A IMPORTÂNCIA DA ADEQUAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

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1. Resumo

A educação de jovens e adultos é uma modalidade da educação que precisa de atenção como qualquer outra, mas que carrega uma característica em especial, que é o fato de ter como maioria, alunos adultos, vividos, com opiniões e experiências concretas. A intenção do processo de ensino torna-se outra e não se trata exatamente de procurar ensinar tudo, como se o aluno de nada soubesse, mas de explorar a inteligência dele como um todo, e entender quais são as reais necessidades de aprendizagem. A questão colocada aqui, é que a abordagem do professor em relação ao aluno nem sempre é feita com base nessa linha de raciocínio, e pode ter caráter infantilizado, baseado, por exemplo, no uso das metodologias e materiais utilizados nos ensinos fundamentais regulares, que nada tem a ver com a realidade das turmas de EJA. Por esses motivos, destaca-se a importância do material específico e da relação professor-aluno adequada, para que nada se deixe passar. É necessário que exista a ideia da importância do reconhecimento da realidade para que a própria escola não afaste do aluno a chance que ele está buscando, pois em um caminho cercado de grandes desafios, qualquer falha poderá ser desmotivadora.

Palavras chave: Educação de jovens e adultos, professor-aluno, material didático.

2. Introdução

Destinado a jovens e adultos que por algum motivo não tiveram a oportunidade de permanecer na escola na idade própria, a EJA – educação de jovens e adultos é um curso ofertado aos que tem a partir dos 15 anos de idade com interesse em concluir os ensinos básico e secundário. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 9.304 do ano de 1996, artigo 37, registra a necessidade de garantir aos que não a de dar continuidade aos estudos.

Sendo o homem um ser social, acesso a educação sem a abordagem adequada pode não ser suficiente. O tempo perdido longe da escola é de fato, a grande problemática que fará o aluno da EJA a retornar as salas de aula, mas essa característica não o resume e por isso é necessário reconhecer que para mantê-lo interessado e participativo até o final, depende também do professor, e da equipe pedagógica de uma maneira geral. Segundo dados da pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do ano de 2007, 42,7 % dos alunos de um total de 8 milhões abandonaram seus cursos na EJA. As razões para a relevância desse índice variaram, mas os principais fatores contribuintes foram: horários de aula incompatíveis com os de trabalho e metodologia contrária a realidade do aluno.

O professor-educador é quem guia os caminhos dos processos educativos, mas isso não o torna dono da verdade absoluta, por isso, ser perceptivo é uma característica importante que poderá permitir enxergar o potencial intelectual e cultural já presente na vida do aluno que de forma alguma merece sentir-se constrangido ou ridicularizado ao retomar os estudos. Através da troca pode-se aprender e ensinar de forma simultânea, e essa prática, através da educação, além de política poderá ser edificadora para o homem.

“A educação que Paulo Freire deslumbra não é apenas politicamente utilitária. Ela não objetiva somente criar novos quadros para um novo tipo de sociedade. Há uma proposta politicamente mais humana, a de criar, com o poder do saber do homem libertado, um homem novo, livre também de dentro para fora.” (BRANDÃO, 1986, p. 89).

Paulo Freire foi um grande idealizador da metodologia que propõe a alfabetização de jovens e adultos ideal, desenvolvida a partir da cultura, por isso terá grande destaque nesse trabalho. Freire trás em seus ideais, sentidos filosófico e humanista, desenvolvendo o conceito de inconformidade. A importância desses ideais não poderia ser maior, levando em conta que anula a exclusividade do tradicionalismo e o descaso disfarçado e arrastado por anos em relação à educação de jovens e adultos. O homem e a sua realidade ganham reconhecimento, fazendo com que fique em evidência a necessidade de se planejar para os mais velhos de uma maneira geral, envolvendo abordagem, metodologia e material didático, que são o tripé base da educação de jovens e adultos ideal.

A evasão nas turmas de EJA é um fato frequente no Brasil. É de suma importância que se busque meios de detectar os erros e reforçar os acertos diante dessa problemática. Desta forma, a pergunta norteadora desse trabalho é: Qual a chave para despertar a motivação e manter o aluno até o final de seu curso, fazendo com que se sinta respeitado e parte integrante da sociedade?

O seguinte trabalho visa mostrar a importância da metodologia e abordagem adequadas na educação de jovens e adultos, para que os alunos cheguem ao final do curso de forma bem sucedida de uma maneira geral. E especificamente objetivamos: apresentar a abordagem do processo histórico que contribuiu para atual situação da EJA no Brasil; relacionar conceitos (destaque para Paulo Freire) com a necessidade da existência de uma metodologia om conteúdos próprios, pensados para EJA; analisar mostras de conteúdos de materiais didáticos próprios para a educação de jovens e adultos distribuídos pelo Governo Federal e expor a importância e os efeitos de um curso adequado ao seguimento de educação de jovens e adultos, socialmente e politicamente.

A contribuição científica no âmbito da pedagogia, incluindo o ato didático e de ensino, a educação é a aplicação dos métodos próprios, que assegura o sujeito educando a formação e o desenvolvimento de suas características intelectuais, físicas e morais.

Ser mediador da educação é uma um ato sublime e precisa ser feito com louvor, para exaltar a importância e o reconhecimento da ação. Se um aluno torna-se ainda mais pensante, reflexivo e cheio no que se diz ao conhecimento, provavelmente foi feito um bom trabalho em sala de aula, e isso dignifica um profissional da educação, uma instituição de ensino e o esforço do aluno. Dessa forma, é necessário destacar que nenhum seguimento da educação, deve ser diminuído, pois dessa maneira o aluno também o estará sendo, e o próprio educador estará praticando o ato com ele mesmo. Na visão de Paulo Freire (1979):

“Não há também, diálogo, se não há uma intensa fé nos homens. Fé no seu poder de fazer e de refazer. De criar e recriar. Fé na sua vocação, de Ser Mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direito dos homens.” (FREIRE, 1979, p.95).

Portanto, se há maneiras de reinventar para que acertos sejam feitos, como criar e recriar com a fé de que as coisas podem mudar para melhor, assim deve ser feito, assim como o próprio educador, autor da citação buscou no que se diz respeito a educação de jovens e adultos.

Brandão (1986) com base no conceito de Freire sob a EJA reproduz a ideia de que ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho. Dessa forma, fica a reflexão sobre a dependência que o homem tem do outro homem para se chegar a uma situação melhor, mais adequada, longe das conformidades tentadas diante das dificuldades da vida.

Segundo a LDB 9394/96 (art. 32): Art. 37. § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

O parágrafo estimula a reflexão sobre a responsabilidade sobre a responsabilidade, no que se diz respeito a políticas públicas, não só do professor, mas de outras patentes que podem influenciar diretamente na situação abordada.

