Dicionario de Geografia do aluno. O uso de termos, conceitos e expressões Geográficas no ensino fund
RESUMO
Esta monografia tem por objetivo a apresentação/elaboração de uma ferramenta usual para o trabalho do professor de Geografia: o Dicionário de Geografia do Aluno.
O proposto é uma forma de direcionar o conhecimento da Geografia e tornar habitual o uso da linguagem geográfica como algo comum e corriqueiro na vida dos estudantes, haja visto, que um dos problemas encontrados por professores no tocante ao ensino de Geografia é a barreira existente quando da chegada dos alunos do ensino básico e sua entrada na 5ª série do ensino fundamental, quanto ao uso de termos, conceitos e expressões geográficas em sala de aula. Evidenciando em sala de aula as etapas de um trabalho a médio e longo prazo, tornando o aluno um protagonista do processo de crescimento intelectual, fazendo com que este se sinta responsável por algo, no caso um projeto que vai envolvê-lo e a seus colegas, atuando como atores principais na construção do pensamento geográfico.
Palavras-chave : Dicionário de Geografia; aluno; alfabetização geográfica; conceitos; trabalho; ensino de Geografia.
SUMÁRIO
1 Introdução | 7 |
1.1 Experiência Profissional | 9 |
2 Objetivo | 11 |
3 Procedimentos Metodológicos | 13 |
3.1 Análise do Guia de Livros Didáticos PNLD 2008 | 15 |
4 Projeto Dicionário de Geografia do aluno | 27 |
5 Considerações Finais | 31 |
6 Referências Bibliográficas | 35 |
1 INTRODUÇÃO
Sempre, desde criança, tive um grande interesse sobre como o mundo funciona, sua dinâmica, enfim, como tudo acontece. Ao longo do ensino fundamental e médio, descobrindo certas verdades (ou supostas verdades), meu interesse pelo planeta Terra somente aumentou, conseqüência: fui para a Graduação de Geografia. Ambiente novo, pessoas novas, idéias diferentes, como foi difícil o primeiro ano, afinal eu adorava a geografia até então, porém, o que via ali na faculdade não era o que eu esperava.
Acredito que foi de extrema importância conhecer a história da geografia, seus principais nomes e suas correntes de pensamento geográfico, todavia, os professores falavam uma língua que a principio não conhecia: o geografês! É, o geografês, porque aquilo não era de forma alguma o português que tinha aprendido ao longo dos anos (e olha que sou de família portuguesa, de Seixo de Mira, norte de Portugal) e com absoluta certeza tal idioma era pouco conhecido entre meus colegas de classe.
Como sempre fui extremamente curioso, comecei, junto às minhas leituras, fichar todos os conceitos, termos e expressões de geografia que desconhecia ou tinha dificuldade de entendimento. Este trabalho começou em 2001 e desde então, venho catalogando o que gerou minha primeira publicação em 2007: o Novo Dicionário de Geografia, uma obra que contém mais de 1900 conceitos geográficos e que me ajudou muito em meu início de licenciatura e espero, contribua para o trabalho de meus colegas professores de geografia. Dentro da minha forma de trabalhar em sala de aula, tenho como idéia ou foco principal a introdução de conceitos, termos e expressões de geografia no dia-a-dia em sala de aula, o que chamo de efetiva alfabetização geográfica. Efetiva porque sai da academia, dos muros das universidades e vai parar na sala de aula, no caderno do aluno, em sua mente. Efetiva por que permite ao professor preparar sua aula com aquilo que realmente faz parte de sua disciplina, daquilo que está em seu entorno, para que esta junção de conhecimento entre professor e aluno seja algo permanente, contínuo. Não algo fragmentado como o que infelizmente vem acontecendo com a geografia, seja com a dicotomia entre geografia física e geografia humana, seja com as eternas rixas ideológicas entre instituições ou pensadores, enfim, com a eterna situação separatista existente dentro da Geografia.
Cabe a nós, professores, geógrafos, dar um norte a nossa ciência, para que não paire sempre aquela pergunta: para que serve a Geografia?
Serve para abrir os olhos, sejam os nossos e posteriormente o de nossa sociedade, do nosso planeta, pois se não pensarmos em diferentes escalas, não apenas no micro, mas também no macro, para efetuar realmente uma mudança, e que esta, comece em sala de aula, ensinado a verdadeira geografia, a geografia de Humboldt, a geografia de La Blache, de Ratzel, Pierre George, Yves Lacoste, Milton Santos, Aziz Ab’Saber, Douglas Santos, André Martin entre outros, não importando sua linha de pensamento, sua ideologia, ensinando simplesmente geografia.
1.1 Experiência Profissional
Desde o início de minha graduação em geografia no ano de 2001, sempre tive problemas com definições, termos, conceitos e expressões que eram corriqueiras em sala de aula por parte de meus professores, porém, significavam pouco pra mim, pois, não tinha uma base teórica para tais diálogos. Essa dificuldade era compartilhada com meus colegas, pois, não conseguíamos compreender por completo determinado assunto. Culpa dos professores? Não os da graduação. Entendia, toda vida, que não possuía pré-requisitos em se tratando de conceitos básicos em geografia, uma falha que se arrastou durante minha formação desde o ensino fundamental, quando realmente temos um contato direto com a geografia.
Constatando este problema, comecei a pesquisar e arquivar conceitos, termos e expressões de geografia e ciências afins, para minimizar esta dificuldade que permaneceu a princípio no primeiro semestre de minha graduação. Desde então, venho aprimorando minha pesquisa, procurando em todo e qualquer conteúdo que julgava importante para a construção do material que resultou no Novo Dicionário de Geografia, livro lançado por mim em outubro de 2007, um material com mais de 1900 conceitos, termos e expressões que me auxiliam e espero contribua para o trabalho de meus colegas professores de geografia e estudantes a partir do ensino fundamental.
E dentro desta idéia, de uma pesquisa constante e permanente de termos, conceitos e expressões o que considero como uma efetiva alfabetização geográfica, busco uma forma de trabalhar a partir do ensino fundamental, mais especificadamente a 5ª série (sexto ano), um trabalho com os alunos que permita a eles, construírem seu próprio dicionário de Geografia, buscando conhecer, a partir de um trabalho de pesquisa, um universo das palavras ligadas à geografia.
