Breves: a urbe dos jambeiros

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1. Resumo

No proceder das pesquisas, pude identificar que o processo de migração de famílias oriundas dos espaços ribeirinhos impulsionou o aumento das áreas urbanas de Breves, e isso causou um inchaço demográfico. É na ideia de espaço em mudança que se desenvolve este trabalho. Pela quantidade de jambeiros existentes em suas vias e em outros espaços, possivelmente esta urbe possa ser vista como a cidade dos jambeiros. Uma das questões ônus aqui tratada se baseia numa pretensão de abordar um breve ensaio sobre o processo de dinamização da geografia do município de Breves. Em Breves aconteceu uma possível tendência de industrialização. A exploração dos recursos naturais impulsionou o processo de urbanização no espaço desta urbe. Pessoas migravam do campo e de outros lugares para as áreas “ditas” urbanas. Houve um inchaço populacional no município, e não houve uma infraestrutura que adequasse a cidade ao novo contingente habitacional. A cidade crescia constantemente por influência da economia extrativista, o que intensificou o seu processo de urbanização. Algumas indústrias madeireiras instaladas no município forneciam empregos e complementavam a economia do município. A base das ações teóricas deste ensaio está intimamente influenciada pelo escrito de Dione Leão (2014).

2. Introdução

O lócus da minha pesquisa foi o município de Breves, em relação à dinamização do espaço urbano do mesmo ao longo de seu transcurso temporal. O jambeiro neste breve ensaio é visto como um símbolo desta urbe. Para contextualizar, nesse sentido, Breves localiza-se na mesorregião do Marajó e microrregião Furos de Breves, no estado do Pará, foi criado pela Lei Provincial nº 200, de 25 de outubro de 1851, com a elevação da Freguesia Nossa Senhora Santana dos Breves à condição de Vila, posteriormente à categoria de cidade, pela Lei Estadual nº 1122, de 10 de novembro de 1909, tendo alteração toponímica municipal de Nossa Senhora de Santana dos Breves para Breves, pela Lei Estadual nº 1122, de 10 de novembro de 1909.1

O nome Breves foi atribuído ao município em homenagem aos portugueses Manoel Maria Fernandes Breves e Ângelo Fernandes Breves, os primeiros colonizadores residentes na Sesmaria “Missão dos Bocas”, concedida pelo Capitão-General João de Abreu Castelo Branco em 19 de novembro de 1738, e confirmada pelo rei de Portugal em 30 de março de 1740, onde fundaram um pequeno engenho e fizeram plantações de roças.2

Na Amazônia brasileira, o município de Breves ocupa uma área territorial de 9.549,52 km² no estado do Pará, cuja sede municipal está situada entre as coordenadas geográficas – 50°28’48,00W e -01°40’55,20” S. O território de Breves limita-se e tem relações geopolíticas com os municípios de Afuá e Anajás (ao norte); Melgaço e Bagre (ao sul); Anajás, São Sebastião da Boa Vista e Curralinho (a leste); Gurupá e Melgaço (a oeste).3

A configuração territorial da região de Breves é formada por ecossistemas de várzea igapós, campos e terra firme, e abrange um grande número de ilhas, interligadas e margeadas por inúmeros cursos d’água denominados igarapés, furos, canais, paranás e estreitos, por onde escoam as águas dos rios Amazonas e Tocantins.4

3. BREVES: A URBE DOS JAMBEIROS

3.1. Breve análise da dinamização do espaço urbano de Breves.

Historicamente falando, sobre a história de Sant’Ana dos Breves, nesse sentido, é fácil deduzir que tudo está interligado à representação simbólica de seus fundadores como referência para nomeação desta urbe como já foi mencionado anteriormente.

Breves é, pois, o appellido da familia dos fundadores, sendo portanto mais correcto dizer-se: Cidade dos Breves, do que cidade de Breves. O documento em que se verifica a fundação é o seguinte: <<Portaria – Attendendo ao que em seu requerimento me expõem Manoel Maria Fernandes Breves e seus parentes ghFrancisco dos Santos Gouvêa, Victoriano Fernandes Breves, Boaventura Fernandes Breves, João Antonio de Barros, José Ventura de Souza e Ignacio Coelho da Silva, chefes todos e cabeça cada qual das numerosas familias que constam da relação junta.5


Imagem 01 - Breves em meados de 1960, foto pertencente ao arquivo da Biblioteca Municipal Eustórgio Miranda.

O que chamamos de espaço terrestre, para desenhar a diferenciação no que tange as paisagens, é sabido utilizar termos, como paisagens humanizadas, ou culturais que é um termo recente criado para definir lugares marcados ou construído pelo homem, pelas sociedades que compõem a humanidade, elementos denominados de edifícios, casas arruamentos, fábricas, plantações, estradas e etc.

