DEUS E O HOMEM EM EDITH STEIN

índice

Imprimir Texto -A +A
icone de alerta

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

1. RESUMO

MENDONÇA, Thiago. Deus e o Homem em Edith Stein. 2016. 55f. (Trabalho de Conclusão de Curso) - Licenciatura em Filosofia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2016.

A presente pesquisa busca aprofundar a visão steniana sobre a relação entre Deus e o homem. Todo pensamento de Edith Stein é fundamentado sobre duas forças, sendo elas: a fenomenologia como um retorno ás coisas, com originalidade e pureza da fé e do fenômeno. Deste modo, por meio da razão e da fé, Edith Stein se eleva em alcançar caminhos que nos leva a verdade sobre a pessoa humana, sua estrutura como ser social, animal e religioso e seu fim último. A reflexão sobre Deus e o homem são por primeiro a compreensão nata do pensamento de Stein. Primeiro investigaremos a formação do ser humano em suas estruturas sociais, espirituais e tal como sendo um ser animal. Partindo deste pressuposto, buscaremos refletir sobre como Deus se revela na vida do ser humano, em diversos momentos de sua formação humana, chegando ao ponto central da pesquisa onde iremos ressaltar a relação entre o Sagrado e o Humano (Deus e o Homem), onde será possível compreender a concepção de Edith Stein sobe sua experiência mística e a filosofia para se alcançar o conhecimento de Deus. Toda analise adequada sobre o presente questionamento do tema a respeito será convenientemente respondida nas considerações finais.

Palavras chave: Edith Stein, Homem, Deus, Fenomenologia.

ZUSAMMENFASSUNG

MENDONÇA, Thiago. Gott und Mensch in Edith Stein. 2016. 55f. (Arbeitsbeendigung natürlich) - Studium der Philosophie an der Universität von Campinas, Campinas, 2016.

Diese Forschung sucht steniana Blick auf die Beziehung zwischen Gott und den Menschen zu vertiefen. Jeder Gedanke von Edith Stein basiert auf zwei Kräfte, die da sind: Phänomenologie als eine Rückkehr Ass Dinge mit Originalität und Reinheit des Glaubens und der Erscheinung. So wird durch Vernunft und Glaube, steigt Edith Stein Wege zu erreichen, uns die Wahrheit über die menschliche Person führt, dessen Struktur als soziale und religiöse Tier und sein Endziel. Die Reflexion über Gott und den Menschen sind, indem man zuerst das Verständnis der Creme der Gedanke an Stein. Zuerst haben wir die Bildung von Menschen in ihrer sozialen, geistigen und wie ein Tier Wesen Strukturen untersuchen. Unter dieser Annahme werden wir versuchen, wie Gott zu reflektieren ist im Leben des Menschen offenbart, zu verschiedenen Zeiten ihrer menschlichen, im Mittelpunkt der Forschung zu erreichen, in dem wir die Beziehung zwischen dem Heiligen und dem menschlichen (Gott und Mensch) wird aufzeigen, wo können Sie das Konzept der Edith Stein seine mystische Erfahrung und Philosophie verstehen die Erkenntnis Gottes zu erreichen. Alle entsprechenden Analyse zu diesem Thema ist in Frage zu bequem in den letzten Betrachtungen beantwortet.

Stichwort: Edith Stein, Mann, Gott, Phänomenologie.

2. INTRODUÇÃO

Todo ser humano tem uma ligação muito forte com o transcendente, desde seu nascimento até o final de sua vida, percorrendo caminhos diferentes, sempre tendo em vista as diversas formas de se conectar com o Sagrado.

Com o nascimento, os pais procuram ensinar sua doutrina religiosa, a criança desde muito cedo, quando criada em uma família cristã, aprende a rezar para Deus e reconhece Ele como sendo seu único criador.

Durante toda sua formação corpórea e espiritual e no decorrer de sua vida, o homem se encontra inteiramente ligado com Deus, por diferentes formas e credos: rezam constantemente em situações de perigos e quando se encontram com necessidades de serem escutados, sabem que com Deus encontram caminhos para que isso aconteça.

No final da vida, a religiosidade fica ainda mais evidente, durante todo o percurso existencial encontrou respostas e consolo Naquele em que suas orações eram direcionadas e, após toda sua jornada em vida, reconhece que está muito breve a hora de se encontrar definitivamente com Deus.

Procurando responder as diversas formas do homem se colocar na presença do Sagrado, desponta-se no horizonte filosófico, a pensadora contemporânea Edith Stein, que durante toda sua vida procurou encontrar uma solução plausível que pudesse desenvolver uma resposta coerente aos anseios do mundo e da relação entre o ser humano e Deus.

Envolvida por uma Filosofia Fenomenológica, estudou profundamente o homem, tornando-se investigadora assídua sobre a origem e as mais diversas questões sobre a existência do ser humano e sua ligação direta com Deus.

Edith Stein nasceu no dia 12 de Outubro de 1891 em Breslau, Alemanha, no seio de uma família judia e profundamente religiosa das tradições do seu povo, através dos seus escritos pessoais, é possível perceber o extremo carinho que ela e seus irmão tinha com a sua mãe, Augusta Courant, uma mulher íntegra, verdadeira, determinada, destemida e duma fé profunda.

Após o nascimento de Edith, aproximadamente um ano, falecia o seu pai, repentinamente, vítima de uma insolação, passando assim, ser sua mãe a condutora do lar e dos negócios, que transformou o comércio do marido num próspero negócio.

Com aproximadamente 14 anos e apesar do bom êxito nos estudos, Edith decidiu parar de estudar, pois sentia-se desanimada com os estudos, sendo assim, sua mãe não se opôs na decisão da filha, talvez por saber que sua filha poderia repensar esta decisão e também por reconhecer nela sua pessoa de personalidade muito forte.

Incapaz de mudar suas convicções, saindo da escola, acabou deixando sua casa para passar um certo tempo em Hamburgo, na casa da sua irmã Else, que a ajudou a refletir melhor e voltar a estudar e recuperar o tempo perdido.

No ano de 1911, com apenas 19 anos, concluiu o bacharelato; vemos assim a jovem Edith a prosseguir os estudos em grande equilíbrio com a vida pessoal, familiar e social. Mesmo sendo de uma família religiosa, sendo um enorme vazio que é prenúncio da busca que empreenderá e que a levará ao encontro do Transcendente.

Matriculada em Psicologia, História, Germanística e Filosofia, na Universidade de Breslau, procurava encontrar nos estudos respostas convictas para as suas inquietações, porém, isso não veio a concretizar, pois sofreu uma decepção com os estudos psicológicos.

Iniciada na leitura das Investigações Lógicas de Edmund Husserl, acabou se sentindo atraída pelos estudos científicos deste filósofo e pela filosofia fenomenológica. Em 1913 partiu para Gottingen, com grande foco de irradiação da fenomenologia acabou decidindo em prosseguir os seus estudos, já que encontrava muitas respostas para suas inquietações.

Em 1914, Edith se inscreveu para trabalha na Cruz Vermelha da Alemanha, num curso de Enfermagem para jovens universitárias; no hospital militar não se poupava a esforços para sempre atender aos doentes e necessitados, mostrando-se sempre atenciosa, cuidadosa e competente no seu serviço.

Edith sempre foi uma pessoa extremamente apaixonada pela verdade do ser humano, o essência e razão de ser do Homem, é nessa caminhada de busca da verdade, que o Senhor, vai moldando lentamente e se revelando na alma da Doutora Stein.

A sua conversão aos catolicismo foi um longo processo de maturação e busca honesta, através da meditação de vários acontecimentos e pessoas que cruzaram no seu caminho, porém, a decisão para a conversão Católica e não Protestante foi dada com a ajuda da Santa Doutora de Ávila, que viu na vida desta santa uma linda testemunha fiel de Cristo.

No primeiro dia do ano de 1922, após uma longa vigília de oração, recebeu o batismo e, durante a Eucaristia, a sua primeira comunhão. Alguns duas mais tarde na capela privada do Bispo de Speyer, recebeu o sacramento da confirmação.

Desta forma, no dia 14 de Outubro de 1933, véspera da Solenidade de Santa Teresa de Jesus, realizando um desejo que tinha desde a sua conversão, Edith ingressou no Carmelo de Colónia; após seus meses de postulando, no dia 15 de Abril de 1934, recebeu o hábito e tomou o nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz.

O ano de 1938 foi catastrófico para os judeus, sobre os quais recaiu uma forte e violenta perseguição dos nazis, de modo que, compreendendo que a vida da Irmã Benedita se encontrava ameaça, enviaram ela para a Holanda.

No entanto, a Segunda Guerra Mundial se tronou inevitável e se transformou em uma das páginas mais negras da história, pelo motivo de que o desejo hitleriano de aniquilar a raça judia da Europa e com isso, fizeram a tentativa de transferir a Irmã Benedita para um Carmelo da Suiça, porém, as dificuldade burocráticas impediram que tal se concretizasse.

A 2 de Agosto de 1942, a Irmã Benedita da Cruz foi detida pelo Gestapo junto com sua irmã Rosa, e ambas foram conduzidas para o campo de concentração de Amesfoort, dois dias mais tarde, foram transferidas para o campo de Westerbok.

No dia 7 de Agosto, foram deportadas para o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, onde chegaram a 9 de Agosto e, no mesmo dia juntamente com toda a expedição foi conduzida para as câmaras de gás, sob o pretexto de irem tomar um duche, e foi assassinada e seu corpo foi queimado durante a noite.

Os que mergulham da vida de Cristo hão de tornar-se membros do seu corpo, a fim de com Ele sofrer e morrer e, também com Ele, ressurgir para a vida eterna em Deus. Esta vida nos será dada em plenitude somente no dia da Sua Glória. Mas participamos desde já “na carne”, desta vida, enquanto cremos: ou seja, crer que Cristo morreu por nós para nos dar a vida. É esta a fé que nos une a Sua Vida. Assim é, portanto, a fé no Crucificado- a fé viva com entrega de amor para nós o acesso à vida e ao início da glória futura.1

O pressuposto básico para a realização deste trabalho de monografia cientifica, tem origem fundamental no pensamento filosófico e teológico da alemã e judia convertida ao cristianismo Edith Stein que se debruçou sobre o assunto da fenomenologia em diversos de seus escritos entre eles: os pensamentos a qual direciona-nos que o ser humano é formado por corpo, alma e espirito, e que durante toda sua vida deverá desenvolver-se e aprimorar-se para se converter em aquilo que um dia foi chamado a ser.

O motor primeiro desta monografia se fixa a partir das indagações sugeridas acima, que nos leva a conceber o problema do seguinte modo: Buscar caminhos que nos faça compreender a ligação e a relação que o ser humano tem com a divindade (Deus).

Reconhecer que a alma do ser é uma forma essencial dos seres vivente que nos capacita a buscar a religiosidade em algo transcendente, bem como, que é através do processo de conhecer a alma é que de fato, poderemos conhecer a verdade contida no ser humano.

Através de suas obras “Ser finito e ser eterno”, 2bem como, sua obra “A ciência da Cruz” 3e “Teu Coração deseja mais”, 4iremos conseguir buscar respostas dos fundamentos da imagem de Deus em uma vida espiritual do homem, compreendendo finalmente que a imagem de Deus é a vida espiritual do homem, a qual se encontra a relação intrínseca da relação entre o ser humano com Deus.

Portanto, buscaremos compreender o pensamento da Filósofa alemã Edith Stein, sobre a questão da relação entre o ser humano e Deus, sob a ótica da identidade narrativa. Desenvolver-se-á reflexões mediante indagações de cunho filosófico, que possibilitem chegar a finalidade do tema proposto, de maneira didática e sistemática, visando a elaboração de um trabalho monográfico.

3. CAPÍTULO I: A ESTRUTURA DA PESSOA HUMANA

3.1. O ser humano como ser animal

O homem, enquanto ser vivo e humano, tem vários elementos comuns comparados aos do mundo animal; porém, não podemos de forma alguma reduzir o ser humano ao mundo animal, colocando-o no mesmo prisma da cadeia dos seres irracionais.

O homem é bem diferente das plantas, que vivem fixadas em um lugar determinado, não tendo como se movimentar e ir para qualquer outro lugar, pois estão fortemente enraizadas em um solo que não permite que saiam dali.

