As dificuldades do ensino e aprendizagem no Ensino Fundamental I
índice
- 1. RESUMO
- 2. INTRODUÇÃO
- 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
- 4. METODOLOGIA
- 4.1 Tipo de Pesquisa
- 4.2 Caracterização do local pesquisado
- 4.3 Caracterização dos sujeitos
- 4.4 Instrumentos de coleta de dados
- 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
- 6. CONCLUSÃO
- 7. REFERÊNCIAS
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1. RESUMO
Esse trabalho tem como objeto de estudo, as dificuldades de aprendizagem no ensino fundamental I, da Escola Municipal Damásio Eugênio de Sousa em Jaicós-PI, objetivando analisar essas dificuldades, detectar as causas e fatores que contribuem para a mesma, e saber a quantidade de alunos que sentem essas dificuldades. O estudo foi realizado com base em uma pesquisa bibliográfica que será apresentada na fundamentação teórica, enfocando as ideias de diversos autores da área, visando à compreensão de questões fundamentais sobre a aprendizagem e discutindo as possíveis causas do fracasso escolar e as variáveis que interferem negativamente no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. E também uma pesquisa de campo de caráter qualitativo e quantitativo, tendo como instrumento de coleta de dados um questionário que foi lançado aos professores do ensino fundamental I da referida escola, buscando informações acerca do tema em questão. Diversos temas foram abordados no decorrer da pesquisa como: o conceito de aprendizagem, o problema da dificuldade de aprendizagem no Brasil, dificuldades na leitura, dificuldades na escrita. Com base nas respostas obtidas na entrevista, pode-se notar que na Escola Damásio Eugênio de Sousa, há um grande número de alunos que tem dificuldades de aprendizagem, principalmente na leitura, na escrita e na interpretação de textos, também foram apontados problemas como a falta de interesse dos alunos em aprender os conteúdos, a ausência do acompanhamento familiar. Problemas como esses, afetam diretamente o trabalho pedagógico escolar, dificultando assim o processo de ensino aprendizagem dos alunos da referida escola.
Palavras-Chave: Dificuldades de Aprendizagem, Fracasso Escolar, Ensino Fundamental.
ABSTRACT
This work has as object of study, learning difficulties in elementary school, the Municipal School Damásio Eugenio de Sousa in Jaicós-PI, aiming to analyze these difficulties, identify the causes and factors that contribute to it, and know the amount of students who feel these difficulties. The study was based on a literature review which will be presented in the theoretical basis, focusing on the ideas of several authors in the field, aiming at the understanding of key issues about learning and discussing the possible causes of school failure and the variables that negatively interfere with development of teaching and learning process. And also a qualitative and quantitative field research, as the data collection instrument was a questionnaire which was released to elementary school teachers I to that school, seeking information on the subject in question. Several topics were discussed during the research as the concept of learning, the problem of learning disability in Brazil, difficulties in reading, difficulties in writing. Results obtained in the interview, it may be noted that the School Damásio Eugenio de Sousa, a large number of students who have learning difficulties, especially in reading, writing and interpreting texts, were also pointed out problems such as lack of students' interest in learning the content, the absence of family support. Problems such as these directly affect the school pedagogical work and thus hinder the teaching learning process of the said school students.
Keywords: Learning Disabilities, School Failure, Elementary School.
2. INTRODUÇÃO
A dificuldade de aprendizagem vem sendo um problema bastante debatido e preocupante, suas causas podem estar relacionadas a fatores exteriores ao indivíduo ou inerentes a ele, decorrendo de situações adversas à aprendizagem como o déficit sensorial, abandono escolar, baixa condição socioeconómica, problemas cognitivos e neurológicos.
Esses são problemas enfrentados pelos professores e alunos do ensino fundamental de muitas escolas, por meio dessa pesquisa procurou-se demonstrar os problemas que podem ocasionar essas dificuldades de aprendizagem, suas principais causas, as metodologias que podem ser trabalhadas para minimizar esse problema, evidenciando também a importância da participação da família no acompanhamento escolar.
A escolha desse tema partiu da experiência vivenciada no decorrer da realização do Estagio Supervisionado III que foi realizado no Ensino Fundamental I, onde houve a convivência com a realidade dos alunos da Escola Municipal Damásio Eugênio de Sousa em Jaicós-PI, e foi possível perceber que muitos deles enfrentam problemas de aprendizado, dificuldades na leitura e escrita, problemas comportamentais entre outros, partindo dessa ideia foi realizada uma pesquisa de campo com todos os professores que atuam no Ensino Fundamental I, dessa determinada escola
Perceber as dificuldades de aprendizagem e atuar de forma apropriada sobre elas, é uma forma de fazer acontecer a aprendizagem significativa. Fazer com que o aluno consiga superar esse problema, muitas vezes causados por déficits cognitivos, físicos e, ou afetivo, representa a investigação, a finalidade, de muitos dos profissionais que acreditam no construir, nas superações que o processo educativo pode proporcionar.
Cabe ao educador diagnosticar o tipo de problema que aluno está enfrentando, o que muitas vezes não é tarefa simples, portanto quando um professor perceber que alguma coisa não está dentro da normalidade com um aluno ou seja, que o aluno não está tendo um bom rendimento, ao invés de achar que o aluno é incapaz de aprender, é preciso procurar conhecer as causas dessa dificuldade
O número de alunos que sentem dificuldades em aprender tem aumentado consideravelmente. O que leva muitos deles a perderem o interesse pela escola, criando um clima de insegurança e a perda da autoestima. A proposta desse trabalho é identificar, apresentar e analisar os motivos e as implicações que levam esses alunos a sentirem dificuldades em assimilar os conteúdos trabalhados em sala de aula e também obter dados significativos, sobre as crianças com Dificuldade de Aprendizagem e identificar o que está ocasionando a dificuldade e o que pode ser feito para tentar resolver esses problemas.
Este trabalho tem como objetivo geral analisar as dificuldades no ensino e aprendizagem da Escola Municipal Damásio Eugênio de Sousa, no município de Jaicós – PI. E tem como objetivos específicos: detectar que tipo de dificuldade de aprendizagem que os alunos encontram, compreender quais os problemas que essas dificuldades podem ocasionar, saber a quantidade de alunos que apresentam problemas de no aprendizado, detectar os fatores que contribuem para as dificuldades de aprendizagem e rever estratégias para tentar minimizar essas dificuldades.
Foi realizada uma pesquisa de caráter bibliográfico baseada nas concepções de vários autores da área, e por meio de uma pesquisa de campo com todos os professores do ensino Fundamental I, da referida escola, com o objetivo de verificar o pensamento de cada um deles acerca do tema proposto.