O que proponho não é colocar nenhum conceito como definitivo aos alunos, e sim, a busca constante como atividade permanente, para o aperfeiçoamento da linguagem geográfica em sala de aula, algo que, creio eu, deve ter início logo na chegada do aluno ao ensino fundamental. Esta atividade permanente consiste na produção e elaboração de um caderno de geografia que sirva ao longo do ano como uma pesquisa do aluno sobre os conceitos discutidos em sala de aula, permitindo que haja uma interação entre os conteúdos apresentados e as diversas opiniões e pontos de vista sobre determinado assunto ou conceito. Os alunos construiriam seus próprios dicionários e o professor socializaria estes conceitos em sala de aula, ampliando assim as opções de cada conceito com todos os alunos da sala.
Com base em minha experiência em sala de aula, entendo que construindo o saber geográfico no aluno, posteriormente, em toda uma sala de aula, por meio de uma efetiva alfabetização geográfica, para que esta possa definitivamente sair da academia e chegar ao aluno em sala de aula e, mais importante, em qualquer lugar utilizando o material que o professor e o aluno tenham a mão, sem que ambos fiquem reféns do livro didático. Não que este seja satanizado, porém, que se abram perspectivas para a construção de uma linguagem geográfica mais ampla em sala de aula.
2 OBJETIVO
Esta monografia tem por objetivo a apresentação/elaboração de uma ferramenta usual para o trabalho do professor de geografia: o Dicionário de Geografia do Aluno.
Ferramenta esta que deve ser posta visando 3 recursos didáticos pertinentes:
A primeira em relação aos alunos. Dentro desta proposta vejo como salutar o aprimoramento intelectual na perspectiva de novos conteúdos quando de sua chegada ao ensino fundamental II (5ªsérie, 6º ano). O mundo de conceitos e terminologias novas que se abrem entorno de um aluno de 5ª série do ensino fundamental é um dos primeiros obstáculos que o professor de geografia tem pela frente em seu trabalho. A barreira existente, principalmente colocada em relação aos livros didáticos, quanto aos conceitos e terminologias utilizadas em geografia, torna mais lenta esta absorção de conteúdos novos que podem e devem angariar conhecimentos aos alunos. Livros estes que direcionam os conteúdos em sua maioria, para o processo de localização espacial, tendo a cartografia como porta de entrada para o saber geográfico. Então escala, longitudes e latitudes, orientação espacial, e a localização seja no seu local ou ampliando a escala seu planeta tem que se tornar real num mundo totalmente abstrato de um aluno de 10 ou 11 anos. Visto esta dificuldade, o conhecimento do que é cada coisa cabe como proposta para que o aluno entenda o que é, para depois entender o processo de tal conceito. Um passo-a-passo na alfabetização geográfica passando do lúdico e entrando efetivamente nas realidades que cercam aos alunos tanto em sala de aula com em sua vida em sociedade. E isto só poderá acontecer se o aluno participar efetivamente do processo de construção do conhecimento a partir da prática escolar orientada pelo professor.
Em relação aos professores coloco a possibilidade de direcionamento do trabalho em sala de aula propondo um trabalho paralelo aos conteúdos básicos do ano letivo. Trabalho este que pode facilitar o entendimento do aluno na perspectiva de um início de trabalho de pesquisa referente aos conceitos, termos e expressões geográficas. Atividade esta que é o início efetivo de um trabalho de pesquisa – Dicionário de Geografia do aluno – que nada mais é do que a antiga e abandonada por muitos, lição de casa. Esta atividade consiste na elaboração de um caderno onde o aluno construiria seu próprio livro de geografia, o seu dicionário de geografia. Tendo como auxílio livros, revistas, Internet ou uma simples conversa com seus familiares sobre assuntos diversos da geografia. Cabendo ao professor o direcionamento das pesquisas a serem realizadas.
Quanto ao ensino de geografia analiso como essencial qualquer trabalho diferenciado que ocorra nas escolas espalhadas pelo Brasil. Certamente a grande maioria destas propostas não chegará a se transformar de forma efetiva em monografias e trabalhos acadêmicos, porém, norteiam o trabalho de muitos professores e fazem certamente a verdadeira difusão e conseqüente democratização da Geografia. Trabalho este que muitas vezes é difundido sem passar pelo crivo de uma universidade, sem a opinião de algum acadêmico ou especialista em ensino, não ficando restrito aos recônditos da academia. É efetivamente um trabalho que se socializa por intermédio de professores muitas vezes abnegados, que utilizam determinadas ferramentas de trabalho tornando possível o desenvolvimento tanto dos alunos em sala de aula quanto do aperfeiçoamento de professores e da própria geografia.
Utilizando minha experiência como Geógrafo, professor efetivo de Geografia do Estado de São Paulo e autor do Novo Dicionário de Geografia (livro lançado em outubro de 2007) vejo como de extrema importância a elaboração de um trabalho direcionado para a melhor compreensão por parte dos alunos de conceitos, termos e expressões ligadas a geografia, quando de sua chegada ao ensino fundamental II.
O que proponho é apenas uma forma de direcionar o conhecimento da Geografia e tornar habitual o uso de nossa linguagem geográfica como algo comum e corriqueiro na vida dos alunos para que estes, não enfrentem num futuro, os mesmos problemas que este professor encontrou em sua formação. Esta idéia não surgiu com base num projeto, surgiu aos poucos com minha vivência em sala de aula.
3 DESENVOLVIMENTO
Segundo o Professor Aziz Nacib Ab’Saber “A principal missão do professor de geografia é ajudar o aluno a entender o local onde vive e atuar sobre ele”(Nova Escola,ed.139,jan/2001), esse certamente é o conceito necessário para transformar o aluno em protagonista no processo de aprendizagem e de cidadania. O conceito de protagonista dedicado ao aluno propõe a nós professores a missão de direcionar o conhecimento geográfico para a atuação efetiva no cotidiano dos jovens em formação, e nada melhor que trabalhar numa escala próxima ao aluno, o seu local.
Mas será fácil conseguir inserir esta idéia no nosso modo de trabalho? Grosso modo, o ensino de geografia está colocado de forma tradicional em escolas espalhadas pelo Brasil, não se trata de um problema isolado, lembro que somente no 2º e 3º anos de extinto colegial pude ter um verdadeiro professor de geografia, haja visto, que todos os meus professores anteriores não eram especialistas em geografia. Ou eram professores de história ou de estudos sociais e tinham uma visão, no mínimo, diferenciada de como ensinar geografia, não que existisse uma fórmula pronta, longe disso, porém, o pensamento geográfico analisado em escalas só pode ser realizado por professores específicos ou geógrafos.