Já os animais têm movimentos livres, de forma que a eles não são atribuídos nenhuma forma de movimentação mecânica; como afirma Edith Stein5 os movimentos dos animais são meramente impulsionados a partir do seu próprio interior e repelidos para o exterior de si.

Sendo assim, as plantas não podem se mover por si mesmas, entretanto, podem se mover quando receber alguma forma de estímulos que provem de fora, enquanto os animais podem se movimentar e se locomover em todo e qualquer espaço em que habitam, podendo manifestar sons e gestos.

Vale ressaltar que os animais não são como máquinas, eles podem ter diversas e infinitas variedades de movimentos, como, por exemplo, a dança de uma mosca não é igual à de um pássaro.

A planta é altamente sensitiva, e suas formas de expressar são quietude e fechamento. A psique das plantas não é reativa das formas que vem do meio externo, entretanto, a psique é algo que pode ser observada também nos animais, pois estes são sensitivos, não porque recebem estímulos do meio externo, mas porque são capazes de sentir a si mesmos enquanto animais.

Sendo um corpo vivente, são sensíveis em cada uma de suas partes não só de forma superficial, muito menos quando são tocados por estímulos, pois são oriundos dos fatores externos. A sensibilidade gerada pelos estímulos alcançados pelos meios externos é uma abertura da natureza animal para o seu exterior, gerando, assim, a sensibilidade através do confronto a si mesmo por uma abertura gerada para o interior.

O que tem como característica marcante da alma animal é sua abertura meramente sensível, que por vez é totalmente oposta da alma humana, que também vem a ser sensitiva. Porém, sua abertura não é única e exclusivamente sensitiva; existe uma fronteira notável entre o ser animal comparado ao ser humano, pois, no ser humano, a individualidade do seu ser assume um significado novo, não se originando de nenhuma criatura inferior a ele.

Stein6 quando se refere à formação da estrutura da pessoa humana, faz uma análise separada das três dimensões que constituem o ser humano: corpo, alma e espírito, em que se faz óbvio, o fruto da abstração, pois se faz necessário que haja um entrelaçamento vital e extremamente necessário entre cada uma delas.

A autora parte primeiro da investigação sobre o corpo, em que discute sobre as nuances do processo de formação do corpo vivo como sendo um algo todo unificado, tratando-se atentamente de diferencias dois meros aspectos notáveis: a distância de cada parte do corpo para o “eu” do sujeito, pela diferença da distância encontrada entre os corpos exteriores do “eu” desse mesmo sujeito. A autora menciona:

As sensações pertencem ao “eu” porque elas não podem ser suspensas ou colocadas entre parênteses. Elas, portanto, tem um pé, por assim dizer, na realidade da consciência pura, a realidade daquilo que não é extenso nessa discussão. Por outro lado, as sensações são sempre dadas em algum lugar do corpo vivo, tal como na cabeça para dados da visão ou na superfície do corpo para dados táteis. 7

O corpo vivo do ser humano é o lugar das manifestações dos eventos que a alma reproduz, passando, assim, para a segunda dimensão que constitui a formação do ser humano. O corpo é o órgão da expressão. Quando estamos irados ou alegres com a alguma coisa, este órgão tem como objetivo receber as vibrações do mundo externo.

A corporeidade assume um papel fundamental para o conhecimento humano, sendo por meio dos sentidos, nos fazendo sensíveis que ao acesso de todas as coisas, bem como as pessoas, que isto toma uma proporção e vem a se tornar fenômeno.

Para a expressão alcançada através do fenômeno, além da receptividade cabível unicamente ao corpo, há também o grande papel executado na forma exterior do que vem de dentro do ser. A autora usa a argumentação que parte de uma consideração notável sobre todos os sentidos, que, pela natureza, tem como objetivo motivar algo, ou seja, devem expressar-se.

Os sentimentos vivenciados pelo homem sempre liberam uma expressão e nunca são inteiramente completos por si só: eles são determinados por alguns atos da vontade, manifestados através das expressões corporais ou atos de reflexão. Sendo assim, há uma conexão especial entre o sentimento e a expressão, que não podem ser confundidos com a causalidade encontrada de forma específica na natureza.

Por sua vez, na terceira e última dimensão que forma a personalidade humana, encontramos o espirito, podendo denotar alguma forma que se opõe à vontade, tal como é o intelecto ou o entendimento do ser humano; o espirito pode designar absolutamente tudo que se contraria de certa forma à sensibilidade; a autora menciona que:

A alma animal está ligada ao corpo vivente; está o forma, lhe dá a vida, vive nele; sente o que lhe acontece e o sente no corpo por meio deste; os órgãos do corpo são também os seus órgãos; a alma o move segundo aquilo que tem necessidade, os instintos da alma estão a serviço da manutenção e do desenvolvimento do corpo, como desejo daquilo que este tem necessidade e rejeição para aquilo que o ameaça.8

Assim, surge através do corpo animal uma força interior, mas não é nada que possa ser comparada com uma ação livre que venha brotar do seu próprio eu, com o surgimento de um eu ou algo espiritual; o animal é um ser regido por leis, não podendo assim ser considerado livre, pois tem alguns limites já pré-estabelecidos a ele.

No quesito de linguagem do animal, faltam articulações e nexos, perdendo o caráter racional e o sentido linguístico das expressões produzidas, bem como a possibilidade de escolher alguma coisa; existe, na realidade, uma linguagem no animal, mas esta é algo puramente corporal e emocional, o que nos possibilita identificar na estruturação da alma animal algo muito parecido com as atitudes humanas, ou seja, as disposições de ânimo duradoras.

O ser humano enquanto animal racional é dotado de uma estrutura unicamente pessoal, e é exatamente isso que o diferencia de todos os outros animais presentes na natureza. O ser humano tem atos de reflexão e consegue discernir com serenidade o que acontece com ele próprio e também aquilo que acontece ao seu redor. Seu corpo é totalmente vivente, pois ele tem matéria e psique, e é exatamente a vida psíquica que aproxima o mundo humano do mundo animal.

Não existem apenas estímulos do corpo do ser humano, mas percepção, e esta vem a ser a primeira operação da atividade intelectual. O ser humano acaba se tonando algo específico, comparados às plantas e aos animais irracionais, pois ele pode dar conta da profunda unidade existente em seu corpo, em sua psique e também no seu espírito.

O ser humano é dotado de alma e também conta com um corpo vivente que o diferencia de outros seres presentes na Terra; a autora procura se conter na alma do ser humano, pois ela a indica como a união entre o espírito e a psique. Assim sendo, a alma é uma complexa unidade que engloba todos os aspetos psíquicos e espirituais, que são diferentes entre si, porém intrinsicamente unidos.

O corpo humano é um corpo vivente que conta também com uma alma viva; o seu eu através da consciência, diz que tem vivência que chega até a alma, conforme cita:

Todavia, um eu humano deve ser também um eu que tenha alma, não pode existir sem alma, os seus atos se caracterizam, esses mesmos, como superficiais ou profundos, que tem raiz em uma maior ou menos profundidade da alma. Existe, porém, um ponto no espaço da alma no qual o eu encontra o seu lugar próprio, o lugar da paz, que este deve buscar até que não o tenha encontrado e ao qual sempre deve retornar se o abandonou, este é o ponto mais profundo da alma. 9

Podemos encontrar na matéria do ser humano no termo denominado de “força”, que tem sua dupla noção, sendo que podemos partir do princípio como sendo a força física de uma pessoa que procede da matéria, que é encontrada no corpo ou até mesmo na própria potência presente na matéria que se manifesta através dos movimentos do copo.

A força espiritual que é uma força vital que procede do interior da pessoa, que dá ânimo à vida da pessoa. Esta força é inteiramente relacionada ao espírito, este por vez, é concebido, por uma posse pessoal do ser, através da força que atravessa a matéria e o espírito, sendo desta forma, dois tipos de forças, porém, com sentidos totalmente diferentes.

Portanto, o corpo do ser humano é constituído semelhante ao do ser animal, e através da psique que são revelados seus mais íntimos instintos, reações, desejos e impulsos; enquanto o espírito é uma concepção como alma da própria alma, representando o que existe de mais interior do ser, retratando seu intelecto, vontade e razão.

Na unificação entre a psique com o corpo formado pela matéria, se concebe o corpo notavelmente vivente, que é exatamente onde se localiza a força vital sensível. Entre a unidade da psique com o espírito se encontra a alma, mas a “alma da alma”, conforme já citado, pois esta se encontra no espírito, na parte mais intensa e profunda da pessoa, onde se localiza sua força espiritual, sua liberdade e motivação.

3.2. O Ser humano como ser social

Segundo informações contidas no Dicionário de Filosofia10, o termo sociedade é o campo de relações intersubjetivas do homem; a totalidade dos indivíduos que a compõe ocorrendo, assim, suas relações pessoais; um grupo de indivíduos que acontece constantemente relações condicionadas ou determinadas.

Notavelmente pode-se compreender o ser humano, sua estrutura pessoal e também individual, entendendo, assim, na medida em que o homem se encontra determinado por um ser social. O ser humano é observado e avaliado através de uma dinâmica de meros atos, relações, estruturas e tipos sociais, que equivalem a um indivíduo mergulhado em uma coletividade de fatores relacionados com o meio social.

A autora parte do princípio que estudar o ser humano de forma isolada vem a ser uma pura abstração, pois o que sabemos sobre a vida em comunidade não se deriva meramente por uma razão genética, mas pela pertença à própria condição humana que é baseada no desenvolvimento e configuração da formação da pessoa humana em uma contínua atualização simultânea com a ajuda de outras pessoas com qual o ser se relaciona sociavelmente.

Edith Stein 11avança em sua reflexão acerca da formação do homem como ser social e diz que o indivíduo humano vive e se relaciona em um mundo e, por este motivo, é considerado um ser social. Em sua estrutura de pessoa humana de forma individual, se encontra a determinação pelo seu ser inteiramente social em diversos aspectos legais, que são determinados através de atos sociais, relações sociais, formas e tipos sociais.

Partindo desta reflexão sociável do ser humano, as relações sociais são constituídas com alguns vínculos de reciprocidade que o ser humano dá e recebe, como, por exemplo, a amizade, que só pode existir se for recíproca, caso contrário, não existe amizade, pois ambas as partes assim não se consideram.

Não se pode afirmar uma dissolução, nem ao menos uma identificação do “eu”, se embasando na experiência psíquica da outra pessoa, mas, sim, através do individualismo do sujeito quando este é preservado de forma inclusiva porque está inteiramente conectada à sua própria corporeidade.

Logo, podemos fazer menção da simpatia, como sendo algo refutado, pois corresponde a uma reação psíquica que, para se manifestar, faz-se necessária a empatia. A sociedade é meramente uma forma de organização que emana da originalidade de união racional e mecânica entre os indivíduos, como exemplo, um clube ou um lugar de encontro, onde as pessoas podem se relacionar entre si.

O homem é uma pessoa que se coloca sempre a serviço do povo, e exatamente por este motivo é que ele se deixa ser afetado como um homem da comunidade, respondendo por seus desejos, necessidades e também por seus interesses particulares. Sua colocação como líder de um espaço não é algo intencional por ele, bem como as impressões causadas pelo próprio.

Na sociedade, o homem é um observador nato, como sendo alguém que se coloca fora da relação e de forma racional acaba tirando vantagem do que a sociedade tem para lhe oferecer, enquanto o homem que bem se relaciona com o povo comporta-se de forma ingênua, agindo sem ao menos calcular os efeitos causados por suas condutas.

Na medida em que o homem considerado um ser do povo toma consciência de qual sua função na sociedade, ele passa a estudar as pessoas para poder melhor guiá-las, conforme citado:

A comunidade é alguma coisa de preciosa, tanto mais preciosa quanto mais altos são os valores, mais forte o empenho por esses, que dizer, quanto mais essa é comunidade e quanto mais o é em maneira pura. Se a vida do homem e aquela comunidade estão plenas de valores, então está tendo valor.12

Para ser considerada uma comunidade de povo, é necessário que os membros que a compõe vivam em constante comunhão espiritual, formando a comunidade a partir dos interesses que os fazem iguais. A vida comunitária tem total diferença da sociedade, na medida em que se encontra naturalidade entre os indivíduos; o que acaba por reagir a união sociável e a vida em comunidade é a intersubjetividade e a troca mútua de contato entre os membros que a compõe.