Na visão de Paiva (2003), a importância da educação como instrumento ideológico poderoso é muito clara tanto para os que detêm o poder quanto para aqueles que pretendem disputá-lo. Já Cortella (2014) coloca sem determinar série ou idade no que se diz a escolaridade, a importância do conhecimento, na educação escolar, a partir de sua perspectiva:

“Conhecimento é vida. Conhecimento e informação para quê? Para fazer crescer a vida. E o conhecimento é um poder. Mas poder que sirva a quê? Que sirva à capacidade de fazer com que a vida se eleve.” (CORTELLA, p. 47, 2014).

Portanto, colaborar para que detalhes não sejam deixados para trás e que o poder fornecido pelo conhecimento sirva como a ponte que levará direto ao elevar da vida, é importante que seja feita a abordagem contínua de temas como o abordado nesse trabalho.

A Metodologia do presente trabalho foi elaborada com fundamentação teórica a partir da leitura pesquisa e análise em fontes impressas e digitais, mantendo a ética no que se diz respeito à escrita por parte pessoal e as referências utilizadas no corpo.

3. A concretização da educação de jovens e adultos no Brasil

Conhecer os principais traços históricos da educação popular brasileira é fundamental para entender uma série de fatores que determinaram uma espécie de processo evolutivo desde a chegada dos Jesuítas até os anos 2000. A análise dos fatos pode despertar diferentes perspectivas dependendo do ponto de vista crítico dos que se aprofundam. Por um lado, muito se conquistou no que se diz respeito a recursos, democracia e acesso. Por outro, devido aos anos, mudanças políticas e outros fatores sociais, o Brasil deveria estar passos largos a frente da atual realidade, neste caso o destaque vai para a educação de jovens e adultos. A EJA como modalidade de ensino, perpassa por um processo: o período colonial, período em que os jesuítas exerciam a ação educativa, o Império com a chegada da família real ao Brasil, período em que o interesse relacionado à educação destina-se a criação de cursos superiores objetivando atender os interesses da monarquia. No período Brasil República, o quadro educacional não sofreu grandes mudanças e o modelo de educação continuou trazendo privilégios a elite.

Em 1549 os Jesuítas chegaram ao Brasil com o objetivo de cristianizar as populações indígenas no território colonial, criando pretensiosamente um sistema educacional que submetia às populações nativas a desapropriação cultural através de missões organizadas com foco no trabalho e na religiosidade. Freire (1979) questiona qualquer ação que se aproxime do ato de oprimir e julga como ação violenta, independente dos meios aplicados:

“[...] qualquer que seja a situação em que alguns homens proíbam aos outros que sejam sujeitos de sua busca, se instaura como situação violenta. Não importa os meios usados para esta proibição. Fazê-los objetos e aliená-los de suas decisões, que são transferidas a outro ou a outros.” (FREIRE, 1979, p. 85-86).

Concomitante às missões, os jesuítas trabalharam na fundação das primeiras instituições de ensino do Brasil Colonial e tornaram-se os administradores dos maiores colégios até o período imperial expandindo e concretizando a predominância da fé católica e o poder a da elite.

A ação dos Jesuítas é a primeira amostra de que a educação pode ser trabalhada de maneira equivocada dependendo da finalidade. A questão religiosa e a conquista da mão de obra ideal seriam os resultados esperados, além do monopólio dos primeiros grandes colégios. Os mais velhos, que já tinham ideia e cultura formadas, submeteram-se inocentemente a mudanças sociais pela elite que foi moldando discretamente como as coisas deveriam ser. É interessante ressaltar ainda nesse parágrafo que a cultura dos colégios jesuíticos é de suma importância para a memória da educação no Brasil. Todo o histórico começou a partir desse período que pode ser acima de tudo reconhecido como um ponto de partida.

Paiva (2003, p. 13) ressalta que “a educação popular dos primeiros tempos, é utilizada como instrumento de cristianização e de sedimentação do domínio português”. Contudo, a ação de Portugal não resiste a de Pombal.

Sebastião José Carvalho de Melo, conhecido popularmente como Marquês de Pombal foi o homem que teve a iniciativa de propor reforma nas principais áreas da sociedade portuguesa inicialmente no ano de 1750, inclusive na educação. Para iniciar tal processo, era necessário que por muitas vezes fosse contrário as principais figuras de poder daquele período: a Companhia de Jesus (formada pelos jesuítas) e a nobreza.

Em 1759 Pombal conquistou a implantação de medidas que derrubaram a educação jesuítica e os moldes que priorizavam a ideia de que só deveria existir escolarização para as elites. O latim e o português deixam de ser exclusividade e a literatura no sentido cultural passa a ser uma tendência, incentivando uma mudança considerada radical que permitia o acesso a outros tipos de cultura. O pensamento pedagógico surge, e essa é a chance da expansão da ideia de uma escola totalizadora.

A reforma pombalina é um acontecimento histórico marcante que trás com ele a possiblidade de pensar em uma educação no sentido real. Isso porque a partir dela surge o primeiro pensamento de escola no sentido clássico. A educação jesuítica não trás consigo a disposição de educar para a vida, e sim como um tipo de veículo de troca sem a intenção de acrescentar, mas de preparar para um futuro planejado pela própria elite.

Em 1879 o Brasil surge a reforma Leôncio de Carvalho que trazia consigo a característica marcante de rotular o analfabeto como uma pessoa dependente e tomada pela incompetência. Algum tempo depois, no ano de 1881 (ainda no período imperial) ocorreu o surgimento da Lei Saraiva que introduzia o voto direto censitário, ou seja: Os cidadãos que tinham direito ao voto eram classificados. O pagamento correto dos impostos era um dos critérios mais importantes para tornar-se um cidadão ativo. Até o final do período imperial apenas 1,5% da população brasileira tinha a capacidade definida pelas lideranças para votar.

Apesar de na década de 20, a educação de adultos ainda ser englobada ao ensino elementar, esse é o período em que começa assumir importância, mas o conhecido “ensino supletivo” aparece só em 1931. Os sistemas supletivos estaduais começaram a se e expandir após a revolução de 30 junto aos sistemas comuns de ensino que obtinham crescimento concentrado do Distrito Federal e nos Estados do Sul, ressaltando as áreas urbanas. Já na década de 1940, após o fim do Estado Novo, o Brasil passou por um longo processo de redemocratização. O sistema de voto foi implantado e com isso, surge à necessidade de um aumento de eleitores. Paiva nos mostra a importância da educação meio a esses acontecimentos.

“Para os liberais a educação era um valor, um instrumento de ascensão social e um meio para a formação de uma sociedade democrática, baseada no voto.” (PAIVA, 2003, p. 328).

O período de partida da educação básica de adultos foi na década de 30, quando se iniciou a consolidação do sistema público de educação elementar no Brasil. A sociedade brasileira passava na época por transformações consideráveis em consequência do processo de industrialização e grande aumento populacional nos centros urbanos. O governo federal passou, a partir disso, a incentivar a ampliação da educação elementar e a traçar diretrizes educacionais para todo o país, deixando funções e responsabilidades determinadas para os estados e municípios.

