Projetos de Instalações Elétricas Prediais
RESUMO
O presente trabalho se propõe a apresentar um estudo de campo, baseado em uma experiência prática vivenciada no cotidiano do profissional eletricista, enfocando a apresentação de um projeto elétrico predial realizado no Hosp. Dr. José Pedro Bezerra (Naltal/RN), e, relatando algumas não conformidades deste projeto o qual foi desenvolvido pela empresa Gaspar Serviços e Construções Ltda. Em síntese é dado ênfase a postura do profissional diante destas situações adversas, que na prática, propõe sugestões de melhoria baseado em seu aprendizado no curso técnico em eletricidade, norteando a aplicabilidade das normas técnicas, fazendo uma abordagem meramente educativa e didática desta obra de reforma e ampliação realizado neste EAS. Inicialmente serão apresentados o estado da arte e a origem da obra, alguns aspectos sucintos sobre os principais elementos e etapas para elaboração de um projeto elétrico predial em baixa tensão e alguns conceitos básicos sobre a simbologia usualmente utilizadas nos projetos, tudo em conformidade com as prescrições da NBR-5410/2004 (Instalações elétricas em baixa tensão) e a NBR 5444/89 (Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais). Em seguida, será descrito as atividades desenvolvidas e o projeto elétrico propriamente dito, fazendo-se um relato sucinto de algumas não conformidades deste projeto e das soluções sugeridas pelo eletricista mediante o responsável pela obra. Evidentemente que nem todas as sugestões implementadas pelo eletricista foram atendidas, por diversas razões, entre elas, disponibilidade de material, custos, etc.; Por fim, concluímos o trabalho dando ênfase à conduta do profissional diante destas situações e de suas responsabilidades, que como técnico, pode ser penalizado civil e criminalmente por faltas éticas que contrarie a conduta moral na execução de sua atividade profissional.
Palavras Chaves: Instalações Elétricas, Normas Técnicas, Projeto Elétrico.
LISTA DE ABREVIATURAS
A | Ampères |
ABNT | Associação Brasileira de Normas Técnicas |
ART | Anotações de Responsabilidade Técnica |
CONFEA | Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia |
CREA | Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia |
DPS | Dispositivos de Proteção contra Surtos |
DR | Dispositivo Diferencial Residual |
EAS | Estabelecimento de Assistência a Saúde |
EPR | Isolação Fabricada em Etileno-Propileno |
In | Corrente de Nominal (A) |
INMETRO | Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial |
mm2 | Milímetros Quadrado |
NBR | Norma Brasileira Registrada |
Pag. | Página |
PID | Programa de Internação Domiciliar |
PVC | Isolação Fabricada em Cloreto de Polivinila |
SINMETRO | Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial |
SUS | Sistema Único de Saúde |
TUE’s | Tomadas de Uso Específico |
TUG’s | Tomadas de Uso Geral |
XLPE | Isolação Fabricada em Polietileno Reticulado |
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Competência das Pessoas | 17 |
Tabela 02 - Conversão de Diâmetros Nominais | 21 |
Tabela 03 -Temperaturas Caracteristicas dos condutores | 29 |
Tabela 04 - Seção Mínima do Condutor de Proteção | 33 |
LISTA DE FIGURAS
Fig. 01 - Representação Gráfica de Condutos e Condutores | 21 |
Fig. 02 - Funções do Circulo na Planta | 22 |
Fig. 03 - Representação do Ponto de Luz na Planta | 22 |
Fig. 04 - Representação de Interruptores na Planta | 22 |
Fig. 05 - Representação de Tomadas na Planta | 23 |
Fig. 06 - Simbologias | 24 |
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO | 12 |
2 ESTADO DA ARTE | 13 |
3 ORIGEM | 14 |
4 DEFINIÇÃO DE PROJETO | 15 |
5 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA DE UM PROJETO | 16 |
5.1 ART | 16 |
5.2 Memorial de Calculo | 18 |
5.3 Memorial Descritivo | 18 |
5.4 Lista de Material | 18 |
6 NORMAS TÉCNICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO ELÉTRICO | 19 |
7 ETAPAS DE UM PROJETO | 20 |
8 SIMBOLOGIA CONFORME A NBR 5444/89 | 21 |
9 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES | 25 |
10 RELATO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS | 26 |
11 ANALISE CRITICA | 34 |
12 CONCLUSÃO | 35 |
REFERÊNCIAS | 36 |
ANEXO 1 - PROJETO ELÉTRICO DA OBRA - PRANCHA 01/01 | 37 |
1 INTRODUÇÃO
O universo da eletricidade é tão vasto que seguramente em todos os empreendimentos a energia elétrica está presente, nas residências, nos edifícios, na indústria, etc.