Sendo assim, o que irá cooperar para a formação do indivíduo será a sua disposição original e de oportunidades que irão ocorrer dentro do seio comunitário; algumas propriedades só irão de fato se desenvolver na relação com as outras pessoas da comunidade através do serviço, enfrentando os desafios da luxúria e do poderio, mantendo, assim, o espírito em grupo.

Quando o ser humano nasce, ele, inato, traz consigo em potência tudo o que compõe o caráter do homem: os traços pessoais que os ligam a sua mais íntima raiz interior. Em outras palavras, traz em sua forma substancial, recebida por hereditariedade, alguns traços que são típicos da descendência da cultura na qual o indivíduo está inserido.

Porém, este indivíduo não pode ser em nenhum momento considerado apenas uma mera combinação de partes ajudadas dos meios exteriores; ele é, na realidade, uma psicofísica particular que existe imergida da alma do ser humano, como sendo o centro de sua existência e a sua forma dominante, de modo que toda esta potencialidade existente necessita ser desenvolvida através dos constantes influxos que ele irá receber através do ambiente que pode colaborar nesse processo formativo.

Através da motivação e a força vital, são encontrados os fatores predominantes para a manutenção da vida em comunidade nos valores existentes no mundo, podendo ser apreendidos no contato afetivo entre os indivíduos ou através de meras observações de figuras históricas que trazem consigo a arte, religião e assim por diante. Os valores serão sempre motivos que irão somar e nunca subtrair os valores que são herdados do passado, tornando-se, assim, fatores de orientação de seus comportamentos.

Em uma comunidade, haverá sempre um fator que irá determinar a configuração o ser corporal-anímico, sendo elas algumas propriedades que estimulam sempre a unificação dos indivíduos.

Existe também, no interior do seio comunitário, um elemento que é sempre comum entre os que a compõe, que para Stein13 é algo essencialmente necessário: a preservação do caráter genuíno que represente aquela porção de pessoas que se relacionam, podendo ser tanto nos momentos positivos, bem como nos momentos negativos do fator associativo, embasados em uma ética ideal das ações humanas.

Os fatores positivos presente em uma sociedade favorecem com que a pessoa se torne cada vez melhor e desenvolva a consciência de que ela pertence a um povo, necessitando, assim, sempre de uma avaliação pessoal de si mesmo enquanto membro que forma um conjunto. Quando o homem se torna consciente do seu próprio modo de ser e agir, ele passa assumir com maturidade a função essencial da comunidade, em vista do bem comum.

Portanto, nesta constante investigação de avaliar como o ser humano desenvolve a sua essencial no meio da comunidade, a autora vai mais fundo ainda, chamando a atenção para o fator principal, que acima de tudo existe um Criador, que é responsável por todas as coisas que acontecem; tudo se deve a Ele; tudo é constante vontade Dele.

Ter responsabilidade com a comunidade, bem como procurar desenvolver bem o seu papel como cidadão, são, de fato, tarefas do indivíduo mediante a comunidade que ele faz parte, levando em conta que não se configuram o seu critério ultimo de valor, mas, sim, o de responder ou não ao chamado de Deus.

3.3. O ser humano como ser religioso

Religiosidade ou religião é a crença que garante a salvação do homem, sendo que a garantia religiosa será sempre considerada um fator sobrenatural, no sentido que, através disso, pode se situar os limites abarcados pelos poderes do homem; pode-se haver religião ateístas, como por exemplo o budismo primitivo.

A religião determina a relação do homem com a divindade, ou seja, a função de demonstrar a existência desta e de esclarecer suas características e funções em relação da religião do homem com o Sagrado e com o mundo. 14

Para falar do ser humano como ser religioso, pressupõe-se um eu livre e aberto. No entanto, nada sabe de si mesmo, carecendo de liberdade para determinar seu ser e sua ação; os valores adquiridos através da religiosidade do indivíduo não podem ser considerados como sendo sujeitos, mas objetos do sujeito, bem como sua existência em toda a natureza ou até mesmo nas coisas meramente particulares como as cores, os sons e as formas, revelando, assim, um sentido de espiritualidade e religiosidade no homem.

Somos inteiramente remetidos ao fato que nos leva a avaliar que a parte mais importante da formação da pessoa é o quesito religioso do homem, de modo que o fato de abrir para uma criança o acesso ao Sagrado é caracterizado pela tarefa mais premente de todas as demais.

Desta forma, podemos afirmar que ter uma formação religiosa significa possuir uma fé viva e verdadeira que acima de tudo conhece a Deus, ama e serve única e exclusivamente a Ele como sendo seu Senhor.

Sendo assim, quem conhece a Deus (evidenciando sempre o quesito de, conhece-lo no sentido e na medida em que se faz possível o seu conhecimento, através da luz natural e sobrenatural) não consegue preencher o seu ser com amor a não ser amando Ele, e, quando ama, nunca conseguirá fazer outra coisa a não ser estar sempre servindo a Ele. Para se obter uma formação religiosa, é sempre necessário buscar compreensão, de coração, de desempenho da ação e da vontade.

O ser humano é um ser finito, diferente de Deus que sempre será infinito, e esta característica remete a um “primum”, que segundo Stein, deverá sempre ser algo infinito:

Definimos esse ser primeiro e infinito como Deus, visto que os seus atributos correspondem à nossa ideia de Deus. Desse modo, devemos considerar como evidência ontológica o fato de que o ser humano, como todas as coisas finitas, remete a Deus e seria incompreensível sem essa relação como o ser divino, que dizer, seria incompreensível tanto o fato de que ele seja (exista), quanto o fato de que ele seja aquilo que é. 15

Podemos chegar à conclusão como chegou Stein de que não iremos encontrar respostas para algumas perguntas relacionadas à originalidade do mundo, bem como o surgimento do gênero humano até mesmo o nascimento das pessoas.

De certa forma, nem a razão humana quanto menos a experiência conseguem dar uma explicação exata e plausível a este respeito, devendo existir outra possibilidade, ou seja, uma terceira via de conhecimento para o homem, que seria o caminho através da experiência religiosa, isto é, a constante revelação por parte de Deus, e esta verdade que procede de Deus, releva ao ser humano aquilo que verdadeiramente ele é e notavelmente aquilo que ele devesse sempre fazer, conforme mencionado:

O ser humano é criado por Deus e, com o primeiro homem, é criada a inteira humanidade com uma unidade, em razão da própria origem e como uma comunidade potencial. Cada alma singular humana é criada por Deus. O ser humano é criado por Deus. É livre e responsável daquilo que se torna, pode e deve conformar a sua vontade àquela de Deus. 16

Cada indivíduo é dotado por uma personalidade pessoal, caracterizada por quesitos físicos e psíquicos que a distingue das demais. Uma pessoa denominada empática acaba se tornando um indivíduo aberto ao outro e a si mesmo, tendo, assim, uma abertura extensa com o Transcendente.

Na profundida de si mesmo, a pessoa acaba se encontrando com o seu núcleo e é nesta busca incansável desta profundidade que ele compreende o sentido de sua própria existência. Porém, o ser humano deve rejeitar essa via de acessibilidade a sua mais ampla profundidade, levando ele ao ateísmo, ou podendo aceitar retomando, então, à experiência religiosa.

O ser humano é um ser religioso, pois a imagem de Deus em figura humana esteve no meio de nós na pessoa de Cristo. Quando conseguimos compreender esta figura como nos narra os Evangelhos17, ela nos abre os olhos.

Quanto mais buscarmos conhecer nosso Salvador, mais seremos convencidos de sua majestade e humildade de uma régia liberdade, que nos conhece de nenhuma outra forma a não ser de se colocar à vontade do Pai; liberdade esta que todo ser humano é dotado, que se torna a base de igualdade para o amor misericordioso para com todas as criaturas.

Quanto mais esta imagem de Deus penetrar em nosso interior mais seremos despertados ao amor e mais sensíveis seremos ao perceber todos os caminhos que nos desvia dele, que se dá em nós e na pessoa do outro: sendo os braços inteiramente abertos e os olhos voltados para o verdadeiro conhecimento humano, livre de toda e qualquer atenuação que possa existir.

Quando a nossa força sucumbe, a visão da fraqueza humana presente em nós e nos outros se torna suficiente a voltar o nosso olhar para o Salvador, pois Ele não desviou o seu olhar com repugnância de nossa miséria: “Na verdade ele carregou sobre si as nossas faltas e fomos curados por suas feridas”.18

Devemos estar sempre atentos aos sinais de Deus em nossa vida, pois, através de alguns sinais dado pelo Criador, somos capazes de ter percepção de qual caminho seguir para nos encontrarmos um dia na morada definitiva, junto com anjos e santos.

Faz parte deste processo realizar absolutamente tudo que se encontra ao nosso alcance para sermos merecedores de tais méritos e alcançar a proximidade com Deus e em Deus, ou seja, devemos nos lançar aos recursos presentes em nossa vida que nos faz próximos de obtenção de graça, que todos os cristão são por méritos divinos portadores.

O encontro do humano com o sagrado se dá através da Santa Eucaristia, em que Cristo se faz presente em um pedaço de pão e se dá como alimento a todos nós, pobres mortais, tornando-se a centralidade de toda a nossa vida.

Ele se torna única e exclusivamente o centro de nosso viver, que nos anima e dá coragem, nosso único incentivador, que nos aconselha, nos acolhe e nos caminha para alcançarmos a vida eterna e viver juntos e definitivamente com ele no Reino dos Céus.

Através de todo esse amor encontrado na Eucaristia, sinal de amor e vínculo fraterno, dá-se a Ele a melhor chance para poder ser acolhido em cada coração humano, formando nossa alma e transformar cada órgão constituinte do corpo humano que comunga, uma visão clara e ouvido límpido, para o supra terreno.

Cada um deve aprender por si mesmo a ver e observar as questões da vida pessoal com os olhos de Deus e sermos capazes de decidir em seu Espírito Santo que nos motiva e nos move.

Devemos nos atentar a uma coisa: estar com os olhares voltados para a educação religiosa na vida infantil: é desde criança que o ser humano deve ser educado nesse quesito de formação, pois, se o educador acaba se descuidando e deixa a criança crescer sem nenhuma orientação, ele não está cumprindo devidamente o seu papel.

Cada ação pedagógica deve conduzir o homem a uma autoeducação e à plena consciência de que o educando deve constantemente ir buscando caminhos para formar suas potencialidades intelectuais, bem como seu caráter e até seus talentos pessoais.

Ao desenvolver as forças espirituais presente na alma do homem, o educando vai compreendendo a origem e o significado da sua vida, direcionando para a percepção de que ele mesmo é uma obra divina, de modo que, com isso, sua fé vai sendo despertada, conforme mencionado em sua obra:

Essa fé deve fazer emergir nos jovens aquele nexo entre responsabilidade e confiança que é a justa atitude do educador. Responsabilidade significa educar-se a isso que deve tornar-se. Confiança que dizer que não se enfrenta sozinha esta tarefa, mas se deve esperar que a Graça cumprirá isso que vai além das próprias forças. 19

Se existe uma fé viva tanto no educador quanto no educando, se faz presente a plena confiança de que ambos estão unicamente cooperando com a realização de uma justa obra que é a de Deus.

A espiritualidade ou a formação religiosa acaba se tornando não apenas um mero quesito para a formação, mas sim um dado essencial no processo formativo do ser humano; sem esta dimensão espiritual e religiosa, seria muito complexo para o ser humano atingir a profundidade de si mesmo e chegar a sua individualidade para se auto conhecer como sendo uma pessoa religiosa.

Edith Stein 20narra a salvação e a purificação da alma pelo contato extraordinário com a graça, e, consecutivamente, a ação da graça na alma humana. Deste modo, podemos afirmar que o caminho para se alcançar a redenção é um caminho individual.

Podemos afirmar também, que se trata de uma obra de um por todos e todos por um, na qual o ser humano, com sua livre autonomia como um instrumento da Graça Divina, que nos converte em um ser autêntico e verdadeiro, torna-se responsável pela sua própria salvação, bem como um fundamental colaborador da obra redentora de todas as outras pessoas.

