esse trabalho sobre a atuação do/a Psicopedagogo/a fazendo um levantamento bibliográfico, além de entrevistas com profissionais que atuavam na área pedagógica em diferentes espaços. Assim, pude conhecer o trabalho pedagógico desenvolvido dentro do espaço da sala de aula. Dentre as diversas áreas de atuação deste profissional verifiquei que as funções que eles desempenham são: realiza o diagnóstico e intervenção psicopedagógica, atuam na prevenção dos problemas de aprendizagem, desenvolvem pesquisas e estudos científicos relacionados ao processo de aprendizagem, atendimento aos alunos e pais, orienta professores etc.

De acordo com BOSSA (2000) A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda o problema de aprendizagem. Como se preocupa com esse problema, deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem, estudando assim as características da mesma. É necessário comentar que a Psicopedagogia é comumente conhecida como aquela que atende crianças com dificuldades de aprendizagem. É notório o fato de que as dificuldades, distúrbios ou patologias podem aparecer em qualquer momento da vida e, portanto, a Psicopedagogia não faz distinção de idade ou sexo para o atendimento.

A escolha do tema foi devido a essa grande demanda atualmente de transtornos de aprendizagens que os alunos vêm enfrentando, e também em decorrência das adversidades que os professores lidam com esses transtornos, mais ainda quando se deparam com alunos indisciplinados e sem controle. Por essa razão a formação desses educadores deve ser multidisciplinar, assentada em diversas ciências.

A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos humanos, que mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências, promovem modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal as quais revertem no manejo instrumental da realidade. O objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos e a influência do meio (família, escola, sociedade) em seu desenvolvimento.

“Para o Psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ações diferentes sistemas que intervêm em todo o sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora a sociedade.”(BOSSA,1994,pág 51)

KIGUEL (1983) ressalta que a Psicopedagogia encontra-se em fase de organização de um corpo teórico específico, visando à integração das ciências pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica e psicolinguística para uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem humana.

O objetivo deste trabalho é conhecer o foco de atenção do psicopedagogo e a sua relação com os alunos diante das tarefas, considerando resistências, bloqueios, lapsos, hesitações, repetição, sentimentos de angústias. Posteriormente investigar e analisar à importância da escola e dos professores diante dos problemas de aprendizagem.

Nesse sentido, a psicopedagogia surge como nova área do conhecimento na busca de compreender e solucionar os problemas de aprendizagem, tendo em sua configuração institucional a função de pensar e refazer o trabalho no cotidiano da escola. A formação psicopedagógica constitui-se para os professores como uma oportunidade para entender o sujeito em suas múltiplas dimensões e refazer suas concepções e atitudes frente ao processo de ensino-aprendizagem, dando-lhes instrumentalização necessária para atender as demandas da escola no que concerne aos alunos com dificuldades de aprendizagem, foco principal do estudo da psicopedagogia.

3. A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA

Historicamente, segundo BOSSA (2000) os primórdios da Psicopedagogia ocorreram na Europa, ainda no século XIX, evidenciada pela preocupação com os problemas de aprendizagem na área médica. Acreditava-se na época que os comprometimentos na área escolar eram provenientes de causas orgânicas, pois procurava-se identificar no físico as determinantes das dificuldades do aprendente. Com isto, constituiu-se um caráter orgânico da Psicopedagogia. De acordo com BOSSA (2000), a crença de que os problemas de aprendizagem eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos anos e determinou a forma do tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem recentemente.

Nas décadas de 40 a 60, na França, a ação do pedagogo era vinculada à do médico. No ano de 1946, em Paris foi criado o primeiro centro psicopedagógico. O trabalho cooperativo entre médico e pedagogo era destinado a crianças com problemas escolares, ou de comportamento e eram definidas como aquelas que apresentavam doenças crônicas como diabetes, tuberculose, cegueira, surdez ou problemas motores.

A denominação “Psicopedagógico” foi escolhida, em detrimento de “Médico Pedagógico”, porque acreditava-se que os pais enviariam seus filhos com menor resistência. Em decorrência de novas descobertas científicas e movimentos sociais, a Psicopedagogia sofreu muitas influências. Em 1958, no Brasil surge o Serviço de Orientação Psicopedagógica da Escola Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação professor-aluno. Já Jorge Visca relata:

“A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidora de um objeto de estudo o processo de aprendizagem e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Visca, 2007, p.23).

Nas décadas de 50 e 60 a categoria profissional dos psicopedagogos organizou-se no país, com a divulgação da abordagem psico-neurológica do desenvolvimento humano. Atualmente novas abordagens teóricas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, bem como inúmeras pesquisas sobre os fatores intra e extraescolares na determinação do fracasso escolar, contribuíram para uma nova visão mais crítica e abrangente.

Entre diversos conceitos de psicopedagogia, BOSSA (2007), identifica-se com seguinte escrita de Golbert: “não devemos nos limitar a uma escola” (p.22), ou seja, devemos ampliar nosso campo de visão, não devemos nos focar a um único diagnóstico e sim há vários até chegarmos a uma solução do caso em questão e não podemos deixar de participar a família para que o apoio da mesma ajude num melhor tratamento. Já Jorge Visca relata:

“A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidora de um objeto de estudo o processo de aprendizagem e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Visca, 2007, p.23).

A autora também nos trás alguns questionamentos, tais como: Quais as problemáticas estruturais que intervém no surgimento do transtorno da aprendizagem? E sua resposta é: “temos em mente que é o sujeito que aprende, por isso é motivo de pergunta para os psicopedagogos” (Id, p.23). A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, de uma demanda o problema de aprendizagem que é pouco explorado e evoluiu devido a alguns recursos raros, mas que atendiam a essa demanda, constituindo assim a prática.

Portanto, a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia gradativamente e está condicionada por vários fatores. Esse objeto, que é um sujeito a ser estudado por outro sujeito, adquire características específicas a depender do trabalho clínico ou preventivo, como diz GOLBERT (2007), “a definição do objeto de estudo de psicopedagogia passou por fases distintas em diferentes momentos históricos que repercutiam nas produções científicas, pois ele era entendido de várias maneiras”. Segundo, Silva (2012, p.9), primeiramente, o trabalho psicopedagógico priorizava a reeducação, o processo de aprendizagem era avaliado em função dos seus déficits e o trabalho era para vencer esses déficits. O objeto em questão era o sujeito que não aprendia, concebendo-o a “não-aprendizagem”. Com isso, buscava estabelecer as semelhanças entre grandes grupos de sujeito, ou seja, o esperado para determinada idade.