Se nós, geógrafos, temos dificuldade de análise sobre determinado assunto ou linha de pensamento, penso que isso se tornaria quase impossível vindo de um profissional de outra área. Dentro de minha pesquisa para o Novo Dicionário de Geografia, tive grande dificuldade para definir alguns conceitos básicos de geografia, qual linha de pensamento usar? Teria que enfatizar qual geografia? Digo isso, pois, para conseguir encontrar uma definição para paisagem tive que explorar todos os recursos possíveis, pontos de vista diferenciados, etc. Não conseguindo um consenso, optei por expor 11 pontos de vista diferenciados para o conceito de paisagem.
Dentro dessa perspectiva cada professor ou pesquisador utilizará aquele conceito que melhor se adapte ao seu trabalho. Com outros conceitos não foi diferente, qual a melhor maneira de resolver esta questão? Região, território, lugar e espaço (geográfico) são conceitos primordiais para o início de um trabalho de alfabetização geográfica, porém, quando da chegada do aluno a 5ª série do ensino fundamental (sexto ano), não serão essas, a princípio, suas primeiras dúvidas. As perguntas realizadas por crianças ou pré-adolescentes com idade média de 11 anos normalmente são: o que é Geografia? Existem duas Geografias? O que é Estado ou estado? Qual a diferença entre Estado e nação? Lugar? Sítio não fica no interior? Ambiente ou meio ambiente é a mesma coisa? Terra é relacionada a planeta ou onde se pisa ou se planta? Hoje o clima está quente ou será o tempo? Mas o tempo não está no relógio? Professor o que é hegemonia?
Todos estes conceitos estão colocados em livros didáticos utilizados em escolas espalhadas pelo Brasil. Será que esses alunos que estão chegando ao ensino fundamental possuem um vocábulo tão complexo para tal entendimento? Não seria prático e necessário, tanto ao professor quanto ao aluno trabalhar no dia-a-dia com um caderno à parte, pesquisando, angariando estes conceitos tão usuais em livros didáticos numa atividade que perdure ao longo do ano letivo ou numa segunda fase até o término do ensino fundamental? A partir da minha experiência em sala de aula, creio que sim. Seria uma forma de inserir um desdobramento do conhecimento através de uma efetiva alfabetização geográfica, primeiramente num trabalho individual (Dicionário de Geografia do aluno), que posteriormente se transformaria num projeto de ensino de geografia para uma sala inteira.
Este tipo de trabalho não pode nem deve ser uma receita pronta, cada professor deve, com o conhecimento de sua escola, de sua clientela, direcionar da melhor maneira possível tal atividade.
3.1 Análise do Guia de Livros Didáticos PNLD 2008 Geografia
Nos anos de 2006 e 2007, durante o curso de Pós-Graduação em ensino de Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, pude ter contato com diversos pontos de vistas dentro da Geografia, os processos de aula e de avaliação foram essenciais para o amadurecimento de minhas idéias e pensamentos acerca do ensino de geografia. Os processos de avaliação diferenciados em relação a cada professor, mesmo que determinadas atividades fossem muito parecidas quanto a sua realização, fizeram-me enxergar com outros olhos as possibilidades de crescimento profissional como professor de geografia ou enfim um profissional que busca discutir o conhecimento científico.
As disciplinas “A Formação do Pensamento Geográfico Brasileiro” ministrada pelo Prof. Drº Jorge Luis Barcellos da Silva, “A Paisagem e Meio Ambiente” ministrada pelo Prof. Drº Élvio Rodrigues Martins e “A Regionalização na Escala do Brasil e do Mundo”, ministrada pelo Prof. Drº Gustavo Coelho Oliveira de Souza, tiveram como avaliação final de módulo um trabalho de pesquisa sobre os conteúdos de livros didáticos. Uma análise comparativa sobre os conteúdos apresentados em cada livro didático. A partir destes conteúdos estudados desenvolvi, junto aos meus colegas de grupo, Marcelo Paixão e Kamila Boico, um primeiro parecer e, posteriormente, um aprofundamento sobre as qualidades e problemas dos livros didáticos. Haja visto que na disciplina “A Formação do Pensamento Geográfico Brasileiro”, conhecemos os caminhos trilhados pelos autores dos livros didáticos ao longo da história do ensino de geografia no Brasil, partindo do Padre Manoel Aires de Casal passando por Delgado de Carvalho, Haroldo de Azevedo, Melhem Adas, chegando a José Willian Vesentini entre outros autores recentes, ligados aos livros didáticos para geografia. Um estudo importante dentro da área de pesquisa na qual me dedico e trabalho. Quanto à disciplina “A Paisagem e Meio Ambiente” realizamos uma análise comparativa de dois livros didáticos, porém, sobre outra ótica, vislumbrando as características paisagísticas brasileiras e sua relação com as sociedades. Um trabalho que, sem dúvida, acresceu, profundamente, minha visão das dinâmicas existentes entre paisagem e sociedade e o quanto isso pode ser importante na formação de meus alunos.
Diante deste quadro e após ter efetuado com distinção as avaliações propostas aprofundei minhas pesquisas a respeito da qualidade dos livros didáticos, tendo em mãos o Guia de livros didáticos PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) 2008 de Geografia, um trabalho do Ministério da Educação com participação efetiva na Comissão Técnica da ProfªDrª Marísia Margarida Santiago Buitoni, da PUC-SP onde 26 coleções foram inscritas e analisadas e 19 recomendadas para os professores de ensino fundamental de geografia.
Vejo que meus pontos de vista são semelhantes quanto ao do relatório, pois tive acesso aos livros, quando da escolha para a escola na qual leciono – E.E. São Paulo da Cruz, em Osasco e compartilho em grande parte com o parecer do relatório.
Parte destas informações trago a seguir com breves comentários:
Guia de Livros Didáticos PNLD 2008 Geografia
Cada processo de avaliação referente aos livros didáticos ocorre de três em três anos, alternando-se de 1ª. a 4ª. e de 5ª. a 8ª. séries. A presente apresentação refere-se ao PNLD 2008 no qual, de um conjunto de 26 coleções de Geografia inscritas e analisadas, 19 foram recomendadas para os professores das séries finais do Ensino Fundamental.
Segundo o Guia de livros didáticos PNLD 2008, “nos livros da 5ª série, abordam-se noções básicas de Geografia e cartografia. Assuntos relacionados à orientação, coordenadas geográficas, escalas, fusos horários, movimentos de rotação e translação são recorrentes no primeiro volume das coleções. Em algumas delas, enfatiza-se o estudo de aspectos naturais, enquanto que em outras são enfocados os aspectos humanos e econômicos a partir dos espaços de vivência do aluno”.