Acredita-se que os espaços são dinâmicos, alterando-se a todo instante devido à própria conjuntura do sistema como por influencias locais. Mas, parte-se do pressuposto de que suas mudanças ocorrem para se adaptar ao novo contexto de uma forma que permita sua manutenção, recriação e sobrevivência. Deste modo, tanto o território rural como o urbano se modificaram a fim de permanecer enquanto tal.6

Os estereótipos que conhecemos, os quais são utilizados para definir campo e cidade, começam a serem imaginados a partir do século XVIII, é nesse período, segundo Perez, “inicia-se um processo de transformação da sociedade, na qual a ideia de progresso surge como o caminho a ser trilhado pela humanidade a fim de avançar do passado para o futuro, ou seja, passando do atrasado para o moderno, do rural para o urbano, da agricultura para a indústria”.7

Nesse contexto repleto de transformações, é inevitável a influência ocasionada pela revolução industrial ocorrido na Inglaterra. Esse fenômeno é determinante para entender o processo de mecanização através dos tempos desses dois tipos de comunidade humana.

Essa passagem culminou com a revolução industrial no fim do século XVIII, a qual alterou as estruturas econômicas, políticas e sociais daquela época, que passaram a dar maior ênfase à indústria. Com isso, houve um boom nos setores industriais que tiveram um crescimento tanto na produção quanto da absorção no número de empregos, fazendo com que esses setores passassem a garantir a maior contribuição no PIB8 nacional.9

Pode-se dizer que, “neste sentido, a agricultura e o rural perderam espaço, diminuindo sua importância para economia, pois já não mais proporcionavam a rentabilidade semelhante aos setores industriais e urbanos. Passaram assim, a considerar o rural como espaço periférico, atrasado e residual, já o urbano, no qual se encontravam as indústrias, como o moderno e o progresso”10. Portanto, a partir do século XVIII, o rural e o urbano são apresentados com uma perspectiva dicotômica, como sendo polos opostos, separados e com características antônimas.

Raymond Williams, à luz de seus estudos e pesquisas, sobre o que chama de “campo” e “cidade”, enfatiza que ambas são palavras que possuem fortes expressões e simbologias que representam uma forma de vivência das comunidades humanas:

Na longa história das Comunidades humanas, sempre esteve bem evidente essa ligação entre a terra da qual todos nós, direta ou indiretamente, extraímos nossa subsistência, e as realizações da sociedade humana. E uma dessas realizadas é a cidade: a capital, a cidade grande, uma forma distinta de civilização.11

A representação concernente a “campo” e “cidade”, trata-se de mundos ou realidades emergidas em consonância com o complexo de sentimentos e ideologias por traz daquilo que os exemplificam, como aponta Williams:

Em torno das comunidades existentes, historicamente bastante variadas, cristalizaram-se e generalizaram-se atitudes emocionais poderosas. O campo passou a ser associado a uma forma natural de vida – de paz, inocência e virtudes simples: a cidade associou-se à ideia de centro de realizações – de saber, comunicações, luz. Também constataram-se poderosas associações negativas: a cidade como lugar de barulho, mundanidade e ambição; o campo como lugar de atraso, ignorância e limitação. O contraste entre campo e cidade, enquanto formas de vida fundamentais, remonta à antiguidade clássica.12

No proceder das linhas que costuram seu raciocínio, Williams analisa a Inglaterra com ênfase na Revolução industrial como referência para se compreender as transformações ocorridas no campo e na cidade, modificações que se excedem no efervescer causado pelo avanço da dinâmica econômica.

[...]. De qualquer modo, deve ficar claro que a experiência inglesa é especialmente significativa na medida em que um adas transformações decisivas nas relações entre campo e cidade [...]. A Revolução Industrial não transformou só a cidade e o campo: ela baseou-se num capitalismo agrário altamente desenvolvido, tendo ocorrido cedo o desaparecimento do campesinato tradicional. [...] Como boa parte dos principais processos de desenvolvimento subsequentes – e mais, o próprio conceito generalizado de “desenvolvimento” – vem se dando nessa direção, a experiência inglesa continua sendo excepcionalmente importante: é não apenas sintomática como também sob certos aspectos reveladora; e por sua intensidade será sempre memorável, independentemente do qual possa vir a suceder [...].13

Apesar do axioma que foi a Revolução Industrial até a relevância desse fenômeno transcorre no sentido corolário do termo e é percebido como algo construído no atraso do contexto em que ocorreu a sua explosão, contexto este repleto de revoluções:

[...]. O próprio nome de Revolução Industrial reflete seu impacto relativamente tardio sobre a Europa. A coisa existia na Inglaterra antes do termo. Os socialistas ingleses e franceses – eles próprios um grupo sem antecessores – só o inventaram por volta da década de 1820, provavelmente por analogia com a Revolução Política na França.14

