Globalização e educação: influência da globalização nas práticas educativas e na reformulação dos conteúdos da educação

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1. RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo investigar Globalização e educação: a Influência da globalização nas práticas educativas e na reformulação dos conteúdos da Educação. As instituições internacionais implantam a ideologia de que a globalização é algo irreversível em que todos os povos estão fadados a participar, levando todos a um consumismo, ao ter ao invés de ser, não havendo dispositivo melhor para disseminar esta ideologia do que através da educação, onde tudo é legitimado. O questionamento maior gira em torno de que as culturas hegemônicas se sobrepõem as culturais locais de povos menos favorecidos, obrigando-os a aceitar este ideal em troca de apoio financeiro, movimentando um mercado socioeconômico que os favoreça o qual não está sendo questionado, sendo aceito passivamente. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram os estudos do geógrafo Milton Santos (2001) e outros dois renomados brasileiros, Paulo Freire (1985) e Benno Sander (2008), conhecido mundialmente por suas obras e contribuição ao estudo da política e gestão educacional latino-americana. Também foram utilizados documentos da ONU (UNESCO) para fundamentar melhor a pesquisa. Milton Santos, em seu livro “Por uma outra globalização” demonstra que há três formas de se perceber a globalização: a da fábula, a que é mostrada como globalização; a da perversidade, que nada mais é do que a realidade em que se vive; e o da ‘outra’ globalização, que é a que pode ser construída. A globalização pretende unificar currículos e práticas, visando instrumentalizar o cidadão, portanto, a escola pode utilizar esta pretensão para buscar novos objetivos de cidadania e libertação, partilhando ideias e criando condições para que aconteça a percepção crítica das coisas, ensinando a viver e compreender a palavra “globalização” além de seu significado, o que há por trás dela, intenções políticas e socioeconômicas, incutidas através de processos avaliativos, tanto nacionais quanto internacionais que fiscalizam os sistemas educativos e os currículos de escolas públicas e privadas. Incentivar, através desta pesquisa, a criação de políticas públicas que atendam a comunidade local, com seus costumes, sua cultura, sem deixar de inserir a realidade da globalização em que o cidadão construa uma nova globalização partindo de seu local de convívio, sendo útil à sua comunidade, ao seu país, para então fazer parte e agregar a cultura mundial. Entender que, por globalização, existem elos de ligação entre indivíduos e países, como formas de viver, agir, pensar e fazer, que influenciam na economia, política, ciências, hábitos de vida e formas de expressão que acabam tornando-se um problema, pois impactam diretamente na cultura local, bem como na cultura de outros povos, levando a perda de identidade cultural por ser um fenômeno tão complexo. Entretanto, estes mesmos elos de ligação, esta mistura, serve como base para o surgimento de novas ideias e novos conceitos. Estas novas relações, unidas aos novos meios técnicos, podem ser utilizados a serviço do homem na construção de uma libertação comum a cada cidadão, capaz de auxiliar nas transformações do mundo, mas tendo sempre como ponto de partida o local onde se vive.

Palavras chave: Globalização. Educação. Práticas educativas

2. Introdução

O presente trabalho é sobre a Globalização e educação: a Influência da globalização nas práticas educativas e na reformulação dos conteúdos da Educação. Este estudo, de caráter bibliográfico, visa iniciar um entendimento sobre como a Globalização interfere na Educação, seja através de políticas públicas, influenciada por entidades internacionais, ou pela busca de formação qualificada.

Nesta pesquisa, o principal objetivo é refletir sobre como a Globalização interfere na Educação, através de objetivos específicos desenvolvidos neste trabalho: identificar, na Educação, a influência da globalização; apresentar as vantagens e desvantagens desta nova realidade.

Identificar, na Educação, a influência da globalização, analisando de que forma as políticas públicas são criadas sob a ótica do mercado globalizado, principalmente no que se refere a América Latina;

Apresentar a influência das organizações internacionais e de sistemas de avaliação na gestão educacional em nosso país.

Tratar das práticas educativas e conteúdos, observar até que ponto a Educação, enquanto transmissora de conhecimento, sofre influência da globalização em suas práticas educativas, na reformulação dos conteúdos e é vivenciada por professores, alunos e sociedade.

A Educação deve se adequar a Globalização sem, no entanto, ser manipulada pela mesma e cabe aos professores, construir e reforçar a própria identidade, partindo de nós mesmos para o mundo, do interno para o externo, do local para o global. Levantar, neste trabalho, questões que demonstram que a globalização influencia diretamente as políticas públicas e práticas pedagógicas, pretendendo criar um currículo único ao mundo, e que este modelo mantem as sociedades desiguais e excludentes, sustentando este modelo econômico.

O desafio é construir projetos educacionais que desenvolvam as potencialidades individuais, de forma crítica e democrática, manifestando nossas culturas, tão diversas, em consonância com o mundo globalizado.

Perceber a necessidade da construção de um currículo que leve em conta características, dificuldades, anseios e cultura do local no qual será aplicado, visando construir uma escola mais democrática e participativa na construção de uma sociedade que não seja explorada e nem esteja subordinada aos mercados internacionais.

3. Educação e a influência da Globalização

Abordar o tema “Globalização e educação” sobre uma ótica qualitativa por ser a mais adequada quando se trata de Educação, e para tanto utilizar como metodologia a pesquisa bibliográfica que compreende: a busca de informações, a coleta, organização, análise e interpretação de dados através de conteúdos da bibliografia especializada.

Fundamentar a pesquisa bibliográfica principalmente nos estudos de Milton Santos (2001). Outros dois renomados brasileiros também serviram de base: Paulo Freire (1985) e Benno Sander (2008), renomado mundialmente por suas obras e contribuição ao estudo da política e gestão educacional latino-americana.

Este estudo, de caráter bibliográfico, visa iniciar um entendimento sobre como a Globalização interfere na Educação, seja através de políticas públicas, influenciadas por entidades internacionais, ou pela busca de formação qualificada.

Conhecer não é o ato através do qual um sujeito transformado em objeto, recebe dócil e passivamente os conteúdos que outro lhe dá ou lhe impõe. O conhecimento pelo contrário, exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer sua ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica invenção e reinvenção (FREIRE, 1985, p.7).

“O grande desafio desemboca no como preservar a nossa identidade, no como cultivá-la e compartilhá-la como uma rica contribuição ao mundo das civilizações”. (SANDER, 2008, p. 163)

A Educação deve se adequar a Globalização sem, no entanto, ser manipulada pela mesma e cabe aos professores, construir e reforçar a própria identidade cultural, partindo de nós mesmos para o mundo, do interno para o externo, do local para o global. “Nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem e de uma análise sobre suas condições culturais. Não há educação fora das sociedades humanas e não há homens isolados” (FREIRE, 1979, p. 35).

Um bom exemplo de políticas públicas influenciadas pela globalização foi o que aconteceu na cidade de Três Rios – RJ, quando a Volkswagen do Brasil decidiu instalar-se na região. O presidente da empresa visitou a cidade e o prefeito à época, o Sr. Celso Jacob, levou-o para conhecer o terreno onde seria construída a fábrica, a infraestrutura do local e da cidade, o comércio, etc.

Ao término da visita, o presidente da empresa ficou satisfeito com o que viu, mas questionou um único ponto: não haviam sido lhe apresentadas as escolas técnicas e faculdades da cidade, pois as mesmas não existiam.

A empresa, então, instalou-se na cidade de Resende, o que levou o então prefeito Celso Jacob a criar uma política pública voltada para a educação (o que já deveria ter acontecido pois o mesmo é professor) e desde então, até os dias atuais o governo municipal de Três Rios luta por manter e a oferecer ainda mais, cursos técnicos e faculdades.

Observar que as políticas públicas são voltadas conforme os interesses industriais, comerciais e financeiros ao qual a região está envolvida, então quando uma multinacional deseja instalar-se em qualquer local do planeta e educação é direcionada para atender a demanda de mão-de-obra qualificada para a realidade da empresa que instalar-se-á no local.

Fazer com o aluno entenda que é um sujeito pertencente ao local no qual está inserido e precisa fazer parte do mesmo, sem ser manipulado, vai além de aulas de geografia, perpassa por todas as disciplinas envolvidas no processo de ensino.

A proposta é que o ensino médio não seja apenas profissionalizante, no sentido de adestramento, mas de conhecimento teórico e prático, num todo. A instrução politécnica deve ser transmitida com os fundamentos científicos gerais de todos os processos de produção para que o cidadão possa atuar em qualquer área através desse embasamento, assim como aconteceu em meus mais variados ambientes de trabalho.

