Parauaú: rio-preto ou rio-escuro

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1. Resumo

Além de ser um divisor de águas, se tratando de espaço estratégico, o foco deste breve ensaio é o Rio Parauaú. Estrategicamente é uma via de locomoção e que de fato, desempenha um papel imprescindível na vida econômica desta urbe. O rio é um símbolo de nossa região e faz parte da cultura dos povos que habitam a Amazônia marajoara e outros lugares. Em ralação ao nome do Rio Parauaú, quando se fala na nomenclatura do mesmo, os seres brevenses, não sabem o significado do nome do rio que banha a cidade de Breves. Nem mesmo em sites de busca o significado é encontrado, por isso adentrei nessa pesquisa, utilizando o trabalho de Navarro (2004).

Palavras-chave: Rio. Símbolo. Breves. Preto. Escuro.

2. Introdução

O lócus da minha pesquisa foi o Rio Parauaú, município de Breves. Para contextualizar, nesse sentido, Breves localiza-se na mesorregião do Marajó e microrregião Furos de Breves, no estado do Pará, foi criado pela Lei Provincial nº 200, de 25 de outubro de 1851, com a elevação da Freguesia Nossa Senhora Santana dos Breves à condição de Vila, posteriormente à categoria de cidade, pela Lei Estadual nº 1122, de 10 de novembro de 1909, tendo alteração toponímica municipal de Nossa Senhora de Santana dos Breves para Breves, pela Lei Estadual nº 1122, de 10 de novembro de 1909.[1]

O nome Breves foi atribuído ao município em homenagem aos portugueses Manoel Maria Fernandes Breves e Ângelo Fernandes Breves, os primeiros colonizadores residentes na Sesmaria “Missão dos Bocas”, concedida pelo Capitão-General João de Abreu Castelo Branco em 19 de novembro de 1738, e confirmada pelo rei de Portugal em 30 de março de 1740, onde fundaram um pequeno engenho e fizeram plantações de roças.[2]

Na Amazônia brasileira, o município de Breves ocupa uma área territorial de 9.549,52 km² no estado do Pará, cuja sede municipal está situada entre as coordenadas geográficas – 50°28’48,00W e -01°40’55,20” S. O território de Breves limita-se e tem relações geopolíticas com os municípios de Afuá e Anajás (ao norte); Melgaço e Bagre (ao sul); Anajás, São Sebastião da Boa Vista e Curralinho (a leste); Gurupá e Melgaço (a oeste).[3]

A configuração territorial da região de Breves é formada por ecossistemas de várzea igapós, campos e terra firme, e abrange um grande número de ilhas, interligadas e margeadas por inúmeros cursos d’água denominados igarapés, furos, canais, paranás e estreitos, por onde escoam as águas dos rios Amazonas e Tocantins.[4]

3. PARAUAÚ: O RIO-PRETO OU RIO-ESCURO

3.1. Rio Parauaú: uma rua fluvial.

A rua não é feita somente de terra e asfalto, mas de água também, pois, Breves surgiu á beiro de um rio. Nessa linha de raciocínio, o rio não é neutro, é imprescindível em relação ao seu espaço, e, pode-se dizer que, é um ícone simbólico de cunho regional, literalmente.

Além de ser um divisor de águas, espaço estratégico, o foco deste breve ensaio é o Rio Parauaú. Estrategicamente, o mesmo é via de locomoção e, que de fato, desempenha um papel imprescindível na vida econômica desta urbe. O rio é um símbolo de nossa região e faz parte da cultura dos povos que habitam a Amazônia marajoara e outros lugares.

Em ralação ao nome do Rio Parauaú, quando se fala na nomenclatura do mesmo, os seres brevenses, não sabem o significado do rio que banha a urbe. Nem mesmo em sites de busca o significado é encontrado, por isso adentrei nessa pesquisa, utilizando o trabalho de Navarro[5].

Fiz pesquisa de campo, e 10 pessoas foram entrevistadas, em diferentes espaços de tempo. A ideia era se eles sabiam o significado do nome Parauaú. Apenas 1 chutou um palpite, dona Maria, que arriscou uma resposta, dizendo não ter certeza, mas o nome Parauaú significaria “papagaio do papo roxo”, na linguagem indígena. O entrevistado disse que leu algo sobre isso, mas não lembrava a fonte.

Através de uma pesquisa particular, pude identificar que, possivelmente, a palavra vem do Tupi antigo[6]. No entanto, o nome também não aparecia explicitamente nos escritos que adentrei em minhas leituras. Selecionei duas palavras. Na língua tupi-guarani, Pará vem do termo Pa’ra que significa rio-mar[7]. Percebi então uma possível resposta, e foi interessante o resultado. No trabalho de Navarro (2004), o qual usei como fonte, o termo Pará[8] significa mar; e o Un[9] (r-, s-)[10] significa preto ou escuro. É preciso imaginar os sentidos dos termos, e, imaginar também as probabilidades da gramática em tupi antigo, clássico. Juntando as duas palavras ficariam “Paráun”, que, pode ser interpretada como “mar-preto” ou “mar-escuro”. Diante disso, vale ressaltar que, Parauaú é rio e não mar. Nesse sentindo, pode ser levado em consideração o termo rio-preto ou rio-escuro.

