A Alemanha nas duas guerras mundiais.

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1. Resumo

No século 20, presenciamos dois eventos cruciais para as mudanças no quadro geopolítico alemão: a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. Mas em que pontos tais mudanças poderiam afetar um país que vinha surgindo como potência europeia naquele período. Nessa pesquisa , veremos brevemente como a Alemanha deixou de ser um país relativamente forte economicamente e militarmente para se tornar um exemplo de fracasso quando se trata de grandes conflitos, e também analisar o que ficou estabelecido no cenário político mundial, após a derrota dos alemães nos dois conflitos, o que os tratados assinados acabaram tirando do povo alemão.

Palavras – chaves: conflitos, Alemanha, guerras, derrota.

Abstract

In the 20th century, we witnessed two crucial events for changes in the German geopolitical framework: the First and Second World Wars. But at what points could such changes affect a country that was emerging as a European power at that time. In this survey, we will briefly look at how Germany has moved from being a relatively strong country economically and militarily to becoming an example of failure when it comes to major conflicts, as well as analyzing what was established on the world political scene following the defeat of the Germans in the United States. two conflicts, which the signed treaties ended up taking from the German people.

Keywords: conflicts, Germany, wars, defeat.

2. Introdução

As duas Grandes Guerras Mundiais foram dois eventos que marcaram muito o cenário histórico, geopolítico e social da Alemanha no século XX, pois uma nação que estava surgindo como império se viu na ruína num intervalo de menos de 30 anos.

Nessa pesquisa será levantada a questão da Alemanha nos dois conflitos, será levantado também como os alemães eram estruturados politicamente, economicamente e militarmente naquele período e também como as sanções impostas nos dois conflitos afetaram de maneira direta o padrão de vida dos alemães.

Aqui será feito um paralelo apontando as semelhanças e as diferenças dos dois conflitos, relacionando-o com o contexto mundial naquele período estabelecendo assim uma conexão entre o presente e o passado, claro, historicamente falando.

Essa pesquisa é de cunho próprio, uma vez que a linguagem aqui abordada será uma linguagem simples, porém formal facilitando o entendimento de todo mundo.

3. Fundamentação teórica

O século XX foi marcado por grandes acontecimentos históricos que abalaram o cenário político internacional. Guerras, revoluções, acidentes nucleares, a corrida espacial foram apenas alguns dos principais fatos que ocorreram nesse período da história mundial contemporânea. Essa pesquisa irá nos mostrar como dois dos principais conflitos da história mundial, em momentos distintos influenciaram todo o mundo, fazendo com que entendemos o quanto um regime pode influenciar na formação moral e sociais dos indivíduos. Aqui falaremos sobre as duas grandes guerras mundiais de uma maneira mais detalhada para estabelecer relações entre os dois conflitos e entender como elas influenciaram na ordem mundial como a conhecemos hoje.

Para entendermos tudo isso iremos relacionar os dois conflitos com o intuito de estabelecer alguns paralelos para nossa pesquisa.

Em entrevista ao portal de notícias G1, o professor Manuel Affonso relata que a massacrante derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) causou um clima favorável para o início da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).

Mas se pensarmos bem como uma nação expansionista como o Alemanha, que ficou famosa por anexar vários territórios saiu arrasada nos dois conflitos mundiais e como esses fatos históricos mudaram a ordem mundial naquela época?

Para entendermos essa questão temos que entender que a história das Duas Guerras Mundiais é unida pela história da Alemanha. Mas o que uma coisa tem a ver com a outra.

Iniciada em 1914, a Primeira Guerra Mundial, não foi uma guerra de nações, e sim de blocos de nações imperialistas e industriais. Como era de se esperar na época da Revolução Industrial, a Europa serviria como um grande laboratório de fabricação de armas novas para a época. Como resultado disso , as mortes durante o conflito foram mais contundentes. Armas como a granada de mão, os tanques de guerras, os lança-chamas surgiram tudo durante o conflito, e consequentemente a capacidade de devastação era devastadora.

Em 1918, após ser derrotada no conflito, a Alemanha foi humilhada pelo Tratado de Versalhes. O foco era inviabilizar economicamente a Alemanha que tinha que se render sem ter um soldado sequer em seu território, além de ter que reduzir sua frota mercante e seus investimentos na área militar, tendo que limitar a sua tropa em apenas 100 mil homens. No período pós-guerra, com a crise de 1929 em Nova York, o povo alemão entrou em desespero, pois antes de 1918 o marco ele era valorizado, com a crise ele se desvalorizar tanto que chegou ao ponto de que um dólar americano passou

a valer quatro trilhões de marcos alemães. Isso gerou além da fome, uma dor aguda, que é muito bem trabalhada pelos partidos que queriam um cenário favorável para a criação de um novo conflito.

As consequências da Primeira Guerra criaram o ambiente necessário para o surgimento da Segunda Guerra por vários motivos, que se tornou cada vez mais próxima com a criação do Partido Nazista. Por duas vezes, em 1925 e 1932, respectivamente o partido tentou assumir a presidência da Alemanha

sem êxito algum, mas em 1933 um certo austríaco chamado Adolf Hitler, assume a chancelaria alemã, contra a vontade do presidente reeleito, que temia o violento discurso do partido nazista. O fato aconteceu por causa da enorme pressão dos industriais alemães com medo de um possível avanço soviético bolchevista no país.

Durante esse período o que se viu foi o autoritarismo, o nazismo e a propaganda. O chefe da propaganda, Joseph Goebbels, trouxe muitas novidades para a sociedade alemã nesse período. Tem um lema na propaganda assim: “um povo, uma nação, um guia”.

Em 1934, Hitler torna-se fuhrer oficial do país, ele estava no topo, mas como o ditador nazista era muito ambicioso para ele não era o suficiente governar toda a Alemanha, ele queria dominar todo o mundo. Em 1939 ele resolve invadir a Polônia, surgia assim a Segunda Guerra Mundial. O novo conflito seria o mais sangrento de toda a história.

