Os primeiros protestantes no Brasil colonial: Séculos XVI a XVII

Introdução

Vivemos em um mundo conturbado onde valores são corrompidos. Contudo, muitos desses valores permanecem em nossas vidas, ou para alguns eles surgem substituindo antigos; em outros ressurge.

A religião é um exemplo clássico desses valores que ainda permanecem mesmo com muitas questões novas que nos são impostas pelas diversidades da pós-modernidade. Essas questões ainda permanecem como formigas fervilhando na cabeça de muitos daqueles que se dedicam ao estudo do homem em sociedade.

Explicar os fenômenos divinos numa lógica racional foi o que os teólogos tentaram e tentam até hoje. Tal razão nos deixa céticos, pois questões novas nos são postas. Somos questionadores da sociedade; do mundo.

Questionar valores arraigados, inculcados na sociedade é, acima de tudo, complexo. Somos formados socialmente a partir da família. Ela nos diz o que fazer, os caminhos que devemos seguir e até mesmo as práticas religiosas que deve nos guiar .

A partir dessas questões esse trabalho busca compreender uma das maiores religiões do mundo contemporâneo. A partir dela e de seu grande líder e seguidores o ocidente e todo o mundo não seria mais o mesmo.

Irei me ater especificamente a uma de suas vertentes: O protestantismo ou protestantismos já que no presente século XVI ela ganhou diferentes conotações dependendo de quem às difundia e até mesmo do lugar de onde partia.

Do século I ao início do XVI o cristianismo foi dominado e tido como verdade absoluta somente quem o propagasse através da doutrina da Igreja Católica . Essas práticas começam a mudar a partir do século XVI, onde diversos valores são questionados.

O catolicismo que já vinha sendo alvo de críticas desde a idade média começa a entrar em decadência e suas verdades sendo questionadas.

Tais questionamentos partiram de dentro da Igreja. Muito de seus intelectuais se rebelaram. As doutrinas até então vigentes não condiziam com as mudanças que começaram a ocorrer desde o fim da idade média.

Era preciso repensar o papel da  Santa Sé num mundo de intensas transformações. Não propriamente fundar uma nova instituição, mas remodelá-la aos moldes capitalistas em ascensão.

È nesse momento que surge os movimentos de contestação a essas doutrinas. Isso vai gerar conflitos dentro do seio da Igreja. Rapidamente eles passaram a eclodir na própria sociedade.

O maior destaque foi sem sobra de dúvidas o monge Agostiniano Martinho Lutero. Com sua grande formação intelectual soube como nunca demonstrar a necessidade de mudanças dentro da instituição[1]. A partir de sua ideologia a Europa sofrerá grandes carnificinas em nome de Deus e de Cristo. Os seus seguidores ( Lutero)ficaram conhecidos como protestantes.

Disso tratará o primeiro capítulo desse trabalho. Não contarei a História do cristianismo, mas sim seus impactos quando novas contestações surgem mudando os padrões pré-estabelecidos.

Nesse capítulo irei contextualizar a Europa para que o leitor melhor compreenda quais foram as reações por parte da sociedade diante dessas mudanças  político-sociais e a religião como pano de fundo.

Como dito Lutero foi o maior expoente  de contestação à ordem vigente dentro da Igreja Romana. Após ele outro que se destacou foi João Calvino. Esse com idéias até mesmo diferentes das de Martinho.

Acreditava na possibilidade dos homens que uma vez alcançado pela graça do verdadeiro cristianismo serem salvos para sempre. Não existiria mais uma volta. Até hoje seu ramo ainda sofre críticas por parte de muitas Igrejas protestantes. Trata-se da igreja presbiteriana a qual segue ainda esse preceito.

Assim, as idéias de Calvino caíram numa Europa sedenta de transformações em diversos setores, sendo a economia o que mais se destacou. Pois ele pregava que o lucro seria obtido por aquele fiel que se dedicava às práticas que Deus ordenara. Por esse motivo era rico  não para a sua glória pessoal   mas para a de seu criador.

Justamente o contrário ocorria dentro dos preceitos do catolicismo. A riqueza não deveria ser procurada pelo cristão como sendo uma das premissas básicas para uma vida feliz. Somente na vida após a morte os fieis teriam as tais bem aventuranças.

Estaria fora de cogitação procurá-la nesse mundo. Mas, o século XVI com suas idéias novas como o renascimento e humanismo viam na razão e no homem as fontes para explicar perguntas básicas que sondam nossa mente até hoje como: De onde viemos? Para onde vamos? Por que estamos aqui? Entre outras. Porém, a religião não foi deixada de lado por completo.

Tais inquietações na nossa mente e respostas a elas são dadas pelo conhecimento científico, o qual às vezes deixa brechas para possíveis transformações, pois novas teorias surgem contestando a anterior.

Assim, para se explicar a origem do mundo a religião cristã em suas diferentes vertentes vai explicar de forma igual. Até mesmo outras religiões ditas monoteístas como o judaísmo e islamismo vão enxergar de forma parecida a origem do homem no planeta.

Já a ciência ainda vê no big ban a explicação para o surgimento da vida e dos primeiros homens na terra . Num futuro próximo isso será contestado, se é que já não esta sendo.

Explicar o mundo através do  divino é não deixar dúvidas. Os objetivos são  claros.

Mas, a religião não conseguiria vê outros lugares além da Europa,  Ásia , África e Oceania.  Então como explicar que no outro lado do oceano existiam seres humanos vivendo há séculos separados pelo medo que pairava na mente desses homens que só viam na religião a explicação apenas para a existência desses quatro continentes?

A Bíblia não deu as devidas explicações para a existência de tais povos. Desse fenômeno irei tratar no segundo e terceiro capítulo desse trabalho.

A historiografia brasileira ao estudar a vinda desses religiosos a essas terras muito se atém ao estudo da presença católica e as transformações sofridas pelos povos nativos. Não trata especificamente de como os nativos das Américas também vieram a sofrer influência das diferentes correntes do cristianismo quando da reforma protestante.

Contar uma História desses primeiros missionários protestantes parece só ser possível- segundo essa corrente historiográfica- somente a partir do século XIX. Compartilham de tal crença Antonio Gouvêa Mendonça em ‘’ Introdução ao protestantismo no Brasil’’(MENDONÇA, Antônio Gouvêa. Introdução ao protestantismo no Brasil. Editora Loiola, São Paulo, 1990.), Clara Mafra em ‘’ os evangélicos no Brasil’’(MAFRA, Clara. Os evangélicos no Brasil. Editora Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2001) .

Pensa diferente Eunice Ladeia Lima, a qual vai defender como tese de mestrado uma educação protestante no Brasil colonial. Posteriormente sua tese viria a  ser publicada pela Régis editora universitária, demonstrando assim, que a presença desses religiosos que sacudiram a Europa no século XVI seria possível de um estudo mais aprofundado.

Se os protestantes no Brasil contemporâneo procuram buscar seu espaço na sociedade, se adaptando conforme as necessidade, foi isso que procuraram os primeiros missionários ( ditos evangélicos nos dias hoje) quando aqui se desembarcaram no ano de 1557.

Abordo homens letrados e com grandes conhecimentos da teologia protestante na visão do Calvinismo. Essas doutrinas irão ser os alicerces para as disputas entre católicos e protestantes quando na fundação da chamada ‘’França Antártica’’.

A historiografia debate os verdadeiros objetivos desse empreendimento da coroa de França. Para os protestantes a bordo não restava dúvidas de que o objetivo era fundar um lar para que eles pudessem seguir livremente sua religião sem serem perseguidos pelas autoridades.

Os conflitos deflagrados em solo europeu também continuaram a ocorrer por aqui. As disputas foram intensas. Os seguidores de Calvino contra, basicamente, o almirante Vilegaignom. Esse era homem inteligente e com boa formação. Teria até mesmo estudado direito ao lado de João Calvino, daí as desconfianças por parte do cardeal de Lorena.

Os conflitos terminaram quando da expulsão dos protestantes. Muitos foram executados.

Porém, outra nação e jovem despontava no cenário internacional para também pegar a sua parte. Trata-se da Holanda, ou países baixos. Nela muitos encontraram abrigo para suas práticas não só econômicas como também religiosas. Lá se instalaram muitos dos adeptos da chamada  Igreja reformada , além de judeus, católicos, entre outros.

Desses religiosos vindos dessa nação irei tratar no terceiro capítulo desse trabalho. Será discutido o quanto de relevante essa presença representou de importante ou negativo para os africanos e autóctones.

Terão benevolência para com os povos que vieram das áfricas e nativos do nordeste brasileiro, tendo misericórdia, assim como pregou cristo?

A realidade foi outra. Parece que as práticas racistas que veríamos no século XIX- onde se tinha por base a ciência- parecem ter sido antecipadas quando da presença flamenga no nordeste brasileiro.

A ação de missionários foi intensa nos sertões do nordeste. Assim , nesse terceiro  e último capítulo tratarei não só da presença desses religiosos sustentando suas bases nos centros urbanos , como também suas incursões no árido sertão brasileiro.

Ao chegarem em certas comunidades esses religiosos  se deparavam com práticas cristãs da sua maior adversária na Europa: A Igreja católica. Muitos padres já haviam feito contato com esses nativos. Por isso muitos já estavam familiarizados com algumas das práticas religiosas européias.