No primeiro capítulo constitui-se a introdução trazendo informações sobre o tema em questão apontado a problemática, justificativa, objetivos e a estrutura. O segundo capítulo apresenta o conceito de aprendizagem, as teorias de aprendizagem, as dificuldades de aprendizagem na visão de alguns autores. O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada na realização desse trabalho. E o quarto capítulo aborda as conclusões da pesquisa e analises dos dados obtidos na pesquisa desse trabalho. Onde serão analisadas as respostas dos professores entrevistados e comparadas a ideias de autores envolvendo as dificuldades no ensino e aprendizado da escola trabalhada.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. Conceito de aprendizagem
A aprendizagem pode ser definida como uma modificação do comportamento do indivíduo em função da experiência. E pode ser caracterizada pelo estilo sistemático e intencional e pela organização das atividades que a desencadeiam, atividades que se implantam em um quadro de finalidades e exigências determinadas pela instituição escolar, Alves (2007).
O processo de aprendizagem traduz a maneira como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Trata-se de um processo complexo que, dificilmente, pode ser explicado apenas através de recortes do todo (Alves 2007, p. 18).
Na visão de Barros, Pereira e Goes (2008), a aprendizagem é um mecanismo de aquisição de conhecimentos que são incorporados aos esquemas e estruturas intelectuais que o indivíduo dispõe em um determinado momento. Trata se de um processo contínuo que começa pela convivência familiar, pelas culturas, tradições e vai aperfeiçoando-se no ambiente escolar e na vida social de um indivíduo, sendo assim um processo que valoriza as competências, habilidades, conhecimentos, comportamento e tem como objetivo a elevação da experiência, formação, raciocínio e observação. Essa ação pode ser analisada a partir de diferentes pontos de vista, de forma que há diferentes teorias de aprendizagem.
Para Piaget (1998) a aprendizagem provém de “equilibração progressiva, uma passagem contínua de um estado de menos equilíbrio para um estado de equilíbrio superior”. Diante dessa afirmação nota-se que a aprendizagem parte do equilíbrio e a sequência da evolução da mente, sendo assim um processo que não acontece isoladamente, tanto pode partir das experiências que o indivíduo acumula no decorrer da sua vida, como também por meio da interação social.
Aprender é um processo que se inicia a partir do confronto entre a realidade objetiva e os diferentes significados que cada pessoa constrói acerca dessa realidade, considerando as experiências individuais e as regras sociais existentes (Antunes 2008, p. 32).
Ainda de acordo com Piaget (1974) “a aprendizagem ocorre pela ação da experiência do sujeito e do processo de equilibração”. Essa afirmação demonstra que a aprendizagem não parte do zero, mas sim, de experiências anteriores, o indivíduo vai desenvolvendo sua capacidade de assimilação através da organização do esquema cognitivo.
A educação recebida, na escola, e na sociedade de um modo geral cumpre um papel primordial na constituição dos sujeitos, a atitude dos pais e suas práticas de criação e educação são aspectos que interferem no desenvolvimento individual e consequentemente o comportamento da criança na escola. Vygotsky (1984, p.87).
Na perspectiva de Vygotsky (1991) “a aprendizagem é o resultado da interação dinâmica entre a criança com o meio social”, sendo que o pensamento e a linguagem recebem influencias do meio em que convivem. O funcionamento cognitivo da mente está relacionado à reflexão, planejamento e à organização das estruturas lógicas e vai adequando-se a mediação simbólica e social.
Segundo Vygotsky (1991) “a aprendizagem acontece por meio de uma zona de desenvolvimento proximal que pode ser definida da seguinte forma:
“A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. O nível real exprime o desempenho da criança ao realizar suas tarefas sem ajuda de ninguém, e o nível potencial representa aquelas tarefas que a criança só consegue realizar com ajuda de alguém” (VYGOTSKY, 1991, p. 97).
A aprendizagem para Fonseca (2005) é interligada por quatro componentes cognitivos fundamentais que são: o input (responsável pelas informações recebidas pelos sentidos visual e auditivo), a cognição (responsável pelos processos de memorização, consistência e processamento simultâneo e sequencial de informações), o output (responsável pelos processos motores como desenhar, ler, escrever, ou resolver problemas) e a retroalimentação ( responsável pela repetição, organização, controle e realização das atividades).
Para Souza (1996) Os fatores relacionados ao sucesso e ao fracasso da aprendizagem dividem-se em três variáveis integrados entre si, e são designados como: ambientais psicológicos e metodológicos, a junção desses fatores resulta-se no desempenho escolar de uma criança.
O contexto ambiental é o meio em que a criança vive e está diretamente relacionado ao nível socioeconômico dos pais, a quantidade de filhos, a convivência familiar, ocupação e escolaridade dos pais. Souza (1996) afirma que o fator ambiente contribui de forma decisiva para um bom desenvolvimento do aluno, por ser o espaço em que aluno passa a maior parte do tempo.
Assis (1990) menciona que os problemas de aprendizagem podem ser resultado de ambientes familiares que não estimulam a criança a estudar e acredita que um ambiente familiar com pouca influência sociolinguística pode interferir no desenvolvimento das aptidões e habilidades desempenhadas pela criança. Muitos fatores podem intervir na vida escolar de uma criança: um ambiente doméstico tranquilo e saudável o proporcionará uma melhor estabilidade emocional.
O contexto psicológico para Stevanato (1996) é de fundamental importância no desenvolvimento da aprendizagem e está relacionado com a estrutura familiar, ordem de nascimento dos filhos e o nível de expectativa, a forma como a criança é tratada pela sua família e também no ambiente social em que convive, tanto podem trazer reflexos positivos, quanto negativos para o seu processo de aprendizagem. Comportamentos como: agressões, baixa-estima, desatenção, hiperatividade e isolamento muitas vezes são resultantes da convivência familiar Souza (1996).
O contexto metodológico engloba o que é ensinado nas escolas e sua relação com valores como pertinência e significados, o fator decisivo nesse contexto é a unificação dos objetivos, conteúdos e os métodos, onde o professor precisa despertar no aluno o interesse em aprender e superar as dificuldades encontradas.
Na visão de Carraher e Schliemann (1989), em muitos casos as dificuldade em aprendizagem, não trata-se de um problema onde aluno não consiga aprender, ou seja capaz de raciocinar, mas trata-se de problemas metodológicos, nesse casos é necessário uma metodologia de ensino diferenciada, apropriada ás reais necessidades do educando, tendo em vista o aprimoramento de suas habilidades e o desenvolvimento de suas potencialidades.
Ainda conforme Carraher e Schliemann (1989), uma criança quando não entende o método de ensino trabalhado pelo professor, sente-se frustrada, com problemas de baixa estima, ficando desinteressado, desatento ás aulas e em certos casos até agressivos. É importante que o professor tenha consciência que o aluno apresenta dificuldades de aprendizagem não por vontade própria. Trabalhar as dificuldades, tentar recuperar a autoestima do aluno, analisar os métodos de ensino são de fundamental importância para os educadores que enfrentam problemas relacionados à metodologia.
