O ENSINO DOS MITOS PLATÔNICOS NO ENSINO MÉDIO DO ESTADO DE SÃO PAULO

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1. RESUMO

O presente trabalho pretende expor alguns mitos platônicos que se relaciona entre o ensino de filosofia no ensino médio correlacionando-os com problemas da contemporaneidade. Assim, analisando o mito como instrumento pedagógico que auxilia o desenvolvimento da reflexão, do discurso e de orientação de práticas e valores morais e éticos. Atuando dessa forma, busca-se analisar a bibliografia existente sobre o uso do mito como possibilidade de ensino e descrevendo suas ações e métodos nas aulas e no currículo do Estado de São Paulo. Portanto, espera-se que a pesquisa possa contribuir para valorizar a Filosofia no universo escolar.

Palavras-chave: Mito; Ensino de Filosofia; Representações Simbólicas.

ABSTRACT

The present work intends to expose some Platonic myths that is relates between the teaching of philosophy in high school correlating them with problems of the contemporaneity. Thus, analyzing the myth as a pedagogical instrument that helps the development of reflection, discourse and orientation of moral and ethical practices and values. Acting in this way, we seek to analyze the existing bibliography on the use of myth as a teaching possibility and describing its actions and methods in the classes and curriculum of the State of São Paulo. Therefore, it is hoped that the research can contribute to value Philosophy in the school universe.

Key Words: Myth; Teaching Philosophy; Symbolic Representations.

2. INTRODUÇÃO

O ensino dos mitos platônicos no ensino médio traz como perspectiva ampliar as possibilidades de aprendizagem, pois acrescenta uma linguagem simbólica no cotidiano dos alunos. Portanto, aderindo à teoria das ideias de Platão (que afirma que o mundo que conhecemos através dos sentidos é imperfeito e falível, já o mundo das ideias são únicas e eternas) os mitos complementam o ensino de filosofia com modelos e sugestões de orientação para os problemas contemporâneos, como narrativas sobre política, poder, ética, moralidade, afetos, etc.

Os mitos teriam utilidade pedagógica; ou constituiriam uma retórica moralizadora. Em uma estratégia política, os mitos teriam como finalidade educar o povo, trazendo modelos de orientação para boas condutas. Outros vêem no mito um instrumento para expor a opinião platônica acerca do mundo do devir (Susemihl, Frutiger).

O mito apresenta um problema filosófico e resolvido de outro modo além do método dialético, assim as questões que não recorrem a episteme, poderiam ser explicadas no nível de opinião.

Como o ensino dos mitos platônicos (PLATÃO, 1991, p. 8)- Nascimento de Eros; Mito do Julgamento da Alma; Mito do Carro Alado; Mito dos quatro tipos de Homens; Mito do Anel de Giges; Alegoria da Caverna - podem contextualizar com a grade curricular (FINI; MICELI, 2012) da 1ª série do Ensino Médio- 1º Bimestre (Por que estudar Filosofia? As áreas da Filosofia); 2ª série do Ensino Médio- 1º Bimestre (Introdução à ética, O eu racional, Autonomia e liberdade); 3ª série do Ensino Médio- 1º Bimestre (O que é Filosofia, Superação de preconceitos em relação à Filosofia e definição e importância para a cidadania, O homem como ser de natureza, signos e de linguagem) relacionando essas duas variáveis e analisando seus impactos no ensino de Filosofia. Assim, reconhecendo a importância da imaginação e construção da narrativa, como forma de conhecimento, nessa perspectiva, pode incluir os mitos como uma ferramenta de ensino que introduz uma prática de ensino aprendizagem que produz criatividade no individuo, como cita Piazzi (2008, p.111) “todo mundo aceita que o ser humano ‘fala porque pensa’”. Na realidade, "o homem pensa porque fala". No sentido simbólico, tanto na transmissão quanto na recepção dos sinais, e o ensino dos mitos junto com a possibilidade de reconstruir novos mitos ou significados para os problemas e dilemas da contemporaneidade são um fator de soma nas propostas curriculares do ensino básico.

Ao incluir o ensino dos mitos platônicos na grade curricular de filosofia do Estado de São Paulo, adicionará um desenvolvimento do pensamento autônomo e questionador sobre os problemas da contemporaneidade (corrupção, violência, moral, ética, anomia, etc.). Assim analisando o ensino dos mitos platônicos na grade curricular de Filosofia do ensino médio no Estado de São Paulo.

Pontuar a origem do termo mythos e seu significado nem sempre é fácil e simples. Na origem, mythos não se opõe à lógos. As duas palavras convergem a significados próximos, como "palavra", "relato" (VERNANT, 1996, p. 14). O mito e filosofia surgem como necessidade que o homem detém de conhecer ao fundo o mundo que vive, pois, ele sempre dependerá do aperfeiçoamento de métodos e técnicas de interpretação. Para Ferry (1994, p.24), é “essa dimensão indissoluvelmente tradicional, poética e filosófica da mitologia que a torna tão interessante até os dias de hoje”. A ciência é realmente um saber, mas que também é histórico e sua validade prática depende de como foi construído argumentativamente. Interessa perceber que Filosofia é amor ao saber, busca do conhecimento e nunca posse, como define Platão. Então, nunca devemos confundi-la com ciência, que é a posse de um saber construído historicamente, isto é, determinado pelas condições do seu tempo. Portanto, Mito, Filosofia e Ciência possuem entre si não uma relação de exclusão ou gradação, mas sim de intercomplementaridade. E, conforme Zanghelini (2001), não se estabelece como um pensar as questões cosmológicas e antropológicas de modo definitivo, porém caracteriza-se como uma busca, um processo sempre dinâmico de definição das "verdades" de cada época histórica.

Sendo feito uma pesquisa bibliográfica sobre os mitos e o ensino de filosofia, analisando a literatura já existente, formulando uma proposta ou pressuposto sobre o assunto e comprovando ou refutando o pressuposto inicial, assim possibilitando uma alternativa de ensino que utilize símbolos, imagens e narrativas para aperfeiçoar o ensino aprendizagem.

3. O ESTUDO DOS MITOS E O ENSINO DE FILOSOFIA

Platão, em sua filosofia, determinou algumas das ideias centrais do pensamento ocidental como às ideias políticas que aparecem nos escritos Diálogos e na República, nas teorias psicológicas que expõe em Fedro, na cosmologia de Timeu e na filosofia das ciências abordas na obra Teeteto.