Seguindo esse raciocínio da formação da pessoa humana no campo religioso ou espiritual, chegamos ao ápice do encontro entre Deus e o homem através da santidade, em que muitos homens e mulheres, que tiveram seu encontro pessoal e íntimo com o Sagrado, escolheram fazer uma mudança autêntica em suas vidas.

Abandonaram todas as coisas do mundo e abraçando livremente as coisas do alto, mesmo ainda estando vivos, e que, logo após a morte destes, alcançarão a grandiosa graça de serem chamados de Santos; pois, como o próprio Cristo nos ensina, devemos ser Santos, assim como Deus é Santo e nos convida a sermos iguais a ele:

A santidade torna-se evidente só para aqueles cujos olhos já estão abertos e os conduzem à imitação. Quem o imita submete-se ao espirito da luz. Sobre a vida da imitação ele deve, então, ser conduzido a Deus, porque isso que é central na vida de seu modelo –de onde tudo nasce- é um permanente orientar-se para a fonte da luz. 21

O Santo pode fazer um apelo à liberdade de Deus através da mediação da oração do homem para que Ele conceda a outros a Sua Graça. Para Edith Stein22, a oração é o verdadeiro caminho, pois se encontra fundada em um ato livre pelo qual o ser humano, por excelência de amor a Deus e também por amor aos outros, suplica constantemente pela salvação de todos os seus semelhantes.

Devido a isso, a salvação se estende a todos, de modo que todos são responsáveis pela Salvação dos demais. Nesta noção se fundamenta a Igreja, que é uma responsabilidade mútua de uma comunidade entre os homens, filhos de Deus.

A autora também afirma que a liberdade divina, ao acolher consigo as orações dos homens, se coloca de qualquer maneira à vontade de seus eleitos, demonstrando, desta forma, a realidade mais estupenda da vida religiosa.

4. CAPÍTULO II: O HOMEM E A RELIGIÃO

4.1. O Fenômeno da religiosidade

Conforme contido no Dicionário de Filosofia, o fenômeno é uma aparência de forma sensível que se coloca contra a realidade existente, podendo, de certa forma, ser considerado uma manifestação, ao mesmo tempo em que pode ser evidenciado como uma contraposição ao fato apresentado; em contrapartida, temos como definição de religiosidade toda forma de crença na garantia sobrenatural de salvação do homem, conforme se encontra:

O conceito de religião ou religiosidade compreende, porém, ambos os aspectos. Etimologicamente, essa palavra significa provavelmente “obrigação”, mas, segundo Cícero, derivaria de relegere: “Aqueles que cumpriram cuidadosamente todos os atos do culto divino e, por assim dizer, os reliam atentamente foram chamados de religiosos. 23

A religião é a forma mais típica de manifestação do ser humano, pois ela não se encontra presente em nenhum outro ser humano, de modo que somente se faz presente no homem. É a manifestação da humanidade por inteira, seja em relação ao espaço seja ao tempo, e não se evidencia em uma época histórica em particular, mas, sim, é presente em uma forma geral, assumindo assim uma proporção notabilíssima.

O homem veio a desenvolver atividades religiosas desde o seu surgimento na Terra, de forma que todas as tribos, populações e culturas desenvolveram uma forma de cultivar a religião e suas crenças. Vale ressaltar que todas as culturas são notavelmente marcadas pela religiosidade e que todas as manifestações artísticas e literárias buscaram inspiração em algum motivo religioso.

Evidentemente, podemos afirmar que o homem, além de ser considerado sapiens, volens, socialis, faber, loquens, ludens é, por vez, também considerado religiosus.

Sabemos bem que hoje a religião está atravessando uma grande crise, de modo que muitos indivíduos professam ser ateus por considerarem ter argumentos relevantes e plausíveis contra a necessidade de se ter ou seguir uma religião.

De certa forma, nós consideramos o homem ludens, loquens, faber, sapiens, volens, socialis, ainda que nem todos os homens falem, joguem, pensem, queiram ou vivam em uma sociedade.

Faz-se necessária a inclusão de um estudo de base fenomenológica da religiosidade dos povos e nações em um tratado especifico de antropologia. Assim, podemos então fornecer alguns dados muito interessantes, bem como sugestões de utilidade para saber como se sucedeu os indícios eloquentes para certa determinação do sentido último da vida humana e da essência do ser humano.

O ser humano e sua ligação com o transcendente é o tema central da pesquisa e investigação de Edith Stein24, que procura, ao longo de toda sua vida, buscar conhecimento de maneira rigorosa, precisa e verdadeira.

A autora parte do pressuposto “Quem é o ser humano?”, indagando-se sobre sua existência e afinidade com a religião, que são questões que vão além da física ou de algumas questões particulares, que partem de um estudo fenomenológico e filosófico, muito mais especifico na área da antropologia.

Stein25 procura dissertar sobre a importância da formação religiosa na vida do ser humano, quando ela se remete que devemos nos abrir constantemente para o Criador, e, através disso, construir laços que nos unem cada vez mais com o transcendente.

Para se ter uma formação religiosa, é necessário possuir uma fé viva e verdadeira, e, para alcançar isto, faz-se necessário conhecer a Deus e ser íntimo dEle, de modo que com isso iremos amá-lo e nos colocar a serviço dos seus desejos que sempre é o melhor para cada um de nós.

Cada vez que procuramos conhece a Deus nos tornamos mais íntimos. Edith faz menção de exemplo de uma amizade: quando conhecemos alguém, e constantemente temos contato com esta pessoa, cada dia mais irá entrelaçar a amizade; desta forma, cada vez que nos colocamos diante de Deus através da oração que nos remete à religiosidade, mais nos tornamos íntimos de Deus, seja pela luz natural ou sobrenatural.

Quando nos tornamos íntimos de Deus e o conhecemos de fato como ele é, não conseguimos amar nada a não ser a Ele. Quem o ama não consegue de forma alguma fazer ou procurar outra coisa a não ser se colocar a serviço do seu amor e sua vontade. Desta forma, uma fé viva é apenas uma questão de compreensão, de coração e de desempenho da vontade e ação.

Só podemos despertar o nosso laço de ligação com Deus através da religiosidade do homem, ou seja, através da oração. Para isso, é necessário invocá-lo com toda força, não se igualando a uma preleção seca do entendimento ou ao fanatismo, mas, sim, por meio de uma legítima instrução religiosa, que parte de uma vida particular de oração e nos conduz para dentro de uma profundidade deidade, que nos une de forma correta com Deus, acendendo o amor em nosso interior.

4.2. Definição da religião

A religião é, na realidade, a consciência e o sentimento próprios do homem que ainda não se achou ou que já se perdeu de novo. A religião não é se não o sol ilusório que se move em torno do homem, até que ele não se mova em torno de si mesmo... Uma vez desaparecida a vida futura da verdade, a história tem a missão de estabelecer a verdade na vida presente.26

O trecho citado acima é uma crítica marxista da religião no século passado. Durante o século XIX, o maior defensor do ateísmo não foi Marx, muito menos Feuerbach, mas sim Comte, o conhecido pai do positivismo.

Com o avanço cientifico, bem como as várias disciplinas científicas, a humanidade atingiu a idade adulta, deixando para trás tanto a religião como a metafísica. Outros exemplos de contrapartida à religião, bem como o fenômeno religioso vieram a ser desenvolvidos durante o presente século pelos existencialistas, de modo bem particular através de Heidegger e por Sartre, e também pelos neopositivistas.

O encontro com Deus através da religião não se dá através da visão, mas pelas trevas da fé, atenuando que esta é a consequência ou a conclusão, mas sim um ato de decisão constante do homem. O risco é o elemento primordial para se ter uma verdadeira experiência religiosa.

Vale ressaltar que a fé não é meramente um risco, pois sua aceitação age de forma irracional no ser humano, conforme cita:

O crente não só possui, mas usa da razão, respeita as crenças comuns, não atribui a falta de razão se alguém não é cristão; mas, no que diz respeito a religião cristã, ele crê contra a razão e, nesse caso, ele adota a razão para ter certeza de que crê contra a razão. O cristão não pode aceitar o absurdo contra a razão porque ela perceberia que é absurdo e como tal o afastaria. Ele adota, portanto, a razão para tornar-se consciente do incompreensível e depois se agarra a ele e crê mesmo contra a razão.27

O ser humano crê firmemente em Deus e busca observar a grandiosa diferença que separa a natureza divina da humana, ele não encontra outra saída a não ser se prostrar diante de Deus e adorá-lo, reconhecendo ser ele o Criador de tudo e todos, pois a adoração é expressão mais sublime de todos da relação entre o humano com o sagrado. O ato de adorar significa que Deus é absolutamente tudo para a pessoa que o adora.

A pessoa que crê firmemente no sagrado e se abandona Nele deve antes renunciar a tudo, e essa renúncia implica ao sofrimento, sofrimento este não somente pelo motivo do ato de se desapegar, mas porque toma consciência de que sozinho não pode fazer nada e nem chegar a lugar algum. Sendo assim, o sofrimento acaba se tornando algo inseparável da fé, pois acaba se tornando por si só uma característica sólida da fé.

Neste contexto, encontramos o exemplo de Edith Stein que nascida em tradição judaica acaba se convertendo ao cristianismo por volta do ano 1922, ao ser batizada na Paróquia de Bad Bergzabern pelo Padre Breitling, sendo sua madrinha Hedwig Conrad-Martins.

Através de provações interiores, Edith Stein sela profundamente seu amor pelo sagrado quando, na tarde de 14 de outubro de 1933, entra para o Carmelo em Lindenthal, Colônia. Ao ser questionada sobre seu discernimento vocacional e o desejo de seguir a vida religiosa, Edith responde com convicção que o que nos pode ajudar não são os desejos humanos, mas o sofrimento de Cristo. Desta forma, portanto, partir para Ele é o seu maior desejo.

Durante sua vida, teve um contato muito próximo de Edmund Husserl que veio a falecer em 21 de abril de 1938, exatamente quando a Senhorita Benedita emite os votos perpétuos de Stein. Em 26 de julho de 1942, quando alguns bispos católicos da Holanda vieram a protestar em uma carta pastoral contra a terrível perseguição dos judeus pelo nacional-socialismo, todos os judeus católicos foram presos e por fim deportados.

Na tarde do mesmo dia, Edith Stein junto com sua amiga Rosa, foram buscadas para retornarem definitivamente, pois eram descendentes de judeus; Edith bem sabia o que o destino teria preparado para ela, então, passando pelo acampamento de Amersfort e Westerbork foi assassinada em 9 de Agosto de 1942, nas câmaras de gás, mas em nenhum momento sequer pensou em desistir e renegar a sua fé, que tanto estimou enquanto Católica.

O que fundamenta a religião não é a religião por si só, mas a fé, o sentimento e algumas demais experiências particulares como a oração que liga o ser humano a Deus, bem como a conversa íntima com o invisível, entre visões e diversas outras formas.

O que sustenta a religião é algo totalmente diferente comparado com as abstratas definições, pois todas as coisas que nos liga com o Sagrado são efeitos posteriores, adjunções secundárias às massas de experiências religiosas concretas que o homem tem ao longo de sua vida madura.

Se nos perguntarmos o que seriam estas experiências, poderíamos dizer, e acima de tudo afirmar com convicção, que elas são por vez as conversações que o homem tem com O invisível, com algumas vozes e até mesmo visões, que são respostas às orações feitas com fé, através de mudanças por meio afetivo, libertações do que nos ocasiona medo e concessões de ajuda.

Apesar de tudo que já vimos neste subtítulo apresentado, não podemos dizer que a religião seja algo carente de conceitos e doutrinas. Uma religião verdadeiramente autêntica deve antes olhar para o certo tipo de metafísica ou de teístas cosmológica, e que através disso, busca a fé em um Deus cujas atribuições são de essência moral ou de certa forma relacionada a uma experiência humana que por vez são defendidas como alguns elementos necessários da experiência religiosa.

As tentativas de encontrar fora da religião um critério com que se possa mensurar a verdade escondida por detrás da religião são consideradas já por princípios algo errôneo. Pelo fato de que tudo o que a religião pode gerar como significado para os valores extras-religiosos.

