A necessidade da fé: o que leva as pessoas a buscarem uma religião?

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1. RESUMO

Este trabalho tem por objetivo mostrar o histórico da religião no Brasil, mostrando a forma de atuação na sociedade e na leis brasileiras, apontado para os motivos que as pessoas, em especial os jovens procuram as igrejas e permanecem como fiéis colaboradores.

O primeiro capítulo tem por título a religião como instituição social. Aqui estão sendo apresentadas as informações da religião na era globalizada, onde o indivíduo vê e decide rapidamente com muitas informações disponíveis e em tempo real. Em seguida fala-se sobre o fundamentalismo religioso com as questões sobre a vida e a morte; o bem e o mal e a influência na sociedade.

No capítulo 2 trata-se da religiosidade no Brasil apresentando e discutindo os dados do IBGE obtidos em 2010. Dá-se destaque também para o desenvolvimento das leis, desde a constituição inicial, quando o Brasil era considerado um país católico, até os dias atuais com a classificação de Estado laico.

No capítulo 3 entra-se propriamente no tema do trabalho, enfatizando a importância da parte teórica para entender os motivos da busca pela igreja, a necessidade de se buscar entender a origem do mundo. Conclui-se este capítulo com a apresentação da pesquisa realizada com oito jovens do Ensino Médio para entender os parâmetros e mesclar a teoria com a prática.

A conclusão, referências bibliográficas e os anexos fecham os elementos deste trabalho.

ABSTRACT

This work aims to show the history of religion in Brazil, showing the form of action in society and Brazilian laws, pointing to the reasons that people, especially young people, seek churches and remain as faithful collaborators.

The first chapter is entitled religion as a social institution. Here the information of religion in the globalized era is being presented, where the individual sees and decides quickly with a lot of information available and in real time. Then we talk about religious fundamentalism with questions about life and death; good and evil and influence on society.

Chapter 2 deals with religiosity in Brazil, presenting and discussing the IBGE data obtained in 2010. It also highlights the development of laws, from the initial constitution, when Brazil was considered a Catholic country, to the present day. with the classification of secular State.

In chapter 3, the theme of the work is entered, emphasizing the importance of the theoretical part to understand the reasons for the search for the church, the need to seek to understand the origin of the world. This chapter concludes with the presentation of the research carried out with eight high school students to understand the parameters and merge theory with practice.

The conclusion, bibliographic references and annexes close the elements of this work.

2. RELIGIÃO COMO INSTITUIÇÃO SOCIAL

Em dezembro de 2007 foi oficializada, no Brasil, a Lei n. 11.6351, que criou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A comemoração na data de 21 de janeiro lembra o enfrentamento do preconceito e as formas de estimular a sociedade a valorizar a diversidade religiosa.

As ciências sociais desmitificam ideias, concepções e preconceitos acerca das relações sociais e dos acontecimentos políticos, culturais e econômicos e religiosos. Por meio do processo de desnaturalização, ela demonstra que fenômenos aparentemente naturais têm caráter social e histórico, isto é, são produtos de relações sociais contextualizados no tempo e no espaço. Seguindo tal linha de pensamento, será feita uma análise da religião como instituição social.2

A Sociologia procurar compreender quais elementos da realidade empírica e histórica e quais pensamento lógico justificam um modo de ser de uma sociedade, de um grupo e mesmo de uma classe social. De um lado, a religião é um fenômeno vivido muitas vezes sem questionamento, de forma aparentemente espontânea, pelos indivíduos e grupos sociais em sua rotina; de outro lado, a religião é passível de explicação científica como um acontecimento presente em muitas sociedades; nesse caso, é um fenômeno social. 3

O termo “religião” vem do latim religare e significa “algo que liga o ser humano ao sagrado”. Para o antropólogo Clifford Geertz (1998) a religião é uma das dimensões da cultura, consistindo em um sistema de símbolos que propiciam intensas motivações aos indivíduos. Sua existência social tem por base a vontade de crer das pessoas e a construção de uma manifestação coletiva vinda dessa crença.4

A religião é considerada uma instituição social por ser constante ao longo da nossa história e exercer um padrão de controle na sociedade e uma programação da conduta individual. Dessa forma, ela apresenta características próprias das instituições sociais: é socialmente coercitiva, é exterior aos indivíduos, possui objetividade e historicidade, detém autoridade moral.5

O surgimento das religiões relaciona-se à vontade humana de explicar questões como a origem do Universo, o mistério da vida e da morte, a relação entre indivíduo e natureza, a possibilidade de transcendência, a constituição da matéria e do espírito, as dimensões do natural e do sobrenatural.

De acordo com o sociólogo francês Jean Bachler (1937)6, o fenômeno religioso é um impulso que impele o indivíduo a superar sua condição humana para se abrir a algo que o supera e ao mesmo tempo o engloba, seja esse “algo” imanente, ou seja, manifesto concretamente seja transcendente, além da experiência concreta. Revelam-se, então, as produções sociais da religião – agrupamentos, ritos, crenças, costumes, regras de conduta – por meio das quais os seres humanos procuram a harmonia de sua existência.

Ainda segundo Bachler (1937)7, o fenômeno religioso implica a ação de atores sociais, como os produtores, os gestores e os fiéis. Os gestores (líderes e dirigentes religiosos) organizam, por meio das práticas religiosas, a difusão da fé entre os crentes, aqueles que buscam entrar em conato com a esfera divina. Já os responsáveis pela fonte original do conjunto de crenças religiosas são personagens místicos, como Jesus Cristo, Maomé, Buda, os primeiros antepassados, para citar exemplos do cristianismo, do islamismo, do budismo e Thomas Luckmann, no processo de institucionalização social, isto é, no processo de repetição de uma ação que define um padrão de conduta social, aceito e legitimado coletivamente por determinado grupo, os gestores lançam mão de práticas como crenças, gestos, formação de comunidades e regras de conduta.

Uma crença pode se cristalizar em mitos, dogmas ou construções teológicas. Frutos da imaginação humana, em oposição ao componente racional, os mitos são narrativas fantasiosas e alegóricas, geralmente ligadas à natureza, que revelam soluções para problemas existenciais e sociais, como o sofrimento. Os mitos estão presentes em todas as culturas e representam simbolicamente fenômenos humanos ou da natureza, como o mito da criação do mundo.

Quando assume, em uma religião, o caráter de verdades doutrinárias a serem aceitas sem discussão, por serem consideradas de origem divina, as crenças constituem dogmas. Já as construções teológicas são regras, procedimentos e interpretações elaboradas, no decorrer do tempo, por profano. As bases de uma crença mobilizam as emoções e a sensibilidade dos fiéis, traduzindo-se em práticas religiosas, tais como celebrações, danças, transes, sacrifícios, ritos, orações, gestos sistematizados, que são dirigidas a uma comunidade congregada por cerimônias, que marcam o tempo e o espaço com simbolismo próprio.

As religiões (...) propõem regras de vida sob a forma de obrigações e de proibições (...). Algumas são pontuais ou referem-se às consequências diretas de uma determinada prescrição religiosa relativa a um determinado aspecto de uma dada sociedade. Se, por exemplo, o judaísmo e o islã proíbem o consumo de carne de porco, daí resulta que o porco está ausente das comunidades judaicas, e muçulmanas. A partir do momento que o vinho é indispensável à celebração da missa, em virtude de um dogma central do cristianismo, a vinha é cultivada nos países cristãos (...) podemos demonstrar, com base em documentos, que não há um único domínio da vida social que não tenha sido afetado, mais ou menos decisivamente pela religião8.

O fenômeno religioso tem, portanto, muitas facetas, e é heterogêneo por se basear em diversas fontes de inspiração e interesses relacionados à condição humana. Nas diferentes interpretações sobre sua existência, as religiões destacam-se por sua função moral, por consolidar costumes e pelo caráter ideológico de suas ações, que procuram justificar uma ordem social como se fosse natural.

2.1. A religião na era globalizada

A expressão “desencantamento do mundo”, que consiste no movimento pelo qual a esfera do sagrado vai sendo invadida por manifestações profanas e explicações racional, foi inserida por Max Weber9 em sua análise sobre a relação entre religião e modernidade. A secularização das instituições e das relações sociais, pela qual elas se desprenderam da explicação religiosa e se tornaram laicas, a separação entre a Igreja e o Estado e a emergência da ciência substituindo, aos poucos, o espaço ocupado pela magia fazem com que a religião deixe de ser o elemento central da organização da sociedade. Muitas vezes esse debate levou a discussões sobre um possível “fim da religião”, reavivando o confronto entre revelação e razão para explicar a realidade social.

Hoje, diante de novas religiões, do fundamentalismo, dos conflitos religiosos e dos fanatismos, muitos autores defendem a ideia de que vivemos um retorno ao sagrado. Porém, não se trata de um consenso. Na visão do sociólogo brasileiro Renato Ortiz (2001)10, por exemplo, a religião nunca deixou de estar presente na sociedade. Nesse sentido, vale indagar se nos deparamos com o declínio, a transformação ou o renascimento da religiosidade, como sugere o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2007)11.

A ideia do fim da religião ou do seu enfraquecimento nas relações sociais está associada, muitas vezes, à perspectiva positivista que prevê etapas sucessivas de desenvolvimento na sociedade. Esse pensamento considera o desenrolar da história como uma escala evolutiva crescente de acontecimentos em direção ao progresso. Seguindo essa linha, diversas teorias conceberam o término da religião como decorrência dos avanços científicos e consideraram as sociedades tradicionais “arcaicas”, por se orientarem pelos valores morais da religião. Entretanto, alguns pensadores refutam tal opinião, como expõe o sociólogo francês Jean Bachler:

(...) Normalmente, o progresso técnico contemporâneo deveria fazer recuar e desaparecer o recurso à magia e à intercessão. Este “normalmente” proporciona-nos uma outra maiúscula, a maiúscula do Progresso. Com efeito, para o Homem, a magia e o recurso dos deuses retrocederam perante a eficácia técnica. Hoje em dia, o Homem recorre mais prontamente aos antibióticos do que aos amuletos, e aos adubos químicos do que à benção dos campos. Mas as coisas nem sempre são assim tão simples. As técnicas eficazes podem ser inacessíveis. A eficácia nunca vai a ponto de excluir o fracasso. Apesar de todos os progressos da medicina, os homens contraem doenças e acabam por morrer. Sobretudo, a vida de cada um é dominada pela incerteza radical que afeta tudo aquilo que advém da ação: ninguém controla jamais o resultado nem as consequências de qualquer empreendimento. Essa incerteza faz a fortuna das cartomantes, das quiromantes, dos fazedores de horóscopos, de todos os que prometem reduzir ou suprimir a incerteza através de métodos que só podem ser irracionais, dado que a matéria tratada é racionalmente incerta12.