Em seus diálogos, Platão utiliza diversos personagens históricos como Górgias, Parmênides e Sócrates, para através de suas falas exporem suas teorias filosóficas. Uma de suas teorias mais conhecidas é a das Ideias, em que afirma que o mundo que conhecemos, através dos cinco sentidos, o mundo sensível, é um mundo imperfeito e falho, mera sombra do real mundo das ideias. O Mundo das Ideias é muito superior ao mundo sensível. O mundo que sentimos é somente uma cópia apagada do mundo das ideias, pois as ideias são únicas e imutáveis e as coisas do mundo sensível estão constantemente mudando. Esse pensamento aparece no livro República e é conhecida como Mito da Caverna. Para Platão, a única forma para conhecermos a realidade inteligível é através da razão, pois os nossos sentidos podem nos enganar. Platão utiliza uma lógica perfeita em seus argumentos, seus diálogos seguem uma dialética e silogismos da primeira premissa até a última conclusão.

No meio de um diálogo, Platão quer explicar algo que a razão não tem palavras para dizer, ele precisa usar da sugestão simbólica, ele introduz subitamente um discurso lógico um mito. O recurso do mito é uma chamada da nossa mentalidade simbólica e intuitiva, como um apelo para mergulharmos dentro de nós mesmos, para encontrarmos respostas mais profundas do que aquilo que é puramente capaz de perceber.

Os estudos dos mitos para a finalidade pedagógica seguem algumas orientações: Pieper (1984) constituiria uma retórica moralizadora, outros como Schuhl, veem o mito como um instrumento para expor a opinião platônica acerca do mundo a devir. Já Frutiger (1930) tem menor valor filosófico, mas não é o caso de descartá-lo.

Segundo Burket (1979), o mito é um conto tradicional e com importância coletiva. Os mitos, nessa concepção, têm como objetivo moldar as almas de tal forma que elas produzem um bom comportamento. Apesar do conteúdo apresentado pelos mitos não apresentar a realidade, o produto de sua enunciação é benéfico para aquele que ouve assim os mitos seriam o modo como se valida um determinado hábito ou costume. Ainda existindo um debate sobre a superação do mito pela filosofia, expondo o “milagre grego”, Aranha (2016) questiona sua veracidade, além de deixar explícito para o leitor seu viés ideológico.

No entanto, no século XX, a tendência racionalista de entender a experiência humana começa a perder força e uma revisão no entendimento da linguagem mitológica entra em debate. É nesse sentido que Haroldo Reimer diz que:

Essas reviravoltas na pesquisa do mito estão direta ou indiretamente relacionadas com avanços no campo da epistemologia. Por conta dos desastres históricos que construíram as atrocidades humanas durante as duas guerras mundiais, a confiança exacerbada do Iluminismo e do Positivismo no cogito, isto é, da pessoa de determinar unicamente com base na racionalidade, entrou em descrédito na segunda metade do século XX(REIMER, 2009, p.19).

A busca por olhares integradores se firma desde então e tende a valorizar o convívio de saberes, colocando em suspenso a prerrogativa positivista de uma ciência que responde tudo a todos de modo absoluto e definitivo.

Trabalha-se hoje fundamentalmente com a concepção de que o “mito” é uma forma intelectual de apresentação do mundo, assim como a arte, a poesia, a ciência e a religião. Assim, Platão (2000) utiliza os mitos para validar o comportamento que ele pensa em ser correto, em outras palavras em sua composição linguística e literária, o mito comunica um discurso e uma história que apresenta um sentido a ser interpretado. Todo tema de filosofia discutida e proposta no ensino médio pode ser enriquecida com um bom material didático, e os mitos entram nesse cenário como importantes instrumentos de aprendizagem.

O Ensino Médio tem um público jovem que está em busca do pensar, efetuar e agir, é nessa fase que desenvolve a percepção, personalidade e desejos. A filosofia pode contribuir para essa fase de questionamentos.

Orientar filosoficamente a vida não é esquecer, é assimilar, não é desviar-se, é recriar intimamente, não é julgar tudo resolvido, é clarificar. São dois os seus caminhos: a meditação solitária por todos os meios de conscientização e a comunicação com o semelhante por todos os meios da recíproca compreensão, no convívio da ação, do colóquio ou do silêncio. (JASPERS, 1993, p.57)

Por isso, é necessária uma conscientização dos alunos que a filosofia não é somente uma disciplina, é uma construção do raciocínio lógico e reflexão, e os livros são compêndios e a autonomia do pensar e refletir depende da busca do aluno. Buscando novas alternativas que ultrapassem o modelo vigente.

Nessa perspectiva, podemos utilizar os mitos como ferramenta pedagógica, Ferreira (2005) aponta a história dos mitos é um modelo de ação humana, um discurso, e como tal, está ao alcance das ações humanas. O mito tem uma função social, a função de assegurar a identidade da comunidade e promovendo a adesão aos valores, possuindo a função de preservar a memória. Promovendo uma função pedagógica centrada na formação de pessoas, guiando a vida e intermediando valores morais a sociedade.

O mito é representado como uma narrativa e não um discurso argumentativo, seguindo o mesmo sentido do discurso do filósofo, o mito, em um segundo plano, pode ser considerado como verdadeiro. Assim, Brisson (2003) argumenta que o mito legitima o que está além do argumentável. Como afirma Kahn (2007) à importância do mito deriva na sequência de diálogos desenvolvidos para orientar o estudante em direção ao conteúdo da República, e o mesmo autor utiliza os mitos para melhor ensinar a sua filosofia, surgindo como uma riquíssima obra de divulgação e material didático na educação. Portanto, a importância dos mitos na filosofia está na proposta de modelos de orientação que proporcionam ao indivíduo uma postura ética e moral sobre aspectos da sua convivência na sociedade. 

Quando pensamos no ensino da filosofia, sua complexidade e dificuldades no ensino médio, o ensino de mitos adentra como um instrumento pedagógico de grande relevância, como lembra Renaut (2014) à alma é assimilada a um material moldável cuja forma final depende daquilo por que ela é alterada. O mito é uma imagem verbal, que segundo Collobert (2012) o mito é uma imagem não substancial, ou seja, refere-se a um objeto real, que funciona como seu modelo.

Um modelo de seguir determinadas regras e padrões morais, Brisson (2005) considera que o mito é um tipo de discurso que dispõe os destinatários a determinar ou modificar seu comportamento físico ou moral em função do que é proposto. Mas sim, do acordo de um discurso, o mito, com outro discurso, a norma, isto é, com o discurso que o filósofo tece sobre as realidades inteligíveis e as sensíveis. Dito de outro modo, o mito deve estar de acordo com os discursos filosóficos, seja no domínio religioso, cosmológico, ético ou político. Assim, contribuindo para uma nova observação e reflexão do debate filosófico, os mitos platônicos são abordagens morais e éticas que abrangem posturas de melhor convivência e preparo moral nas grandes questões da humanidade, pois, retratam nas suas alegorias, contos e discursos imagens e contextos que transmitem ideias sobre a coragem, a ética, a moral, os comportamentos, as crenças, hábitos, costumes e a dinâmica das relações humanas. Nesse quesito os mitos adentram como produção de conhecimentos altamente dinamizada pois possibilita um diálogo com outros saberes, um debate multidisciplinar que contribui uma articulação com outras disciplinas.