A metodologia está também intimamente ligada à noção de aprendizagem. A estimulação e a atividade em si não garantem que a aprendizagem se opere. Para aprender é necessário estar-se motivado e interessado. A ocorrência da aprendizagem depende não só do estímulo apropriado, como também de alguma condição interior própria do organismo. (Fonseca, 1995, p. 131).
Barca Lozano e Porto Rioboo (1998) apresentam um conceito de aprendizagem que associa três aspectos. O primeiro avalia a aprendizagem como um processo ativo, sendo que, os alunos precisam realizar uma certa quantidade de atividades facilitando a assimilação dos conteúdos. O segundo define a aprendizagem como um processo construtivo, sendo que as atividades que os alunos desempenham têm como objetivo a construção do conhecimento. O terceiro menciona a aprendizagem como um processo onde o aluno deverá aprimorar e organizar as estruturas cognitivas.
3.2. O problema da dificuldade de aprendizagem no Brasil
Os problemas relacionados à dificuldades de aprendizagem escolar dos alunos, é uma situação preocupante para os professores que atuam no ensino Fundamental I. Para Antunes (1997) essas dificuldades podem ser percebidas nas crianças que não tem um bom rendimento escolar em uma ou mais áreas, mostrando problemas na: expressão oral, compreensão oral, expressão escrita com ortografia apropriada, desenvoltura básica de leitura, compreensão da leitura, cálculo matemático.
“Dificuldade de Aprendizagem (D.A.) é um problema que está relacionado a uma série de fatores e podem se manifestar de diversas formas como: transtornos, dificuldades significativas na compreensão e uso da escuta, na forma de falar, ler, escrever, raciocinar e desenvolver habilidades matemáticas. Esses transtornos são inerentes ao indivíduo, podendo ser resultantes da disfunção do sistema nervoso central, e podem acontecer ao longo do período vital. Podem estar também associados a essas dificuldades de aprendizagem, problemas relacionados as condutas do indivíduo, percepção social e interação social, mas não estabelecem, por si próprias, um problema de aprendizagem. (GARCÍA, 1998, p. 31-32)”.
Já na concepção de Fernández (1990), as dificuldades de aprendizagem são “fraturas” no processo de aprendizagem, onde essencialmente estão em jogo quatro fatores: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo. Os problemas de aprendizagem são consequências da anulação das capacidades de aprender e bloqueio das possibilidades de assimilação do aluno. E podem estar ligados à fatores individuais e relativos à estrutura familiar que indivíduo faz parte.
Enquanto que, Campos (1997) acredita que o problema da dificuldade de aprendizagem nas escolas é proveniente de fatores reversíveis e não há causas orgânicas. Embora muitos alunos que sentem dificuldades em aprender, mostram-se felizes e acomodados, outros apresentam problemas emocionais, muitos desistem de aprender e demonstram não gostarem da escola, questionam sobre sua própria inteligência, ficando socialmente isolado da realidade escolar, isso muitas vezes faz com que aluno deixe de acreditar que a escola o proporcionará um futuro melhor, levando-o a evasão escolar.
As crianças com dificuldades de aprendizagem, geralmente não conseguem um bom desempenho na vida escolar. A sua capacidade intelectual parece congelar fazendo com que o seu desempenho na escola seja inconsistente. Os alunos com dificuldades de aprendizagem podem manifestar comportamentos problemáticos, apresentarem problemas como: falta de atenção, distração, perca do interesse por novas atividades, deixar atividades ou trabalhos inacabados, dificuldade para seguir instruções do professor, faltar às aulas.
Gusmão (2001) aponta as dificuldades de aprendizagem como uma falha no processo da aprendizagem que ocasionou o não aproveitamento escolar. Refletindo não apenas em termos de falhas na aprendizagem, como também no ato de ensinar, essas dificuldades não se traduzem apenas em um problema próprio do sujeito aprendiz no que diz respeito a competências e potencialidades, mas sim em série de fatores que envolvem direta ou indiretamente o processo de ensino.
Quando o aluno não consegue aprender começa a ficar desmotivado, perde o interesse pela escola, muitas vezes apresentam problemas comportamentais e também transtornos emocionais. Para Furtado (2007):
Quando a aprendizagem não se desenvolve conforme o esperado para a criança, para os pais e para a escola ocorre a "dificuldade de aprendizagem". E antes que a "bola de neve" se desenvolva é necessário a identificação do problema, esforço, compreensão, colaboração e flexibilização de todas as partes envolvidas no processo: criança, pais, professores e orientadores. O que vemos são crianças desmotivadas, pais frustrados pressionando a criança e a escola. Furtado (2007, p. 03)
Para Jacob e Loureiro (1996), a dificuldade escolar representa para o aluno um retrocesso nos processos intrapsíquicos relativos à formação da identidade, gerando dificuldades afetivas, também.
De acordo com Major (1987) o termo dificuldades de aprendizagem não é um problema resultante da falta de inteligência da criança, mas sim, pode se resultar do meio social em que a mesma ocupa. Isso pode partir da natureza emocional ou motora da criança, a mesma poderá apresentar algumas dificuldades nas atividades escolares habituais, sendo que a criança não é um aprendiz vagaroso que não tem habilidade para aprender em ritmo normal, mas sim, uma criança emocionalmente perturbada e emocionalmente mal ajustada.
De acordo com Weiss (1997): o problema da dificuldade do aluno em aprender pode estar ligado a fatores tanto internos quanto externos:
Essa insuficiência na aprendizagem escolar pode estar ligada à ausência de estrutura cognoscitiva, que permite a organização dos estímulos e favorece a aquisição dos conhecimentos. Todavia, a dificuldade em aprender pode estar relacionada a determinantes sociais, da escola e do Olhar de professor, próprio aluno, ou seja, ligada a fatores internos (cognitivos e emocionais) e a fatores externos (culturais, sociais e políticos) (Weiss. 1997, p. 16)
Em muitos casos as dificuldades no aprendizado têm causas ligadas a fatores diversos, a forma como as crianças são afetadas por esses fatores é determinada pelo ambiente em que vivem. Para Souza (1996) a convivência no lar e na escola pode fazer a diferença entre uma deficiência propriamente dita, e um problema que torna o aluno incapaz de assimilar o conteúdo escolar. O ambiente familiar e escolar no qual o indivíduo convive pode afetar o seu desempenho intelectual ou desfavorecer o seu potencial de aprendizagem.