O conhecimento antes era passado como que em cadeia, estático, fechado e sempre da mesma maneira. Hoje, com o mundo globalizado o conhecimento tornou-se complexo, então deve-se auxiliar o aluno a manter uma melhor organização destes conhecimentos, relacionando-os uns com os outros, levando-o a confrontar o que ele está aprendendo como novo, com aquele conhecimento anterior (velho) que ele já conhecia...

As novas tecnologias vêm trazendo transformações e consequentemente mudando o paradigma da educação. Não há mais como regular o aluno, ele acessa informações das mais variadas e não está alienado sobre o que acontece a sua volta. Com isto o aluno cria sua própria opinião sobre a realidade, inclusive sobre outras culturas, pois o que acontece no mundo em questão de segundos é compartilhado em todo tipo de mídia. Esta mudança de paradigma implica também na necessidade de repensar a prática educativa.

Todas as crianças, inclusive as das camadas populares, chegam à escola com algum conhecimento e com a utilização das tecnologias (TV, vídeo, celular e computador) deve-se aproveitar este mesmo conhecimento, aliado com a curiosidade, para trabalhar com textos (filmes, propagandas, programas de TV, imagens e outros).

Para Emília Ferreiro (2011) “(...) quem está alfabetizando com textos variados prepara sua turma muitíssimo mais para a internet do que quem faz um trabalho mostrando primeiro uma letrinha e depois outra.

Negar esta formação deixa o indivíduo sem posicionamento crítico sobre as informações recebidas, pois ele não conseguirá, a partir delas, formar um novo conhecimento e não poderá se posicionar na sociedade em que está inserido, além de tornar-se um mero usuário de “computadores” ainda preso às relações de poder da sociedade.

Com o surgimento da segunda LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 solidificam-se ainda mais os níveis e modalidades de educação. Os ideais de Paulo Freire se tornam ainda mais fortes e ele acrescenta:

( ...) que uma das grandes, se não a maior tragédia do homem moderno, está em sua dominação pela força dos mitos sendo comandado pela publicidade organizada, ideológica ou não, renunciando por isso, a sua capacidade de decidir e de interpretar. Esta dominação se apresenta através de uma “elite” que interpreta e prescreve ao homem simples as tarefas de seu tempo, afogando-o no anonimato nivelador da massificação, coisificando-o. Intenções ideologicamente definidas e programadas para o ajustamento dócil e sutil dos homens e mulheres que, ao mandado de autoridades anônimas e alheias, adota um eu que não lhe pertence (FREIRE, 1996, p. 52).

Atualmente, as tecnologias ganharam espaço no cotidiano infantil. As cidades cresceram e com elas o trânsito e a violência, os espaços foram diminuindo e se perderam, as crianças têm de ficar em casa, a TV e o game se transformaram em “babás eletrônicas” porque os pais precisam trabalhar. Encontrar meios de reorganizar os espaços escolares para resgatar as brincadeiras infantis e aproveitar a tecnologia para dar oportunidade às crianças que não tem acesso a ela. Segundo André Lemos:

(...) não se trata de emergência de uma nova cidade, ou da destruição das velhas formas urbanas, mas é reconhecer a instauração de uma nova dinâmica de reconfiguração, que faz com que o espaço e as práticas sociais das cidades sejam reconfiguradas com a emergência das novas tecnologias de comunicações e das redes telemáticas (LEMOS, 2003, p.21).

O videogame tem relação com os aspectos teóricos considerados por Vygotsky (2007) sobre o brincar e sobre o desenvolvimento das funções psicológicas superiores tais como atenção, percepção e memória e faz-se necessário descobrir o como utilizá-lo no processo de desenvolvimento infantil. Ao jogar, a criança fica com a atenção toda voltada ao jogo e tem de memorizar regras e situações anteriores para poder solucionar problemas e avançar, levando em consideração o prazer que a criança sente ao passar de uma fase à outra, tudo o que ela havia problematizado e assimilado deu resultado.

Para as crianças, não importa o conteúdo televisivo que estão assistindo, só querem passar o tempo, se divertir e não se sentirem tão sozinhas. Com a saída das mães para o trabalho, seja para sustento familiar ou aumento de renda, as crianças se distraem com a TV (babá eletrônica) que por sua vez exerce sua influência e seu fascínio. Aos poucos as crianças mudam seu jeito de falar e de agir porque é o que estão assistindo na TV.

Tudo aquilo que se apresenta por imagem é apreendido com mais eficácia do que o que é lido ou ouvido. Pode-se imaginar o poder de influência que a TV causa nas crianças, isto porque os pais, hoje, acreditam que é mais “seguro” as crianças ficarem em casa. Ao ler os artigos sobre a influência da televisão na educação infantil e pela ausência de diálogo com os pais, pode-se concluir que o passado está voltando, assim como na era medieval, as crianças estão tornando-se pequenos adultos, tomando suas próprias decisões.

Atualmente, graças ao impacto da TV, qualquer criança sabe mais sobre sexo, violência e aberrações do que qualquer adulto de um passado não tão remoto. Não é preciso ser psicólogo para prever as distorções afetivas, psíquicas e emotivas dessa perversa iniciação precoce. A inocência infantil está sendo impiedosamente banida (FRANCO, 2005, p. 11).

A escola e a família têm papéis bem definidos e devem atuar mutuamente na definição de como utilizar esta ferramenta tão poderosa que é a televisão e que inclusive está substituindo ambos. O caminho será encontrado quando ambas as partes adequarem conteúdos televisivos direcionados para as crianças, tomando o devido cuidado para que não se torne a função primordial e deixarmos sempre o diálogo para com a criança em primeiro lugar.

Para os educadores a TV tem por função propor atividades que acrescentem informações variadas às crianças, deve servir para passar filmes e seriados que não estejam ao alcance da maioria e ser uma ferramenta de aprendizagem, através da escolha de uma programação com interesses pedagógicos, para atender objetivos, buscar resultados e principalmente aumentar o conhecimento das crianças.

Durante as eleições americanas o candidato Donald Trump demonstrou ser contra a Globalização, pela forma com a qual está sendo construída. Ela enfraquece a economia americana, pois leva os empregos para outros países, e os lucros obtidos retornam aos EUA para as mãos de poucos empresários (citando principalmente a família Clinton). (FÁBIO SASAKI, 2017).

A ONU, que deveria cuidar do mundo globalizado, possui em uma de suas políticas que os aplicativos e mídias de internet influenciem os usuários ao consumo econômico, sugerindo escolhas de compras de forma maciça após uma simples consulta no Google em várias páginas seguintes ou de uso cotidiano. Esses algoritmos de busca e sugestão são colocados por determinação da ONU para facilitar e estimular a Globalização.

Desenvolver a pesquisa Globalização e educação. Influência da globalização nas práticas educativas e na reformulação dos conteúdos da Educação, por perceber formação, influência e inserção nesta perspectiva, visto que uma geração cresceu observando os fatos e acontecimentos mundiais e as influências advindas deles ao acompanhar a informática e seu crescimento, principalmente o advento da internet com sua enxurrada de informações e conexões com o mundo. Orientar os alunos de que tudo deve ser criticado antes de ser absorvido como verdade num mundo globalizado.

Até que ponto a Educação, enquanto transmissora de conhecimento, sofre influência da globalização em suas práticas educativas, na reformulação dos conteúdos e é vivenciada por professores, alunos e sociedade?

Refletir, a partir disto, e levantar algumas hipóteses a serem confirmadas ou não, durante o desenvolvimento deste trabalho:

1.A globalização afeta nossa história, pois os órgãos internacionais influenciam nossas políticas públicas e por consequência nossa história educacional;
2.As práticas pedagógicas ocorrem de maneira diferenciada em cada a região, sendo que o abismo é ainda maior em ambientes mais globalizados que buscam atender a esta mesma globalização, em detrimento de locais mais afastados ou com menos recursos e que devem atender ao mesmo mercado e aos mesmos currículos;
3.O indivíduo está sendo manipulado e ensinado a aceitar a globalização sem questionamento sobre a mesma, acreditando que ela é algo realmente necessário e sem volta.
4.A globalização auxilia no crescimento do indivíduo ao fornecer uma infinidade de informações e trocas de conhecimento entre países, no entanto ele deve primeiro entender-se como sujeito de um lugar e então desenvolver o conceito de mundo;

Milton Santos, em seu livro “Por uma outra globalização” demonstra que há três formas de se perceber a globalização: a da fábula, a que é mostrada como globalização; a da perversidade, que nada mais é do que a realidade em que se vive; e o da ‘outra’ globalização, que é a que pode ser construída.