Assim, esse trabalho vai procurar abordar de uma forma diferente a presença protestante no Brasil, demonstrando que a historiografia brasileira pouco se atém ao estudo dessas primeiras comunidades nos séculos XVI e XVII. Os estudos contemporâneos dão conta de uma real presença somente a partir do século XIX.

Europa, religião e conflitos no século XVI

‘’... a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé... ‘’ ( RM 1:17 )

Falar sobre o sagrado  e suas conseqüências num mundo dito pós- moderno ainda é de extrema complexidade. Contudo,  tal assunto ainda se tornaria mais denso em se tratando do final do século XV e início do XVI.

Nesse período poucos se atreveram a desafiar uma das maiores instituições políticas à época: A igreja Católica. Nesse momento,  religião e Estado não se separavam.

Para o Historiador João Klug ‘’ a igreja era a única instituição na Europa que ultrapassava as fronteiras dos Estados’’[2].  Dessa forma qualquer conflito político que eclodisse lá estaria a autoridade máxima da igreja: O papa.

Quem iria contestar tal poder? Alguém vindo de outro continente, de outra religião? Justamente o oposto ocorreu. A contestação veio justamente de dentro da própria Santa sé.

A contestação á ordem religiosa vigente já vira se deflagrando séculos antes. São Francisco e a ordem dos Frades mendicantes foi um dos exemplos. Porém esse não rompeu com Roma. Muito pelo contrário, as suas idéias foram incorporadas pelo catolicismo .Para o que nos interessa nesse momento não é necessário nos atermos à vida e obra desse homem, sendo interessante o estudo do mesmo em outra oportunidade.

Além desse religioso  outro que se destacou foi o padre João Huss. Famoso professor na Universidade de Praga. Já no início do século XV já fazia oposição à venda de indulgências ,sendo excomungado em 1411, posteriormente sendo condenado à morte na fogueira em 1415 pelo concílio de Constança. Seus seguidores ficaram conhecidos como hussitas.

A sua morte ocasionou diversos conflitos. Nesse momento a igreja ainda lutava contra as tais heresias da idade média.


Ilustração 1 Noite de São Bartolomeu. Massacre de protestantes em França do século XVI .
Disponível em http://www.klickeducacao.com.br/2006/enciclo/encicloverb/0,5977,IGP-2620,00.htmlAcessado em 05/11/2008

Ainda não conseguia se enquadrar na nova sociedade que estava surgindo. A nova classe social que estava emergindo via com bons olhos  qualquer proposta que a fizesse pagar menos impostos á Igreja.

Eles enriqueceram com as grandes feiras e o comércio com o mediterrâneo. Agora com o desbravamento do ‘’terrível oceano Atlântico’’[3], estavam  ficando cada vez mais ricos. Esses foram chamados de burgueses, por se instalarem em vilas denominadas  burgos.

Novas idéias como o Humanismo e Renascimento mexeram com as mentes dos homens nesse período. O primeiro como uma série de valores e ideais relacionados á valorização do Homem. Ao redescobrirem esse homem, também estavam redescobrindo Deus; O segundo como uma redescoberta e revalorização da cultura da antiguidade clássica.

Para muitos que ainda se atinham às práticas dos séculos anteriores o sentido da visão não tinha muita importância, sendo o ouvir  e , nesse caso, ouvir a palavra de Deus sendo o mais importante.

O século XVI foi um século de vida religiosa; século da reforma e contra reforma. Nesses casos a autoridade máxima era a palavra de Deus.[4] A fé seria a audição. A audição como órgão máximo dos cristãos das diferentes vertentes.

Se no período denominado ‘’idade média’’[5], fora caracterizado por uma cosmovisão teocêntrica, onde Deus estava no centro, agora com o Renascimento passa a ser antropocêntrica, ou seja, o homem está no centro das coisas.

Esse período tem uma visão mais otimista com relação ao ser humano, tornando-o mais capaz. Não apenas um ser que precisasse sempre da tutela da Igreja e do Estado.

Fato é que as lutas do Renascimento facilitaram um novo tipo de relação do homem com o divino. Nesse período houve uma separação entre teologia, filosofia, ciências da religião. Portanto, uma certa autonomia entre algumas disciplinas e instituições. Claro que não foi um processo fácil, de ruptura abrupta.

Portanto o terreno teria sido preparado para que surgisse contestações à certos padrões pré- estabelicidos e tidos como verdades  absolutas, portanto não sendo possível tê-las como falsas.

Também nesse período o surgimento da imprensa de Gutemberg fez com que milhares de Bíblias pudessem ser copiadas e traduzidas nas línguas vulgares[6] e não somente no Latim como era de costume.

Assim, surge uma vontade mais pessoal de entender as verdades divinas sem a intermediação de Roma. Disso as chamadas  seitas [7] se aproveitaram e fizeram suas próprias interpretações não só do livro sagrado como da própria vida em sociedade.

Como dito os conflitos começaram a surgir dentro da própria Igreja. Destaque especial para Martinho Lutero. Vindo de uma família humilde e devotos de Santa Ana, ele recebera esse nome em homenagem a São Martinho.

Como era de costume nesse período dar nomes de pessoas tidas como santas pela igreja, a sua família como sendo praticantes fervorosos do catolicismo não fugia à regra.

Era esperado desse menino recém nascido que ele se tornasse um grande exemplo de comportamento na sociedade.

Porém, ocorreu justamente o contrário. Suas idéias causaram conflitos por toda a Europa, ocorrendo grandes carnificinas. Sendo a de maior expressão a conhecida como noite de São Bartolomeu onde morreram centenas de protestantes. Esse não seria os únicos acontecimentos trágicos envolvendo questões desse tipo.  Essa nova doutrina seria transportada para às Américas. Veremos isso mais adiante no capítulo que trata da vinda desses religiosos às novas terras.

Entretanto, ‘’ele não deve ser visto nem como vilão, nem como herói, mas como uma figura que representou , em grande medida, os anseios da sociedade da época que já vinham de longa data’’[8]

Muitos queriam o retorno a um cristianismo mais limpo, à maneira das primeiras comunidades do primeiro século[9].

Era desejo do pai de Martinho vê-lo atuando como advogado. Por isso ele estudou direito na Universidade de Erfurt, quando teria ingressado  no ano de 1501, um ano depois da vinda de Cabral às terras que seriam chamadas de Brasil.

Mas não era de seu interesse a área do direito. Havia ingressado simplesmente para satisfazer aos caprichos de seu pai.Outra coisa lhe inquietava a mente.

Outra coisa lhe deixava ainda mais curioso: o fator da salvação da alma do homem. Para isso aos 20 anos ele começou a estudar veementemente a Bíblia.’’ A leitura atenta da  Bíblia deixava-o bastante inquieto, principalmente no que tange a salvação eterna’’.[10]

Apenas a sua curiosidade não era suficiente . Era necessário provar suas teses para um mundo em intensas transformações  políticas, econômicas e sociais.Isso deveria partir de dentro da Acadêmia.

Dessa forma no ano de 1505 ele se torna mestre em filosofia, posteriormente se tornando Doutor em Teologia quando ganha o cargo de professor na Universidade de Wittenberg.

Foi nessa tarefa que ele jugou ter encontrado a ‘’ resposta’’ para seus anseios mais íntimos. No dia-a-dia na preparação de suas aulas ele se deparou com o texto áureo da carta do apóstolo são Paulo aos romanos.

Trata-se da passagem onde diz que ‘’ o justo viverá pela fé’’[11]. O homem teria se corrompido em razão do pecado original e só através da fé em Deus ele poderia ser salvo. Com a posse desse texto Martinho foi de encontro a algo muito comum no referido contexto histórico: as cobranças de impostos, as tais indulgências cobradas pela igreja: Pagamento em dinheiro por falhas perante a comunidade.

Justamente nesse período a Igreja Católica resolveu aumentar alguns impostos para que se pudesse construir a famosa catedral de São Pedro. Em troca  era dada a absolvição total de todos os pecados cometidos.

Isso era feito pela Igreja em substituição às penitências que os fieis teriam que pagar por algum pecado cometido. Isso desagradava à muitos , pois quem não tivesse condições poderia ter sua alma jogada no purgatório( lugar onde os mortos ficariam por algum tempo após a morte , até se purgarem de seus atos pecaminosos na terra).

Com todos os problemas surgidos na maior instituição religiosa desse período não era desejo de Lutero revolta-se contra Roma.  Para Jaime Francisco De Moura,  Lutero não tinha como objetivo separa-se de Roma diz ‘’ao princípio não encarava de modo nenhum uma ruptura com Roma ‘’[12].

Fazia-se necessário uma ruptura ,enfim mudanças em alguns dogmas tidos como absurdos para o reformador.

No ano de 1517, ele afixa na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg as suas famosas 95 teses, as quais se espalharam rapidamente por toda a Europa.

Interessante observar que o dia seguinte  à afixação das teses , era um dia santo para a igreja católica. Teria  o tal ‘’ desertor’’ maquinado? Seja como for foi uma denúncia aberta.

Em princípio as teses foram escritas em latim, posteriormente traduzidas para as línguas da região, sendo o alemão a mais popular.

A Alemanha nessa época ainda não se constituía como um Estado propriamente dito. Era composta por diversos principados. Só iria ver sua unificação total no século XIX.

Um desses principados o da Saxônia era governado por Frederico, o qual viria a dar total proteção a Martinho Lutero. Teria esse governante se convencido das  ‘’verdades’’ dessas novas idéias, ou era apenas interesse político dar-lhe apoio?