Patto (1998) acredita que as dificuldades de aprendizagem estão relacionadas à carência cultural, de certa forma, uma criança pobre tem menor desenvoltura no processo de aprendizagem. Segundo Valla (1994), o enraizamento cultural é um fator determinante no processo de aprendizagem, problemas como a desnutrição e a pobreza, são fatores que contribuem para o fracasso escolar.
Para Dell Prette e Dell Prette (1998) “as dificuldades de aprendizagem é um problema psicossocial”, as crianças que a família incentivam a estudar e recebem acompanhamento dos pais ou responsáveis na vida escolar, são mais positivas, tanto na capacidade em aprender, quanto no relacionamento com os demais colegas. Enquanto que as crianças que não são estimuladas pelas suas famílias a estudarem, já de início começam a enfrentarem obstáculos, mesmo não tendo deficiências cognitivas ou físicas, elas tendem a desenvolver as habilidades básicas de forma mais lenta e geralmente não apresentam um bom relacionamento com os outros colegas.
Fracasso escolar afeta o aprender do sujeito em suas manifestações sem chegar a aprisionar a inteligência: muitas vezes surge do choque entre o aprendente e a instituição educativa que funciona de forma segregadora. “Para entendê-lo e abordá-lo, devemos apelar para a situação promotora do bloqueio” (FERNANDEZ, 2001, p.33).
Smith e Lisa Atrick (2001) afirmam que as dificuldades de aprendizagem podem resultar-se de problemas como violência doméstica, fatores emocionais, escolas superlotadas, mal estruturadas, turmas multisseriadas, falta de material didáticos, professores mal preparados e desmotivados, são variáveis que podem afetar diretamente o desenvolvimento do ensino e aprendizagem no Ensino Fundamental e podem diminuir de maneira significativa as chances de uma criança superar as dificuldades de aprendizagem.
O estresse emocional também compromete a capacidade das crianças para aprender. A ansiedade em relação a dinheiro ou mudança de residência, a discórdia familiar ou doença pode não apenas ser prejudicial em si mesma, mas com o tempo pode corroer a disposição de uma criança para confiar, assumir riscos e ser receptiva a novas situações que são importantes para o sucesso na escola. E trágico percebermos que números crescentes de crianças não estão realmente disponíveis para a aprendizagem, porque suas vidas são dominadas pelo medo: perigos em seus lares ou na vizinhança fazem com que precisem dedicar a maior parte de sua energia mental à questão urgente da proteção pessoal. Se a própria escola não for segura, as perspectivas acadêmicas de todo um grupo estudantil poderão ser prejudicadas. (Smith e Lisa Atrick 2001, p. 19)
Segundo Johnson e Myklebust (1987) para que a aprendizagem de uma criança aconteça sem haver dificuldades é necessário que o sistema nervoso periférico Central esteja intacto, dessa forma a aprendizagem se consolida quando a criança recebe informações através de seus receptores e estando apta a aprender.
Cool, Marchesi e Palácios (2004) afirmam que “nem sempre o que o cérebro funciona mal é por culpa de uma falha cerebral: pode ser resultado de um ambiente nocivo”. O ser humano quando nasce já está potencialmente preparado aprender, mas ele, certamente precisará de estímulos externos e internos para desenvolver a sua capacidade de aprendizagem, como motivação e a necessidade de inserção social.
Leite (1998) relaciona o fracasso escolar a fatores extraescolares como a realidade socioeconômica a que está inserida a maioria da população brasileira, resultantes das relações de trabalho e pobreza. E também a fatores interescolares como a distância cultural entre a escola pública e sua população formação inadequada de professores e problemas de natureza metodológica.
Para que seja identificada uma dificuldade de aprendizagem é preciso uma avaliação, e a partir dos resultados obtidos, deve ser planejada a aplicação de um programa de intervenção pedagógica, problemas de aprendizagem precisam ser identificados e trabalhados, o profissional deve conhecer o conjunto das variáveis e a origem do problema para que possa trabalhar de forma específica e tentar resolver.
3.2.1. Dificuldades na leitura no Ensino Fundamental I
O processo de leitura não se trata apenas de um produto final do processo escolar, mas sim, uma importante conquista para o desenvolvimento de uma sociedade. O aluno ao aprender a ler e começa a desenvolver melhor a linguagem tornando-se mais comunicativo, fazendo parte de um grupo social com vida e histórias individuais.
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação de texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem e etc. não trata de extrair informações decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégia, de seleção, antecipação, inferência e verificação sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai ser lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas. (Parâmetros Curriculares do Ensino Fundamental, 1998, p. 69)
Segundo Fonseca, (1984), a linguagem conta com uma estrutura que abrange: fonologia, léxico, morfologia, semântica e sintaxe. Para Cruz (2009) a leitura é composta por dois elementos: a descodificação e a compreensão. A descodificação acontece através do reconhecimento e identificação das palavras, e a compreensão é um processo voltado para assimilação da informação escrita.
Na descodificação destacam-se não só as formas de diferenciação e identificação das letras e palavras, como também a junção dos símbolos gráficos com os sons. As dificuldades que podem surgir neste processo são: os erros na leitura de letras, erros na leitura de sílabas e palavras, leitura lenta e vacilações e repetições. Na compreensão da leitura, o que interessa é assimilar a mensagem grafada em um texto, a compreensão ocorre por meio dos processos de extração e organização da linguagem escrita, Cruz (2009).
Citoler (1996) menciona que as dificuldades de aprendizagem na leitura podem ser resultantes de: problemas na descodificação; pobreza de vocabulário; falta de conhecimentos anteriores; problemas na memória; falta de táticas de captação; e confusão nas exigências da tarefa ou desinteresse.
Lyon (2003) aponta quatro variáveis que podem interferir na aprendizagem da leitura, designadamente: déficits na consciência fonética e na forma de desenvolver o princípio alfabético; déficits na obtenção de estratégias de compreender a leitura e sua aplicação; déficits em desenvolver e manter a motivação para a leitura; e falta de preparação dos professores.
As dificuldades na leitura ocorrem geralmente no reconhecimento e na compreensão da palavra escrita, o reconhecimento é o mais básico de todos os processos, ele é anterior à compreensão da palavra, portanto, esse transtorno pode ser apresentado por uma leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com interrupções, correções e bloqueios (DOCKRELL; MCSHANE, 1997).
Há crianças que sentem dificuldades apenas no reconhecimento das palavras, e conseguem compreender uma explicação falada. Existem também crianças que sabem ler as palavras, mas sentem dificuldades para compreender o que foi lido. E em casos extremos existem crianças que leem mal as palavras e sentem dificuldades tanto na compreensão oral, quanto na escrita (SÁNCHEZ MIGUEL; MARTÍNEZ MARTÍN, 1998).
As dificuldades na leitura faz com que o aluno sinta dificuldade em lembrar as palavras vistas antes, dificuldade em soletrar, perca do interesse por leitura, fazem contraversões de letras e palavras, têm vocabulário curto e uma memória visual pobre e problemas no processamento auditivo.