A relação de contraposição comumente estabelecida entre religião e ciência tem sua base na ideia de que a fé se opõe à consciência científica, como se a primeira fizesse parte da irracionalidade e a ciência se inserisse no terreno do racional.

Ao contrário do que haviam suposto alguns autores no passado, a sociedade industrial não trouxe necessariamente o desaparecimento da religião, apenas limitou-se como forma de organização social. Pode-se afirmar que a modernidade abriu espaço para uma maior diversidade de práticas religiosas. Prova disso é que as sociedades modernas globalizadas são consideradas multirreligiosas, ou seja, abrigam um número elevado de religiões simultaneamente.

A modernidade-mundo não se organiza segundo princípios religiosos (o que não significa que não existam países, por exemplo, no mundo árabe, onde o predomínio da religião, como ‘consciência coletiva’, não tenha um peso capital). Apesar do florescimento de novas crenças religiosas, da intensificação de uma religiosidade individualizada da vitalidade de religiões que pareciam extintas, uma constatação se impõe: o lugar que o universo religioso ocupava nas sociedades tradicionais foi definitivamente remodelado pela modernidade. Entretanto, não se pode deixar de entender que a ação das religiões num mundo globalizado adquire uma outra configuração13.

A consciência coletiva, citada por Ortiz, refere-se a valores, sentimentos, crenças e tradições que são legitimados e repetidos ao longo das gerações. Segundo Durkheim, a consciência coletiva exerce coerção sobre as consciências individuais, reforçando hábitos, costumes e representações sociais nas sociedades. Como fenômeno, a consciência coletiva é perceptível, sobretudo, nas sociedades tradicionais, nas quais indivíduos e grupos são muito semelhantes e o controle social de uns sobre outros é exercido mais diretamente. Nessas sociedades, segundo Durkheim, a religião concreta essa pressão conformadora das consciências individuais para preservar a ordem social.

A globalização recente como todo grande processo sociocultural, gera desigualdades e diversidades entre grupos e nações, pois não acontece com a mesma intensidade e do mesmo modo em todos os lugares; por outro lado, ela tende a homogeneizar os comportamentos sociais espalhados pelo globo. Nesse sentido, a religião passa a desempenhar com mais intensidade um papel de resistência, por ser uma dimensão que confere identidade ao ser humano, ao reunir as pessoas e fornecer um referencial comum aos grupos sociais. Uma prática religiosa, por exemplo, cria afinidade de pensamentos e permite compartilhar experiências entre os integrantes de um determinado grupo social. Seguindo o pensamento de Brito:

As crenças religiosas, enquanto ‘consciências coletivas’, aglutinam o que se encontrava antes disperso (...). A memória é uma técnica coletiva de celebração das lembranças, aproxima o passado, soldando os indivíduos no seio de uma mesma comunidade. Ora, como tem sido apontado por inúmeros autores, a temática da identidade transforma-se radicalmente com o processo de globalização. Ela se torna crucial. A crise das identidades nacionais abre espaço para a explosão de identidades étnicas, particulares, e até mesmo de dimensões identitárias mundializadas, forjadas no seio de fluxos transnacionais de consumo.14

A difusão dos meios de comunicação favoreceu a expansão das religiões e até a multiplicação de manifestações religiosas. Se antes a pregação era limitada pelo espaço físico, hoje a comunicação on-line rompe essas barreiras. As religiões puderam diversificar seus meios de divulgação com emissoras de rádio e televisão, CDs, editoras, revistas, vídeos, objetos religiosos e lembranças, serviços de terapia e aconselhamento, imóveis e estruturas de marketing. Segundo o sociólogo brasileiro Antônio Flávio Pierucci (1945-2012)15, esses elementos se caracterizam como atividades econômicas desenvolvidas pelas organizações religiosas para atingir públicos específicos de adeptos/clientes. “Na era globalizada, os meios de comunicação não apenas permitem a articulação das ações dos grupos religiosos como também as potencializam”.

Nas últimas décadas do século XX, em meio aos avanços tecnológicos e científicos, à globalização e à disseminação mais intensa da informação, verifica-se o crescimento de algumas religiões e o avanço do fundamentalismo religioso.

2.2. Fundamentalismo religioso

O fundamentalismo religioso foi reconhecido como fenômeno recentemente, quando o termo passou a ser mais utilizado pelos cientistas sociais. O sociólogo britânico Anthony Giddens o descreve como um movimento de adesão incondicional a determinados valores e crenças, cujos adeptos têm um entendimento literal dos seus livros sagrados. Nos casos mais radicais, isso se reverte em meios violentos para a imposição dessa leitura ao restante da sociedade.

Na visão de Zygmunt Bauman (2007)16, o radicalismo religioso resulta do desgaste dos elementos que mantém unida uma congregação de fiéis, levando alguns grupos a desejarem identificar e eliminar aquilo que pareça indiferente ou discordante com relação ao conjunto de princípios que professam.

Valores sociais como fé, a confiança e a capacidade de autoafirmação são oferecidos aos fiéis por meio de regras simples dos fundamentalistas, os quais rejeitam, contudo, o diálogo com os que pensam de maneira diferente da sua.

Para Bauman (2007)17, o fascínio exercido pelo fundamentalismo provém de sua promessa de “libertar” o indivíduo da autossuficiência a que estava condenado, informando-o do que ele deve fazer, eximindo-o, de certa forma, da responsabilidade sobre seus atos e ações. Assim, ele oferece uma “racionalidade alternativa” que se opõe às incertezas da vida e aos seus riscos.

O fundamentalismo pode vir associado a situações de desigualdade social por fornecer às populações pobres e injustiçadas um sentido já definido para a realidade vivida, a qual, sob outra visão, elas seriam incitadas a transformar. Os despojados de hoje são indivíduos frustrados diante da impossibilidade de consumir tudo o que a sociedade oferece ostensivamente, e os movimentos religiosos fundamentalistas denotam parte do mal-estar da sociedade contemporânea, causado, entre outros fatores, pelo desemprego e pelo desamparo social, por exemplo18.

Essa sociedade, identificada com a condição sociocultural do capitalismo contemporâneo, aposta no consumo, no poder econômico-financeiro exacerbado; nela, tudo se torna efêmero e fragmentado, prevalecendo a diversidade e a flexibilidade nos relacionamentos nas diversas instâncias sociais. Para explicar a instabilidade da sociedade contemporânea, Bauman19 utiliza a metáfora do estado de “liquidez” da matéria e denomina “realidade líquida” as mudanças repentinas e estímulos constantemente renovados da presente fase da história, que se apresenta imprevisível, indeterminada.

2.3. A vida após a morte

Na quase totalidade das religiões o mistério da morte é sempre explicado como consequência de alguma falta cometida contra algum deus ou de alguma ofensa que os homens fizeram aos deuses. No princípio os homens eram imortais e viviam na companhia dos deuses ou de Deus: a seguir alguém ou alguns cometem uma transgressão imperdoável e com ela vem a grande punição: a mortalidade para todos.

No entanto, a imortalidade não está totalmente perdida, pois os deus (ou Deus) concedem aos mortais uma vida após a morte, desde que, na vida presente, respeitem a vontade e a lei divina.

Algumas religiões afirmam a imortalidade do corpo humano assegurando que este possui um duplo, feito de outra matéria, que permanece após a morte, e que, por ser feito de matéria sutil, pode penetrar no corpo de outros seres para se relacionar com os vivos. Outras religiões acreditam que o corpo é mortal, mas habitado por uma entidade, espírito, alma, sombra imaterial, sopro, que será imortal se os decretos divinos e os rituais tiverem sido respeitados pelo fiel ou, no caso do judaísmo e do cristianismo, se além disso o gênero humano tiver recebido o perdão divino pelo pecado dos ancestrais.

Por acreditarem firmemente numa outra vida, as religiões possuem ritos funerários, encarregados de preparar e garantir a entrada do morto na outra vida. O ritual fúnebre limpa, purifica, adorna e perfuma o corpo morto e o protege com a sepultura. Pelo mesmo motivo, além dos ritos funerários, os cemitérios, na maioria das regiões e particularmente nas africanas, indígenas e ocidentais antigas, eram lugares consagrados, campos-santos, nos quais somente alguns, e em certas condições, podiam penetrar.

Nas religiões da salvação, como é o caso do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, a felicidade perene não é apenas individual, mas também coletiva. São religiões em que a divindade promete perdoar a falta originária, enviando um salvador, que, sacrificando-se pelos humanos, garante-lhes a imortalidade e a reconciliação com Deus.

2.4. O bem e o mal

As religiões ordenam a realidade segundo dois princípios fundamentais: o bem e o mal; a luz e a treva; o puro e o impuro.20

Nesse aspecto há três tipos de religiões: as politeístas, nas quais há inúmeros deuses, alguns bons, outros maus, ou até mesmo deuses que podem ser ora bons, ora maus; as dualistas, em que a dualidade do bem e do mal está encarnada e figurada em duas divindades antagônicas que não cessam de combater-se; e as monoteístas, em que o mesmo deus é tanto bom quanto mau, ou como no caso do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, a divindade é o bem, e o mal provém de entidades demoníacas, inferiores à divindade e em luta contra ela.

No caso do politeísmo e do dualismo, a divisão bem-mal não é problemática, assim como não o é nas religiões monoteístas que não exigem da divindade comportamento sempre bons, uniformes e homogêneos, pois a ação do deus é insondável e incompreensível. O problema, porém, existe no monoteísmo judaico-cristão e islâmico.