Postura que compartilha com a idéia do professor Aziz Nacib Ab’Saber onde “a principal missão do professor de geografia é ajudar o aluno a entender onde vive e atuar sobre ele”.
De acordo com guia do PNLD “o volume da 5ª série da maioria das coleções trabalha, com ênfase, as noções de orientação e representação do espaço geográfico, os elementos da natureza e as relações sociedade e natureza. As coleções Construindo o espaço, Géia, Construindo a Geografia, Geografia (Temas), Geografia (espaço geográfico), Geografia do século XXI, Geografia paratodos e Olhar geográfico abordam, principalmente, os elementos da natureza. As coleções A Geografia da gente, Construindo a Geografia, Projeto Araribá, Geografia do século XXI, Trilhas da Geografia e Geografia (Elos) estudam a cidade e o campo. As coleções Geografias do Mundo (Marcos e Diamantino) e construindo consciências dão ênfase à noção de lugar e Géia, Link do espaço e Geografia (Séries) abordam os conteúdos a partir da noção de paisagem”.
Independente do enfoque dado a determinado aspecto ou tema, todos os livros apresentados abordam de uma forma direta ou com formas transversais, alguns dos principais conceitos da geografia. A forma como será utilizada pelo professor deriva de sua própria formação ou linha de pensamento, seja ela, ligada a (eterna dicotomia entre) geografia humana ou geografia física.
Segundo o guia do PNLD todas as coleções têm, como conceito norteador de seus conteúdos, o espaço geográfico. Outros também são utilizados, embora não explicitamente em todas as coleções. Esses conceitos, natureza, paisagem, território, lugar e tempo, são utilizados na maior parte das coleções, acrescidos do conceito de região e de noções como mundo, técnicas e tecnologia. No entanto, eles não são utilizados com a mesma freqüência nem com a mesma conotação e articulações diferentes entre si. Por exemplo, os pares paisagem e lugar, assim como espaço e território têm, por vezes, seus termos utilizados como sinônimos; além disso, não há distinção clara entre os elementos da natureza e os aspectos ambientais.
Existe então um equívoco no tratamento e uso destes conceitos e este erro deve ser corrigido e trabalhado de forma diferenciada pelo professor em sala de aula, pois, diferente do que dizem e nos mostram esses livros, cabe a nós, professores, adotarmos posturas didáticas que alternem e direcionem o uso desses conceitos em sala de aula.
“No desenvolvimento dos conteúdos, a maior parte das coleções apresenta definições e conceitos como eles são concebidos e adotados no conhecimento geográfico, além de glossário que os complementam: Série Link do espaço, Construindo a Geografia, Projeto Araribá, Geografia (Elos) e Geografia (Séries). As coleções Construindo o espaço, Geografia da gente, Géia e Geografia para todos apresentam fragilidades conceituais ao tratar dos aspectos naturais e ambientais. Outros problemas também foram encontrados nas coleções A Geografia da gente e Trilhas da Geografia, no desenvolvimento de conteúdos referentes aos aspectos urbanos e rurais”.
Neste trecho é feita uma análise onde os autores utilizam os conceitos geográficos dentro de uma perspectiva de conclusão final sobre o que é isso ou aquilo dentro da geografia. O glossário seria um complemento para essas definições. A pergunta no caso é: não cabe ao professor de geografia alertar os alunos sobre a possibilidade de ampliação do conhecimento do aluno sobre uma pesquisa que possa ser realizada para averiguação de possíveis respostas, que não apenas aquelas encontradas no livro?
Penso que sim, dentro de uma perspectiva positiva para o conhecimento e crescimento do aluno.
“A localização correta dos fenômenos geográficos e a qualidade das representações cartográficas são características das coleções Geografias do mundo, Geografia (Temas), Geografia (espaço geográfico), Geografia para todos e Geografia (Séries).
Esses elementos comparecem com menor precisão nas coleções Construindo o espaço, Geografia da gente, Géia e Construindo consciências, que apresentam algumas imprecisões ou problemas na distribuição espacial dos fenômenos, principalmente nos mapas e na identificação das legendas”.
Um grave e constante problema encontrado nos livros didáticos, é a qualidade das figuras, fotos, imagens e mapas apresentados. Houve uma sensível melhora nestas coleções apresentadas, porém, o trabalho dos autores ainda é prejudicado pelas escolhas efetuadas pelas editoras.
Segundo o guia do PNLD, “conceitos são construções intelectuais da ciência que servem como elementos que estruturam a leitura e a interpretação da realidade. Por outro lado, noções são conhecimentos elaborados no nível do senso comum. Assim, algumas coleções têm, como eixos norteadores, noções que são utilizadas como conceitos, como, por exemplo, cidade, urbanização, desenvolvimento, subdesenvolvimento e desenvolvimento sustentável, numa demonstração de que as obras expressam ora simplificadamente, ora em escala muito ampla e ora corretamente, o que compreendem por conceito”.
O que no caso seria simplificadamente ou escala ampla ou ainda o que seria corretamente em se tratando de escala? Será que os conceitos utilizados são necessariamente os mais precisos segundo a visão do professor em sala de aula? Teria o aluno de 5ª série o discernimento para compreender as diferenças entre conceitos e noções existentes em determinado texto? Ou seria melhor que o aluno conhecesse os dois lados, o científico e o senso comum para o princípio, aumentar seu conhecimento e depois sim, fomentar a busca pelo conhecimento científico dentro da sala de aula junto a seus colegas e professor? Esta é a questão que discuto dentro deste meu trabalho, buscar um crescimento do conhecimento intelectual do aluno, seja ele retirado de um livro didático ou de uma revista semanal, um jornal, da Internet. Se a princípio a busca for feita através do senso comum, que seja feita, cabe então a nós professores direcionarmos este aluno para uma pesquisa onde ele realmente possa descobrir outras possibilidades de conhecimento.
CONCEITOS:
Segundo o guia “Essa pluralidade de entendimentos faz com que as coleções incorporem noções bem diferentes e distantes do rigor científico, exigindo do professor a complementação de seu conhecimento em outras fontes bibliográficas e o cuidado de definir corretamente os sentidos das palavras utilizadas nos livros”.