Provavelmente, nas variações das realidades históricas, cada contexto é construindo sobre o alicerce do discurso historiográfico. “Em história, na maioria das vezes, lidamos com sociedades e comunidades para as quais o passado é essencialmente o padrão para o presente”.15 “Teoricamente, cada geração copia sua predecessora até onde seja possível, e se considera em falta para com ela na medida em que falha nesse intento”.16 Por outro lado, “claro que uma dominação total do passado excluiria todas as mudanças e inovações legítimas, e é improvável que exista alguma sociedade humana que não reconheça nenhuma delas”.17

Talvez as divisões que separam “campo” e “cidade” estão construídas no sentido fluido quando relacionado à antiguidade Clássica, contudo, quando impulsionadas pela Revolução Industrial inglesa são condicionadas a conceitos teóricos que variam de acordo com a realidade e grau de desenvolvimento que se encontram, ora atrasados, ora desenvolvidos, o que varia relativamente. Porém, o que se entende por “campo” e “cidade”, e, de como são entendidos, se deve pelo fato de serem constituídos por suas diferenças firmadas por elementos e distintos por suas “aparências”. É discutível as suas separações, provavelmente, pensam em tais termos desde o contexto da Antiguidade Clássica e, ao longo dos tempos, esses dois tipos de comunidade humana ganharam um novo cenário por interferência da revolução industrial inglesa em companhia com o sistema capitalista, num mundo em constante transformação com as sociedades vigentes.

Apesar de passados três séculos, tem-se ainda o predomínio dessa visão dicotômica de ambos os espaços, o que se pode evidenciar segundo Solares18, a abrangência não só no meio acadêmico, e principalmente, no senso comum das pessoas que veem sempre o rural como atrasado e o urbano como moderno e desenvolvido19. Isso, possivelmente impulsiona o movimento de utopias e o constante fluxo de pessoas migrando para ambos universos.

No proceder das pesquisas, pude identificar que o processo de migração de famílias oriundas dos espaços ribeirinhos impulsionou o aumento das áreas urbanas de Breves, e isso causou um inchaço demográfico. É na ideia de espaço em mudança que se desenvolve este trabalho. Uma das questões ônus aqui tratada se baseia numa pretensão de abordar um breve ensaio sobre o processo de dinamização da geografia do município de Breves.

Em Breves aconteceu uma possível tendência de industrialização. A exploração dos recursos naturais impulsionou o processo de urbanização no espaço desta urbe. Pessoas migravam do campo e de outros lugares para as áreas “ditas” urbanas. Houve um inchaço populacional no município, e não houve uma infraestrutura que adequasse a cidade ao novo contingente habitacional. A cidade crescia constantemente por influência da economia extrativista, o que intensificou o seu processo de urbanização. Algumas indústrias madeireiras instaladas no município forneciam empregos e complementavam a economia do município.


Imagem 02 - Foto do porto de Breves com toras de madeiras para serem beneficiadas nas indústrias madeireiras, na década de 1960. A madeira era o símbolo da economia de Breves, imagem pertencente ao arquivo da Biblioteca Eustórgio Miranda.

A demografia crescia quando aumentava a renda do município e a procura dos produtos extrativistas. A madeira era a matéria prima mais solicitada. O município de Breves era e ainda é rico em recursos naturais, porém, as riquezas naturais extraídas eram levadas para outros lugares do Brasil e do globo terrestre. Sobrava para a população uma pequena parcela dessa economia, renda obtida pela força do trabalho de citadinos que atuavam em diversas funções, dentro e fora das indústrias, trabalhando no beneficiamento da madeira.


Imagem 03 - Madeireira local na década de 1970, imagem pertencente ao arquivo da Biblioteca Municipal Eustórgio Miranda.

Ao analisarmos a foto, é possível perceber as condições de trabalho destinadas aos trabalhadores que atuavam nas empresas madeireiras da época. A comercialização da madeira foi fundamental para a economia do município.

Na década de 1980 e nas seguintes, o crescimento populacional se tornava uma problemática a ser resolvida. É possível imaginar que, a grande maioria de famílias que se deslocam para a cidade, se instala nas periferias ou em lugares particulares, o que se condiciona um fator, pois além de ocorrer um inchaço populacional, influencia diretamente num crescimento não planejado dentro do espaço da urbe. Nesse sentido, Segundo Leão:

Por meio dos depoimentos, observamos que o remodelamento da cidade realizada pelas diferentes administrações ao longo de décadas modificou sensivelmente a paisagem da cidade na área central, emprestando-lhe uma nova fisionomia: pavimentação de ruas, melhoramento do sistema de iluminação elétrica público, reforma de prédios públicos, construção de novos edifícios adequados à nova realidade econômica, no entanto a população que começava a ocupar os paços mais periféricos não sentia melhorais na qualidade de vida.20


Imagem 04 - Fotografia da pavimentação de parte da orla da cidade, pertencente ao arquivo da Biblioteca municipal Eustórgio Miranda.