Mais tarde, a psicopedagogia passou a se chamar o “não-aprendizagem” de o “não-aprender”. Essa fase era fundamentada na psicanálise e na psicologia genética, porque essa nova concepção levava em conta a singularidade do sujeito no grupo, buscando o sentido particular de suas características de acordo com sua própria história e seu mundo sociocultural. Alicia Fernandez apud Bossa (2007), refere que o processo evolutivo pelo qual essa nova área de estudo se estruturou, entende-se que o objeto de estudo é sempre o sujeito “aprendendo”. E essa concepção mudou conforme a visão do homem em cada momento histórico, relacionando à concepção de aprendizagem.

Hoje, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem com um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.

Sua origem deu-se na Europa no séc. XX onde foram verificados os problemas de aprendizagem. Neste século tínhamos o avanço do capitalismo industrial e com ele os ideais burgueses de igualdade e fraternidade, o que ficava mais distante a possibilidade de uma sociedade fraterna e igual para todos. Surge também a necessidade de justificar as desigualdades das sociedades de classes.

Um dos principais objetivos do surgimento da Psicopedagogia foi investigar as questões da aprendizagem ou do não - aprender em algumas crianças. Por um longo período atribuía-se exclusivamente à criança a patologia do não - aprender Foi na Europa, no século XIX, que médicos, pedagogos e psiquiatras levantaram questões sobre o não - aprender, entre eles: Maria Montessori, Decroly e Janine.(GASPARIAN,1997,p.15).

Ao longo do séc. XIX surgem teorias relacionadas à ciência e a teoria evolucionista de Charles Darwin que enquadra o homem dentro do esquema da evolução biológica, abolindo as linhas divisórias das ciências naturais, humanas e sociais (Bossa, 2007). Independente, surge a psicologia neste período, como ciência que exemplifica algumas áreas do conhecimento, utilizando os princípios da biologia na construção do seu corpo, o corpo humano, objeto de estudo da psicologia.

A partir dessa ideia começaram a serem desenvolvidos nas escolas testes que procuravam explicar as diferenças de rendimentos dos alunos e o acesso diferenciado a diversos graus de escolarização. E assim, esse conhecimento científico foi à base do pensamento dos psicólogos e educadores daquela época. Aos poucos, o conceito de anormalidade ia sendo deslocado das psiquiatrias para as escolas. A criança que não conseguia aprender era chamada de “anormal”, sua causa era atribuída a anomalia anatomofisiológica. Na França surgiu Janine Mery, psicopedagoga que apresentou em seus trabalhos algumas considerações e ideias sobre o termo psicopedagogia e adotou este termo para caracterizar uma ação terapêutica, onde apresentavam dificuldades de aprendizagem.

O objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade do sujeito aprender normalmente em condições melhores enfatizando a relação que ele possa ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria aprendizagem e que se aproprie do conhecimento. ( Bossa, 2007, p.21).

É também o francês George Mauco, que foi o fundador do primeiro centro médico-psicopedagógico na França e que percebeu as primeiras tentativas de articulação entre medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia para a solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (Bossa, 2007). Meados do séc. XIX Janine começou a apontar diferentes sensoriais, debilidade mental e outros problemas associados com a aprendizagem a partir dela surgiram educadores como Pestalozzi, Pereire, Itard e Seguin que começaram a se dedicar às crianças que apresentavam problemas de aprendizado.

Jean Itard realizou estudos sobre percepção e retardo mental. Pestalozzi inspirado por Rousseau fundou na Suíça um Centro de educação onde abrigava crianças pobres. Seu método era intuitivo e natural, estimulava a percepção. Pereire se preocupou com a educação dos sentidos, em especial a visão e o tato. Seguin fundou na França a primeira escola de reeducação, denominou o método fisiológico de educação em 1837, fundou uma escola para crianças com deficiência mental. Suas técnicas de treinamento dos sentidos e dos músculos são usadas até hoje. Esses educadores foram os pioneiros no tratamento dos problemas de aprendizagem, porém eles se preocupavam mais com as deficiências sensoriais e com a debilidade mental do que com a desadaptação infantil. Finalmente no ano de 1948, o termo psicopedagogia passa a ser definido com o objetivo de atender crianças e adolescentes desadaptados, embora inteligentes, tinham dificuldades. Vejamos qual é a definição do objeto de estudo da psicopedagogia segundo alguns teóricos:

O objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade do sujeito aprender normalmente em condições melhores enfatizando a relação que ele possa ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria aprendizagem e que se aproprie do conhecimento ( Bossa, 2007, p.21).

4. O CAMPO EPISTEMOLÓGICO E A MUTIDIMENSIONALIDADE DO OBJETO DE ESTUDO PSICOPEDAGÓGICO

O surgimento da área de estudo da psicopedagogia pode ser entendido, segundo Kiguel, citada por Bossa (2007, p.20), a partir de duas possibilidades. Na primeira, a autora sugere que a psicopedagogia surgiu na fronteira entre a pedagogia e psicologia devido à necessidade de atendimento para as crianças consideradas inaptas dentro do sistema educacional, por apresentarem distúrbios de aprendizagem. Como segunda possibilidade, ela se refere que a psicopedagogia pode ter surgido como uma tentativa de explicação para o fracasso escolar, por outras vias que não a pedagógica e a psicológica.

Verifica-se que o campo epistemológico da Psicopedagogia é o processo de aprendizagem humana. Essa característica multidimensional do objeto de estudo refere-se a uma complexa série de fatores: questões pré-subjetivas (social, linguagem, conformação neurobiológica) e a questões subjetivas (processos de construção do conhecimento e da constituição da subjetividade e a dinâmica afetiva). Ampliando as ideias trabalhadas temos as contribuições de Lemme (2009) ao enfatizar:

Dificuldade de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de desordens, manifestadas por dificuldades na aquisição e no uso da audição, da fala, da leitura, da escrita, do raciocínio ou das habilidades matemáticas. É importante não se confundir dificuldade de aprendizagem com fracasso escolar, que embora tenham semelhanças na forma de se manifestarem, pertencem a categorias diferentes.