Cabe então ao professor verificar e atualizar estes conceitos em sala de aula de uma forma que o aluno possa ter uma gama de variáveis em relação aos conceitos apresentados pelos livros didáticos. E é esse trabalho que proponho com o dicionário de Geografia do aluno, que seria essencial para essa busca do conhecimento geográfico, uma forma de apresentar ao aluno não só diferentes vertentes de um determinado conceito, mas também inserindo este aluno num papel de protagonista dentro de um primeiro encontro com um trabalho de pesquisa.
A seguir, a descrição de com estão apresentados os conceitos nas coleções aprovadas no PNLD 2008 e posteriormente os mesmos conceitos segundo o Novo Dicionário de Geografia.
ESPAÇO GEOGRÁFICO
O conceito de espaço geográfico é o principal norteador dos conteúdos das coleções. Ele é balizador, por exemplo, nas coleções Construindo o espaço, Geografia crítica, Geografia da gente, Geografia do mundo, Géia, Geografia (Temas), Geografia (espaço geográfico), Série Link do espaço, Trilhas da Geografia, Geografia para todos, Construindo consciências, Geografia (Séries) e Homem & espaço, não necessariamente com os mesmos significados, mas, predominantemente, correspondendo ao produto resultante das relações sociedade e natureza, considerando-se o tempo como referência para apreensão das suas sucessivas transformações.
Novo Dicionário de Geografia
ESPAÇO: 1. Para Milton Santos, o espaço é materializado pelas formas da paisagem, mais a vida (trabalho/ serviços) que as anima. 2. O espaço constitui a matriz sobre a qual as novas ações substituem as ações passadas. 3. É o não aparente, a essência.
ESPAÇO GEOGRÁFICO: Segundo Milton Santos: “É a natureza modificada pelo homem através do seu trabalho” [...] “O espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que estão acontecendo diante dos nossos olhos e que se manifestam através de processos e funções”.
PAISAGEM
A paisagem, outro importante conceito da Geografia, é estruturadora das coleções Série link do espaço, Construindo o espaço, A Geografia da gente, Geografias do mundo, Geografia para todos e Homem & espaço. No entanto, o sentido do conceito não é o mesmo em todas as obras. Na coleção Construindo o espaço, a paisagem é compreendida como a diversidade de lugares e como componente do espaço. Na Geografia do mundo, o conceito é valorizado pelo uso de fotografias, partindo-se do que é visível para compreender que as paisagens se modificam à medida que se altera a dinâmica que as produz. Na Geografia paratodos, considera-se que a paisagem é transformada pela ação da natureza e do homem, sendo que sua modificação pela ação humana permite contextualizá-la territorialmente e como resultado da relação entre lugares. Na Construindo consciências: Geografia, a paisagem é base para a compreensão das relações espaço-temporais problematizadas a partir de situações do cotidiano do aluno e como sinônimo de lugar. Na coleção A Geografia da gente, por sua vez, a paisagem (e oespaço) é referência da relação entre sociedade e natureza por meio das noções de apropriação e de construção social.
Novo Dicionário de Geografia
PAISAGEM: 1. Para Milton Santos é o conjunto de formas que, num dado momento, exprime as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem e a natureza. 2. Paisagem é uma categoria do fenômeno. 3. Espaço geográfico cuja individualidade ocorre na presença dos seus elementos mais característicos, com desertos, planícies, montanhas, florestas, oceanos, mares, etc. 4. Tudo aquilo que a vista alcança, a partir da visão do geógrafo. 5. “Unidade visível do arranjo espacial que a nossa visão alcança, a paisagem tem seu caráter social, pois é formada de movimentos impostos pelo homem através do seu trabalho, cultura e emoção. Ela é produto da percepção, mas necessita passar a conhecimento espacial organizado, para se tornar verdadeiro dado geográfico”. (Ministério da Educação e Desporto. PCN – Ensino Médio, dez. 1999, p. 30.) 6. BERTRAND (1968) A Paisagem é resultante de três componentes principais: o potencial abiótico (todos os elementos abióticos), a exploração biótica (conjunto das comunidades vegetais e animais) e a utilização antrópica interferindo nos dois primeiros. 7. Tricart (1981) Paisagem é uma porção perceptível a um observador onde se inscreve uma combinação de fatos visíveis e invisíveis senão o resultado global. A paisagem é originalmente um ser lógico, espacial, concreto e só tardiamente adquiriu a dimensão lógica de um sistema. Segundo Tricart, o termo paisagem na França possui uma forte conotação territorial. 8. Delpoux (1974) A Paisagem é o objeto concreto, materialmente palpável, diretamente perceptível no terreno. Certamente de estrutura complexa, diversificada, dinâmica, podendo ser descrita de maneira objetiva. De acordo com Delpoux, a paisagem é uma entidade espacial correspondendo à soma de um tipo geomorfológico e de uma cobertura no sentido mais amplo desse termo (da floresta à aglomeração e à zona industrial passando pelas culturas ou superfícies aquáticas). E a percepção da paisagem está em função da escala, correspondendo também à soma de caracteres próprios de cada um dos elementos fundamentais. 9. DEFFONTAINES (1945) Deffontaines define a paisagem como sendo o suporte de uma informação original sobre numerosas variáveis relativas notadamente aos sistemas de produção e cuja superposição ou vizinhança, revelam ou sugerem interações. 10. A paisagem se dá como um conjunto de objetos reais-concretos. 11. Para Alexander Von Humboldt: “característica total de uma região terrestre”.
Território
Um outro importante conceito utilizado é o de território. Diferentemente da paisagem, ele é explicitado, em todas as coleções em que aparece como elemento do texto, como produto histórico e cultural, definido pela estrutura de poder. Isso se observa nas coleções Construindo o espaço, Geografias do mundo, Géia, Geografia (Temas) e Geografia para todos. No entanto, há diferentes conotações do conceito, mesmo que a base explicativa seja a mesma. Por exemplo, na coleção Geografia para todos, a noção de território é enriquecida tratando-se o território como conteúdo da explicação de processos, fatos e fenômenos com suas articulações espaço temporais e entre a sociedade e a natureza e, na coleção Geografias do mundo, desenvolve-se a noção de território mais nos volumes das 7ª. e 8ª. séries. Por outro lado, na coleção Géia, aborda-se o território no livro da 6ª. série por meio da interrelação dos aspectos políticos, sociais, econômicos e culturais.
Novo Dicionário de Geografia
TERRITÓRIO: 1. Área terrestre, seu espaço aéreo e mares vizinhos, organizados em um Estado soberano. 2. Espaço pertencente a algo, alguém ou alguma coisa, delimitado por fronteiras.