Cumpre observar que, migração também é sinônimo de crescimento demográfico, e um problema político e social quando há a ausência de projetos políticos destinados a tratarem de questões dessa natureza, gerando inevitavelmente, o aumento das mazelas sociais visíveis na sociedade brevense. Outra problemática reflete na questão da economia do município, pois com a intensa exploração de seus recursos naturais, a riqueza produzida no município deveria ser utilizada para o melhoramento da qualidade de vida da população, o que não aconteceu da forma como deveria proceder. No entanto, vale ressaltar que, a exploração dos recursos naturais foi sine qua non21 para o processo de urbanização do município de Breves. A industrialização foi uma experiência que não acompanhou o modismo ocorrido em outras cidades amazônicas como aponta Dione Leão:

Isso mostra que o processo de urbanização ocorrido em Breves, a exemplo de outras cidades amazônicas, não decorreu da industrialização, como nas grandes metrópoles do restante do país, mas de um processo de exploração dos recursos naturais. Em meados de 1970, a extração e beneficiamento da madeira reforçaram desigualdades históricas existentes entre segmentos sociais privilegiados e oprimidos, conforme verificado nos depoimentos orais.22

Para um município em desenvolvimento, com a tendência de progresso, Breves, como a maioria das Cidades da Região do Marajó não possuía legalizada a área patrimonial onde estava assentada a Cidade.

Assim, a Prefeitura Municipal não podia emitir títulos de propriedade dos terrenos da área urbana o que a impedia de taxar e cobrar o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). Ninguém podia alegar ser proprietário de um palmo de terra, na área urbana.

Com a ascensão à PMB do advogado e professor Gervásio Bandeira Ferreira em 1983, o novo gestor municipal preocupado com a situação, encetou esforços no sentido de legalizar a área em que ficava localizada a Cidade de Breves.

Depois de muitas viagens a Belém e um longo processo de negociação com o ITERPA e Governo do Estado, finalmente no dia 11 de julho de 1985 a Cidade de Breves conseguiu a legalização de sua área patrimonial, com a assinatura pelo então governador do Estado, Jader Fontenele Barbalho, do TITULO DEFINITIVO DE Nº. 062, que deu à Municipalidade a propriedade da terra em que se acha assentada a Cidade, cuja área é de 2.839 ha45a09ca.

A partir do Registro do Documento no Cartório de Registro de Imóveis da Cidade de Breves, dia 30.01.1986, Breves teve sua área patrimonial urbana legalizada, passando a PMB a poder emitir títulos de posse dos terrenos, àqueles que possuíam somente a benfeitoria ou a posse.

A PMB pôde emitir os Carnês para a cobrança do IPTU, cadastrando os proprietários dos terrenos da área urbana.23

A legalização da área patrimonial do município estava juridicamente acertada, a tendência que Breves tinha para crescer era inevitável. Com a delimitação da área patrimonial do município, divisões emergiram no centro da área urbana de Breves. Essa divisão mostrava o quanto existiam diferenças de classes sociais, ruas e bairros refletiam nessas divisões.

Os bairros reservados aos trabalhadores se encontravam em situações precárias, as condições básicas de saúde e alimentação eram inexistentes, um dos fatores que contribuía para o aumento dessa realidade, era o grande crescimento da população desses bairros.

Em Breves, de certa forma, houve uma pressão propiciada pela expansão urbana para construir prédios modernos e retirar habitações tradicionais da área central. Verificamos essa tendência desde a década de 1940, quando o prefeito João Pereira Seixas sancionou uma lei municipal24, que dava a preferência para a aquisição das casas de propriedade da prefeitura, localizadas na área central da cidade, para os funcionários municipais, os quais, ainda, podiam contar com o benefício de pagar em muitas prestações mensais, ajustadas a seus vencimentos. Ou seja, grupos de funcionários públicos beneficiavam-se de privilégios políticos para adquirir patrimônio na área central da cidade, expulsando imigrantes sem apadrinhamento político para as áreas periféricas.25

Dentro do espaço da urde, às vezes, casa e rua pode definir a classe social de seus habitantes.