A educação já tomava um novo rumo e a visão de que o analfabetismo estava diretamente ligado à marginalização e a pobreza era uma grande questão social. A partir disso, foi lançada pelo governo, coordenada por Lourenço Filho, a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (iniciada ainda nos anos 40), direcionada principalmente as zonas rurais. Fazendo uma analogia: funcionava como uma grande rede lançada ao mar com a intenção de carregar muitos peixes de uma só vez. Na prática os peixes seriam os novos eleitores do Brasil.

Os educadores que trabalhavam pela campanha normalmente eram voluntários. É claro que além do desânimo de trabalhar com poucos recursos, é provável que não existisse orientação que incentivasse a levantar grandes questões ou reflexões. Afinal, a intenção era apenas “fabricar” adultos que soubessem assinar o nome, ler um folheto de campanha ou entender uma frase pronta. Nada muito mais elaborado que isso, apenas o essencial para que o sujeito sentir-se um passo para dentro da margem.

Ao final do curso era emitido a cada aluno, um certificado de conclusão do primário. Tudo isso em curto prazo. A campanha obteve resultados insatisfatórios e terminou no final da década de 50, mas serviu como uma grande quebra da teoria errônea de que a idade avançada por tira do cidadão o direito de recuperar o tempo perdido em relação à leitura e a escrita. Estava aberta a oportunidade e a possibilidade de jovens e adultos serem alfabetizados, o ideal só precisava ser devidamente amadurecido através de um novo olhar.

Paulo Freire foi um dos grandes percursores da educação popular. Falar de EJA sem considera-lo é algo que poderia causar estranheza em muitos. No final da década de 1950, campanhas de alfabetização foram surgindo sem muito sucesso, o que não era bom, já que havia investimento e pessoas interessadas em aprender sem receber a devida atenção. Essa movimentação foi nomeada e reconhecida como o Movimento de Alfabetização e Conscientização.

O movimento aplicava aos alunos uma metodologia inadequada e adotava o uso do mesmo material didático, conhecido popularmente como cartilha, que também era utilizado na alfabetização de crianças e adolescentes. Ignorava-se a idade do indivíduo, a região do país, a sua origem e as suas características sociais. A necessidade de consolidação era extrema. Ao perceber e interessar-se pela questão, Freire surge nesse cenário com inspiração para trabalhar na mudança.

“Todas essas críticas convergiam para uma nova visão sobre o problema do analfabetismo e para a consolidação de um novo paradigma para a educação de adultos, cuja referência principal foi o alfabetizador pernambucano Paulo Freire.” (SOEK; HARACEMV; STOLTZ, 2009, p. 12).

Freire entra em cena apresentando a prática de uma educação interdisciplinar, visando principalmente à libertação dos oprimidos através da abordagem humanizada e da ação cultural libertadora. O aluno não é visto por ele como um depósito de descarga do conhecimento transferido pelo professor. Paulo Freire criticava a perspectiva que rotulava o analfabeto como ignorante e a denominava de educação bancária. O termo soa muito interessante: o professor não se envolve com as particularidades do aluno (banco), apenas transmite (deposita) o que sabe independente das dificuldades, da jornada ou do histórico. Assim como um depósito em dinheiro no banco. Segundo o próprio:

“A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em ‘vasilhas’, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá “enchendo” os recipientes com seus ‘depósitos’, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente ‘encher’, tanto melhores educandos serão.” (FREIRE, 1979, p.66).

Em 1960 a história da EJA foi marcada pela instauração do Plano Nacional de Alfabetização (PNA), dirigido Freire que após a aprovação do Ministério da Educação. O sistema foi implantado em nível nacional, tendo o seu reconhecimento em todo o país pelo sucesso que obteve. A década de 60 foi basicamente marcada pelo estouro do “método” Paulo Freire.

É importante que o educador seja mediador e aprenda junto com os seus alunos, como numa troca simultânea. O ideal é que a pedagogia aja na educação para que ela seja transformadora e que a sala de aula funcione como um espaço de troca para descobrir novas possibilidades dentro da realidade da vida. A liberdade torna-se o centro dos trabalhos de Freire através desse tipo de concepção.

As campanhas de alfabetização lançadas até então, não alcançavam a visão de Paulo Freire que conseguia reconhecer a necessidade de um ensino de qualidade que permitisse livre expressão e transformasse experiências de vida num conhecimento cientifico.  Freire aparece idealizando a educação popular e realizando as primeiras iniciativas de conscientização política do povo divulgando uma autonomia social e cultural das classes sociais excluídas e oprimidas além de opinião política.

As cartilhas traziam conteúdos infantilizados que não traziam nada do mundo real dos mais experientes. A adequação do ensino precisava de transformação e ser viável do material didático até a prática em sala de aula. Paulo Freire então seguiu encarregado de desenvolver o Programa Nacional de Alfabetização de Jovens e Adultos, que seguia sob seus ideais, até o golpe militar de 1964. Com a tomada da ditadura no Brasil, Freire foi acusado de subversão e exilado. No Chile, para onde foi enviado, manteve-se atuante na educação e escreveu um dos seus principais livros: Pedagogia do Oprimido, publicado em 1968.

Neste mesmo período no Brasil, foi iniciado um programa assistencialista, mas conservador: Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). O MOBRAL foi implantado em dezembro de 1967 e possuía características retrógradas e limitadoras, diferente do que Freire vinha semeando para os jovens e adultos, porém... Bem parecido com o que a ditadura costumava oferecer a população. De forma funcional, seu objetivo era apenas alfabetizar sem apropriação de leitura e escrita fluentes e era aberto para os que tivessem idade de 15 a 30 anos.

É interessante ressaltar que a metodologia do MOBRAL partia de uma óptica do “método” Paulo Freire, que é o uso das técnicas analítico-sintéticas, conhecidas como temas geradores ou palavras geradoras. A aplicação dessa técnica é sugerida por Freire para que exista em meio ao processo de alfabetização um processo educativo conjunto no sentido de que os educandos possam estar fazendo uma problematização da realidade em que vivem. O método do MOBRAL fazia uma distorção da ideia real, pois as cartilhas elaboradas pela central do movimento já chegavam às mãos dos alunos com as palavras certas escolhidas por eles de forma padronizada e a partir daí eram distribuídas para todo o Brasil.

“No modelo de alfabetização proposto pelo Mobral, as técnicas utilizadas no processo de alfabetização consistiam em codificações utilizadas de palavras preestabelecidas, escritas em cartazes com as famílias fonéticas, quadros ou fichas de descoberta, muito próximas das metodologias utilizadas no modelo Paulo Freire, mas com uma diferença fundamental, as ‘palavras’.” (SOEK; HARACEMIV; STOLTZ, 2009, p. 16).