Os anos foram passando, o segundo conflito perdurou por 6 anos. A Alemanha até então, por onde lutava e vencia ia anexando territórios dando demonstração de seu poderio. Países como Áustria, Polônia, e alguns outros países. Para Hitler, os inimigos tinham que ter medo da raça alemã, a qual ele considerava ser superior sobre as demais. Quem eram contrários ao regime, era perseguido e duramente repreendido. Essa demonstração de poder atraiu países totalitários que eram contra o Estados Unidos. Um desses países foi o Japão, o qual teve um papel muito importante no conflito mundial.

O conflito mundial trouxe consequências também aqui no Brasil. O presidente Getúlio Vargas tinha uma relação bilateral com os Estados Unidos e a Alemanha respectivamente. Pois dependia da importação americana e ao mesmo tempo dependia da Alemanha, visando o desenvolvimento industrial do país . Contudo os alemães insatisfeitos com a posição intermediária do Brasil mediante o conflito, resolve bombardear navios na costa brasileira. A população insatisfeita com isso cobra uma postura do presidente, pressionado diante disso, ele declara guerra às potências do Eixo. Foi assim que nosso país entrou no conflito.

Segundo alguns estudiosos, os dois conflitos cada um com suas particularidades trouxe uma gama de acontecimentos e fatos que marcaram de uma por toda nossa perspectiva de mundo. A Primeira Guerra ficou

marcada por ser uma guerra de blocos enquanto a Segunda Guerra ficou marcada por ser um conflito mais armado, um conflito intercontinental.

Tem um livro de Adolf Hitler chamado Mein Kampf (Minha Luta), no qual ele expressa ideais antissemitas, racialistas , de extrema direita, com ideais anticomunistas, afinal nesse livro encontra -se os principais princípios do regime nazista.

4. Metodologia

Essa pesquisa foi elaborada através de uma cautelosa investigação dos fatos que antecederam as Duas Grandes Guerras. Foram usadas nessa pesquisa inúmeras plataformas virtuais que de maneira simples, procurei sintetizar o mínimo possível de informações sem fugir do tema proposto nessa pesquisa.

Procurei analisar os dados de forma detalhada com o intuito de definir com precisão as informações levantadas em meu trabalho. Pesquisei em livros didáticos, sites da internet, vi alguns documentários e tentei estabelecer um panorama de pesquisa de acordo com os recursos aqui a mim conferidos.

Foi aplicado o tipo de pesquisa de busca de dados, a qual a gente faz uma análise preliminar do tema proposto e tenta reunir a maior quantidade de informação possível para compreensão do leitor.

Em sala de aula, discute-se sobre os nuances que levaram a Europa e, posteriormente, o mundo a um conflito de proporções épicas, dá -se ênfase às lutas de classes, aos interesses políticos, econômicos e pessoas que envolveram aos momentos do pré-guerra, guerra e pós-guerra. Sendo portador deste material, foi proposto uma problematização sobre o período pré-guerra e a contextualização deste momento histórico. Estes questionamentos levaram os educandos a refletir e a se perguntar: Por que a Segunda Guerra Mundial ocorreu? Quem atuou? Que motivações, que ações e quais os agentes deste conflito ímpar?

Foram lidos alguns fragmentos de livros históricos, principalmente o Mein Kampf de Adolf Hitler, estudei também a sua biografia, a fim de tentar entender de todas as maneiras possíveis o que passava na cabeça do ditador alemão. Foi visto também alguns filmes sobres o tema, sendo o principal deles “A Lista de Schnidler”. Sendo assim, foi proposto como ponto de partida para o enfrentamento destes desafios, a problematização de filmes e a contextualização da produção cinematográfica em torno da Segunda Guerra Mundial, demonstrando que é possível usar o cinema como fonte

histórica e ressignificar as relações ensino aprendizagem, educador e educando.

O cinema possui muitas produções sobre o tema. Quem já ouviu falar em Indiana Jones. Na saga, o renomado arqueólogo embarca numa viagem rumo ao regime totalitário nazista com o intuito de proteger os achados arqueológicos para não caírem em mãos erradas.

Há quem diga que o uso do cinema como fonte histórica está obsoleta, mas discordo , um filme nada mais é do que uma mistura em o mundo real e a ficção sendo assim não vejo nada em obsoleto usar essa ferramenta fascinante como recurso pedagógico.

Pensando na dificuldade de estabelecer um paradigma de pesquisa, eu fiz tipo que uma sinopse dos principais filmes, e com minhas palavras procurei determinar um parâmetro de pesquisa de acordo com o tema desenvolvido.

Após 1945, com a Alemanha derrotada nos dois conflitos mundiais, e com isso o país acabou sendo dividido em duas partes: uma ocidental e outra oriental. Com isso houve um certo choque de ideologias que será mais explicado no desenvolvimento da pesquisa.

Não se esquecendo da Primeira Guerra Mundial, que culminou com a morte do imperador austro-húngaro Francisco Ferdinando, a Alemanha havia invadido o território anexando toda a área do Império Austro – Húngaro, mostrando cada vez mais seu poder como potência europeia.

Mas eis uma questão, como um exército tão poderoso como o alemão foi surpreendido no conflito em questão?

Em sala de aula, a historiografia não dá tanta ênfase na Primeira Guerra Mundial e sim para a Segunda Guerra?

A resposta é simples: Penso que uma das causas dessa discussão possa ser que alguns historiadores procuram tentar eximir a Alemanha de ser a causadora do conflito, mas cada pesquisador tem a sua opinião, uma vez que o conflito não foi só armado e sim uma guerra de documentos, porque a maioria dos documentos do conflito traziam à tona o que acontecia de verdade nas frentes de guerra.