Para Kant (1983) a filosofia é um saber que está sempre incompleto, pois está sempre em movimento.

(...) aprender a filosofar só pode ser feito estabelecendo um diálogo crítico com a filosofia. Do que resulta que se aprende a filosofar aprendendo filosofia de um modo crítico, quer dizer, que o desenvolvimento dos talentos filosóficos de cada um se realiza pondo-os à prova na atividade de compreender e criticar com a maior seriedade a filosofia do passado ou do presente (...). Kant não é um formalista que preconiza que se deve aprender um método no vazio ou uma forma sem conteúdo; tampouco se segue que Kant tivesse avalizado a ideias de que é necessário lançar-se a filosofar sem mais nem muito menos a ideia de que os estudantes deveriam ser impulsionados a ‘pensar por si mesmos’, sem necessidade de se esforça urna compreensão crítica da filosofia, de seus conceitos, de seus problemas, de suas teorias etc. (OBIOLS, 2002, p. 77)

O espaço da educação deve abranger um aprendizado que permita uma problematização compartilhada, o professor de filosofia deve antes de tudo ensinar uma atitude em face da realidade, tendo como objetivo uma orientação sobre a vida, valores e comportamentos, assim proporcionando o debate e autonomia Cerlett (2003)

De acordo com Cassirer (1961), o mito é uma objetivação da experiência do homem, não de sua experiência individual. É verdade que em tempos mais avançados encontramos mitos feitos por indivíduos, como, por exemplo, os famosos mitos platônicos. Durante muito tempo os mitos e a própria filosofia eram considerados como antagônicos, hoje temos uma reconciliação, os textos de Platão indicam o mito é necessário onde o logos não consegue atingir o seu objetivo, o que era antes mágico, fantasiosa ganha relevância na formação prática do homem. Platão criou os seus mitos com o espírito completamente livre; não se encontrava subjugado ao seu poder; pelo contrário, dirigia-o de acordo com as suas finalidades, que eram as do pensamento dialético e ético. Através dessa analise podemos considerar o ensino dos mitos como complemento importante na estrutura curricular da filosofia no ensino médio.

Quando analisamos o ensino de filosofia devemos nos atentar a três alertas segundo Gallo (2007) nos orienta a mantermos sempre a atenção “ao filosofar como ato/processo”, pois se tratam de conteúdos vivos, os conteúdos que devem ser transmitidos, mas também se deve transmitir o processo de produção filosófica, “assim, ensinar filosofia é ensinar o ato, o processo de filosofar. Segundo essas premissas que retratam o ensino como privilegio e em um segundo momento que retrate a vida do aluno em questão, o ensino do mito pode contribuir com uma narrativa que busca criatividade, compreensão e cria saídas, portanto uma alternativa que ultrapasse um saber cadastrado Zabala (1998) partindo do pressuposto que origina- se um aprendizado significativo.

Lipman (2001) apresenta a filosofia como um instrumento que proporciona aos estudantes os instrumentos intelectuais e imaginativos que necessitam e fornecem o meio de transitar de uma disciplina para outra. Uma busca compartilhada de questionamentos e buscas para formar cidadãos. Cerlett(2009) propõe que não existe uma “didática geral” para utilizar uma ferramenta universal no ensino de filosofia, e assim cabe ao professor buscar instrumentos metodológicos e funcionais que estão além das propostas curriculares. Com o mundo altamente conectado, automatizado, computadorizado utilizar uma nova forma de interpretação da sua realidade pode contribuir com uma intercomplementaridade dos saberes.

Quando o aluno compreende que os cheiros, os gestos, as gírias, as tensões, os conflitos, as lágrimas e alegrias, enfim o drama concreto de seus pares é em grande parte medida resultante de uma configuração específica de seu mundo, então a Filosofia cumpriu sua finalidade pedagógica (SARANDY, 2004, p.130)

O ensino da filosofia e dos mitos pode ser compreendido hoje como relato tradicional suficientemente importante para ser conservado e transmitido de uma geração para outra. MARQUES (1994) aponta que a filosofia funciona através de manipulação de conceitos, sua construção do discurso progressivo, argumentativo e demonstrativo, a superação da finitude e precariedade, uma busca da verdade sobre o mundo. O mito pode ser trabalhado de forma dialética com a filosofia, existindo um logos no mito, os mitos detêm uma sintaxe e uma semântica própria Marques (1994)

O filosofo francês Michel Foucault, por exemplo, caracterizou a atividade filosófica como uma espécie de ‘exercício de si, no pensamento’. Isto é, como um trabalho de pensar sobre si mesmo que faz com que cresçamos e nos modifiquemos como pessoas. Sendo o ensino médio uma fase de consolidação do jovem, de sua personalidade, de seus anseios, a filosofia tem ai um importante papel e uma colaboração. (GALLO, pág. 43, 2009)

Diante dessa perspectiva, o ensino de filosofia deve pontuar na necessidade do aluno e não somente na tradição do currículo, assim buscando novas alternativas que possam levar o educando a novas experiências, conhecimentos e questionamentos, que ultrapassem os saberes preestabelecidos. Com o uso dos mitos podemos ter como auxílio de uma medição, onde os alunos reflitam o seu cotidiano com um novo olhar, que abrange uma linguagem mítica e singular. A narrativa mítica ou mesmo poética despertas no aluno novas possibilidades de criação e contestação, os revelando significativo para novas aquisições cognitivas.

Reconhecendo a educação como arte de adquirir novos conhecimentos Withehead (1969) a mente humana não é um mero depósito de conhecimentos, precisa saber utilizar aquilo que se aprende. Portanto, os mitos podem apontar como modelos de orientação e questionamento para as grandes questões da convivência humana.

4. OS MITOS PLATÔNICOS

Platão recorre ao mito em vários diálogos, para tratar de problemas cruciais de sua filosofia. Diante da sistemática confiança que ele deposita no método dialético, não é sem propósito perguntar para que servem os mitos platônicos e com que objetivo o filósofo os utiliza.