As ciências, a moralidade, o estado, o direito e a arte, tem significado efetivo somente quando a religião é reconhecida e vivenciada não apenas em função daquele significado, mas, sim, para evidenciar ardentemente a certeza de que através da religião é que se encontra respostas para nossas dúvidas constantes.

Todos os critérios existentes para a verdade e para o valor gnosiológico da religião poderão de certa forma ser encontrados quando estes partem da própria essência da religião e não retirados de uma esfera extra religiosa.

Como ocorre em cada esfera do ser, também para o que concerne a uma esfera religiosa, o fundamento último da aceitação individual do ser, de modo imediato do objetivo que se vincula com tal em atos de conhecimentos específicos, como por exemplo, encontrado nos atos religiosos.

Partindo deste pressuposto, a religião tem como fundamento último que não se pode encontrar no outro a não ser a automanifestação de Deus; manifestação esta que parte da realidade pessoal de Deus, se consolidando no “santo originário”, ou seja, individualizado na figura de Cristo.

O Sagrado, além de ser um aspecto “irracional”, representado aqui pela categoria do numinoso, buscando revestir-se de aspectos de formas “racionais”, encontrados através expressões de modo muito particular nos símbolos e dogmas da Igreja, e são por estas mesmas categorias que eles são estabelecidos e universalmente aceitos, passa para uma estrutura sólida que lhe confere a denominação de doutrinas rigorosamente validadas:

A religião é o conjunto de conhecimentos, de ações e de estruturas com que o homem exprime reconhecimento, dependência, veneração com relação ao Sagrado. 28

A definição aqui manifestada exprime dois elementos: um que vem de encontro com o sujeito e outro a respeito do objeto, ou seja, a ligação entre o homem e Deus. Quando ele faz menção ao sujeito, está se referindo a posição que o ser humano assume quando evidencia sua religiosidade. Sendo assim, nem todas as manifestações com o Sagrado podem ser de fato consideradas uma atividade de cunho religioso.

Pode-se falar de um ato religioso apenas quando o homem assume de frente com o Sagrado e Divino posições particulares, ou seja, quando o mesmo é atingido e atraído pelo objeto (Deus), encontrando em contato inteiramente pessoal com ele; este é o lado psíquico ou interior da religião.

O contato com o transcendente vem como um apontamento de caracterização ao objeto, de uma forma inteiramente exclusiva, ou, em outras palavras, o fato de ser Sagrado como é por si só. Temos como Sagrado um conceito primário, que é algo fundamental assim como os conceitos de ser, de bem, de verdade, de belo, algo que com meras palavras não pode ser explicado, nos direcionando para a esfera religiosa.

Podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que no mais profundo interior do âmbito religioso, o Sagrado assume uma característica única, que não são confundidas entre nenhuma outra, podendo assim descrevê-lo de modo equívoco.

O que temos e descrevemos como Sagrado vem a ser o objeto da religião e não é nunca considerado como sendo um achado da fantasia humana, projeções ou alguma forma de hipostatização das necessidades, de algo desejável pelo homem, bem como seus ideais.

Se nos atentarmos minuciosamente no aspecto de antropologia teológica, vamos nos deparar com uma visão em que, antes de qualquer coisa, o ser humano é um ser finito, que somado com todas as demais criaturas denominadas finitas também, não possui a capacidade de se compreender de forma completa a si mesmo enquanto sendo homem.

A filosofia pode fazer um apanhado e encontrar nos resultados da pesquisa realizado referente ao homem uma ampla diversidade de verdades essenciais sobre sua forma estrutural, mas se vê incapaz de decidir-se por algumas delas.

De certa forma, a filosofia tem a capacidade de narrar sua existência, enquanto um ser lançado na própria existência, extraindo portanto, conteúdos essenciais, porém, não podendo encontrar respostas referentes a as origens: do mundo, do seu próprio gênero e do indivíduo humana; a filosofia necessita responder às ultimas causas, recorrendo ao Sagrado que se revela ao homem. Stein cita algumas verdade da fé, embasadas na religião.

O homem foi criado por Deus e com o primeiro homem, toda a humanidade, como uma unidade por razão de sua origem e como uma potencial comunidade; cada alma humana individual foi criada por Deus; o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus; o homem é livre e responsável por aquilo em que ele se converte; o homem pode e deve fazer que sua vontade esteja em consonância com a vontade de Deus.29

O ser finito, para encontrar uma resposta sobre como e porque existe, bem como sua essência enquanto homem, criatura do Criador, deve antes de remeter a Deus, que é o único ser primeiro e de forma infinita, sem pensar na existência desta relação do humano com o divino, o ser humano vem a tornar-se algo que não se pode compreender.

A filosofia procede da forma abstrata e com as mais puras e verdadeiras finalidades de especulação quanto a religião, pois a mesma é uma tomada de posição pessoal que vai muito além do que imaginamos como ser o simples conhecimento do que é a verdade, é a posição na qual todo o eu vem a se recolher em sua singularidade.

O que vem a distinguir a religião da arte é o que chamado por elemento objetivo, quando a religião tem por objetivo único alcançar o real; sendo assim o objetivo da arte buscar o ideal.

Portanto, a religião é o encontro com Deus, através do seu contato pessoa com Ele, reconhecendo-se humilde e buscando com devoção o seu valor absoluto e da sua santidade enquanto tal.

4.3. O efeito da Oração

Todos os frutos que constantemente buscamos através da oração, bem como os frutos que ela pode nos proporcionar, unida com a fé através do Sagrado e com o humano, podemos encontrar um grande benefício de cura interior e libertação dos medos e do mal.

A oração é algo que surge através da fé do homem e que nos conduz de volta para ela, operando grandiosos prodígios através da compreensão das verdades da fé, e, como gerenciadora dela, encontramos o fortalecimento que precisamos para que participemos por igual da vida eterna.

O contato íntimo com o Transcendente nos proporciona uma satisfação que é própria dela mesma quando nos unimos com a fé através das nossas locuções com o Sagrado, que já nos proporciona um gosto de viver na vida eterna, fortalecendo, assim, a nossa constante esperança de nos encontrar um dia com o nosso Criador.

Devemos nos manter em constante oração, não somente para buscar nossa comunicação com Deus, mas para nos encontrarmos preparados para aquilo que Ele nos quer comunicar através dela, de modo que nos purifiquemos de tudo aquilo que nos atrapalhar de unir-nos ao amor.

Na oração sacerdotal30, encontramos Nosso Senhor pedindo incessantemente para os seus discípulos e também para todos nós a unidade de uns com os outros e com Ele próprio, unidade esta que está consolidada na Santíssima Trindade.

Ela deveria realizar-se na comunidade monacal: a plena autoridade, como um fluxo do poder do Pai ser um só em todos os demais, uma belíssima unidade de amor. Desta forma, somos impedidos de buscar algo para si próprio através de vantagens pessoais, observando do próximo a inveja.

A busca do coração que se perde não se junta com seu próximo, ao contrário, se prende única e exclusivamente no individualismo e acaba se perdendo de tudo e de todos.

Não devemos nos prender na busca piedosa do egoísmo que se prende única e exclusivamente nos exercícios individuais, que acaba nos tornando impossibilitados de alcançar as exigências do momento; a busca do espirito egoísta acaba se prendendo no juízo próprio, sendo totalmente contrário do testemunho do espirito de comunidade.

Faz-se cada vez mais necessário muito trabalho para que, através dela, muitos grãos de trigos venham a se tornar pão de partilha, e, de muitos membros, um só corpo, pois como nos alega São Paulo: “fazemos parte de um único Corpo que é Cristo; onde existe uma digna moradia para o Senhor, ele se faz presente e proporcionará uma iluminação perfeita através dos benefícios da oração”.31

Outra forma de oração é o rosário, porque nos encontramos em constante oração junto à Virgem Maria, Mãe de Deus, pois através dele um absurdo bálsamo perfuma nossas moradas, pois são nelas que a nossa oração se faz presente, pois são os locais de nossos trabalhos exteriores.

Na oração do terço é nós meditamos as realidades do Evangelho. Dispostas no coração Imaculado de Maria, vem a ser a melhor forma de nos preparar para Santa Missa, que é o nosso encontro pessoal com o Criador.

O Santo Terço visa as condições de sempre consagrar os nossos trabalhos diários, nos ligando ao invisível com as mais sinceras intenções possíveis; podendo familiarizar e preencher o coração de Maria com nossas intenções particulares, guiando nossas vidas interiores e afazeres.

Conforme encontramos nos relatos das Sagradas Escrituras, Cristo rezou como rezava um judeu fiel e cumpridor da lei. Ele rezava desde sua infância junto a seus pais, logo mais tarde junto com os seus discípulos, ensinando eles como rezar através da Oração Universal do “Pai Nosso”, junto com seus discípulos ele também realizava suas peregrinações para Jerusalém conforme o tempo prescrito para celebrar as festas solenes no templo.

Neste contexto, faz certo que Ele cantou os hinos de jubilo com grande entusiasmo, junto com os seus, de onde vertia a prévia alegria dos peregrinos: “Me alegrei quando me disseram: vamos à casa do Senhor” (Sl121,1).

Ele rezava as tradicionais formulas de bênçãos, como ainda se faz nos dias atuais, sobre o pão, o vinho e todos os frutos da terra, pois isto é testemunhado pela narrativa do seu último encontro com seus seguidores, dedicando-se, assim, ao pleno cumprimento de um dos mais sagrados deveres religiosos dos judeus: a grandiosa e solene celebração da ceia da Páscoa, a memorável da salvação da escravidão no Egito.

A oração do Pai Nosso que rezamos em todas as Santas Missas, que procede a Comunhão, deve ser rezada com sinceridade de alma e coração, para podermos receber a Santa Comunhão com o espírito reto. Desta forma, ela nos proporciona a realização de todos os nossos pedidos feitos através da oração: livra-nos do mal, ó Senhor, pois assim nos purifica de todas as culpas e nos dá a paz do coração, porque:

Traz-nos o perdão dos pecados cometidos e nos fortalece contra as tentações; pois a oração nos leva ao Pão da Vida, do qual precisamos diariamente para crescer para o interior da vida eterna; transforma a nossa simples vontade num instrumento adequado do divino; com isso enraíza o Reino de Deus em nós, dando-nos lábios puros e coração puro, para venerar o Santo Nome de Deus. 32

O exemplo de vida de oração de Jesus deveria ser uma constante chave para buscar a compreensão da oração da Santa Igreja. Podemos ver que Cristo participou como todos dos cultos públicos e prescrito de seu povo, estreitou a ligação com sua própria entrega sacrificial, dando-nos, assim, um sentido pleno e verdadeiro, que é o voto de pleno agradecimento da criação ao Criador, e foi justamente desta forma, que transpôs a liturgia da antiga para a Nova Aliança.

A oração opera grandes milagres; milagres estes que eram visíveis desde a época de Cristo, quando se entrava em total sintonia com o Sagrado, como por exemplo no cômodo silencioso de Nazaré através das orações da Virgem, desceu a força do Espirito Santo e fez aquela pobre jovem e virgem ser a mãe do Salvador.

A virgem silenciosa se recolhia em plena e constante oração, aguardando ardentemente a Igreja emergente na promessa do novo derramamento do espírito que a deveria vivificar de uma vez por todas em uma divina claridade interior e em uma atuação exterior que fecundava através da oração pura e sincera que partia do coração humilde.

Na noite de cegueira, Deus se colocou na presença de Saulo que espera em oração solitária a resposta do Senhor a sua incessante pergunta: “O que queres que eu faça?”. Também na oração solitária, Pedro se preparou para a grande missão junto aos gentis, que se manteve até os séculos presente.

Do pleno coração maternal da Virgem Maria, saiu a mais bela oração em forma de Canto: Magnificat, que com grande júbilo cantava as maravilhas que Deus havia realizado em seu favor; outro exemplo maravilhoso de oração em forma de cântico é o Benedictus, que abriu os lábios do ancião quando a palavra misteriosa do anjo se tornara uma realidade visível.

Aos nossos olhos humanos, quando o precursor do Salvador nasceu da velha Isabel. O que surgiu destes corações inflamados pelo Espírito Santo de Deus foi a mais bela e singela oração, através das expressões, palavras e gestos.