Na sala de aula , segundo a Base Nacional Curricular , a gente só entra mesmo dentro da Primeira Guerra , quando realmente estamos cursando algum curso de Relações Internacionais ou História , em que através de uma análise criteriosa de textos, sites de internet e outros recursos fazemos uma análise preliminar e levantamos dados para comprovar e dar visibilidade na pesquisa.

5. A Alemanha na Primeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra Mundial foi o primeiro conflito que acabou se notabilizando o desenvolvimento bélico e armamentista da Alemanha, o que acabou lhe dando o status de “grande potência”. Mas se os alemães eram considerados uma potência militar, porque perderam o conflito e como os territórios que foram anexados ao então Império Alemão foram distribuídos aos vencedores do conflito através do humilhante Tratado de Versalhes. Para entendermos tudo isso, temos que entender o que foi o conflito que perdurou de 1914 a 1918.

A Primeira Guerra Mundial foi um conflito entre duas alianças opostas: a Tríplice Aliança ( composta por Alemanha , Áustria-Hungria e a Itália) e a Tríplice Entente ( composta por Reino Unido, França e Rússia), que durou de 1914 a 1918, que não só atingiu o continente europeu mas outros continentes também. Segundo os historiadores o estopim para conflito foi a morte do arquiduque da Áustria-Hungria, Francisco Ferdinando e a práticas de políticas imperialistas entre o Império Alemão, Império Otomano, o Império Russo, a Itália e a França, que acabou redesenhando o mapa europeu no cenário internacional.

Mas como um império tão poderoso como o alemão acabou sendo derrotado de maneira humilhante nesse primeiro conflito?

Tudo começou quando o Império Austro - Húngaro declarou guerra à Sérvia, os alemães que tinham tratado de defesa com os austro-húngaros acabaram declarando guerra aos russos e aos franceses que eram aliados dos sérvios. A Inglaterra honrou os acordos da Tríplice Entente e acabou declarando guerra à Alemanha.

O conflito foi chamado também de guerra de movimento, pois o exército alemão foi obrigado a lutar em duas frentes: a ocidental, contra a França, e a oriental, contra a Rússia.

Na frente ocidental, os alemães colocaram em ação o Plano Schlieffen, que consistia em invadir a França pelo Norte, passando pela Bélgica. A estratégia acabou pegando os franceses de surpresa, permitindo que os alemães avançassem até as proximidades de Paris. Os franceses só conseguiram impedir os alemães de avançarem mais com a ajuda dos ingleses.

Ficando em sua posição, os alemães começaram a segunda fase da guerra: a fase das trincheiras. Essa fase da guerra durou até o início de 1918.

Na frente ocidental, foram cavadas inúmeras trincheiras pelos exércitos em luta. As trincheiras alemãs ficavam a frente das trincheiras inimigas, sair das trincheiras era morte na certa. Com a situação indefinida em terra, os exércitos acabaram estendendo o conflito para o mar. Navios franceses e ingleses cercaram todo o litoral alemão, mesmo assim, diante de todas as dificuldades dos alemães em abastecer sua população, eles revidaram

com sua frota de submarinos. Estima- se que cerca de cinco mil navios ingleses e franceses foram afundados pelos alemães. A Inglaterra perdeu um terço de toda sua frota e alimentos chegavam com dificuldades em territórios franceses e ingleses.

6. A virada da guerra

Em 1917, a Alemanha demonstrava que tinha poder suficiente para vencer a guerra. Foi aí que os Estados Unidos entraram no conflito do lado da Entente, o mesmo lado da Rússia.

Durante os três primeiros anos de guerra, os americanos se mostravam neutros diante do conflito. Mas os americanos ficaram preocupados com uma eventual vitória alemã no conflito, o que acarretaria um enorme prejuízo ao país. Diante de tal medo, em abril de 1917, os americanos entraram no conflito.

A Alemanha foi ao mesmo tempo prejudicada e beneficiada nessa altura no conflito. Foi prejudicada porque os Estados Unidos tinham um exército forte e poderoso e era uma ameaça às ambições dos alemães e foi beneficiada com a saída da Rússia que era um inimigo forte, por causa da Revolução de 1917, cedendo assim muitos territórios a Alemanha.

Há quem diga que a Alemanha tinha tudo pra ganhar o conflito. Eles então foram batalhando, anexando cada vez mais território demonstrando de uma vez por todas a sua supremacia na Europa.

7. A capitulação da Alemanha e o Tratado de Versalhes

Em 1917, a população diante de condições insalubres de vida exigia o fim da guerra. Fome, racionamento, epidemias, alta dos preços das mercadorias, entre outros problemas causaram inúmeras manifestações em toda a Europa.

Em julho de 1918, o exército alemão, ainda tentou uma última ofensiva, mas sem sucesso. As tropas sofreram inúmeras derrotas e enquanto a população alemã passava fome, os Estados Unidos, mandavam alimentos para ingleses e franceses.

No final de 1918, revoltas populares na Alemanha crescem obrigando o imperador Guilherme II a renunciar. Em novembro do mesmo ano, diante de tanta pressão o governo alemão assina o armistício. As tropas alemãs saíram derrotadas e humilhadas do conflito. Era o fim da guerra.

Os vencedores do conflito, se reuniram em Paris de 1919, para criar um

tratado de paz, claro a ser aplicado à Alemanha, o grande perdedor da guerra. Esse tratado ficou conhecido como Tratado ou Paz de Versalhes, as quais seria impostas condições duras, severas e altíssimas indenizações a Alemanha e além de proibir os alemães de fabricar armas e fortalecer o seu exército e pagar indenizações aos vencedores, cedendo territórios e pagando também em dinheiro.