Os mitos platônicos se inspiram na teoria das ideias. Existe um mundo das ideias onde as coisas são verdadeiras, encontram sua expressão mais pura, e existe um mundo concreto onde se refletem essas ideias, mas nesse reflexo sofre uma distorção (uma difração) e vai gerando no mundo concreto vários modelos imperfeitos daquela ideia que está no plano superior.

Essa distorção faz com que os modelos no mundo concreto não correspondam à necessidade dos que criou, e isso vai gerar embates que levarão os seres humanos para evolução. Evoluir nada mais seria de que correr atrás de corresponder ao modelo que te criou ao arquétipo (mito) do qual você deriva.

O mito é uma linguagem que aponta para esse modelo ideal, mas não aponta de uma forma racional, ele aponta de uma forma sugestiva. Como se o mito mexesse com a memória humana, o mito busca criar reconhecimento. O mito não se apresenta como explicação científica, mas uma interpretação de algo que tem relevância na vida social do grupo. Diferente da ciência que procura descrever o funcionamento das coisas, o mito apenas diz o que são e qual o seu significado dentro da cultura. Os mitos construídos pelos homens são uma forma racional de desenvolver a linguagem da alma, que é o símbolo, fazendo que as pessoas se comuniquem com o plano das ideias, que percebam além das meras sombras da caverna. Os mitos platônicos têm essa missão gerar algum tipo de reminiscência- uma busca da verdadeira identidade.

Partindo dessa premissa neste segundo capítulo vamos expor os principais mitos que poderão contribuir como modelos de orientação para complementar o ensino de filosofia na educação básica.

O mito do nascimento Afrodite:

Quando nasceu Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontrava também o filho de Prudência, Poros, o esperto. Enquanto se banqueteavam, aproximou-se Penia, a Penúria, para mendigar as sobras da festa, e sentou-se à porta. Embriagado pelo néctar, pois o vinho ainda não existia, Poros se encaminharam para os jardins de Zeus e lá adormeceu dominado pela embriaguez. Foi então que Penia, em sua miséria, desejou ter um filho de Poros. Deitou-se a seu lado e concebeu a Eros, o amor. Por esse motivo é que Eros tornou-se mais tarde companheiro e servidor de Afrodite, pois foi concebido no dia em que esta nasceu. Além disso, Eros, devido à sua natureza, ama o que é belo e, como sabemos, Afrodite é bela. E por ser filho de Poros e Penia, Eros tem o seguinte fado: é pobre, e muito longe está de ser delicado e belo, como todos vulgarmente pensam. Eros, na realidade, é rude, é sujo, anda descalço, não tem lar, dorme no chão duro, junto aos umbrais das portas, ou nas ruas, sem leito nem conforto. Segue nisso a natureza da mãe que vive na miséria.

Por influência da natureza que recebeu do pai, Eros dirige a atenção para tudo que é belo e gracioso: é bravo, audaz, constante e grande caçador: está sempre a deliberar e urdir maquinações, a desejar e a adquirir conhecimentos, filosofa durante toda sua vida; é grande feiticeiro, mago e sofista.

Não vive, propriamente, nem como imortal nem como mortal. No mesmo dia, ora floresce e vive, ora morre e renasce, se tem sorte, graças aos dons recebidos pela herança paterna. Rapidamente passam pelas suas mãos os proveitos que lhe trazem a sua esperteza. Assim, nunca se encontra em completo estado de miséria, nem, tampouco, na opulência.

Oscila, igualmente, entre a sabedoria e a tolice: devido ao seguinte motivo: nenhum dos deuses, como é claro, exerce a filosofia, ou deseja ser sábio, pois que como deus já o é; quem é sábio não filosofa; não filosofa nem deseja ser sábio, também, quem é tolo, e aí reside o maior defeito da tolice: em considerar-se como alguma coisa de perfeito, conquanto, na realidade, não seja nem justa nem inteligente. “E quem não se considera incompleto e insuficiente, não deseja aquilo cuja falta não pode notar.” (PLATÃO, 1973, p.206)

O mito do nascimento de Afrodite retrata a miséria e riqueza. Eros era um gênio que fica no meio dessa dualidade, a total penúria e a total riqueza. Ele tenta impulsionar os seres para buscarem a perfeição. O amor seria a busca por aquilo que nos falta, usamos o amor para apontarmos para desejos, instintos, ambições materiais e vulgares. Quando Eros busca da forma correta a elevação e unidade.

No Fedro, Platão já propôs uma visão do outro mundo ainda mais complexo. As razões disso devem ser buscadas no fato de que nenhum dos mitos até agora examinados explica a causa da descida das almas aos corpos, a vida anterior das almas e as razões da sua afinidade com o divino.

Originariamente, a alma se encontrava junto aos deuses, vivendo uma vida divina. Em consequência de uma culpa, viu-se sobre a terra, projetada num corpo. A alma'se assemelha a um carro alado puxado por dois cavalos e guiado pelo auriga. Enquanto os dois cavalos dos deuses são igualmente bons, os dois cavalos das almas dos homens são de raças diferentes: um é bom e outro é mau. Isso toma difícil a operação de guiá-los. (O auriga simboliza a razão e os dois cavalos representam as partes lógicas da alma, a concupiscível e a irascível, sobre as quais discorreremos adiante; segundo alguns, porém, os dois cavalos e o auriga simbolizariam os três elementos com os quais o Demiurgo forjou a alma.) As almas desfilam no cortejo dos deuses, voando pelas estradas do céu e procurando, em conjunto com os deuses, chegar periodicamente ao ápice do céu, para contemplar aquilo que está além do céu, o Hiperurânio (o mundo das Idéias) ou, como também se expressa Platão, “a Planície da verdade”. Mas, ao invés do que acontece com os deuses, para as nossas almas constitui uma árdua empresa procurar contemplar o Ser que reside além do céu e apascentar-se na “Planície da verdade”, especialmente por causa do cavalo mau, que puxa para baixo. Sucede, então, que algumas almas conse­guem contemplar o Ser ou, pelo menos da parte dele e, por essa razão, continuam a viver com os deuses. Outras almas, ao contrário, não conseguem chegar à “Planície da verdade”; amontoam-se e não conseguindo subir a ladeira que conduz ao ápice do céu, chocam-se e atropelam-se; de uma briga, as asas quebram-se e as almas tomando-se pesadas, precipitam sobre a terra.

Conseqüentemente, quando uma alma consegue contemplar o Ser e apascentar-se na “Planície da verdade”, ela não cai em um corpo na terra e, de ciclo em ciclo, continua a viver em companhia dos deuses e dos demônios. A vida humana à qual a alma dá origem é moralmente mais perfeita na proporção que mais houver “con­templado” a verdade no Hiperurânio e moralmente menos perfeita quanto menos a tenha “contemplado”. Após a morte do corpo, a alma é julgada e, durante um milênio, como já sabemos através de A República, usufruirá de prêmios ou cumprirá penas correspondentes aos méritos ou deméritos da vida terrena. E, após o milésimo ano, voltará a se reencarnar.