Seria como um boicote ao objetivo real, limitando a possibilidade de debates construtivos, ignorando as características regionais e as necessidades culturais dos diferentes grupos. Com durabilidade de 15 anos, o MOBRAL foi extinto em novembro de 1985 pelo Presidente José Sarney e ficou marcado como um dos maiores fracassos educacionais da história do Brasil.

Freire afirma a partir de suas experiências educacionais e anos de estudo, que o analfabeto adulto possui valiosos conteúdos e legado independente da sua formação escolar, pois suas experiências resultantes de sua vida no trabalho e sua participação dentro de um ciclo social, independente de qual seja, determinam essa bagagem cultural. Contudo, a sociedade reprime esse cidadão em consequência do que é imposto pelos padrões que de fato tem características opressoras perante aos que não estão adentro da margem economicamente ou politicamente.

Existia uma necessidade de repreender a educação que seguiria admitindo a existência marginalidade do povo. Freire propunha métodos e condições incentivadores a autenticidade de forma que a exclusão e a marginalidade passassem a ser algo incomum e não comum. A pedagogia defendida por ele inicia-se pelo diálogo e por uma relação mais humana que proporciona ao próprio povo o desenvolvimento de uma consciência mais crítica sobre o mundo que faz parte.

Os anos 1980 foram marcados significativamente com a superação do regime civil-militar, a fundação das centrais sindicais, a promulgação da Constituição de 1988, o surgimento e consolidação de várias formas de organização da sociedade civil e a realização da primeira eleição direta para a Presidência da República desde o fim da ditadura Militar. A nova constituição declara que a educação, como direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade (Art. 205).

Nos anos 1990, a nova LDB (Lei nº 9.394/96) privilegiou a educação profissional. Seria uma estratégia econômica para competir o desenvolvimento humano na nova ordem econômica mundial. Em relação à EJA, pode-se dizer que o seguimento recebeu destaque, ganhando um capítulo próprio na nova lei, cujo conteúdo, apesar disso, sofreu retrocesso em relação à Constituição de 1988, principalmente pelo fato de referir-se à EJA como “cursos e exames supletivos” (Art. 38), o que regride ao pensamento de educação compensatória.

De acordo com o censo populacional de 1970 a população urbana superava a rural pela primeira vez na história do país. De um total de 93 milhões de habitantes, 52 milhões viviam na zona urbana e 41 milhões permaneciam na zona rural. Segundo censo populacional de 2000, esse índice aumenta e aponta que 80% da população brasileira estariam vivendo no meio urbano.

O crescimento industrial desgovernado ocorrido no Brasil influenciou diretamente no aumento e no reforço da exclusão social que já aparecia de forma considerável. Nesse período conturbado ocorreu a proliferação das escolas noturnas. Houve aumento no número de empregos, porém, o emprego industrial exigia mão de obra preparada para as novas tecnologias presentes no mercado. Logo o ensino tecnicista tornou-se parceiro comum das escolas regulares e a adequação para o mercado de trabalho entra como prioridade no processo educacional.

As escolas e cursos noturnos foram a grande pressão no início do século XX, devido a demanda desenfreada de mão de obra gerada pelo desenvolvimento industrial. O sistema público de ensino sempre deixou duvidas em relação a enxurrada de projetos educacionais oferecidos ao longo dos anos. Os movimentos de expansão nesses casos, sempre foram relacionados a interesses econômicos e políticos. As características dos cursos noturnos sempre foram muito claras: atender a massa de jovens e adultos trabalhadores em necessidade de desenvolvimento intelectual, dando continuidade ao processo e formação, capacitando-as para o emprego industrial. Simultaneamente a esse plano de ação, é interessante destacar que o aluno do ensino noturno por tempos vem carregando o peso de ser ligado diretamente ao fracasso.

O ensino noturno tem caráter excludente, levando em conta o fato de não estar voltado para a realidade do trabalhador-estudante, assim como proposto por Paulo Freire. Dessa forma, os conteúdos desenvolvidos pela escola não fazem sentido se comparados às reais necessidades do aluno e entra diretamente em contradição com a expectativa e urgência da formação que os estudantes noturnos procuram naquele turno dentro de determinado seguimento.

É válido ressaltar que as escolas noturnas nem sempre estão ligadas ao ensino “supletivo”. Muitos jovens optam pelo ensino noturno como recomeço após desistência ou evasão no ensino diurno. Dessa forma, normalmente a faixa etária dos alunos desse seguimento é maior se comparada aos outros turnos e essa característica deve ser considerada pelas lideranças políticas-educacionais para que a impressão de fracasso seja desligada desses alunos.

Não é nova a problemática do ensino para jovens e adultos no Brasil. Muito se tem a discutir sobre o assunto: o que levou o aluno a largar a escola na idade correspondente a série? Quais oportunidades lhe faltaram? Que tipo de necessidade o levou a priorizar o trabalho ao invés da escola? Questionamentos como esses são quase que características físicas do aluno da EJA e essas rotulações percorrem desde o seu surgimento. Segundo Cortella (2015, p. 41) “O hábito transforma em regra aquilo que não deveria ser daquele modo. E nós acabamos nos distraindo”.

De fato a sociedade resolveu se acostumar com as coisas como elas são. Enxergar alunos da EJA como meros coitados sem muitas opções e empurra-los aquilo que for oferecido como se fosse suficiente para suprir qualquer necessidade, sem ou menos saber quais são. Como Cortella colocou, não deveria ser desse modo, mas transformou-se em “regra”, e levado à distração, tornou-se comum o que não poderia tornar-se.

Mediante aos principais acontecimentos históricos abordados dentro do tema, fica aberta a reflexão sobre a necessidade de planejamento do ensino de jovens e adultos para seus alunos. É importante que essa modalidade esteja preparada para seus alunos e não os que seus alunos estejam preparados para ela como foram ocorridos por décadas.

Segundo dados de uma pesquisa realizada em 2003 pela PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios; existem em média 68 milhões de Jovens e Adultos brasileiros trabalhadores com 15 anos ou mais que não concluíram o ensino fundamental. Apenas 6 milhões estão matriculados em EJA. Tendo em vista esses dados, o Governo Federal entendeu que a situação encontra-se em urgência e ampliou as vagas para o sistema público de ensino aos jovens e adultos. Foi instituído em 24 de junho de 2005 no âmbito federal de 2005 o primeiro Decreto do PROEJA, nº 5.840, de 13 de julho de 2006.

De acordo com o MEC, o PROEJA pretende integrar a educação profissional à educação básica, o que semelha a ideia lançada no início do século XX, nas escolas noturnas. A ideia seria a superação da dualidade de trabalho manual e intelectual, oferecendo o trabalho na perspectiva criadora e não alienante. É uma responsabilidade a ser assumida, pois precisa gerar resultados além das pesquisas estatísticas, gerar resultados positivos na vida do estudante que poderá encontrar nesse novo plano edificação na sua vida intelectual e social. A formação profissional precisa ir além da adaptação ao capitalismo e integrar as necessidades físicas e emocionais.