8. A economia alemã após a Primeira Guerra Mundial

A burguesia alemã temia, da mesma forma que a italiana, o estabelecimento do socialismo e, igualmente, exultou quando um ex-cabo austríaco do exército alemão, chamado Adolf Hitler, fundou um partido de extrema direita: o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista. Apesar desse nome pomposo, socialista dos trabalhadores, não era nem socialista nem dos trabalhadores. Era um partido antissocialista e defendia os interesses da burguesia alemã. Aos poucos, grandes nomes de indústrias alemãs, como Siemens e Krupp, foram se ligando ao nazismo através de financiamentos de atividades terroristas.

Uma das táticas utilizadas pelos membros do Partido Nazista era a violência, usada contra os partidos de esquerda ligados aos trabalhadores. Atividades terroristas também eram uma das táticas do Partido Nazista, tanto que foram fundadas por um dos mais importantes membros, Ernest Rhoem, chamadas a uma espécie de força militar particular do partido. Essa entidade se especializava em raptar líderes sindicais e matá-los.

Além do terrorismo, o Partido Nazista passou a usar, sistematicamente, um programa muito bem preparado de propaganda de massas. O partido nazista começou a crescer, principalmente depois de 1923, quando a França tomou a região do Rhur (região onde se concentravam as principais indústrias alemãs) para obrigar a Alemanha a pagar o resto das dívidas de guerra. Esse fato provocou uma inflação na Alemanha como jamais foi vista: 1 dólar, em outubro de 1923, chegou a valer 8 bilhões de marcos. Diante dessa situação, cresceu a agitação operária. Com a agitação, Hitler tentou organizar um golpe de Estado, chamado o Putsh da Cervejaria, em novembro de 1923. O golpe não deu certo e Hitler foi preso. Na prisão, escreveu a bíblia do nazismo, Minha Luta (Min Kampf), onde aparecem todas as teses racistas e antissocialistas.

9. A Subida de Hitler ao Poder e o Estabelecimento da Ditadura

Em 1925, subiu ao poder como presidente da república, o antigo marechal da Primeira Guerra, Von Hindenburg. Com ele, parecia que a Alemanha começava a sair da crise. No entanto, a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, arrasou com a economia alemã. O medo do socialismo voltou à cabeça da burguesia, pois a Alemanha explodiu em novas greves e agitações operárias. Para a burguesia alemã só restava uma alternativa de salvar o capitalismo: a ditadura nazista.

O partido nazista conseguiu grandes vitórias nas eleições parlamentares de 1932, mas não conseguiu a maioria. Então, da mesma forma que o fascismo italiano, Hitler, escorado pelos grandes industriais, foi convidado pelo presidente Hindenburg a ocupar o cargo de Chanceler (primeiro-ministro). Mas ainda existia a democracia na Alemanha, sendo necessária uma boa desculpa para liquidá-la. Em abril de 1933, o prédio do parlamento pegou fogo (Reichstag) e os nazistas puseram a culpa no partido comunista (foram os próprios nazistas os responsáveis pelo incêndio). A partir daí se instalou a mais sangrenta ditadura da História. O decreto da ditadura permitia à polícia política (Gestapo) a invasão da casa de qualquer pessoa sem ordem judicial e a escuta telefônica, acabando com a liberdade individual.

10. A Consolidação da Ditadura Nazista

O regime ditatorial nazista era um regime antipopular e somente as altas camadas da burguesia alemã usufruíam plenamente um momento de glória. Mas, como conseguir apoio popular para garantir a estabilidade?

Hitler sabia que para isso era preciso usar dois caminhos simultâneos: o da violência e o da propaganda.

O da violência consistia, entre outras coisas, em acabar com todo e qualquer elemento que pudesse ser um líder, em esmagar qualquer elemento que pensasse, pois poderia representar um perigo para o nazismo, em trucidar todos os elementos de esquerda que tivessem qualquer vínculo com os movimentos operários, em perseguir os judeus, que se transformaram num bode expiatório para desviar a atenção do povo.

Onde Hitler arrumava tanta gente para essas práticas? Hitler sabia que podia dar emprego a muitos desempregados, formando polícias especiais como as S.A. e as S.S. Sabia também que os pequenos proprietários, funcionários do comércio e pequenos funcionários públicos temiam o comunismo como o diabo teme a cruz e, por isso, apelava para esses elementos, que engrossavam as fileiras das S.S.. e das S.A.

O caminho da propaganda era tão importante quanto o da violência. Assim, Hitler confiou o papel de ministro do Reich para a educado do povo e propaganda a Josef Goebbels que se ocupara em conseguir o apoio necessário do povo ao regime nazista. Goebbels, muito habilmente, utilizava-se de uma série de símbolos de origens socialistas e comunistas e, nos discursos, atacava os capitalistas (no entanto, apoiava-se totalmente nos grandes industriais). Goebbels também idealizou grandes festas, desfiles com bandeiras e estandartes, grandes comícios e concentrações populares e distribuiu, demagogicamente, a chamada sopa dos pobres.

Hitler, ao sentir-se consolidado no poder, começou a pôr em prática a sua política de recuperação da economia alemã. Essa recuperação era feita totalmente voltada para a indústria bélica, da qual o maior consumidor era o próprio Estado alemão que se preparava para a guerra. Com total apoio das altas classes começou uma política agressiva e de expansão às custas dos pequenos estados europeus. Isso poderia compensar a falta de colônias da Alemanha. Mas sua principal inimiga era a União Soviética, pois, além de ser comunista, era habitada por raças inferiores (segundo Hitler e seus asseclas) de eslavos, razão pela qual não tinha direito de ser nação, mas de ser colônia da Alemanha.