Entretanto, em relação à República, o Fedro apresenta ainda uma novidade. Transcorridos dez mil anos, todas as almas retomam as asas e retornam para junto dos deuses. As almas que viveram de acordo com os ensinamentos da filosofia por três vidas consecutivas constituem exceção e gozam por isso de um destino privilegiado porque retomam as asas após três mil anos. Está claro, portanto, que no Fedro o lugar em que as almas vivem com os deuses e ao qual retomam a cada dez mil anos e o lugar em que gozam do prêmio milenário pelas vidas já vividas pareceriam constituir lugares diferentes. (PLATÃO, 1993, p.485)

No Livro II da República, Platão expõe a teoria de que ninguém é justo, honesto e íntegro voluntariamente, mas que quem pratica a justiça só o faz meio que “obrigado”, por ser tímido, covarde, ainda por se sentir velho e impotente para deixar aflorar sua ambição ou por se ver coagido a temer represálias daqueles com os quais convive e dos guardiões da justiça, como a polícia, por exemplo.

É justamente por não sermos autossuficiente e termos essa perversa “formatação” que demos origem às leis, aos contratos e as convenções, pois se deixar por nossa conta, seguramente, privilegiará os nossos interesses, fazendo o que nos aprouver. E isso, todos, pois se permitíssemos igualmente ao justo e ao injusto agir como desejam, agirão do mesmo modo. É o que vai nos revelar esse mito.

Giges era um pastor que morava na região da Lídia. Após uma tempestade, seguida de um tremor de terra, o chão se abriu e formou uma larga cratera onde ele apascentava seu rebanho.

Surpreso e curioso, o pastor desceu até a cratera e descobriu, entre outras coisas, um cavalo de bronze, cheio de buracos através dos quais enfiou a cabeça e viu um grande homem nu que parecia estar morto.

Ao avistar um belo anel de ouro na mão do morto, Giges o tirou e tratou de fugir logo dali. Mais tarde, reunindo-se com os outros pastores para fazer o relatório mensal dos rebanhos ao rei, Giges usou o anel. Após tomar seu lugar entre os pastores na Assembleia, ele girou por acaso o engaste do anel para o interior da mão e imediatamente tornou-se invisível para os demais presentes.

E foi assim, totalmente invisível, que Giges ouviu os colegas o mencionarem como se ele não estivesse ali. Mexeu novamente o engaste do anel para fora da mão e tornou a ficar visível. Admirado com a descoberta desse poder, Giges repetiu a experiência para confirmar a magia. Seguro de si, sem titubear, ele dirigiu-se ao palácio, seduziu a rainha, matou o rei a apoderou-se do trono.

Platão afirma que, tanto faz se colocarmos um anel desses no dedo de um homem justo e outro no dedo de um homem injusto, o fato é que não encontraremos ninguém com temperamento suficientemente forte para permanecer fiel à justiça e resistir à tentação de se apoderar dos bens e dos benefícios de outrem. Detendo poder e certo da impunidade, o homem se sente um deus entre os homens: “Nisso, nada o distinguiria do injusto, e tenderiam os dois para o mesmo fim, e poder-se-ia ver nisso uma grande prova de que não se é justo por escolha, mas por constrangimento, visto que não se encara a justiça como um bem individual, pois sempre que se acredita poder ser injusto [sem sofrer represálias] não se deixa de o ser”.

Quem seria suficientemente insensato para permanecer fiel à justiça, no momento em que tivessem na mão todos os poderes? Ninguém escolhe a justiça: se nos abstemos da injustiça, é porque não podendo fazer de outro jeito, resta seguir a lei. Resumindo: só se faz o bem por não se poder fazer impunemente o mal. Segundo Platão, todos os homens, com efeito, creem que a injustiça lhes é muito mais vantajosa individualmente que a justiça e que eles tem todas as razões para acreditar nisso: “Com efeito, se um homem, tornado senhor de tal poder, não consentisse nunca em cometer uma injustiça e em tocar nos bens de outrem, seria olhado pelos que tivessem a par do segredo como o mais infeliz e insensato dos homens.”. Decerto, tememo-nos outro o que sabemos trazer conosco, por isso enaltecemos tanto a honestidade. Ao testemunhar uma ação honesta os homens “Não deixariam de fazer em público o elogio da sua virtude, mas com o objetivo de se enganarem mutuamente, com medo de serem vítimas de alguma injustiça.”. (PLATÃO, 1993, p.53).

Na alegoria da caverna, Platão demonstra a diferença entre pessoas que acreditam que seu conhecimento sensorial é real, e aquelas que realmente enxergam a verdade. Para isso, ele propõe existência da seguinte situação:

Há uma caverna com três prisioneiros sem eu interior. Os prisioneiros estão amarrados às pedras. Seus braços e pernas estão amarrados, e suas cabeças estão atadas, de forma que não possam ver nada além da parede de pedra à sua frente.

Os prisioneiros estão nesta situação desde que nasceram, e nunca viram o exterior da caverna. Atrás dos prisioneiros, há uma fogueira, e – entre as costas dos prisioneiros e a fogueira, há um caminho. Por este caminho, pessoas passam carregando diversas coisas sobre suas cabeças. Entre elas, animais, plantas, madeiras e pedras. Por enxergarem apenas a parede de pedra, os prisioneiros não enxergam as pessoas ou as coisas que carregam. Elas enxergam apenas as sombras das pessoas e objetos que estão sendo carregados.

Para estes prisioneiros, que nunca viram a realidade, a realidade é a própria projeção das sombras na parede. Platão sugere o início de uma espécie de jogo. Neste “jogo”, os prisioneiros adivinham qual sombra seria a próxima a aparecer. Quando um deles acertasse, os outros dois o admirariam em função de sua inteligência e compreensão da realidade.

Um dia, no entanto, um dos prisioneiros escapa de suas amarras e deixa a caverna. Ele fica chocado com o mundo que descobre fora dela, e não acredita que ele seja real. À medida que se acostuma com a nova realidade, ele percebe que a visão antiga da realidade estava errada. Ele percebe o sol e os outros elementos que fazem parte do planeta, iniciando sua jornada intelectual. A partir disso, conclui que sua antiga visão de mundo e que seu jogo de adivinhação não tinha propósito.

O prisioneiro, então, retorna à caverna para contar aos outros prisioneiros sobre suas descobertas. Os outros dois não acreditam na história contada, e ameaçam o liberto de morte, caso ele os solte de suas amarras. (PLATÃO, 1993 p.319-322.)

