As praticas Pedagógicas de Jesus

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1.  RESUMO

Este estudo surgiu a partir do tema: as práticas pedagógicas de Jesus. Desejou-se responder ao problema: que características assume a prática pedagógica de Jesus para ser considerada uma diretriz educacional na atualidade? Optou-se por delimitar a investigação, formulando os seguintes objetivos: a) analisar como era a atuação de Jesus como educador em suas relações pessoais e sociais, com os que o rodeavam. b) identificar quais foram os recursos que Jesus utilizou em sua época, para realizar o seu ensino. c) verificar se hoje a ação pedagógica de Jesus serviria como uma proposta de educação para atualidade. Por se tratar de um tema relevante, que atende às linhas de pesquisa, definidas no curso de Pedagogia, priorizou-se adotar o tipo de pesquisa bibliográfica, tendo–se com referencial teórico autores como: Paulo Freire, Miguel G. Arroyo, Augusto Cury entre outros. Os resultados a que se chegou revelaram que Jesus realmente tinha uma mensagem simples, mas forte e marcante. Era possuidor de uma pedagogia própria, para todas as situações Ele reinventava a prática de ensinar.

Palavras-chave: ação pedagógica, diálogo, ensino multicultural, humanização do ensino

2. INTRODUÇÃO

Podemos observar, no nosso dia-a-dia a prática de ensino em várias escolas e instituições do país. Sabemos que é de suma importância o papel do educador, e os processos que envolvem o ato de educar.

Hoje temos vários meios que podem nos auxiliar para melhorar a prática pedagógica. Temos vários cursos de aprimoramento dos professores. Os recursos didáticos que utilizamos em cada sala de aula vêm sendo melhorados a cada dia. Os alunos não são mais tratados como desprovidos de conhecimentos. Agora são tratados como pessoas que têm bagagem cultural, sendo esta, muitas vezes, forte e marcante. Como a educação não é mais a mesma de tempos atrás, muitas mudanças estão sendo realizadas para o melhor desempenho da prática pedagógica, visando a modernização do processo de aprendizagem.

Vale voltarmos um pouco no tempo, para lembrarmos de um professor-educador que com poucos recursos, com uma didática própria e com muita simplicidade e amor, trouxe uma mudança significativa para o nosso mundo atual, um homem chamado Jesus.

Sobre tudo que lemos e ouvimos, falar de Jesus é impossível demarcar uma separação nítida entre a pregação e o ensino, um está intrínseco no outro.

Podemos então observar que alguns dos escritores dos Evangelhos sempre descrevem Jesus ensinando como em Marcos (capítulo 4 versículos 1 e 2):

[...] Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em terra junto do mar. Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino: [...]

Assim como em Marcos (capítulo 6 versículo 2):

Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-lo, se maravilhavam, dizendo: donde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe é dada? E como se fazem tais milagres por suas mãos?

Todas as referências que podemos verificar mostram Jesus ensinando em vários lugares, sendo constantemente, chamado de “Mestre” ou “Rabino”.1 Com frequência, Jesus ensinava sua doutrina através de parábolas, histórias breves que encerravam ensinamentos. A parábola sobre o Filho Pródigo, por exemplo, fala da grande alegria de um pai, quando vê retornar à casa um filho que saíra a correr mundo. Jesus usou esta parábola para mostrar o amor e o perdão de Deus aos pecadores que se arrependem.

Muito do que Jesus ensinou já fazia parte da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento ou Torá), e acrescentou ensinamentos novos que, posteriormente, foram denominados de "graça" (Novo Testamento ou Nova Aliança). Ele ensinava que Deus estava preparando a Terra para um novo estado das coisas, e quem quisesse herdar o reino dos céus teria de nascer de novo, esse Novo Nascimento segundo a pregação de Jesus, é uma transformação que vem do alto, de Deus e atinge o ser humano por completo, a começar do seu coração, trazendo uma mudança de comportamento humano. Deus nos convence, pela ação do Espírito Santo, que somos pecadores e que sem ele não poderemos viver a vida plena que Deus preparou para nós.

Combatia o pecado, a hipocrisia, a crueldade para com os fracos e oprimidos. Sentava à mesa com diversas pessoas de várias classes sociais e por isso foi muito criticado pelos Fariseus, classe política daqueles que, na época, eram considerados os Doutores da Lei.

Estava sempre disposto a ensinar a prática do amor, mesmo antes que as pessoas se mostrassem arrependidas. Para Jesus, o poder de Deus era maior que o pecado, e Ele ensinava que o arrependimento e a fé podiam salvar os homens.

Que prática pedagógica é essa que conseguia mobilizar a tantos e que difundiu por vários lugares e através de séculos o que Ele queria ensinar? Como Ele conseguia com essa prática pedagógica levar o seu ensinamento?

Aos seus seguidores, Jesus oferecia normas práticas da vida que, por vezes, eram mais duras de cumprir que a própria lei judaica. Ele ensinava às pessoas a amarem a Deus e aos seus semelhantes com toda a força de seus corações e de suas mentes. Frisava que cada pessoa deveria tratar as outras como gostaria de ser tratada por elas. Ensinava: "a quem te esbofetear a face direita, oferece também a esquerda”, como está em Mateus Capítulo 5, no versículo 39. As relações que ele estabelecia com as pessoas, a sua volta, era de tamanha magnitude que muitos não queriam abandonar a sua presença.