Com efeito, a divindade judaico-cristã e islâmica é definida teologicamente como um ser positivo e afirmativo: Deus é bom, justo, misericordioso, clemente, criador único de todas as coisas, onipotente e onisciente, mas, sobretudo, eterno e infinito. Deus é o ser perfeito por excelência, é o próprio bem, e este é eterno como Ele. Se o bem é eterno e infinito, como surgiu sua negação, o mal? Que positividade poderia ter o mal se, no princípio, havia somente deus, eterna e infinitamente bom?21

Admitir um princípio eterno e infinito para o mal seria admitir dois deuses, incorrendo no primeiro e mais grave dos pecados, pois tanto os Dez Mandamentos quanto Credo cristão afirmam haver um só e único Deus. 22

Seguindo o raciocínio Deus criou inteligências múltiplas imateriais perfeitas, os anjos. Entre eles surgem alguns que aspiram a ter o mesmo poder e o mesmo saber da divindade e lutam contra ela. Menos poderoso e menos sábios, são vencidos e expulsos da presença divina. Não reconhecem, porém, a derrota. Formam um reino separado, de caos e trevas, prosseguem na luta contra o Criador. Valendo-se da liberdade dada ao home, os anjos do mal corrompem a criatura humana e, com esta, o mal entra no mundo.

O mal, portanto, não é uma força positiva de mesma realidade que o bem, mas a é pura ausência do bem, pura privação do bem, negatividade, fraqueza. Assim como a treva não é algo positivo, mas simples ausência da lua, assim também o mal é pura ausência do bem. Há um só Deus, e o mal é o estar longe e privado Dele, pois Ele é o bem e o único bem.23

3. A RELIGIOSIDADE NO BRASIL

O Brasil é um Estado laico, ou seja, legalmente o Estado é independente e não está submetido aos desígnios de qualquer confissão religiosa. Além disso, os cidadãos têm a garantia constitucional de poderem professar a religião que desejarem, sem discriminações. Diz o inciso Vi do artigo 5 da Constituição Brasileira24: “É inviolável a liberdade de consciência e de crenças sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias”.

No Brasil e no mundo, tem aumentado o número de grupos religiosos, que em sua maioria representam cisões nas denominações religiosas mais antigas. É o caso, na América Latina e no Brasil, da expansão de grupos de grupos de caráter protestante e pentecostal. Embora os católicos ainda sejam a maioria da população brasileira, a proporção com relação do total caiu de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE25. Já os seguidores de denominações evangélicas, que representavam 15,4% da população em 2000, chegaram a 22,2% em 2010 – um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas. Algumas pesquisas antropológicas discutem a tese de que a conversão a esses novos grupos religiosos seria, em parte, uma reação à situação de pobreza e de marginalidade da população.

O Censo 201026 também aponta um aumento do número de pessoas que se declaram sem religião, no mesmo período, de 7,3% para 8% da população brasileira.

Para a antropóloga brasileira Tatiane Simões Maia27 uma explicação possível para esse crescimento, sobretudo entre os jovens, está menos relacionada ao ateísmo e mais a formas de ligação com o sagrado e com o religioso desvinculadas de instituições religiosas. Essas formas se expressam numa espiritualidade individualizada e também na participação em manifestações coletivas, como festas religiosas e seus símbolos.

Ainda de acordo com o Censo28, os seguidores da umbanda e do candomblé mantiveram-se em 0,3% em 2010, enquanto a população que se declara espírita passou de 1,3%, em 2000 para 2% em 2010. Embora sejam, contingentes populacionais pequenos, a presença dessas religiões nas representações sociais e nas manifestações culturais e artísticas no Brasil são significativas, o que revela que sua influência vai além daqueles que se declaram adeptos desses grupos religiosos.

É recorrente a fala de que o Brasil é um país em que o sincretismo religioso está muito presente, ou seja, no qual elementos de cultos e doutrinas diferentes se combinam e são reinterpretados. Para o antropólogo e sociólogo francês radicado no Brasil Pierre Sanchis (2005)29, o sincretismo não é relação desigual entre duas culturas ou duas religiões. Essa desigualdade é consequência de relações históricas de dominação de classe, dominação política ou hegemonia cultural, em que elementos de uma religião subjugada ou discriminada são incorporados às práticas religiosas dominantes. Assim sendo, é preciso considerar a diferença entre declarações de identidade (associadas à instituição religiosa), em geral captadas pelo Censo, e declarações de convicções (associadas à vivência e às crenças dos indivíduos).

No conjunto das manifestações religiosas brasileiras, a umbanda seria, segundo o sociólogo francês Roger Bastide, a expressão ideológica da integração do negro à sociedade nacional. No período colonial e do Brasil Império, a repressão dos colonizadores portugueses e luso-descendentes, primeiro, e das autoridades oficiais, depois, às religiões africanas e afro-brasileiras levaram os seus adeptos a fazerem adaptações para escapar da perseguição. Foi assim que entidades divinas como os orixás do povo ioruba e os inquices dos povos bantos foram associados a santos católicos, como por exemplo, nas associações entre Iemanjá e a inquice Dandalunda com Nossa Senhora, ou entre a orixá Iansã e Santa Bárbara. A umbanda, fundada no século XX30, resultou da sistematização de um processo maior de modificações, como a crença da manifestação de espíritos errantes em sessões mediúnicas e o abandono de rituais de sacrifício.

Já o candomblé é a mais difundida entre as religiões trazidas pelos grupos africanos para o Brasil, tendo preservado muitas das características originais, apesar das mudanças. Seus rituais costumam ser embalados por cantos, em terreiros, como são chamados os locais de culto aos orixás, onde se realizam oferendas aos deuses e são feitas consultas espirituais. Tais locais são cuidados e dirigidos por um pai (babalorixá) ou uma mãe (ialorixá) de santo.

As religiões dos indígenas brasileiros são tão diversas quanto são os povos indígenas que habitam o território nacional, e muitas delas são ainda hoje praticadas. Recentemente houve grande aumento de pesquisas que oferecem aos etnólogos material para o melhor conhecimento da sociedade brasileira. Estudos sobre os movimentos messiânicos no Brasil revelam, por exemplo, a associação de personagens místicos e rituais de origem indígena à sua ação política, como na Guerra do Contestado, região em disputa pelos estados do Paraná e de Santa Catarina no início do século XX.

3.1. Dados estatísticos: Religiões com mais adeptos ao redor do mundo31

Cristianismo: tem mais de 2,1 bilhões de fiéis, ou cerca de 33% da população mundial. O Brasil é o país com maior número de católicos no mundo, seguido por México, Estados Unidos, Filipinas e Itália.

Islamismo: tem cerca de 1,3 bilhão de seguidores, ou 20% da população mundial. Apenas 18% dos islâmicos vivem nos países árabes, e a maior comunidade islâmica nacional encontra-se na Indonésia.

Hinduísmo: tem por volta de 850 milhões de fiéis, ou 13% da população mundial. É praticado predominantemente na Índia.

Budismo: tem mais de 300 milhões de praticantes, ou 5,8% da população mundial. A maior concentração de budistas (um terço do total) encontra-se na China.

3.2. Religiões do Brasil de 1940 a 2010 (%)32

Religiões do Brasil de 1940 a 2010 (%)

Religião

1940

1950

1960

1970

1980

1990

2000

2010

Católicos

95,2

93,7

93,1

91,1

89,2

83,3

73,8

64,8

Evangélicos

2,6

3,4

4,0

5,8

6,6

9,0

15,4

22,2

Outras religiões

1,9

2,4

2,4

2,3

2,5

2,9

3,5

5,0

Sem religião

0,2

0,5

0,5

0,8

1,6

4,8

7,3

8,0

TOTAL

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

FONTE: IBGE, Censo demográfico.

O sociólogo Antonio Flávio Pierucci (2011)33, ao analisar os dados do Censo de IBGE, apontou o declínio de três religiões: o catolicismo, a umbanda e o luteralismo. Este último, uma das denominações evangélicas, desembarcou no Brasil com os imigrantes alemães, no final do século XIX, e teve muitos adeptos no país. A umbanda incorporou elementos de vários cultos dos africanos que para cá vieram na condição de escravos e os adaptou de forma original.

Como as pesquisas demonstram, houve recentemente uma alteração na composição religiosa da população brasileira. Ainda que a religião católica continue sendo a primeira, outras crenças vêm ganhando espaço. Essa tendência coloca o Brasil ao lado de outras sociedades em que o predomínio de uma religião vai cedendo lugar à diversificação das práticas religiosas. Como também mostram as tabelas acima, de 1960 a 1991 houve um crescimento de mais de 100% do contingente de evangélicos. De 1991 a 2000, esse crescimento prosseguiu, chegando a mais de 70%. Logo, não é correto dizer que a religiosidade do povo brasileiro está diminuindo: ela vem se manifestando de forma diferente, e isso informa sobre a dinâmica da própria sociedade.

Em setembro de 2008, o jornal “O Globo” publicou matéria intitulada “”Questão de Fé”, que confirmava a religiosidade de jovens entre 18 e 29 anos. Segundo a reportagem, pesquisadores da fundação alemã Bertelsmann Stiftung entrevistaram 21 mil jovens em 21 países, com o objetivo de saber se era possível falar de religiosidade entre os jovens no mundo contemporâneo. Pois saiba que os brasileiros apareceram como os terceiros mais religiosos, ficando atrás apenas dos jovens da Nigéria e da Guatemala, e empatando com a Indonésia e o Marrocos. O levantamento revelou ainda dados mais detalhados sobre o Brasil: 95% dos jovens brasileiros entrevistados declaram-se religiosos, e 65% muito religiosos. São números altos, se comparados com os países como a Rússia e a Áustria, onde apenas 3% e 5% dos jovens, respectivamente, declaram praticar uma religião O que os pesquisadores também consideram importante foi o fato de que as declarações dos jovens eram semelhantes às da população acima de 60 anos. Os jovens não se distanciavam das populações mais velhas quando a pergunta era se acreditavam em Deus, se professavam alguma religião ou se rezavam em alguma ocasião e com que frequência.

Também no Brasil há muitos pesquisadores que se dedicam a estudar a religiosidade. Uma pesquisa realizada pela antropóloga Regina Novaes e pelo sociólogo Alexandre Brasil Fonseca revela que a religião tem forte poder de agregação entre os jovens. Os números são interessantes: enquanto 27,3% dos entrevistados são filiados a organizações sociais como clubes, 81,1% integram grupos religiosos.34

Se falar de religiosidade não significa falar de uma mesma religião há diferenciações importantes. E a Sociologia se ocupa igualmente dessas distinções. O termo evangélico, por exemplo, aplica-se a distintas confissões religiosas cristãs não católicas, entre eles há os luteranos, os presbiterianos, os batistas, os calvinistas, os segmentos pentecostais e neopentecostais.