Região
Um conceito que faz parte da construção histórica do pensamento geográfico é o de região. Ele está implícito, em várias coleções, como Série link do espaço, Geografia, sociedade e cotidiano e Geografia (Temas), mas nenhuma delas focaliza-o como um conceito estruturador, apenas como uma referência de recorte analítico. Por exemplo, na coleção Série link do espaço, a referência à região é feita no conteúdo que trata das primeiras tentativas de regionalizar o Brasil, cujo critério adotado baseava-se nos elementos naturais, com ênfase no clima, acrescentando que, atualmente, é preciso considerar as alterações feitas na natureza pela sociedade. Na coleção Geografia, sociedade e cotidiano, macro, meso e micro regiões são vinculadas unicamente à sua dimensão territorial, levando a uma regionalização do espaço mundial que se dá a partir da perspectiva socioeconômica.
Na coleção Geografia (Temas), região é interpretada pela predominância da homogeneidade física ou base natural na sua delimitação; para tentar superar essa limitação, dá-se ênfase a critérios de regionalização que privilegiam os aspectos econômicos, mesmo que se mantenha a finalidade estatística das informações. Na coleção Geografia do século XXI, a definição está correta, mas incompatível com os exemplos de regionalização do Brasil, cujas fontes são de 1967.
Novo Dicionário de Geografia
REGIÃO: 1. Para Milton Santos, a “Região seria o resultado das possibilidades ligadas a uma certa presença de capitais fixos e exercendo o papel ou funções técnicas e das condições do seu funcionamento econômico, dada pela rede das relações políticas, econômicas, geográficas, formas, funções, processo e estrutura”. 2. Porção de território contínua e homogênea em relação a determinados critérios pelos quais se distingue das regiões vizinhas. As regiões têm seus limites estabelecidos pela coerência e homogeneidade de determinados fatores, enquanto uma área tem limites arbitrados de acordo com as conveniências. 3. Região é um conceito que se fundamentam em uma reflexão política de base territorial, com um poder central, jogos de interesses de comunidades, limite entre autonomia e poder central, fundamento político de controle e gestão de um território.
Lugar
Algumas coleções priorizam o conceito de lugar, articulando-o com o espaço próximo e do cotidiano do aluno, como pode ser verificado nas coleções Série Link do espaço, Géia, Construindo a Geografia, Geografia (Temas), Projeto Araribá, Geografia para todos e Geografia (Séries). Em duas coleções, entretanto, verificaram-se conflitos conceituais, pois se trata lugar como sinônimo de local (Trilhas da Geografia e Homem & espaço). Na coleção Geografia (Temas), lugar é entendido como sinônimo do local onde o aluno vive e como ele vê o mundo; esse conceito está ausente dos livros das 5ª e 6ª séries. Por outro lado, na coleção Geografia, sociedade e cotidiano, lugar adquire o significado de área, que precisa ser compreendido por meio das experiências do aluno, o que significa que é estudado pelo recorte empírico. Embora não seja destacado como o principal conceito estruturador das coleções, como nos casos anteriores, o conceito de lugar é trabalhado como o espaço vivenciado e percebido pelos alunos na coleção Construindo o espaço. Na coleção Geografias do mundo, ele é síntese dos elementos socioculturais e físico-ambientais que produzem espaços e ambientes com diversas identidades territoriais. Neste caso, há articulação, nos conteúdos da obra, do conceito de lugar com os de espaço e de território. Na coleção Construindo a Geografia, esse conceito é par dialético de mundo para a compreensão do espaço. Na coleção Geografia para todos, lugar é referência na produção do espaço por meio da localização diferenciada da produção industrial, do consumo e do deslocamento migratório. Nessa obra, por exemplo, a concepção de espaço vivido é trabalhada, no volume da 5ª. série, a partir da letra de uma canção infantil e de uma criança de uma tribo indígena, para explicar a relação entre sentimento e lugar. Na coleção Construindo consciências, lugar se diferencia na identificação das relações espaço-temporais, na tentativa de explicar a construção histórica do espaço pelas relações entre sociedade e natureza. Nessa coleção, por outro lado, o conteúdo da obra inicia-se pelo estudo de lugar como referência da escala das moradias na 5ª. série, partindo-se para a expansão urbana na 6ª. e a evolução tecnológica como superação das dificuldades naturais na 7ª. série.
Novo dicionário de Geografia:
LUGAR: Espaço com o qual as pessoas vivem e com o qual passam a se identificar. Porção ou parte do espaço terrestre; local, sítio.
Depois de analisar, comparar as formas como são utilizados os principais conceitos da Geografia, seja, pela equipe de trabalho do PNLD, vinculado ao Ministério de Educação, ou por grupos de pesquisa espalhados pelo Brasil, grupos de estudos e listas de geografia pela internet, venho não com um argumento centrado numa verdade, venho pela reflexão que deve e pode ser feito quanto a utilização de conceitos, termos e expressões geográficas no cotidiano dos alunos a partir da 5ª série, fato que pode tornar mais prazeroso tanto para o aluno, quanto para o professor.
O que proponho é apenas uma forma de direcionar o conhecimento da geografia e tornar habitual o uso de nossa linguagem geográfica como algo comum e corriqueiro na vida dos alunos para que estes, não enfrentem num futuro, os mesmos problemas que este professor encontrou em sua formação.
Sem me preocupar se estes alunos serão ou não geógrafos (a maioria esmagadora certamente não será), porém, que entendam que estarão inseridos num processo de crescimento intelectual, adquirindo uma nova experiência logo em sua chegada ao ensino fundamental a partir do Dicionário de Geografia do Aluno.
4 PROJETO DICIONÁRIO DE GEOGRAFIA DO ALUNO
Justificativa
Um dos problemas encontrados por professores no tocante ao ensino de geografia é a barreira existente quando da chegada dos alunos do ensino básico e sua entrada na 5ª séria do ensino fundamental, quanto ao uso de termos, conceitos e expressões geográficas em sala de aula. Existe a vontade por parte dos professores de mudar este quadro, saindo de uma postura tradicional em sala de aula baseado no trabalho a partir do livro didático e adotando novos conceitos no cotidiano do aluno, seja em sua escala local, regional ou mesmo global. A proposta do projeto do Dicionário de Geografia do aluno, na qual os alunos a partir do ensino fundamental possam conhecer em forma de um trabalho efetivo de pesquisa, conceitos, termos e expressões do conhecimento geográfico, até então totalmente desconhecidas de seu vocábulo usual. E conseqüentemente podendo auxiliar para que essa etapa na vida do aluno possa ter um acréscimo quanto à linguagem utilizada tanto pelos livros didáticos quanto pelos professores de Geografia. Construindo com o dicionário de Geografia do aluno uma possível e efetiva alfabetização geográfica. Digo efetiva, pois as dúvidas dos alunos são pertinentes aos vocábulos totalmente desconhecidos até então.