Mesmo com esse grande prestígio do tal príncipe, o herege[13]não seria perdoado pela Igreja , a menos que abdicasse dessas idéias. Ele teria que renunciar, portanto queimar seus livros e teses.

Contudo, isso não ocorreu e um processo foi aberto no ano de 1520 .  O tal documento era chamado de Bula papal,  o qual foi queimado por Lutero.Isso provocou ainda mais a fúria desses religiosos e , em 1521 ele é definitivamente expulso desse meio.

Ainda no que tange as suas 95 teses[14] , o agora ex-padre, deixava claro que os líderes religiosos poderiam se casar e constituir famílias. Isso ainda hoje é considerado uma injúria contra os princípios católicos.

Então novas barreiras são rompidas. O ‘’patriarca ‘’ da reforma casa-se com a também ex- católica Catarina Von Borá, com quem tem muitos filhos.

Sua morte ocorreu no ano de 1546. Seu corpo foi sepultado sob as lajes da igreja de Wittenberg.

Muitos pensavam que sua morte poderia por fim aos conflitos. Porém, isso não aconteceu. A nova doutrina se espalhou rapidamente por todos os Lugares.

A figura de Lutero permanece viva  não só na mente de religiosos , mas como de todos àqueles que se dedicam a estudar fatores políticos , econômicos e sociais tendo na religião o seu objeto de estudo.

‘’Portanto, a reforma ocorreu num mundo sobredeterminado pelo religioso, repercutiu em todas as instituições sociais’’. [15]

Após sua morte muitos escreveram biografias falsas sobre a pessoa de Lutero,  as  quais o tinham  como bêbado, sendo a reencarnação do próprio demônio. Com a mesma moeda  os reformadores viam na figura do  papa a reencarnação do anticristo citado nas escrituras[16].

Portanto, compreendê-lo apenas por perspectivas políticas  deixa margem para muitas interpretações errôneas a seu respeito. Seu pensamento está ligado , acima de tudo, à teologia, tendo nas cartas do apóstolo São Paulo seu documento de prova de ‘’ verdades’’, isso devido ao seu grande conhecimento do direito, ele escreve com veemência, com certeza.

Outro grande expoente da chamada segunda geração de reformadores é João Calvino. Nascido no ano de 1509, e por volta de 1533 teria se convertido às idéias reformistas. Seus estudos se baseavam no Humanismo e estudos da antiguidade cristã.

Nesse período as posições políticas por parte do Imperador de França Felipe II são bastante ambíguas. A ele escreveu Calvino as chamadas ‘’ As institutas da religião cristã’’ na qual ele vai descrever como seria um bom e legítimo domínio por parte do Imperador.

Geralmente as regras eram constituídas em conceitos bíblicos. Portanto, o texto sagrado seria a forma mais adequada para este reino espiritual . O Estado francês estava dividido religiosamente e qualquer posição definitiva poderia desagradar a ambos os lados.

Dessa forma no ano de 1540 Calvino é convidado por lideranças religiosas simpáticas às idéias reformistas para montar uma igreja reformada na suíça, especificamente em Genebra. Três anos antes havia sido expulso da cidade, pois seu programa de reforma da cidade havia sido negado por um grupo de burgueses.

Vai fazer algumas exigências em seu retorno e é atendido.  Escreve uma série de ordenanças, formando assim, as bases da igreja reformada em Genebra.

Entre tais ordenanças eclesiásticas se destacam : Organização da igreja se diferenciando do governo da cidade. Isso gerou conflitos com as autoridades locais pois nem sempre as leis da cidade estavam de acordo com as idéias de Calvino. A partir de 1553  a oposição à Calvino cresce ainda mais e sua atuação política se torna precária.

Porém, isso viria mudar a partir de 1559 quando do surgimento da Academia de Genebra sob a direção de Teodoro de Beza. Essa instituição se torna um dos centros mais fortes de propagação da doutrina calvinista .

Já em 1555 muitos europeus saindo de França , Inglaterra e Itália iam à Genebra . Apesar de ser considerado um ditador religioso muitos viam nele não só um grande servo de Deus , mas alguém cuja inteligência excedia a de muitos do seu período. Genebra nessa época poderia ser considerada uma Roma do protestantismo.

Esses religiosos- burgueses estavam buscando uma nova maneira de viver a fé de acordo com as novas possibilidades de comércio que se apresentava para todos eles.

Tais burgueses possuíam algumas características importantes como administrar as cidades através de conselhos laicos, se preocupando com escolas para seus filhos. A partir daí surgem as primeiras escolas laicas da Europa. Mesmo com esse certo laicismo esses homens foram conduzidos a um misticismo religioso.

Voltando a Calvino ,o qual vai enxergar em algumas passagens da Bíblia  ( coletânea de livros sagrados- velho e novo testamento) relatos que  tratam de coisas terrenas, ou seja, os bens são para a prosperidade dos cristãos . Contudo, faz advertências quanto a utilização  em excesso desses bens.

Quanto a profissão para ele seria algo dado por Deus. Assim o eleito por Deus deveria saber exercê-la da melhor forma possível.  

O trabalho teria um caráter preventivo. Distanciaria o fiel das coisas mundanas. Ele se dedicaria mais às coisas de Deus. Portanto, critérios morais, produção de coisas úteis à comunidade, tudo isso se reverteria em retorno financeiro .

Essas idéias vão de encontro ao um mundo em intensas transformações econômicas sociais e políticas. A religião oficial da Europa vai contra esses preceitos vendo na acumulação de lucros pecados contra Deus. Apesar de seus líderes terem praticado isso há séculos acumulando riquezas, sendo a Igreja católica romana umas das maiores instituições detentoras de terras de toda a Europa.

Assim, o trabalho para João Calvino dignificaria o homem não importando a classe social a qual ele pertença. [17]A riqueza boa seria aquela com um bom empreendimento vocacional por parte do eleito , portanto do salvo.

Durante toda a idade média o trabalho teve apenas valor de sobrevivência e Jamais deveria servir  para a acumulação de estoques.

Assim, muitos desses primeiros protestantes que se constituíam à princípio de pessoas pobres, especialmente servos e camponeses, os quais’’ reivindicavam modificações não apenas social, condenando os privilégios e diferenças que , segundo eles, estavam contra a lei de Deus e a Bíblia ‘’.[18]

Os conflitos existiam não só por parte das classes desfavorecidas como também fora uma constante entre os papas e Imperadores à época em busca pelo poder. Geralmente em buscas de novas terras para expandir ainda mais seus domínios.

Isso vai ficar bem claro no chamado ‘’ descobrimento do novo mundo’’[19]. As nações européias se degladiaram pelo poder e supremacia nessas novas terras para poder dominar a persuadir suas gentes : os índios[20].

Toda a Europa continuou ainda no século XVI bastante estamental e hierarquizada em seu modo de se organizar politicamente.[21] Havia pouca mobilidade social , isso facilitaria um estímulo a mais para as aventuras fora do continente.

Acostumada já há anos com o trabalho escravo os europeus vão estranhar totalmente os hábitos e costumes desses povos.

Abordo das caravelas sempre havia um religioso. Após a chegada  se fazia necessário a vinda de um determinado grupo de pessoas com o intuito de converter essa gente pagã[22]. Não eram infiéis, mas apenas indivíduos que ficaram longe da presença por séculos daqueles que realmente detinham o ‘’conhecimento da verdade’’ àcerca das questões divinas.

Nesse momento um laicismo ainda não existia por parte desses governantes. Isso iria passar a ecoar mais forte com o advento dos iluministas[23]. Essas idéias vão ganhar mais força no século XX.

Todas essas formas de pensar e vê a vida seriam transportadas para às terras do novo mundo. Até então a África, Ásia e Oceania eram conhecidas pelos navegadores do velho continente. A América era algo novo. Por que Deus não a teria citado nas sagradas escrituras ? Quem era essa  gente tão diferente? Seria essa terra o tal paraíso terreno de que tanto falavam os antigos e que muitos procuraram e não conseguiram encontrar?

Essas e outras questões serão transportadas e com certeza os habitantes autóctones das terras americanas iriam sofrer enormemente.

Contudo, os conflitos religiosos são os que merecem mais destaques. Desses nos ateremos nos próximos capítulos quando da vinda à América Portuguesa, especificamente no Brasil  na cidade do Rio de Janeiro.

A chegada dos ‘’hereges’’ ao Brasil: A França Antártica

A chegada dos europeus às Américas mudou drasticamente o modo de viver dos povos autóctones dessas terras. Estima-se que no Brasil existiam cerca de dois milhões de habitantes de diversas etnias.

Os portugueses que aqui chegaram seguido logo após de franceses , ingleses , espanhóis , entre outros, não se importaram em respeitar ou preservar a culturas desses povos.

Portugal viu que era possível chegar à Índia contornando a África  dominando assim o comércio das especiarias. Essa era uma fonte de grandes riquezas para sua econômica.

Por esse motivo as terras do Brasil teriam sido deixadas de lado, logo ao princípio da colonização.  Os lucros não seriam fáceis e imediatos. Mas com outras expedições enviadas pela coroa lusitana para melhor reconhecimento dessas terras viu-se que era necessário explorá-las  melhor, portanto, colonizar de fato. Se tinha  notícias de que a Espanha tinha descoberto algumas minas de prata e ouro no México e no  Peru. Fora isso o comércio dos portugueses com o oriente começa a entrar em decadência.