A leitura é de fundamental importância para a obtenção de novas aprendizagens, é necessário observar com atenção os sinais de dificuldades neste elemento de formação de ideias e opiniões, tendo por finalidade de evitar dificuldades e comprometimentos das aprendizagens escolares. Nielsen (1999).
3.2.2. Dificuldades na escrita
A escrita é um elemento de comunicação muito importante para o processo de aprendizagem, ela exerce um papel eficaz na vida em sociedade, representando assim um elemento de fundamental relevância para a cidadania. (Santana, 2007).
De acordo com Ajuriaguerra e Grajan (1995), a escrita é resultante de uma aprendizagem que está ligada a diversos fatores e especialmente a adaptação afetiva na escola e da individualidade das crianças, entre os quais se podem mencionar o gosto pela escola, às relações entre a família e a escola.
Na visão de Ellis, (1995), a aprendizagem da escrita é precisa ser bem trabalhada, já que envolve o domínio de distintas habilidades, tanto no desenvolvimento motor, quanto nas habilidades ortográficas, e trata-se de um processo relacionado com o estilo de aprendizagem, por meio dos níveis estruturais.
Para Cruz (1999), a escrita é determinada por quatro aspectos fundamentais: O primeiro aborda o processo construtivo, que consiste na elaboração, interpretação e construção do significado. O segundo processo enfatiza a necessidade do sujeito em agir de maneira ativa para aprender o conteúdo, desenvolvendo estratégias cognitivas e metacognitivas que podem ser utilizadas para resolver de problemas. O terceiro trata-se do processo afetivo que engloba o desejo de escrever, a estabilidade emocional e o interesse pela aprendizagem; e o quarto aspecto são os fatores afetivo-motivacionais que estão relacionados ao rendimento do aluno.
Segundo Vygotsky (1991), as dificuldades na escrita é um problema que não significa falta de capacidade de uma criança, mas sim, um problema onde a mesma tem o desenvolvimento da escrita obstaculizado por algum tipo de déficit. O desenvolvimento pode estar qualitativamente diferente e não mais lento ou inferior ao das outras crianças.
As dificuldades de aprendizagem na escrita para Escoriza Nieto (1998) é uma realidade que precisa ser analisada, e transformada enfocando a interação ativa e simultânea das características e a natureza dos três elementos básicos dos processos de ensino-aprendizagem: o sujeito que aprende, o professor que intermedia o processo de aprendizagem do aluno e os conteúdos que compõem o objeto de ensino aprendizagem, ou analisar os processos de interação aluno-professor-conteúdo como a unidade de análise mais conexa e relevante, referindo-se à explicação, diagnóstico e interferência nas dificuldades de aprendizagem.
De acordo com Escoriza Nieto (1998), para que as dificuldades de aprendizagem possam ser avaliadas, precisam ser entendidos, não como atribuíveis às propriedades específicas (biológicas e cognitivas), e sim como conhecimentos cuja internalização pode exigir, em determinadas crianças, ajudas educativas individualizadas, diversificadas e diagnosticadas nos processos de influência educativa.
Os problemas na escrita são relativos às dificuldades no desenvolvimento das habilidades da escrita (disgrafia) e, pode ir desde erros na soletração até erros na sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na organização de parágrafos, (García, 1998).
Existem alunos com boa capacidade de expressão oral, mas com dificuldades para escrever as palavras (disgrafia); alunos que conseguem expressarem-se oralmente com dificuldade e escrevem, também, as palavras de modo deficitário, e indivíduos que escrevem bem as palavras; mas se expressam mal (Sánchez Miguel e Martínez Martín, 1998).
4. METODOLOGIA
Este trabalho trata de uma pesquisa de caráter qualitativo e quantitativa com base em uma pesquisa bibliográfica, elaborada a partir de material já publicado, de vários autores da área, os quais abordam o tema em questão, e os mesmos forneceram subsídios teóricos bastante significativos para a fundamentação da temática em questão e também por meio de uma pesquisa de campo na: Escola Municipal Damásio Eugênio de Sousa, onde foram realizadas observações nas salas de aulas e também através de uma entrevista, por meio de questionários para oito professores que trabalham no Ensino Fundamental I, dessa instituição de ensino.
Para a realização dessa pesquisa, foram utilizados dois instrumentos metodológicos importantes: a observação direta e o questionário com os professores do Ensino Fundamental I, da Escola Municipal Damásio Eugênio de Sousa em Jaicós-PI.
4.1. Tipo de Pesquisa
A pesquisa desenvolvida nesse trabalho é de natureza qualitativa e quantitativa, sendo realizada com base em um levantamento bibliográfico, pesquisa de campo e também por meio de questionários aplicados para professores, buscando entender o que dificulta o processo de aprendizagem no ensino fundamental dessa determinada escola.
A pesquisa qualitativa permite trabalhar com os sentimentos e falas dos envolvidos no estudo permitindo um contato maior com a realidade. Para Minayo (1994, p.21 e 22):
“A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não pode ser reduzidos à operacionalização de variáveis.”
Além da pesquisa bibliográfica, como procedimento metodológico, foi feita uma pesquisa de campo para melhor se fundamentar nessa investigação que será realizada através de visitas a escola e observações em sala de aula. Para Severino (2007, p.123).
Na pesquisa de campo, objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta dos dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados, sem intervenção e manuseio por parte do pesquisador. Abrange desde os levantamentos, que são mais descritivos, até estudos mais analíticos.
Por meio dessas pesquisas procurou-se compreender a temática, desse estudo, para um maior conhecimento acerca do ensino e aprendizagem no ensino fundamental, e analisar os fatores sociais, e culturais que afetam o processo de desenvolvimento do ensino.
4.2. Caracterização do local pesquisado
A Escola Municipal Damásio Eugênio de Sousa foi fundada por volta de 1980 no povoado Esquisito, município de Jaicós – PI. Trata-se de uma instituição de ensino que trabalha com: o Ensino Infantil, Fundamental I e Fundamental II, atendendo os alunos do povoado e das comunidades vizinhas, essa instituição tem como meta a alfabetização e preparação do educando para o meio social e estudos posteriores.
Os professores dessa instituição de ensino são comprometidos com o ensino e mostram-se interessados no processo de ensino aprendizagem dos alunos. Os planejamentos elaborados baseados na realidade dos alunos procurando associar objetivos-métodos-conteúdos. Mas contam também com problemas como a falta de acompanhamento familiar, a maioria dos pais e responsáveis não acompanham a vida escolar dos filhos e dificulta o desenvolvimento das metodologias de ensino, muitos alunos se mostram desinteressados.