Hitler e os grandes industriais promoveram a remilitarização rápida da Alemanha em total desrespeito ao Tratado de Versalhes, sem que a França ou a Inglaterra tomassem a menor atitude para impedir tal fato. O mundo caminhava para a Segunda Guerra Mundial. Nesse período todo o mapa da Europa acaba sendo reformulado. Os países ocidentais acabaram se reconstruindo, com a ajuda dos americanos claro, enquanto na Alemanha, milhares de pessoas ficaram desempregadas, com fome e amargurados com a derrota na guerra. A partir daí a Europa, passaria por um “período de paz “que só seria terminado com a ascensão dos regimes totalitários, começando pela Itália.

11. A preparação da Alemanha para a Segunda Guerra Mundial

Para não ter nenhum tipo de surpresa como na Primeira Guerra, os alemães tinham que estar bem preparados para um conflito armado, e graças ao projeto ambicioso de Hitler, a Alemanha acabou recuperando o status de potência bélica na Europa. Mas como isso aconteceu, quais os impactos para a sociedade alemã na época e por que eles se prepararam fortemente para o conflito? Essas e outras questões serão abordadas com base em uma pesquisa minuciosa com o objetivo de nos esclarecer sobre o quase êxito alemão no conflito global.

A ascensão de Hitler ao poder esteve ligada principalmente com a indústria armamentista. Durante a segunda metade da década de 1930, o número de siderúrgicas e metalúrgicas cresceu exponencialmente, e o melhor cliente acabou sendo sempre o exército. A indústria química cresceu bastante principalmente no desenvolvimento de gasolina e borracha, produtos indispensáveis para o poderio bélico.

Tudo isso era proibido pelo Tratado de Versalhes, mas as potências beneficiadas por esse tratado temiam mais o avanço da União Soviética pela Europa do que um possível imperialismo alemão, e isso animava muito a Hitler ao mesmo tempo que o tornaria ser mais exigente no que dizia respeito às suas ambições políticas

12. A Alemanha na Segunda Guerra Mundial

Para entendermos esse parte da história alemã , primeiro temos que entender que a Alemanha foi a grande prejudicada com o Tratado de Versalhes, uma vez que o país foi obrigado a pagar indenizações altíssimas , ceder territórios e diminuir consideravelmente seu poderio bélico , com isso , a economia alemã foi consideravelmente afetada , mas diante de tudo isso, como o país que até pouco

tempo era uma potência europeia foi perdendo sua força? E de que maneira isso gerou descontentamento da população e influiu na formação do partido nazista?

O Partido Nazista foi um partido de extrema direita o qual queria o fim da República de Weimar, tinha cunho nacionalista, o antissemitismo (aversão aos judeus), entre outros fatores. Prometiam um governo forte e centralizador, defenderiam que a raça alemã era superior às demais raças e teve como seu principal líder, o austríaco Adolf Hitler.

Depois dessa breve descrição sobre os nazistas, vamos abordar como a Alemanha entrou na Segunda Guerra Mundial.

A maioria dos historiadores, considera que a invasão da Polônia, pelos nazistas, foi o marco principal para a entrada dos alemães na Segunda Mundial. Mas por quê? A Alemanha queria expandir seus domínios, e com isso se os países não fizessem o que Hitler quisesse, ele tomaria o poder na base da força.

Com o advento do conflito, a Alemanha aos poucos foi conquistando aos poucos a Europa, era o desfecho perfeito para Hitler. Como demonstração de poder, ele bombardeou cidades como Londres, algumas cidades da Bélgica e da França. Os Estados Unidos até então estavam neutros no conflito, mas

em 1941 , um ataque surpresa japonês que era aliado do nazismo , na base de Pearl Harbor, no Havaí, fez com que os americanos entrassem no conflito declarando guerra às potências do Eixo, em resposta ao ataque japonês, os americanos bombardearam duas das principais cidades japonesas , Hiroshima e Nagasaki, foi um período muito tenso entre os envolvidos no conflito, pois todos ficaram com medo da supremacia ariana de Hitler , não só na Alemanha mas em toda a Europa.

O exército alemão teve muitas vitórias no conflito, mas teve muitas derrotas significativas também. Talvez a derrota mais marcante tenha sido a sofrida pelos soviéticos, diante de um inverno rigoroso em Moscou.

Mas para entendermos bem o conflito temos que levar em conta o plano ambicioso de Hitler de conquistar toda a Europa e por que não o mundo. Para ele, a raça alemã seria sempre superior às demais raças e ele procurava recuperar o prestígio alemão como potência europeia no campo bélico. Mas por que toda essa obsessão?

Cabe aqui nessa pesquisa, mencionar que a Alemanha foi a grande prejudicada na Primeira Guerra Mundial, graças ao Tratado de Versalhes, e com isso os alemães ficaram limitados a crescerem como potência. Só por volta da década de 1930, que Hitler abordaria uma política expansionista em toda a Europa a princípio com o objetivo de garantir os recursos necessários para a subsistência do povo alemão.

Resumidamente, falamos aqui um pouco do conflito e do contexto alemão na Segunda Guerra Mundial. Agora abordaremos mais a fundo a economia alemã durante o conflito.

Diante de uma breve explicação sobre a Segunda Guerra Mundial, será abordado como a Alemanha se preparou para esse conflito que teve enormes proporções no cenário geopolítico mundial.

13. O desenrolar do conflito

Em 1939, com a invasão alemã à Polônia começa a guerra. Os alemães por onde passavam deixavam rastros de crueldade os quais demonstravam a superioridade do seu exército sobre os demais.

Em resposta em 1940, a base de Aliados esboça uma série de estratégias visando em ao menos controlar o avanço alemão por toda a Europa, mas todas as tentativas acabaram que sendo em vão consolidando cada vez mais o avanço nazista. Esse período de supremacia alemã duraria até em meados de 1944, quando os Aliados ganhariam mais força no conflito.

O conflito ganharia dimensões globais, em 1941, quando o Japão que era aliado ao Eixo atacou de surpresa a base naval americana de Pearl Harbor no Havaí. Os americanos que até então estavam neutros no conflito declararam guerra às potências do Eixo.