A partir de 1530, data a chegada de administradores enviados pela coroa para melhor reconhecimento do lugar. As terras eram muito extensas e isso dificultava a exploração.

Devido o tamanho continental do Brasil, Portugal não conseguia fazer com que outros povos europeus se distanciassem do lugar. Destaque especial para os franceses os quais faziam um comércio intenso com os nativos na extração de pau-brasil, sendo os tupinambás e tamoios os que mais fizeram contato.

Esse comércio não era permitido, pois de acordo com o [24]tratado de Tordesilhas só Espanha e Portugal poderiam explorar esses novos domínios. Isso despertou a ira do Imperador francês Felipe II, o qual discordava sobremaneira do tal tratado.

Tanto potugueses como espanhóis despertaram imenso fascínio aos nativos. Segundo Frei Vicente Salvador eles consideraram os europeus como sendo deuses, assim como teria ocorrido na nova Espanha. Seriam seres divinos. Chamaram os portugueses de '' caraibas'' e aos inspânicos de ''viracoches''.

Interessante notar que junto aos interesses econômicos se mesclavam fatores religiosos. Esses gentios seriam sempre salvos para a honra e glória dos Imperadores europeus como também para cristo. Dessa forma é realizada a primeira missa no Brasil como forma de comprometimento dessa gente com o verdadeiro deus europeu.  Mesmo sem saber se ela estava de bom grado ou não.


Ilustração 2 Victor Meirelles de Lima, A Primeira Missa no Brasil, 1860.

Óleo sobre tela; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

As pinturas de história se eternizaram no imaginário com tal força que é quase impossível pensar na primeira missa sem nos remetermos automaticamente a essa tela

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A verdade é que esse século XVI viu pela primeira vez na história um grande intercâmbio não só de produtos  mas de idéias , valores,  entre as diferentes culturas que tinham sido separadas sabe-se lá como. Espanto. Temor. Reações  adversas por ambos os lados. E agora , a Bíblia não dizia nada a respeito dessa gente...?

Portanto, sujeitos diferentes no modo de pensar a vida ,nas línguas e costumes. Alguns autores tendem a ver nesse século alguma ''espécie de globalização''. Contudo, isso só verdadeiramente será visto na década de 80 do século XX, data do avanço e desenvolvimento da informática.

O século XVI com seus humanismos e renascimentos viu e testemunhou uma sociedade com uma organização estamental e hierarquizada; além de assistir no plano político a consolidação do regime absolutista, embora não de forma completa.

Nesse momento o Estado moderno ganha corpo . Ele realmente faria seu papel de res publica. Isso não era novidade . Mas uma verdadeira máquina de burocratas surgira para dar conta dessas e outras necessidades dos homens desse período.

Época de grande aumento de poder dos manarcas  . Como dito até mesmo Felipe II rei de França desafiara Portugal e Espanha no que diz respeito aotratado de tordesilhas. Teria sido o primeiro acordo internacional entre Estados.

Tal acordo não tivera a consulta do Estado francês , daí a indignação surgida nesse período.

Essa nova gente era considerada uma ''tábula rasa''. Nela seria fácil depositar toda e qualquer doutrina religiosa que facilmente se converteriam a fé católica. Isso não só para os católicos mas também para a nova religião reformada recém surgida na Europa:  O protestantismo.

Se essa nova doutrina estava gerando tantos conflitos no velho continente isso era de se esperar que logo chegasse a essas terras. Um verdadeiro  choque de civilizações , idéias e doutrinas religiosas estava por surgir e tornar o Brasil não só a maior nação católica do mundo mas o país com um dos maiores sincretismos religiosos do mundo.

Africanos também chegavam aos milhares nos navios negreiros. Transportados como animais. Eram tirados de suas famílias, privados de sua liberdade, cultura e , claro sua religião tida como demoníaca , assim como às dos nativos do novo Mundo. [25]Esse comércio de mercadoria humana duraria séculos num ciclo vicioso. Era o triâgulo Ámérica, África, Europa no qual saiam beneficiados os Europeus.

Esses habitantes das Áfricas também iriam sofrer duplamente. Primeiro porque os europeus- católicos não aceitaram as suas práticas religiosas ;  Segundo sofrimento viria por parte dos também europeus, porém de outro ramo do cristianismo recém instituido no velho mundo : Os chamados protestantes. Esperava-se desses um tratamento mais brando. Porém, o contrário ocorreu.

Dessa mistura de ritos e culturas que culminaram nesse sincretismo religioso bem relatou a filha do literata Antônio Candido, a historiadora Laura De Souza e Mello Em seu livro[26] '' O diabo e a terra de santa cruz: feitiçaria e religiosidade no Brasil colonial’’  no qual ela relata a mistura de atividades religiosas no Brasil colônia. Crenças nativas com doutrinas cristãs e , ainda as crenças vindas [27]das Áfricas.      Possivelmente isso ocorresse mais pela ausência de um chefe religioso, o qual levaria cerca de até quatro meses para chegar ao Brasil.

Esse momento da História do Brasil ainda é retratado por muitos com olhares eurocêntricos. Ao católico lhes é dado o direito de rezar a primeira missa. Esse tipo de cerimônia religiosa é descrito nos livros didáticos de todos os Estado brasileiros como sendo um momento em que a verdadeira religião teria chegado a essas gentes.

Interessante notar que a presença protestante não é apontada como relevante no que tange as questões didáticas no Brasil colonial. Nos cursos de licenciatura no Brasil sempre se verifica a questão da educação formulada pelos jesuítas.

Há uma completa ausência[28] de informações quanto aos protestantes, relativo  às questões educacionais. Em sua tese de mestrado a literata Eunice Ladeia Lima bem vai relatar essas questões.

Sua tese tem uma importância fundamental, pois contribui e inova demonstrando que os princípios da educação no Brasil não ficaram restritos somente à Igreja católica. Sua tese se tornou um livro publicado pela editora Regis universitária.

Para Ribeiro Boanerges a História e as influências culturais desses protestantes não teriam importância no Brasil- colônia, pois essas correntes verdadeiramente só seriam introduzidas de, fato, a partir do século XIX. Nessa época data a vinda de diversas instituições protestantes ao Brasil. Diferentemente do período no qual estamos estudando onde as incursões eram basicamente feitas pelos pertencentes ao ramo de Calvino.

Nessa obra o autor vai tratar da ação de presbiterianos em Minas Gerais, Rio de Janeiro  e São Paulo. Esses religiosos quase não são mencionados como relevante no século XVI.

Outros autores como José Carlos Barbosa também seguem a mesma linha de estudos. Para ele todas essas tentativas de incursões protestantes não seriam relevantes a um estudo mais aprofundado, pois ‘’ ...foram frustadas  tentativas de instalação do protestantismo no Brasil reforçaram a convicção de que a colônia portuguesa era um ‘’jardim feixado’’ e que deveria continuar sendo protegida ‘’[29].

Portanto, a sociedade estaria adaptada e entranhada de religiosidade católica , sendo dura com relação à catequese protestante. Esses protestantes também  estariam mais ligados a questões políticas e econômicas do que propriamente com convicções religiosas, principalmente no Governo de Nassau onde teria ocorrido certas permissividades quanto a outras religiões ( veremos isso no próximo capítulo).

Por essa adaptação e estranhamento à doutrina protestante fizeram do Brasil uma nação católica , portanto com pesquisas acadêmicas ligadas a essa religião predominante, até mesmo pela  influência política exercida pela Igreja católica por mais de 300 anos.

Ainda em Barbosa , analisando o Brasil já no império ele vai observar nesses religiosos muita criatividade e coragem . Contudo , estando mais preocupados em buscar seu espaço religioso do que  por exemplo se preocupar com a escravidão dos povos africanos.

O tratamento dado ao negros no Brasil- Império seria exercido de forma cruel tanto por católicos, como por protestantes. Não havia muita diferença.

Nesse período eles (protestantes) ‘’ ficaram mais preocupados e obcecados na tarefa de implantação da nova religião num país impermeável , um ‘’jardim feixado’’, protegido e dificil de entrar’’[30]. A missão seria , acima de tudo,  espiritual . O combate não era feito à instituição escravocrata . Isso não parecia ser relevante , mas sim, tirar as pessoas das práticas católicas consideradas ultrapassadas pela Igreja reformada.

Assim , os estudos sobre o protestantismo no Brasil ainda são escassos quando se trata do período colonial.

A primeira leva de protestantes para o Brasil teria saído em 14 de Agosto de 1555 da França. Comandada por Nicolau Duran de Vilegaignom , cavaleiro da ordem de malta[31], da qual sua família já era participante.

Para ingressar nela seria necessário um engajamento ferrenho nos desígnios do catolicismo e Vilegaignom não fugia à regra. Participou ativamente nas cruzadas contra os mouros. Portanto, tendo grande experiência em  terras distantes e com gentes de costumes e fé diferentes dos europeus.

Devido a seus méritos foi condecorado vice-almirante da Bretanha em 1553. Assim , seria a pessoa mais indicada para se dirigir às terras do novo mundo, as quais já a partir de 1550 já vinha sendo costeada pelos próprio franceses. Contudo, essas incursões eram apenas esporádicas. Fazia-se , como já dito comércio com os nativos com uma árvore muito existente nesse período.

Já em 1554 Vilegaignom fizera uma viagem rápida ao Brasil como forma de reconhecimento da área.

À bordo dessa viagem vieram  não só os protestantes como também vieram os católicos. Os conflitos religiosos que  travados em solo europeu com certeza não tardaria em aparecer.