A globalização da fábula estimula o consumo e faz com que governos deixem de cuidar de seus povos e passem a servirem aos interesses econômicos das multinacionais, esta configuração não é percebida porque são mostradas as facilidades da rapidez da notícia, que aproxima fatos ocorridos em locais distantes, das viagens que se encurtaram, um sonho de proximidade e uniformidade global.

A globalização da perversidade está diante dos olhos quando aceita-se tudo o que é passado pelas mídias, e ao deparar-se com o aumento do desemprego, a baixa qualidade de vida, a concorrência desenfreada e desumana que o cidadão impõe ao outro para obter um vaga tão disputada, na má qualidade do ensino e na degradação moral e espiritual que aflora do ser humano baseado no consumo, no ter, ao invés de, no ser.

Enfim, chegamos a ideia da ‘outra’ globalização de Milton Santos:

Todavia, podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o grande capital se apoia para construir a globalização perversa de que falamos acima. Mas, essas mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas ao serviço de outros fundamentos sociais e políticos. (SANTOS, 2001, p. 20)

A globalização que pretende unificar currículos e práticas, visando tão somente a instrumentalização do cidadão, pode servir como base para novos objetivos de cidadania e libertação, de uma história comum a todos os povos, contra as nações e economias dominadoras.

Para que o cidadão chegue a esta reflexão a escola deve fazer-se local de partilha de ideias e criar condições para que aconteça a percepção crítica das coisas, onde aprende-se a distinguir o que é bom do que não é, partindo-se do eu no mundo e do eu para com o mundo. Na escola a palavra globalização deve ser ensinada e vivida para além da compreensão de seu significado, compreendendo o que há por trás de toda intenção política e socioeconômica da região na qual o aluno está inserido, pois cada local possui sua particularidade, que nem mesmo os aplicativos e programas podem igualar, apenas aproximar e comparar igualdades e diferenças.

O discurso ideológico da globalização procura disfarçar que ela vem robustecendo a riqueza de uns poucos e verticalizando a pobreza e a miséria de milhões. O sistema capitalista alcança no neoliberalismo globalizante o máximo de eficácia de sua malvadez intrínseca. (FREIRE, 1996, p. 144).

Benno Sander situa a América Latina em uma preocupação permanente na busca de uma identidade cultural ao invés de ser influenciada por culturas internacionais que se impõe através de políticas que perpassam pela educação.

A ONU possui um programa mundial de Educação para Todos através da UNESCO. Quando é exibida alguma propaganda, advinda do governo, fazendo acreditar que a ideia partiu dele, porém com a informação correta, refletir e perceber que não tratou-se de uma boa intenção e sim o cumprimento de um compromisso, pois sem o qual o país deixa de receber incentivos financeiros internacionais.

Este programa mundial difunde a ideia de que um povo que possua pelo menos a educação básica produz mais e melhor, diminui os índices de doenças, posiciona-se politicamente e faz crescer a democracia, ou seja a educação é a solução para um desenvolvimento sustentável.

Trecho da constituição da UNESCO de 1946:

“... uma paz baseada exclusivamente nos arranjos políticos e econômicos dos governos não seria uma paz que garantisse o apoio unânime, duradouro e sincero dos povos do mundo e, para que não falhe, a paz deve, portando, ser fundamentada na solidariedade intelectual e moral da humanidade”.

A globalização, partindo desta premissa torna-se a ‘outra’ globalização que Milton Santos nos mostra em sua obra, porém, por que esta Educação para Todos ainda não atingiu seus objetivos se há um órgão internacional atuando para isto?

Porque somente quando o governo e o povo tiverem este objetivo de educar todos os cidadãos a educação deixará de ser uma preocupação secundária que é esquecida, deixada de lado ao primeiro problema interno ou externo relativo ao governo do país. Observar, através destes documentos, que é realmente isto que ocorre, quando surgem problemas econômicos, por exemplo, a educação é a primeira a receber corte de verbas.

Outro documento da UNESCO (2000), da Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors, destacamos os Quatro Pilares da Educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Este relatório influencia os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Básica e atinge as instituições de ensino, já que elas se norteiam por este documento nacional.

Observar que estes quatro pilares direcionam as políticas públicas voltadas para a educação a formar o trabalhador para adequar-se a um novo sistema produtivo, conforme a necessidade global, não se levando em conta a cultura local onde o cidadão se reconhece, ou deveria reconhecer-se, parte do mundo, assim como na visão de Paulo Freire e na preocupação de Benno Sander e Milton Santos quando ao sentimento de pertencimento e identificação com o local.

Antes de tornar-me um cidadão do mundo, fui e sou um cidadão do Recife, a que cheguei a partir de meu quintal, no bairro da Casa Amarela. Quanto mais enraizado na minha localidade, tanto mais possibilidades tenho de me espraiar, me mundializar. Ninguém se torna local a partir do universal. (FREIRE, 1995, p. 25)

Aplicar estes quatro pilares da Educação em sua essência, permite orientar o aluno a tornar-se um cidadão que respeite as individualidades dos outros na medida em que deixa os conflitos e relações sociais em mudanças individuais. Para tanto as políticas públicas devem deixar de ser apenas um discurso político para criarem realidades locais, para, a partir do local o indivíduo perceber e fazer parte do global.

O grande desafio que enfrentamos hoje é o de fazer da globalização um instrumento efetivo de desenvolvimento humano sustentável para todos e uma oportunidade de desvendar e desenvolver as numerosas civilizações que enriquecem a humanidade. (SANDER, 2008, p. 159)

A globalização está marcada pela forma com que o capitalismo utiliza os meios de produção e alteram o processo de civilização atuais, modificando as sociedades e suas realidades, provocando novos olhares sobre as ciências sociais, uma vez que enfraquece a sociedade em detrimento do objetivo econômico do mercado, visto que as políticas públicas não são voltadas para o bem-estar da população e sim a atender a demanda deste mesmo mercado econômico. Cabe lembrar que o não cumprimento de adequações legislativas ao mercado e aos interesses das multinacionais que estão embutidos em relatórios da ONU (UNESCO), acabam por deixar o país sem receber os recursos financeiros oferecidos.

Há um século e meio Marx e Engels gritavam em favor da união das classes trabalhadoras do mundo contra sua espoliação. Agora, necessária e urgente se fazem a união e a rebelião das gentes contra a ameaça que nos atinge, a da negação de nós mesmos como seres humanos submetidos à “fereza” da ética do mercado. (FREIRE, 1996, p.48)

Separar “o joio do trigo” dentro deste universo da globalização que vem influenciando a educação se faz necessário para a formação do cidadão global.

Remontando novamente ao relatório da UNESCO sobre a educação, perceber que a forma com a qual é sugerida e tão bem redigida que não deixa perceber de antemão que mantem as desigualdades sociais através de um ideal de harmonia. Adequar a educação brasileira para que atenda ao cidadão, não deixando-o vulnerável à exploração e a vontade de outros centros de interesse, onde um modelo é implantado e que não atende aos interesses locais. Neste ponto é que entram os Currículos que devem ser construídos de forma partilhada para que não produzam constrangimentos e padronizações alheias a realidade social.

A tarefa central para enfrentar o desafio de preservar nossa identidade cultural é investir permanentemente na construção de uma pedagogia latino-americana, uma pedagogia brasileira, aberta ao universal, e destinada a fortalecer nossa capacidade de participação na definição dos destinos coletivos da humanidade. (SANDER, 2008, p. 164)

Cabe a escola encontrar o projeto institucional adequado às suas prioridades locais, para aí sim, buscar a “outra globalização” mencionada por Milton Santos, dentro de sua função social, carregada da cultura local e rompendo com o que é estabelecido indiretamente por outras culturas e outras relações de poder.

4. ÓRGÃOS INTERNACIONAIS E AVALIAÇÕES – SUAS INFLUÊNCIAS NA GESTÃO EDUCACIONAL

Em alguns países da América Latina, incluindo o Brasil, adotam-se cada vez mais processos de avaliação do ensino nacional, tanto internos quanto externos, desta forma o Estado pode fiscalizar sistemas educativos e currículos de escolas públicas e privadas.