Para que a energia elétrica possa ser utilizada em residências, prédios e indústrias são necessários a montagem de um conjunto de condutores elétricos, proteções, controles e acessórios especialmente instalados para tal finalidade e que são regidos por normas técnicas especificas, principalmente a NR-10 (Segurança em instalações e serviços em eletricidade) e a NBR-5410 (Instalações elétricas em baixa tensão), entre outras não menos importantes.
Enfim... É a este conjunto de componentes elétricos, dispositivos de segurança, condutores e normas técnicas especificas que chamamos de “Instalações Elétricas Prediais”.
O objetivo principal deste trabalho é dar uma visão sucinta aos que estão iniciando ou estão concluindo um curso na área de elétrica, das etapas para elaboração de um projeto de instalações elétricas em baixa tensão, conforme prescrições da NBR 5410/04 e do desenvolvimento das instalações elétricas predial no campo, aplicando os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos no curso técnico do CTGÁS-ER, aliado a uma experiência prática real na área de construção civil que foi desenvolvida em uma reforma de ampliação no hospital Dr. José Pedro Bezerra (Natal/RN).
Em síntese, o profissional que executa, coordena e supervisiona as tarefas relativas aos projetos de instalações elétricas predial neste EAS, relata sua experiência, referenciando algumas não conformidades encontradas neste projeto com a norma NBR 5410/04.
Especificamente o trabalho se propõe a:
- Apresentar alguns conceitos básicos sobre as etapas das instalações elétricas prediais;
- Demonstrar um projeto de instalações elétricas predial relatando alguns aspectos em não conformidade e apresentar soluções com base na NBR 5410/04;
- Buscar a atenção dos profissionais para aplicabilidade das normas na prática.
Contudo, o trabalho não tem a intenção de julgar procedimentos e metodologias adotados por empresas do ramo e profissionais da área, e sim, enfatizar a postura que deve ter os profissionais, de uma forma educativa e construtiva, buscando sua atenção para aplicabilidade das normas técnicas e da sua importância para a sociedade como um todo.
2 ESTADO DA ARTE
No Brasil, o projeto, a execução e a manutenção das instalações elétricas prediais são regidos pela norma NBR 5410/2004, vigente, que, diga-se de passagem, é bastante enfática quanto à segurança das pessoas e de bens patrimoniais em todas as suas prescrições e recomendações técnicas.
Uma norma brasileira registrada (NBR) é um documento elaborado segundo procedimentos e conceitos emanados de um sistema nacional de metrologia, normalização e qualidade industrial (SINMETRO), segundo a Lei 5.966, de 11 de dezembro de 1973, e que demais documentos legais desta decorrente, são resultantes de todo um processo de consenso nos diferentes fóruns do sistema os quais são integradas por entidades públicas e privadas, entre elas temos a ABNT, que exerce atividades relacionadas com metrologia, normalização, qualidade industrial e certificação de conformidade.
O órgão executivo do SINMETRO é o INMETRO, e dentro do SINMETRO, a ABNT tem sido reconhecida como o único fórum de normalização brasileiro até o momento.
A regulamentação da NBR 5410 se deve em boa parte a evolução técnica e aos interesses de diversas entidades envolvidas nos processos de projetos, execução e manutenção das instalações elétricas, bem como, a fabricação de componentes e equipamentos elétricos, da prestação de serviços dos laboratórios de ensaios e de órgãos certificadores.