O objeto central de estudo é o processo de aprendizagem humana, envolvendo os padrões evolutivos normais e patológicos, levando em consideração a influência do meio (família, escola, sociedade) no desenvolvimento. Inicialmente, tanto os teóricos argentinos como os teóricos brasileiros ocupavam-se do tema da aprendizagem, tendo como causa e razão os problemas advindos do processo de aprendizagem. O foco era o sujeito que não podia aprender.

Segundo Sánchez (2008), o campo epistemológico da psicopedagogia caracteriza-se por um raciocínio diagnóstico e uma metodologia de intervenção que busca olhar o sujeito na relação com o objeto de conhecimento em situação de aprendizagem; busca considerar sujeito e objeto como entidades indissociáveis; conceber o sujeito em seu contexto sociohistórico; admitir a possibilidade de um conhecimento transdisciplinar, embora ele se tenha construído na perspectiva interdisciplinar; e ter a clínica das dificuldades de aprendizagem como espaço privilegiado para o desenvolvimento da teoria psicopedagógica.

Esses teóricos enfatizam a grande importância da ligação entre a psicopedagogia e seu contexto histórico, conhecer o ambiente em que o aluno está inserido é o principal ponto para fazer um levantamento das suas necessidades. Durante o processo educativo a ação psicopedagógica procura investir numa concepção de ensino-aprendizagem que fomente interações pessoais, estimule a postura transformadora de toda a comunidade educativa e busque inovar a prática escolar contextualizando-a e enfatize o essencial: conteúdos e conceitos estruturados, com significado relevante.

De modo geral, Bossa afirma (2007, p. 23) os teóricos argentinos consideram como objeto de estudo ou o pilar base da psicopedagogia “a aprendizagem com seus problemas”. A autora ressalta as concepções de Alícia Fernández, e o dos psicopedagogos Jorge Visca e Marina Muller sobre as teorias a que a psicopedagogia recorre para compreender e intervir sobre o seu objeto de estudo. A legitimidade da produção teórica do campo da Psicopedagogia tem sido buscada pelos psicopedagogos e vários esforços têm sido feitos para ascender os degraus para a constituição de um campo de conhecimento científico que possibilite à Psicopedagogia estar na academia, desfrutando dos assentamentos necessários para a produção do saber, ou seja, para que possamos ter os subsídios e o apoio destinados à pesquisa em nosso país.

Durante quase três décadas, temos trabalhado com obstinação, superando obstáculos de toda ordem, na crença inabalável de que esse conhecimento representa enorme avanço no desenvolvimento do ser humano. Uma verdadeira compreensão acerca da aprendizagem representa a construção de uma nova concepção de ser humano. Revoluciona conceitos fundamentais de áreas como Educação, Saúde e outras.

4.1. CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

Segundo Andrade (2004) a psicopedagogia ainda está buscando a “autonomia de uma disciplina” e delimitando cientificamente a aprendizagem humana com sua temática, o sujeito aprendente ou o sujeito em situação de aprendizagem como seu sujeito e a pesquisa de intervenção como o seu método de investigação da realidade que lhe interessa- a aprendizagem humana com todos os seus matizes, alcances e limites. É consenso entre os autores apontar a psicopedagogia como uma área de conhecimento ou te atuação “interdisciplinar nos processos de aprendizagem” (CASTANHO 2002 p.30).

Há quem afirme que essa área da educação constitui-se num modelo transdisciplinar de ação, que transita entre as disciplinas diversas “sem abolir as fronteiras existentes” (RUBINSTEIN; CASTANHO, 2004, p.231).

Dada à natureza necessariamente multidisciplinar, a psicopedagogia é chamada a se realizar na convivência com o outro, com o diferente, com os vários códigos restritos das ciências. Assim sendo, é uma disciplina convocada a realizar um movimento reparatório com relação à impossibilidade de troca entre diferentes áreas do conhecimento, mas é também solicitada a reconhecer a singularidade daqueles a quem é chamada a cuidar.

Aliás, reconhecer a singularidade daquele que aprende, é condição primeira para que se realize, quer como teoria como prática (MELLO,2000,p. 46).

O trabalho psicopedagógico, portanto, não se apresenta como reeducativo, mas, sim como terapêutico (uma terapia centrada na aprendizagem); não se dirige para um público específico, porque aprendentes somos todos nós, humanos: crianças, jovens, ou velhos que nos mantemos vivos e atuantes, enquanto aprendemos e ensinamos e podemos contribuir com a nossa marca para a evolução da humanidade. É possível perceber que a Psicopedagogia também tem papel importante em um novo momento educacional que é a inserção e manutenção dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) no ensino regular, comumente chamada inclusão.

Entende-se que colocar o aluno com NEE em sala de aula e não criar estratégias para a sua permanência e sucesso escolar inviabiliza todo o movimento nas escolas. Faz-se premente a necessidade de um acompanhamento e estimulação dos alunos com NEE para que as suas aprendizagens sejam efetivas. O papel do psicopedagogo escolar é muito importante e pode e deve ser pensado a partir da instituição, a qual cumpre uma importante função social que é socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo, ou seja, através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma mais organizada no mundo cultural e simbólico que incorpora a sociedade.

“Há diferentes níveis de atuação. Primeiro, o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de diminuir a frequência dos problemas de aprendizagem. Seu trabalho incide nas questões didático-metodológicas, bem como a formação e orientação dos professores, além de fazer aconselhamento aos pais. Na segunda atuação, o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico, a partir do qual procura-se avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros” (BOSSA,1994,p.102)

As escolas enfrentam um grande desafio: lidar com as dificuldades de aprendizagem e ao mesmo tempo traçar uma proposta de intervenção capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem dos alunos. Dessa forma, defende-se a importância do Psicopedagogo Institucional, como um profissional qualificado, que se baseia principalmente na observação e análise profunda de uma situação concreta, no sentido de não apenas identificar possíveis perturbações no processo de aprendizagem, mas para promover orientações didático-metodológicas no espaço escolar de acordo com as características dos indivíduos e grupos.