No mito do carro alado temos uma representação ou modelo de virtudes e princípios a qual se seguisse teria o alcance de um mundo ideal, e toda ruptura e afastamento desses ideais o levaria para o declínio e perdição.

Sócrates vai explicar porque do homem voltar para a terra, que os deuses produzem carruagens que são conduzidas por cavalos muitos educados e obedientes, e esses cavalos sempre o conduzem para os céus, agora os homens tem carruagens que produzimos que são conduzidas por dois cavalos, um deles muito obediente e dócil, e o outro totalmente rebelde, e que não sabe obedecer ao comando. O homem procura com a sua carruagem correr atrás da carruagem dos deuses, mas em um determinado momento o cavalo desobediente entra em conflito com o outro e começa um confronto entre eles até que um determinado momento o desentendimento causa a perda das asas e eles caem todos novamente no mundo.

E assim, o homem reaparece no mundo e os cavalos sem asas o conduzem para o mundo divino, todo intervalo de uma vida para educar os seus cavalos ensinando-os novamente a voar e num próximo momento tentar alcançar o carro dos deuses. (PLATÃO, 1989 p.246-254.)

O mito dos quatro tipos de homens repercute nas essências de cada homem que vive na sociedade, cada qual atendendo suas aptidões e comportamentos de acordo com sua liga metálica. Independentemente da sua condição todos deveriam buscar se aperfeiçoar, tendo alguns com mais habilidades para governar e dirigir a sociedade, mas cabendo a todos a busca pela sabedoria e qualidades das ligas metálicas.

Existe um homem dentro de si, todo ser humano tem uma liga metálica dentro de si, existe um homem que tem uma liga metálica de ouro, o outro de prata, o outro de bronze e o outro de ferro. Esse homem que tem a liga de ouro encontra tanto valor dentro de si que ele não necessita buscar lá fora, é autossuficiente. Todo ser humano tem como ímpeto a reminiscência e busca de valor, quando se aliena ele bebe demais a água do rio letes, quando ele esquece quem é, fica ligada somente a sua existência. O homem de ferro não encontraria valor dentro de si e a necessidade de buscar valor fora de si para equilibrar sua balança. O homem de bronze já encontrou algum valor dentro de si, precisaria ainda de muitas coisas de fora, mas como ele tem uma base dentro ele é capaz de não estar tão apegado as coisas materiais, ele pode deixar que os bens circulem na sociedade. O outro homem com a liga de prata tem uma base sólida dentro de si, atribuída de valor, ele não necessita teorizar valores, assim pode se dedicar a preservar o valor alheio. Podem se dedicar a segurança da sociedade e por último os sábios que governam as cidades e não necessitam nada de fora. (PLATÃO, 1989 p.260-272.)

Portanto, os mitos trazem ricas narrativas que contribuem para formular novas imaginações e sugestões para o ensino aprendizagem. Segundo Piazzi(2008, p.111)” é o ato de falar, ou seja, é a capacidade de encadear símbolos para se comunicar que faz com que o ser humano seja capaz de concatenar o raciocínio, o pensamento abstrato”.

O mito, portanto, oferece significação ao mundo e ao cotidiano pelo sentido que o transcendente revela. Assim, permitindo ao ser um aprofundamento da realidade, dando-lhe um sentido abrangente, uma nova perspectiva, vivenciando um tempo que oscila entre o tempo cronológico e o tempo mítico. A mitologia, busca relacionar o seu significado mais profundo e sua necessidade constante de reflexão a respeito do papel de cada ser humano na sociedade a que está inserido.

5. O ENSINO DOS MITOS E O CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

O professor de Filosofia, assim como os demais, deve participar ativamente dos processos de percepção e formação de valores e de produção de conhecimentos sobre sua disciplina. Por outro lado, os PCN oferecem uma significativa contribuição ao elencar as possibilidades para contemplar os conteúdos especificamente filosóficos: histórica (centro ou referencial) e temática. A organização dos conteúdos escolares está sinteticamente apontada em termos dos tópicos disciplinares e objetivos formativos e será em seguida detalhada em termos de habilidades a serem desenvolvidas em associação com cada tema, por série\ano e bimestre letivo.

O presente capítulo propõe encaixar os mitos escolhidos de Platão para complemento e auxílio no currículo do Estado de São Paulo, pretendendo dinamizar as aulas do ensino médio: aplicando os mitos nos primeiros anos e terceiros anos do Ensino Médio que trabalham com: A concepção do Conhecimento; Democracia e Cidadania; Ética e Discursos Filosóficos.

O mito do nascimento de Afrodite pode ser utilizado como complemento de aula no currículo da 3º série do Ensino Médio que em seu conteúdo discorre sobre os Valores contemporâneos que cercam o tema da satisfação e das dimensões individuais e sociais da felicidade. Seguindo esse objetivo formularemos uma aula sobre o tema, em seu primeiro momento esclarecer as categorias de amor, e como na história esse tema teve alterações e mudanças. Desse modo disse o filósofo francês Rolando Barthes:

Que é que eu penso do amor? Em suma, não penso nada. Bem que eu gostaria de saber o que é, mas estando do lado de dentro, eu o vejo em existência, não em essência. [...] Mesmo que eu discorresse sobre o amor durante um ano, só poderia esperar pegar o conceito “pelo rabo”: por flashes, fórmulas, surpresas de expressão, dispersos pelo grande escoamento do Imaginário; estou no mau lugar do amor, que é seu lugar iluminado: “O lugar mais sombrio, diz um provérbio chinês, é sempre embaixo da lâmpada”. (BARTHES, 1981 p.50).

O amor é usado em diversas interpretações, para elucidar um pouco mais, dois tipos de amor, a amizade e o amor erótico.

O termo grego “philia” que significa “amizade” diz respeito ao amor presenciado na família. Os afetos são conduzidos pela generosidade, a sincronicidade, reciprocidade, isto é, ser mútuo.

O amor erótico está relacionado á exclusividade e ao desejo. Portanto, uma força desse impulso que foi essencial ao domínio dos instintos agressivos e sexuais para que a civilização pudesse evoluir.

No diálogo O banquete Platão relata um encontro que os convidados discutem sobre o amor. Aristófanes relata que no início, os seres humanos eram duplos e esféricos, e os sexos eram três, um deles constituídos por duas metades masculinas, outra por duas metades femininas e o terceiro andrógino, metade masculina e metade feminina. Por terem desafiado os deuses, Zeus cortou-os em dois para enfraquecê-los. Dessa separação cada metade busca recuperar a unidade primordial, surgindo daí o amor recíproco.