Só para se ter uma idéia, a norma NBR 5410 já passou por cinco revisões desde a sua criação, a saber:
- 1941 - Primeira edição;
- 1960 - Segunda edição;
- 1980 - Terceira edição;
- 1990 - Quarta edição;
- 1997 - Quinta edição;
- 2004 - Sexta edição.
Esta última edição de 2004 foi classificada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como sendo a segunda edição revisada e atualizada e que até os dias de hoje é a norma vigente no país.
Seus limites de aplicação têm como base a tensão de alimentação, e vão desde 1 KV para circuitos alimentados por tensões alternadas com freqüências inferiores a 0,4 Khz e chegam a 1,5 KV para circuitos alimentados por tensões continuas.
3 ORIGEM
O hospital Dr. José Pedro Bezerra está situado na Rua. Araquari, S/Nº, Conjunto Santa Catarina, Natal / RN – CEP 59.110.390 sob o CNPJ 08.735.254/0001-60.
Nele são oferecidos serviços padrões de um hospital geral:
- Urgências nas Especialidades de Clínica Médica,
- Cirurgia Geral,
- Neonatologia,
- Ginecologia e Obstetrícia.
Além disso, a unidade é maternidade estadual de referência em gestação de alto risco e uma das quatro unidades de saúde no Estado que dispõe do Programa de Internação Domiciliar (PID), para dar suporte aos idosos em suas residências.
Localizado na Zona Norte de Natal, o Hospital Dr. José Pedro Bezerra recebe uma demanda expressiva de usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), pois atende a população tanto dessa região da cidade – que abriga cerca de 300 mil habitantes, quanto o considerável volume de pacientes oriundos dos municípios da Grande Natal e do interior do Estado.
É considerado o segundo maior estabelecimento de saúde de Natal/RN e o Governo do Estado investiu cerca de R$ 2 milhões na reforma, ampliação e aquisição de equipamentos para o Hospital Dr. José Pedro Bezerra na zona Norte da cidade de Natal.
A ampliação contemplou a construção de um novo centro cirúrgico, com quatro novas salas de cirurgia, Centro de Reabilitação Oral com seis leitos, posto de enfermagem, salas de estar, de equipamentos e guarda de material esterilizado, além de uma central de esterilização e uma farmácia, agregando cerca de 391 m2 à área do hospital.
Além das novas alas, o centro obstétrico, de internação e de espera de urgência foi totalmente reformado, melhorando as condições de trabalho da equipe de profissionais que atuam no hospital e ampliando a capacidade de atendimento à população.
No setor de urgência, foram criados 18 novos leitos, dos quais 12 pediátricos e seis para alojamento conjunto.
Apesar da magnitude desta reforma, este trabalho se detém apenas aos detalhes técnicos das instalações elétricas desenvolvidas neste EAS, especificamente as instalações elétricas executadas na reforma do centro obstétrico em sua 1ª etapa.
4 DEFINIÇÃO DE PROJETO
Segundo a NBR 5679/77 o termo projeto é apresentado como definição qualitativa e quantitativa dos atributos técnicos, econômicos e financeiros de uma obra de engenharia e arquitetura, com base em dados, elementos, informações, estudos, discriminações técnicas, cálculos, desenhos, normas, projeções e disposições especiais.
Em sentido mais abrangente “Projetar”, significa apresentar soluções possíveis de serem implementadas para a resolução de determinados problemas visando um objetivo comum.
Em um projeto de instalações elétricas, são fundamentais que fiquem caracterizados e identificados todos os elementos ou as partes que compõem o projeto. Basicamente qualquer projeto elétrico em uma edificação se constitui em:
- Quantificar e determinar os tipos e localizações dos pontos de utilização da energia elétrica;
- Fazer o dimensionamento definindo o tipo e o percurso de cabos e eletrodutos;
- Fazer o dimensionamento definindo o tipo e a localização dos pontos de medição de energia elétrica com malha de aterramento (conforme normas da concessionária local), dispositivos de manobras e de proteção, e, demais acessórios inerentes a instalação.