Em uma época e em uma região em que vigorava a chamada Lei de Talião, que consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, "olho por olho, dente por dente"; Jesus ensinava o perdão entre os seres humanos. Isso pode ser considerado uma verdadeira revolução, na medida em que subvertia todo o conceito de justiça pessoal e social, então predominante.

Justificamos com esse trabalho o nosso desejo de estudar a prática pedagógica que Jesus desenvolveu em seu tão curto Ministério e como ele revolucionou o ensino no mundo ocidental com uma mensagem tão simples e forte que perdura até os dias de hoje.

Estudar o que Ele fez, será como entrar num grande laboratório, onde entenderemos cada fase que Ele viveu, para termos de modo sucinto e claro o funcionamento da Pedagogia que Ele aplicou em seus ensinamentos.

Não queremos, com esse trabalho, entrar no mérito da questão do campo religioso, não, queremos levantar questionamentos sobre a prática pedagógica de Jesus e verificar como atingia os seus objetivos.

Somos hoje pedagogos e temos uma grande lição para levar para todas as pessoas do mundo: A arte de ensinar. Como ensinar sem que haja amor no que estamos fazemos? Como trabalhar o conhecimento de forma clara e concisa?

Observando esse grande “Mestre” que foi Jesus, podemos refletir sobre o quanto realmente estamos agindo de forma a atingir a “perfeição”, enquanto educadores eficazes.

Que características assume a prática pedagógica de Jesus para ser considerada uma diretriz educacional na atualidade? Perguntamos, então para compreendermos a prática pedagógica de Jesus algumas questões nortearam esse estudo. Essas questões geraram os objetivos deste trabalho:

3. Questões de Estudo

  • Como era a atuação de Jesus como educador em suas relações pessoais e sociais, com os que o rodeavam, distinguindo o valor da pessoa humana?

  • Quais foram os recursos e estratégias didático-pedagógicas que Jesus utilizou em sua época, para realizar o seu ensino?

  • A ação pedagógica de Jesus serviria como uma proposta de educação para atualidade, com as suas práticas?

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Analisar como era a atuação de Jesus como educador em suas relações pessoais e sociais, com os que o rodeavam.

  • Identificar quais foram os recursos que Jesus utilizou em sua época, para realizar o seu ensino.

  • Verificar se hoje a ação pedagógica de Jesus serviria como uma proposta de educação para atualidade.

Com esses objetivos podemos identificar um pouco da Pedagogia de Jesus, que foi aplicada há mais de 2000 anos atrás.

Este estudo fundamentou-se na Bíblia de Estudo Pentecostal 1995, traduzida por João Ferreira de Almeida, edição Revista e Corrigida, como também em textos de apoio, jornais, livros específicos, ou seja, de livre acesso ao Público em geral.

Utilizamos ainda Paulo Freire (2008), ao lermos a Pedagogia da Autonomia, que trata das relações interpessoais entre professores e alunos, e de como é possível intervir no processo da construção da identidade dos sujeitos.

Augusto Cury (2006) foi consultado, porque ele faz uma análise da inteligência de Cristo e o seu comportamento pessoal, em relação às demais pessoas, fazendo interrogações sobre o nosso comportamento. Ele chama a atenção para o conhecimento não só da Pedagogia como professores, mas sim, a relação do educador, com os alunos. Tais contribuições visam aumentar, consideravelmente, as nossas práticas educativas, a fim de não as tornar frias e sem sentido, e sim, trazê-las à prática com mais amor e sensibilidade para dentro das salas de aula, visando principalmente a pessoa humana.

O amor à educação, o amor aos alunos, o amor à prática diária da educação, não é como mera profissão, mas como fonte de inspiração e alegria da prática pedagógica para todos, onde são moldadas vidas para toda uma vida.

Entre os resultados alcançados e com a verificação das práticas pedagógicas de Jesus, podemos melhorar a nossa prática educacional com a utilização dos poucos meios didáticos de que alguns professores dispõem para realizar as suas atividades, sendo maior o desenvolvimento da prática do amor e valorização do outro.

Esta pesquisa está organizada em capítulos, sendo dividido em Capítulo I Jesus, como educador em suas relações pessoais e sociais, um pouco da história da humanidade. Capítulo II recursos que Jesus utilizou em sua época, para realizar o seu ensino. Capítulo III a ação pedagógica de Jesus e a proposta de educação para atualidade.

Esperamos que este estudo possa proporcionar a meditação sobre as nossas práticas pedagógicas, levando em conta o que nos ensino Jesus, favorecendo o tipo de recurso didático que temos para melhorar as nossas aulas, para que se tornem mais atraentes e agradáveis para cada aluno.

CAPÍTULO I

5. Jesus, como educador em suas relações pessoais e sociais, um pouco da história da humanidade

Jesus Cristo não tinha para si “uma” escola ou “um” púlpito, onde ensinava, Ele fazia isso junto nas Sinagogas, à beira do mar, em embarcações, em montes, pelos caminhos por onde andava.

E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.

Assim a sua fama correu por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias doenças e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou.