Segundo Groppa (1997) o trabalho psicopedagógico terá como objetivo principal trabalhar os elementos que envolvem a aprendizagem de maneira que os vínculos estabelecidos sejam sempre bons. A relação dialética entre sujeito e objeto deverá ser construída positivamente para que o processo ensino-aprendizagem seja de maneira saudável e prazerosa. O desenvolvimento de atividades que ampliem a aprendizagem faz-se importante, através dos jogos e da tecnologia que está ao alcance de todos. Com isso, há a busca da integração dos interesses, raciocínio e informações que fazem com que o aluno atue operativamente nos diferentes níveis de escolaridade. Por isso, a educação deve ser encarada como um processo de construção do conhecimento que ocorre como uma complementação, cujos lados constituem de professor e aluno e o conhecimento construído previamente.

4.2. A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA NA ESCOLA

A prática psicopedagógica na escola implica num trabalho de caráter preventivo e de assessoramento no contexto educacional. Segundo Bossa, "pensar a escola à luz da Psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e sócioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade".

Na prática pedagógica, é essencial que se considere as relações entre produção escolar e as oportunidades reais que a sociedade dá às diversas classes sociais. A escola e a sociedade não podem ser vistas isoladamente, pois o sistema de ensino (público ou privado) reflete a sociedade na qual está inserido. Observa-se que alunos de baixa renda ainda são estigmatizados, na questão do aprendizado, como deficientes.

A escola caracteriza-se como um espaço concebido para realização do processo de ensino/aprendizagem do conhecimento historicamente construído; lugar no qual, muitas vezes, os desequilíbrios não são compreendidos (GASPARIAN, 1997, p.24)

Ao chegar numa instituição escolar, muitos acreditam que o psicopedagogo vai solucionar todos os problemas existentes (dificuldade de aprendizagem, evasão, indisciplina, desestímulo docente, entre outros). No entanto, o psicopedagogo não vem com as respostas prontas. O que vai acontecer será um trabalho de equipe, em parceria com todos que fazem a escola (gestores, equipe técnica, professores, alunos, pessoal de apoio, família). O psicopedagogo entra na escola para ver o "todo" da instituição.

Barbosa afirma que "a escola caracteriza-se como um espaço concebido para realização do processo de ensino/aprendizagem do conhecimento historicamente construído; lugar no qual, muitas vezes, os desequilíbrios não são compreendidos”. A aprendizagem escolar, durante várias décadas, foi vista como algo distante do prazer e entendida como um mal necessário. Então, o grande desafio das escolas, nos dias de hoje, é despertar o desejo dos alunos para que possam sentir prazer no aprender.

A opinião de Barbosa é clara quando argumenta que:

Transformar a aprendizagem em prazer não significa realizar uma atividade prazerosa, e sim descobrir o prazer no ato de: construir ou de desconstruir o conhecimento; transformar ou ampliar o que se sabe; relacionar conhecimentos entre si e com vida; ser co-autor ou autor do conhecimento; permitir-se experimentar diante de hipóteses; partir de um contexto para a descontextualização e vice-versa; operar sobre o conhecimento já existente; buscar o saber a partir do não saber; compartilhar suas descobertas; integrar ação, emoção e cognição; usar a reflexão sobre o conhecimento e a realidade; conhecer a história para criar novas possibilidades.

Barbosa ressalta, ainda, que "a Psicopedagogia, como área que estuda o processo ensino/aprendizagem, pode contribuir com a escola na missão de resgate do prazer no ato de aprender e da aprendizagem nas situações prazerosas”. O psicopedagogo sabe que para aprender são necessárias condições cognitivas (abordar o conhecimento), afetivas (estabelecer vínculos), criativas (colocar em prática) e associativas (para socializar).

Deve-se estar atento frente às grandes mudanças que ocorreram nas propostas educacionais. Atualmente, o conhecimento científico só tem sentido se for ligado ao social, engajado ao cotidiano, onde através dele se possa encontrar soluções. A reforma educacional brasileira é extremamente exigente. Os paradigmas dessa reforma estão centrados na verdade aberta, no conhecimento múltiplo, transdisciplinar. As mudanças não acontecem na mesma proporção, nem na mesma velocidade. A apropriação leva um tempo até ser introspectada, compreendida e colocada em prática. As mudanças (a introdução no novo) num ambiente escolar têm que ser escalonadas e sucessivas, priorizando-se e hierarquizando-se as ações.

Barbosa ratifica que a atuação psicopedagógica junto a um grupo ou instituição, para ser operante precisa interpretar os papéis desempenhados, a forma como foram atribuídos e assumidos, assim como as expectativas que se encontram latentes neste movimento de atribuir e aceitar o papel. [...] A tarefa de cada um deve estar voltada para o aprender, desde a direção até a portaria ou o serviço de limpeza.

5. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Entende-se por dificuldades de aprendizagem a incapacidade apresentada por alguns indivíduos diante de situações novas, desencadeadas por diversos fatores. As dificuldades de aprendizagem não são uma exceção no sistema educacional. O insucesso da criança, muitas vezes rotulado de dislexia, é também o resultado de outros insucessos sociais, políticos, culturais, educacionais pedagógicos, dentre outros. Considerar esses transtornos de aquisição um problema estritamente da criança é ignorar os reflexos das dificuldades de ensino. O estudioso Kirk (1962, p.263), define de aprendizagem:

Uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um retardamento, transtorno, ou desenvolvimento lento em um ou mais processos da fala, linguagem, leitura, escrita ou outras áreas cognitivas, resultantes de uma deficiência causada por uma possível disfunção cerebral ou alteração emocional ou condutual. Não é o resultado de retardamento mental, deprivação sensorial ou fatores culturais e instrucionais.

Conforme Assunção (2011) “as dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo educativo, percebendo se estão associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza, agitação, desordem, dentre outros, considerados fatores que também desmotivam o aprendizado. A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios problemas: disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o TDAH” (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).

Dislexia é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler um texto, etc. Estudiosos afirmam que sua causa vem de fatores genéticos, mas nada foi comprovado pela medicina. Disgrafia normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e inversões de letras, consequentemente encontra dificuldade na escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e desorganização ao produzir um texto.

Já a discalculia é a dificuldade para cálculos e números, de um modo geral os portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações, não entendem sequências lógicas. Esse problema é um dos mais sérios, porém ainda pouco conhecido. Dislalia é a dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou lábio leporino.

