HIPÓTESE DA ESCRITA: O NÍVEL DA ESCRITA SILÁBICA SEM VALOR SONORO

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1. RESUMO

No período da alfabetização de um indivíduo, uma das tarefas mais complexas para um educador é planejar uma atividade na qual consiga atender a todos os alunos de diferentes hipóteses de escrita. Uma vez que, são existentes quatros hipóteses que tornam esse ofício ainda mais desafiador, sendo eles: pré-silábico, silábico com valor sonoro ou silábico sem valor sonoro, silábico alfabético e por ultimo e não menos importante a hipótese alfabética. Portanto, a metodologia utilizada neste artigo é de cunho bibliográfico, tendo como principal objetivo abordar a respeito da hipótese silábica sem valor sonoro a fim de apresentar modelos de atividades de promoção na tentativa de trabalhar os déficits apresentado neste nível da escrita. Dessa forma, este estudo proporcionará uma leitura mais consciente acerca da hipótese silábica sem valor sonoro no âmbito do processo de alfabetização.

Palavra-chave: Alfabetização, Nível silábico, Escrita silábica sem valor sonoro.

2. INTRODUÇÃO

O processo de ensino e aprendizagem de um indivíduo nas séries iniciais do ensino fundamental é uma das etapas da educação básica vista como a mais importante para o desenvolvimento da criança. Isso porque, o aprendizado da linguagem oral e da escrita possibilita esse indivíduo de participar nas práticas sociais impostas pela sociedade na qual ele esta inserido.

Dessa forma, quando são propostas pelo educador experiências significativas no decorrer do processo de ensino e aprendizagem da língua de maneira oral ou escrita, acaba promovendo um espaço onde se amplia a capacidade de comunicação e de expressão ao mundo letrado por parte desse indivíduo.

Assim, o educador precisa estar sempre observando a evolução no processo do desenvolvimento de cada aluno presente em suas aulas em relação à hipótese da escrita. Visto que, cada aluno aprende de forma única, cada aluno expressa seu aprendizado de forma única, cada aluno no seu tempo. Dessa maneira, se não levarmos em conta a heterogeneidade presente nas turmas de ensino fundamental, o educador pode acabar oferecendo atividades errôneas de níveis silábicos diferentes à realidade do aluno, por fim contribuindo para o atraso no processo de aprendizagem desse indivíduo.

Para isso, o educador das séries iniciais do ensino fundamental precisa estar rotineiramente fazendo uso do método de diagnostico para estar analisando e avaliando o nível da escrita das crianças, através das sondagens de hipóteses da escrita. Tendo como finalidade a utilização de um ditado diagnóstico onde o resultado possibilita o educar verificar os níveis de aprendizagem que a criança se encontra.

Levando em consideração ao tema da pesquisa, o nível silábico sem valor sonoro, a sondagem da hipótese dessa escrita possibilita o educador acompanhar os avanços das crianças na aquisição da base alfabética. Portando, é de suma importância que o educador observe o indivíduo neste processo de ensino e aprendizagem onde o mesmo começa a representar cada emissão sonora com uma letra.

Por fim, a metodologia utilizada para realizar este trabalho, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros e artigos referentes a esta temática.

3. O PROCESSO DA ESCRITA SILÁBICA SEM VALOR SONORO

Interiormente da psicogênese da língua escrita existem níveis, um deles é a hipótese alfabética silábica, dentro deste nível encontram-se duas subdivisões sendo elas o silábico sem valor sonoro e silábico com valor sonoro (FERREIRO, 2017). Neste momento será abordado acerca da hipótese alfabética silábica sem valor sonoro.

Ao atingir o nível de escrita silábica sem valor sonoro, o indivíduo passa a compreender que escrita é a representação da fala e por sua vez estabelece uma relação percebendo os sons das sílabas e atribuindo a cada sílaba uma letra, que pode ou não ter o valor sonoro convencional. Dessa forma, “este nível está caracterizado pela tentativa de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem uma escrita. [...] cada letra vale por uma sílaba” (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999, p. 209).

De acordo com Mendonça e Mendonça (2011)

Somente quando for questionado sobre a quantidade de vezes que abrimos a boca para pronunciar determinada palavra é que o aluno começará a antecipar a quantidade de letras que deverá registrar para escrever. Neste momento, o aluno avança para o próximo nível de escrita, o silábico, sem valor sonoro, pois de início, grafará uma letra para cada sílaba, entretanto, seu registro não terá correspondência sonora. Para a palavra BONECA, poderá grafar IOD, por exemplo (p. 39).

Assim, neste nível a criança começa a realizar correspondência entre as letras e as sílabas, escreve uma sequência de letras que não correspondem a segmentos orais da palavra escrita e ao ler, aponta uma ou um grupo de letras para cada sílaba.

Nas palavras de Ferreiro (2017)

Está hipótese silábica é da maior importância, por duas razões: permite obter um critério geral para regular as variações na quantidade de letras que devem ser escritas, e centra a atenção da criança nas variações sonoras entre as palavras (p. 25).

Dessa maneira, a criança tende a estabelecer uma correspondência sistemática entre a quantidade de letras utilizadas e a quantidade de sílabas que se deseja escrever – sem o valor sonoro correspondente.

No período em que o indivíduo se encontrar na hipótese silábica sem valor sonoro, este designará uma letra para cada uma das sílabas, entretanto não necessariamente se utiliza de letras com valor sonoro convencional atribuído a palavra em questão; É um grande avanço no processo de alfabetização, pois neste momento o indivíduo atravessa os níveis da escrita não fonética para uma escrita fonética.