Platão concebeu a ideia de que a educação era obrigação do Estado, mas abrangia somente as classes privilegiadas e esta concepção foi modificada na época do Renascimento pelas ideias de Rousseau, onde a educação passou a ser vista como um direito de todos.

O artigo 26º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 da UNESCO (2000, p.15) diz:

1. Toda pessoa tem o direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais
têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Quando da criação deste documento, crianças do mundo inteiro não tinham acesso a educação, portanto havia a necessidade de um documento que desse este direito a todos, passando a tornar-se um direito, também, político. Desta forma a educação voltou-se ao desenvolvimento do ser humano, reforçando seus direitos e liberdades, buscando a tolerância e a manutenção da paz. Os processos de avaliação funcionam como indicadores de inclusão social e de cidadania, dentro desta concepção de educação, sendo a UNESCO responsável por examinar estas avaliações apresentadas pelos países membros.

“A Constituição Federativa Brasileira, de 1988, em seus artigos 205º, 206º, 208º, 210º, 211º, 212º e 213º trata da educação como direito e dever do Estado e da família; reconhecendo os princípios da igualdade, liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a gestão democrática, a garantia de padrão de qualidade, o regime de colaboração entre União, Estados, Distrito Federal e os Municípios e os recursos mínimos de aplicação obrigatórios de cada um” (LIMA JR, 2003).

A educação é vista como direito do ser humano e fazê-lo superar limitações materiais, sociais e culturais em um processo de transformação contínuo de convivência social, então a educação não está restrita apenas ao ambiente escolar e o desafio, tanto no Brasil, quanto no mundo, é garantir o acesso e a permanência de todos, em qualquer nível de educação.

Como a educação é voltada para atender o mercado em desenvolvimento, o direito a educação perde em qualidade e torna-se uma mercadoria, que visa atender a este mesmo mercado, provocando diferenças sociais, reproduzindo a exclusão social, não permitindo que o homem desenvolva seu processo contínuo de transformação e ferindo o artigo 26º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, item 2.

Segundo Lima Jr (2003) o relatório brasileiro sobre o Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, apontou como desafios o enfrentamento da desigualdade com justiça e equidade social; a democratização de oportunidades; a qualidade do sistema público frente ao privado em expansão; a filantropização da educação e a privatização da educação superior.

Benno Sander observa que ainda hoje o cidadão enfrenta problemas sociais e desafios políticos dentro das mesmas preocupações de reconstrução democrática situadas nas décadas de 1970 e 1980, de liberdade, afirmação nacional e pela busca de identidade cultural, sempre ameaçada por intervenções políticas e culturais externas.

“Hoje, como ontem, temos compromissos assumidos com a nossa soberania nacional, nossos valores autóctonos e nossa identidade cultural. Uma das preocupações permanentes do pensamento latino-americano, nele incluindo a teoria da dependência, sempre foi a busca incessante de identidade, reiteradamente ameaçada pela intervenção política e cultural externa. Associo-me àqueles que sustentam que a discussão em torno da identidade cultural nunca foi tão relevante como hoje, quando a palavra de ordem do mundo neoliberal é globalização”. (SANDER, 2008, p. 158)

Por globalização entender que existem elos de ligação entre indivíduos e países, como formas de viver, agir, pensar e fazer, que influenciam na economia, política, ciências, hábitos de vida e formas de expressão que acabam tornando-se um problema, pois impactam diretamente na cultura nacional, bem como na cultura de outros povos, e que pode levar a perda de identidade cultural por ser um fenômeno tão complexo.

Entretanto, estes mesmos elos de ligação, esta mistura, serve como base para o surgimento de novas ideias e novos conceitos que não sejam os fundamentados modelos europeus e norte-americanos, e estas novas relações, unidas aos novos meios técnicos, podem ser utilizados a serviço do homem na construção de uma libertação comum a cada cidadão, onde o mesmo sinta-se fazendo parte de um todo, capaz de auxiliar nas transformações do mundo, mas tendo sempre como ponto de partida o local onde vive.

Dentro desta concepção de globalização, formar uma opinião, uma crítica a expansão de um sistema educacional mundial que adota um sistema de escolarização institucionalizado. Isto ocorre por que a economia capitalista globalizada impõe uma hegemonia internacional que se manifesta em todos os campos de atividade.

Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico da Europa (OCDE), a globalização da economia e da atividade humana oferece oportunidades a sociedades e indivíduos de todo o mundo, mas seus benefícios não se distribuem de forma equitativa. Os ministros de Economia e Finanças da OCDE, em sua reunião anual realizada em Paris no dia 3 de maio de 2005, sublinharam que “faltam medidas nacionais e internacionais para garantir que indivíduos e Estados não fiquem à margem da globalização” (OCDE, 2005).

Os países desenvolvidos investem mais em segurança e proteção de seus mercados do que em investimentos ao maior problema social da humanidade, a pobreza. Inibem o crescimento econômico dos países em desenvolvimento e aplicam muito pouco em ajuda direta aos países mais pobres. E é neste enfoque global que “o terreno veio sendo convenientemente preparado por estratégias que paulatinamente começaram a envolver os organismos internacionais nas grandes decisões educacionais” (GARCIA, 2002, p. 9)

Os países desenvolvidos difundem suas experiências no campo da educação e da administração educacional através das organizações intergovernamentais de cooperação técnica e ajuda financeira, porém o que pode parecer uma excelente forma de incentivo ao conhecimento e a aprendizagem, também serve para intervir no processo interno de políticas que atenderiam interesses nacionais e acabam por diluir as culturas locais.

Das organizações internacionais que mais influenciam o processo de criação de políticas públicas voltadas para a educação, destacam-se a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), a OEA (Organização dos Estados Americanos) e os bancos BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o BIRD (Banco Mundial), estas organizações formam um bloco que alimentam a ideologia do movimento internacional da economia do bem-estar social e na economia da educação onde, por meio da educação, há crescimento econômico, progresso técnico e meio de ascensão social.

As políticas neoliberais comportam algumas orientações/condições que se combinam, tendo em vista a inserção de um país na dinâmica do capitalismo contemporâneo, marcada pela busca de rentabilidade do capital por meio da reestruturação produtiva e da mundialização: atratividade, adaptação, flexibilidade e competitividade (BEHRING, 2003, p. 59).

No início da década de 1970 foram vários os programas voltados à educação para a América Latina e Caribe, não como serviços de assistência técnica ou financeira, mas atividades de intercâmbio e cooperação técnica que favoreciam a um verdadeiro processo de aprendizagem e construção coletiva, tendo como base uma lógica comum que fosse aceita pelos países participantes. Foi neste período em que os Ministérios de Economia e Planejamento adotaram planos anuais, trimestrais, quinquenais e decenais de desenvolvimento econômico inserindo também o desenvolvimento na área da educação.

Observar que neste período a influência da Guerra Fria fez com que a UNESCO incentivasse a descentralização da gestão educacional, impulsionando uma educação mais liberal no intuito de dirimir a influência socialista nos países Sul-americanos.

Através de uma reunião conjunta de ministros de Educação e de Planejamento, organizada pela UNESCO, na cidade do México em 1979, surgiu o Projeto Principal de Educação para a América Latina e o Caribe, tendo como principal objetivo erradicar o analfabetismo até o final do século XX, garantir a educação básica a todas as crianças e melhorar a qualidade e eficiência dos sistemas educacionais.

O Projeto Principal de Educação para a América Latina e o Caribe recebeu duro golpe com as saídas dos EUA, Inglaterra e Singapura da UNESCO, causando uma enorme diminuição de recursos para a educação em todo o mundo, não bastasse isto o Banco Mundial passou a investir em educação e em reformas educacionais somente em países em desenvolvimento que atendessem às exigências das nações mais ricas, principalmente, conforme os interesses dos EUA, e impondo medidas obrigatórias para a aquisição de empréstimos.

Os países latino-americanos tiveram de criar novas estratégias em seus sistemas educacionais, que atendessem a uma modernização institucional e em eficiência econômica, pois estavam chegando ao fim as ditaduras militares e fazia-se necessária a introdução do conceito de democracia e de gestão educacional, com uma agenda educacional de caráter liberal.