Sócrates discorre sobre o diálogo com a sacerdotisa Diotema sobre a origem de Eros. Durante uma festa em honra ao nascimento de Afrodite, Penia (Pobreza) deitou-se ao lado de Poros (Riqueza) e Eros foi concebido. Aos pais deve a uma inquietude de sair da pobreza para alcançar o que deseja. Devido a isso, o amor é a indecisão entre o não possuir e o possuir, um firme desejo pelo que não se tem.

Platão se interessa pela fala de Sócrates, em que Eros é a vontade de se aperfeiçoar, buscar o bem e o belo, em princípio pelos belos corpos até a capacidade do vislumbre espiritual. Como é bem-dito nessa passagem de Diotima a Sócrates.

Eis, com efeito, em que consiste o proceder corretamente nos caminhos do amor ou por outro se deixar conduzir: em começar do que aqui é belo e, em vista daquele belo, subir sempre como se servindo de degraus, de um só para dois e de dois para todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios, e dos ofícios para as belas ciências até que das ciências acabe naquela ciência, que de nada mais é senão daquele próprio belo, e conheça enfim o que em si é belo. (PLATÃO, 1972 p.48)

Partindo dessas considerações podemos repensar o ensino da filosofia com uma nova proposta, segundo Naranjo (2015) é de extrema importância desenvolver as competências existenciais, não técnicas. Como o amor ao próximo (empático); amor aos ideais (devocional); amor a si (desejos); a consciência do presente; o autoconhecimento (quem sou) e o desapego. Essas competências têm sido negligenciadas ao longo dos anos. Quando é feito um desenvolvimento humano, a educação pode alavancar um potencial pleno do que somos. Assim, podemos utilizar o mito do Nascimento de Afrodite como base para produzir uma redação sobre o amor na contemporaneidade, dialogando com outro pensador moderno sobre esse determinado assunto, o filósofo Zygmunt Bauman disserta que:

”A satisfação no amor individual não pode ser atinginda [...] sem a humildade, a coragem, a fé e a disciplinas verdadeiras”, afirma Erich Fromm – apenas para acrescentar adiante, com tristeza, que em “uma cultura na qual são raras essas qualidades, atingir a capacidade de amar será sempre, necessariamente, uma rara conquista”.

E assim é numa cultura consumista como o nosso, que favorece o produto pronto para o uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas garantiam de seguro total e devolução do dinheiro. (BAUMAN, 2004.p.21)

Através de representações simbólicas podemos elevar os debates sobre questões essenciais como valores existenciais, permitindo ser uma ferramenta conceitual, produtora de síntese, possibilitando um despertar do interesse dos alunos e incentivá-los a pensar filosoficamente.

O mito do julgamento da alma e o mito do anel de Giges podem correlacionar com o ensino de introdução a ética no ensino médio. Assim se inicia a formulação dessa aula com o tema: Os valores? A partir do século XIX surgiu a teoria dos valores, das relações entre os seres e o sujeito que os avalia. Como indivíduos nos mobilizaram através do afeto, por atração ou repulsa, portanto como García Morente diz:

Os valores não são, mas valem. Uma coisa é valor e outra coisa é ser. Quando dizemos de algo que vale, não dizemos nada do seu ser, mas dizemos que não é indiferente. [...] A não indiferença é a essência do valer. [...] Os valores não têm, pois, a categoria do ser, mas a categoria do valer [...] O valor é uma qualidade. (MORENTE, 1996.p.296.)

Vivemos em uma sociedade que acarreta valores de juízo moral que permeiam todas as nossas escolhas e convivência com os demais, um sistema de significados já preestabelecidos que devemos seguir à risca, como devemos nos comportar, nossos direitos e deveres, transgredindo ou atendendo esses padrões seremos avaliados como bons e maus, do ponto de vista ético, religioso, estético, etc.

Partindo dessas considerações de valores éticos e morais, o mito auxilia no quesito de refletirmos se seguimos as leis, costumes e hábitos por medo da coerção, punição e vigilância, ou temos amor, virtudes e princípios referente à convivência, respeito e alteridade com meu semelhante.  A filosofia introduz uma experiência ao aluno que formula linguagens especiais, testando e concluindo explicações, decodificando e compreendendo a estrutura social, e os discursos do homem e do mundo. Os mitos adentram como rica possibilidade de imaginação e criatividade para aproximação do mundo dos alunos, pois na contemporaneidade a visualização de imagens e representações simbólicas são uma constante nos seus cotidianos. Desse modo alterando o aspecto de um mero confronto de ideias e discursos para utilização de imagens, signos e representações que repercutem o seu imaginário popular, o aluno tem que participar e desenvolver uma experiência filosófica.

O filosofo francês Michel Foucault, por exemplo, caracterizou a atividade filosófica como uma espécie de ‘exercício de si, no pensamento’. Isto é, como um trabalho de pensar sobre si mesmo que faz com que cresçamos e nos modifiquemos como pessoas. Sendo o ensino médio uma fase de consolidação do jovem, de sua personalidade, de seus anseios, a filosofia tem ai um importante papel e uma colaboração. (GaLLO, 2009, p.43)

Devido a essas circunstâncias o ensino de filosofia deve estar mais atento as necessidades e buscas dos alunos. Assim, alterando o modelo tradicional e aderindo a propostas que tenham como foco o próprio aluno. Nessa perspectiva podemos utilizar o mito do julgamento da alma e o mito do anel de Giges como narrativas riquíssimas de contextualização com os problemas da contemporaneidade, que se referem à ética, a moral, os juízes de valor e modelos para uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária. Como fonte de debate de referência vai ser utilizada No texto: A educação e emancipação do filósofo Adorno (1995)

Com essa proposta pretende construir uma educação moral que viabilize uma construção da capacidade do aluno pensar por conta própria, e assim contribuir para o exercício do pensar filosófico com mais autonomia e relevância para o seu cotidiano.

No mito da caverna pode ser utilizado como instrumento de auxilio na 1º série do Ensino Médio que nos seus conteúdos explora as formas de conhecimento. Nessa alegoria Platão traz muitos questionamentos pertinentes na questão da Epistemologia, como: Qual a relação do mito da caverna com os dias atuais? O homem como construtor de sua história se utiliza do poder para dominar os outros? Qual o papel dos meios de comunicação na formação da consciência crítica do ser humano?

A partir dessa premissa podemos iniciar essa colaboração como uma iniciativa de emancipação através de sua reflexão vigorosa e sistemática, a implementação de determinadas práticas de ensino pode contribuir para uma nova leitura de mundo, como bem cita o filosofo Withehead.