As melhores residências localizadas na área portuária e nas principais ruas do centro como a Dr. Assis, Parte da Castilhos França e a Avenida Rio Branco, eram construídas de madeira de lei de segunda linha, provenientes das empresas do ramo implantadas na cidade, já que a madeira de primeira linha era do tipo exportação, cuja venda era restringida à população local. As casas da área central eram, na sua maioria, cobertas com telhas de barro, mas somente um número reduzido de famílias residiam em casas de alvenaria, pois construções desse tipo eram privilégios de órgãos públicos e privados[...].26

O espaço urbano de Breves se expandia. É sabido expor que na década de 1980, segundo a historiadora Dione Leão:

Em 1980 a cidade experimentava novos limites. O então prefeito Gervásio Bandeira providenciou a construção de conjuntos de casas populares no recém formado bairro da Castanheira e Aeroporto, que apesar da nomenclatura, em nada se pareciam com os modelos implantados à época nas capitais brasileiras, pois ao invés de construções de alvenaria e cobertura de telhas de brasilit, a madeira e a palha de “ubussu”, foram as matérias primas utilizadas reforçando um padrão de habilitação tradicional dos espaços ribeirinhos.27

No seu primeiro mandato (1983 – 1988), ao fazer sua prestação de conta, Gervásio Bandeira expos nos seus feitos a abertura do Bairro da Castanheira, com o remanejamento dos habitantes da chamada “beira da vala”, para local alto e seco, livres das enchentes, com abertura de 4 novas ruas, sob a responsabilidade da divisão de urbanismo. Colocando também uma doação de terrenos, com área de 8 x 25 metros, e construções de 182 casas, de madeira, em regime de mutirão, no novo Bairro da Castanheira. A PMB doou o material de construção (à exceção do telhado) assumindo o dono do terreno a responsabilidade pela construção em parceria.

Na dinâmica do tempo, encontros de temporalidades podem ser vistos na rua, e sobre ela, imagens podem narrar essa dinâmica.


Imagem 05 - Foto de momentos da pavimentação Avenida Rio Branco, pertencente ao arquivo da Biblioteca Eustórgio Miranda.


Imagem 06 - Foto da Avenida Rio Branco em 2010, pertencente à Anazildo Almeida.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1980/2010(1).

O gráfico acima mostra estatisticamente dados sobre a população brevense e o seu crescimento demográfico desde início o censo até o último, em 2010(1). Percebe-se que houve um aumento de 37,121 no numero de habitantes locais referentes somatórias do censo de 1980 até 2010(1).28 O número de citadinos podem indicar fatores que envolvem o crescimento urbano e possivelmente a necessidade de expandir novas áreas, outrora não ocupadas, ou até mesmo construir outros anexos habitacionais como tentativa de igualar o crescimento da cidade, impulsionado pelo aumento demográfico. No exercício de sua função como prefeito do Município de Breves (1983 – 1989), e agora como ex-prefeito do município de Breves, Gervásio Bandeira Ferreira, narra como se deu o crescimento dos Bairros de Breves.

(...) os bairros foram crescendo e criados na década de 1980 para cá [2014]... O Bairro da Cidade Nova foi começado no início da década de 1980 quando o Estado desapropriou em meados de 80 (...). Quando “eu” em 83, o transformei realmente em bairro da Cidade Nova com a legalização da área patrimonial de Breves... legalizamos a área patrimonial com 3.000 hectares e os terrenos da Cidade Nova, depois o Bairro Santa Cruz, depois o Bairro Aeroporto, Bandeirantes... Aí criamos o Bairro Castanheira, depois o Bairro Santa Cruz.29

É relevante a exposição sobre a importância da imagem da cidade como representação enquanto metáfora social. Tal representação evoca um sentido de origem, de identidade, de um passado possível.

Ao inventar o passado, contando a história de suas origens e de seu percurso no tempo para explicar seu presente, a cidade constrói seu futuro, através de projetos e visões de mundo que apontam para um depois, seja como ficção científica, seja como planejamento urbano. A modernidade urbana propicia pensar tais tipos de representação: aqueles referentes aos planos e utopias construídas sobre o futuro da cidade, inscrevendo uma cidade sonhada e desejada em projetos urbanísticos. Realizados ou não, eles são a inscrição de um pensamento sobre a cidade e, logo, são matérias da história, porque fazem parte da capacidade imaginária de transformar o mundo. Assim como pensa o seu futuro, a cidade inventa o seu passado, sempre a partir das questões do seu presente. Nesse processo imaginário de construção de espaço-tempo, na invenção de um passado e de um futuro, a cidade está sempre a explicar o seu presente. Com isso, acaba por definir uma identidade, um modo de ser, uma cara e um espirito, um corpo e uma alma, que possibilitam reconhecimento e fornecem aos homens uma sensação de que possibilitam reconhecimento e fornecem aos homens uma sensação de pertencimento e de identificação com a sua cidade.30

A coerência dessa lógica complexa está associada a uma inter-relação entre o urbanismo e a configuração da cidade. Em meio aos processos de urbanização, é sabido frisar que, durante quatro décadas, Breves experimentou significativas mudanças em seu panorama urbano, o que influenciou uma dinamização em seu panorama geográfico. Uma delimitação de espaço e cultura está associada à vida urbana. É preciso articular as melhores proposições em favor de um meio urbano, e democrático. Essa “cidadania” urbanística possivelmente pode ser visível nos planejamentos urbanísticos de Breves. Também percebe- se que, o processo de arborização do meio urbano do município atende a padrões que incluem práticas culturais e históricas.