Na chegada escolheram uma ilha denominada de Serigipe para se instalarem. Lá se fundou um forte  denominado Coligny, em homenagem a Gaspar de Coligny.. Posteriormente , essa ilha seria chamada de ilha de vilegaignom. Tal nome permanece até os dias de hoje onde se encontra a escola naval. Ao seu lado o aeroporto Santos Dumont.

A questão historiográfica acerca da fundação da França Antártica ainda é tema de grandes controvérsias . Para alguns seria uma tentativa de estabelecer uma colônia para refugiados das guerras de religião na Europa ; para outros o interesse era apenas econômico, ou seja, de conquista de novas terras.   

Aqui os protestantes poderiam viver e propagar suas idéias sem serem importunados. Dessa tese vai discordar Cyro Silva. Para ele ‘’ não havia , por conseguinte objetivo religioso na famosa expedição da França Antártica como se propala e sim o de conquistas de novas terras’’[32].

Essa tese pode ser verdadeira. Pois se Vilegaignom era um cavaleiro da ordem de Malta , tal atitude de criar um lar para os  protestantes seria contraditório para com alguém que professava  e participava do culto e das missões católicas. Seria assim, considerado um herege, apóstata da fé.

Vilegaignom tinha um espírito aventureiro. Talves quisesse criar uma colônia cristã sem distinções de credo . Mas , isso são apenas especulações.

Em 1557 chega um grupo de calvinistas ao Brasil. Os recursos solicitados por Vilegaignom não puderam ser atendidos pelo rei de  França devido aos poucos recursos financeiros à época. Dessa forma Gaspar de Coligny teria requisitado junto à Calvino um grupo de pessoas. Coligny havia recentemente se convertido a nova religião reformada. Daí seu interesse em enviar representantes . Eles fugiriam das questões religiosas na Europa.

A bordo vieram 12 pastores/Ministros  protestantes. Entre eles se destacava Pierre Richier, Guiherme Chartier , além do jovem Jean de Lery , o qual vai escrever posteriormente um livro denominado ‘’viagem à terra do Brasil’’. Nesse livro ele vai retratar as coisas que viu na nova terra e os conflitos ocorrido entre católicos e protestantes acerca de questões teológicas , as quais permanecem até os dias de hoje.

Os escritos de Lery muito se assemelha à moda renascentista de Montaigne. Nela contém relatos imparciais sobre os rituais de[33] antropofagia existentes entre as populações nativas do Brasil.

Na chegada os religiosos foram bem atendidos por Vilegaignom. Em princípio ele demonstrava ter bastante simpatia à nova religião. Fez até mesmo uma oração aos moldes reformistas. E, disse que iria fazer de tudo para apoiar um lar protestante naquele lugar .

No mesmo dia foi registrado o primeiro culto protestante no Brasil. Talvés até mesmo das Américas.

O culto foi ministrado pelo Pastor Richier . Ele utilizou o salmo XXVII que diz’’ Pedi ao senhor uma coisa que ainda reclamarei e que é a de poder habitar na casa senhor todos os dias da minha vida’’[34]. Tal oração ainda é muito aplicado em rituais fúnebres de protestantes nos Estados unidos dos dias de hoje.

Durante o culto Vilegaignom  se comportava como um protestante.[35] Fazia gestos semelhantes. Para Lery ele era uma ‘’espécie de São Paulo recém-convertido , pregava como ninguém a religião reformada’’. Talves seu comportamento fosse apenas com intuito de mais adiante levar vantagem em algo, pois se tratava de um homem muito inteligente.

Exigia disciplina eclesiástica contra os pecadores. Ambos os modos de pensar, tanto católico como protestante ainda guardavam esses preceitos.

Nesse período colonial além de ser realizado o primeiro culto protestante [36], também foi realizado a primeira santa ceia aos moldes dos reformadores ocorrida no dia 21 de março de 1557; no mês seguinte se realizou o primeiro casamento protestante no Brasil , no dia 3 de Abril . Isso causou espanto e admiração aos nativos . Eles  ainda não haviam visto mulheres brancas e ainda por cima vestidas.

Os casamentos tiveram que ocorrer . A  união carnal com os nativos havia sido proibida por não professarem a mesma fé. Isso tanto da parte dos protestantes como dos católicos. Também nesse período ocorreram os primeiros batismos indígenas feito por protestantes.

Na Santa ceia ,  Vilegaignom faz uma oração a qual Lery destaca: [37]‘’ Meu Deus , abre os meus olhos e a minha boca do meu entendimento, acostuma-os a te dirigir confissão, preces, e ações de graças pelo muito bem que nos tem feito. Deus onipotente, vivo e imortal, pai eterno do teu filho Jesus Cristo, nosso senhor, que por tua própria providência governas com teu filho todas as coisas no céu e na terra ... reconheço de coração, perante sua majestade  e a tua Igreja nesse pais , implantada por tua graça..’’..

Uma oração marcadamente ao estilo protestante , pois em momento algum ele fala em santos ou a virgem Maria. Isso seria algo presente mais nas cartas de José Anchieta.

Outra característica marcante na oração é ele admitir a existência da Igreja reformada no Brasil. Seria apenas uma  Dissimulação?

A máscara possivelmente cai quando da distribuição dos elementos da santa ceia:  o pão e o vinho. Para o catolicismo o pão e o vinho realmente representavam o corpo de cristo. Portanto,  a essência não se separaria da matéria. João Cointra - Um daqueles que também , assim como Vilegaignom professaram a nova religião- começaram a fazer contendas. Daí as primeiras disputas teológicas no Brasil.

Não se sabia o que se passava ao certo na mente de Vilegaignom. Na segunda santa ceia mais debates. Desta vez com relação ao casamento de ministros da palavra, ou seja,  se àqueles que se dedicam a pregar a palavra poderiam ou não se casar.

Chega a enviar Chartier à França para colher informações com teólogos e até mesmo com Calvino acerca da santa ceia.

Tais dúvidas não pertubava  Lery,  o qual tudo se baseava nas   escrituras sagradas. Ele diz [38]‘’ Em suma , fiando-se tão somente em sua opinião própria , que não tinha fundamento na palavra de Deus, tudo se pós as dirigir a seus bel-prazer ‘’.

Tais argumentos professados pelos protestantes irritam tanto Vilegaignom que ele chega a considerar Calvino um herege. Além de Proibir orações até certas horas da noite.

Para o Teólogo Rubem Alves , o  qual vai descrever brilhantemente uma outra versão do protestantismo  pregada pela Reforma : pentecostais do no século XX ‘’[39]o novo recém- convertido fala de outra forma muito diferente daqueles que já se converteram há muito tempo. O converso está no limiar do universo. Ainda não penetrou nele’’.

Possivelmente isso estivesse ocorrendo com Vilegaignom. Apesar de Alves está analisando um outro contexto histórico. De qualquer forma ele desperta ambigüidades por ambos os lados não deixando claro a qual fé realmente pertence.

Teria submetido a todos em trabalhos árduos. Muitos fugiram e foram viver entre os nativos. 

Outras versões dão conta de que as mudanças sofridas por Vilegaignom foram pressões feitas pelo cardeal de Lorena, o qual exigia uma posição dele. Assim , ele temeroso das conseqüências teria abdicado da fé reformada.

Com a proibição da santa ceia, os reformados passaram a celebrá-la à noite . Isso sem o consentimento do comandante. Em fins de Outubro eles são expulsos. Assim, eles tiveram que se instalar num lugar chamado Olaria, onde permaneceram por dois meses à espera de um navio que os conduzisse de volta à Europa.

Mantiveram contato constante com os nativos, assim como já o faziam quando estavam na ilha. Tinham um  bom relacionamento com esses.

Tais contatos vão ser descritos posteriormente como dito por Jean de lery. À época apenas um simples sapateiro e seguidor de Calvino . Depois tornara-se teólogo em Genebra e foi ordenado pastor. A pedido dos seus amigos resolveu escrever sua estadia entre os nativos do Brasil.

Vai descrever com detalhes todos os aspectos da vida indígena, revelando grande simpatia e percepção. Seu livro é de estrema importância por relatar com detalhes a vida cotidiana desses povos , até mesmo suas canções.

A partida desses religiosos data de 4 de janeiro de 1558, quando data da vinda de um navio vindo de Havre . Porém, dada as péssimas condições do navio muitos tiveram que retornar ao forte coligny . A maioria dos letrados seguiu a bordo. Apenas Pierre Bourdon ficou com eles. Os que partiram chegaram cinco meses depois

Novamente uma atitude estranha de Vilegaignom. Ele os recebe de forma cordial. Isso mudaria doze dias depois quando ele resolve novamente considerá-los traidores , espiões, hereges, e como representante do rei Henrique II poderia fazer com que eles abdicassem publicamente de sua fé.

Assim, foi formulado um questionário com questões doutrinárias as quais deveriam ser respondidas  em doze horas. O mais sábio entre eles era Pierre Bourdom , porém não era teólogo nem tão pouco conhecia a Bíblia. Era grande conhecedor do latim.

O questionário foi assinado por todos como sendo verdadeiro. Contudo, Vilegaignom mandou prender a todos e depois mandou executá-los. Teria sido o primeiro martírio de protestantes no Brasil, possivelmente das Américas.

Ao voltar à França o comandante da expedição francesa teve diversos escritos publicados contra a religião reformada.