O tema dessa monografia não é especificamente a história da educação de jovens e adultos, mas certamente, não haveria fundamento abordar qualquer assunto sobre esta modalidade de ensino sem pautar os principais acontecimentos que justificam o porquê de determinadas situações no sentido presente. Investir em infraestrutura, pesquisar para oferecer material didático adequado que fuja do fantasma das cartilhas infantilizadas e respeitar o histórico intelectual e cultural dos alunos são necessidades antigas que não podem ser ignoradas como antigos projetos maus sucedidos. Os erros precisam ser relembrados para que a partir deles seja oferecida assistência necessária para deter a evasão. Existe um ranço histórico que desperta a necessidade do surgimento continuo de propostas e perspectivas que aprimorem cada vez mais a qualidade de ensino da educação de jovens e adultos.

4. Material didático para educação de jovens e adultos

O uso do material didático é um auxilio de grande utilidade na vida do professor, independente da modalidade de ensino que leciona. Os livros são os mais tradicionais a serem utilizados e ajudam na organização de cronograma de conteúdos teóricos e práticos além de serem objetos de fácil locomoção. Na EJA não é diferente... Funcionam como recursos pedagógicos que ajudam na praticidade e na dinâmica das aulas, mas dependendo sempre da didática do professor e da qualidade dos conteúdos que carregam dentro deles.

Nesse capítulo, será feito o registro da análise de dois livros didáticos distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos através do FNDE e do Ministério da Educação: Volumes 1 e 2 da coleção Viver, Aprender (1ª edição, Global Editora, São Paulo, 2009) que foram elaborados para o primeiro seguimento do ensino Fundamental.

Segundo a página do MEC, no item que trata do Programa Nacional do Livro Didático:

O Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos – PNLD-EJA tem como objetivo prover as entidades parceiras do Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e as redes públicas tenham turmas na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), com obras didáticas de alfabetização e coleções didáticas para o ensino fundamental (primeiro e segundo segmento) e o ensino médio na modalidade EJA.  (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017).

Existe a partir da implantação desse programa, a identificação de uma necessidade de material didático adequado ao ensino de jovens e adultos e a elaboração de conteúdos convenientes à modalidade.

Os livros analisados são de caráter multidisciplinar, o que quer dizer que ambos fragmentam certa diversidade de assuntos de uma só vez de forma com que eles se encontrem e façam sentido na prática. A multidisciplinaridade do material muito tem a ver com a pluralidade da vida de um jovem ou adulto que normalmente passa por diariamente por experiências cercadas de múltiplas tarefas, assuntos, informações e responsabilidades que ao final encontram-se dentro dele, do indivíduo. Neste caso, a abordagem muito se assemelha a realidade do aluno da EJA, além de compactar os conteúdos evitando extensões desnecessárias ao momento. A ideia da educação a partir do diálogo entre educador e educando que além de criar um vinculo entre as experiências de ambos, esse momento pode gerar ao educador a oportunidade de tornar a fala do educando o seu próprio material de trabalho, daí a funcionalidade do processo de troca. Brandão (1986) explica a partir do conceito de Freire:

“Paulo Freire pensou em um método de educação construído em cima da ideia de um diálogo entre educador e educando, onde há sempre partes de cada um no outro, não poderia começar com o educador trazendo pronto, do seu mundo, do seu saber, o seu método e o material da fala dele.” (BRANDÃO, 1986, p. 89).

Na contracapa dos livros analisados (Coleção Viver Aprender, 2009) encontra-se o seguinte informativo:

As escolas das redes públicas de ensino e as entidades parceiras passam a receber, periodicamente, as obras referentes ao Programa Nacional do Livro Didático Educação de Jovens e Adultos – PNLD EJA, adquiridas e distribuídas pelo Ministério da Educação para todo o país por intermédio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, após criteriosa avaliação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, para que educadores e alunos contem com materiais de qualidade física e pedagógica.

Esse livro foi pensado para ser seu. Você pode fazer uso dele na escola, em casa ou em qualquer luar, como elemento de apoio aos seus estudos e fonte de consulta para rever suas aprendizagens.

Boa sorte e bom estudo!

No início de cada livro, é deixada uma mesma mensagem aos estudantes que explica a importância e a fundamentação dos conteúdos. O começo do quarto parágrafo expressa palavras que se encaixam com o a rejeição a educação bancária e incentiva o respeito e valorização da bagagem cultural e intelectual do aluno. “Para fazer as atividades, você vai usar os saberes que já possui e vai realizar novas aprendizagens.” (Coleção Viver Aprender: Vivências e Diversidade, BUZEN; MENDONÇA; MANSUTTI; VALADÃO; CATELLI; GIANSANTI; 2009. Contracapa).

Os livros da coleção: Viver, Aprender distribuídos para EJA são divididos em eixos (de 4 a 5 eixos em cada livro). Os eixos são como minilivros que possuem mini capítulos, chamados de módulos.

Os critérios para a seleção dos conteúdos para registro do processo de análise foi o nível de relevância para o aluno da EJA, tendo como base principal, os conceitos de Freire sob a óptica de Brandão.

4.1. Análise do Volume 1 – Coleção Viver, Aprender: Vivências e diversidade

O assunto abordado no Eixo 1: Identidade e diversidade cultural. O principal ponto a ser observado foi “Pensando sobre a língua escrita”, iniciado na página 73. Esta parte explica a diferença entre a língua falada e a grafia-padrão e o porquê de existir uma forma de escrever que precisa ser igual para todos, além dos fatores que fazem as pessoas terem características linguísticas tão diferentes.

Em 2011, os sites dos jornais Estadão e O Globo, entre outros, foram alguns dos meios de comunicação que levantaram questionamentos sobre o conteúdo de um dos livros da coleção Viver, Aprender. A obra que caiu em evidência foi “Por uma Vida Melhor” que trazia as frases: “Nós pega o peixe” e “Os menino pega o peixe”. Levando em conta o conteúdo analisado no Eixo 4 da obra “Vivências e diversidade” de 2009, da mesma editora (Global), a preocupação em demonstrar que a língua falada popularmente não é errada, que a escrita-padrão tem importância na sua existência e o conceito da coleção, o objetivo seria trazer familiaridade com a realidade de parte dos alunos, mas até que ponto? O escritor Luiz Antônio Aguiar que defende fielmente as regras gramaticais fez a seguinte analogia sobre o assunto em entrevista ao site do jornal O Globo:

“Imagina um jogo de futebol sem as linhas do campo. Como vão jogar futebol sem saber se a bola vai sair ou não? O que determina as regras é a gramática. Faltam critérios. É um decréscimo da capacidade de comunicação.” (O GLOBO, 2011).