A estrutura física da escola é razoável, a escola conta com oito salas de aulas, seis banheiros, uma sala que é usada como diretoria e também como sala dos professores, uma biblioteca e cantina. O espaço para lazer é pequeno os alunos quase não tem espaço para brincar.
O quadro de funcionários da escola é composto por três coordenadoras pedagógicas, uma trabalha com o PNAIC e a outra com o ensino fundamental e a outra com o Ensino Infantil. Mais de quinze professores, dois vigias, três merendeiras, três zeladoras. A escola funciona em três períodos: manhã, tarde e noite. Tendo cerca 270 alunos.
Os docentes que trabalham no processo de alfabetização são todos formados em pedagogia e alguns são pós-graduados. Os planejamentos ocorrem bimestralmente com a participação dos coordenadores pedagógicos e professores.
A escola tem um P.P. P (Projeto Político Pedagógico) que foi elaborado por toda a comunidade escolar: gestores, professores, coordenadores. O PPP é avaliado a cada dois anos e reajustado quando necessário.
4.3. Caracterização dos sujeitos
A pesquisa foi realizada com oito professores da Escola Damásio Eugênio de Sousa que atuam no Ensino Fundamental I, buscando entender o ponto de vista de cada um dos professores acerca do problema em questão que é as dificuldades de aprendizagem no Ensino Fundamental I da referida escola.
Quanto à qualificação profissional, dos professores entrevistados todos eles são habilitados em magistério e cinco deles são especialistas, quatro deles estão atuando no Ensino Fundamental há mais de quinze anos, três deles estão atuando nas primeiras series do ensino fundamental a quatro anos e uma está há dois anos trabalhando no Ensino Fundamental I.
No momento das visitas a escola foi possível notar um pouco da realidade do ensino, a direção da escola demostrou-se muito coorporativa, uma ótima recepção, permitindo um bom desempenho da pesquisa.
4.4. Instrumentos de coleta de dados
Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um questionário com 10 (dez) questões abertas, foram feitas observações e conversas informais com a diretora da escola e alguns professores buscando-se a opinião deles a respeito das dificuldades de aprendizagem, os problemas de assimilação, os métodos que podem superar essas dificuldades e detectar os fatores que contribuem para o fracasso do ensino aprendizagem no Ensino Fundamental I.
De acordo com Severino (2007, p 125) o questionário e um conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vista a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo.
Os momentos de observação possibilitaram conhecer melhor um pouco do trabalho dos professores entrevistados. Nesse sentido, primeiro foi feita a etapa de observação e em seguida, o questionário com perguntas fundamentadas com objetivo de analisar a percepção dos professores acerca do problema em questão.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados a serem apresentados estão de acordo com os depoimentos dos professores entrevistados durante a pesquisa de campo e diante do exposto pode-se notar que os alunos apresentam dificuldades de aprendizagem, na leitura, na escrita e interpretação, problemas como a falta de interesse, problemas comportamentais causando perdas ao processo de ensino e aprendizagem e, posteriormente, comprometendo o futuro escolar do indivíduo.
Com relação às dificuldades de aprendizagem, e quanto ao tipo de dificuldade, os professores do ensino fundamental I, da Escola Damásio Eugênio de Sousa comentaram:
Professor 1° Ano: alunos apresentam muitas dificuldades tanto na leitura quanto na interpretação.
Professor 2° Ano: alunos apresentam dificuldades na leitura, na escrita e no comportamento.
Professor 3° ano: alunos apresentam problemas no desenvolvimento em algumas áreas cognitivas, enfocando principalmente: como no processo de alfabetização, leitura, escrita, raciocínio lógico e dificuldades de interpretação.
Professor A 4° Ano: alunos tem dificuldades de aprendizagem, problemas como desinteresse, baixo rendimento na aprendizagem, alunos são passados de um ano para outro mesmo sem terem aprendido o ensino do ano em curso.
Professor B 4° Ano: alunos desinteressados, dificuldades na escrita, na leitura e na interpretação de textos.
Professor A 5° Ano “A”: alunos com dificuldades de aprendizagem, problemas como: dislexia, disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia, transtorno de déficit (TDAH).
Professor B 5° Ano “A”: dificuldades de aprendizagem, falta de interesse, falta de incentivo familiar, alunos não acham importante estudar.
Professor 5° Ano “B”: dificuldades de aprendizagem na escrita e na leitura, e no raciocínio lógico.
Com base nesses depoimentos pode-se notar que todos os professores afirmam que os alunos sentem alguma dificuldade de aprendizagem, sendo a maioria na leitura e na escrita. Esses problemas de aprendizado, tanto na leitura, quanto na escrita, podem ser decorrentes da junção dos fatores sociais, educacionais e individuais ou consequência das condições ambientais, psicológicas ou metodológicas.
A tabela a seguir mostra a quantidade de alunos matriculados no ensino Fundamental I, da Escola Damásio Eugênio de Sousa em Jaicós-PI:
A seguinte tabela apresenta por extenso o número de alunos de cada série/ano que apresentam problemas de aprendizagem e os tipos de dificuldades de aprendizagem que os mesmos encontram, segundo os professores de cada turma pesquisada:
Diante das respostas obtidas é possível perceber o fracasso escolar e os problemas no processo de aprendizagem que refletem em todo o ciclo de alfabetização e também nas séries posteriores do Ensino fundamental I, na visão de Weiss (1997) os problemas de aprendizagem escolar pode estar ligada à ausência de estrutura cognoscitiva, que permite a organização dos estímulos e favorece a aquisição dos conhecimentos. Essas dificuldades podem estar relacionadas a determinantes sociais, problemas inerentes à escola, ao olhar do professor, ou do próprio aluno, ou seja, ligada a fatores internos (cognitivos e emocionais) e a fatores externos (culturais, sociais e políticos).
Esses problemas estão presentes em todas as turmas do Ensino fundamental e com mais frequência na área de leitura escrita e interpretação de texto, problemas como a repetência são evidenciados, infelizmente uma minoria tem domínio da leitura e da escrita, sendo que não apresentam dificuldades de aprendizagem.
Quando interrogado sobre quais os problemas que podem causar as dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais, e a quem pode ser atribuídos esses problemas, as respostas foram as seguintes:
Professor 1° Ano: a falta de compromisso da família que não acompanham a vida escolar dos filhos, a falta de interesse do aluno, a Bolsa Família e a falta de recursos apropriados para se trabalhar em sala de aula.
Professor 2° Ano: A falta de interesse do aluno, a falta de acompanhamento familiar, atraso no processo de alfabetização e posteriormente prejuízos no futuro escolar do aluno.