5 DOCUMENTAÇÕES TÉCNICA DE UM PROJETO
É o conjunto de conhecimentos e técnicas disponibilizadas para um determinado fim, fixada materialmente e disposta de maneira que se possa utilizar para consulta ou estudo, permitindo a posterior execução do projeto.
Toda projeto de instalação elétrica é na realidade uma representação gráfica e escrita de toda a instalação, e deve conter no mínimo a seguinte documentação técnica, segundo NBR 5410/04 em seu item 6.1.8.1 – Pag.87:
- Plantas;
- Diagramas unifilares e outros, quando aplicáveis;
- Detalhes de montagem, quando necessários;
- Memorial descritivo da instalação;
- Especificações dos componentes (descrição, características nominais e normas que devem atender);
- Parâmetros do projeto (Correntes de curto circuito, queda de tensão, fatores de demanda, temperatura ambiente, etc);
- Memorial de cálculo – Envolve o dimensionamento de condutores, condutos e proteções.
De acordo com a NBR 5410/04 em seu item 6.1.8.2 – Pag.87, depois de concluída a instalação elétrica, a documentação originada acima, deve ser revisada e atualizada de maneira fidedigna ao que foi executado, é o que se denomina de projeto “As Built”, e, estas atualizações podem ser realizadas tanto pelo projetista, como pelo executor ou por outro profissional devidamente habilitado, conforme acordado previamente entre as partes.
De posse desta documentação, a mesma deve ser encaminhada para analise e aprovação da concessionária local.
5.1 ART
São anotações de responsabilidade técnica junto ao CREA local, instituída pela lei federal 6.496/77 e regulamentada pelas resoluções 317/86, 394/95, decisão Normativa 064/99 entre outros.
A (ART) descreve o objeto do projeto, o qual, na forma da legislação vigente, estará à responsabilidade do autor do projeto, e, cada projeto terá o seu respectivo registro no CREA, através da (ART).
Segundo a NBR 5410/04 em seu item 6.1.8.3 deve-se também elaborar um manual para o usuário, redigido em linguagem acessível predominantemente para pessoal classificado como “BA1 – Leigos” segundo a Tabela 01, principalmente em unidades residenciais e pequenos locais comerciais, onde não exista uma equipe permanente de operação, supervisão e/ou manutenção, contendo no mínimo os seguintes elementos:
- Esquema(s) do(s) quadro(s) de distribuição com indicação dos circuitos e respectivas finalidades, incluindo relação dos pontos alimentados, no caso de circuitos terminais;
- Potências máximas que podem ser ligadas em cada circuito terminal efetivamente disponível;
- Potências máximas previstas nos circuitos terminais deixados como reserva, quando for o caso;
- Recomendação explícita para que não sejam trocados, por tipos com características diferentes, os dispositivos de proteção existentes no(s) quadro(s).
Tabela 01 – Competência das Pessoas
Cód. | Classificação | Características |
Aplicações E Exemplos |
BA1 | Comuns | Pessoas inadvertidas | - |
BA2 | Crianças | Crianças em locais a elas destinados (1) | Creches, Escolas |
BA3 | Incapacitadas | Pessoas que não dispõem de completa capacidade física ou intelectual (Idosos, doentes). | Casas de repouso, EAS. |
BA4 | Advertidas | Pessoas suficientemente informadas ou supervisionadas por pessoas qualificadas, de tal forma que lhes permite evitar os perigos da eletricidade (Pessoal de Manutenção e/ou operação | Locais de serviço elétrico. |
BA5 | Qualificadas | Pessoas c/ conhecimento técnico ou experiência tal que lhes permite evitar Oe perigos da eletricidade (Engenheiros e técnicos). | Locais de serviço elétrico fechado. |
(1) Esta classificação não se aplica necessariamente a local de habitação. |
Fonte: Tabela 18 (Pag.30), da NBR 5410/04
5.2 Memorial de Cálculo
O memorial de cálculo deve conter todos os principais cálculos e dimensionamentos incluindo previsões de cargas, determinação da demanda provável, dimensionamento de condutores, eletrodutos e dispositivos de proteção.