Na década de 1920,35 a umbanda foi vista por muitos intelectuais como a melhor expressão popular do sincretismo religioso praticado no Brasil. Seu crescimento e disseminação pelas zonas urbanas da Região Sudeste ocorreram nos anos 1930 e 1940. Os intelectuais diziam que era uma crença perfeitamente adaptada ao jeito de ser não só dos negros, mas de todas as outras etnias que compunham a sociedade brasileira. Depois que o IBGE, em 1991, decidiu colher separadamente os dados da umbanda e do candomblé, foi possível perceber que também aqui houve migração. O socólogo Flávio Pierucci mostra que a umbanda caiu de 541 mil seguidores em 1991 para 432 mil em 2000, ou seja, perdeu mais de 100 mil adeptos, enquanto o candomblé teve um acréscimo de 33 mil adeptos no mesmo período.

3.3. A Lei Brasileira

A chamada Carta Magna, ou Constituição de um país, é uma espécie de mapa que estabelece o que pode e o que não se pode fazer em todas as áreas. Estão ali prescritos tanto o que o governo tem de garantir quanto o que se espera que a sociedade cumpra, os direitos e as obrigações de todos, governantes e sociedade civil. Como toda a vida da sociedade está ali prevista, também é possível encontrar referências à religião.

No Brasil tem registrada oito constituições. A primeira, datada de 1824, declarava que a religião católica era a religião oficial do Império. Isso significa que o Estado brasileiro reconhecia apenas uma religião entre várias outras. Tal determinação não permaneceu nas constituições seguintes. De tal forma, há referência à religião na atual Constituição, promulgada em 1988.

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgados, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.36

Não há mais menção a uma religião oficial, mas o assunto tampouco é ignorado. O texto constitucional garante a “liberdade de consciência e de crença” e o “livre exercício dos cultos religiosos”, bem como a “proteção aos locais de culto e suas liturgias”. Ou seja, os brasileiros estão livres para escolher seus cultos, professar sua fé, frequentar igrejas, terreiros ou quaisquer outros espaços sagrados de sua preferência, e o Estado tem de garantir essa liberdade e dar segurança aos fiéis para que vivam livremente sua religiosidade. Mais ainda: como está no preâmbulo da Constituição, os representantes do povo declaram promulga-la “sob a proteção de Deus”. Pode-se concluir que, se o Estado brasileiro é leigo, é uma nação teísta, que acredita em Deus como Ser supremo.

4. BUSCA POR UMA RELIGIÃO

4.1. Motivos para procurar uma igreja

A busca pela fé não pode ser atrelada a preocupações diferentes da fé. Alguns aspectos que distorcem a procura são:

a) Infraestrutura: buscar conforto físico no que diz respeito a comodidade para assistir ao culto, estacionamento no local, ar-condicionado são fatores que dispersam a função original da igreja.

b) Diversão: fazer com que a igreja seja o ponto de encontro para uma vida social, para fazer amizades e participar de eventos. É certo que a igreja promove estes aspectos. A partir do momento que estamos dentro de um grupo com os mesmos objetivos é uma questão lógica que se desenvolvam grupos de amigos, porém este não é o foco principal.

c) Defeitos: o ser humano possui uma infinidade de defeitos. As igrejas são feitas por seres humanos, então, segundo a lógica Aristotélica as igrejas tem defeitos. “A igreja são as pessoas e as pessoas estão na igreja em diferentes fases de amadurecimento da vida cristã. ”37

d) Perfeição: a máxima é o oposto do defeito. Assim como é comum encontrarmos defeitos nas igrejas, também é comum não encontrarmos a perfeição. Ser perfeito pertence a Deus e não aos seres humanos.

e) Querer: os estudiosos e não estudiosos da Bíblia tem por comum a opinião de “ser a vontade de Deus”. Aceitar aquilo que tem sido colocado na vida de cada um é aceitar e respeitar a vontade de Deus. O querer individual, é um pedido, uma solicitação, que pode ou não ser atendida, de acordo com a vontade e o conhecimento de Deus. O senso comum determina que Deus permite ou não permite. A vontade é Dele e não do ser humano.

4.2. Religião como narrativa da origem

A religião qualifica o tempo, transita pelo espaço e dá a marca do sagrado. O tempo sagrado é, pela ação das divindade, a origem das coisas, das plantas, dos animais e dos seres humanos. Por isso a narrativa religiosa sempre começa com alguma expressão do tipo: “no princípio”, “no começo”, “quando o deus X estava na Terra”, etc.

A narrativa sagrada é a história sagrada, que os gregos chamavam de mito. Este não é uma fabricação ilusória, uma fantasia sem consciência, mas a maneira pela qual uma sociedade narra para si mesmo o seu começo e o de toda a realidade. Somente com a filosofia e a teologia é que a razão exigiria que os deuses não fossem apenas imortais, mas também eternos, sem começo e sem fim. Antes disso a religião narrava teogonias (do grego theos, “deus”; gonia, “geração”), isto é, a geração ou o nascimento dos deuses, semideuses e heróis.38

O contraste entre o dia e a noite (luz e treva), entre as estações do ano (frio, quente, ameno com flores, com frutos, com chuvas, com secas), entre o nascimento e a desaparição (vida e morte), entre os tipos de animais (terrestres, aquáticos, voadores ferozes, dóceis), entre os tipos de humanos (brancos, negros, amarelos, vermelhos, altos, baixos), a técnicas obtidas pelo controle sobre alguma força natural (fogo, água, ventos, pedras, areia) evidenciam um mundo ordenado e regular, no qual os humanos nascem, vivem e morrem.39

A história sagrada ou mito narra como e porque a ordem do mundo existe e como e porque foi doada aos humanos, pelos deuses. Assim, além de ser uma teogonia, a história sagrada é uma cosmogonia (do grego kósmos, “mundo” e gonia, “geração”): narra o nascimento, a finalidade e o perecimento de todos os seres sob a ação dos deuses.40

Assim como há dois espaços, há dois tempos: o interior à criação ou gênese dos deuses e das coisas, do tempo do vazio e do caos, e o tempo originário da gênese de tudo quanto existe, tempo do pleno e da ordem. Nesse tempo sagrado da ordem, novamente uma divisão, o tempo primitivo, inteiramente divino, quando tudo foi criado, e o tempo do agora, profano, em que vivem os seres naturais, incluindo os homens.

4.3. A busca pela igreja

Crianças e jovens começam a perceber a religião através da família. A forma como os responsáveis agem em relação a sua crença direciona o primeiro olhar da criança, para a religiosidade.

Após a entrada na escola geralmente, ocorre o estreitamento de laços de amizade. O tema religião surge de modo natural fazendo com que as comparações e semelhanças sejam dialogadas.

Por não ter conhecimento teórico do assunto, a primeira escolha é feita pela importância que a criança dá ao outro ser humano. Isso significa que seguirá os pais, os amigos, os vizinhos, tios, padrinhos, enfim, pessoas que a criança admira, gosta, com quem quer ficar por mais tempo.

A ida até a igreja é acompanhada por pessoas de seu convívio.41

A partir dos primeiros passos surgem, ou não, novas amizades. Se a criança se sentir acolhida e reconhecida, poderá passar a se interessar pela religião, propriamente dita, e prestará atenção ao culto e as observações do orador.

Haverá um momento em que a decisão de ir ou não será própria, não tendo mais a interferência da pessoa inicial.

Este tipo de realidade transforma a vida e proporciona o ser religioso e não ter uma religião. O sentido passará a ser a sua própria conquista individual e pessoal e não a necessidade de pertencer a um grupo.

A narrativa sagrada, seja uma explicação para a ordem natural e humana, ela não se dirige ao intelecto dos crentes, mas ao coração deles. Desperta emoções e sentimentos: admiração, espanto, medo, esperança, amor, ódio.

O que se pede em todas as Igrejas é Fé, ou seja, a confiança, a adesão plena ao que lhe é manifestado como ação da divindade. Ora a criança e o jovem querem respostas, querem entender. Permitir que os questionamentos sejam apenas de ordem de crença leva a afastamento e distanciamento, trazendo o mito como resposta a algo inimaginável.

Interessante perceber que ao mesmo tempo que os jovens tentam se afastar e entender, eles buscam outras atividades que relacionam a religião como forma de cultura e de expressão.

Letras de músicas que declaram a fé, o impossível, a crença, são amplamente cantadas, ouvidas e reproduzidas. Filmes de ação são assistidos em suas inúmeras partes I, II, III.... E descrevem de forma clássica, as vezes embutidas no contexto da apresentação. Por exemplo o filme Matrix.

A busca pelo conhecimento, a existência de um oráculo, a busca por um escolhido enquanto se armam batalhas entre o ser humano e a máquina, descrevem de forma mitológica a batalha do bem e do mal; o encontro com deus através do homem, a busca da explicação da origem e do término da vida. Tudo de forma alegórica e tão evidente aos olhos dos teólogos, e estudiosos da religião.

Não se percebe que os que se declaram ateus são os primeiros a darem depoimentos sobre a maravilha apresentada nesse e em outros filmes.

A arte também corrobora com esta inserção da religião. Monumentos voltados ao sagrado são até hoje expressões de artes reconhecidas. Entre as sete maravilhas do mundo atuais e antigas aparecem monumentos de expressão de fé. O cotidiano do povo brasileiro permite inúmeros feriados destacados com ritos e rituais da Igreja Católica.

Por outro lado, o ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, permite um atendimento diferenciado para os adeptos a religião que guarda o sábado como dia sagrado, permitindo que a prova para estes candidatos seja iniciada após o por do sol.

A sociedade interfere na religião, assim como a religião interfere na sociedade. Porque a religião liga humanos e divindade, porque organiza espaço e o tempo, os seres humanos precisam garantir que a ligação e a organização se mantenham e sejam sempre propícias. Por isso são criados os ritos.

Os ritos permitem que os frequentadores se sintam a vontade, saibam o que fazer e como fazer. O rito é uma cerimônia em que gestos, palavras, objetos, pessoas e emoções determinados adquirem o poder misterioso de presentificar o laço entre os humanos e a divindade.

O ser humano precisa de um espaço para agradecer dons e benefícios, suplicar novos dons e benefícios, lembrar a bondade dos deuses ou exorcizar sua cólera. Uma vez fixada a simbologia de um ritual, sua eficácia dependerá da repetição minuciosa e perfeita do rito, tal como foi praticado na primeira vez, porque nela os próprios deuses orientaram os gestos e as palavras dos humanos.