Os problemas de aprendizagem podem ser classificados em sintoma, inibição cognitiva e reativa. Nos dois primeiros casos, as origens e causas encontram-se ligadas à estrutura individual e familiar do indivíduo que “fracassa” em aprender. No último, relacionam-se ao contexto socioeducativo. Ou seja, a questões didáticas, metodológicas, avaliativas, relacionais. É importante salientar que nos problemas de aprendizagem reativos o fracasso escolar pode demandar redimensionamento que englobe desde órgãos superiores responsáveis pela educação no país até as salas de aula. (Nunes, 1997, p.21).

A disortografia é a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer como consequência da dislexia. Suas principais características são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de pontuação e acentuação. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema de ordem neurológica, que traz consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Hoje em dia é muito comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção), porque apresentam alguma agitação, nervosismo e inquietação, fatores que podem advir de causas emocionais.

Professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descoberta desses problemas, porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor se restringe em observar o aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas e dinâmicas, não rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas potencialidades. É importante que esse diagnóstico seja feito por um médico e outros profissionais capacitados.

5.1. ABORDAGENS USADAS PARA APRENDIZAGEM

O Conhecimento humano, dependendo dos diferentes referencias, é explicado diversamente em sua gênese e desenvolvimento, o que condiciona conceitos diversos de homem, mundo, cultura, sociedade, educação, etc. Dentro de um mesmo referencial, é possível haver abordagens diversas, tendo em comum apenas os diferentes primados: ora do objeto, ora do sujeito, ora da interação de ambos.

De acordo com Mizukami (1986), a partir de análises feitas sobre as diferentes abordagens do processo ensino-aprendizagem pôde-se constatar que certas linhas teóricas são mais explicativas de alguns aspectos do que de outros, percebendo-se assim a possibilidade de articulação das diversas propostas de explicação do fenômeno educacional. Ela procura fazer uma sistematização válida de conceitos do fenômeno estudado. Mizukami ainda critica a formação de professores colocando que o aprendido pelos professores nada tinha a ver com a prática pedagógica e seu posicionamento frente ao fenômeno educacional. A experiência pessoal refletiria um comportamento coerente por parte do educador, pondo fim assim ao permanente processo de discussão entre teoria e prática.

Uma possível solução seria repensar os cursos de formação de professores, voltando às atenções principalmente para as disciplinas pedagógicas que analisam as abordagens do processo ensino-aprendizagem, procurando articulá-los à prática pedagógica. Aproximando cada vez mais as opções teóricas existentes como o analisar, discutir, da vivência na prática e a partir da mesma, discutir e criticar as opções teóricas confrontando com a mesma prática. É tentar criar teorias através da prática, analisando o cotidiano e questionando Evitando-se assim a utilização de Receituários pedagógicos, que é o que a autora chama de seguir cegamente a teoria ignorando a prática.

Um curso de professores deveria possibilitar confronto entre abordagens, quaisquer que fossem elas, entre seus pressupostos e implicações, limites, pontos de contraste e convergência. Ao mesmo tempo, deveria possibilitar ao futuro professor a análise do próprio fazer pedagógico, de suas implicações, pressupostos e determinantes, no sentido de que ele se conscientizasse de sua ação, para que pudesse, além de interpretá-la e contextualizá-la, superá-la constantemente. (MIZUKAMI, 1986, p. 109)

5.2. APRENDIZAGEM TRANSFORMADORA

A teoria da aprendizagem transformadora está voltada para a educação e envolve a aprendizagem em contextos formais e informais. Ela dirige-se à interseção entre o individual e o social, dimensões coexistentes e igualmente importantes, já que os indivíduos são constituídos em sociedade (Cranton, 2006). Mezirow (1981) é reconhecido como o formulador inicial dessa teoria de aprendizagem, cujos fundamentos epistemológicos encontram-se no construtivismo.

Ele sofreu influências das obras de autores críticos como Paulo Freire e Jurgen Habermas. Freire (1970), um dos pioneiros, no Brasil, a trabalhar com a noção da aprendizagem de adultos, propõe uma prática de ensino que valorize a cultura dos alunos e que desenvolva sua criticidade e inquietude, indicando a necessidade de buscar a verdadeira causalidade dos fenômenos sociais por meio da interpretação profunda dos problemas vividos, assimilando criticamente a realidade.

A aprendizagem emancipatória pode ocorrer em ambientes educacionais formais ou informais, tais como grupos de desenvolvimento comunitário, programas de desenvolvimento profissional, movimentos políticos e ambientais. A aprendizagem transformadora pode, portanto, se efetivar em qualquer ambiente onde ocorra aprendizagem. Ao adquirir conhecimento técnico, por exemplo, uma pessoa pode aumentar sua autoconfiança e mudar a percepção sobre seu lugar no mundo, obtendo assim uma aprendizagem emancipatória. Em algumas ocasiões, as pessoas adquirem uma série de conhecimentos instrumentais e comunicativos até que esses conhecimentos se integrem. Em outros casos, a aprendizagem emancipatória não ocorre porque, nesse processo, há apenas a aquisição de novos conhecimentos ou a elaboração de conhecimentos anteriores, processos de aprendizagem que não abarcam questionamento de crenças ou pressupostos preexistentes (Cranton, 2006).

6. A IMPORTÂNCIA DOS PROFESSORES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Com as mudanças que estão ocorrendo na sociedade, como a banalização da informação, a revolução digital, da nova política, da nova economia e dos desequilíbrios familiares, torna-se necessário que o professor faça dos conteúdos habituais de suas disciplinas instrumentos, que além de qualificarem para a vida, estimulem capacidade e competências, com o intuito de estimular todas as inteligências de seus alunos (ANTUNES, 2002, p.47).

O professor deve se reconstruir, criando no aluno um ser crítico, auxiliando na formação de sua personalidade. Valorizando a luta pelo seu espaço na sociedade, derrubando barreiras e vencendo obstáculos que a vida possa lhe proporcionar. Se os docentes têm a intenção de estimular em seus alunos o amor pelo saber e o respeito pela diversidade e criação, devem buscar o contraste crítico e reflexivo (GÓMEZ, 2001, p.304). Segundo Pombo (2000, p.80), o educador deveria ter por objetivo preparar adultos livres de traumas psicológicos, pessoas que não estivessem intencionadas de tirar dos outros a felicidade que delas próprias foi retirada.