Após a queda do Muro de Berlim os EUA passam a ter um poder de decisão maior, frente a formulação de políticas e na condução econômica e social da humanidade, conduzindo e orientando a globalização em todos os lugares. Foi neste cenário que surgiu a agenda educacional Educação para Todos, mais voltada a obtenção de recursos financeiros do que em realizar os planos de educação dos países em desenvolvimento, dando prioridade a descentralização e a eficiência administrativa, e na articulação entre educação e política social.

Lembrar que apesar das dificuldades enfrentadas, a UNESCO e a OEA contribuíram para melhoria dos serviços escolares, na melhoria da qualidade do ensino e na administração da educação, através de suas campanhas e movimentos internacionais, tentando agir dentro dos limites impostos pela política internacional, conforme a necessidade cultural e social de cada região, contribuindo na construção de nossa identidade cultural.

Como citado anteriormente, a saída dos EUA da UNESCO, reduzindo drasticamente com os recursos voltados para a educação, fez com que os bancos internacionais tivessem um papel de muita influência em todas as políticas educacionais, tanto nas práticas de organização quanto na gestão da educação.

Perceber que todas as decisões tomadas na ONU e que influenciam a UNESCO, assim como a OEA afetam os sistemas educacionais. Cuidar para não perder a identidade cultural brasileira, afim de compartilhá-la como uma rica contribuição ao mundo globalizado.

Todo sistema de educação está ligado a algum projeto de desenvolvimento e modernização de uma nação, porém atualmente esbarram na expansão capitalista impulsionada pela globalização o que dificulta na busca de seus objetivos, pois perpassam por interesses socioeconômicos, a gestão não está mais centralizada no país e o capital para investimentos provém, cada vez mais de recursos estrangeiros que somente são capitalizados ao atenderem as exigências de um mercado dito globalizado que atende ao interesse de poucos, aumenta ainda mais as desigualdades em todo o globo.

Com o enfraquecimento de suas soberanias econômicas, os países em desenvolvimento não conseguem manter a educação como fonte de igualdade de oportunidades e deixam de investir nesta área, proporcionando oportunidades ao mercado privado e a formação humana é direcionada à formação do trabalhador capaz de atender as exigências e demandas globais.

Segundo Burbules e Torres (2004) a globalização influenciou de várias formas a educação, como por exemplo a educação global à distância e os currículos adaptados à nova realidade do trabalho.

A educação foi invadida por uma imposição de indicadores de desempenho e performance que atendessem a estas múltiplas faces da transmissão de conhecimento.

Em maio de 2007 o Brasil passa a cooperar com a OECE (Organização Europeia de Cooperação Econômica), uma organização internacional que foi criada com o objetivo de influenciar políticas públicas, através de avaliações entre países, comparando-os para chegar a uma conformidade.

A inclusão do Brasil deu-se em face de sua importância na economia mundial e como suas políticas e atividades produzem impacto global, conforme as abordagens da OECE.

Por oferecer instrumentos e subsídios, a OECE tornou-se um importante aliado da globalização, planificando a educação em uma base mundial. Como citado anteriormente, não há preocupação com o direito humano e onde a educação é tratada como mercadoria que atenda a um currículo mundial através de competências que atendam as demandas globais de economia. As avaliações realizadas pela OECE servem para demonstrar se os sistemas educacionais são eficientes e garantem se as economias nacionais estão competitivas.

A OECE cria um programa (PISA) para avaliar a efetividade dos sistemas educacionais, testando e comparando o desempenho escolar em todo o mundo, onde cada país participante possui uma coordenação nacional, no caso do Brasil o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira”) é o responsável pelo programa.

Ao aplicar indicadores nos países mais pobres as instituições internacionais pressionam os mesmos a cumprirem seus acordos internacionais baseados em resultados que apontem desenvolvimento educacional, mas também socioeconômico. Assim, surgem vários modelos de avaliação, tanto nacionais quanto internacionais, um querendo provar ao outro o que está dentro ou fora dos parâmetros. Somente se enquadrando é que o país poderá participar da economia globalizada, então mudam-se currículos e sistemas educacionais, então, atentar de que é um instrumento que pode contribuir para a melhoria da educação nacional, desde que bem analisado.

A observação crítica mostra que os objetivos das avaliações, para as instituições, assim como do Banco Mundial é a garantia do lucro. Outra crítica é quanto a processo de avaliação, onde uma prova única é aplicada em cada parte do mundo, sem levar em consideração as diferenças de cultura.

Partindo desta observação, entender que as instituições internacionais idealizem uma cultura única, ignorando a realidade educacional de cada país, mas combatido por vários estudiosos.

O que certamente não devemos fazer é aplicar cegamente as receitas dos organismos internacionais, aqueles que atuam como se soubessem tudo de antemão, que ignoram as diferenças culturais, que sugerem escolas mistas no Afeganistão e asseguram que os 300 dias efetivos de aula declaradas vão coincidir, no México, com um calendário ideal que faz abstração das festividades locais e das emendas dos feriados nacionais. (Ferreiro 2005, p. 6)

Programas como o PISA tem o objetivo de verificar até que ponto os jovens que estão se formando na educação básica conseguirão enfrentar as demandas sociais e se atingiram a proficiência. O termo letramento é amplamente utilizado como forma de avaliação para a prática da cidadania e participação em sociedade através de disciplinas tidas como primordiais.

O letramento em leitura avalia a experiência que o aluno possui com textos, em termos de análise, interpretação e função do texto; O letramento em matemática verifica o uso de operações básicas, raciocínio lógico e situações que envolvam a matemática; O letramento em ciências envolve os conceitos científicos que levam a compreensão do mundo.

O PISA avaliou inicialmente estes letramentos em três momentos diferentes:

2000 – Avalição da leitura;

2003 – Avaliação da matemática;

2006 – Avaliação das ciências.

Num mundo em constante transformação esta forma de avaliação pode auxiliar a compreender como os jovens organizam-se e administram seu aprendizado, mostrando hábitos de estudos, preferências e se estão capacitados a exercerem seus direitos. Vendo por esta perspectiva a educação volta a ser um direito de cada cidadão e pressupõe que o progresso, ao qual ela leva, também pertence a todos.

Ainda, analisando esta mesma perspectiva, os governos podem avaliar suas políticas públicas locais e averiguar se estão de acordo com as demandas globais. Infelizmente o Brasil é detentor dos piores resultados, principalmente em ciências. Mas ao analisar o que realmente é investido considera-se que o resultado não é tão ruim e que pode ser melhorado através de incentivos por parte dos governos municipal, estadual e federal.

O Ministério da Educação incentiva a educação básica e a permanência em todos os níveis de ensino, procurando garantir a qualidade da educação por meio de políticas que qualifiquem os professores, valorize os trabalhadores da educação, financiamentos desde a educação infantil ao ensino médio e democratização da gestão.

A formação de professores faz parte de uma proposta do MEC para uma melhor qualificação aos que não possuem certificação mínima conforme determina a Lei de Diretrizes e Bases Nacionais, desta forma eleva-se o nível de conhecimento e apresentam-se novas práticas pedagógicas, na intenção de melhorar a qualidade da educação e na socialização das crianças. A formação continuada de professores tem por maior objetivo mantê-los atualizados com as demandas sociais e exigências do mundo globalizado.

O MEC também mantem programas que visam melhorar a gestão escolar, capacitando os gestores a atuarem em suas comunidades conforme a realidade local, adaptando currículos e projetos pedagógicos à partir do local e ampliando-se a visão de mundo.

A análise dos baixos índices da qualidade da educação brasileira, realizada através de programas internacionais que comparam os países sob uma ótica globalizada, são a base que o MEC utiliza para orientar-se em medidas que promovam maior inclusão e igualdade na intenção de melhorar estes mesmos índices até o Ensino Fundamental. Criaram-se fórmulas de se evitar a repetência e a evasão para diminuir os altos índices de distorção de idade x série.

A Globalização e seus programas de avaliação servem para demonstrar, como um raio x, como está a educação brasileira. Nossos jovens compreendem pouco o que leem. Partindo disto são criadas políticas públicas e pedagógicas para amenizar e melhorar estes índices, pois é justamente nestas estratégias que ocorre o erro, incentivou-se pouco o hábito da leitura. Está aumentando o número de letrados em nosso país, mas não se formam pessoas que possam tornar-se intelectuais.

Estas pesquisas sobre educação, ao invés de indicarem realmente o que ocorre, funcionam como formadoras de opinião, assim como as pesquisas eleitorais acabam influenciando no voto dos que não possuem formação crítica.