Público Alvo
Alunos de Geografia do ensino fundamental a partir da 5ª série (sexto ano). Pois a partir desta série o aluno encontrará um profissional especialista em geografia, saindo muitas vezes do lúdico aplicado na educação básica e partindo para um aprofundamento dentro do conhecimento geográfico.
Objetivos
Que os alunos possam:
-Discutir e se expressar sobre o tema geografia. O que afinal estudaremos, o que é geografia, por que devo estudar geografia?
-Conhecer as etapas de pesquisa de um trabalho a médio e longo prazo, tornando o aluno um protagonista do processo de crescimento intelectual, fazendo com que o aluno sinta-se responsável por algo, no caso um projeto que vai envolvê-lo e a seus colegas.
-Sentir-se como atores principais na construção do pensamento geográfico, esta é efetivamente uma meta que deve ser buscada e para um efetivo trabalho produtivo, que estes possam conseguir um embasamento que servirá de base para seu futuro intelectual.
- Passando por etapas, que devem ser respeitadas, preservando desta forma a compreensão de cada aluno, buscando desta forma, uma cumplicidade entre os colegas de classe.
Conteúdos
-Construção do dicionário de Geografia do Aluno: Reforçando e buscando a conscientização do aluno, mostrando a este como construir seu próprio livro.
-Alfabetização Geográfica: Em que a escola, o professor e o aluno podem ajudar neste processo.
Metodologia
Temos em vista a atividade iniciada em sala de aula - Como iniciar sua pesquisa: diretrizes para o aluno construir seu próprio Dicionário de Geografia. Posteriormente um trabalho voltado para a pesquisa permanente de conceitos, termos e expressões ligadas a Geografia, tendo com base não apenas a sala de aula e sim, o cotidiano, a vida do aluno. A proposta passa pela esquecida e pouco usual lição de casa, focada no caso, num trabalho de pesquisa permanente e efetivo na qual o envolvimento do aluno possa refletir em frutos consideráveis ao longo de cada ano letivo.
Recursos
-Livros didáticos e para-didáticos, Atlas, revistas, jornais, internet, vídeos, conversa com familiares, etc. Todo material pode e deve ser aproveitado para pesquisa.
-Caderno (qualquer tipo), com divisões em ordem alfabética (feitas em sala de aula) para facilitar a pesquisa durante e depois da construção do Dicionário de Geografia do Aluno.
Avaliação
A avaliação passa pela compreensão de cada professor no tocante aos resultados efetivos ao final do ano letivo. Pensado como um processo que deve ser formativo, contínuo, global e adaptado às necessidades que caracterizam os diferentes grupos de alunos. Devem-se valorizar todos os conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais) desenvolvidos em sala de aula e fora dela de modo que o aluno tenha a oportunidade de mostrar, durante o processo de aprendizagem, as dificuldades, para que elas possam ser superadas. Recorrer somente a uma forma de avaliação não é suficiente para que se conheça o que o aluno aprendeu, como aprendeu e como utiliza o que aprendeu.Avaliar se o aluno sabe trabalhar com os procedimentos desenvolvidos, se recorre aos conceitos, dados e fatos para buscar respostas, requer maior dedicação, pois demanda do professor, descobrir o que o aluno já sabe, entender como se dá o processo de aquisição, socialização e sistematização do conhecimento e como ele faz para aplicá-lo em determinadas situações.A avaliação não se restringe a conhecer somente o que o aluno acumulou, mas sim compreender como ele utiliza os conceitos, termos e expressões geográficas que aprendeu, como recorre aos procedimentos e quais suas atitudes diante de situações-problemas.
5 Considerações Finais
A Geografia tenta se afirmar como uma disciplina onde o questionamento, a dúvida, o buscar algo a mais, seja parte inerente a formação de nossos alunos desde o ensino fundamental. Em outras palavras, que o aluno seja um agente crítico dentro da sociedade na qual está inserido, que possa ao longo do ensino fundamental e médio angariar subsídios culturais que lhe sejam úteis ao longo de sua vida. A Geografia tem esse papel. O papel de colocar aos olhos desses alunos, pontos de vistas diferenciados, para que este, possa discernir entre o que no seu parecer crítico seja certo ou errado. Vejo professores que se dedicam mesmo com salários baixos, elevando tanto o seu nível intelectual quanto o de seus alunos, haja visto, nossa turma de ensino de geografia que, vindos de todas as partes de São Paulo( até do interior) buscam se aperfeiçoar numa entidade como a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Colegas que lutam contra adversidades, condições de trabalho precárias, violência nas escolas, porém, que não esmorecem quanto a vontade de lecionar geografia. Professores muitas vezes abnegados que fazem de seu ofício uma perpétua luta contra as adversidades do nosso cotidiano. A forma na qual apresento esta monografia é apenas uma entre várias idéias sobre como melhorar as aulas de geografia em escolas do Estado. Não que este projeto do dicionário de geografia do aluno não seja viável em outras escolas, ao contrário, pode e deve ser analisado como uma atividade cotidiana.
O que coloco é a questão na qual estou inserido em sala de aula, eu sinto os problemas das minhas turmas, da minha comunidade, de minha clientela. Sei de minha capacidade e da capacidade de muitos de meus colegas, porém, muitas vezes nos vemos amarrados com resoluções que sempre vêem de cima para baixo, deixando nós professores, na maioria das vezes de mãos atadas ou sem uma resposta convincente a dar a nossos alunos.
Digo isso, pois em dezembro de 2007, os professores do Estado de São Paulo foram informados pelas suas respectivas diretorias, que, informalmente, uma minuta sobre o ano letivo de 2008 fora discutida em âmbito de diretorias regionais, que vinha diretamente da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Minuta esta que informava que o planejamento para o ano letivo de 2008 já estaria pronto. Sem nenhuma pergunta a nós, professores, direto e objetivo: o Estado impondo sua vontade em nossas escolas.