Após 1558, ainda perdurariam os conflitos entre portugueses e franceses. Esses últimos só seriam expulsos em 1567 sob a liderança de Estácio de Sá. Foram várias incursões militares até essa data. Era o fim da França antártica.

Porém, os ataques continuaram por parte dos franceses em outro lugares do Brasil como na Bahia , Maranhão, Rio Grande do Norte , Sergipe.  Estudos sobre essas incursões não irei  me ater . Nelas não havia presença protestante, a qual é meu foco de estudo.

Outra nação Será tratada no próximo capítulo. Dela nos ateremos a um estudo mais aprofundado.

Os ‘’hereges’’ chegam à Pernambuco

A Holanda[40] no século XVI cresceu bastante em diversos campos, tais como: Cartografia , construção naval e instrumentos de navegação. Assim, ela não queria ficar para trás na conquista de novos territórios já conquistados por Portugal e Espanha.

Em 1580 deu-se a união das coroas Ibéricas. Nesse período o Brasil passaria a ser domínio da coroa espanhola. Um  ano depois dessa união os holandeses se declaram independentes frente a Espanha.

Tais atitudes firmes e fortes fizera dos flamengos um povo batalhador. No ano de 1602 foi fundado a companhia das índias orientais (WOC) , a qual rapidamente foi transformada numa grande fonte de riqueza para a Holanda.

Empolgados com os sucessos de tal empreendimento se criou a WIC( companhia das índias ocidentais) no ano de 1621. Ela visava o comércio de açúcar e do pau-brasil , implantação de colônias. Geralmente se fazia incursões piratas.

Tais práticas consideravam a costa do nordeste brasileiro como ponto estratégico. Diversos navios espanhóis eram interceptados . Isso facilitaria na luta batava contra a Espanha, pois os navios vinham carregados de produtos.

Em 1624 a companhia fez uma tentativa frustrada de tomar Salvador , na Bahia. Lá são contidos por negros, índios e brancos , os quais teriam sido incitados por Dom Marcos Teixeira  para que se pudesse combater os ‘’infiéis protestantes’’. Se não obtiveram sucesso então se fazia necessário partir para outro lugar onde pudesse ser rentável o comércio de açúcar e Pernambuco não fugia à regra.

Em 1630 conseguiram invadir Olinda. Os objetivos maiores eram toda a costa do nordeste do Brasil.

Os diretores da companhia das índias ocidentais[41] viram que seria necessário ter ali estabelecido um administrador competente para dirigir os negócios. Assim , em 1636 eles enviam ao Brasil Maurício de Nassau.

Era ainda jovem para um cargo tão importante. Havia estudado na Alemanha , Basiléia e Genebra- berço do calvinismo. Isso o fez um grande admirador das artes do período. Era corajoso. Se alistou no exército para combater contra a Espanha.

Em suas expedições sempre se podia encontrar artistas e cientistas. Era um mecenas nas artes e ciências do novo mundo. Em sua estadia no Brasil foram realizados diversos tipos de  estudos na área de botânica, cartografia , astronomia, entre outras áreas do conhecimento.

A paz não iria tardar em desaparecer quando os Portugueses se tornaram independestes da  Espanha em 1640, preocupando-se mais com seus domínios no Brasil. Daí a grande insistência de Nassau para que os diretores da companhia das índias injetassem mais dinheiro a fim  de melhorar os empreendimentos.

Nessa época a companhia passava por alguns problemas e as recomendações de Nassau não foram ouvidas. Ele retornaria à Holanda em 1624. Pesava sobre ele muitas acusações. Alguns o consideravam  bastante elitista devido ao seu posicionamento quanto às artes e gastos suntuosos nesse setor. Os objetivos da companhia era retirar ao máximo tudo que pudessem em recursos minerais da colônia, para isso fazendo investimentos visando somente esse intuito.

Juntamente com ele foi-se uma gama  variada de informações e documentos àcerca do Brasil. Isso estimularia ainda mais a curiosidade européia sobre a fauna e flora do novo mundo bem como de sua gente.

Em todos os ambientes sociais a febre pelo conhecimento faz suscitar nesses homens inquietações filosóficas , as quais eram reprimidas na idade média. Agora se fazia de forma mais atenuante . Os séculos XVI e XVII tiveram essas características.

A Europa do século XVI está profundamente marcada por um grande fortalecimento da burguesia mercantil. Velhos hábitos e costumes são modificados , isso porque a rigorosa ordem imposta pelas elites ainda resistia às mudanças de um mundo em rápida modificação após o colapso da sociedade feudal.

Antes o conhecimento do ocidente cristão sobre o resto do mundo tinha por bases fontes árabes, alguns escritos de Marco Pólo, entre outros. Isso os direcionava a um oriente quase mítico. Haveria seres mitológicos. Fauna e flora completamente estranha às realidades européias. Lugares povoados por monstros. Talvez o paraíso descrito na Bíblia estivesse em algum lugar perdido. Isso estimulou a muitos na busca de reinos míticos, como o de Prestes João.

No capítulo anterior se questionou quais os objetivos dos protestantes quando aqui se estabeleceram em 1557, data da vinda dos Ministros da Igreja reformada. Os objetivos dos Ministros da França Antártica eram religiosos. Contudo, os interesses econômicos e religiosos por parte dos franceses já entranhados há séculos falaram mais auto

Vilegaignon soubera tirar proveito da situação. A criação de uma pátria para a prática da religião protestante parece ter sido uma farsa . Na verdade os interesses pareciam mais ser de ordem econômica do que propriamente de religiosa.

Diferentemente da França, a Holanda mesmo em tempo anteriores à reforma protestante no século XVI , já havia recebido grupos perseguidos por suas práticas religiosas . Na época da instalação da inquisição na Espanha de Fernando e Isabela considerados reis católicos houve perseguição e expulsão de muitos judeus.

Muitos se converteram e se tornaram ‘’cristãos novos’’; outros buscaram refúgio na Holanda. Interessante observar que os judeus sempre foram hábeis comerciantes. Isso contribuiu e muito para que a Holanda se tornasse uma nação mais aberta frente às novas idéias tão em voga nesse período.

Instalados em Pernambuco os holandeses tomaram diversas atitudes para que sua empreitada obtivesse sucesso. Ofereceram empréstimos a fazendeiros locais para que se pudesse investir no setor de exploração da cana-de-açucar, plantações e aquisição de escravos. Tais empréstimos iriam redundar em conflitos com os senhores de engenho que não conseguiam sanar suas dívidas junto aos holandeses.

Diversos melhoramentos urbanos foram introduzidos no Recife nesse período tais como: Um grande observatório astronômico talves tenha sido o primeiro das Américas; construção de pontes, entre outras obras urbanas.

Foi concedida liberdade de culto para os judeus cuja maioria era composta por holandeses; construção de sinagogas; igrejas católicas e protestantes. Além de holandeses também havia alemães , italianos,entre outros.


Ilustração 3
Essa teria sido a primeira sinagoga oficial de todas as Américas. O templo fica localizado na antiga rua dos judeus em Recife. Essa rua agora se chama rua do bom Jesus. Disponível em < http://peregrinacultural.wordpress.com/2008/08/10/> Acessado em 25/11/2008.

Porém, tal liberdade era restrita somente aos brancos, principalmente os judeus que constituíam a grande massa pensante e intelectual da cidade. Além de produzirem conhecimento em diversos setores também estavam envolvidos no tráfico de escravos.

Os nativos eram melhor tratados do que os africanos. ‘’Muitos desses escravos vinham da costa da Guiné . Eram submetidos a trabalhos árduos e fatigantes, péssimas condições, opressão de feitores, não muito diferente do que ocorria com o portugueses’’[42] é o que vai relatar Pedro Puntoni.

Portanto, na visão de Puntoni esses interesses econômicos sobrepunham às questões religiosas.

Também em Pierre Moreau[43] podemos encontrar tais atitudes. O cronista que aqui esteve nesse período vai descrever os maus tratos dados a essa gente. Vai acusar Nassau de ser corrupto. Esse cronista teria se oferecido para vir ao Brasil. Ele era um dos que compuseram o governo holandês. Tratava-se de um francês, portanto. E, além de acusar Nassau ainda vai acusar ou luso-brasileiros de fingidos  e os diplomatas portugueses de falsos e mentirosos.

Os objetivos além dos interesses econômicos nessa região também seria catequizar os nativos, os quais teriam sido postos sob a proteção do governo neerlandês. Haveria um amplo projeto de educação para esses povos. Iriam aprender o holandês e possivelmente teriam a capacidade de pregar a palavra no meio daqueles da sua língua.

Apesar de todas as ditas liberdades ainda assim  pairava uma certa moralidade. Os habitantes estavam sob constante vigília, fossem livres ou escravos. Tais normas partiam dos Ministros protestantes do ramo de Calvino.

Portanto, um projeto de governo com bases nos idéias reformistas. Quanto a questão da educação era seria restrita aos europeus e nativos. Estariam de fora os africanos.

Os escravos teriam que trabalhar aos domingos e não poderiam ir à Igreja. Muitos escravos preferiam aos judeus como patrões . Talves porque os pertencentes a esse grupo religioso lhes davam  folga aos sábados, pois há uma norma no judaísmo relativo ao sétimo dia da semana como sendo sagrado.

Havia diversas outras normas impostas aos negros africanos pela ‘’Igreja de Recife’’[44], tais como : Punição a qualquer negro que fosse pego em adultério ou em prostituição; os escravos comprados se fossem casados não poderia serem separados; daí pode se supor que havia casamentos sob os auspícios da Igreja reformada.