A importância do conhecimento filosófico está no seu uso, em nosso domínio ativo sobre ele, quero dizer, reside na sabedoria. È convencional falar em mero conhecimento, separado da sabedoria, como capaz de incutir uma dignidade peculiar ao seu possuidor. Não compartilho dessa reverência pelo conhecimento como tal. Tudo depende de quem possui o conhecimento e do uso que faz dele. (WITHEHEAD, 1969, p.45)

Compreender o caminho do conhecimento deve passar das opiniões (sombras) para o conceito (conhecimento reflexivo). Entender que a filosofia é o rompimento das opiniões com base no senso comum (saber imediato aceito pela maioria) e a busca do saber reflexivo (feito com rigor e profundidade). Com o intuito de proporcionar um complemento nas aulas de filosofia, o mito da caverna pode contribuir para a compreensão de texto, interpretar dados e informações contidas em documentos históricos e assim construir uma argumentação consistente. O professor de filosofia deve sempre priorizar uma abertura para o novo e diverso saber, como argumenta Cerlleti.

Vou afirmar que um professor de filosofia é aquele que, acima de tudo, consegue construir um espaço de problematização compartilhado com seus alunos. (...) Ensinar filosofia é antes de qualquer coisa ensinar uma atitude em face da realidade, diante das coisas, o professor de filosofia tem que ser, a todo o momento, consequente com esta maneira de orientar o pensamento. (CERLLETI, 2003, p.62)

A alegoria da Caverna e os quadrinhos Sombras da vida contribuem para essas considerações do ensino de filosofia, pois permite que façamos uma análise do contexto histórico em que vivia Platão e os nossos dias atuais, despertando no aluno o acomodamento sobre o conteúdo que recebemos prontos, por uma sociedade que vende seus produtos acabados ou obriga seus projetos educacionais, sociais, etc. Incentivando o questionamento sobre a alienação histórica e atual, e como o texto pode acrescentar uma reflexão que a nossa sociedade é direcionada por uma alienação mascarada socialmente na vida real atual.

O mito do carro alado e o mito dos quatro tipos de homens podem ser relacionados com o tema: Democracia e Cidadania da 1º série do Ensino Médio. Partindo do pressuposto que a filosofia está sempre se renovando e recriando: “(...) nunca se realizou uma obra filosófica que fosse duradoura em todas as suas partes. Por isso não se pode em absoluto aprender filosofia, porque ela ainda não existe” (Kant, 1983, p.407). O atributo do filosofar estaria composto em passos reflexivos e conscientes de análises de sistemas filosóficos.

Com a temática de construir cidadãos livres, virtuosos e autônomos o ensino dos mitos proporciona uma contraproposta à formação da cidadania. Como modelos de orientação ou sugestão simbólica o mito do carro alado e o mito dos quatro tipos de homens podem servir como bases de reflexão e discernimento para a valorização do belo, bom e sublime, diante de um cenário de amoralidade, violência e corrupção sistêmica que acompanhamos na mídia, convivência e desvalorização da ética e moralidade, os mitos surgem como um complemento para analisar o nosso contexto atual e como podemos nos inspirar nas suas leituras simbólicas formas de repensar nossa conduta, atos e ação social e política.

As aulas de filosofia no ensino médio devem ter como prioridade as inquietações dos mais jovens, utilizando formas não tradicionais e padronizadas para acompanhar a renovação e criatividade tão necessárias para que os temas permaneçam dinâmicos e presentes no dia a dia dos alunos. Os mitos tendo como sentido as narrativas e representações simbólicas proporcionam a educação possibilidades que incutam imaginação, fantasia, criatividade e sugestões lingüísticas que ampliam as capacidades, habilidades e competências na educação. O mundo dos jovens na contemporaneidade está muito relacionado à tecnologia que repercute muita fantasia, imagens, contos e realidade virtual, os mitos como narrativas proporcionam uma imersão mais aprofundada em seus dilemas, problemas e questionamentos. 

O ensino de filosofia pode contribuir na educação para transformar o outro em outro, caminhando para o desconhecido, como Larrosa (2001) diz para que surja essa possibilidade, do interior do impossível, precisam de nossa vida, de nosso tempo, de nossas palavras, de nossos pensamentos e de nossa humanidade. Assim, o ensino dos mitos com os problemas da contemporaneidade para a formação de uma cidadania plena, com cidadãos participativos e com princípios éticos responsáveis surge como possibilidade de auxilio e complemento para as aulas de filosofia no ensino médio.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para Croatto (2004), por exemplo, o mito tem relação com o expressar ou comunicar um pensamento. O pensamento a que se vincula o mito diz respeito às origens do mundo, do ser humano e das estruturas sociais. Em outras palavras, o mito conta a origem das coisas, tais como são hoje. Mas, diferente de outras narrativas despretensiosas, os mitos são narrativas que “contam para uma sociedade o que é importante para esta saber” (FRYE, 2004, p.59).

Com relação ao mito como discurso, Croatto (2004, p.210) relata que o mito é um texto, assim “pretende dizer algo para alguém a respeito de alguma coisa”. Portanto, tendo um emissor, e seu destinatário, uma realidade e o que se diz sobre ela, isto é, sua interpretação. Os mitos são modelos a serem seguidos, questionamentos não banais ou pessoais, mas relevantes para o grupo.

Na contemporaneidade, vêem-se ameaçado com os discursos de ódio, falsas notícias e superficialidade de temas complexos, como: a moral, a ética, os valores, ideologia, política, papel do estado, etc., mais que em outros tempos, pelo caos da perda de sentido e da fragmentação, cercado por uma gama de fatos carentes de significação. Essa necessidade de fundar o mundo para dar significado á existência, que faz alusão, Eliade (2008), continua ainda hoje a perseguir o ser humano moderno.

A pesquisa buscou analisar a bibliografia sobre o ensino de filosofia e a importância dos mitos na contemporaneidade, baseando em pesquisas e trazendo como novidade o uso de mitos platônicos como instrumentos de ensino, reflexão e multidisciplinaridade, conciliando-os com problemas e questionamentos da atualidade. Portanto, trazendo novas perspectivas e caminhos para a utilização dos mitos no ensino de filosofia.

Partindo dessas considerações o presente trabalho apresentou as possibilidades do uso dos mitos como complemento no currículo escolar do ensino de filosofia do ensino médio.

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8. ANEXOS

Fonte: Mauricio de Souza (2013)

Fonte: Mauricio de Souza (2013)

Fonte: Mauricio de Souza (2013)

Fonte: Mauricio de Souza (2013)

Fonte: Mauricio de Souza (2013)


Publicado por: Eduardo Figueiredo

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