De fato a situação é intrigante, mas é necessário refletir sobre a pressão da mídia em torno da situação e que muitas vezes ela pode ser cruel com o que na realidade não é tão grave quanto parece. O livro analisado, que é do ano de 2009 desde sua apresentação (trecho citado acima) mostra o interesse em entrar em contato direto com a realidade do aluno. Após a grande repercussão do “livro com erro” em 2011, a procedência dos conteúdos enviados aos alunos da EJA entra em zona duvidosa... Mas qual a realidade da situação? Devido a grande intimidação e os questionamentos colocados talvez nunca seja revelada. As opiniões seguirão divididas ou talvez esquecidas através do tempo.

No Eixo 2, o assunto é: Crescimento e desenvolvimento humano. O assunto selecionado: “Vida Estudo e trabalho” (página 140). Essa é uma abordagem muito interessante já que a vida do aluno da educação de jovens e adultos em sua maioria se resume as essas três palavras. Se a realidade é essa, como ela poderia deixar de ser abordada? Não poderia. Há anos e anos atrás, Paulo Freire trouxe a técnica de trabalhar com as palavras geradoras, o conceito de trabalhar a partir da realidade e fugir do padrão das cartilhas. “Mas as palavras devem conter sentidos explícitos, direitos e é bom que eles estejam carregados de carga afetiva e de memória crítica.” (BRANDÃO, 1986, p.32).

Se hoje, existe a técnica dos livros como instrumento didático que ajuda a promover a interação professor-aluno, porque não pensar na elaboração de um material que seja ideal? É como se estivesse fazendo valer o histórico do tradicionalismo (quando se fala em utilizar livros para ensinar) originário dos Jesuítas juntando aos ideais libertadores trazidos por Paulo Freire. Relacionam-se as metodologias no presente.

O Eixo 3 : Viver em cidades e o ponto analisado “Brasil: as transformações no mundo rural”. Esse assunto encontra-se dentro do módulo 4 que aborda a modernização do campo no Brasil. No capítulo 1, onde encontra-se um breve histórico da educação de jovens e adultos no Brasil, cita-se a inicialização do processo de alfabetização nas zonas rurais. É importante o destaque para a essas localidades, pois assim como nas periferias das grades metrópoles, que por sinal, normalmente, possuem muitos moradores vindos das zonas rurais para tentar a vida na cidade grande, é comum a limitação aos estudos devido a necessidade de trabalho duro antes da maioridade, além da falta de recursos como transporte, saneamento básico e iluminação. Hoje, devido a redução desses problemas em certos pontos do Brasil, algumas cidades já conseguem estabilizar o índice de analfabetismo. Segundo pesquisas do IPEA – Instituto Brasileiro de Pesquisa Aplicada, a taxa de analfabetismo no Paraná passou de 8,7% para 6,7% em oito anos:

Segundo a pesquisa, dois aspectos positivos da análise são a universalização do saneamento e o acesso a energia elétrica no campo. A cobertura de água encanada no Brasil aumentou, passando de 81,4%, em 2001, para 87,7%, em 2009. No Paraná, acessos adequados ao abastecimento de água ficaram além das médias nacional e do Sul. (PORTAL DO BRASIL, 2014).

Dados como esse, esclarecem a responsabilidade de políticas públicas sobre a alfabetização de jovens e adultos. A abordagem das transformações nas zonas rurais no livro didático que chegará ao estudante que está inserido nessa estatística transforma-se motivadora e inclusiva, está diretamente ligada a informação. Mas existem problemas na abordagem desse tema...

Fala-se da beleza de se produzir na zona rural, sobre lutar pela colheita, pelos gados, de conhecer os novos instrumentos de trabalho e comércio. Fala-se do que é ser um produtor, um cultivador ou pastor, mas não das problemáticas da vida na terra, como as necessidades pontuadas no parágrafo anterior, as faltas. Esta seria uma questão a ser melhorada pelos autores, mas não seria correto confirmar que exclui a qualidade das informações que o livro passa ao aluno.

Eixo 4, o último a ser analisado: Sexualidade. Trecho escolhido para análise: Lutas e conquistas das mulheres (página 274). É muito importante que um livro que será levado a homens e mulheres que possivelmente levam uma vida de luta aborde a importância do papel da mulher na sociedade, é indiscutível o destaque para esse assunto. O ponto é iniciado com um texto expositivo e ricamente informativo que descreve a luta feminina desde o período da independência até a década de 30, expondo o quanto a pauta é relevante a tantos anos.

Se a didática do professor estiver em evidência, o tema pode ser gerador de debates e discussões ricos que podem influenciar positivamente na vida social dos alunos e a aula pode tornar-se extremamente edificadora. Segundo Brandão (1986) “A tarefa do educador é, antes de mais nada, a de criar uma outra educação.”

Abordar sexualidade sobre essa óptica é especial, é maduro e foge da infantilidade porque liga o tema a gênero, além da parte biológica que muitas vezes é erroneamente ironizada e que provavelmente já não atingiria integralmente o interesse dos alunos desse seguimento.

É interessante fazer o registro, da importância que o livro dá a matemática na vida adulta, voltando ainda no eixo 1, módulo 1. Os números são presentes na vida adulta, tanto quanto as palavras... Foi destacada aqui, a importância que o livro dá a aprendizagem da linguagem formal, sem ignorar ou excluir a existência da linguagem informal e cultural que o indivíduo já possui e carrega consigo. Com os números não são diferentes... Conta-se para tudo e ir a escola não define um bom “fazedor de contas”, mas o ajuda a entender a origem dos números, como chegar a bons resultados, avançar para outras zonas matemáticas.

O livro tem como subtítulo “Vivências e diversidade” e de fato aborda assuntos da vivência, e a diversificação dos assuntos já comuns ao cotidiano, como a comunicação e a matemática por exemplo.

4.2. Análise do Volume 2 - Coleção Viver Aprender: Direitos e participação.

Uma natureza inesgotável? O módulo 1, do eixo 1 (página 11), inicia-se os conteúdos do segundo livro analisado, abrindo a possibilidade de um debate sobre os recursos naturais: “Mas será que existe o risco de esses recursos naturais acabarem? Estamos destruindo-os? Ou estamos conseguindo fazer com que se renovem? Com os colegas, responda a essas questões baseando-se no que você já conhece, leu em jornais e revistas, ouviu no rádio ou assistiu em programa de televisão.” É interessante como acontece a abordagem da proposta, pois nela está inserida a valorização do capital cultural o aluno que será participante ativo do debate. Isso acontece quando é pedido no enunciado que as questões sejam respondidas com base no que o aluno conhece, assim como propunha Paulo Freire:

“A educação proposta por Freire não se caracteriza pela transmissão de conhecimentos, como se o processo de ensino e de aprendizagem circulasse em uma rua de mão única.” (SOEK; HARACEMIV; STOLTZ; 2009 p.13).

É claro que o professor tem papel fundamental nessa troca e é a figura que possui a autonomia necessária para proporcionar ao aluno uma aula completa e libertadora. Tendo ele o papel de mediador, cabe ao próprio dar o primeiro passo para que a troca comece a acontecer espontaneamente. Manter a maturidade e incentivar o respeito a opiniões contrárias são tarefas exigentes, já que é necessário manter a neutralidade para seguir com uma boa aula. Antes de dar continuidade a esta parte, é interessante ressaltar que os dois livros analisados tem como característica marcante o grande numero de atividades propostas em grupo.