Um rito religioso é repetitivo em dois sentidos principais: a cerimônia deve repetir um acontecimento essencial da história sagrada (por exemplo, no cristianismo, a eucaristia e a comunhão repetem a Santa Ceia); e em segundo lugar, atos, gestos, palavras, objetos devem ser sempre os mesmos, porque foram, na primeira vez, consagrados pelos próprios deus.

O rito é a rememoração perene do que aconteceu numa primeira vez e que volta a acontecer, graças ao ritual que abole a distância entre o passado e o presente.

4.4. Pesquisa de Campo

Foi realizada pesquisa com oito jovens para identificar o motivo da permanência ou não permanência na religião escolhida.

População: quatro homens e quatro mulheres. Todos na idade de 16 anos, cursando o 2º ano do Ensino Médio em uma Escola pública no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo. Todos estão na mesma sala de aula.

Foi informado, pelo professor, que seria realizada uma pesquisa sobre religião e era necessário a indicação de oito alunos, quatro homens e quatro mulheres. Dentre os alunos que se prontificaram em participar foi perguntado quem acreditava em Deus, quem frequentava ou frequentou uma Igreja, e quem teria tempo para ficar após o horário de aula, por cerca de meia hora, para realizar a pesquisa. Estes foram os critérios adotados para chegar aos oito entrevistados.

A entrevista ocorreu em formato de dinâmica de grupo, onde todos puderam falar sobre sua experiência e todos ouviram o que todos falaram. Foi cedida uma sala de aula pela coordenação da escola para realizar esta pesquisa.

A título de interpretação dos resultados os entrevistados estão nomeados como M1, M2, M3 e M4 para as mulheres e H1, H2, H3 e H4 para os homens.

Para fins de interpretação dos dados foi dividido em dois grupos, lembrando que a pesquisa foi realizada ao mesmo tempo, em uma mesma sala com os oito participantes e a entrevistadora.

Grupo 1 – Frequentadores de atividades religiosas.

M1, M3, H1, H2, H3 estão participando de atividades regulares em suas igrejas. Identificaram-se como frequentadores assíduos. Vão até a igreja porque gostam, sentem-se bem, tem amigos, fazem muitas atividades em grupo, passeiam, viajam, participam, atuam, cantam, dirigem pequenos grupos (aulas para crianças, menores, banda, organizam festas para arrecadar dinheiro, fazem campanhas, batem nas casas para levar a palavra de Deus). Gostam de ter o que fazer nos finais de semana.

M1 e H2 vão na igreja somente com os pais, parentes. Nunca vão sozinhos.

M3, H1, H3 vão para a igreja com amigos, sozinhos, quando querem. Tem autorização para ir sem a companhia dos pais. Sentem-se à vontade em irem sozinhos. Vão em dias diferentes para ensaios e planejamento.

Este grupo conhece a religião escolhida, desenvolve atividades afins. São alegres, falam muito, gostam do que fazem, estão encachados com a religião. Sabem defender um ponto de vista.

Querem mostrar o que fazem. Convidaram a todos para participarem de suas atividades. São entusiasmados com o assunto. Tem consciência religiosa. Eram de religiões diferentes e não se importaram de falar sobre o assunto. Ouviram as outras opiniões e perguntaram sobre projetos que acharam interessantes. Houve uma integração espontânea e natural.

Grupo 2 – Pouco frequentes nos espaços religiosos.

M2, M4, H4 frequentam a igreja em momentos ocasiões específicas: uma festa típica religiosa, um evento familiar, uma comemoração, a necessidade de pedir alguma coisa, agradecer por uma conquista.

Dificilmente vão ao espaço religioso sozinhos. Geralmente com parentes e as vezes com amigos. Ressaltam que rezam fora do espaço, e que não veem necessidade de estar na igreja para falar ou se encontrar com Deus. Acreditam que possam estar passeando em um parque e pensando e orando, que terá o mesmo efeito do que ir a uma igreja.

Não gostam de rituais e não estão dispostos a “perder tempo” frequentando uma igreja nos finais de semana. Já estudam muito e tem pouco tempo durante a semana, portanto tem outras coisas para fazer do que ir na igreja.

Não recriminam que outros vão, até acharam interessantes alguns projetos, interagiram com o grupo 1, porém não se entusiasmaram em participar. Preferem continuar como estão.

Este grupo também tornou-se consistente e persistiu na ideia inicial de não participar de outras formas de atuação na igreja.

M4 marcou de conhecer a igreja de M1. Foram as únicas que mostraram possibilidade de encontro fora do espaço da pesquisa.

A questão de como iniciaram sua vida religiosa, todos informaram que foram os pais quem primeiro apontaram uma religião. Perguntados se alguns dos entrevistados tinham mudado de religião, a resposta foi não. Todos permanecem na religião apresentada e indicada pelos pais.

Ao serem indagados qual o motivo de acreditarem em Deus houveram algumas manifestações:

  • Ele sempre me ajudou.

  • O que eu não entendo ele entende.

  • Alivia o meu coração

  • Porque se Ele não existir não tem razão da vida.

  • Porque sei que vou morrer e encontra-Lo.

  • É bom saber que tem alguém me protegendo e vigiando.

  • Não consigo imaginar que não Ele exista

  • Sempre existiu para mim.

  • Desde pequeno ouço sobre Ele.

  • Já provou que existe para mim.

  • É uma questão de fé.

  • Quem duvida?

  • É mágico.

  • É real.

  • Não tem como não acreditar.

  • A vida é o motivo.

  • Basta olhar em volta: o céu, o mar, o passarinho. Tudo explica.

  • Ele existe, ué!

  • Sou feliz acreditando.

Por fim foi perguntado se algum participante mudaria de religião, a resposta unânime foi não. Alguns manifestaram interesse em conhecer os projetos de outros, mas nenhum manifestou interesse em conhecer os rituais dos outros.

No grupo já haviam alguns amigos, que conheciam o pensamento do outro. Outros ficaram espantados com a presença de outros, comentando que não imaginavam que tal pessoa participava de uma religião. Questionados do motivo do espanto, a resposta foi que pela atitude “bagunceira” na sala de aula, não podiam imaginar uma vida com projetos religiosos. Os entrevistados responderam que não precisam ser quietos, santos, para serem religiosos. Que Deus deu um mundo lindo para ser vivido. Que brincadeira, diversão, e alegria fazem parte dos planos de Deus.

A entrevista terminou de forma descontraída e todos se retiraram animadamente e falando sobre os projetos das igrejas de cada um.

5. CONCLUSÃO

Um grande tabu que há em relação a qualquer religião é o fato de que ser religioso é ser persistente, chato, não sabe falar sobre outro tema, insiste e quer convencer a todos da sua religião.

As ciências sócias, Sociologia e Filosofia, inserem a religião como um fenômeno social que busca entender o pensamento lógico da sociedade, dentro do seu momento histórico. O fenômeno religioso nasceu da necessidade do ser humano de entender a sua origem, buscar explicação de quem é.

A religião é considerada uma instituição social por ser constante ao longo da nossa história e exercer um padrão de controle na sociedade e uma programação da conduta individual. Dessa forma, ela apresenta características próprias das instituições sociais: é socialmente coercitiva, é exterior aos indivíduos, possui objetividade e historicidade, detém autoridade moral.

A crença, os mitos, os rituais foram sendo desenvolvidos a partir do crescimento do pensamento humano. Os dogmas foram criados sobre os temas que não tinham explicação. Com o avanço do raciocínio lógico, dos métodos de investigação científica e do desenvolvimento natural do ser humano, as religiões também foram amadurecendo as suas ideias e aperfeiçoando a sua forma de interpretação.

Uma crença pode se cristalizar em mitos, dogmas ou construções teológicas. Frutos da imaginação humana, em oposição ao componente racional, os mitos são narrativas fantasiosas e alegóricas, geralmente ligadas à natureza, que revelam soluções para problemas existenciais e sociais, como o sofrimento. Os mitos estão presentes em todas as culturas e representam simbolicamente fenômenos humanos ou da natureza, como o mito da criação do mundo.

O senso comum deu vazão para o sendo coletivo. A vida inexplicável passou a contar com a comprovação científica. Os meios de comunicação, a invasão da internet permitiu o conhecimento dos acontecimentos em tempo real. Hoje não se pode mais aceitar por aceitar. É preciso provar, identificar, mostrar, compreender e depois aceitar.

O radicalismo religioso é um desgaste aos elementos naturais e claros da sociedade. Quando não se pode explicar apela-se para o imaginário e impõe atitudes radicais.

Os fiéis estão à procura de fé, confiança, capacidade de autoafirmação, liberdade e certeza de que pode fazer o certo e ser feliz.

A vida após a morte é outro tema deliciado. A morte é um medo que persiste na vida de todos. O que fazer para evitar tal sentimento, como conseguir forças para viver sabendo que irá morrer? Estas indagações permite a influência da religião para comandar e atuar sobre a vida dos seus fiéis.

O bem e o mal são dignos de estudos separados, para entender que a ausência da luz traz o mal, requer entender antes o que é a luz. A luz provém da certeza de algo sobrenatural, um Ser, um Deus comanda tudo e todos. Então para ser bem é preciso não se afastar do Ser divino.

A relação de contraposição comumente estabelecida entre religião e ciência tem sua base na ideia de que a fé se opõe à consciência científica, como se a primeira fizesse parte da irracionalidade e a ciência se inserisse no terreno do racional.

A globalização recente como todo grande processo sociocultural, gera desigualdades e diversidades entre grupos e nações, pois não acontece com a mesma intensidade e do mesmo modo em todos os lugares; por outro lado, ela tende a homogeneizar os comportamentos sociais espalhados pelo globo.

O fundamentalismo religioso foi reconhecido como fenômeno recentemente, quando o termo passou a ser mais utilizado pelos cientistas sociais.

Valores sociais como fé, a confiança e a capacidade de autoafirmação são oferecidos aos fiéis por meio de regras simples dos fundamentalistas, os quais rejeitam, contudo, o diálogo com os que pensam de maneira diferente da sua.

Na quase totalidade das religiões o mistério da morte é sempre explicado como consequência de alguma falta cometida contra algum deus ou de alguma ofensa que os homens fizeram aos deuses. No princípio os homens eram imortais e viviam na companhia dos deuses ou de Deus: a seguir alguém ou alguns cometem uma transgressão imperdoável e com ela vem a grande punição: a mortalidade para todos.