A cor da água é determinante, e ajuda na direção dessa linha de raciocínio. Com base nesse pensamento, possivelmente, ao longo do transcurso temporal, a forma como se escrevia, e a maneira de como se pronunciava foi se modificando, misturada, ou quem sabe, reconstruída, modelada.

O rio é vida, cultura e história. O homem natural da Amazônia possui uma relação extremamente importante com o rio, e está profundamente ligado com essa lógica. A dinâmica que condiciona o ecossistema da Amazônia favorece uma gama de conhecimentos que envolvem a vida de seus habitantes, proporcionando um profundo conhecimento da natureza e uma grande articulação com ela. “Neste tipo de vida, a água (dos rios e dos igarapés) é o elemento que molda a forma como se vive: ele oferece os meios de vida (alimentos, remédios extraídos de plantas medicinais existentes nas matas próximas do rio etc.)”.[11]

“O rio condiciona inclusive, a cultura das populações ribeirinhas. É por isto que os grandes mitos da cultura amazônica estão ligados ao rio e à água, como o mito do boto, da cobra-grande e outros”.[12] Paralelo a essa linha de raciocínio, é interessante explicitar a essência histórica que concerne os rios da Amazônia, onde favoreceu, e ainda favorece a concentração demográfica das populações que habitam essa região, construindo na imagem do rio a representação histórica e cultural que emerge tais simbologias e signos. Esses elementos constroem partes essenciais da identidade dos povos que residem neste vasto território do Brasil.

Imagem 01- Foto retirada da frente de Breves, mostrando a frente da cidade, parte do Rio Parauaú e embarcações, em 2014. Imagem pertencente à Anazildo da Gama Almeida.
Imagem 01- Foto retirada da frente de Breves, mostrando a frente da cidade, parte do Rio Parauaú e embarcações, em 2014. Imagem pertencente à Anazildo da Gama Almeida.

A foto acima revela a noção de familiaridade, e da cultura Brevense.  Não é à toa que, ao longo da historiografia da Amazônia, ocorrera a importância que se dava sobre os rios do vale amazônico. De acordo com Loureiro (2011), “o rio na Amazônia tem o papel de uma estrada, e é também, o lugar de trabalho de pescadores, trabalhadores de embarcações e ribeirinhos em geral”.[13] Portanto, é relevante fazer uma analogia sobre a ideia que se tem do rio e sua representatividade, pois, os nativos de outrora nos repassaram conhecimentos imprescindíveis sobre o rio.

O Rio Parauaú é um símbolo de Breves, é sinônimo de vida, de via, pois contempla o sentido de rua, e é imprescindível para a vida do ser brevense, o tanto quanto para a própria história do Município.

4. REFERÊNCIAS

LOUREIRO, Violeta Refkalefsky. Amazônia: História e Análise de Problemas – do período da borracha aos dias atuais -. 3 ed. ver. E atualiz. Belém: Cejup, 2011.    

NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. 

NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3 edi. revista e aperfeiçoada.  São Paulo: Global, 2004, pp. 126-127.  

4.1. FONTES UTILIZADAS

4.1.1. ENTREVISTAS

  • Adilson Pantoja, empresário, 30 anos, realizada em 2018.
  • Alaide da Gama Almeida, 24 anos, realizada em 2015.
  • Anaildo da Gama Almeida, 31 anos, autônomo, realizada em 2014.
  • Benedita do Socorro da Gama Almeida, atendente de supermercado, realizada em 2016.
  • Edson de lima, 40 anos, desempregado, realizada em 2017.
  • Eli Ferreira, 34 anos, autônomo, realizada em 2016.
  • Fabricio Miranda, 24, estudante, realizada em 2017.
  • Fracinaldo Miranda, 34 anos, empresário, realizada em 2018.
  • Francilau Pinheiro, 36 anos, natural de Breves. Formado em Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal do Pará, pelo PARFOR. Atua desde 2001 na área da Educação no referido Município, realizada em 2018.
  •  Maria do Socorro Pureza da Gama, doméstica, 49, realizada em 2018.

[1] IBGE – Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico. Histórico do município de Breves. Disponível em: . Acesso em: 15 e julho de 2016.

[2] Idem.

[3] IBGE – Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico. Histórico do município de Breves. Disponível em: . Acesso em: 15 e julho de 2015.

[4] IBGE – Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico. O município e o seu contexto. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 16 de julho de 2016.

[5] NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

[6] Idem.

[7] Portal: Pará/Você Sabia. Disponível em: . Acesso em: 29 de novembro de 2018.

[8] NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3 edi. revista e aperfeiçoada.  São Paulo: Global, 2004, p. 126.

[9] NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3 edi. revista e aperfeiçoada.  São Paulo: Global, 2004, p. 127.

[10] Prefixos.

[11] LOUREIRO, Violeta Refkalefsky. Amazônia: História e Análise de Problemas – do período da borracha aos dias atuais -. 3 ed. ver. E atualiz. Belém: Cejup, 2011, p. 10.    

[12] Idem.    

[13] Idem.


Publicado por: Anazildo da Gama Almeida

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