De sorte que o seguiam grandes multidões da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e dalém do Jordão. (MATEUS 4:23-25)

Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos... (MATEUS 5:1)

Ora, tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama; e com febre. E tocou-lhe a mão, e a febre a deixou; então ela se levantou, e o servia; (MATEUS 8:14-15)

E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. (MATEUS 9:35)

Percorria, então, Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino, e “curando” toda sorte de doenças e enfermidades... Onde houvesse uma oportunidade de ensinar Ele estava à disposição para ensinar de forma suave e sublime.

Diferentes autores defendem o quanto é importante considerar a bagagem cultural e social que uma pessoa ou aluno traz consigo para participar dos processos pedagógicos na sala de aula.

Ensinar de forma multicultural, na qual as desigualdades são os traços marcantes, foi o que Jesus fez. Para ele não havia fronteiras, línguas ou costumes diferentes. Levar o seu ensinamento, a verdade era o mais importante.

Ele não ficava preso às opiniões ou conceitos variados, opunha-os e ensinava de forma brilhante. Ouvia a todos, independente de serem de origens e etnias diferentes.

Vivemos em sociedades multiculturais, marcadas pela pluralidade e também pela desigualdade. Nesse contexto, ganha relevância o multiculturalismo – cujo conceito é normalmente definido como o de um campo teórico, prático e político, voltado à valorização da diversidade cultural e ao desafio aos preconceitos (CANEN 2005, p 35)

Era portanto, uma prática multicultural, cuja essência e princípios abarcam o valor de cada um como ser sócio-cultural.

Ana Canen (2005), relata a importância do multiculturalismo e do professor estar sempre atualizado com as práticas pedagógicas existentes, pois a cada dia novas barreiras estão sendo quebradas e novos espaços estão sendo conquistados. Como estar em uma sala de aula, no Brasil, com variados alunos sem praticar o multiculturalismo? Não é possível. Existem alunos de diversos lugares, com etnias diferentes, classes sociais diferentes, costumes diferentes e, no entanto estudam em um só lugar. Procurar identificá-los e realizar um ensino equalizador é dever do professor, que deve estar familiarizado com as práticas do multiculturalismo para que não hajam dificuldades ou transtornos para o aprendizado.

Conhecer os costumes de um povo, habituar-se à sociedade em que está trabalhando é importante para vencer as dificuldades.

Jesus durante o seu tempo de ensinamentos, tinha domínio sobre o ensino de forma multiculturalista e sobre os costumes dos povos locais por onde passou, tendo desta forma grande êxito no ensinamento de sua Palavra.

Formar o professor multiculturalmente orientado implica, conforme temos argumentado, em trabalhar em prol de um modelo de professor apto a compreender o conhecimento e o currículo como processos discursivos, marcados por relações de poder desiguais, que participam da formação das identidades. Implica em tensionar conteúdos pré-estabelecidos e pretensões a verdades únicas, procurando detectar vozes silenciadas e representadas nesses discursos curriculares, de forma a mobilizar a construção de identidades docentes sensíveis à diversidade cultural e aptas a formular alternativas discursivas transformadoras, desafiadoras do congelamento de identidades e dos estereótipos. (CANEN 2005, p 56)

Jesus, com seus atos, evitava não só a discriminação, o preconceito, mas também respeitava as identidades culturais e raciais, buscando adotar medidas que aproximassem as culturas e as sociedades diferentes, para manterem uma única união pautada no amor ao próximo e a si mesmo.

Quando Ele fez a escolha dos seus 12 discípulos Ele orientou-os como fazer, como ensinar com convicção, certeza e clareza as suas palavras e ser difusor dos seus ensinamentos, nos locais onde Ele não poderia ir.

O professor, diz Paulo Freire (2006) deve não somente ensinar o conteúdo, mas aprimorar o que o aluno já traz consigo, ele questiona sobre a utilização dos saberes do aluno em relação aos seus conhecimentos e como podem ser aprimorados e utilizados na escola.

Porque não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar à disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? Porque não estabelecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? Porque não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes para estas áreas pobres da cidade? A ética de classe embutida neste descaso? Porque, dirá um educador reacionariamente pragmático, a escola não tem nada que ver com isso. A escola não é partido. Ela tem que ensinar os conteúdos, transferí-los aos alunos. Aprendidos, estes operam por si mesmos. (FREIRE 2006, p 26)

Esses conhecimentos, que os alunos trazem consigo, são válidos como ponto de partida para que o professor possa traçar paralelos com o que vai ser ensinado e tomar a prática diária significativa, através de exemplos e situações do cotidiano para aproximar o assunto da realidade. A compreensão do conteúdo fica mais contextualizada com que está sendo discutido. Cada aluno é portador de conhecimentos valiosos para o aprendizado coletivo.

Exemplificar as suas vivências e socializá-las com a turma, ou grupo, torna a aula mais prazerosa e dinâmica, na qual todos poderão discutir e tomar decisões sobre a questão. Desprezar esse conhecimento não seria o papel de educadores comprometidos com o ensinar. Ficar preso ao tradicionalismo e manter os mesmos preceitos servem somente para ajudar a manter a falsa aparência de liberdade do ensinar. A busca da reflexão sobre a realidade permite que os alunos aprendam e se tornem seres pensantes, capazes de tomar decisões, sendo elas a favor ou contra o já instituído sistema na sociedade.

Ao lermos à trajetória de Jesus iremos encontrar episódios como quando falava à Mulher Samaritana, sobre a água da vida, sobre salvação e libertação. Ele conseguiu “abrir os olhos” daquela mulher, trazendo consigo grandes dilemas sociais e apontou situações discriminadoras. Uma passagem da vida de Jesus é exemplo e nos é narrada em João (capítulo 4, versículos 1-15).