Este cenário cria uma cultura de avaliação onde o MEC insere vários exames nacionais na intenção de atender as exigências internacionais: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Exame Nacional de Cursos (Provão), Avaliação das Condições de Oferta dos Cursos de Graduação e a Avaliação dos Cursos de Pós-graduação.

A pergunta então é, o que está sendo feito com os resultados destas avaliações? Estão sendo discutidos com pessoas ligadas a educação? O que de fato é, ou foi, realizado através destas ferramentas? São apenas uma forma de dar satisfação à sociedade?

O MEC argumenta que as avaliações da educação são uma tendência mundial e que servem para direcionar melhor os investimentos e evitar desperdícios. Neste ponto, lembrar novamente de que avaliações comparadas com países de culturas diferentes da nossa não retratarão nossa realidade, as economias e reações sociais divergem, levando a cair numa armadilha da globalização, o currículo único.

Parece-nos, entretanto, que a ação extensionista envolve, qualquer que seja o setor em que se realize, a necessidade que sentem aqueles que a fazem, de ir até a “outra parte do mundo”, considerada inferior, para, à sua maneira, “normalizá-la”. Para fazê-la mais ou menos semelhante a seu mundo. (FREIRE, 1985, p.13)

Concordar que em algum momento da história surja um currículo único, mas que o mesmo seja flexível para atender as várias culturas mundiais, enriquecendo-as, não as exterminando.

As políticas de educação brasileiras possuem seus currículos legitimados por sistemas educativos de países desenvolvidos que detêm a hegemonia mundial com suas políticas e ideologias com realidades diferentes, desta forma associam-se educação e globalização, pois ao apresentar soluções a nível nacional, o governo baseia-se em culturas dominantes.

Fala-se muito em alunos, currículos, avaliações, políticas públicas, porém não há realmente um olhar para o professor. Sobre a figura do professor há muita teoria, mas na prática permanece desvalorizado, pouco respeitado e os cursos de formação continuada atendem a uma exigência política, que aparentemente não estão auxiliando-o.

Observar que as novas tecnologias trabalham a favor do professor se o mesmo estiver preparado para o uso das mesmas, criando um ambiente fértil de novas ideias, mas as mesmas tecnologias podem esvaziar conteúdos.

As políticas públicas são voltadas mais para regular e dominar, como resultado das complexas avaliações que são concebidas em outros contextos sociais, não sendo idealizadas para realmente fazer com que a formação do cidadão se dê para participar da vida em sociedade e sim para fazê-lo um bom trabalhador, profissional capacitado para exercer as demandas produtivas e econômicas do mercado globalizado.

5. GLOBALIZAÇÃO E PRÁTICAS EDUCATIVAS

Para atender as exigências existentes na sociedade, influenciada pela globalização e pelo uso de novas tecnologias, os profissionais em formação devem ser preparados e qualificados para possuírem autonomia na tomada de decisões e incentivados a buscar sempre a aprender cada vez mais.

Não deixar de entender o que é tecnologia, pois a mesma não limita-se apenas a máquinas e programas. Veja um exemplo dado pelo Sr. John Daniel, Diretor Geral Adjunto da UNESCO, em uma apresentação em Bangkok:

“A questão examinada era a seguinte: como fazer com que as crianças cheguem à escola em uma região rural montanhosa da América Latina, quando moram muito longe e não é desejável que cheguem à escola cansadas? A resposta foi: conseguir alguns burros. Soubemos então, pelo UNICEF e UNHCR, que, de acordo com as diretrizes de aquisição das Nações Unidas, é muito difícil comprar burros. Essas diretrizes exigem especificações de rendimento, licitação, etc. Foi quando alguém teve uma inspiração: a solução era contratar os burros como consultores, o que não contrariava as regras das Nações Unidas. “ (DANIEL, 2003, p. 109 e 110)

Ele exemplificou que o uso dos burros para atender as crianças na América Latina é um pensamento amplo de uso das tecnologias para ajudar as pessoas a aprender, pois o uso dos burros é um tipo de tecnologia.

Assim, meu primeiro ponto é recomendar-lhes que pensem com amplitude sobre a tecnologia. Minha definição favorita de tecnologia é simplesmente esta: tecnologia é a aplicação conhecimento científico e de outro conhecimento organizado a tarefas práticas, por organizações compostas de pessoas e máquinas. (DANIEL, 2003, p. 110)

É importante formar cidadãos preparados para: conviver com a diferença, assim poderão adequar-se a pessoas com formação diferenciada em seus locais de trabalho; terem condições de saber fazer escolhas, para poderem participar e influenciar suas comunidades; aprenderem o resto de suas vidas, pois desta forma sempre se adequarão a mudanças e poderão determinar como viver neste mundo da globalização.

A educação é uma área onde ocorrem interações e influências, portanto é um campo fértil que atrai interesses políticos e econômicos voltados para a área, então, observar em ter cuidado com a práticas educativas.

O capitalismo que move a globalização interfere nas economias dos países fazendo-os investirem menos em questões sociais e permitindo que suas sociedades sofram frente as iniciativas de mercado por não terem garantido o bem-estar social por parte de seus governos.

Desta forma, a escola, enquanto transmissora de conhecimento, também sofre mudanças em todo o seu processo, não cabendo mais a pura e simples transmissão dos saberes instituídos, através de práticas exatas e sem crítica. As novas formas de comunicação que advém da globalização mostram que as práticas educativas devem utilizar de todos os métodos, sendo eles tecnológicos ou não, no intuito de levar a criança ser crítica na construção de seu próprio conhecimento,

(...) a educação não pode ser mais baseada em um fazer descompromissado, de realizar tarefas e chegar a um resultado igual à resposta que se encontra no final do livro texto, mas do fazer que leva ao compreender, segundo a visão piagetiana. (VALENTE, 1999, p. 31).

Neste novo desafio, de criar várias condições de aprendizado, ainda há a dificuldade de se respeitar as características de cada criança envolvida no processo, fazendo-a criadora de seu próprio conhecimento, partindo de sua visão de mundo, como ensina o mestre Paulo Freire, e o professor sendo seu mediador, entre o que aprende e o que participa na sociedade, tornando-se proficiente e crítica em todos os fatos sociais ao quais estará inserida.

As novas tecnologias e o mundo globalizado demandam de criatividade e raciocínio lógico, sendo a matemática um ótimo instrumento que ajuda a desenvolver estas potencialidades, muito embora seja uma disciplina que não tenha uma boa aceitação, apesar de sua importância.

Repensar o uso da matemática, partindo do pressuposto de que a criança já a vive em sociedade, basta apenas criar mecanismos, não de repetição, mas de busca, de clareza de ideias, de formulação e descoberta de resultados, para que a criança adquira aos poucos, curiosidade, criatividade e as noções básicas de matemática, para em outro momento aprofundar este conjunto adquirido e expandir para sua própria liberdade de ideias.

Ao brincar, a criança inicia sua construção de noções matemáticas, é desafiada a juntar, separar, relacionar objetos, organizar-se durante a brincadeira, descobre tamanhos e formas, assim como os leões quando filhotes, brincam, se mordem, se enrolam uns nos outros, mas estão desenvolvendo sua capacidade de caça, a criança começa a situar-se e a relacionar-se com o mundo a seu redor.

...se toda informação cognitiva emana dos objetos e vem de fora informar o sujeito, como supunha o empirismo tradicional, ou se, pelo contrário, o sujeito está desde o início munido de estruturas endógenas que ele imporia aos abjetos, conforme diversas variedades de apriorismo ou de inatismo. (PIAGET, 1973, p. 13).

Para desenvolver a capacidade do raciocínio lógico, Piaget nos mostra que existe um processo de atuação do sujeito sobre o objeto que o leva ao conhecimento

O conhecimento não procede, em suas origens, nem de um sujeito consciente de si mesmo nem de objetos já constituídos (do ponto de vista do sujeito) que a ele se imporiam. O conhecimento resultaria de interações que se produzem a meio caminho entre os dois, dependendo, portanto, dos dois ao mesmo tempo, mas em decorrência de uma indiferenciação completa e não de intercâmbio entre formas distintas”. (PIAGET, 1973, p. 14).

Este processo de desenvolvimento acontece durante toda a vida, basta auxiliar os alunos a buscarem sempre ser curiosos, desejosos e ávidos de aprender.

Perceber que muitos professores utilizam de modismos ao tentar justificar suas práticas junto ao tema globalização, não refletindo criticamente se o que estão utilizando é apenas uma nova forma de transmissão de conhecimento ou de participação do aluno na construção deste mesmo conhecimento.