Asfalto, cimento e árvores foram três elementos usados para o “embelezamento” da área urbana de Breves. As principais ruas foram enfeitadas com árvores diversas, seguindo o mesmo padrão de Belém, uma tendência de modismo que seguiu a metrópole. O processo de arborização de ruas seguiu a lógica de Antônio Lemos, desde as palmeiras imperiais plantadas em frente da orla da cidade, até os jambeiros residentes em diversas vias do município.

Com o tempo, as árvores cresceram e se tornaram um dos símbolos da cidade, e foram condicionados à cultura dos brevenses. Um paralelo feito entre Breves e Belém, mostrará algo em comum, a cultura de degustar os frutos de árvores plantadas nas ruas.

Quantas vezes a gente encontra um transeunte “chupando” manga oferecida naquele instante pela generosidade da natureza! Chupar é bem o termo, porque isto exige a abertura de pequeno orifício numa das extremidades da fruta, por onde a pessoa sorve o delicioso néctar, ao mesmo tempo que comprime as suas massas carnudas. “Chupar” manga é uma usança que se incorporou ao modo de ser do belenense.31

A cultura de “chupar” a manga é um traço marcante dos belenenses e também faz parte da cultura dos brevenses. É bem verdade que, os jambeiros dominam a maioria das principais ruas de Breves. Os jambeiros são um dos símbolos deste município. No tempo dos frutos, as árvores ficam sobrecarregadas deles. Há quem sente na beirada da rua para apreciar os frutos que caiem no chão, ou mesmo sobem ou jogam “pedras” para adquirir os frutos maduros. Em relação a essa linha de raciocínio, Anaildo, morador local argumentou que:

Quando criança, eu e meus amigos íamos para a Avenida Rio Branco jogar, e quando era época do “jambre32”, a gente ia cedo, umas 5 da tarde. Quando o “jambre” ainda estava meio verde, nós levávamos sal para dar gosto. Subíamos nos “jambreiros33”, ou, quando não jogávamos pau. E não era só a gente, ia muita gente tirar “jambre” na Avenida. Até hoje em dia a molecada, no tempo do “jambre” não dá tempo. Naquela época, antes da avenida ser asfaltada, ali era um lugar de se praticar esporte. Futebol ou pelada como alguns falam. O lugar mais privilegiado para se jogar era na frente do Santo Agostinho. Até apostas valendo dinheiro ou “chopp” eles apostavam. Alguns times eram rivais e até saia briga às vezes. Tinha dias que lotava a Avenida de gente querendo jogar bola. Mas também tinha a frente da Igreja do Perpétuo Socorro e em frente do Miguel Bitar. Não tinha quase automóveis na cidade, motos eram pouquíssimas e era mais bicicletas mesmo. Como éramos pequenos, o pessoal mais velho quando chegava para jogar bola, expulsa os menores, o jeito era cai matando no “jambre”. Quando os “jambres” estavam maduros a gente ia para a Avenida ou aonde tivesse um “jambreiro” cheio, e fazíamos a festa. Uns iam só comer mesmo, outros iam com sacas plásticas para levar para as suas casas e outros tiravam “jambre” para vender. Muitos “jambreiros” foram derrubados, mas até hoje existem grande quantidade espalhados por Breves.34

O fruto é bem degustado e apreciado pelos seres brevenses. Diante disso, Breves é a urbe dos jambeiros, em relação à quantidade de árvores plantadas nas ruas, e pela familiaridade que os seres brevenses tem com o jambeiro.


Imagem 07 - Foto da Avenida Rio Branco, em agosto de 2014, imagem pertencente à Anazildo Almeida.

As árvores são elementos que trazem para a cidade um vestígio da natureza, e suas sombras protegem os transeuntes do calor. São elas que têm a responsabilidade de resgatar uma visão do campo, do rural, do mato que cobria as passagens que agora dão lugar ao título de ruas e avenidas.

A imagem da cidade ao longo dos tempos é moldada sobre a ótica do urbanismo. Areia e lama são substituídos por cimento e asfalto. No entanto, numa tentativa de mostrar a rua como sendo um lugar pacífico e alegre se reflete na ideia de ornamentação da mesma. As pessoas costumam cultivar flores e outros tipos de plantas para “enfeitar” a frente de suas casas, e deixar a rua com aparência de pacata e harmônica. A prática de “enfeitar” a frente de casas e beiras de ruas é uma prática cultural difundida no município de Breves.

Imagem 08 - Foto da Rua Justo Chermont na década de 1970. Percebe-se que a rua estava coberta pelo o mato, imagem pertencente ao arquivo da Biblioteca Eustórgio Miranda.
Imagem 08 - Foto da Rua Justo Chermont na década de 1970. Percebe-se que a rua estava coberta pelo o mato, imagem pertencente ao arquivo da Biblioteca Eustórgio Miranda.