Para Lopes (2010)

Essa escrita constitui um grande avanço, e se traduz num dos mais importantes esquemas construídos pela criança, durante o seu desenvolvimento. Pela primeira vez, ela trabalha com a hipótese de que a escrita representa partes sonoras da fala, porém, com uma particularidade: cada letra vale por uma sílaba. Assim, utiliza tantas letras quantas forem as sílabas da palavra (p. 9).

Ferreiro (2017) afirma que essa é a hipótese de maior importância, fazendo-se compreender que o professor só poderá transmitir a ligação grafema (escrita) com fonema (som), quando o mesmo identificar quando os educandos estabelecem relações entra o som com a letra e quando os educandos não competem tais relações.

Observe abaixo o exemplo da palavra BRINCO.

Enquanto na figura A, a criança não relacionou foneticamente e representou a palavra brinco designando uma letra para cada sílaba, à criança da figura B conseguiu estabelecer essa relação entre as letras "I" e "N". “É comum, principalmente entre as crianças, encontrarmos alunos que parecem “comer letras” ou usar mais letras do que as palavras requerem” (MENDONÇA e MENDONÇA, 2011, p. 40).

Dessa forma, nas duas figuras as crianças apresentaram a palavra brinco, designando uma letra para representar cada sílaba desta palavra, esta é uma característica chave da hipótese alfabética silábica sem valor sonoro.

Na sequência, observe o exemplo da palavra ELEFANTE.

Na figura C, podemos observar que a criança escreve a palavra elefante representando cada sílaba com uma letra. Porém na figura D é possível ser observado um pequeno avanço em comparação das figuras anteriores, pois a criança começou a identificar a sílaba inicial da palavra elefante, esta criança se encontra em um período de transição para a fase silábica alfabética.

Em vista disso, para o aluno conectar fonema e grafemas, a análise da escrita feita pelo professor deve ser feita de forma meticulosa a fim de desenvolver previamente atividades que possam suprir as necessidades de cada aluno, ou seja, que seja feita a vinculação de som e letra evoluindo o indivíduo para a hipótese alfabética silábica com valor sonoro.

Assim, a passagem para o nível silábico é feita com atividades de vinculação do discurso oral com o texto escrito, da palavra escrita com a palavra falada. O aprendiz descobre que a palavra escrita representa a palavra falada, acredita que basta grafar uma letra para se poder pronunciar uma sílaba oral, mas só entrará para o nível silábico, com correspondência sonora, à medida que seus registros apresentarem esta relação, por exemplo, para MENINO grafar, MIO (M=me, I=ni, O=no), para GATO, GO (G=ga, O=to), BEA (B=bo, E=ne, A=ca) para BO-NE- -CA, e assim por diante (MENDONÇA e MENDONÇA, 2011, p. 40).

Seguem as atividades de promoção, cuja intenção é trabalhar os déficits apontados.

Pode-se observar na figura E, a atividade de promoção se enquadra nos casos das figuras A e C, para que através desta a criança consiga avançar para o nível silábico com valor sonoro. Entretanto, na figura F esta atividade de promoção ajudará as crianças dos casos anteriormente apresentados nas figuras B e D. Na qual as crianças já se encontram em fase de transição, logo estas atividades as ajudarão a alcançar o nível silábico com valor sonoro. Consequentemente,         “está hipótese silábica é da maior importância, por duas razões: permite obter um critério geral para regular as variações na quantidade de letras que devem ser escritas, e centra a atenção da criança nas variações sonoras entre as palavras” (Ferreiro, 2017, p. 25).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se dizer que em sua maioria as crianças passam pela escrita silábica sem valor sonoro, que é uma fase extremamente importante na vida de uma criança e que requer bastante atenção, a criança sai da escrita não fonetizada e entra na escrita fonetizada, embora ainda não escreva as palavras de modo “correto”, a criança normalmente faz a representação da escrita, utilizando uma letra para representar uma sílaba, ou seja, ela associa às letras a quantidade de vezes que a mesma abre a boca.

Deste modo nota-se que a criança começa a entender que a escrita é uma representação gráfica da fala, logo se entende o motivo de ela representar a escrita pela quantidade de vezes em que abrimos a boca, ela começa a entender também que uma palavra é fragmentável, podendo se subdividir em duas, três ou mais vezes, isso demonstra que a criança é um ser bastante visual e auditivo.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização [livro eletrônico] / Emilia Ferreiro. -- 1. ed. -- São Paulo: Cortez, 2017. -- (Coleção questões da nossa época ; v.6)

LOPES, Janine Ramos. Caderno do educador: alfabetização e letramento 1 / Janine Ramos Lopes, Marian Celeste Matos de Abreu, Maria Célia Elias Mattos. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2010.

MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa de. Psicogênese        da Língua Escrita: contribuições, equívocos e consequências para a           alfabetização. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Pró-Reitoria de Graduação. Caderno de formação: formação de professores: Bloco 02:                Didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. v. 2. p. 36-57.        (D16 - Conteúdo e Didática de Alfabetização). Disponível em: . Acesso em: 19 de Out. de 2019.

Material Eletrônico

FIGURA E. Disponível em:   Acessado em: 22 de Out. de 2019.

FIGURA F. Disponível em:   Acessado em: 22 de Out. de 2019.

 

PEREIRA JUNIOR, Lucimar da Silva; FARIA, Bruna Pereira; COUTINHO, Maria Luísa Soares dos Santos; BELARMINO, Daiana de Jesus Barcelos; JARDIM, Gabriela da Silva Almeida. Hipótese da escrita: o nível da escrita silábica sem valor sonoro. Campos dos Goytacazes, 2020.


Publicado por: LUCIMAR DA SILVA PEREIRA JUNIOR

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