Professor 3° Ano: A falta de estímulo, ou seja, incentivo tanto ao educador quanto ao aluno; Livros didáticos adotados, não condizem com a realidade do aluno; alunos de família de classe baixa e não valoriza a educação, a escola não dispõe de recursos para melhoria da educação, em especial as séries iniciais, que são a base da educação; desvalorização do professor e famílias despreparadas que não acompanham a vida escolar dos filhos.
Professor I, 4° Ano: A falta de incentivo da família, alunos não aprendem a ler e a escrever nas séries iniciais quando deveriam; o desinteresse dos próprios alunos; o trabalho infantil que ainda existe, problemas socioeconômicos, falha de alguns professores, problemas de natureza familiar que refletem no desenvolvimento do aluno na escola.
Professor II, 4° Ano: A falta de acompanhamento familiar, alunos não conseguem serem alfabetizados no ciclo de alfabetização, faltas de recursos para se trabalhar em sala de aula.
Professor I, 5° Ano “A”: As dificuldades podem advir de fatores orgânicos, ou problemas de ordem neurológica, ou mesmo emocionais, é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo educativo, e principalmente perceber se estão associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza, agitação, desordem, dentre outros, os mais frequentes são inquietação, desatenção, falta de concentração e impulsividade.
Professor II, 5° Ano “A”: Falta de parcerias entre a escola e a família, alunos não tem a escola como prioridade, pais analfabetos que não incentivam os filhos a estudar e nem acompanham vida escolar dos filhos; alunos passam de ano no ciclo de alfabetização, mesmo sem atingirem a média.
Professor 5° Ano “B”: Falta de interesse por parte dos alunos, falta de acompanhamento familiar, problemas ambientais, famílias mal estruturadas, e problemas no comportamento.
Os depoimentos dos professores estão de acordo com a afirmação Dell Prette e Dell Prette (1998), que acredita que as crianças que não são estimuladas pelas suas famílias a estudarem, já de início começam a enfrentarem obstáculos, mesmo não tendo deficiências cognitivas ou físicas, elas tendem a desenvolver as habilidades básicas de forma mais lenta e geralmente não apresentam um bom rendimento escolar.
E também conforme Smith e Lisa Atrick (2001) as dificuldades de aprendizagem são resultantes de problemas como a falta de acompanhamento familiar, falta de materiais didáticos apropriados. Isso mostra que a participação da família na escola é de fundamental importância para o processo de ensino e aprendizagem e mostra também que os materiais didáticos fazem a diferença no processo de ensino e aprendizagem.
Segundo o professor do 3° Ano, as dificuldades de aprendizagem estão associadas a problemas como: “alunos de família de classe baixa que não valorizam a educação recebida na escola, também a escola não dispõe de recursos para melhoria da educação, em especial as séries iniciais, que são a base da educação”. Essa afirmação está de acordo com a ideia de Leite (1998) onde ele menciona que os problemas de aprendizagem estão relacionados a realidade socioeconômica em que está inserido o aluno, também conforme Patto (1998), que atribui as dificuldades de aprendizagem à carência cultural, segundo ele, uma criança pobre tem menor desenvoltura no processo de aprendizagem.
Essas dificuldades também são percebidas pelo Professor I, do 4° Ano: que as atribui a fatores como: a falta de incentivo da família, alunos não aprendem a ler e a escrever nas séries iniciais, quando deveriam; o desinteresse dos próprios alunos; o trabalho infantil que ainda existe, problemas socioeconômicos, e problemas de natureza familiar que refletem no desenvolvimento do aluno na escola.
O Professor I do 5° Ano “A”: acredita que as dificuldades de aprendizagem podem ser resultantes de fatores orgânicos, ou problemas de ordem neurológica, ou mesmo emocionais. Este pensamento está em concordância com a afirmação de Smith e Lisa Atrick (2001) que relatam que os problemas de aprendizagem são resultantes de fatores de ordem emocional, ou advindos de fatores orgânicos.
Com relação às metodologias que os professores utilizam para facilitar o processo de aprendizagem e superar as dificuldades de assimilação dos conteúdos foram obtidos os seguintes depoimentos, como mostra a tabela:
As respostas dos professores mostram que eles trabalham métodos diversificados buscam aproximar os conteúdos à realidade dos alunos, mas, no entanto, a aprendizagem não está acontecendo de forma efetiva. Isso retrata a colocação de Fonseca (1995), a atividade em si não garante que a aprendizagem aconteça. Para aprender o aluno deve estar motivado e interessado. A ocorrência da aprendizagem depende não só do estímulo apropriado, como também de alguma condição interior própria do organismo.
Souza (2006) considera a metodologia como um fator decisivo na unificação dos objetivos, conteúdos e os métodos, mas sem o interesse do aluno e o incentivo familiar os resultados não são os melhores. Quando a família não contribui com a aprendizagem, fica muito difícil sozinho despertar no aluno o interesse em aprender.
A respeito dos métodos de alfabetização usados pelos professores, e a importância dos mesmos no desempenho dos alunos no processo de alfabetização, os professores que trabalham no Ciclo de alfabetização do primeiro ao terceiro ano responderam:
Professor 1° Ano: Alfabetizo por meio do método silábico, através do alfabeto móvel, sílabas, letras, usando os sons das sílabas. Os materiais são trabalhados especificamente de acordo com a série/ano.
Professor 2° Ano: Métodos sintéticos, com mais frequência e também métodos analíticos, desenvolvo metodologias dentro da realidade de cada aluno, e, que venha contribuir para a aprendizagem dos alunos, de forma clara e abrangente à todos.
Professor 3° Ano: Trabalho os dois métodos: analítico e sintético, desenvolvo metodologias e projetos adaptados à realidade de cada aluno, o importante é desenvolver atividades que venha contribuir com a aprendizagem de cada aluno por meio de recursos diversificados.
A alfabetização é um processo decisivo na escolar do indivíduo, é através dela que o aluno inicia o seu processo de construção de saberes formais, lhe possibilitando produzir, ler e interpretar textos de forma crítica, tornando se capaz de ampliar o seu conhecimento, participar da vida social e exercer de forma efetivo a sua cidadania.
Alfabetizar é uma tarefa complexa e exige empenho tanto do professor, quanto do aprendiz, o educador precisa criar condições propicias para uma aprendizagem significativa, e o desenvolvimento de habilidades.
Com relação a situação atual do ensino fundamental I foi perguntado o que pode ser feito para mudar a qualidade e melhorar a aprendizagem, os professores entrevistados responderam:
Professor 1° Ano: O Ensino Fundamental só iria melhorar se fosse implantada uma Lei em que a Família só receberia o Bolsa Família se o filho aprendesse e a passasse de ano.
Professor 2° Ano: Voltar a reprovar o aluno nas séries iniciais, trabalhar com livros que tenham conteúdo, baseados na realidade do aluno da escola pública, voltados para a alfabetização.