Quando, pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele, Jesus, fazia e batizava mais discípulos do que João (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos) deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia.

E era-lhe necessário passar por Samária.

Chegou, pois, a uma cidade de Samária, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó dera a seu filho José; achava-se ali o poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim junto do poço; era cerca da hora sexta.

Veio uma mulher de Samária tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.

Disse-lhe então a mulher samaritana: como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)

Respondeu-lhe Jesus: se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te diz: dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva.

Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que tirá-la, e o poço é fundo; donde, pois, tens essa água viva?

És tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual também ele mesmo bebeu, e os filhos, e o seu gado?

Replicou-lhe Jesus: todo o que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.

Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, nem venha aqui tirá-la.

Para melhor entendermos o que havia entre os descendentes dos povos judeus e os samaritanos, vale aqui uma explicação. Na época, judeus e samaritanos não se comunicavam devido à religião dos samaritanos que se baseia no Pentateuco, tal como o judaísmo. Contudo, ao contrário deste, o samaritanismo rejeita a importância religiosa de Jerusalém. Os samaritanos não possuem rabinos e não aceitam o Talmud ou Torá dos judeus ortodoxos. Os samaritanos não se consideram judeus, mas descendentes dos antigos habitantes do antigo reino de Israel (ou reino da Samaria). Os judeus ortodoxos os consideram, por sua vez, descendentes de populações estrangeiras, que adaptaram uma versão adulterada da religião hebraica, e como tal, recusavam-se a reconhecê-los como judeus ou até mesmo como descendentes dos antigos israelitas. O Estado de Israel os reconhece como judeus. Desta forma, havia esta discriminação pelos judeus ao samaritanos e ainda mais para uma mulher que estava a tirar água num poço e a falar com um judeu. Jesus demonstrou uma total abertura para ensinar, e como sua relação entre as pessoas da época, era pautada por ações dialogadas, Jesus praticava em suas caminhadas diárias ensinando em todo o tempo possivel.

Para aquela mulher, Jesus ensinou a prática das Boas Novas, na qual Ele falava de si mesmo, relatando o poder da vida que somente Jesus pode dar, a vida eterna. O seu ensinamento, naquele momento, foi tão significante para aquela mulher, que ela não somente lhe ofereceu a água, como, também, ficou maravilhada com a forma como Ele falava. Ela, então, foi avisar a todos quanto podia, para verem com quem ela estava falando e o que Ele estava dizendo. A mensagem foi passada de forma clara e o ensinamento foi aprendido e repassado.

Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo? Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele. (JOÃO 4-28:30)

Como seria bom se a cada aluno, que levarmos o ensino pudesse ser como aquela mulher samaratina, um aprendiz! Com tanto amor pelo que aprendeu.

Alunos de todas as partes, de todos os lugares estariam dispostos e sedentos para aprender mais e mais. Como seria glorioso ver a feição de cada aluno com o gostinho de quero mais, quando chegarmos ao final de uma aula e ouvirmos aquela frase: Já acabou? Ah!

Jesus olhava seus semelhantes com um outro olhar e partia deste foco existencial para levar a sua Palavra àqueles que a Ele se reuniam.

Esta lição de humanização deve acompanhar a tarefa da educação e dos educadores.

Para Arróyo (2004, p 242), “os vínculos entre educação-pedagogia e humanização vêm de longe”. Embora sejam vínculos, que pelas suas caracterísiticas existenciais ora são tranquilas, ora não. São eles que estão presentes no processo de produção, acumulação, apropiação do conhecimento, da cultura e da ciência.

O ofício de mestre, encontra aí seu sentido, sentido esse que lá, além, no século I (dC) Jesus já imprimia em suas parábolas.

A pergunta que fica neste final de capítulo é: como recuperar as dimensões de humanidade perdidas (roubadas) ao processo de ensinagem na escola? Como recuperá-la no nosso ofício de professor, nos desvencilhando do não fazer e do não fazer bem o ato pedagógico?

CAPÍTULO II

6. RECURSOS QUE JESUS UTILIZOU EM SUA ÉPOCA, PARA REALIZAR O SEU ENSINO

A função do professor é uma grande arte, tem, como finalidade realizar uma transformação em pessoas de diversas idades, levando a meditar sobre seus conceitos e suas práticas. Entendendo mais claramente a função do professor, dentro de uma sala de aula, meditemos em Augusto Cury (2003 p: 154) que, em tempos de crise do ensino, tanto do lado do professor quanto do público atendido, nos informa que

Não podemos nos esquecer que os professores do mundo todo estão adoecendo coletivamente. Os professores são cozinheiros do conhecimento, mas preparam o alimento para uma platéia sem apetite. Qualquer mãe fica um pouco paranóica quando seus filhos não se alimentam. Como exigir saúde dos professores se seus alunos têm anorexia intelectual? É por causa da saúde deles e de seus alunos que a educação tem de ser reconstruída.

Para ajudar a nossa prática pedagógica, que realizamos no dia-a-dia, são necessárias várias estratégias para tornar a aula mais interessante e dinâmica, nos distanciando de algumas aulas sem graça e insípidas, sem atrativo nenhum para o aluno. Com o desenvolvimento contínuo do homem, os instrumentos de apoio ao ensino ganharam um grande aliado, que são os recursos didáticos.

