A organização dos espaços na educação infantil

O nosso objetivo é reconhecer como a organização do espaço físico influencia os comportamentos das pessoas e como o educador pode organizar ambientes em função do que pretende atingir.

CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E SUA INFLUÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO DOS AMBIENTES

Foram observadas creches que atendiam crianças de famílias de baixa renda, cujas instituições apresentavam as seguintes características:

· Havia um adulto para cada 15 crianças de até 3 anos;

· As atendentes tinham baixo nível educacional e péssimas condições de trabalho;

· As instalações físicas eram precárias;

· Dava-se ênfase ao atendimento das necessidades físicas das crianças, sem preocupação com as afetivas, sociais e cognitivas;

· O atendimento era centralizado na atendente, o que exigia dessa profissional um ritmo acelerado de trabalho;

· Eram longos os momentos de espera para a criança, com poucas oportunidades para ocorrer interação adulto/criança e nenhuma preocupação com o relacionamento entre crianças;

· Os ambientes, em geral, eram pouco mobiliados, quase sem equipamentos e enfeites, e eram raros os objetos disponíveis para as crianças.

Baseadas nestas características podem dizer que o entendimento deles é:

· Que a criança precisa espaço amplo, aberto e vazio, havendo uma valorização das atividades físicas;

· Que a criança pequena é incapaz de envolver-se e manter-se em determinadas atividades;

· Que o modelo educacional a ser seguido deve ser aquele que é centralizado no adulto. O modelo escolar tradicional, em que o professor é o centro da sala de aula.

Podemos agora afirmar qual concepção, seja a mais adequada para a creche como um espaço de educação:

· A creche é um contexto de socialização de crianças pequenas;

· Na maior parte do tempo, a criança pode e deve escolher as atividades que ele deseja realizar;

 

· Um adulto pode cuidar simultaneamente de várias crianças, sendo que os parceiros mais disponíveis para a interação são as outras crianças, geralmente seus coetâneos, isto é, as que têm a mesma idade.

Lina Iglésias Forneiro afirma os aspectos que condicionam a tomada de decisões dos professores na organização do espaço.

· Elementos contextuais -> o ambiente, a escola e a sala de aula.

· Elementos pessoais -> as crianças e os professores.

Elementos Contextuais

Ambiente

· Pode ser definido de acordo com as condições climáticas.

· Há também os recursos do ambiente, que podem ser espaços naturais ou construídos.

Escola

· Condições arquitetônicas - três aspectos são especialmente relevantes.

- Maior ou menor antiguidade do edifício.

- A concepção de escola em seu conjunto.

- A localização da sala de aula.

· Espaços de uso comum.

- Para determinadas atividades – EX: sala para realizar atividades de psicomotricidade, sala de artes plásticas, sala de projeções audiovisuais, ginásio etc.

- Salão – para jogos coletivos.

- Espaços externos – devemos considerar se é revestido de terra, ou se é calçado, se tem grama, árvores etc.; se tem equipamentos como balanços, tobogãs, estruturas para subir, cabanas, pistas para andar de triciclo e carrinhos, labirintos etc.

- Banheiro – precisa ser cuidadosamente planejado, levando-se em conta os aspectos de higiene.

- Cozinha, lactário e despensa.

- Lavanderia e área de serviço.

- Recepção ou entrada.

- Administração.

- Sala de reunião.

- Vestiário e sanitário dos funcionários – é preciso existir um espaço para a troca de roupas e os funcionários não devem usar os sanitários infantis.

Sala de aula

· Elementos estruturais – é o espaço fixo, tais como:

o Dimensão da sala de aula – deve-se seguir os padrões determinados em lei.

o Existência apenas da sala de aula ou de algum outro espaço anexo.

o Posição das janelas – devem permitir às crianças verem o que ocorre fora da sala de aula.

o Existência ou não de pontos de água e a sua localização.

o Presença de armários embutidos ou de estantes fixas.

o Tipo de piso.

· Mobiliário – pode variar em dois aspectos:

o Quantidade.

o Tipo – levar em consideração os seguintes aspectos: leveza, polivalência e funcionalidade.

· Decoração – a sala de aula pode estar decorada de tal modo que eduque a sensibilidade estética infantil.

· Materiais – podem variar em dois aspectos:

o Quantidade – conceito relativo. A carência de materiais é tão negativa quanto o seu excesso.

· Tipo – destacam-se três aspectos fundamentais apresentados abaixo.

o Variedade.

o Segurança.

o Organização.

Elementos pessoais

Crianças – é importante considerar, com relação às crianças, os seguintes itens.

· Idade.

· Necessidades que apresentam.

· Características do ambiente do qual procedem.

Professores – o modelo educativo que os professores irão adotar vai ser percebido por meio da sua prática pedagógica.

· Valores e ideologia.

· Experiência profissional anterior.

· Criatividade. Aspectos pessoais.

Critérios para uma adequada organização dos espaços da sala de aula

Estruturação por áreas – são chamados por diferentes nomes: cantos didáticos, laboratórios, centros de interesse, atelier, oficinas, cantinhos e outros mais. Trata-se, na verdade, de espaços de vivências e de aprendizagem que podem ser utilizados por crianças da mesma idade ou de idades diferentes. Como vão ser estruturadas essas áreas e quais as atividades que serão oferecidas vão depender da programação de cada professor e da sua proposta educativa. As áreas de trabalho podem estar bem delimitadas. Isso vai favorecer o desenvolvimento da autonomia das crianças. Há dois tipos de delimitação: a forte e a fraca.É interessante haver na sala de aula alguma área indefinida da qual as crianças possam “apropriar-se” de um modo criativo em algum momento.

Transformação ou conversibilidade.

Favorecimento da autonomia das crianças.

Segurança.

Diversidade.

A polivalência – as diferentes áreas podem oferecer várias possibilidades de utilização nos mais diversos momentos do dia.

Sensibilidade estética.

Pluralidade - ter na sala de aula elementos que mostrem as diversidades pessoal, étnica, social e cultural.

Funções da organização do ambiente – o espaço é um componente curricular, ou seja, existem elementos do espaço físico da sala de aula que se constituem em determinados ambientes de aprendizagem.

Estudos sobre arranjo espacial

· Semi-aberto – são zonas que permitem à criança ver todos os espaços ao seu redor, inclusive os adultos e as outras crianças.

· Aberto – é comum haver um espaço central vazio.

· Fechado – quando há barreiras físicas.

Uma experiência: creche em Reggio Emilia

O projeto da creche Arcobaleno foi elaborado em 1975 e realizado em 1976. Os critérios que nortearam a elaboração do projeto arquitetônico, como deve-se esperar, procuraram seguir os objetivos e as linhas programáticas da proposta educacional. Observou-se a interação e a participação entre adultos e crianças e, também, a necessidade de conciliar as exigências de livre exploração das crianças com as exigências de segurança e de individualização. Contudo, procura-se atender não apenas as necessidades das crianças, mas também as dos adultos, freqüentemente negligenciados nas creches tradicionais. É interessante perceber que nas salas específicas para cada turma, houve uma preocupação em definir espaços voltados para as crianças que desejarem ficar sozinhas em alguns momentos.


Publicado por: Renata Gonçalves

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