A grande mística da oração forma sempre um canto novo em nossos corações, através de nossas vozes que direcionam as suas mais simples e puras orações ao ser infinito, dotado de imenso amor e carinho para com seus amados e benditos filhos. Desta forma, toda oração autêntica vem a ser uma oração da Santa Igreja, fazendo com que o ser humano se ligue com Deus, uma vez que o próprio Espírito Santo habita nela, que, em cada alma singular.

Notavelmente isso vem a ser uma oração de forma autentica e verdadeira, pois ninguém pode dizer “Senhor Jesus”, a não ser no Espírito Santo que nos preencher incansavelmente de graça e paz; deparamos-nos com uma pergunta incessante: o que seria a oração da Madre Igreja, a não ser esta entrega dos grandes amantes a Deus, que é o amor?

A entrega irrestrita e amorosa a Deus e o dom retribuição divina, a unificação plena e duradora, são as mais sublimes elevações do coração que nos tornou alcançável, o mais alto grau de oração. As almas que alcançaram esse nível são verdadeiramente o coração da Igreja: nelas vive o amor sacerdotal de Jesus. Ocultas com Cristo em Deus, nada mais pode fazer a não ser resplandecer o amor divino alcançado através da oração, e assim alcançar o coração das outras pessoas, coatuando assim na plenificação de todos, rumo à unidade em Deus, meta que constituía a grande intenção de Jesus. 33

Na paz alcançada através da oração, a alma do ser humano empreende a luta, pois, agindo assim, está operando no sentido verdadeiro dos desígnios eternos. Sabemos bem que a vontade de Deus se realiza de forma plena, para sua mais grande honra, pois mesmo que a vontade humana queira ocupar o lugar de Deus, criando barreiras que impedem o poder divino agir sobre nós, esse mesmo poder acaba quebrando estas barreiras, vencendo e edificando um precioso e suntuoso edifício a partir da matéria-prima lhe resta.

Nas mais singelas almas humanas, se encontram os ensinamentos das bem-aventuranças, que as fazem ingressarem na unidade da vida intradivina, na qual tudo é apenas um: repouso e atividade, contemplação e ação, silêncio e fala, escutar e comunicar-se, entrega amorosa e profusão de amor, contidas no louvor presente na força da oração.

A oração em Deus deve sempre ter seus locais de habitação sobre a Terra, onde procura se desenvolver para uma eterna e suprema plenitude, na qual são capazes os homens de boa vontade. A partir de então, pode-se elevar aos céus de modo especial por toda Igreja, através dos membros que pertencem a ela, despertando em nós um ardente e incansável desejo de harmonia exterior, bem como também a interior que somente alcançamos por meio deste contato íntimo do Sagrado com o humano.

Todavia, nossas mais singelas formas de orações devem ser sempre vivificadas a partir do nosso interior, isto é, no nosso coração, garantindo extrema proteção contra todos os perigos. Desta forma, as almas estão frente a frente com o Criador em um mais profundo silêncio contemplativo, para que dentro de nosso coração brote cada vez mais o amor que tudo vivifica.

Como membros inerentes do seu Corpo Santo, tomados pelo sopro divino do Espírito Santo que nos reveste para sermos sempre forte, “por Ele, com Ele e nele”, apresentamos a cada um de nós como sendo o próprio sacrifício, confirmando através da poderosa forma que une a Deus, que é a oração, uma eterna gratidão por sermos suas criaturas.

É devidamente por este motivo que a Igreja sempre nos pede que, ao recebermos a Eucaristia, que é o próprio Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, digamos cheio de fé e confiança que a partir deste alimento que nos nutre e através de nosso pedidos, ó Senhor, concedei a cada um de nós, filhos seus, os dons que recebemos através da salvação eterna e que jamais nos deixemos de nos unir cada vez mais a vós, através das várias formas de oração.

A oração tem o objetivo de nos colocar na frente de Deus e fazer-nos reconhecer que sem a tua infinita proteção e misericórdia, nós não somos absolutamente nada.

5. CAPÍTULO III: A IMAGEM DE DEUS NA VIDA DO HOMEM

5.1. A presença de Deus na vida espiritual do homem

É necessário obter o conhecimento de que, a vida espiritual do homem deve ser considerada igualmente uma vida tripla, bem como, trinitária; podemos assim afirma, que se abre uma nuvem de diferentes realidade e perspectivas para seguir esta direção, as quais devemos unicamente a Santo Agostinho34, pois, encontramos em seus escritos espirituais muitas exposições a respeito do amor como tal.

Deus eu seu supremo amor de Pai e de Criador, acaba sendo o ponto primordial de partida para o filosofo Agostinho, que afirma em si a trindade obtida na presença de Deus Todo Poderoso na vida espiritual do homem; com todo efeito, faz-se parte do amor um amante, um amado e por fim um amor que os une inteiramente e os mantem conectados, de certa forma, que quando o espírito ama a si mesmo, e o amante é amado, formam assim algo misto, onde um tem como objetivo completar o outro.

De certa forma, o espírito Criador que ama a si mesmo se encontra na imagem de Deus; sem mais, para amar a si mesmo deve antes se conhecer. O espírito, o amor e o consentimento são três em um. Se encontra uma relação justa quando o espírito não é nem mais e nem menos amado, exatamente ai se encontra algo que se corresponde: nem menos que o corpo e nem mais que Deus. 35

Como podemos então prosseguir quando sabemos que o espírito já se encontra em si mesmo, porém, busca a si mesmo? A causa única, é que o espírito esta unicamente unido ao seu corpo, porém, se encontra sozinho, de modo que, ele se se obrigado a voltar-se para si mesmo.

Se ele conhece a si mesmo, reconhece também que não há necessidade de buscar em si quando algo se encontra ausente, sendo assim, somente se faz necessário se orientar quanto a realidade presente que se encontra no momento.

O espírito presente no corpo, sabe que existe, vive e conhece que a investigação do conhecimento é constituída única e exclusivamente por sua vida; assim, estão entrelaçadas as ações da memória, da razão e da vontade, afirmando assim, que estas faculdade são como já citado, três em um, por conseguinte, constituindo assim, uma imagem da trindade.

Quando se realiza o desejo, se alcança o fim, a possessão de que deseja constitui para seu próprio fim, porém, a realização de algo que se almeja, não põe de modo algum, término ao querer, quanto menos ao amor.

Não queremos que só e inconscientemente que algo venha nos faltar em algum momento, quando menos que nos falte o amor; amor este que nos é dado e nós doa para quem está próximo de nós, que também são criaturas formadas pela presença de Deus em suas vidas.

Não podemos decidir que este nosso querer, enquanto querer, é algo completo, mas que certamente seremos e nos sentiremos completo quando adquirirmos o que nos falta. De certa forma, o amor em seu pleno sentido e próprio termino, varia de pessoa para pessoa, existindo muitos e diferenciados sentimentos de amor.

O amor em sua máxima perfeição, não é inteiramente algo realizado se não estiver unido a Deus, pois, no amor recíproco das pessoas divinas e no ser divino, existe a presença viva e verdadeira de Deus, correspondendo a cada uma das formas divinas e da sua unidade. Na imagem infinita, o que tínhamos como um único tipo de divindade, acaba por vez se dividindo; pelo amor devemos ser sempre mais autêntico.

Encontramos o sentido mais amplo e verdadeiro da vida espiritual do homem, com seu próprio exterior, de onde formas interior emanadas do sentimento denominado amor, acaba se concretizando, pois, pela força da espiritualidade divina de Deus em nós, seguimos demonstrar este sentimento na vida de nosso irmão, compadecendo junto dele e se fazendo presente nele.

O amor é somente capaz de alcançar tal poderio, quando este é algo verdadeiro em si mesmo, inerente do espírito que é ponto de partida de Santo Agostinho. Consideremos assim, que o espírito em relação com suas coisas exteriores, neste campo, acaba encontrando uma vida tripla, porém, nenhuma é a imagem autentica da divindade, em relação de sua dependência a um elemento do mundo inferior.

Para podermos ser portadores de uma imagem do Eterno, o espírito deve buscar orientação deste Eterno, alcançado através da fé, que nos é presentada através da fé, conservando na memória, que devemos amar não por obrigação e sim por algo voluntário, desta forma que Santo Agostinho toma consciência da presença de Deus na vida espiritual do homem, pois a alma tende a imitar a trindade, que por vez, é algo que deve permanecer através da alma imortal, de modo que, nunca deveríamos perder ela, pois não é algo que se acaba ou que tem limites.

Assim como já mencionado anteriormente em outro capítulo deste presente trabalho, é intrinsicamente notável a presença de Deus através da oração, neste contexto da espiritual do homem. Edith Stein teve como inspiração a grande Santa Teresa de Avilla36, aquela que foi considerada a reformadora do Carmelo junto com a presença de São João da Cruz, também carmelita.

Uma das grandes inspiração de Stein, foi o “Livro da Vida37” de Avilla, que impulsionou a vida dela, em uma das partes contidas neste livro, podemos ver a seguinte:

Minhas irmãs, fazei a oração mental, aquelas que não conseguirem dedicar-se-ão à oração vocal, à leitura e colóquios com Deus. Não deixeis as horas de oração marcadas para todas. 38

Teresa insiste constantemente sobre a necessidade absoluta da oração que edifica e coopera para formação espiritual do homem. A base da oração é indispensavelmente, a presença amorosa de Deus Poderoso em nós, mas para que isso aconteça, a alma deve prosseguir com duas coisas: afastar-se da criatura e aproximar-se de Deus, com todo o seu coração.

Nos dias atuais, vemos também o apelo a dedicação da vida em oração, que nos auxilia para nos encontrarmos mais conectados com o Sagrado, e alcançarmos com maior êxito a elevação da vida espiritual contida no ser humano, a exemplo disso, temos as seguintes palavras de Bento XVI39:

O encontro com a oração de Jesus, desperta nos seus discípulos o desejo de aprender com Ele a rezar, é o que podemos contemplar na passagem de São João, quando Cristo ensina os seus a rezar, através do Pai Nosso. A ação de Jesus em geral surge da sua oração e é suportada por ela. Assim, os acontecimentos essenciais do seu caminho, nos quais progressivamente se desvela o seu mistério, aparecem como acontecimento que brotam da oração. 40

Podemos observar com ardência, que os grandiosos orantes de todos os tempos, se conectaram junto ao Sagrado, através de suas intimas unidades com o Senhor, em uma profundidade que se encontra além da palavras, de modo que, obtiveram uma relação pessoal com Deus.

5.2. A imagem de Deus no homem

Todas as formas de produção corpórea é constituída de passos das personalização do espírito, quando uma vida interior particular se encontra presente, já se terá alcançado o primeiro grau da vida espiritual que nos remete a contemplar a imagem de Deus no homem.

Quando a personalidade do ser é ligada com a vida psíquica particular do mesmo, a natureza do espírito se encontrara completamente expressada, pois, sabemos que a alma humana não é apenas uma forma de intermédio entre o espírito com a matéria, mas sim, pelo fato de que o homem também é uma criatura espiritual propriamente dita, sendo não somente um produto do espírito, mas sim um espírito informante do corpo.

O homem é única e exclusivamente a imagem de Deus, trazendo junto de si o grandioso reflexo que emana da pessoa divina. Podemos comparar tais pensamentos de Stein41, com a imagem do Criador que reflete em todas as suas coisas criadas, assim como, um espelho reflete a imagem nele projetada, de modo, que o ser humano vai se formando de forma autônoma, se configurando com seu criador.

A imagem divina de Deus presente no homem, vai tomando claridade pelas vias de conhecimento através da maturação do seu próprio ser como homem. O ser humano já trás e si, por natureza própria uma inclinação à universalidade, de modo que, isso remete ele a uma busca constante pela sua plenitude, levando em consideração, que o homem traz consigo esse reflexo do Deus Criador, participando desta forma, da divindade encontrada e refletida por seu criador. Stein faz a seguinte citação sobre isso:

Deus criou o homem e a mulher à própria imagem e semelhança. Só quando as respectivas características masculinas e femininas são plenamente desenvolvidas, atinge-se a máxima semelhança com o divino e, só então, a comum vida terra se tona poderosamente compenetrada pela vida divina. 42

A imagem do criador presente na criatura, pode ser comparada com a alma do ser humano com suas formas inferiores, pois todas as vezes que a alma interior de forma particular se encontra sensível e presente, é exatamente nesse momento que podemos afirmar, que já se tenha alcançado o primeiro degrau da vida espiritual do homem.