Os americanos que naquela altura já eram a maior potência militar do mundo foram com todos os recursos possíveis para saírem vitoriosos do conflito, sendo assim em 1943, os Aliados começam a ter mais força, conseguindo reverter o cenário desfavorável no conflito.

Em 6 de junho de 1944 (data que ficou conhecida como Dia D), depois de três anos de pressões soviéticas, pois eles também tinham uma política expansionista pela Europa, os Aliados conseguem tomar o norte da França.

Com o exército alemão e os demais países do Eixo entrando colapso, os Aliados começaram a controlar o conflito. Em resposta ao ataque japonês de 1941, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, enquanto os soviéticos derrotaram as tropas nazistas em Moscou. Diante de tudo isso em 1945, o conflito chegaria ao fim com um triste saldo em número de mortos e com grande parte dos países derrotados devastados economicamente.

14. Consequências do conflito na Alemanha

Entre as principais consequências do conflito na Alemanha podemos citar:

  • Derrota do regime nazista

  • Divisão do território alemão entre os vencedores da guerra.

  • Queda na economia provocada pelos vultosos gastos com a guerra.

  • Holocausto

  • Desenvolvimento tecnológico e militar.

15. A economia alemã após a Segunda Guerra Mundial

Em 1945, o último bastião da resistência nazista na Alemanha entrou em colapso, o III Reich deixou de existir e o país ficou sob o controle militar dos Aliados. Mesmo antes desta rendição final, os Aliados já haviam se dado conta de que um de seus problemas mais graves seria o que fazer com a economia alemã.

Durante a Segunda Conferência de Quebec, em setembro de 1944, tanto Franklin Roosevelt quanto Winston Churchill concordaram em criar um programa para "eliminar as indústrias bélicas do vale do Ruhr e do Sarre... visando a converter a Alemanha em um país primariamente agrícola e de caráter bucólico." Isso passou a ser conhecido como o Plano Morgenthau, em homenagem ao Secretário do Tesouro americano Henry Morgenthau, o mais fervoroso defensor de tal ideia.

A própria ideia de transformar um país altamente industrializado e densamente habitado como a Alemanha em uma nação de camponeses rústicos já era em si absurda. Mais tarde, o próprio Roosevelt viria a admitir que "ele não tinha ideia de como ele havia levado isso a sério; que ele evidentemente não havia pensado muito em tudo aquilo."

Infelizmente, mesmo após a rejeição do Plano Morgenthau, em decorrência de uma forte reação crítica do público e da imprensa, a ideia de se desindustrializar a Alemanha permaneceu fazendo parte da plataforma dos Aliados.

Na Conferência de Potsdam, em julho de 1945, a questão da economia da Alemanha surgiu novamente. Ficou decidido que a capacidade industrial alemã seria limitada a 50-55% do seu nível de 1938, ou a aproximadamente 65% daquele de 1936. Algum tempo depois, esse nível foi elevado para 100% do nível de 1936 nas zonas sob ocupação americana e britânica (Bizona); porém, enquanto isso, a capacidade produtiva alemã era de apenas 60% daquela de 1936, e a produção vigente era de apenas 39% daquela de 1936.

16. A inflação reprimida

A economia alemã continuou definhando ao longo de 1946 e 1947, incapaz de começar a apresentar qualquer sinal de recuperação. Pudera: os Aliados haviam mantido intacto praticamente todo o sistema de controle econômico dos nazistas. Isso porque eles não chegavam a nenhum acordo sobre o que fazer com a economia e, por conseguinte, optaram por manter o status quo até onde pudessem. No final, provou-se impossível conciliar os objetivos do Ocidente com os da União Soviética, o que resultou na divisão da Alemanha na Alemanha Ocidental e na Alemanha Oriental.

Após esta divisão, a principal razão para manter os controles sobre a economia era a inflação monetária: a quantidade de dinheiro na economia, no sentido amplo, havia aumentado seis vezes entre 1936 e 1947, de menos de 50 bilhões de reichsmark para algo em torno de 300 bilhões (70 bilhões em cédulas, 100 bilhões em conta-corrente e 125 bilhões em contas de poupança).Em decorrência desta contínua inflação monetária, o marco havia se tornado virtualmente sem valor.

As autoridades ocidentais esperavam que, se os controles fossem mantidos, com preços e salários rigidamente congelados, a economia continuaria funcionando.

Este curioso fenômeno de controle direto sobre todos os preços e salários, em conjunto com uma rápida inflação monetária, passou a ser conhecido como inflação reprimida. Infelizmente, ao se combinar os efeitos nocivos tanto da inflação monetária quanto do planejamento estatal, o resultado final é muito pior do que seria com apenas um deles. Há uma distorção dupla sobre a oferta e a demanda: além das distorções normais provocadas pelo planejamento estatal e pela inflação monetária, a estrutura de preços deixa de refletir as mudanças no valor do dinheiro causadas pela inflação monetária. Isso leva a uma queda acentuada na produção; a escassez torna-se inevitável. O resultado final e inevitável é a regressão à economia de escambo. E foi exatamente isso o que ocorreu na Alemanha.

As empresas que desejassem continuar operando tinham de contratar especialistas chamados "compensadores". A função deles era conseguir trocar o que a empresa havia fabricado por aquilo de que ela necessitava. Consequentemente, tal processo era muito longo e confuso, dado que várias transações intermediárias tinham de ser feitas com grande frequência. O resultado era um enorme desperdício em tempo e gastos indiretos para se obter coisas que, antes, poderiam ser conseguidas quase que imediatamente.

Desnecessário dizer que isso deixou a já deprimida economia alemã terrivelmente emperrada.