Com relação ao casamento de negro com pessoas brancas isso não era de forma alguma permitida. O batismo de escravos só seria feito se seus país fossem holandeses. Dessa última premissa subtende-se algo contraditório, pois se não era permitido a união de brancos e negros, então como existiria escravos filhos de holandeses?

Analisando as normas citadas se percebe que aos negros lhes restava obedecer a preceitos morais, os quais em África como a poligamia era algo comum dependendo de onde tivesse vindo o escravo. Tal prática estava em sua cultura há milênios.

O modo de viver da Igreja reformada dizia ser a monogamia a forma mais correta de se viver. Ao homem possuir uma só mulher e vice-versa. Tais normas haviam sido apontadas tanto por Vilegaignom  como pelos Ministros protestantes na França Antártica, ou seja, normas religiosas do cristianismo em suas duas vertentes sendo  inculcadas sem a vontade ou consentimento do ouvinte.

À escravidão se seguia a desculpa de que seria necessário trazê-los a verdadeira fé. Seus novos donos deveriam instruí-los nos ditames da igreja reformada. Era um racismo institucionalizado. Seguia leis e normas ditadas pelo governo.

Muitos desses africanos foram utilizados na luta contra os portugueses. Alguns chegaram até mesmo a destacamentos de comando.

Contudo, essas guerras com os portugueses só permitiram a afirmação de umas das grandes formas de resistência à escravidão: Os quilombos. Foram bastante perseguidos pelos capitães –do- mato , os quais nem eram holandeses pois esses não teriam habilidade e destreza nas matas dos sertões nordestinos.

Após 1654 , os portugueses iriam ter bastantes dificuldade na captura e cerceamento dessas comunidades quilombolas.

As preocupações lusitanas não só por partes de comerciantes como também por àqueles que defendiam os posicionamentos da Igreja católica.

No livro de Marcos Galindo intitulado ‘’viver e morre no Brasil holandês’’, há um  artigo do pastor , teólogo e historiador  Leonardo Schalkwijk onde ele vai relatar a catequização feita pela Igreja reformada nos sertões do nordeste.

Em seu artigo Schalkwijk  as vezes não parece ser nada imparcial pois ele parece não enxergar  algum tipo de escravidão cometido pelos europeus . Pois ele diz ‘’ procuravam viver a Bíblia como norma de fé e prática como verdadeira ‘’prática da piedade’’ não no sentido de afastamento do presente mundo, mas, partindo da submissão ao SENHOR saiam para o seu trabalho no seio da sociedade esforçando-se para aplicar todos os princípios bíblicos em todas as áreas da vida diária’’[45].

A partir desse relato parece ficar claro que essas pessoas não praticavam mal algum. Tudo seria feito para a obra e bem de cristo e da Igreja reformada. A crueldade cometida por esses homens não aparece em momento algum no artigo de Leonardo Schalkwij.

Isso contraria as pesquisas de Pedro Puntoni as quais não demonstram abrandamento, ‘’bondade’’ , por parte desses religiosos.

Isso não desmerece as pesquisas de Schalkwij. Ele vai de encontro a tese de que é válido um estudo aprofundado desse momento tão importantes da História do Brasil. Em suas pesquisas ele vai relatar a existência de cerca de vinte e duas  Igrejas evangélicas , ou templos da religião reformada em todo o nordeste.


Ilustração 4.  Único templo protestante do Brasil colonial ainda de pé no Recife. Disponível em sti.br.inter.net/cvricas/Pesquisa
/BrasilProt.htm  Acessado em 25/11/2008.

O maior deles se encontrava em Recife e Maurício de Nassau seria um freqüentador assíduo. Portanto , assim como a Igreja católica a nova instituição também era atrelada ao Estado. Viera junto com ele. Assim também saiu.

O Estado deu todo o apoio ao empreendimento missionário. Seriam intuitos políticos pois se esses ‘’brasilianos’’ ( assim eram chamados os indígenas) ficassem ao lado dos batavos seria bem mais fácil derrotar os portugueses.

Da mesma forma que os jesuítas os missionários protestantes também fizeram aldeamentos para poderem propagar sua fé. Durante a permanência dos Ministros protestantes nessas aldeias eles teriam gozado de paz.

Mas , ao saírem os holandeses quando da sua expulsão do Brasil eles começaram a ser dizimados pelos portugueses. Mesmo antes isso já estaria acontecendo pois as doenças trazidas por várias nações européias já havia deixado seu rasto.

Apesar de contemporâneo Leonardo diz em outra passagem ‘’ Quanto ao mais , viviam em suas crenças animistas, pintando seus corpos com figura do diabo, cruzes e evocações latinas’’[46]. As cruzes nos corpos se fazia devido a permanência de padres antes da vinda desses outros religiosos.

Esse depoimento difere completamente de lery, apesar dele ter vivido cerca de cinco séculos antes de Leonardo. O pensamento de Jean de lery estava muito além da sua época  sendo utilizado até hoje para se entender melhor os primeiro habitantes do Brasil. Lery nos descreve como ninguém os rituais antropofágicos praticados por esses povos.

As entradas nos sertões eram feitas por diversas pessoas interessadas nesses objetivos religiosos. Muitos eram professores que deveriam aprender o idioma dos nativos.

Alguns pastores se destacaram tais como: Soler e David a Doreslaer. Isso teria ocorrida principalmente a partir de 1637. Foram feitos diversos contatos com povos de vários lugares do interior do nordeste.

Assim como na França Antártica questões teológicas não tão quentes também ocorreram. Tinha-se dúvida acerca dos sacramentos. Entre eles a santa ceia e o batismo.

Esses Ministros muitas vezes traziam seus filhos ainda crianças para se instalarem dentro das aldeias a fim de que com o tempo pudessem aprender a língua dos nativos. Ficaria mais fácil se compreenderem.

Não demorou muito tempo e alguns nativos aprenderam a ler e a escrever. Posteriormente se tornariam professores. Teriam sido os primeiros professores nativos da Igreja reformada na América do Sul.

Posteriormente muitos teriam sido enviados à Europa . Muitos retornariam até mesmo bem adaptado aos hábitos do velho mundo; outros morreram por condições adversas como o clima e doenças.

Assim, os holandeses dominaram o nordeste brasileiro por cerca de vinte e quatro anos. E esses religiosos deixaram suas marcas. Não só os protestantes como também judeus. Ainda há uma sinagoga no Recife que data ainda desse período.

Conclusão

Com o grande crescimento dos chamados  evangélicos em todo o Brasil e a América Latina se faz necessário um estudo aprofundado de suas verdadeiras raízes.

Contudo, não é possível compreender tal crescimento se não conhecermos suas bases históricas com as quais tentam se legitimar. A reforma protestante ainda é um assunto pouco estudado até mesmo nos países onde ela teve maior intensidade.

A historiografia brasileira precisa se ater  mais as questões novas que são postas com relação a esses grupos religiosos. Não sendo possível entendê-los somente a partir dos séculos  XVIII e XIX.

São diversos os motivos que nos fazem entender as razões pela quais esses grupos são merecedores de estudos. Aqui no Brasil teria se realizado o primeiro culto protestante, sendo talvés o  primeiro culto desses religiosos nas Américas.

Além da prédica realizada, aqui também no século XVI ocorreu o primeiro casamento protestante do Brasil, celebrado pelo Ministro/missionário Richier. Fora isso foram construídos diversos templos desses religiosos em Pernambuco. Muitos até poderiam ser patrimônios históricos se não tivesse sido derrubados quando Portugal conseguiu expulsar os batavos do nordeste brasileiro. Desses templos apenas um está intacto até hoje. A iconografia segue em anexo nesse trabalho.

Questões novas como o estudo do continente africano e povos nativos do Brasil são postas como fundamentais para se compreender a nação brasileira . Esse estudo também procurou demonstrar como foi a reação desses religiosos diante do ‘’outro’’, o estranho.

Assim , não é possível que um período tão vasto em documentos  seja desmerecedor de estudos. Se a França Antártica durou apenas cinco anos isso não que dizer que não possa haver interesse em estudar os religiosos dessa época. Afinal de contas onde os seres humanos puseram os pés é possível, sim contar sua História. Ali deixaram  vestígios.

Cabe aos historiadores fazerem uso de outras ciências auxiliares como a antropologia, arqueologia, entre outras ciências que possam dar subsídios para se estudar a presença humana em qualquer lugar do globo.

Assim , a religião é o último assunto que o intelecto humano  principia a saber. Nosso conhecimento é uma miragem que diminui  em um deserto de ignorância crescente.

Não conseguimos explicar a sobrevivência dos ‘’absurdos do sagrado’’  mesmo diante do surgimento de ciências que resultam num grande aparato tecnológico.

Ao sábio lhe resta viver centenas de vidas ( existe vida após a morte? Essa questão é posta em cheque pela ciência e também por algumas religiões, isso não ocorre pelo cristianismo de uma maneira geral) para compreender ‘’tais absurdos’’

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[1] Ver KLUG, João. Lutero e a reforma Religiosa. FTD, São Paulo, 1998. Nessa obra é abordada algumas características de Lutero, como de que família veio e como foram seus primeiros anos de vida , estudos, entre outras.