Vamos então, para iniciar este momento, entendermos o que são os recursos didáticos. Segundo o Dicionário (FERREIRA, 1993, p 106) “recurso didático é todo o material que o professor pode usar para preparar, melhorar e ministrar sua aula.”

São exemplos de alguns recursos didáticos utilizados em nossa época: artigos, apostilas, livros, softwares, sumários de livros, trabalhos acadêmicos, apresentações de filmes, atividades, exercícios, ilustrações, CDs, DVDs etc...

Para a utilização desses recursos a escolha deve ser criteriosa, e sempre em sintonia com o conteúdo trabalhado, sendo utilizado no momento ideal e dentro do tempo disponível.

O recurso instrucional é “tudo aquilo que será utilizado nos procedimentos de ensino para estimular a atenção/ percepção do aluno. Ele complementa a ação do instrutor/ professor, sendo um componente importante do ambiente de aprendizagem. (SEST/SENAT, 2001, p 01).

Os recursos didáticos são então poderosos para tomar a atenção dos alunos, tornando mas viva a percepção e a compreensão do que está sendo ensinado.

Veremos abaixo alguns do recursos que são empregados nos dias atuais:

Dentre todos os recursos disponíveis, o mais tradicional e utilizado ainda é o quadro negro que não requer equipamentos especiais para sua utilização, embora exija do seu usuário alguma habilidade.

O quadro magnético (quadro branco) utilizado para escrever como também para afixar objetos ou papéis através de imã.

O flip chart é um recurso formado de cavalete e folhas em branco e serve para fazer anotações momentâneas, durante a exposição do assunto. Difere do álbum seriado, que consiste em uma seqüência de folhas, devidamente organizadas, contendo informações que auxiliam a compreensão do conteúdo explanado.

Já a transparência exige um equipamento próprio (retroprojetor) que possibilita a projeção do material numa tela.

A utilização de filmes e de slides tornam a apresentação mais próxima da realidade, pois permitem mostrar situações existentes, sendo que o primeiro é mais dinâmico do que o segundo, possibilitando o contato com os movimentos e os sons característicos, que acontecem na situação em estudo, o que não pode ser conseguido através do slide. Os dois exigem equipamentos eletrônicos, sendo necessário o televisor e o vídeo cassete no primeiro, e o projetor e a tela de projeção no segundo. Mais recentemente, tem-se utilizado o data show, que é um aparelho que conectado a um computador possibilita a projeção em uma tela das informações que pretendemos apresentar. Por usar um equipamento moderno e que está em constante atualização, permite a inclusão de diversos recursos, como, por exemplo: a inclusão de sons, fotos e de pequenos filmes.

Vemos então, que para os nossos dias os recursos estão sendo bem trabalhados e aperfeiçoados, trazendo benefícios para os alunos.

Mas voltando um pouco no tempo, como Jesus então realizava o seu ensino? Quais foram os instrumentos que Jesus utilizava para tornar a sua prática pedagógica mais interessante? Como Ele conseguia prender a atenção de multidões? Vamos observar estas indagações, pesquisando em alguns textos da Bíblia Sagrada.

Lemos, então, o que está escrito no Evangelho segundo em Mateus (4:23-25):

E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava. E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão.

Jesus percorria ensinando em várias cidades e as multidões sempre o acompanhavam, andando como ovelhas atrás de seu pastor, ao final de tarde.

Utilizava muito Jesus da exposição oral, que consistia na apresentação oral de um determinado assunto, com a participação do povo limitado a ouvi-lo, admitindo-se alguns breves comentários e perguntas a respeito do tema. É a forma mais comum de ensino, e na qual a maioria das pessoas, como nós mesmos fomos educados.

Para que as pessoas da época pudessem entender melhor as suas palavras Jesus utilizava-se, várias vezes, das Parábolas.

Podemos conceituar a parábola como: recurso literário do gênero narrativo que, inserido dentro do enredo, faz uma advertência, traz um exemplo, uma doutrina ou um comportamento que deve ser apreciado ou rejeitado de acordo com o propósito. Pretendia Ele com esse recurso comparar um episódio do cotidiano com uma realidade espiritual.

Algumas das situações em que Jesus utilizou-se das Parábolas foram para admoestar ou indicar (como em Mateus 18: 23-35), nas quais Ele se utilizou para falar sobre o perdão, prática essa realizada pelos Judeus até nos nossos dias

Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? . E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.

Nesta Parábola Jesus relatou sobre o perdão de um homem servo que havia sido perdoado por seu senhor de uma dívida que lhe custaria a vida tanto dele como de seus familiares e que ao se humilhar diante dele conseguiu o perdão. Ao sair da presença de se seu senhor encontrou um dos seus criados que o devia, na mesma hora ele deveria ter mostrado a misericórdia que recebeu de seu senhor mas, não o fez. Algumas das pessoas que estavam em redor viram o que ele fez e foram contar ao seu senhor que o levou novamente para ser atormentado até que fosse pago o que lhes devia, essa narrativa mostra que Jesus queria passar a importância do perdão e da misericórdia.