Imagem 09 - Foto da Rua Justo Chermont, em 2015. Imagem pertencente a Anazildo da Gama Almeida.

Ao analisarmos as fotos acima, podemos deduzir que o meio urbano está modificando a imagem do lugar. Nas pesquisas de Dione Leão, as mudanças ocorridas em Breves não tiveram uma positividade geral para o município, isso implicou na perda de algumas referências da cidade e, a negatividade da figura dos governantes:

Durante o período em estudo, o momento dessas mudanças foi experimentado como perda de referências das paisagens e dos costumes da cidade. Alguns entrevistados, sensibilizados pela destruição que o desenvolvimento da cidade implicava, dedicaram-se a relatar o que desaparecia, detiveram-se sobre os vestígios da cidade antiga que desmoronavam diante do capitalismo trazido com a expansão do negócio madeireiro. Assumiram uma postura crítica em relação aos governantes e empresários que provocaram a “descaracterização” ou “destruição” de prédios públicos.35

A cidade cresceu, cresce e, talvez ela nunca cesse de crescer. Certamente o processo nunca acabe, e talvez a história de Breves nunca termine de fato. Possivelmente, o tempo mostra essa dinâmica, pois muitas cidades convivem em uma mesma cidade, já alertara Calvino em sua poética e já clássica obra.36


Imagem 10 - Foto da Avenida Rio Branco, em dezembro de 2018, imagem pertencente à Anazildo Almeida.

As ações humanas podem mudar o passado e a memória do espaço, por isso faz-se necessário compreender esse processo. A Breves de outrora existe e resiste nas memórias de seus moradores. As mudanças nem sempre são sinônimos de perdas ou de destruições de um passado vivido, os Jambeiros são provas dessa resistência.

4. REFERÊNCIAS

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COSTA, João Batista Ferreira da. Terra dos Breves. 1ª Edição: Breves-Pará-Brasil. Smith Produções Gráficas LTDA. Belém-Pará, 2000.

COSTA, José Wilson da, OLIVEIRA, Mª. Auxiliadora Monteiro. (Org.). Novas linguagens e novas tecnologias: educação e sociabilidade. Petrópolis: Vozes, 2004.

HOBSBAWM, Eric. O sentido da História, In: sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 22 a 35.

HOBSBAWN, Eric. RANGER, Terence. A Invenção das Tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.

IBGE – Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico. Histórico do município de Breves. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 22 jan. 2010.

IBGE – Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico. O município e o seu contexto. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 20 jan. 2010.

LEÃO, Dione do Socorro de Souza. O porto em narrativas: experiências de trabalhadores, moradores e frequentadores da área portuária em Breves-PA (1940-1980) / Dione do Socorro de Souza Leão – 2014. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia, Belém, 2014.

PEREZ, Edelmira C. Hacia una nueva vision de lo rural. In: GIARRACCA, Norma. (Org.). Una Nueva Ruralidad em América Latina? Buenos Aires: Asdi / Clacso, 2001, pp. 17-30.

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FONTES UTILIZADAS

  1. ENTREVISTAS

  1. Anaildo da Gama Almeida, 31 anos, autônomo, realizada em 2014.

  2. Gervásio Bandeira Ferreira, nasceu em Santarém, importante cidade do oeste paraense, em 5 de março de 1949. Foi Prefeito de Breves durante dois períodos. O primeiro mandato foi entre 1983 e 1988, e teve como vice o empresário Ivan Leão. A segunda gestão aconteceu entre 1997 e 2000, e teve como vice o empresário Doth Custódio. Desde de janeiro de 2009, ocupa o cargo de Secretário Municipal de Projetos e Convênios (SEPROCON).

1 IBGE – Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico. Histórico do município de Breves. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 15 e julho de 2016.

2 Idem.

3 IBGE – Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico. Histórico do município de Breves. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 15 e julho de 2015.

4 IBGE – Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico. O município e o seu contexto. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 16 de julho de 2016.

5 BRAGA, Theodoro. O Município de Breves - 1738-1910. Belém: impresso pela Empreza Graphica Amazônica, 1919, p. 05.

6 PONTE, Karina Furini da Ponte, (Re) Pensando o Conceito do Rural diante das transformações dos espaços, nesse caso, ou rural (PONTE, 2010, p. 21).

7 PEREZ, Edelmira C. Hacia una nueva vision de lo rural. In: GIARRACCA, Norma. (Org.). Una Nueva Ruralidad em América Latina? Buenos Aires: Asdi / Clacso, 2001, pp. 17-30.

8 O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de quantificar a atividade econômica de uma região. Na contagem do PIB, considera-se apenas bens de consumo de intermediário. Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB.