Ao contrário, educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles que sabem que pouco sabem – por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais – em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais. (FREIRE, 1985, p.15)

Ao pensar o fazer pedagógico na intenção de dimensionar a inserção na globalização partindo das realidades locais, e desta forma contribuir para uma formação do cidadão global, que faça parte do todo a partir de si e de onde vive, caso contrário será suprimida a identidade cultural, sobrepondo-a com culturas de países desenvolvidos que se impõe através da máscara da globalização.

Não é possível respeito ao educando à sua dignidade, a seu ser formando-se, à sua identidade fazendo-se, se não se levam em consideração às condições em que eles vêm existindo, se não se reconhece à importância dos “conhecimentos de experiência feitas” com que chegam à escola. O respeito devido à dignidade do educando não me permite subestimar, pior ainda, zombar do saber que ele traz consigo para a escola (Freire, 1996, p.64).

Sander (2008) informa que a Organização Internacional do Comércio (OMC) está tentando regulamentar o ensino como um produto globalizado, principalmente no ensino superior, então também faz-se necessário pensar na prática educativa de uma universidade aberta ao universal, mas baseada nos interesses e culturas nacionais, preservando a identidade cultural, porém dando condições para que atuem juntos a outros países, nos destinos da humanidade.

Repensar a prática educativa em um modelo que promova a qualidade de vida, a cidadania e a construção cultural, partindo das comunidades locais, não se subordinando a esta ideia de uma educação criada por outras culturas dominantes. Desta forma, além de preservar, contribuir para o enriquecimento cultural da própria humanidade, onde também a opinião sobre o pensar e o como fazer a educação perante aos órgãos internacionais responsáveis pela educação global.

Encontrar uma nova linha de pensamento, chamada de Estudos Culturais, que de acordo com Costa (2003, p. 37)

Os Estudos Culturais (EC) vão surgir em meio às movimentações de certos grupos sociais que buscam se apropriar de instrumentais, de ferramentas conceituais, de saberes que emergem de suas leituras do mundo, repudiando aqueles que se interpõem, ao longo dos séculos, aos anseios por uma cultura pautada por oportunidades democráticas, assentada na educação de livre acesso. Uma educação em que as pessoas comuns, o povo, pudessem ter seus saberes valorizados e seus interesses contemplados.

Saber que não existem receitas prontas, acabadas e que as novas tecnologias são instrumentos importantes, mas ainda desafiadores. Cabe ao professor repensar sua prática pedagógica, tanto nas escolas quanto nas universidades, mediando a educação dos alunos para que possam levar os valores adquiridos na escola para a comunidade na qual estão inseridos, transformando e sendo transformados através da convivência mútua que evolui do local para o global, criando uma sociedade mais justa, melhor administrada, valorizando o convívio e a participação.

Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade. (FREIRE, 1996, p. 13)

Não há como pensar em globalização sem pensar partindo do local, nem tão pouco pensar em uma padronização mundial tendo cada localidade suas práticas pedagógicas diferentes umas das outras e dentro desta perspectiva criar práticas contra esta hegemonia globalizada. Nestes esquemas complexos criados pela globalização direcionar saberes para que o aluno se situe, sinta-se inserido no mundo globalizado e o entenda, para não ser absorvido por ele, sem criticar a situação em que se encontra.

Gerar qualidade de vida tendo como facilitada a educação, que auxilia a identificar as necessidades da sociedade local, confrontando com os interesses de países desenvolvidos que estão criando um quadro global de cidadania na intenção de preservar suas hegemonias. Preparar conteúdos que facilitem o surgimento de ideias e criem habilidades para que o futuro cidadão possa participar e se preparar para o mundo globalizado exercendo sua cidadania. Desta forma preocupar-se com abordagens, processos e o modo de fazer as coisas, pois são tão importantes quanto o uso das tecnologias utilizadas na educação.

O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. [...] Pelo contrário, nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo. Só assim podemos falar realmente de saber ensinado, em que o objeto ensinado é apreendido na sua razão de ser e, portanto, aprendido pelos educandos. (FREIRE, 1996, p.13)

As organizações mundiais criaram vários instrumentos de análise da educação, os quais o Brasil utiliza alguns e cria outros, que cabe questionar:

“ – Deseja-se que os jovens aprendam ou que cumpram metas baseadas na realidade de outros países com situações e culturas, não tão diversas como a brasileira”?

Estas avaliações internacionais evidenciam que o baixo rendimento dos estudantes advém de um ensino punitivo, fundamentado em regras, descontextualizado e com poucas horas de leitura, e ao se basear nisso fica claro que a formação do professor, seu novo jeito de pensar e agir, deve seguir pelos quatro pilares da educação (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver juntos).

A utilização e execução de conteúdos, feita de maneira flexível e na medida que os alunos façam uma troca de experiências, conforme suas realidades sociais, deve ser feita com muito cuidado, para que não ocorra um isolamento social, restrito apenas aos seus mundos, mas de forma que não fiquem alienados em relação a assuntos referentes a outras culturas e costumes.

Fazer uso de conteúdos que também demonstrem culturas e costumes de outros países e localidades, procurando utilizar uma linguagem que os faça compreender as diferenças e as semelhanças para perceberem que seu mundo faz parte de um maior ainda. Desta forma facilitar o aprendizado, na busca de formar cidadãos críticos, conscientes com relação a direitos e deveres, e que fazem parte da sociedade em que estão inseridos.

Apresentar outros lugares, mesmo que de forma incompleta, é um meio para incentivar a curiosidade, mostrando outras formas de pensar, indo de encontro aos Quatro Pilares da Educação.

Situar o aluno no mundo globalizado pelas tecnologias, levando-o a perceber os prós e os contras do uso maciço das mesmas, para que não seja um rosto sempre sozinho nas selfies da vida, então, dosar bem o uso das tecnologias, porque senão perde-se a fascinação pelo simples. Você já teve a oportunidade de estar em um campo, à noite, isolado do mundo e observar o céu estrelado? É a coisa mais linda deste mundo, a quantidade de estrelas que conseguimos enxergar se multiplica por vinte. Foi uma tecnologia do passado, mas tão atual, que nos tirou este deleite, a luz elétrica. Entretanto, o quão indispensável tornou-se em nossas existências!

As práticas educativas devem levar o aluno a perceber isto, que apesar de todas as vantagens que o mundo globalizado apresenta, devem ter consciência e discernimento sobre o que escolher para suas vidas, pois o que é bom para uns e outros, nem sempre é bom para o seu Eu, porque a globalização utiliza da educação como meio de aproximar mundos, mas também para inserir suas culturas hegemônicas, com representações de uma vida cheia de vantagens e com a felicidade ao bater de sua porta, basta portanto ter isto, ou ser aquilo, através de um mercado econômico globalizado e próximo, pelos meios de comunicação instantâneos.

Esta criança, que já está sendo letrada, mesmo antes de ingressar na escola é entregue aos cuidados do professor, que em sua maioria das vezes não conhece, ou não se envolve em tecnologias. Costumes e atitudes são passados através de jogos, conhecer os ambientes virtuais permite deixar o professor em pé de igualdade com a criança, podendo assim auxiliá-la na busca de seu conhecimento e na afirmação de seu Eu dentro da cultura local.

Depois, o problema crucial é: como passar de uma situação crítica a uma visão crítica – e, em seguida, alcançar uma tomada de consciência. Para isso, é fundamental viver a própria existência como algo de unitário e verdadeiro, mas também como um paradoxo: obedecer para subsistir e resistir para poder pensar o futuro. Então a existência é produtora de sua própria pedagogia. (SANTOS, 2001, p.57)

6. METODOLOGIA

Embasar, sob uma ótica qualitativa, ideias e conceitos sobre a globalização e sua influência sobre a educação, em livros e artigos relacionados ao tema. A maior dificuldade deste tipo de metodologia não são as leituras, mas a interpretação das mesmas dentro do tema proposto.

O tema “Globalização e educação” foi abordado sobre uma ótica qualitativa por ser a mais adequada quando se trata de Educação, e para tanto utilizar como metodologia a pesquisa bibliográfica que compreende: a busca de informações, a coleta, organização, análise e interpretação de dados através de conteúdos da bibliografia especializada.