No entanto, a imortalidade não está totalmente perdida, pois os deus (ou Deus) concedem aos mortais uma vida após a morte, desde que, na vida presente, respeitem a vontade e a lei divina.

Ainda que a religião católica continue sendo a primeira, outras crenças vêm ganhando espaço. Essa tendência coloca o Brasil ao lado de outras sociedades em que o predomínio de uma religião vai cedendo lugar à diversificação das práticas religiosas.

Se falar de religiosidade não significa falar de uma mesma religião há diferenciações importantes. E a Sociologia se ocupa igualmente dessas distinções. O termo evangélico, por exemplo, aplica-se a distintas confissões religiosas cristãs não católicas, entre eles há os luteranos, os presbiterianos, os batistas, os calvinistas, os segmentos pentecostais e neopentecostais.

A busca pela fé não pode ser atrelada a preocupações diferentes da fé. Crianças e jovens começam a perceber a religião através da família. A forma como os responsáveis agem em relação a sua crença direciona o primeiro olhar da criança, para a religiosidade.

Após a entrada na escola geralmente, ocorre o estreitamento de laços de amizade. O tema religião surge de modo natural fazendo com que as comparações e semelhanças sejam dialogadas.

Por não ter conhecimento teórico do assunto, a primeira escolha é feita pela importância que a criança dá ao outro ser humano. Isso significa que seguirá os pais, os amigos, os vizinhos, tios, padrinhos, enfim, pessoas que a criança admira, gosta, com quem quer ficar por mais tempo

Para obter os resultados desta pesquisa, a entrevista com os oito alunos do ensino Médio propiciou a narrativa do motivo que os jovens vão e permanecem na igreja. A resposta mais plausível entre os entrevistados é a convivência social. Não é o divino que os atrai, mas sim a vontade de pertencer a algo, de fazer algo em equipe, de ter a responsabilidade de atuar do seu modo, de poder fazer, dar opinião, participar. A entrevista permitiu perceber que poucas vezes foi mencionado o nome de “Deus”, mas sim as ações efetivas, o agir e o conviver.

É certo que para terem estar oportunidade primeiro tiveram que acreditar, que irem até a igreja e conhecerem o Deus, para depois se envolverem com os projetos. Fato é que na fala dos entrevistados ficou a sensação de que a convivência é mais importante do que a fé.

A fé está imputada no coração dos jovens. Eles não precisam mais falar, convencer sobre Deus. Eles já O assumiram como existente e pronto.

Passar a ver o mundo de forma diferente, permitir perceber as diferenças e assumir sua postura frente a sociedade é o espírito presente no grupo. O aumento dos percentuais de quem se declara sem religião no Brasil aumentou. Isso é fato. Mas a redistribuição entre as religiões prova que os brasileiros continuam sendo um povo religioso, e que crê.

O fato da Constituição Brasileira abrir o seu texto falando da “proteção de Deus” aponta para a importância da religião neste país, bem como o respeito por toda e qualquer religião, respeitando os ritos e locais de manifestações

Os motivos para se procurar uma igreja apontam para a coerência da pesquisa realizada: infraestrutura, diversão, defeitos, perfeição, querer levam a oportunidade de aumentar e/ou melhorar a fé de cada um.

O indivíduo acaba mudando de igreja quando não se identifica com o discurso e a prática da igreja anterior, na busca de solução ou respostas para seus problemas pessoais.

Como continuidade de trabalho fica a sugestão de identificar o que mais atrai em cada religião, permitindo assim que as igrejas usem de dados estatísticos para aumentar o seu número de adepto.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BAUMAN, Z. Modenidade Líquida. Rio e Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2007.

BRITO, Eurípedes Pereira. A Recuperação da Confiança no papel do Pastor como Conselheiro Eficaz. Vox Faifae: Revista de Ciências Humanas e Letras das Faculdades Integradas da Fama. Vol. 1, Nº 1 (2009) ISSN 2176-8986. Disponível em: http://www.faifa.edu.br/revista/index.php/voxfaifae/article/view/7/12. Acesso em 30 out 2015.

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GASPARETTO. Paulo Roque. Midiatização da Religião: funcionamento do dispositivo. Disponível em: http://projeto.unisinos.br/midiaticom/ conteuto/artigos /2007 /artigos_externos /Artigo _PauloRoque Gasparetto.pdf. Acesso em 31 out 2015.

MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

SANCHEZ, André. Reflexões: 5 coisas que não devemos procurar em uma igreja. Disponível em: www.esbocandoideias.com. 05 jun 2012. Acesso em 19 out 2015.

SCHNEIDER-HARPPRECHT, Christoph. Aconselhamento Pastoral. Estudos Teológicos. Vol, 37, Nº 1 (1997). Disponível em: http://est.tempsite.ws/periodicos/ind ex.php/estudos_teologicos/article/viewArticle/778. Acesso em 19 out 2015.

SILVA, Claudia N; SOUZA, Denice Barboza; DUTRA, Patrícia Vicente. Religiosidade e adesão religiosa: motivações que levam homens e mulheres a promoverem o crescimento das igrejas pentecostais. Revista Trilhas da História. Três Lagoas, V.1, nº 2 jan-jun, 2012, p. 84-97. Disponível em: http://200.129.202.50/ojs/ind ex.php/RevTH/article/view/359/pdf_19. Acesso em 20 out 2015.

SILVA, Claudia Neves e LANZA, Fábio. Manifestações religiosas de jovens na contemporaneidade: análise a partir de uma perspectiva sócio-histórica. Disponível em: http://actacientifica.servicioit.cl /biblioteca/gt/GT21/GT21_da Silva_Lanza.pdf. Acesso em 01 nov 2015.

7. ANEXO 1 - AS 10 MAIORES RELIGIÕES DO MUNDO

1º. Cristianismo – 2.106.962.000 de adeptos

2º. Islamismo – 1.283.424.000

3º. Hinduísmo – 851.291.000

4º. Religiões chinesas – 402.065.000

5º. Budismo – 375.440.00

06º. Skihismo – 24.989.000

7º. Judaísmo – 14.990.000

8º. Espiritismo – 12.882.000

9º. Fé Bahá’í – 7.496.000

10º. Confucionismo – 6.447.000

1) Cristianismo – centrada na vida e ensinamentos de Jesus de Nazaré, baseia-se na premissa de que Jesus é o filho de Deus, que veio a Terra para ser o salvador da humanidade. Os seguidores são chamados de cristãos. BÍBLIA – coleção de livros catalogados considerados como divinamente inspirados pelas três grandes religiões dos filhos de Abraão: cristianismo, judaísmo e islamismo. É sinônimo de Escrituras Sagradas e a Palavra de Deus. Divide-se em antigo e novo testamento.

2) Islamismo – Acredita em um único Deus. Seu fundador foi Maomé que recebeu revelações através do anjo Gabriel. ALCORÃO ou CORÃO- registro de palavras exatas reveladas por Deus por intermédio do anjo Gabriel ao Profeta Mohammad. É composto por 114 suratas (Capítulos). SUNNAH ou HADITH – significa um dito transmitido ao home. É considerado a segunda fonte de ensinamentos para o Islamismo. O Alcorão tem a palavra exata, o Hadith traz a forma de ação perante a sociedade.

3) Hinduísmo – Índia – É um estado de espírito, uma atitude mental socialmente dividida. Escritura SHRUTI (revelado) e SMRITI (lembrado). A vida religiosa se chama DHARMA. Texto religioso: VEDAS. São seis escrituras e quatro escritos seculares. Os Vedas são aqueles que revelaram o conhecimento religioso. O Veda é “o depósito do conhecimento indiano e glória memorável do homem. É a verdade revelada por Deus para os antigos sábios da Índia.

4) Religiões chinesas – Religião popular chinesa. Aqui ocorre uma mistura de elementos e valores do budismo, confucionismo, taoísmo, e mitologia chinesa. Os chineses dão ênfase ao culto aos antepassados. A mais difundida, o Taoísmo, enfatiza a vida em harmonia com o caminho e o princípio. O Tao é a fonte, a dinâmica e a força motriz por trás de tudo o que existe. (Yin-Yang; yin = princípio feminino composto pela água, passividade, escuridão e absorção e yang = princípio masculino, composto pelo fogo, luz e atividade).

5) Budismo – segue os ensinamentos de Buda (príncipe Sidarta) ao nascer foi profetizado que ele renunciaria ao mundo material para se tornar um homem santo. Buscam o caminho da libertação. As bases da tradição envolvem as Três Joias: O Buda (mestre); o Dharma (sentimentos baseados nas leis do universo) e a Sandha (comunidade budista). Baseia-se na meditação. TRI-PITAKAS – divide-se em três partes. A primeira são os ensinamentos de Buda e as outras duas de discípulos de Buda.

6) Skihismo – Religião monoteísta praticada no Paquistão e na Índia. Baseia-se em um único Deus e nos ensinamentos dos Dez Gurus. Para eles Deus não tem forma e pode ser captado em toda a sua essência. O que separa o ser humano de Deus é o egocentrismo. Por isso existe o karma (ação e reação), através do ciclo do renascimento.

7) Judaísmo – Desenvolvida pelos judeus, consideram o Torá ou alcorão o seu livro sagrado. Possui vários símbolos e princípios de fé. A sua igreja é a Sinagoga e há diferenciação de espaços para homens e mulheres, pois somente os homens podem receber as profecias, revelações, advertências e julgamentos divinos. TORÁ – É o nome dado aos cinco livros que constituem o texto central do Judaísmo. Também chamado de leis de Moisés.

8) Espiritismo – Doutrina codificada por Allan Kardec define a natureza, origem e destino dos espíritos (almas), bem como as relações com o mundo corporal e as consequências morais que dela emanam. Possui cinco obras básicas que juntas forma a Codificação Espírita.

9) Fé Bahá´i – Religião árabe que enfatiza a união espiritual de toda a humanidade através de três princípios: a unidade de Deus, a unidade da religião, e a unidade da humanidade. Os ensinamentos de fé ensinam que o propósito humano é aprender a conhecer e a amar a Deus através de métodos como orações, reflexões e ajuda aos outros. Foi fundada na Pérsia por Bahá´ú´kkáh.

10) Confucionismo – Criado por Confúcio Kung-Fu-Tzu tem a preocupação com a moral, a política, a pedagogia e a religião. Todos nascem bons. A sociedade interfere nessa bondade. O dever de cada homem é preocupar-se com os quatro elementos.