O mundo está mudando e isso está ocorrendo a uma velocidade sem precedentes na evolução histórica da humanidade. A globalização, o surgimento de novas tecnologias, como o avanço das telecomunicações e da informática, contribuem para que ocorra mudanças, também, na Educação. A interação professor aluno vem se tornando muito mais dinâmica nos últimos anos. O professor tem deixado de ser um mero transmissor de conhecimentos para ser mais um orientador, um estimulador de todos os processos que levam os alunos a construírem seus conceitos, valores, atitudes e habilidades que lhes permitam crescer como pessoas, como cidadãos e futuros trabalhadores, desempenhando uma influência construtiva.
A Educação deve não apenas formar trabalhadores para as exigências do mercado de trabalho, mas cidadãos críticos capazes de transformar um mercado de exploração em um mercado que valorize uma mercadoria cada vez mais importante: o conhecimento. Dentro deste contexto, é imprescindível proporcionar aos educandos uma compreensão racional do mundo que o cerca, levando-os a um posicionamento de vida isento de preconceitos ou superstições e a uma postura mais adequada em relação a sua participação como indivíduo na sociedade em que vive e do ambiente que ocupa.

O sentido do ensino-aprendizagem dependerá do entusiasmo do educador, da fantasia, de se educar com alegria sem pensar nos problemas em que estão envolvidos sabendo separar a sala de aula do que se passa em sua vida particular. O que torna necessário uma reflexão por parte dos educadores da importância da sua atuação profissional e da necessidade de se tomar conhecimento de si mesmo. Dessa forma, Antunes (2002, p.109) complementa afirmando que é essencial todo educador desenvolver a consciência de sua profissão e o sentido de solidariedade e justiça que a mesma expressa. Deixando claro o lado humano e cidadão de cada professor, suscetível de crítica e ávido de aprimoramento profissional, envolvido na consciência de um construtor da sociedade.

Partindo deste principio pode-se considerar o docente como principal agente no processo de ensino, tendo um papel ativo na formação de seus alunos, auxiliando e incitando a reconstrução dos esquemas de pensamento, sentimento e comportamento de cada indivíduo. Esta concepção inclui tanto despertar a ativa participação intelectual do próprio educando como facilitar o contraste com as formulações alternativas das representações críticas da cultura intelectual (GÓMEZ, 2001, p.300).

Os professores estão muitos presentes na vida de milhares de famílias, que lhes conferem a enorme responsabilidade pela educação de seus filhos, sabendo que, não faltará a sua atribuição e competência. A profissão professor é de suma importância, para a sociedade, pois o profissional trabalha, para formar um estudante, pleno de uma cultura geral e de diversidade, de um conhecimento científico, de raciocínio lógico, capacidade de comunicação e trabalho em grupo, que seja reflexivo e capaz de aprender a aprender, de ser, fazer e conhecer, além é claro de ser criativo habilidoso e competente.

6.1. A PARTICIPAÇÃO E INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA

Segundo Fernández (1991, p.97) a transformação histórica do contexto sócio-histórico cultural é resultante de um constante processo de evolução, ao qual a estrutura familiar vai se moldando e modificando, concomitantemente aos diferentes momentos históricos vivenciados pela humanidade, assumindo características peculiares dependendo do tipo de referência adotada como base para educação dos filhos em determinada época ou período.

​ O conceito de família mudou muito nos últimos tempos, não há mais um padrão  de família, e  sim uma  variedade de  padrão familiar, com identidade  própria  em constante desenvolvimento. Mas  independente dessa mudança a família  continua  sendo o  primeiro  local  de aprendizado das crianças, é  através  dela  que acontece os primeiros   contatos  sociais  e  as  primeiras  experiências   educacionais . A família, está  diretamente  ligada  as  atitudes comportamentais  da criança. Na maioria  das  vezes   a  influência   que  os  pais  exercem  sobre  seus  filhos  é  inconsciente, pois  não tem consciência  de  que seus  comportamentos, sua maneira de    ser  e   de   falar,  de  tratar   as   pessoas,  de   enxergar  o   mundo,   tem   enorme  influência sobre o  desenvolvimento do seu filho. 

Os  pais  têm um papel importante no processo de desenvolvimento da    autonomia.  Se  eles  encorajarem  as  iniciativas da criança, elogiarem o   sucesso derem tarefas  que não excedam as capacidades da criança forem  coerentes em  suas   exigências   e  aceitarem  os  fracassos estarão  contribuindo  para  o   aparecimento  do sentimento  de  auto confiança e auto estima.   ( Sabini , 1998, p.65)

Percebe-se a grande importância dos pais no desenvolvimento cognitivo e evolutivo da criança, a sua  ausência  no  ensino aprendizagem dos   alunos podem ocasionar baixo desempenho e até mesmo a repetência escolar. Muitos pais  veem a escola como local de depósito de crianças,  vão matriculam seus  filhos  e  só aparecem na escola quando seus  filhos estão   com  problemas, baixo desempenho ou quando a   coordenação manda chamá-lo. Sem a   família não há como  promover uma boa   educação. A   participação   dos  pais  na  vida  escolar  de  seus  filhos  é  condição  indispensável para que  a  criança  se  sinta  amada  e motivada a obter avanços em sua aprendizagem.  Sendo assim a família e a escola   precisam ser parceiras para que os alunos possam realmente ter um maior aproveitamento na aprendizagem, não basta apenas à escola se  preocupar  na  aprendizagem, e  os  pais  não   se preocuparem. O conhecimento e o aprendizado não são adquiridos somente na escola, mas também são construídos pela criança em contato com o social, dentro da família e no mundo que a cerca. A família é o primeiro vínculo da criança e é responsável por grande parte da sua educação e da sua aprendizagem. O que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de grande importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico.

Considerando o exposto, cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma entrevista e de uma anaminese com essa família para tomar conhecimento de informações sobre a sua vida orgânica, cognitiva, emocional e social. Nessa perspectiva, o psicopedagogo não é um mero “resolvedor” de problemas, mas um profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico.