Todas as vezes que o espírito do ser se encontra inteiramente informado sobre os acontecimentos presente na alma ou em sua vida psíquica, é que se torna algo expresso de maneira plenificada; assim, se torna evidente que a alma o ser não e apenas um ligação de vínculo entre o espírito com o corpo, mas sim considerada uma criatura espiritual, não somente como um ligação com o espírito, mas bem como, um espírito informante, pelo devido fato de se tornar pleno o estado espiritual, conforme cita:

A informação do corpo e da alma se apresenta primeiro, antes do nascimento e nas primeiras fases da vida – da mesma maneira que no animal –, com sucesso involuntário. Esta informação involuntária não cessa durante a vida inteira, mas sim outra toma lugar a seu lado, lhe usurpa e ganha terreno desde o começo da educação. Enquanto intermediária entre a informação inteiramente involuntária (tal como se apresenta, por exemplo, no crescimento e no desenrolar dos membros e dos órgãos: no que chamamos processos fisiológicos) e a informação voluntária tomada no sentido do livre controle da postura e da mímica, é como se situa o costume do menino, comparável à domesticação dos animais. 43

Para melhor compreendermos esta citação a cima, vamos partir do pressuposto que a própria Edith dá de uma criança, que através do meio inserido, ou seja, familiar, acaba aderindo algumas formas e condicionamentos em relação a sua vida como ser, como por exemplo: as horas para se alimentar, bem como, as horas para repousar; assim sendo, passa a aprender falar e andar, bem antes que sua razão como humano seja despertada.

Todas estas formas, são notórias para evidenciar que a criança nos primeiros momentos de vida, vive como a alma dos animais, pelo simples fato, de ainda não ter vontades formadas, porém, são direcionados por seus pais através da educação adquirida pela família. Com isso, podemos observar que as orientação informadas à criança são retiradas do pensamento dos adultos, tendo como consequências, que o comportamento delas se tornam semelhantes ao das pessoas adultas, que por vez, são pessoas livres e dotadas de razão.

A essência encontrada na alma é a propriedade do homem que faz ele ser o que exatamente ele é, de modo que, através isso se obtêm as formas e forças da vida. O sentido aqui encontrado, vem a ser como uma figura final para qual a essência do homem é determinada.

Esta força pode ser denominada como potência existencial, podendo ser compreendida como aquilo que vem dar possiblidades à alma, de fato, está força aqui mencionada se estende por toda trajetória da vida da alma.

A alma do ser humano, obtêm forças ao desenrolar de sua vida, uma vez que, ela não se encontra presente no corpo do ser desde o seu nascimento, sendo assim, a vida humana é uma continuada consumação desta força, para exemplificar melhor esta colocação, tomemos por partido a luz solar, uma magnífica paisagem, ou até mesmo um simples sorriso.

Todos esses singelos acontecimentos, podem desencadear na alma uma nova vida ao ser humano. Portanto, para alcançarmos a interioridade presente na alma, faz-se evidente conhecer melhor todos campos específicos da alma humana, a autora se preocupa em citar que:

Os sentidos constituem as portas de entrada para as coisas que caem abaixo dos sentidos. O entendimento penetra como proprietário na profundidade espacial situada mais além do campo sensível e na interioridade das coisas que não caem abaixo dos sentidos; essa interioridade é acessível por meio da exterioridade sensível. A percepção sensível, como o conhecimento intelectual, é uma unidade vivida de uma duração mais ou menos demorada. Desaparece para deixar lugar a novos sentimentos vividos. Porém ao desaparecer não perde, porém, seu conteúdo. Com efeito, o conteúdo sensível que tem sido recebido uma vez se encontra conservado na interioridade durante um tempo muito longo ou muito curto, algumas vezes também para sempre. A primeira classe de acolhida e conservação internas é feita pela memória.44

O que primeiro se nota como acontecimento, que aquele que brota da interioridade psíquica de forma involuntária, que se penetra no mais íntimo do humano, tornando-se assim uma chamado à pessoa, que é dirigido à sua razão, como uma reflexão contínua pela busca do sentido que lhe é apresentado.

A parte que é considerada mais interior da alma é a espiritual, e é exatamente dela que brota a essência própria da alma. Deste modo, Edith procura encontrar uma semelhança entre as criaturas inferiores com o divino, visto que, se procurarmos observar suas matérias, encontraremos que elas são completamente opostas uma da outra, pelo simples fato de que, as matérias inferiores das criaturas se encontram no espaço temporal e a de Deus não. Observemos sua colocação:

Ascendendo desde as formas inferiores às formas superiores, temos chegado à alma humana. Se a consideramos como forma do corpo, buscaremos no homem inteiro a imagem divina. Por outra parte, ela é a totalidade unitária que, enquanto realidade independente, é posta na existência. Graças à alma o todo é algo pleno de sentido e de vida. 45

5.3. A presença de Deus na alma do homem

A alma é o princípio da vida, das sensibilidade e atividades espirituais; ela é constituída como sendo uma entidade em si mesmo, ou uma substância, encontramos na obra de Avilla:

A alma do homem é apresentada como um Castelo, um castelo todo de diamante ou de muitos claros cristais. É uma joia transparente e enorme, em cuja interioridade há muitos aposentos, grande como o céu, onde há muitas moradas. 46

Deste ponto de partida, iluminada pelos dizeres de Santa Teresa de Avila, que Edith Stein, começa pensar na presença de Deus na alma do homem. A abordagem do termo alma é totalmente recorrente na maioria dos escritos de Stein, sendo que, em cada abordagem se encontra algo em particular de difere das demais.

Para falar sobre a alma e a presença viva de Deus, Stein parte do pressuposto de que o ser humano é um corpóreo vivente, animado e também espiritual; da mesma forma que por essência o homem é espírito, com a sua vida totalmente espiritual que sai de si próprio em um mundo que se abre de forma dimensional a ele mesmo, sendo que, este mundo que se abre é um profundidade escura, que segundo Edith Stein, admite que só se adentrando nesta escuridão que se faz possível conhecer o ser particular do homem.

A alma em sua essencial é um mistério que se revel à própria pessoa como sendo um mistério, sendo que se faz possível conhece-la durante toda a vida do ser humano, como uma novidade a cada descoberta, porém, mesmo assim, a alma se tornara obscura, devido a sua tamanha intensidade e profundidade contida nela; desde modo, somente Deus pode conhecer ela de forma completa e integra.

No ser humano, a alma se apresenta como sendo uma unidade formal entrelaçando o corpo com a alma, tendo no seu mais íntimo, qualidades física e psíquicas, porém, não tem a capacidade de vivencia consciente ou vivência por si mesma, possibilitando assim, uma tomada de posições livres.

A alma do ser humano tem uma elevação sublime, porque no homem, a sua vida interior é totalmente consciente daquilo que lhe acontece, em todas e quaisquer circunstancias na vida; sendo assim, a alma humana, se encontra totalmente separada do corpo, pois uma vez que o corpo deixa de viver, a alma permanece viva e retorna para o seu Criador, de onde saiu e foi criada um dia, conforme cita nossa autora:

A alma é a ligação entre a espiritualidade e o ser ligado aos sentidos próprios do corpo. Porém a divisão em três partes, em corpo, alma e espírito, não deve ser entendida no sentido de que a alma do homem é um terceiro campo entre os dois, subsistente sem estes e independente destes: nesta se encontram e se misturam a espiritualidade e a sensibilidade. 47

Baseando-se com esta capacidade de percepção e conhecimento, que é um agir totalmente voltado para a espiritualidade, o eu, que vem a ser a pessoa livre, se encontra elevada acima da sua corporeidade, bem como, da sua sensibilidade, se colocando diante do mundo externo.

Para compreender melhor a vida da alma, tomemos como exemplo um sentimento de angustia que brota da alma, podendo compreende-la através de outras formas de vivencia, analisando os motivos que originaram esta angustia e o que a provocou; outro exemplo notável é a tristeza visivelmente expressada na face de uma pessoa, podendo assim, conhecer o atual estado de sua alma, partindo da experiência originária.

Grandiosos místicos (como por exemplo São João da Cruz), que vieram a se entregar de corpo e alma em uma vida regrada pela dedicação da oração e contemplação, fizeram um belíssimo caminho para sua mais intima e sincera interioridade, adentrando na vida da alma e puderam através desta experiência, descrever a riqueza contida nela;

Como já citado a cima, Santa Teresa de Ávila, em sua obra conhecida como: “Castelo Interior”, se encontra uma clareza insuperável do encontro íntimo da alma com a espiritualidade; para buscar uma descrição ainda mais favorável de compreensão.

Ávila descreve o que acontece no íntimo da alma, usando a imagem de um castelo, onde ali se encontram várias e infinitas moradias e aposentos, comparando assim com a estrutura da pessoa humana, onde o corpo é representado pelo muro do castelo.

A porta para entrar no “Castelo Interior”, se dá através do autoconhecimento, que constata a pequenez humana e exalta a grandeza divina; o autoconhecimento será sempre necessário, mesmo quando alma alcançar as moradas mais internas; afirma também, que as pessoas que vivem presas às coisas passageiras contidas no mundo, são comparadas com pessoas que se envolvem com animais venenosos, simbolizando assim, as coisas cativas e maldosas.

Na passagem para se chegar na segunda moradia, se encontra os apelos, que a pessoa recebe do mundo exterior, como por exemplo: uma boa leitura que enrique a alma e o conhecimento, um diálogo com alguém que precisa ser ouvida, ou seja, algo que nos incentive refletir e adentrar mais ainda no seu íntimo.

Pelo simples fato da pessoa levar a sérios os apelos recebidos, ela pode adentrar na terceira morada, onde a pessoa é motivada a crescer na virtudes e se aproximar cada vez mais da presença divina de Deus. Stein diz que todo e qualquer estímulo que faz a pessoa caminhar até adentar na sua mais íntima interioridade e buscar cada vez mais a Deus, é um grandioso efeito da graça divina.

A porta para se alcançar a quarta morada se dá através do reconhecimento, ou seja, quando a pessoa é capaz de presenciar Deus o meu mais íntimo e iniciar uma caminhada de graça através da mística, se alcança então nesta porta, uma tranquila e doce espiritualidade, trazendo a sensação de felicidade, paz e tranquilidade.

Na quinta morada é diferente da quarta pelo fato de que, a anterior a alma se encontra sonolenta, e já na quinta a alma é notavelmente despertada para Deus, porém, continua ainda adormecida para as coisas do mundo. Devemos nos esforçar para alimentar o nosso mais puro e sincero amor à Deus, através do amor com o nosso próximo, exigindo assim, um esforço particular de cada ser para poder alcançar e fazer parte desta morada.

A oração de unidade se dá através de uma preparação para o “noivado espiritual”, é exatamente nesta morada, que alma começa a fazer toda a vontade de Deus, agradando assim de todas as formas possíveis; a alma do ser fica inteiramente enamorada pela presença de Deus em sua vida, dando-se assim, o noivado entre a alma e deus, de modo que, a alma é elevada até Deus por ele mesmo.

A sétima e última morada, a alma pode gozar da felicidade por se encontrar em casa, é o lugar do repouso definitivo, de uma união verdadeira e duradoura com Deus, Edith comenta que nesta morada a alma sente violentos tormentos interiores, provocada por dores exteriores e interiores, onde somente Deus pode cura-la e dar forças para permanecer fiel.

A alma se encontra estruturada em diversos e diferentes graus de profundidade, correspondendo as moradas do castelo, a mais intima morada se dá ao Criador, ou seja, para poder alcançar a morada que verdadeiramente nos traz alento ao coração e calmaria para a alma, o ser humano precisa cada vez mais se aproximar dessa profundidade intima entre a criatura com o Criador, encontramos a seguinte citação:

A essência da alma, é o que forma a sua potência e a sua vida, e esta formação se funda sobre o fato que na essência, se deve distinguir sentido e potência. O sentido é a forma do fim, a qual está subordinada à alma pela sua determinação essencial; enquanto a potência se desenvolve na vida da alma. 48

No íntimo da alma, é que se encontra incorporada todas e diversas dimensões do ser humano, encontrando o total esplendor de sua vida humana e sentido para ela, fazendo-se descobrir quanto faz diferença no mundo em que vive, estando presente com sua vida, que é enriquecida pelas qualidade e propriedades de sua alma.