Estamos, em muitas vezes, tão tomados pelas atribuições do dia-a-dia que nos esquecemos de pequenos gestos, que podem nos levar a melhorar nossa relação com os alunos. Ás vezes uma brincadeira fora de hora, uma palavra mal dada ou o atraso de um aluno são levados para esferas superiores, embora pudessem ser reconciliadas dentro da sala assim como Cury (2003, pg 155) assinala que: “na escola dos meus sonhos cada criança é uma jóia única no teatro da existência, mais importante que todo o dinheiro do mundo’. Esse sentimento de valorização da criança humaniza a relação e deve ser praticada. Jesus tanto sabia disso, que fazia dessa prática uma constante no seu ensino, valorizando a pessoa humana.

Outros momentos em que Jesus utilizou-se das Parábolas foi para que o ouvinte pudesse se posicionar a respeito de certo tema, opinião ou verdade que estava sendo falado. Assim como no Evangelho de Lucas (12-15:24) temos o seguinte trecho:

E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer pessoa não consiste na abundância do que possui. E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; E ele arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus. E disse aos seus discípulos: Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis. Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes. Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves?

Nesse momento, Jesus estava ensinando sobre o amor ao dinheiro e da necessidade de ter bens financeiros, posses, aquisições. O problema maior que Jesus estava ensinando é em por o coração nesses bens e ainda ressalta que é melhor atentar para a vida do que para os bens.

Tais ensinamentos transpomos para a prática pedagógica indicam que devemos também utilizar os recursos disponíveis em nossas vidas. Com o advento da internet podemos ver um mundo se abrindo à nossa frente, apenas com um toque. Assim como Ele conseguiu, com as suas palavras, arrastar multidões em todo o seu caminhar, o que Ele faria se tivesse a internet, o data show, os quadros brancos, os flip chart, os DVDs?

Com essas ferramentas seria algo tão grandioso que iria alcançar todo o mundo, pessoas de todas as nações, iram ao encontro de seus ensinamentos.

Queremos ver todos os alunos com aquela carinha de quero mais, me ensina, me mostra o conhecimento, querendo aprender cada dia mais onde os professores teriam o pleno domínio sobre a platéia, somente com a utilização dos recursos.

Jesus sabia que tinha que levar o seu ensino para todos quantos pudesse alcançar, mas que no momento sozinho era, humanamente, impossível, então, Ele começou a doutrinar os seus discípulos na arte da oratória e da comunicação e de como transmitir com amor, utilizando-se somente deste recurso, o que nos indica ser possível nos dias de hoje, com tantos recursos à nossa disposição, usarmos a comunicação adequadamente

O treinamento dos discípulos realizado por Jesus envolvia múltiplas áreas, inclusive a da comunicação e da oratória. Ele queria treiná-los a falar de maneira vibrante, pois seu plano era vibrante. Queria educá-los para falar ao coração das pessoas, pois seu projeto era regado a afeto. Os discípulos tinham parcos recursos lingüísticos. Divulgar o plano de Jesus, seu amor, sua missão, não envolvia pressão social, armas ou violência. A única ferramenta eram as palavras. (CURY 2006, p 97)

CAPÍTULO III

7. A ação pedagógica de Jesus E A proposta de educação para atualidade

Para iniciar esse momento, decidimos buscar exemplos em certas situações que são vividas por nós, alunos, nos dias de hoje, nas salas de aulas das escolas, onde o aluno não é mais valorizado como pessoa, em si, visto e instado somente como mais um objeto, fruto das mudanças socioeconômicas que estão sendo implementadas pelo mundo.

Lendo alguns textos e reportagens deparamo-nos com a matéria da jornalista Arlinda Monteiro que nos chama atenção pelas palavras que usa em seu artigo para o Jornal O Dia. Ela denuncia a situação de um país, de tamanha grandeza, que tem deixado a sua massa ser tão mal formado, levando-a num futuro próximo a níveis intoleráveis anti-sociais e sem vínculos de boas condutas e formação cívica.

Todos sabem que a educação é a base de tudo: é a base para um país melhor, mais justo, com pessoas cientes dos seus direitos e deveres, enfim é o sustentáculo para o desenvolvimento de uma sociedade. Todos têm direito a uma educação de qualidade. Infelizmente, muitos governantes não pensam assim, resultando em atraso e qualidade de vida ruim. Hoje, embora já com algumas mudanças, o Brasil ainda vive uma realidade triste, com escolas desestruturadas, professores ganhando salários aviltrantes. A má formação do jovem resulta no atraso do desenvolvimento do país. (MONTEIRO, Jornal O Dia, 2008, p 04).

Os alunos que antigamente tinha uma expectativa maior em relação a sua formação e a sua vida secular, a valorização dos mestres, do aprendizado chamava a atenção de todos, onde a maioria das jovens queria ser professora devido a grandeza da profissão, ensinar o ser humano, prepara-lo para as suas relações sociais e pessoais, que ira levar para uma vida inteira.

Nos nossos dias atuais podemos ver que esse amor a profissão, ao ensinar tem se apagado com o passar dos anos, onde a quantidade a ser formada deve ser atingida ao final de cada ano, independentemente se o aluno tem condições de realmente galgar para a série seguinte.

A violência entre alunos e professores tem aumentado, consideravelmente nas escolas de todo o Brasil, violência essa que pode ser encontrada como armada, oral e psicológica. Fruto dessa violência estamos vendo alunos afastando das escolas, com medo de ser agredido por outros alunos e pelos professores, não encontramos a paixão, o amor pelo ensino como em outros tempos.