8. ANEXO 2 – TEXTOS SAGRADOS

Muitas religiões possuem textos sagrados. Entre os mais conhecidos estão as diversas Bíblias cristãs, o Alcorão islâmico, o Torá judaico, entre outros. Neste espaço, estamos reunindo informações sobre os textos sagrados, orais e escritos, das diferentes organizações religiosas. Para visualizar mais informações, acesse os títulos, que estão organizados em ordem alfabética.

Alcorão ou Corão

O Alcorão é um registro das palavras exatas reveladas por Deus por intermédio do anjo Gabriel ao Profeta Mohammad. Foi memorizado por ele, e então ditado aos seus companheiros, e registrado pelos seus escribas, que o conferiram durante sua vida. Nenhuma palavra de suas 114 suratas foi mudada ao longo dos séculos.

Bíblia

Bíblia (do grego βίβλια, plural de βίβλιον, transl. bíblion, rolo ou livro.) é o texto religioso central do judaísmo e do cristianismo. Foi São Jerónimo, tradutor da Vulgata latina, que chamou pela primeira vez ao conjunto dos livros do Antigo Testamento e Novo Testamento de Biblioteca Divina. A Bíblia é uma coleção de livros catalogados, considerados como divinamente inspirados pelas três grandes religiões dos filhos de Abraão (além do cristianismo e do judaísmo, o islamismo). São, por isso, conhecidas como as religiões do Livro. É sinônimo de Escrituras Sagradas e Palavra de Deus.

As igrejas cristãs protestantes e outros grupos religiosos, além do protestantismo, possuem no cânone de textos sagrados de suas Bíblias somente 66 livros: 39 livros no Antigo Testamento e 27 livros no Novo Testamento. A Igreja Católica inclui sete livros e dois textos adicionais ao Antigo Testamento como parte de seu cânone bíblico (são eles: Tobias; Judite; Sabedoria; Eclesiástico ou Sirácides; Baruque; I Macabeus; e II Macabeus, e alguns trechos nos livros de Ester e de Daniel). Esses textos são chamados deuterocanônicos (ou do segundo cânon) pela Igreja Católica. As igrejas cristãs ortodoxas e as outras igrejas orientais incluem, além de todos esses já citados, outros dois livros de Esdras, dois de Macabeus, a Oração de Manassés, e alguns capítulos adicionais ao final do livro dos Salmos (um nas Bíblias das igrejas de tradição e extração cultural grega, cóptica, eslava e bizantina, e cinco nas Bíblias das igrejas de tradição siríaca). As igrejas cristãs protestantes, dentre outros grupos, consideraram todos esses textos como apócrifos, ou seja, textos que carecem de inspiração divina. No entanto, existem aqueles que reconhecem esses textos como leitura proveitosa e moralizadora, além do valor histórico dos livros dos Macabeus. Além disso, algumas importantes Bíblias protestantes, como a Bíblia do Rei James e a Bíblia espanhola Reina-Valera, os contêm, ao menos, em algumas de suas edições.

Sunnah ou Hadith

A Sunnah ou Hadith são a segunda fonte da qual os ensinamentos do Islam são esboçados. Hadith significa literalmente um dito transmitido ao homem, mas em terminologia islâmica significa os ditos do Profeta (paz esteja com ele), sua ação ou prática de sua aprovação silenciosa da ação ou prática. Hadith e Sunnah são usados intercaladamente, mas em alguns casos são usados com significados diferentes.

Para lidar com o tópico é necessário conhecer a posição do Profeta no Islam, porque a indispensabilidade do Hadith depende da posição do profeta. Analisando o problema, podemos visualizar três possibilidades:

1. A obrigação do profeta era apenas transmitir a mensagem e nada mais foi requerido dele.

2. Ele tinha que não apenas transmitir a mensagem mas também agir de acordo com ela, e explicá-la. Mas tudo era para um período especificado e, depois de sua morte, o Quran se torna suficiente para a humanidade.


3. Ele não tinha nenhuma dúvida para transmitir a Mensagem Divina, mas era também sua obrigação agir de acordo com ela e explicá-la para as pessoas. Suas ações e explicações são origem dos ensinamentos para sempre. Seus ditos, ações, práticas e explicações são origem de luz para todo muçulmano em todas as épocas.

O Hadith é tão importante que, sem ele, o Livro Sagrado e o Islam não podem ser completamente compreendidos ou aplicados na vida prática do fiel.

Torá

Torá (do hebraico, significa instrução, apontamento, lei) é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh (também chamados de Hamisha Humshei Torah, as cinco partes da Torá) e que constituem o texto central do judaísmo. Contém os relatos sobre a criação do mundo, a origem da humanidade, o pacto de Deus com Abraão e seus filhos, e a libertação dos filhos de Israel do Egito e sua peregrinação de quarenta anos até a terra prometida. Inclui também os mandamentos e leis que teriam sido dadas a Moisés para que entregasse e ensinasse ao povo de Israel.

Chamado também de Lei de Moisés (Torah Moshê), hoje a maior parte dos estudiosos são unânimes em concordar que Moisés não é o autor do texto que possuímos, mas sim que se trate de uma compilação posterior. Por vezes, o termo Torá é usado dentro do judaísmo rabínico para designar todo o escopo da tradição judaica, incluindo a Torá escrita, a Torá oral (ver Talmud) e os ensinamentos rabínicos. O cristianismo, baseado na tradução grega Septuaginta, também conhece a Torá como Pentateuco, que constitui os cinco primeiros livros da Bíblia cristã.

Divisão da Torá

As cinco partes que constituem a Torá são nomeadas de acordo com a primeira palavra de seu texto, e são assim chamadas:

  • Bereshit - No princípio conhecido pelo público não judeu como Gênesis

  • Shemot - Os nomes ou Êxodo

  • Vaicrá - E chamou ou Levítico

  • Bamidbar- No ermo ou Número

  • Devarim - Palavras ou Deuteronômio

Geralmente suas cópias feitas a mão, em rolos, e dentro de certas regras de composição, usadas para fins litúrgicos, são conhecidas como Sefer Torá, enquanto suas versões impressas, em livro, são conhecidas como Chumash.

Origens e desenvolvimento da Torá

A tradição judaica mais antiga defende que a Torá existe desde antes da criação do mundo e foi usada como um plano mestre do Criador para com o mundo, humanidade e principalmente com o povo judeu. No entanto, a Torá como conhecemos teria sido entregue por Deus a Moisés, quando o povo de Israel após sair do cativeiro no Egito, peregrinou em direção à terra de Canaã. As histórias dos patriarcas, aliados ao conjunto de leis culturais, sociais, políticas e religiosas serviram para imprimir sobre o povo um sentido de nação e de separação de outras nações do mundo.

De acordo com algumas tradições, Moisés é o autor da Torá, e até mesmo a parte que discorre sobre sua morte (Devarim Deuteronômio 32:50-52) teria sido fruto de uma visão antecipada dada por Deus. Outros defendem que, ainda que a essência da Torá tenha sido trazida por Moisés, a compilação do texto final foi executada por outras pessoas. Este problema surge devido ao fato de existirem leis e fatos repetidos, narração de fatos que não poderiam ter sido escritos na época em que foram escritos e incoerência entre os eventos, que mostra a Torá como sendo fruto de fusões e adaptações de diversas fontes de tradição. A Torá seria o resultado de uma evolução gradual da religião israelita.

A primeira tentativa de sistematizar o estudo do desenvolvimento da Torá surgiu com o teólogo e médico francês Jan Astruc. Ele é o pioneiro no desenvolvimento da teoria que a Torá é constituída por três fontes básicas, denominadas jeovista, eloísta e código sacerdotal, e mais outras fontes além dessas três. Deve-se enfatizar que, quando se fala dessas fontes, não se refere a autores isolados, mas sim a escolas literárias.

Um estudo sobre a história do antigo povo de Israel mostra que, apesar de tudo, não havia uma unidade de doutrina e desconhecia-se uma lei escrita até os dias de Josias. As fontes jeovista e eloísta teriam sua forma plenamente desenvolvida no período dos reinos divididos entre Judá e Israel (onde surgiria também a versão conhecida como Pentateuco Samaritano). O livro de Deuteronômio só viria a surgir no reinado de Josias (621 a.C.). A Torá como conhecemos viria a ser terminada nos tempos de Esdras, onde as diversas versões seriam finalmente fundidas. Vemos então o início de práticas que eram desconhecidas da maioria dos antigos israelitas, e que só seriam aceitas como mandamentos na época do Segundo Templo, como a Brit milá, Pessach e Sucót, por exemplo.

Conteúdo

Em Bereshit é narrada a criação do mundo e do homem sob o ponto de vista judaico, e segue linearmente até o pacto de Deus com Abraão. São apresentados os motivos dos sofrimentos do mundo, a constante corrupção do gênero humano e a aliança que Deus faz com Abraão e seus filhos, justificados pela sua fé monoteísta, em um mundo que se torna mais idólatra e violento. Nos é apresentada a genealogia dos povos do Oriente Médio, e as histórias dos descendentes de Abraão até o exílio de Jacó e de seus doze filhos no Egito.

Em Shemot, mostram-se os fatos ocorridos nesse exílio, quando os israelitas tornam-se escravos na terra do Egito, e Deus se manifesta a um israelita-egípcio, Moisés, e o utiliza como líder para libertação dos israelitas, que pretendem tomar Canaã como a terra prometida aos seus ancestrais. Após eventos miraculosos, os israelitas fogem para o deserto, e recebem a Torá dada por Deus. Aqui são narrados os primeiros mandamentos para Israel enquanto povo (antes a Bíblia menciona que eram seguidos mandamentos tribais), e mostra as primeiras revoltas do povo israelita contra a liderança de Moisés e as condições da peregrinação.

Em Vaicrá são apresentados os aspectos mais básicos do oferecimento das korbanot, das regras de cashrut e a sistematização do ministério sacerdotal.

Em Bamidbar continuam-se as narrações da saga dos israelitas no deserto, as revoltas do povo no deserto e a condenação de Deus à peregrinação de quarenta anos no deserto.

Em Devarim estão compilados os últimos discursos de Moisés antes de sua morte e da entrada na Terra de Israel.

Tri-Pitakas

Os textos começaram a ser escritos na Índia, dois séculos após a morte de Buda (486 a.C.), quando os discípulos resolveram transcrever os discursos do mestre.