As ações realizadas pelo psicopedagogo junto com o sujeito com transtorno procura promover a reelaboração do processo de aprendizagem, assim sendo essa intervenção propicia uma mudança na ação do sujeito em relação à aprendizagem. (Serrat, 2002, p.56)

Dessa forma, acredita-se que o trabalho da Psicopedagogia quando encontra consonância e parcerias na escola, pode promover efeitos muito positivos para a minimização das dificuldades que emergem no contexto escolar, apesar de representar um constante desafio, pois requer o envolvimento de toda a equipe, e um desejo permanente de mudanças, para que as transformações, de fato, ocorram.

6.2. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA PARA O TRABALHO COM ATIVIDADES LÚDICAS

A vida, os acontecimentos, a evolução dão conta da importância de trabalhar cada vez mais com o lúdico, com as crianças, seja qual for sua faixa etária. Inseridos em atividades lúdicas, os alunos conseguem assimilar melhor os conteúdos trabalhados e sem dúvidas viajar através da imaginação. As manifestações lúdicas desenvolvem funções importantes no desenvolvimento da criança e se constituem um instrumento didático importante para o professor. A brincadeira é de extrema importância para o desenvolvimento psicológico, social e cognitivo da criança, pois é através dela que a criança expressa seus sentimentos em relação ao mundo em que vive. É também através das atividades lúdicas que as crianças reconhecem sua realidade e compreende o funcionamento do mundo e suas emoções, também desenvolve-se como indivíduo e aprende a superar suas limitações, brincando e reproduzindo.

É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção... como se fora brincadeira de roda... (MARCELINO, 1996, p.38).

O lúdico é uma necessidade do ser humano indiferente de sua idade e não deve ser visto meramente como diversão. O brincar é a essência da infância, ele permite a produção de conhecimentos, estimula a afetividade, assim, estabelece-se com o brincar uma relação natural extravagando as angústias e paixões, alegrias, tristezas, agressividades. Em todas as épocas o lúdico, o brincar faz parte da vida da criança, viver no mundo da fantasia, do encantamento, da alegria, dos sonhos. Parte da descoberta de si mesmo, do experimentar, do criar e recriar oportunizando ao indivíduo, seu saber, sua compreensão do mundo, seu conhecimento, facilitando a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal e coletivo, trazendo benefícios para a saúde mental, para a socialização, comunicação, expressão e valorizando sempre a criatividade que está inata nesta atividade.

Nessa perspectiva, a brincadeira é a principal ação que manifesta a essência da aprendizagem significativa na vivência do aprendiz. Por meio da ação do brincar, a criança, que naturalmente possui a característica da curiosidade, é inserida em um mundo de fantasia proporcionado por elas e pelo próprio contexto; a formação do saber aprimora-se através dessa prática importante. Essa junção entre a formação da aprendizagem e a prática do brincar é pertinente para o fornecimento de informações específicas, que têm como meta explorar conteúdos que retratam a evolução da criança nesse contexto lúdico.

Por meio das brincadeiras que a criança cria oportunidade de interação com todos ao seu redor, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades psicomotoras, cognitivas e também da relação de afetividade entre os educandos, que estabelecem laços de amizade entre si e adquirem conhecimentos. A educação lúdica contribui para a formação do infante, possibilitando um enriquecimento pedagógico e de valores culturais, ensinando a respeitar as opiniões dos outros e ampliando o conhecimento.

A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca,criativa,livre,crítica,promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio.(ALMEIDA,2003:57)

Diante de todos estes aspectos importantes a ludicidade propicia também o desenvolvimento de outros aspectos importantes como o desenvolvimento do raciocínio da criança, na brincadeira, a criança vai interpretar de uma forma mais positiva o conteúdo, ou aquilo que a professora quis passar para o aluno, irá sentir-se mais satisfeito e envolvido, parte do processo de aprendizagem. E, além disso, foi passado de forma indireta, ou seja, não foi imposto pelo professor diretamente. Fugiu do obrigatório. E sem dúvida foi significativo porque a brincadeira irá marcar para o aluno por que foi interessante e desperto a sua curiosidade.

7. A LUTA PELA REGULAMENTAÇÃO E O CÓDIGO DE ÉTICA

O progresso traz muitas alterações à sociedade, uma delas é o desaparecimento de algumas profissões e o surgimento de outras. BARONE (1987) esclarece que o que caracteriza o aparecimento de qualquer profissão é a existência de pessoas exercendo essa função antes de sua formalização. Ressalta ainda alguns motivos para o aparecimento de toda profissão, sendo eles a demanda social, os recursos para atender à demanda e pessoas que organizam e recriam os recursos disponíveis para a demanda. No caso da psicopedagogia, a demanda é a existência de crianças normalmente desenvolvidas que não conseguem sucesso na escola, fato que justifica a prática psicopedagógica.
Bossa (2000), acredita que o psicopedagogo sabe que sua profissão consiste na transmissão de conhecimentos, não sendo uma atividade neutra para ambas as partes (o sujeito que necessita de ajuda e o psicopedagogo), pois a relação de afeto que se estabelece entre o psicopedagogo e o aprendente é necessária ao desenvolvimento da relação educativa. Assim, considera a autora que o papel do psicopedagogo é levar a criança a integrar-se novamente à vida normal, respeitando sua individualidade.  

Para NERY (1986) o trabalho psicopedagógico deve estar ancorado em alguns princípios gerais, tais como: 1) acreditar que todo ser humano tem direito ao pleno acesso ao saber acumulado, representado pela cultura; 2) considerar a leitura e a escrita como ferramentas fundamentais de acesso ao saber; 3) nortear sua prática dentro dos princípios da liberdade do ser; 4) Reconhecer e assumir a dupla polaridade de seu papel-transmisão de conhecimento e compreensão dos fatores psicológicos que interferem no ato de aprender; 5) reconhecer o papel da família como transmissora da cultura, devendo analisar e compreender os mecanismos dentro da relação familiar que promovem bloqueio da aprendizagem; 6) reconhecer a escola como espaço privilegiado para a transmissão da cultura, também, o valor de outras organizações sociais ainda mantendo postura crítica frente às dificuldades geradas pela própria instituição escolar. 

De acordo com o primeiro princípio, o psicopedagogo deverá trabalhar para possibilitar a todas as crianças o direito de aprender. No segundo princípio a leitura e a escrita são ferramentas fundamentais para o acesso ao saber acumulado representado pela cultura, o psicopedagogo deverá contribuir para que o educando supere o problema de aprendizagem e consiga ter acesso a esse saber.  Com o terceiro princípio o psicopedagogo deve respeitar a individualidade do ser humano e ajudá-lo na superação de suas dificuldades.