Não demorou muito para que os trabalhadores e empregados em geral também insistissem em ser pagos em mercadorias. Ato contínuo, eles trocavam as mercadorias que recebiam por aquelas coisas de que necessitavam. Uma consequência adicional era que os trabalhadores não mais tinham qualquer incentivo para trabalhar mais e ganhar mais dinheiro: como havia racionamento, todos trabalhavam apenas o necessário para comprar os poucos e racionados bens que podiam obter a cada semana a preços estipulados artificialmente. Por lei, era necessário ter um emprego para se obter as papeletas de racionamento; sendo assim, os trabalhadores adquiriram o hábito de ir trabalhar apenas três ou quatro dias por semana. Seu tempo livre adicional passou a ser gasto em trabalhos de jardinagem, na confecção de artigos para escambo ou atuando diretamente no mercado negro, bem mais lucrativo.

17. A reforma monetária

Finalmente este pseudomercado entrou em colapso. Como notou um observador, a economia alemã "estava organizada de tal forma que o interesse próprio dos indivíduos e das empresas era estritamente oposto ao interesse comum. Trabalhar em um emprego regular era a menos lucrativa das ocupações, e a mera sobrevivência dependia de se saber aproveitar as brechas da lei. Já em meados de 1948, a economia havia atingido um estado de total paralisia que resultou na quase inanição de uma grande fatia da população".

Mas, felizmente para a Alemanha, um cavalheiro chamado Ludwig Erhard, que havia sido discípulo de Wilhelm Roepke — sendo que este havia sido discípulo de Ludwig von Mises —, foi nomeado Diretor da Administração Econômica Bizonal. Erhard era um inflexível e vigoroso adepto do livre mercado, e estava disposto a dar a ele uma chance. No auge da crise, em junho de 1948, ele propôs um ousado e extenso plano para restaurar a economia, um plano que combinava uma radical reforma monetária em conjunto com uma completa abolição dos controles econômicos.

A reforma monetária estava marcada para ocorrer nas zonas britânicas e americanas no dia 20 de junho de 1948. O cerne deste programa seria uma redução da oferta monetária em incríveis 90% seguida da emissão de um novo marco alemão, o deutsche-mark, que manteria seu valor e que não mais seria inflacionado até perder totalmente seu valor. Os detalhes da reforma monetária são um tanto intrincados e estão fora do escopo deste artigo. Basta dizer que todos os reichsmark foram trocados por novos deutsche-marks a uma taxa de 10 para 1, sendo que a quantia máxima de deutsche-marks a ser impressa foi estipulada em 10 bilhões.

Adicionalmente, os depósitos bancários em nome de instituições públicas — do governo militar, dos estados e suas subdivisões, da empresa ferroviária estatizada, e dos Correios — foram invalidados sumariamente. Da mesma forma, todas as obrigações assumidas anteriormente pelo Reich, bem como todos os seus depósitos interbancários, também foram invalidados. Uma reserva em dinheiro e algum estoque de capital foram concedidos a todas as instituições financeiras, fornecendo desta forma os ativos necessários para lastrear os novos passivos destas instituições.

Além desta reforma monetária, o vasto emaranhado de controles estatais sobre a economia também tinha de ser abolido para que a reforma monetária pudesse funcionar. Nos bastidores, isso não era algo fácil de ser feito, pois a Alemanha ainda estava sob ocupação militar, e virtualmente tudo o que os alemães quisessem fazer tinha de ter a prévia aprovação dos Aliados. Uma dificuldade adicional estava no fato de que, na Grã-Bretanha, o primeiro governo socialista acabava de ser eleito e, como consequência, os britânicos já estavam tentando difundir suas políticas socialistas também para a zona de ocupação.

Os Aliados observaram a reforma econômica com grande ansiedade, dúvida e apreensão. Com efeito, o general Lucius D. Clay, nomeado pelos Aliados como diretor de política econômica, enviou um ríspido memorando para Ludwig Erhard alertando-o de que os controles econômicos do governo militar não poderiam ser alterados sem uma prévia permissão. A corajosa resposta do professor Erhard merece ser repetida continuamente até o fim dos tempos: "Eu não alterei seus controles; eu os aboli".

Como o próprio Erhard viria a dizer mais tarde: "Foi estritamente especificado pelas autoridades britânicas e americanas que seria necessário obter permissão para que qualquer mudança de preços pudesse ser feita. Parece que os Aliados jamais haviam imaginado que alguém pudesse ter a ideia não de alterar os controles de preços, mas de simplesmente removê-los".

E foi exatamente isso o que Erhard fez, e de uma só vez ele desatrelou toda a economia alemã.

18. O livre mercado em ação

À medida que a data da implementação destas reformas se aproximava, o país ia se tornando mais apreensivo, e a crise econômica parecia piorar continuamente. Ao mesmo tempo, os críticos socialistas se animavam e elevavam os gritos de condenação ao plano.

No dia 19 de junho, um sábado, a maioria das lojas estava vazia. No dia 21 de junho, segunda-feira, como num passe de mágica, as lojas estavam novamente abastecidas. Dois franceses, Jacques Rueff e Andre Piettre, registraram de forma teatral este milagre ocorrido da noite para o dia:

O mercado negro de repente desapareceu. As vitrines das lojas amanheceram cheias de bens, as chaminés das fábricas voltaram a soltar fumaça intensamente, e as ruas fervilhavam de caminhões de carga. Por todos os cantos, o barulho das construções substituiu o silêncio sombrio dos escombros. Se a recuperação foi uma surpresa grande, sua rapidez foi uma surpresa ainda maior. Em todos os setores da economia, a vida foi retomada assim que os relógios badalaram as primeiras horas do dia da reforma. Apenas uma testemunha ocular pode oferecer um relato acurado do súbito efeito que a reforma monetária teve sobre o tamanho dos estoques e sobre a variedade e riqueza dos bens à mostra. As lojas se encheram de bens da noite para o dia; as fábricas voltaram a trabalhar a toda. Na véspera da reforma monetária, os alemães perambulavam sem rumo pelas cidades à procura de alguns itens comestíveis adicionais. Um dia depois, eles não pensavam em mais nada a não ser em produzi-los. Num dia, a apatia era nítida em suas faces; no outro, toda a nação olhava esperançosa para o futuro.