Portanto, podemos observar, que a presença de Deus é sempre ativa na alma do ser humano, porém, para que se possa alcançar este grau sublime, é necessário fazer um caminho, não difícil, porém, não muito fácil também, mas não impossível, pois Deus se revela em diversas formas em nossa vida, sendo que, a mais visível se dá através do amor e dedicação que temos para com nossa espiritualidade, conforme cita:

O homem não é um animal, nem um anjo, é um outro junto. Está ligado aos sentidos em modo diferentes dos animais, e a sua espiritualidade é diferente daquela dos anjos. Ele sente ou percebe o que acontece no seu corpo e com o seu corpo, mas este sentir é um sentir consciente de tal modo a transformar-se na percepção intelectual do corpo e dos processos vitais e na percepção de quanto o mundo externo cai sob os sentidos. 49

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Proponho-me, ao final desta monografia científica, escrever algumas considerações que são importantes para uma melhor fixação dos termos e temas tratados durante este itinerário filosófico.

Permitam-me que utilize de modo intencional o termo “considerações finais”: minha intenção é não de concluir este trabalho, no sentido literal desta palavra, como sendo algo perfeitamente terminado, sem que nada possa ser inserido ao longo do tempo; pelo contrário, procurarei deixar um sentimento de que muito ainda precisa ser aprofundado, que o caminho a trilhar é longo e reflexivo.

A pesquisa realizada para a realização deste trabalho monográfico deixa aberto diversos caminhos para que se possa buscar compreensão da profundidade de tal conhecimento e seu alcance na vida da pessoa humana, tendo em vista sua ligação com Deus.

Para este estádio de nossa investigação, o proposto foi cumprido, a meta a qual almejávamos foi atingida, todavia de maneira alguma está esgotada. Até porque o labor filosófico, seja para os iniciantes, ou para os complexos e célebres filósofos, nunca acaba, nunca haverá de terminar.

A atividade filosófica, ancorada na Tradição é sempre nova, pois sempre tem algo novo a nos dizer.

Realizar este trabalho monográfico me fez sentir ainda mais apresso e admiração por esta tão grandiosa filosofa Edith Stein, a qual deste as aulas de Metafísica muito me chamava a atenção.

Após realizarmos uma pesquisa sobre o tema proposto da relação entre Deus e o homem, fizemos uma visita literária para buscarmos compreender e desenvolver os temas aqui colocado em questão; a iniciar pela estrutura da pessoa humana, pois enquanto Psicóloga e Filósofa, Edith Stein muito bem abrange a tema da formação do homem, bem como, todas as suas estruturas humanas.

Utilizamos quesitos para atender os objetivos propostos, a começar pela concepção do ser humano como um ser animal, social e religioso, tendo em vista que cada um é meramente completado com o outro, pois para compreender o ser humano como ser religioso e buscar ligação entre o Sagrado com o humano, devemos antes compreender o mesmo com suas estruturas, de um ser animal e que vive em sociedade.

Para abranger o segundo capítulo desde trabalho monográfico, realizamos um estudo histórico do homem e a religião, buscando compreender a ligação intrínseca que existe desde sempre entre ambos; fazemos uma aterrissagem do fenômeno da religiosidade a passar pela definição sobre o conceito de religião, a chegar sobre o efeito causado pela oração na vida do homem que se sente inteiramente conectado com o sagrado através desta forma.

O terceiro e também último capítulo deste trabalho monográfico, foi como chegar ao topo de uma montanha, não pela fato de encerrar o que fora proposto, mas sim pelo fato de que após mergulhar em vários temas, chegamos assim em uma maturidade necessária para buscar a compreensão da imagem de Deus na vida do homem.

Iniciando pela busca compreensiva de enxergar a presença de Deus na vida espiritual do ser humano, bem como, a imagem de Deus que se revela na vida do homem e a presença de Deus na alma do homem, fazendo menção de Santa Teresa de Avillá, grande reformadora do Carmelo e, motivo de inspiração a nossa autora que através de seu livro encontrou motivos para se converter ao cristianismo.

Realmente foi um percurso intenso, de pesquisa, leitura e muita compreensão para poder agora concluir este trabalho, mas como já citado no começo, o labor filosófico nunca se acaba, muito menos se esgota, tenho ciência que busquei e alcancei as metas e objetivos propostos, e muito mais ainda pode ser dissertado sobre o atual tema que jamais terá um fim.

Termino este trabalho, admirando ainda mais esta minha autora, que desde sempre foi para mim motivo de inspiração e santidade, e ainda mais com o desejo ardente de buscar campo de leitura e pesquisa na metafísica.

O ensinamento de Edith Stein é para que encontremos em cada um de nós esse sujeito narrativo que faz parte da nossa vida, e, assim, ir nos descobrindo como sujeitos religioso que estão numa intrínseca relação com os outros que completam a minha humanidade. Como dissemos, com este trabalho não esgotamos as discussões acerca do pensamento de Stein, mas demos uma contribuição inimaginável para a Filosofia, e, principalmente, para todos aqueles que lerem e sentirem um pouco de Stein em sua caminhada filosófica.

Saber o que somo e o que devemos ser e como podemos chegar a ser é a questão mais urgente para cada um. Educar significa conduzir outras pessoas a se tornarem aquilo que devem ser. Não se pode fazer sem saber o que é o ser humano e com ele é, como deve ser conduzido e quais são as estradas possíveis. 50

Sendo assim, o caminho para se chegar ao conhecimento, faz-se necessário muita dedicação de leitura, desta forma, posso afirmar que, Edith Stein me educou com suas literaturas usadas para o desenvolvimento deste trabalho, hoje sou uma pessoa que ainda mais admira sua pessoa e compreendo a ligação do homem com o Criador.

Podemos afirmar que Edith Stein deixou como legado seus grandiosos escritos e testemunhos, através da oferta generosa de sua vida.

O que se propôs a investigar foi uma visão geral da ligação entre o homem e Deus, partindo sempre de uma perspectiva fenomenológica e de uma filosofia cristã.

Portanto, a presente pesquisa pretende suscitar muitos outros questionamentos, instigando novas buscas para que outros espíritos animados pela investigação filosófica continuem a caminhada em busca da sabedoria,

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Primária:

STEIN, Edith. Teu coração deseja mais. São Paulo: Editora Vozes, 2012.

__________. Ser finito e ser eterno; trad. De Alberto Pérez Monroy. México: Coleção Filosofia, 1994.

__________. A ciência da Cruz. São Paulo: Edições Loyola, 1988.

2. Secundária:

SBERGA, Adair Aparecida. A formação da pessoa em Edith Stein. São Paulo: Paulus, 2002.

MACHADO, Antonio Jose Gomes. Edith Stein: pedagoga e mística. São Paulo: Editorial A.O.- Braga, 2008.

MIRIBEL, Elisabeth. Edith Stein: como ouro purificado pelo fogo. Aparecida: 2001.

SANTANA, Luiz. Edith Stein: a construção do ser pessoa humana. São Paulo: Ideias e Letra, 2016

3.Terciária:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

AVILÁ, Santa Teresa. O livro da Vida. São Paulo: Editora Vozes, 1980.

BÍBLIA- Bíblia de Jerusalém. São Paulo, 2002.

MONDIN, Batista. O homem quem e ele Elementos de Antropologia Filosofica, Paulus, 11.ed. SP. Brasil 2003.

RATZINGER, Joseph. Jesus de Nazaré: Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição. 3º.ed. Libreria Editrice Vaticana, 2011.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2002.

1 STEIN, Edith. A Ciência da Cruz, 1988, p.23.

2 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994.

3 STEIN, Edith. A ciência da Cruz, 1988, pag.461.

4 STEIN, Edith. Teu coração deseja mais, 2002.

5 STEIN, Edith. Ser finito e Ser eterno, 1994 A partir da concepção de Ser finito, como ser dotado de essência e existência numa unidade temporal, Edith constrói sua reflexão fenomenológica-antropológica, afirmando que cada ser é único, possuindo uma consciência que vai se revelando na medida em que se relaciona com ouro indivíduo, que lhe serve como espelho de seu próprio eu.

6 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994.

7 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.74.

8 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.90.

9 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.101.

10 ABBAGNANO, Nicola, 2002. Este dicionário procura apresentar uma linguagem um repertório filosófico, com todos os termos registrado e explicados com citações dos textos fundamentais da tradição filosófica ocidental.

11 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994.

12 STEIN, Edith. A ciência da Cruz, 1988. Como bem sabemos, o valor de uma doutrina se mede pela sua potencialidade de ser encarnada em pessoas, o valor contido nesta obra de Edith Stein é algo extremamente significativo, pois se trata de seu último livro; uma espécie de antevisão do que aconteceria com ela no dia 2 de Agosto de 1942, quando os oficias nazistas buscaram-na no seu convento.

13 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994.

14 ABBAGNANO, Nicola, 2002, pag.997.

15 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.150.

16 apud 11, pag.154.

17 Evangelho de São Lucas, São Mateus, São Marcos e São João.

18 Cf. Isaías 53, 4. Isaías foi um profeta depois da época de Moisés, nascido entre 765 a.C E 681 a.C, durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. 

19 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.157.

20 STEIN, Edith. A ciência da cruz, 1988.

21 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.198.

22 STEIN, Edith. Teu coração deseja mais, 2012. Esta obra mostra como Edith se tornou uma personalidade espiritual ímpar; contém nesta obra: orações, anotações pessoais de exercícios espirituais e meditações sobre temas diversos.

23 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia, 2012, pag.998.

24 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994.

25 STEIN, Edith. Teu coração deseja mais, 2002.

26 MONDIN, Battista. Curso de Filosofia, Vol I, 2001, pag.232.

27 MONDIN, Battista. Curso de Filosofia, Vol I, 2001, pag.232.

28 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia, 2012, pag.999.

29 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.132.

30 Cf. Evangelho de São João, capítulo 17.

31 1 Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 12.

32 STEIN, Edith. Teu coração deseja mais, 2002, pag.73.

33 STEIN, Edith. Teu coração deseja mais, 2002, pag.89.

34 Aurélio Agostinho, o Santo Agostinho de Hipona foi um importante bispo cristão e teólogo; nasceu na região norte da África em 354 e morreu em 430, era filho de mãe que seguia o cristianismo, porém seu pai era pagão. As obras de Sant Agostinho influenciaram muito o pensamento teológico da Igreja Católica na Idade Média.

35 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.462.

36 Teresa de Avilla, conhecida como Santa Teresa de Jesus, foi uma freira carmelita, mística e santa católica do século XVI, importante por suas obras sobre a vida contemplativa através da oração mental e por sua atuação durante a Contra Reforma; foi uma das reformadoras da Ordem Carmelita e é considerada co-fundadora da Ordem das Carmelitas Descalços, juntamente com São João da Cruz.

37 O livro da vida de Santa Teresa de Avilla conta, entre outros feitos, a experiência de seu contato direto com Deus, foi exatamente lendo esta obra (conforme citado na Introdução), que Edith Stein se sentiu tocada e começou o processo de conversão ao Cristianismo, de forma bem especifica, o catolicismo.

38 AVILLA, Santa Teresa. O livro da vida, 1980, pag.88.

39 Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI), é o 265º Papa da linha sucessória iniciada por São Pedro. Com descendia alemã, igualmente Edith Stein, é considerado o maior filosofo vivo de nosso tempos (2016).

40 RATZINGER, Joseph. Jesus de Nazaré- Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição, 2012, pag.124.

41 STEIN, Edith. Teu coração deseja mais, 2012.

42 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.60.

43 apud, pag.441.

44 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.441.

45 STEIN, Edith. A ciência da Cruz, 1988, pag.461.

46 AVILLA, Santa Teresa. O livro da vida, 1980, pag.224.

47 STEIN, Edith. A ciência da Cruz, 1988, pag.321.

48 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.354.

49 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.322.

50 STEIN, Edith. Ser finito e ser eterno, 1994, pag.134.


Publicado por: Thiago Mendonça

icone de alerta

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.