Em São Paulo, oito em cada dez professores da rede pública já presenciaram ou foram vítimas da violência. Em Belo Horizonte, foi verificado que em menos de três meses já havia mais de 360 casos. São alunos que agridem outros alunos e também os professores. A violência parece ocupar cada vez mais espaço na vida escola. Segundo o Sindicato dos Professores do estado de São Paulo (Apeoesp), 80% dos professores da rede pública já presenciaram ou sofreram algum tipo de violência. Trinta por cento das ausências dos professores acontecem por causa da violência. E muitos alunos perdem o ano letivo porque são ameaçados e não voltam mais para a escola.

Para entendermos a prática pedagógica do ensino de Jesus, teremos que verificar qual era o segredo que Ele tinha para realizar o seu ensinamento com extrema qualidade e perfeição, seu segredo para que Ele tivesse bons resultados, era a prática das suas palavras, pois seu ensino falava para a experiência do coração, onde levava o homem a edificação da razão. Seu ensino exige, em primeira instância, uma prática que seja anúncio das bem-aventuranças do Reino e que se organiza dentro de sua lógica. Aqui, é preciso destacar que Jesus só valorizava os resultados de ações motivadas pela misericórdia, pela valorização do ser humano.

Os resultados de uma prática que visa a promoção pessoal, o status, a vaidade, o auto-engrandecimento, o atendimento de interesses pessoais ou de grupos, a manipulação do semelhante, certamente não são inspirados na lógica do Reino. Jesus claramente condena tudo isto como em Mateus 6:1-8.

Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.

A pedagogia de Jesus é centrada na pessoa, o bem maior que Ele enfatizava em seus ensinamentos sobre o Reino de Deus, buscava sempre mostrar a valorização, da auto estima e da compaixão .

O ensino de Jesus se estabelece a partir do diálogo. Este envolve palavras, que por sua vez envolve ação, para não se transformar em discurso vazio. A palavra no diálogo compromete quem fala e a quem se fala. O diálogo é conscientizador, através dele ocorre a reflexão-ação para a mudança. Ele enriquece o conhecimento e valoriza a relação eu-tu. Como podemos observar no livro de Mateus 4:18-22

E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu, consertando as redes; E chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no. ¶ E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava. E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão.

Jesus em seus ensinamentos valorizava a família e a sua relação entre si como podemos verificar em Mateus 15:1-5

Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe.

Em Mateus Mt. 25:40, E respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes., vemos que Jesus demonstrava o valor da pessoa como Ele destacava pelo termo "pequeninos", porque dentro do sistema social vigente naquela época eles não tinham o mínimo valor e reconhecimento. Se eles forem valorizados, toda a sociedade já estará salva. A ausência de valor os punha em uma situação tão deplorável que é com eles que Jesus se identifica. Só os misericordiosos entendem esta lógica. Também vemos na prática de Jesus a valorização da mulher. A posição de Jesus que radicaliza a unidade indissolúvel do casal, se prende à sua compaixão pelos oprimidos. Com seu ensino Ele devolve a dignidade à mulher e as pessoas de classes sociais mais baixas.

Outro episódio importante na questão da valorização humana é a cura dos leprosos. Eles eram afastados do convívio social, condenados a perambular em pequenos grupos fora dos limites da cidade. Jesus não aceita esta condição de vida dos leprosos e se relaciona com eles misericordiosamente, fazendo o que era possível para reintegrá-los à humanidade. Ele os tocava como em Mateus 8:1-3, E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra, e com seu gesto repudiava o abandono a que eram condenados.

A consideração da pessoa humana como valor absoluto e o convite à antecipação do banquete do Reino no partir diário do pão, na fraternidade e na comunhão da verdadeira amizade entre irmãos e companheiros, de alguma forma eleva a dignidade do cotidiano humano.

A pedagogia de Jesus acontece dentro de uma perspectiva clara direcionada à implantação plena do Reino. E esta perspectiva se opõe radicalmente à lógica da dominação. Daí seu grande comprometimento com os desfavorecidos na sociedade. Se queremos praticar a pedagogia de Cristo não podemos perder de vista esta perspectiva.

Essa pedagogia que Ele aplicava no seu cotidiano deveria ser a mesma aplicada nas salas de aula e no cotidiano social, dentro das famílias e no movimento envolvendo a aprendizagem e a valorização do ser humano em si.

Essa valorização que vem caindo a cada dia tem gerado homens de diversas classes sociais a serem amantes de si mesmo, levando em consideração o próprio eu. A prática de Jesus se fosse retomada nos dias atuais como fonte pedagogia de toda a sua didática que era própria e bem trabalhada levaria ao melhor desempenho das funções de cada elemento do cotidiano educacional.

Poderíamos experimentar essa prática em um laboratório prático dentro de nossa vivência diária nas salas de aula, procurando a valorização da pessoa em si, tentando levar em conta o desenvolvimento pessoal e social da vida.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para chegar a este momento com grande satisfação e alegria por parte da minha alma, onde procuramos responder a principal questão, qual seja e quais as características que assume a prática pedagógica de Jesus para ser considerada uma diretriz educacional na atualidade? Fomos obrigados a andar em cima da linha imaginária que separa religião e ciência.