Professor 3° Ano: Mais investimentos na educação, e principalmente, valorização e qualificação do professor como o profissional de maior relevância no processo de ensino, e criação de projetos que possam melhorar a qualidade da educação.
Professor I, 4° Ano: Capacitar e habilitar professores a atuarem nas séries para as quais são licenciados.
Professor II, 4° Ano: Mais investimentos por parte do poder público, qualificação e treinamentos para professores que atuam no ciclo de alfabetização.
Professor I, 5° Ano “A”: Mais investimentos, garantia de escolas com infraestrutura decente e profissionais qualificados.
Professor II, 5° Ano “A”: conscientizar os pais sobre a importância da educação escolar para o futuro dos seus filhos.
Professor 5° Ano “B”: Uma alfabetização de qualidade seria o melhor caminho para um ensino fundamental melhor.
Diferentes concepções foram apresentadas com relação ao que pode ser feito para melhorar a qualidade do Ensino Fundamental, O professor do 1° Ano, acredita que o problema do ensino está centrado no Programa Social “Bolsa Família” e que o quadro só mudaria se a família do aluno só recebesse o benefício se aluno passasse de ano. Embora esse programa, obrigue o aluno a frequentar as aulas mas não traz rendimentos ao processo de aprendizagem.
Já o professor do 2° ano acredita que para o ensino fundamental obter avanços precisa voltar a reprovar o aluno que não atingir a média nas séries iniciais, e usar livros apropriados que tenham a ver com a realidade do aluno da escola pública, voltados para a alfabetização, visando um melhor desenvolvimento da alfabetização que é o princípio de tudo.
Na perspectiva dos professores do 3° Ano, 4° e 5° Ano “A”, a educação precisa de mais investimentos, melhor qualificação e valorização dos profissionais que atuam nessa etapa da educação básica.
6. CONCLUSÃO
Através desse estudo é possível perceber o grande número de alunos que apresentam dificuldades no processo de ensino e aprendizagem, tais como: dificuldades na escrita, na leitura, na interpretação, no raciocínio, problemas comportamentais, problemas estruturais como a falta de acompanhamento da família na vida escolar dos filhos, a falta de incentivo cultural, alunos não veem a importância da escola para o seu futuro, problemas como o desinteresse em aprender os conteúdos ensinados pelo professor, realidade socioeconômica, entre outros problemas.
Neste estudo observa-se através dos resultados, que o número de alunos que não sentem nenhuma dificuldade de aprendizagem foi inferior aos alunos que sentem dificuldades. Problemas como leitura de forma decodificada, repetência foram evidenciados, levando-se em conta que os alunos que detém os conhecimentos de leitura e escrita e raciocínio e apresentam um bom rendimento escolar é uma minoria, em relação aos demais.
Considerando os resultados obtidos, pode-se notar que as dificuldades de aprendizagem não devem ser atribuídas somente a fatores externos, como também a fatores internos como os métodos de ensino, a falta de materiais didáticos apropriados, condições psicológicas do aluno entre outros fatores.
A escola necessita rever estratégias transformar suas aulas e suas atividades pensando em todos os alunos, garantindo que todos eles possam se desenvolver na aprendizagem e na aquisição de conhecimentos. É necessário, uma aproximação entre família e escola, um maior incentivo ao aluno por parte da família, professores bem preparados para lidar com essas dificuldades, buscando melhorias tanto nos métodos de ensino quanto na parte psicológica de seus alunos.
E também seria de fundamental importância, a contribuição significativa dos órgãos governamentais, para uma maior e melhor estruturação da educação brasileira, buscando minimizar as desigualdades e promovendo o acesso à educação de forma democrática, e igualitária para todos os setores da sociedade.
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Apêndice A
FACULDADE EVANGÉLICA CRISTO REI - FECR
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
AS DIFICULDADES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DO ENSINO FUNDAMENTAL I NA ESCOLA DAMÁSIO EUGENIO DE SOUSA, JAICÓS-PI
QUESTIONÁRIO
PÚBLICO ALVO: PROFESSORES
NOME DO ENTREVISTADO:____________________________________________
As questões abaixo se referem a uma pesquisa de campo para a composição do trabalho de conclusão de curso – TCC, do curso de LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA DA FACULDADE EVANGÉLICA CRISTO REI - FECR, cujo objetivo é conhecer a concepção dos educadores, sobre as dificuldades de aprendizagem no ensino e aprendizagem do Ensino Fundamental I, na Escola Municipal Damásio Eugênio de Sousa. A SUA COLABORAÇÃO FARÁ DIFERENÇA NO NOSSO TRABALHO.
PERFIL DO ENTREVISTADO:
Sexo: ( ) MASCULINO ( ) FEMININO
Idade: 18 A 29 ( ) 30 A 45 ( ) 45 A 50 ( ) mais de 50 anos ( )
Escolaridade:
( ) Ensino Médio completo
( ) Ensino Superior incompleto
( ) Ensino Superior completo
( ) Especialização
1° Os alunos dessa escola apresentam alguma dificuldade de aprendizagem? Qual tipo de dificuldade?
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2° Na sua opinião, que problemas podem acarretar as dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais do Ensino Fundamental?
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3° Na sua turma, quantos alunos apresentam dificuldades de assimilar os conteúdos e quais dessas dificuldades eles apresentam? Coloque a quantidade de alunos que apresentam:
( ) Dificuldade na leitura e na escrita
( ) Lêem de forma decodificada
( ) Ainda não sabem ler e nem escrever
( ) Já foram reprovados, mais de uma vez e continuam e com dificuldades
( ) Apresentam dificuldades em diferentes disciplinas do currículo
( ) Apresentam hiperatividade
( ) Não sentem nenhum tipo de dificuldade
( ) Outros tipos de dificuldades: quais?
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4° Em relação as dificuldades dos alunos em assimilar os conteúdos, a quem você atribui esse problema?
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5° A que fatores sociais podem ser atribuídos às dificuldades de aprendizagem?
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6° Que metodologias você utiliza para facilitar o processo de ensino e aprendizagem e superar as dificuldades de assimilação dos conteúdos por parte dos alunos?
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7° Com relação à leitura e escrita nas séries iniciais, o que você acha que pode ser feito para melhorar o desempenho dos alunos no processo de alfabetização?
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8° Que métodos de alfabetização você trabalha com mais frequência? Sintéticos ou analíticos? Fale um pouco da importância deles no processo de alfabetização, e qual deles apresenta mais resultados?
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9° você acredita que as dificuldades de aprendizagem podem estar ligadas à falta de acompanhamento familiar ou a outros tipos de problemas? Comente:
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10° o que você acha que deve ser feito, para mudar a qualidade do Ensino Fundamental e melhorar o processo de ensino aprendizagem?
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Obrigado pela sua compreensão!
Publicado por: Flavimilton Leal
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