Interpretar, num sentido restrito, é tomar uma posição própria a respeito das ideias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das ideias expostas, é cotejá-las com outras, enfim, é dialogar com o autor. (SEVERINO, 1985, p. 60).

A pesquisa bibliográfica está fundamentada principalmente no livro “Por uma outra globalização”, 6ª edição, Editora Record - 2001 do geógrafo Milton Santos, mundialmente reconhecido e respeitado nos meios acadêmicos. Questionar, através de sua obra a realidade na qual a educação está inserida, sofrendo influência da globalização, onde ao buscar-se uma ideia ela é transformada, manipulada conforme a necessidade dos que estão no poder. Porém buscar o outro lado da globalização, idealizada conforme a realidade e não sofrendo manipulação a nível de poder, e sim influenciar diretamente o convívio em sociedade e realmente torna-se global. Questionar qual é a realidade da globalização e o que ela deveria ser e responder a hipótese de que o indivíduo está sendo manipulado e ensinado a aceitar a globalização sem questionamento sobre a mesma, acreditando que ela é algo realmente necessário e sem volta.

Benno Sander, em “Educação na América Latina - Identidade e globalização” situa a educação na América Latina, influenciada pelo fenômeno da globalização e pelo papel desempenhado pelas organizações internacionais, através do intercâmbio com outros países do mundo. Discorrendo sobre a hipótese de que a globalização afeta a história nacional, pois os órgãos internacionais influenciam as políticas públicas e por consequência a história educacional.

Em uma das obras de Paulo Freire, “Extensão ou comunicação”, há a busca de entender a relação de como o homem está sendo no mundo e com o mundo. Ele também utiliza o termo “invasão cultural” e discorre sobre vários assuntos que se inter-relacionam buscando a libertação do indivíduo da massificação que aliena. Freire orienta a desenvolver a hipótese de que a globalização auxilia no crescimento do indivíduo ao fornecer uma infinidade de informações e trocas de conhecimento entre países, no entanto ele deve primeiro entender-se como sujeito de um lugar e então desenvolver o conceito de mundo;

Fazer comparações a analogias de cada autor, onde estão distribuídas as informações necessárias para complementar o estudo.

Buscar entender o que é Globalização e como ela está sendo difundida, comparando como esta nova realidade está influenciando a América Latina e o mundo, finalizando como devem ser os procedimentos para não tornar o cidadão, prisioneiro desta mesma globalização e sim, saber obter os melhores resultados, criando novas práticas pedagógicas ao perceber onde e como há a influência na educação.

As três obras formam a base para atender a hipótese de que as práticas pedagógicas ocorrem de maneira diferenciada em cada a região, sendo que o abismo é ainda maior em ambientes mais globalizados que buscam atender a esta mesma globalização, em detrimento de locais mais afastados ou com menos recursos e que devem atender ao mesmo mercado e aos mesmos currículos.

7. CONSIDERAÇÕES

Globalização e educação: a Influência da globalização nas práticas educativas e na reformulação dos conteúdos da Educação.

Ao observar a influência que a Educação recebe, devido a ideologia da Globalização, onde as políticas públicas e práticas pedagógicas reproduzem o mercado socioeconômico, fazendo com que o cidadão aceite passivamente esta situação, por fazê-lo acreditar que esta nova realidade é irreversível e necessária, surgem a exclusão social, as diferenças de classes e a perda da cultura local.

Tornar o sujeito transformador de sua própria realidade e preservando sua identidade, de forma que contribua com o global, mas de forma crítica, sem aceitar passivamente o que lhe é apresentado, fazendo parte de um todo, partindo de si mesmo, deve ser o objetivo e o caminho para uma globalização real, humana e participativa, vislumbrando um novo destino para uma humanidade reflexiva onde seus interesses venham à tona, não mais sofrendo influência de classes e/ou países hegemônicos que transformam as realidades dos locais onde instalam suas fábricas para que atendam a suas próprias demandas.

A educação se adequa aos poucos a um novo paradigma trazido pelas transformações advindas de novas tecnologias. A relação do aluno com o conhecimento mudou, portanto, mudar as práticas educativas e manter o professor atualizado é imprescindível.

Aplicar novas práticas pedagógicas na utilização de jogos eletrônicos no processo de desenvolvimento da aprendizagem, onde, ao jogar, a criança fica com a atenção toda voltada ao jogo e tem de memorizar regras e situações anteriores para poder solucionar problemas e avançar, levando em consideração o prazer que a criança sente ao passar de uma fase à outra, tudo o que ela havia problematizado e assimilado deu resultado.

Orientar os alunos que tudo deve ser analisado sob uma ótica crítica antes de ser absorvido como verdade num mundo globalizado.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais norteiam-se pelos Quatro Pilares da Educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Aplicar estes quatro pilares da Educação em sua essência, permite orientar o aluno a tornar-se um cidadão que respeite as individualidades dos outros na medida em que deixa os conflitos e relações sociais em mudanças individuais.

Estes quatro pilares direcionam as políticas públicas para a educação a formar o trabalhador para adequar-se a um novo sistema produtivo, conforme a necessidade global, não levando em conta a cultura local onde o cidadão se reconhece, ou deveria reconhecer-se, parte do mundo, sentindo o pertencimento e identificação com o local.

A globalização está marcada pela forma com que o capitalismo utiliza os meios de produção e alteram o processo de civilização atuais, visto que as políticas públicas não são voltadas para o bem-estar da população e sim a atender a demanda deste mesmo mercado econômico. Cabe lembrar que o não cumprimento de adequações legislativas ao mercado e aos interesses das multinacionais que estão embutidos em relatórios da ONU (UNESCO), acabam por deixar o país sem receber os recursos financeiros oferecidos, por esta razão são utilizados cada vez mais processos de avaliação do ensino nacional, para fiscalizar os sistemas educativos e os currículos das escolas públicas e privadas.

Cabe a escola encontrar o projeto institucional adequado às suas prioridades locais, para aí sim, buscar a “outra globalização” mencionada por Milton Santos, dentro de sua função social, carregada da cultura local e rompendo com o que é estabelecido indiretamente por outras culturas e outras relações de poder.

Por globalização entende-se que existem elos de ligação entre indivíduos e países, como formas de viver, agir, pensar e fazer, que influenciam na economia, política, ciências, hábitos de vida e formas de expressão que acabam tornando-se um problema, pois impactam diretamente na cultura brasileira, bem como na cultura de outros povos, e que pode levar a perda de identidade cultural por ser um fenômeno tão complexo.

Entretanto, estes mesmos elos de ligação, esta mistura, serve como base para o surgimento de novas ideias e novos conceitos e estas novas relações, unidas aos novos meios técnicos, podem ser utilizados a serviço do homem na construção de uma libertação comum a cada cidadão, capaz de auxiliar nas transformações do mundo, mas tendo sempre como ponto de partida o local onde se vive.

Toda nação, ao desenvolver projetos de desenvolvimento e modernização utilizam a educação como forma de ligar ambos, mas encontram dificuldades em alcançarem seus objetivos devido a globalização porque necessitam de recursos estrangeiros para realizarem seus investimentos, submetendo-se assim as exigências do mercado globalizado com interesses socioeconômicos que descentralizam a gestão interna. Esta expansão de capital que influencia diretamente a economia dos países que, para se desenvolver, precisam de capital estrangeiro, agrava ainda mais a desigualdade social em todos os lugares.

Com o enfraquecimento de suas soberanias econômicas, os países em desenvolvimento não conseguem manter a educação como fonte de igualdade de oportunidades e deixam de investir nesta área, proporcionando oportunidades ao mercado privado e a formação humana é direcionada à formação do trabalhador capaz de atender as exigências e demandas globais.

Num mundo em constante transformação as formas de avaliação podem auxiliar a compreender como os jovens organizam-se e administram seu aprendizado, mostrando hábitos de estudos, preferências e se estão capacitados a exercerem seus direitos. Vendo por esta perspectiva a educação volta a ser um direito de cada cidadão e pressupõe que o progresso, ao qual ela leva, também pertence a todos.

Sobre a figura do professor há muita teoria, mas na prática permanece desvalorizado, pouco respeitado e os cursos de formação continuada atendem a uma exigência política, que aparentemente não estão auxiliando-o.

Observar que as novas tecnologias trabalham a favor do professor se o mesmo estiver preparado para o uso delas, criando um ambiente fértil de novas ideias, mas saber que as mesmas tecnologias podem esvaziar conteúdos.

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Publicado por: Wilson Silva Neto

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