Outro ponto negativo a se destacar refere-se à escolha de livros didáticos referentes aos anos de 2008 a 2011. Os livros didáticos foram entregues no final de 2007, livros que não foram os escolhidos em minha unidade escolar. Tivemos 11 livros para escolha, destes, solicitamos 3 que consideramos com um bom nível para o trabalho nos próximos anos. Na chegada, o livro didático que recebemos não era nem a 6ª ou 7ª opção. Arbitrariamente, a escolha do material de trabalho dos professores não foi respeitada.
O planejamento já está pronto para o trabalho dos professores, ou seja, todo o trabalho será pautado pelo Estado. A questão é: este planejamento que já está pronto foi pensando no livro que minha escola recebeu? Ou este planejamento é generalizado a partir dos PCNs?
Cabe citar que a partir de 2008 a geografia se transformou em projeto e não mais uma disciplina do componente curricular para os terceiros anos do ensino médio.
Não espero mobilização de sindicatos ligados aos professores, associações de pais, AGB ou dos departamentos de geografia das Universidades de São Paulo, enfim, vejo com resignação esta alteração que novamente colocam nossa ciência em segundo plano. A crítica, a busca pela localização no espaço, princípio básico da geografia, nossa situação como sociedade, e todas as discussões possíveis ligadas à geografia ficarão cerceadas, à margem de qualquer tipo de discussão mais aprofundada.
Como profissional, professor de Geografia efetivo do Estado de São Paulo, vejo-me na obrigação, como servidor público, de exercer com afinco meu ofício. Vejo, além de uma relação profissional, uma obrigação pessoal de disseminar a geografia da melhor maneira possível. Não quero ser mais um professor, um geógrafo, com ideologias perdidas no tempo, trancado com suas idéias, sobre educação ou ensino, dentro dos muros de uma Universidade, realizando reuniões de grupos de pesquisa uma vez por mês com 5 ou 6 pessoas numa sala mal iluminada. Espero contribuir de alguma forma para o desenvolvimento da geografia na qual aprendi a gostar, a minha geografia. Que nada mais é do que ter uma postura crítica sobre o que o mundo nos mostra a cada dia, seja a opressão de um Estado, de uma religião ou de um sistema. Um passo eu consegui com a publicação do Novo Dicionário de Geografia, o que espero agora é difundir primeiro em minha escola como um projeto permanente o dicionário de Geografia do aluno, depois em âmbito regional via diretoria de ensino de Osasco uma ferramenta para difusão do pensamento geográfico.
Não foi intenção nem pretensão deste trabalho trazer ou postular conclusões fechadas sobre a alfabetização geográfica a partir do uso de conceitos, termos e expressões de geografia, mas sim, abrir os olhos para alternativas para melhorar o ensino de geografia. Espero ter trazido à tona o fato de que essa forma de ensinar envolve um trabalho conjunto unindo professor e alunos numa complexidade no desenvolvimento do conhecimento que pode ser adquirido ao longo do ano letivo. O conhecimento da linguagem geográfica não surge apenas com o que é debatido e conversado em sala de aula. Procuro mostrar que o professor pode de maneira direta estimular o estabelecimento de vários tipos de relações existentes na alfabetização geográfica em diversos momentos, sejam eles, na escola, em casa, na Internet, nos livros, revistas ou numa simples conversa com seus familiares. É por meio dessa ação em seu cotidiano, no seu espaço, que as interações e conseqüentes reflexões saem da forma abstrata em suas mentes, tornando mais fácil sua concepção e sua organização. Neste trabalho mostramos um exemplo de atividade que provocam o aluno para que este busque um algo mais, um sentido da pesquisa, do querer saber.
Outras formas de ensinar podem ser mostradas e discutidas, penso que cada professor pode e deve trabalhar de maneira diferenciada, sempre buscando de forma clara a melhoria de aprendizagem de seus alunos, esta é a minha forma de ensinar geografia, busco sempre o aprimoramento profissional para que sempre possa fornecer condições para uma aula melhor. Afinal que o espaço possa ser repensado de várias formas, com muitas cabeças agindo numa ampliação sistemática do saber geográfico.
Efetivamente espero que esta ação (Dicionário de Geografia do aluno) possa contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, na qual o aluno seja o agente principal na construção do conhecimento geográfico dentro e fora da sala de aula, para que este possa sim, enfim, ser o protagonista. Pois se o ponto de partida para a construção do saber geográfico passa pela descoberta da espacialidade dos fenômenos, o saber onde estão as coisas, nada melhor que a busca por conceitos, termos e expressões geográficas inseridas no cotidiano de sala de aula.
Quanto aos professores, que a possibilidade de uma forma alternativa de trabalho em sala de aula seja ferramenta usual dentro da busca profissional para a efetiva alfabetização geográfica. Mostrando com um trabalho de orientação e sistematização de conhecimentos, sejam eles produzidos dentro ou fora da sala de aula, buscando, com isso, organizá-los de modo que o aluno possa utilizar esse saber na sua vida cotidiana.
Em relação ao ensino de geografia a proposta para uma alternância no tocante a forma de como se ensinar geografia a partir do ensino fundamental. Buscando uma forma de disseminação do conhecimento geográfico, por intermédio de um trabalho efetivo em sala de aula, onde o envolvimento professor/aluno ocorra dentro de uma cumplicidade visando sempre o aperfeiçoamento da linguagem geográfica a partir de conceitos, termos e expressões ligadas à Geografia. Neste quesito, o método utilizado para ensinar é fundamental na formação do educando. Quando se tem como referencial metodológico uma perspectiva de ensinar aprendendo, o aluno torna-se um produtor de conhecimento, fomentado pelo professor que também se torna um aprendiz. Com isso, os papéis se reorientam e, a partir daí, temos a possibilidade de estimular nos alunos as noções iniciais de pesquisa, com a pretensão de despertar a curiosidade e desenvolver métodos de sistematização de conhecimento, propiciando uma aprendizagem significativa. O ensino de Geografia contribui para o desenvolvimento de habilidades como observar, descrever, orientar-se, argumentar, analisar, falar em público, entre outras. Para tanto, é importante que o aluno seja estimulado a pesquisar.
As atividades realizadas fora da sala de aula possibilitam ao aluno aproximar o conhecimento escolar da realidade vivida por ele ou por outro grupo social. Assim, portanto, coloco como válido o trabalho direcionado através do Dicionário de Geografia do aluno, sendo utilizado como um dos recursos didáticos que possibilitam ao aluno o aprofundamento do domínio do conhecimento produzido fora da escola, reorientado e adaptado para as condições escolares.
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PERIÓDICOS :
-Nova Escola,ed. 139,janeiro 2001
Publicado por: claudio ferreira terezo
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