Na página 85 que é a que abre o eixo 2, aborda-se a formação das sociedades de consumo. Neste módulo, a primeira atividade trás a ideia de preparar uma lista com bens indispensáveis à vida diária, como alimentos, roupas, dentre outros e em seguida abrir a discussão: “quais bens foram produzidos nas próprias casas e quais foram comprados?”.

De fato é importante saber de onde as coisas vêm e sobre a necessidade de estar atento aos botes do capitalismo. Discutir sobre bens de consumo e estudar o processo histórico da sociedade ajudam a modificar o sujeito de forma que possam estar atentas as reais necessidades e se não existir a necessidade por conta da experiência de vida (é importante lembrar que se fala de alunos mais velhos que os do ensino fundamental comum, alunos de EJA) da modificação, ou menos existirá conscientização sobre a questão, então será edificador de qualquer forma, pois informação é sempre importante.

O que é ser cidadão? Participação política é o tema do eixo 3. O questionamento inicial é muito intrigante... Levar ao próprio cidadão a dúvida sobre o que ele é. Isso abre outras perguntas: Existe uma forma correta de ser cidadão? Existe um papel exato a ser cumprido? E se a pessoa não estiver fazendo conforme as diretrizes colocadas no material, ela passa a “não ser cidadã?”.

Após toda essa enxurrada de dúvidas que o primeiro questionamento fez surgir, outro conteúdo exposto na mesma página levanta indagações: Alguns artigos da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. A proposta é a seguinte: Procurar perceber qual é o assunto tratado em cada um deles. Explica-se também o que é a constituição e o que são os artigos. A questão é: Dependendo da pauta, é importante que o professor ao mediar uma aula dentro desse contexto, não seja impositivo demais e tenha cautela na abordagem, mesmo que o livro pareça estar indicando que a aula funcione dessa forma. Caberá ao professor contornar a situação ou seguir tradicionalmente a risca.

A página 162 prossegue no mesmo tema e tem em anexo uma entrevista realizada com o sociólogo Herbert de Souza em 1994. Em resumo, os principais pontos da entrevista são: Militância no período da ditadura militar no Brasil, ética e cidadania. A opinião do entrevistado é crítica e forte, o que soa bem, pois nesse momento mostra-se que nem todos tem o mesmo conceito sobre cidadania e que nem sempre pensar ao contrário da maioria é errado, apesar de muitas vezes ser considerado como tal.

Ao ter a consciência sobre o fato de estar lidando com alunos maduros, o professor poderá adentro desse contexto de participação política e cidadania, promover o exercício do seu papel na sociedade, incentivar o senso crítico e a pesquisa das situações antes de qualquer coisa: “Por que vocês acham que Herbert de Souza e de tal opinião?” “E vocês, pensam de que forma?” “Vamos compartilhar nossas histórias e pensamentos?”.

O eixo 4 aborda as questões acerca do mundo do trabalho. O tema e de extrema ligação com a realidade do jovem ou adulto. O conteúdo da página 249 faz uma síntese sobre a diversidade de profissões existentes no Brasil e lodo em seguida vem trazendo trechos de uma famosa música de Chico Buarque intitulada “Construção”.

Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
(BUARQUE, 1971, CONSTRUÇÃO. MANOLO ED. MUS. LTDA).

A escolha de uma música de Chico Buarque é um ótimo exemplo de como muitas das vezes a arte vem da realidade e soa bem trabalhar esse tipo de conteúdo. Não existe um motivo para não trabalhar arte com a EJA, a realidade é que se precisa encontrar a maneira ideal. Não seria adequado ensinar o alfabeto cantando o abecedário da Xuxa, por exemplo, mas seria maravilhoso fazer um ditado em formato de lista de compras para avaliar a grafia dos alunos. A diferença está na capacidade de entender quem é o aluno, o que ele busca e considerar que o fato de ele estar na sala de aula não exclui quem ele é fora dali.

O volume 2 possui um eixo a mais que volume 1. O eixo 5 é intitulado “Direitos humanos”. Direito a liberdade de expressão é um dos temas trazidos no encerramento do livro. A página 338 abre um leque de assuntos marcados pela repressão, como o período que Hitler governou a Alemanha impondo o Nazismo e a conquista da constituição de 1988 para o Brasil, após anos de luta pela liberdade de pensamento.

Brandão (1986) explica que Paulo Freire deixava clara a perspectiva de que o ato de alfabetizar e educar já são de fato uma ação política: “Toda educação tem em si uma intenção política”. Deixar evidente a importância de hoje, no Brasil, existir liberdade de expressão, e que é um direito de todos, nada mais é do que um ato político também, independente das preferências de cada um.

É interessante como o assunto “constituição de 1988” se repete nos eixos 3 e 5. A percepção do professor a proposta do livro multidisciplinar pode interligar as etapas, fazendo com que se faça evidente à ligação das coisas na sociedade. O aproveitamento do conceito da coleção: Viver, aprender será guiado pelo responsável pela metodologia aplicada à sala de aula, que vem do professor que deverá trabalhar sempre com o apoio do restante da equipe pedagógica.

5. O papel político-social da EJA

Todo ato educativo, segundo Paulo Freire, é um ato político. A prática, o ato de educar, não se separa do ato político. Isso se dá a partir do momento no qual as massas além de aprenderem com a liderança que já é revolucionária, passam a ensinar as lideranças sobre o povo, podendo a partir da troca direta entender sua amplitude. Além de a educação ser um ato político ela é uma via para construção do conhecimento e alicerce para a construção de uma nova sociedade.

Situação-problema é um fato da realidade, de conhecimento do estudante, que ao ser problematizado desperto o desejo de aprender para desenvolvê-lo, pois se aprende melhor aquilo que é significativo. A partir do deparar com a problemática social, o interesse na solução é despertado, e instiga ao pensamento reflexivo. Na década de 70, francês Charles Maguerez, organizou uma metodologia baseada na resolução dos problemas tratadas em grande grupo, como por exemplo, uma turma com um número considerável de alunos. Parte-se da observação das reais necessidades de cada um, com o objetivo de chegar à solução do problema dentro daquela realidade.


Figura 1 – Representação da metodologia do arco de Charles Maguerez.
Fonte: Unasus, 2012 https://www.unasus.gov.br

O professor como intermediário e facilitador, ajuda o aluno a construir suas próprias soluções e explicações, rompendo com a estrutura tradicional de educação, levando ao questionamento das problemáticas da sociedade.