9 Perez analisa as mudanças ocorridas nos centros urbanos e rurais dando ênfase na Revolução Industrial (PONTE, 2010. P. 21.).

10 PEREZ, Edelmira C. op. cit., 2001, pp. 17-30.

11 WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Cia. Das Letras, 1988.

12 Idem.

13 Raymond Williams, a partir de analises da literatura inglesa, descreve e associa as comunidades humanas (campo e cidade) conectadas à experiência historicamente variada, e argumenta sobre a Revolução Industrial como sendo determinante para a transformação e industrialização ocorrida tanto no campo quanto na cidade (WILLIAMS, 2011, p. 12-13).

14 Hobsbawn se refere à Revolução Industrial como processo tardio (HOBSBAWN, 2009, p. 50).

15 Idem.

16 Cada contexto possui a sua especificidade. O passado serve para reflexão sobre a realidade (HOBSBAWN, 1998, p. 22).

17 Idem.

18 SOLARES, C. J. Lo rural y lo urbano: uma reflexión em torno a su definición. In: Avances de investigacion. Universidad Autónoma de Chapingo. Sociologia Rural, nº1, p 5-28. Chapingo, p. 5-28, 1998.

19 Ponte à luz de solares explicita que, ainda complexo falar sobre o rural e o urbano, sobre o atrasado e o desenvolvido, é preciso analisar e aprofundar estudos sobre essas duas realidades (PONTE, 2010, p. 22).

20 LEÃO, Dione do Socorro de Souza. O porto em narrativas: experiências de trabalhadores, moradores e frequentadores da área portuária em Breves–Pa (1940-1980), 2014, p. 44.

21 Sine qua non é uma locução adjetiva, do latim, que significa “sem a qual não”. É uma expressão frequentemente usada no nosso vocabulário e faz referência a uma ação ou condição que é indispensável, que é imprescindível ou que é essencial. “Sine qua non” é uma locução com que qualifica uma cláusula ou condição sem a qual não se conseguirá atingir o objetivo planejado, sem a qual determinado fato não acontece.

22 Por meios dos depoimentos, Leão analisa o remodelamento da cidade realizado pelas diferentes administrações ao longo de décadas, o que modificou sensivelmente a paisagem da cidade. Ao longo do seu trabalho textual, autora percebe por meio de narrativas que, o processo de urbanização ocorrido em Breves não decorreu exclusivamente da industrialização, mas, de um processo de exploração dos recursos naturais do município (LEÃO, 2014, p. 44).

23 COSTA, op. cit., p. 50.

24 Segundo a lei nº. 3 de 19 de Agosto de 1948.

25 LEÃO, Dione do Socorro de Souza. O Porto em narrativas: experiências de trabalhadores, moradores e frequentadores da área portuária em Breves – PA (1940 – 1980), 2014, p. 40.

26 Idem.

27 Idem.

28 Fonte: IBGE, censo demográfico 1980/2010 (1), referente ao crescimento da população no município de Breves entre os anos de 1980/2010 (1). Disponível em: <http://www. Ibge.gov.br > Acessado em: 19 outubro de 2016.

29 Trecho da entrevista com Gervásio Bandeira (prefeito em 1983 a 1987), realizada no dia 21 de fevereiro de 2014.

30 Rev. Bras. Hist. Vol.27 no. 53 São Paulo Jan./June 2007. p. 06.

31 TOCANTINS, Leandro “AS mangueiras, as mangas, as estradas de mangueiras”, in: Santa Maria de Belém do Grão-Pará: instantes e evocação da cidade: Belo Horizonte: Italiana Limitada, 1987, p. 34.

32 Jambo-vermelho (Syzygium malaccense) é uma fruta originária da Malásia, país que se localiza no sudeste da Asia. Informação disponível em: http://acao.uol.com.br > acesso em 12 de dezembro de 2018.

33 Jambeiro-vermelho. No Brasil, essa árvore pode ser encontrada nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, sendo que no Nordeste essa árvore é conhecida por muitos como “eugênia”. Informação disponível em: http://acao.uol.com.br > acesso em 12 de dezembro de 2018.

34 Anaildo da Gama Almeida, 31 anos, autônomo, realizada em 2014.

35 Possivelmente, a perda de referências das paisagens dos costumes da cidade criou certos sentimentos de frustração dos moradores locais, mostrando que a urbanização nem sempre é aceita pelo meio urbano (LEÃO, 2014, p. 34-35).

36 Calvino, Ítalo. As suas cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

Por Anazildo da Gama Almeida *Formado em Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Formando em Pós-Graduação em Historia Social e Geografia da Amazônia Pela FIG (Faculdade Integrada de Goiás).

Orient. Prof. Me. Dione do Socorro de Souza Leão


Publicado por: Anazildo da Gama Almeida

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