Porém, a sistematização dos ensinamentos se deu somente com a expansão da doutrina para o Sudeste Asiático (Budismo Theravada), Extremo·Oriente (Budismo Sinonês) e Nepal (Budismo Tibetano).

Cada corrente tem uma versão própria da Tri-Pitaka, mas em todas a obra divide-se em três partes: a Sutra-Pitaka, com discursos de Buda; a Vinaya-Pitaka, com normas para os monges; e a Abidharma-Pitaka, com teses de estudiosos budistas.

Vedas Literatura Sânscrita

A literatura sânscrita pode ser classificada e conduzida sob seis encabeçamentos, e quatro formas seculares. As seis formas ortodoxas de divisão são autorizadas pelas escrituras dos Hindus; as quatro seculares divisões incorporaram o desenvolvimento tardio na literatura clássica Sânscrita a saber:

As seis escrituras são: (i) Srutis, (ii) Smritis, (iii) Itihasas, (iv) Puranas, (v) Agamas e (vi) Darsanas. Os quarto Escritos Seculares são: (i) Subhashitas, (ii) Kavyas, (iii) Natakas e (iv) Alankaras.

Veda – O conhecimento desvelado

Os Srutis são os chamados Vedas, ou os Amnaya. Os Hindus receberam suas religiões através da revelação dos Vedas. Estas eram revelações intuicionais diretas e eram seguras para serem consideradas Apaurusheya ou inteiramente supra-humano, sem nenhum autor em particular. Os Vedas são as orgulhosas glórias dos Hindus, e de todo o mundo sábio.

O termo Veda advém da raiz sânscrita “Vid”, conhecer. A palavra Veda significa “conhecimento”. E quando ela se aplica às escrituras, ela significa “livro de conhecimento”. Os Vedas são o fundamento das escrituras dos Hindus e a origem de outros cinco grupos de escrituras; razão, até mesmo, do secular e do materialismo. O Veda é o depósito do conhecimento indiano e glória memorável do qual o homem jamais poderá esquecer até a eternidade.

Os Vedas são as verdades eternas reveladas por Deus para os antigos grandes sábios, Rishis, da Índia. A palavra Rishi significa “vidente, ou profeta”, derivado da palavra sânscrita “dris”, “ver”. Ele é o Mantra-Drashta, vidente do mantra ou do pensamento. O pensamento não de um sábio particular. Os Rishis viram a verdade ou ouviram-na. Portanto, os Vedas são o que foi ouvido (Sruti). O Rishi não os escreveu. Ele não Os criou fora de si. Ele foi um vidente a partir daquilo que viu como já existente. Ele somente fez uma descoberta espiritual por intermédio da meditação. Ele não é o inventor dos Vedas.

A glória dos Vedas

Os Vedas representam as experiências espirituais dos Rishis de outrora. Os Rishis eram como um médium, ou um agente de transmissão, para as pessoas, da experiência intuicional que eles tinham recebido. As verdades dos Vedas são revelações. Todas as outras religiões do mundo afirmam a autoridade d’Eles como tendo sido entregues por mensageiros especiais de Deus, para certas pessoas, mas os Vedas não devem Sua autoridade a ninguém. Eles são em si mesmo a autoridade como eternos; eles são os conhecimentos do Senhor.

O Senhor Brahma, o criador, transmitiu o conhecimento divino para os Rishis videntes. Os Rishis disseminaram o conhecimento. Os Rishis Védicos eram grandes pessoas realizadas que possuíam a intuitiva percepção direta do Brahman, ou a verdade. Eles foram escritores inspirados. Eles edificaram um simples, grande e perfeito sistema de religião e filosofia, do qual os fundadores e professores de todas as outras religiões extraíram suas inspirações.

Os Vedas são os antigos livros da biblioteca do homem. As verdades contidas em todas as religiões são derivadas dos Vedas e são, no final das contas, o que pode ser seguido pelos Vedas. Eles são a fonte original da religião, são a origem fundamental para a qual todas as religiões conhecidas podem ser executadas. Religião é de origem divina. Ela foi revelada por Deus para o homem nos tempos aurigênicos. Esta é a expressão dos Vedas.

Os Vedas são eternos. Eles não têm começo ou fim. Uma pessoa ignorante talvez diga como um livro pode começar e terminar, mas nos Vedas isso não ocorre. Os Vedas surgiram pela respiração do Senhor. Eles não foram compostos por nenhuma mente humana, jamais foram escritos ou criados. Eles são eternos e impessoais. A data dos Vedas jamais poderá ser fixada; ela jamais poderá ser determinada. Os Vedas são verdades eternas espirituais, são a incorporação do Conhecimento Divino. Os livros podem ser destruídos, mas o conhecimento não pode ser destruído, é eterno. Neste sentido, os Vedas são eternos.

Divisão dos Vedas

Os Vedas dividem-se em quatro grandes livros: Rig-Veda, Yajur-Veda, Sama-Veda e Atharva-Veda. O Yajur-Veda é novamente dividido em duas partes, o Sukla (claro; branco), e o Krishna (escuro; negro). O Krishna ou o Taittiriya é o livro antigo, e o Sukla, ou o Vajasaneya, é a última revelação do sábio Yajnavalkya, a partir do resplandecente deus Sol.

O Rig-Veda é dividido em 21 secções; o Yajur-Veda possui 109 secções; O Sama-Veda possui mil secções e o Atharva-Veda 50 secções. No todo, os Vedas dividem-se em 1.180 secções.

Cada Veda consiste em quatro partes: o Mantra-Samhitas, ou hinos; os Brahmanas, ou explanações dos Mantras dos rituais; os Aranyakas e as Upanishads. A divisão dos Vedas dentro de quatro partes é para satisfazer os quatro estágios da vida do homem.

A essência dos Vedas

Viva-se no espírito do que está contido nos Vedas! Estudemo-los para distinguir entre o permanente e o impermanente. Contemple-se o Ser e a todos os seres em todos os objetos. Nomes e formas são ilusórios; portanto, superemo-los. Sintamos que não há mais nada além do Ser. Repartamos o que temos - física, mental, moral ou espiritual - com todos. Sirvamos o Ser em todos. Percebamos que quando servimos os outros estamos servindo a nós mesmos. Amemos ao nosso próximo como a nós mesmos. Dissolvamos todas as nossas ilusórias diferenças. Removamos todas as barreiras que separam o homem do homem. Mesclemo-nos com todos. Abracemos a todos. Destruamos o pensamento sexual e corporal pelo constante pensamento no Ser ou o assexuado Atman sem corpo. Fixemos a mente no Ser enquanto trabalhamos. Esta é essência dos ensinamentos dos Vedas e dos sábios de outrora. Isto é o real, a vida eterna no Atman. Coloquemos esses assuntos em prática na batalha do dia a dia da vida. Isso nos fará brilharmos com um Yogi dinâmico, ou um Jivanmukta. Não há dúvidas sobre isso.

1 Lei 11.635. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 08-05-2016

2 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995. Pg. 45

3 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995. Pg. 46

4 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.pg. 46 e 47

5 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.pg. 47

6 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.pg. 48

7 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995. Pg. 54

8 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995, pg. 465

9 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.

10 ORTIZ, Renato. IN: SANCHEZ, André. Reflexões: 5 coisas que não devemos procurar em uma igreja. Disponível em: www.esbocandoideias.com. 05 jun 2012. Acesso em 19 out 2015.

11 BAUMAN, Z. Modenidade Líquida. Rio e Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2007.

12 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995. Pg. 483.

13 ORTIZ, Renato. IN: SANCHEZ, André. Reflexões: 5 coisas que não devemos procurar em uma igreja. Disponível em: www.esbocandoideias.com. 05 jun 2012. Acesso em 19 out 2015.

14 BRITO, Eurípedes Pereira. A Recuperação da Confiança no papel do Pastor como Conselheiro Eficaz. Vox Faifae: Revista de Ciências Humanas e Letras das Faculdades Integradas da Fama. Vol. 1, Nº 1 (2009) ISSN 2176-8986. Disponível em: http://www.faifa.edu.br/revista/index.php/voxfaifae/article/view/7/12. Acesso em 30 out 2015.

15 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995. Pg. 67

16 BAUMAN, Z. Modenidade Líquida. Rio e Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2007. Pg. 28

17 BAUMAN, Z. Modenidade Líquida. Rio e Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2007. Pg. 28

18 BAUMAN, Z. Modenidade Líquida. Rio e Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2007. Pg. 30

19 BAUMAN, Z. Modenidade Líquida. Rio e Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2007. Pg. 31

20 BACHLER, Jean. Religião. In: BOUDON, Raymond (Org.) Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995. Pg. 77

21 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015

22 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015

23 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015

24 Constituição brasileira. Disponível em www.planalto.org.br. Acesso em 08-05-2016.

25 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

26 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

27 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

28 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

29 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

30 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

31 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

32 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

33 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

34 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

35 MAIA, Tatiane Simões; SILVA, Claúdia Neves da. Religião e Religiosidade na Contemporaneidade: Um Tema de Investigação para a História das Religiões e Religiosidades. Congresso Internacional de História. Disponível em: www.cih.uem.br/ anais/2011/trabalhos/197.pdf. Acesso em 22 out 2015.

36 Constituição brasileira. Disponível em www.planalto.org.br. Acesso em 08-05-2016.

37 SANCHEZ, André. Reflexões: 5 coisas que não devemos procurar em uma igreja. Disponível em: www.esbocandoideias.com. 05 jun 2012. Acesso em 19 out 2015.

38 SANCHEZ, André. Reflexões: 5 coisas que não devemos procurar em uma igreja. Disponível em: www.esbocandoideias.com. 05 jun 2012. Acesso em 19 out 2015.

39 SANCHEZ, André. Reflexões: 5 coisas que não devemos procurar em uma igreja. Disponível em: www.esbocandoideias.com. 05 jun 2012. Acesso em 19 out 2015.

40 SANCHEZ, André. Reflexões: 5 coisas que não devemos procurar em uma igreja. Disponível em: www.esbocandoideias.com. 05 jun 2012. Acesso em 19 out 2015.

41 SANCHEZ, André. Reflexões: 5 coisas que não devemos procurar em uma igreja. Disponível em: www.esbocandoideias.com. 05 jun 2012. Acesso em 19 out 2015.


Publicado por: Queti Alvares do Carmo

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