O quarto princípio levanta questões de fronteiras com outras áreas, assim, o psicopedagogo deverá requerer a plena preparação e utilização de recursos disponíveis no acervo científico para uma atuação competente e responsável. O quinto princípio acentua a necessidade de o psicopedagogo reconhecer o papel da família e atuar orientando-a para fazê-la analisar e compreender fatores de sua dinâmica que interferem na aprendizagem do sujeito. Já o sexto princípio destaca a necessidade de se reconhecer a escola como espaço para transmissão de cultural, assim como sua responsabilidade, na maioria das vezes, pelos problemas de aprendizagem. Observa-se que estes princípios contribuem para a postura ética do psicopedagogo, embora a psicopedagogia ainda não seja uma profissão e sim uma prestação de serviços.

O código de ética da Psicopedagogia comporta uma aprendizagem especial na área de seu conhecimento sistemático e orgânico, sendo este instrumento consequência de organizações, atividades e obrigações, inclusive estabelece que “... estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia, ministrados em estabelecimentos de ensino oficial e /ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal” (Código de Ética, 1996, s/p.). 
A terceira condição para que uma atividade se torne profissão é que ela deve dispor de organizações adequadas com atividades, obrigações e comportar responsabilidades com consciência de grupo. A própria Associação Brasileira de Psicopedagogia contribui para que esta condição seja preenchida.
Levando-se em conta as três condições estabelecidas por CAMARGO (1999) para que uma atividade seja considerada profissão, pode-se concluir que, neste sentido, a Psicopedagogia, de fato, é uma profissão. Inclusive, a Associação Brasileira de Psicopedagogia está trabalhando para que ela venha a ser, oficialmente, uma profissão.

De acordo com informações da Associação Brasileira de Psicopedagogia, fornecidas em Abril de 1998 através de carta aos associados, assim como por comunicado publicado na revista da Associação [In: Revistas da Associação Brasileira de Psicopedagogia –17 (45)-98]. O Projeto de Lei n.º 3124/97 de 15/05/97, foi aprovado em 03/09/97 pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara Federal, foi votado pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto em 12/09/2001, ainda terá próxima etapa que é a votação da Comissão de Constituição, Justiça e Redação.

Contudo, a tentativa de reconhecer a psicopedagogia como uma profissão regularizada vem trazendo à tona o questionamento do Conselho Regional de Psicologia (CRP), pois este órgão reclama para os psicólogos o direito exclusivo de atender os clientes que apresentam problemas de aprendizagem. Em 03 de junho de 1995, o CRP da 6º Região, emitiu documento (resolução nº 003/95) afirmando, no artigo 1º que “... é de responsabilidade do psicólogo, intransferível, a realização do psicodiagnóstico, a intervenção, e ação preventiva pertinentes à orientação psicopedagógica”. (Resolução nº 003/95, s/p.)

Argumentando contra a resolução 003/95, a Associação Brasileira de Psicopedagogia formulou documento esclarecendo que a Constituição Federal de 1988, no Capítulo que trata dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, enfoca o exercício profissional, e cita o Artigo 5º, item XIII onde se lê “... é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Ainda, com relação ao documento, a Associação Brasileira de Psicopedagogia salienta que “a Resolução CRP nº 003/95, ultrapassou os limites da sua competência de complementar os preceptivos que a presidem, incluindo, inovando, tarefa que lhe é vedada legal e constitucionalmente”. 
As considerações aqui expostas têm por objetivo esclarecer a constituição da Psicopedagogia enquanto profissão. Neste aspecto, cabe refletir sobre a formação sistemática do psicopedagogo, a qual ocorre por meio de cursos de pós-graduação. De modo sintético, considera-se psicopedagogo, segundo o código de ética da Associação Brasileira de Psicopedagogia, o profissional que fez curso de pós-graduação em Psicopedagogia e atua nos problemas de aprendizagem. 
Estipula o Código de Ética que: “estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os Profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de cursos de Pós-Graduação de Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal. (Artigo 4º, s/p.) CAMARGO (1999) atribui, ao código de ética, a estruturação e sintetização das exigências éticas no plano de orientação, disciplina e fiscalização. Para este autor, os códigos profissionais visam a garantir os interesses dos profissionais e dos clientes, amparando seus interesses e protegendo seus relacionamentos.

Destarte, é essencial o Psicopedagogo conhecer o código de ética e a sua regulamentação, pois a mesma tem o propósito de estabelecer parâmetros e orientar os profissionais da Psicopedagogia brasileira quanto aos princípios, normas e valores ponderados à boa conduta profissional.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho abordou a importância do Psicopedagogo Educacional, pois essa profissão atualiza e amplia a apresentação completa e sucinta dos procedimentos básicos da ação psicopedagógica. E também as funções multidisciplinar que esse profissional exerce, sendo que Nessa perspectiva, o psicopedagogo não é um mero “resolvedor” de problemas, mas um profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico.

Sobre o docente esse trabalho deixou claro que o mesmo deve está preparado e ciente de sua principal função e responsabilidade, que é a de auxiliar na construção do aluno e não apenas um transmissor de conteúdos do currículo escolar. Consequentemente os alunos não ficarão retidos somente em conteúdos, mas se preocuparão com a postura que devem ter para se relacionar com o conhecimento. Desta forma, considera-se que os educadores são responsáveis pelo saber-fazer em seu contexto educacional, construirão alunos e se construirão numa relação permanente e diária fundamentada na consciência crítica, reflexiva e política, em que, cidadãos se transformarão e transformarão a sociedade, com novos olhares, novos pensamentos pautados num progresso pátrio.

A Psicopedagogia, na instituição escolar, tem uma função complexa e por isso provoca algumas distorções conceituais quanto às atividades desenvolvidas pelo psicopedagogo. Numa ação interdisciplinar ela dedica-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e assessoramento pedagógico, colabora com planos educacionais e lúdicos no âmbito das organizações, atuando numa modalidade cujo caráter é clínico institucional, ou seja, realizado diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes.

Portanto, o estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem. Para isso, deve analisar o Projeto Político-Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado como aprendizagem.

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Publicado por: Priscila Oliveira

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