[2] Klug,1998, p.14

[3]O oceano atlântico era visto como um lugar onde a certa altura habitaria seres mitológicos. Muitos acreditavam que poderiam cair em algum abismo. Por isso criam que alguns habitantes teriam aparências demoníacas ; outros se assemelhando a mitos e lendas européias baseadas no panteon grego como sereias, ciclopes, gigantes , entre outros seres.

[4]Ver FEBVRE, Luciem. O homem do século XVI. Em : Revista de História n 1. São Paulo , USP, 1950 p 11-16

[5]Para o historiador Hilário Franco Junior esse período fora considerado por esses homens dos séculos XVI e também do XVII como sendo uma interrupção no progresso da humanidade, o qual teria se iniciado com os gregos e romanos. Em fim esse período é visto tanto por protestantes, burgueses, reis , intelectuais como tempo de ‘’barbárie’’. Contudo o autor vai procurar desconstruir a imagem negativa criada a respeito desse período onde se produziu uma gama variada de conhecimentos mesmo que muitas vezes cerceadas pela Igreja católica. Mas isso que dizer que esse período seja tão desprestigiado. ( JUNIOR, 2006, pp12-13)

[6]Antes o latim era a língua predominante. Porém com a invasão de outros povos europeus ao Império Romano a partir do século IV isso viria a mudar muita coisa nos padrões e cultura desses povos. A religião teria que ser transmitida, contudo o latim e a escrita ainda eram enigmas para os chamados bárbaros. Com o término da idade Média esses movimentos de contestação vão bater de frente com aqueles que rejeitavam a pregação nessas línguas. O mais veementes foi Martinho Lutero.

[7] Esse conceito é abordado por muitos como significando algo macabro, oculto. No século XVI poderia se fazer oculto pois a religião predominante não aceitava de forma alguma essas novas idéias. No sentido contemporâneo essas religiões advindas da reforma  não se fazem mais ocultas , sendo possível a todos ter acesso a seus cultos. Isso é claro em países de culturas ocidentais. Já no século XVII , quando os primeiros protestante chegam ao que seria o futuro EUA , fugindo das guerras de religião,lá eles não podem ser considerados seitas, pois eram a grande maioria. A Igreja católica era considerada como tal . O dicionário Aurélio trata como seita aquela religião cujos membros são minorias em determinados lugar, como é o caso da igreja católica no atual EUA, alguns países escandinavos e países do Oriente médio

[8]KLUG, 1998, p.8

[9]Vê Atos dos apóstolos . Uma carta que segundo estudiosos do cristianismo foi escrita por São Lucas , o qual além de apóstolo de cristo, também seria médico.  Outros a atribuem a São Paulo , pois se assemelha ao modo de escrever das cartas paulinas. Nesse documento ele vai demonstrar como viviam essas primeiras comunidades dessa época, seus ritos , modo de vida, etc. Sendo os capítulos 1 e 2 os que deixam isso mais claro.

[10]KLUG, 1998, p.10

[11] Carta escrita por São Paulo aos Romanos onde ele exorta esses recém convertidos acerca da permanência na fé cristã. Esses cristos de Roma ainda estariam presos a antigas práticas religiosas praticadas há séculos pelos romanos. Isso era bem claro pois o seu panteon de deuses era basicamente o grego. Isso não seria tolerável pelo cristianismo onde seus Deus teria que ser adorado de forma espiritual. Até mesmo no velho testamento , conhecido como torah pelos Judeus isso não era admitido. Dessa forma Lutero vai enxergar isso como sendo idolatria, permanências nas práticas antigas politeístas.

[12] MOURA ,2000, p.119

[13]Todo àquele que não mais proferisse a ortodoxia da Igreja romana;  seria um apóstata da fé. Muitos desses foram perseguidos e presos , torturados e mortos na fogueira, como João Huss. No Brasil colônia muitos , mesmo não sendo protestantes seriam perseguidos pelo tribunal do santo ofício ,  órgão institucional católico que averiguava práticas que não se adequassem às normas de Igreja.

[14]Ver estudo introdutório às 95 teses de Lutero na revista espaço acadêmico no site http://www.espacoacademico.com.br/034/
34tc_lutero.htm acessado em 04/11/2008

[15] BONI, 2000 P. 7

[16]  A partir do capítulo 23 da Carta de São Mateus , ele descreve as falas de Jesus Cristo acerca do futuro, como seria a vida das pessoas, seus governantes. Dessa forma algum religioso em alguma época poderá se tornar um governante. Justamente nesse período ou melhor dizendo desde a idade média  a igreja e o Estado não se separavam. Por isso o papa é visto por muitos como o anti-cristo, alguém que se levantaria e se diria representante de Deus na terra, como é caso dos papas à época e até mesmo nos dias de hoje. Alguns não líderes religiosos como Adolf Hitler fora considerado por alguns protestantes como sendo essa tal anti-cristo. Até mesmo o papa João Paulo II , tido por muitas religiões como um dos papas mais pacifistas da História também fora acusado de ser tal figura. Isso continua até mesmo nos dias de hoje nas figuras de Ozama Bim ladem,. Líder de organização terrorista no oriente médio e ligado ao islamismo, além de outros grande lideres e polítcos- religiosos sempre presente na mídia.

[17] Ver ( LUIZETTO, 1991, P. 52-53)

[18]Ver ( SEFFNER , 1993, P. 7)

[19] Descobrimento é um conceito bastante criticado pois a região já era habitada por povos há séculos. Portanto, a terra já possuía donos.

[19] Assim foram denominados os habitantes autóctones dessa terra. O foco principal era ir á Índia, daí o nome. Portanto , uma expressão considerada eurocêntrica nos dias de hoje. A mais utilizada agora é a expressão povos da floresta para se referir a qualquer nativo que habite nas florestas do globo.

[20] Assim foram denominados os habitantes autóctones dessa terra. O foco principal era ir á Índia, daí o nome. Portanto , uma expressão considerada eurocêntrica nos dias de hoje. A mais utilizada agora é a expressão povos da floresta para se referir a qualquer nativo que habite nas florestas do globo.

[21]Ver (WEHLING, 1999, P. 55)

[22] Essa gente ainda não havia experimentado o conhecimento acerca de cristo. Por isso eram considerados pagãos. Diferentemente dos chamados mouros , ou mulçumanos da península ibérica principalmente .Esses  tinham conhecimento do cristianismo contudo o rejeitava.

[23]  Pensamento que critica o absolutismo na Europa. Tem como principais expoentes Rousseau, Montesquieu, Voltaire, Locke, Diderot e D'Alember, entre outros. Defendiam ainda o domínio da razão, pois essa iria derrubar a visão teocêntrica européia que vigorava desde a idade média.Esse pensamento influenciou a revolução francesa, a independência das treze colônias no que iria ser denominado Estados Unidos e até mesmo na inconfidência mineiras no Brasil, entre outros movimentos de cunho libertador

[24]  Acordo que dividia as terras do novo mundo entre Portugal e Espanha.

[25] LOVEJOY, 2002, p. 59-105

[26]MELO, Laura De Souza E. O diabo e a terra de santa cruz: Feitiçaria e religiosidade no Brasil colonial. Companhia das letras, São Paulo , 1986.

[27] A partir dos anos 60  quando das descolonizações afro-asiáticas o mundo passou por uma reviravolta. E a Áfricas agora não é mais tratada simplesmente como sendo apenas um ‘’pais’’ , mas sim, um continente com diferentes ecossistemas , línguas e culturas. Portanto , tratá-la  no plural , assim como a Europa, Ou ‘’Europas’’ , possui diferentes etnias vivendo num mesmo continente.

[28]LIMA, Eunice Ladeia. Protestantes no Brasil – colônia: Contribuição para a cultura e a educação .Editora Regis universitária ,Dracena, 2004.

[29] BARBOSA, 2002,p.26

[30] BARBOSA, 2002, p. 20

[31]Organização militar católica

[32]SILVA, 1980, p.1

[33]LERY, 1980,p. 147-156

[34]ABíblia de Gerusalém. Edições paulinas, São Paulo, 1981.

[35]LERY, 1980, p.53

[36] Sobre esse culto o deputado Jeferson Campos formulou uma proposta considerando-o como o dia do primeiro culto do Brasil. São leis no Brasil que tratam dessas datas importantes acerca da nossa História que contudo são esquecidas por muitos. Tal relatório está disponível em

[37]LERY, 1980, p. 53

[38]LERY, 1980, p.61

[39]ALVES, 1982, p.82

[40]Países baixos. O natural também pode ser chamado de batavo ,flamengo. Holanda era apenas uma província.

[41]Para um estudo mais aprofundado sobre a Holanda desse período Ver ‘’ Arte e ciência no Brasil Holandês’ Disponível em http://www.artenaescola.org.br/imagens/eckhout/12ArteeCiencia.pdf> Acessado em 28/11/2008

[42]PUNTONI, 1999, p. 163

[43]MOREAU,1979,p. 34-35

[44]  Se a historiografia brasileira delega ao século XIX  a verdadeira fixação  das igrejas reformadas, eis ai como a chama Pedro Puntoni. PUNTONI, 1999, p.167

[45] SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Disponível em http://www.mackenzie.br/fileadmin/
Mantenedora/CPAJ/ revista/VOLUME_II__1997__1/indios_evan....pdf Acessado em 28/11/2008.

[46]SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Disponível em http://www.mackenzie.br/fileadmin/
Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_II__1997__1/indios_evan....pdf Acessado em 28/11/2008.


Publicado por: antonio narcélio machado portela

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