Como o próprio Erhard viria a observar este fenômeno: "Antes da reforma monetária, nossa economia era como um campo de prisioneiros de guerra; os reclusos eram mantidos vivos em parte pelos Aliados.... Imediatamente após a reforma, as cercas, barreiras e muralhas desabaram com estonteante velocidade tão logo o campo de prisioneiros ganhou uma nova e confiável moeda".

Os resultados rapidamente comprovaram a sagacidade de ambas as reformas, a monetária e a de liberação geral dos preços e salários. A tabela a seguir, por exemplo, mostra que, entre junho e dezembro de 1948, houve um aumento de 53% da produção naquelas áreas contempladas pelas reformas:

Índice de Produção (1936 = 100)

Abril

53

Setembro

70

Maio

47

Outubro

74

Junho

51

Novembro

75

Julho

61

Dezembro

78

Agosto

65

 

 

Já em 1949, o índice de produção encerrou em 143% daquele de 1948. Ao longo das duas décadas seguintes, a Alemanha continuou a ter uma das maiores taxas de crescimento do mundo.

19. Economia keynesiana

É óbvio que, perante estes resultados, vários economistas rapidamente se apressaram em querer atribuir os créditos do sucesso às suas ideologias favoritas. Aqueles que não queriam dar nenhum crédito às políticas de livre mercado de Erhard prontamente começaram a oferecer suas próprias explicações para a fenomenal recuperação da Alemanha. Uma explicação que se tornou bastante popular foi a de que a Alemanha utilizou princípios keynesianos em sua recuperação. Essa proposição já foi completamente demolida em outras obras, mas continua sendo difundida porque economistas keynesianos são invejosos do fato de que nenhuma das notáveis recuperações ocorridas no pós-guerra realmente utilizou qualquer tipo de economia keynesiana. Ao contrário: todas se basearam universalmente nos princípios do livre mercado. Como observou o professor de Harvard, Gottfried von Haberler:

Em todos os países industriais desenvolvidos, as políticas de recuperação econômica, de estabilização e de crescimento foram muito mais bem-sucedidas após a Segunda Guerra Mundial do que após a primeira. Porém, é difícil atribuir este fenômeno à difusão do pensamento keynesiano. Nenhum dos economistas e nenhum dos estadistas que foram amplamente responsáveis pelos variados milagres econômicos do pós-guerra pode ser chamado de keynesiano: nem Camille Gutt na Bélgica, nem Luigi Einaudi na Itália, nem Ludwig Erhard na Alemanha, nem Reinhard Kamitz na Áustria, nem Jacques Rueff na França. O maior milagre econômico de todos, o japonês, parece ter sido realizado sob governantes e estadistas japoneses bastantes conservadores, com o auxílio de conselheiros americanos ultraconservadores. Aos numerosos keynesianos e marxo-keynesianos restou apenas observar o fenômeno, em impotente oposição.

O que podemos concluir do episódio alemão?

Primeiro, é necessário entender que qualquer interferência realizada por burocratas e planejadores estatais sobre o sistema de preços irá inevitavelmente distorcer o sistema de produção, gerando um arranjo menos satisfatório do que aquele que existiria caso não houvesse nenhum interferência.

Segundo, não há na história econômica nenhum exemplo mais pungente de uma "política de pleno emprego" que tenha funcionado melhor que a alemã — não houve nenhum planejamento federal, não houve política industrial, não houve modelos computadorizados para a economia, não havia um exército de burocratas dando palpites e ditando ordens, não houve inflação monetária com intuito de 'estimular a economia', e não houve políticas keynesianas. Foi justamente a ausência de todos estes componentes que infestam as economias intervencionistas atuais o que tornou possível o renascimento econômico alemão.

Terceiro, o episódio alemão demonstra que uma deflação monetária, desde que ocorra em um ambiente com total liberdade de preços e salários, pode ser algo economicamente benéfico, sem necessariamente criar uma depressão — pelo menos no caso de uma economia que havia sido praticamente destruída pela imposição de controles de preços e salários. A deflação restaurou a fé na nova moeda, uma vez que ela foi acompanhada da volta dos preços flexíveis e da abolição de todos os controles sobre a economia. O processo de trocas indiretas intermediadas pelo uso do dinheiro pôde avançar firmemente, pondo um fim à economia baseada no escambo, à sua inerentemente baixa divisão do trabalho e aos seus mercados extremamente limitados e manietados.

As reformas de livre mercado de Ludwig Erhard restauraram a liberdade dos mercados na Alemanha e, com isso, libertaram as inexoráveis leis da ação humana. Foi a livre concorrência baseada na propriedade privada o que deu novas esperanças e permitiu o surgimento de um fenômeno econômico que surpreendeu o mundo e se tornou conhecido como "o milagre da recuperação alemã".

Infelizmente, Erhard tinha uma vantagem política que o mundo atual não mais usufrui. Ele teve a liberdade de abolir os controles que haviam sido impostos pelos Aliados; ao fazer isso, ele ganhou o apoio político da população alemã. No entanto, os controles haviam sido criados originalmente pelos nazistas; os Aliados apenas os estenderam por mais três anos após a Alemanha ter se rendido. É mais fácil abolir controles estatais criados por um exército de ocupação estrangeiro do que abolir todo um sistema de regulação que políticos nativos e eleitos democraticamente criaram em nome do "interesse público". É politicamente muito mais difícil efetuar ações econômicas corretas e sensatas quando, nas imortais palavras de Pogo Possum, "Conhecemos o inimigo e ele somos nós". 


Publicado por: História sempre

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