Os principais movimentos em prol da educação de jovens e adultos surgiram a partir do cenário político, no caso, vinculadas as ideias dominantes nos círculos que tinham a intenção de promovê-las. Neste caso, os movimentos “promotores” da ideia já desenvolviam um projeto com ideias pré-estabelecidas pela classe dominante. As organizações caracterizadas pelo conservadorismo não alimentavam dúvidas sobre o fato de que a aprendizagem da leitura e da escrita afetaria a preservação da ordem social existente, por isso, existia todo um planejamento perante a situação.

“Conceitos como os de união, de organização, de luta, são timbrados, sem demora, como perigosos. E realmente o são, mas, para os opressores. É que a praticiação destes conceitos é indispensável à ação libertadora.” (FREIRE, 1979, p. 165).

Paulo Freire foi boicotado pelo regime militar por andar na contra mão da ordem desejada. A pedagogia libertadora desenvolvida por ele a proposta a partir da metodologia de Carlos Maguerez, transmitem a ideia de que a educação tem papel fundamental na transformação da sociedade, tendo influencia direta nas relações sociais. A garantia de mudanças a partir da educação torna-se uma proposta ameaçadora para a estabilidade social conservadora e excludente. Os princípios que norteiam essa linha de pensamento podem ser resumidos como metodologia da problematização. Inicia-se basicamente na incitação ao aluno a observar à realidade de modo crítico de forma com que se relacione a temática que está estudando. A atenção a partir de tal observação atentará o aluno a aspectos que os deixe mais interessado e intrigado.

Em resumo, a importância real, é que antes de se pensar em ensinar compreenda-se que cidadão, aluno da EJA, é o protagonista de todo o processo pedagógico e que se esse fato for ignorado pelo educador, que deve manter-se ativo na troca com o aluno, não haverá compartilhamento de conhecimento naquele mesmo ambiente, portando, não estará sendo realizada a educação de forma libertadora. É importante o diálogo entre os agentes envolvidos nas ações educativas e no processo de pesquisa e construção dos temas geradores, para que ocorra a correta identificação dos problemas sociais e a partir disso, os pontos que ajudarão superação das questões.

Segundo Marlene Carvalho:

“O comportamento linguístico é um indicador claro da estratificação social. Os grupos sociais são diferenciados pelo uso da língua. Em sociedades com histórica distribuição injusta de renda (entre os quais o Brasil pode ser considerado paradigmático) as diferenças são acentuadas e tendem a se perpetuar.” (CARVALHO; 2009; P. 104).

No capítulo anterior, foi relatada a questão do livro julgado como escrito “errado”. Esse foi um exemplo de uma as maiores assombrações do processo de alfabetização, especialmente se falando em EJA, que ocorre no período em que o sujeito já está socialmente integrado. Fazendo uma relação com os assuntos: Ensinar a grafia e fala “correta” é uma ação de mudança social? Pode ser sim, mas até que ponto a mudança é edificadora?

Quando se fala em manter-se ativo a troca com o aluno, questões como essa entram em conflito. O professor realmente precisa mostrar o outro lado da moeda, mostrar a escrita formal, a fala padrão, mas precisa também conhecer o popular, entender o significado das gírias e os detalhes dos sotaques, estar aberto a aprender e participar da troca e a considerar a bagagem do educando. Como foi escrito por Marlene Carvalho, as diferenças são acentuadas e tendem a se perpetuar, a se proliferarem. Muitas diferenças aparecerão e precisarão ser compreendidas se a intenção for trabalhar na mudança social. Se existir a vontade de mudar a sociedade, precisa existir também a disposição para modificar-se como parte dela.

“Os desafios da EJA exigem um olhar cuidadoso sobre as questões que podem interferir na motivação do alfabetizando, em sala de aula, uma vez que um dos fatores que dificultam a aprendizagem encontra-se no fato de o alfabetizando iniciar ou recomeçar a escolarização na fase adulta.” (SOEK; HARACEMIV; SOLTZ; 2009; P. 22.).

Os desafios envolvem questões muito abrangentes, pois, além de driblar as dificuldades e desafios do processo de ensino, o educador precisa tomar a responsabilidade de procurar criar mecanismos que possam superar as dificuldades do dia a dia. Esse exercício é necessário para que o aluno seja mantido na escola até a conclusão dos estudos, independentemente dele estar retornando ou iniciando à escola.

Analisando por outro ponto de vista, para os alunos da EJA o tempo dedicado à escola é de grande importância para seu desenvolvimento pessoal. Muitos trabalham fora por uma quantidade de tempo consideravelmente alta, ou são chefes de família e organizadores de seus lares...

Além de levar em conta todas às características e questões reais a comunidade, é importante o olhar sensibilizado perante a necessidade de orientação pedagógica organizada, que seja planejada dentro da realidade, tempo e a cultura destes.

6. Considerações Finais

O presente trabalho teve por objetivo, a importância da reflexão sobre o que de fato pode afastar o aluno do seguimento EJA da escola. O desinteresse não é uma característica que se compõe a um ser sem algum motivo, para que ele cresça ou não há identificação por parte do desinteressado, ou algo está deixando sendo feito para que a familiarização aconteça. A reflexão objetivada, não para apenas nesse contexto. É preciso pensar sobre o porquê da baixa atenção para esse nível de escolaridade, como colocado no decorrer do trabalho. O professor carrega uma responsabilidade muito grande sobre a abordagem com os alunos, com a metodologia aplicada e o material utilizado, mas não é de fato o único responsável pela adequação da EJA e sozinho não poderá abraçar o mundo e dar conta de superar todas as dificuldades.

O desenvolvimento dos conteúdos aqui colocados, também abordam as consequências do contexto histórico que influencia até hoje no ainda presente desmerecimento. Fica evidente que a rotina de um estudante mais velho, que retorna as escolas através da EJA é complicada de se conciliar, mas não justifica a opção do abandono quando se diz respeito a políticas públicas.

O papel político e social da EJA é tremendo e sendo bem sucedida a caminhada, com valores reconhecidos, aulas com base na realidade, material adequado as série e faixa etária, o cidadão que normalmente viveria em um quadro e exclusão e até mesmo frustração, poderá alcançar lugares inimagináveis a certas pessoas na sociedade.

O conhecimento através da instigação da inconformidade, independente do formato da sala de aula ou da localidade em que será aplicada, coloca o aluno em confronto com a sua realidade e a realidade dos que estão acima socialmente, e também do que estão abaixo, leva a visualizar o contraste em que os brasileiros vivem e quais seriam as formas de deter certas situações.

De uma maneira geral, a EJA passou e passa por um processo evolutivo e não retroativo, reconhecendo principalmente a interferência positiva de Paulo Freire mediante as circunstâncias. Contudo, cabe ressaltar que não é hora de estagnação e sim de visionar novas perspectivas para que o aperfeiçoamento seja contínuo e se chegue ao ápice da adequação e da qualidade.

“Se nada ficar dessas páginas, algo, pelo menos, esperamos que permaneça: nossa confiança no povo. Nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil amar.” (FEIRE, 1979, p.218).

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Publicado por: Leticia Augusto Vieira

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