A atuação de Jesus como educador, foi notória para todos que estavam a sua volta na época e também para nós na atualidade, ver as variadas maneiras com que lidou com certos problemas. Foi fantástico, fascinante. Pois para cada situação apresentada, Ele dispunha de uma didática própria e eficaz.

A valorização da pessoa humana deve ser levada em conta, pois isso nos pode ser verificado que, em algumas escolas, isso não existe mais. O medo, a repressão, as indiferenças com o outro, têm se mostrado na realidade do processo de ensino. Devemos então tomar como exemplo e realizar esse preceito, que nos traz o lado sublime do ser humano, que são as suas relações sociais de amor, afeto, cumplicidade e fraternidade.

Na atualidade, é mais fácil dar as costas ao outro do que estender as mãos. As práticas pedagógicas têm sido abandonadas por alguns “mestres” que se dizem doutores do conhecimento. Vamos voltar ao início de tudo, onde éramos sonhadores e tudo nos era possível, onde tudo era belo e sem maldade. Para amar e sermos amados, doar sem querer nada em troca e onde fossemos fazer todo o possível para levarmos a nossa prática da melhor forma.

Com os poucos recursos empregados na época de Jesus, verificamos que o ensino chegou a vários caminhos diferentes. Os recursos que Ele adotava foram utilizados de forma eficaz e alcançou os objetivos visados, que ficaram de tal forma gravados nos corações que, até nos dias de hoje ouvimos falar de suas pregações.

Temos hoje, os melhores recursos didáticos para ensinar e muitos não sabem nem como ligar um computador. A desatualização dos professores se torna um abismo tão grande, que em vez de procurar buscar uma atualização, fazem ao contrário fogem sem olhar para trás, como se tivessem correndo por suas vidas com medo do novo.

Como vamos dedicar a nossa vida para o ensino se temos medo no novo? Não podemos entender o novo como um grande abismo e sim, como uma nova barreira que deve ser superada e vencida. Cada recurso que está sendo apresentado, inventado serve somente para o aperfeiçoamento das aulas que nós mesmos vamos lecionar, para melhorar aquilo que temos de melhor: a vocação e o amor pela educação.

Como seria bom entender a nossa vocação e levar o amor ao ensino acima de tudo que estamos fazendo! Nas nossas práticas, nas nossas estratégias, verificando no nosso dia-a-dia com é bom fazermos com amor tudo na vida! Jesus nos deixou um grande exemplo de dedicação ao que estava fazendo, para Ele não havia momento, lugar ou dificuldade, Ele sempre procurava aproveitar o momento para levar a sua palavra e logra êxito na sua vocação de ensinador cristão e difusor da palavra de Deus.

A nossa realidade seria outra, totalmente diferente da nossa realidade cotidiana, na qual vemos a crueldade rondando as salas de aula, onde professores não são mais respeitados como antigamente, onde o mestre tinha o pleno domínio da turma. As relações hoje são tão amargas e cheias de desconfiança. Devemos voltar então, ao início de tudo, onde as práticas eram mais voltadas para a criança individual, sendo sempre verificado o seu desenvolvimento.

Lamentavelmente, assim como foi na época em Jesus ensinava, teve que, por várias oportunidades colocar os homens frente a frente com situações que os obrigada a pensar e mudar de posição. Assim como nos dias de hoje, se nos levantarmos contra o sistema é quase o mesmo que nos levantarmos contra a sociedade, escassa de exemplos e de conceitos corretos, formada de homens com valores deturpados e sem direção, que vão a passos largos para um caminho sem volta, um abismo da ignorância, uma sociedade voltada para satisfazer o próprio EU, procurando a todo custo, saciar essa vontade que consome por dentro.

Há mais de dois mil anos Ele nos deu um exemplo, uma direção a seguir, uma posição a ser tomada. Em tudo que vamos fazer devemos colocar não a profissão, mas sim, o amor ao que dedicamos nas nossas práticas pedagógicas, o amor ao outro que esta sob nossa responsabilidade direta; o amor às relações sociais, independente de quem seja, de onde for e de como é. Aí sim, com toda a certeza poderemos ver uma sociedade com valores diferentes e nos verão com exemplos a ser seguidos, como foi o caso do nosso Mestre maior e maior educador que já houve na história Jesus.

9. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, João Ferreira, Bíblia de estudo pentecostal, revista e corrigida. 9ª impressão. CPAD: Rio de Janeiro, 1995.

ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre: imagem e auto-imagem. 7. Ed. Petrópolis, RJ; Vozes, 2004.

AURÉLIO, B. H. F. Minidicionário da língua portuguesa. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1993.

CANEN A. XAVIER, Giseli Pereli de Moura. Multiculturalismo, pesquisa e formação de professores: o caso das Diretrizes Curriculares para a Formação Docente1. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v13n48/27553.pdf>. Acesso em: 29nov2008.

CURY, Carlos Augusto O mestre inesquecível. Rio de Janeiro. Sextante, 2006. (Análise da Inteligência de Cristo; v5)

------- Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro. Sextante, 2003.

1 O significado do nome dentro do hebraico, e dentro do Judaísmo significa "professor” ou “mestre", titulo esse somente dedicado àqueles que são doutores do Torá, que estão aptos a ensinar. Jesus tinha não somente o conhecimento do Tora, mas também a praticava o que estava sendo ensinado. 


Publicado por: Alexandre Soares dos Santos

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