5.3 – Memorial Descritivo
Descreve sucintamente o projeto incluindo os dados e a documentação do projeto.
5.4 Lista de Material
Descrição de todo material que será utilizado nas instalações incluindo quantidades, valores e especificações técnicas.
6 NORMAS TÉCNICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO ELÉTRICO
Todo projeto deve ser elaborado segundo alguns critérios e normas técnicas vigentes e outras que se fizerem necessárias, a saber:
a) Acessibilidade
Os componentes e linhas elétricas devem ser dispostos de forma a facilitar sua operação, inspeção, manutenção e acesso as suas conexões.
b) Flexibilidade
O projeto deve ter previsões para pequenos ajustes ou alterações que se fizerem necessárias além de reserva de carga;
c) Confiabilidade
Um projeto deve garantir a usuários e patrimônio segurança e um perfeito funcionamento das instalações elétricas obedecendo às normas técnicas vigentes, a saber:
- NBR 5444/89 – Símbolos gráficos para instalações prediais;
- NBR 5410/2004 – Instalações elétricas de baixa tensão;
- NBR 5419 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas (SPDA);
- NBR 14039/2003 - Aterramento e Proteção contra choques elétricos e sobre correntes;
- Norma especifica aplicável da concessionária local onde se situa a edificação ou empreendimento.
7 ETAPAS DE UM PROJETO
A primeira etapa para elaboração de um projeto consiste basicamente no levantamento de informações iniciais que orientarão o projetista para sua execução, a saber:
- Estudo com o cliente e/ou arquiteto de todos os desenhos constantes do projeto de arquitetura (plantas baixas, cortes e detalhes importantes);
- Verificação dos demais sistemas a serem implantados (hidráulicos, tubulações, ar condicionado, etc);
- Cronograma da obra (Prazos de inicio e fim, datas, custos iniciais, etc).
Nesta fase são determinados:
- Os tipos de linhas elétricas a serem utilizados em função da característica do local.
- A verificação dos setores/equipamentos que precisam de energia ininterrupta (CPDs, centros cirúrgicos, etc) e iluminação de segurança;
- A estimativa preliminar da potência instalada com determinação e locação das principais cargas da instalação;
- O uso previsto para todas as áreas da edificação; limitações físicas à instalação;
- O arranjo (“lay-out”) dos equipamentos de utilização previstos;
- As características elétricas dos equipamentos de utilização previstos;
- A locação da entrada de energia.
Com a coletânea destas informações preliminares é que são geradas as plantas e tabelas com a classificação de todas as áreas quanto ás influências externas.
O fornecimento de energia elétrica em tensão secundaria de distribuição aqui no nordeste, é feito pela concessionária COSERN com tensões na ordem de 380/220V para área urbana e 440/220V para área rural com potencia instalada ≤ 75 Kw.
Segundo manuais da COSERN, para ligações monofásicas a potência instalada deve ser (≤ 15Kw) com tensão de alimentação entre fase e neutro de 220V, e, para ligações trifásicas, a potência instalada situa-se entre 15 e 75 kw, com tensão de alimentação de 380V entre fases, e, 220V entre fase e neutro.
Quanto a quantificar da instalação elétrica, o projetista deve determinar a quantidade ou o valor por intermédio da previsão de cargas dos dispositivos inerentes a instalação, como a quantidade de tomadas e pontos de iluminação.
8 SIMBOLOGIA CONFORME A NBR 5444/89
É a representação gráfica no projeto, de todos os pontos de iluminação, TUG’s e TUE’s, condutores e condutos de uma instalação elétrica predial.
Esses pontos deverão ser distribuídos na planta de elétrica tendo como convenção a simbologia da NBR-5444/89, que é a norma vigente para simbologia em instalações prediais.
- Geometrias Básicas dos Símbolos - NBR 5444/89 (Item 4.1.4)
Para permitir uma representação adequada e coerente dos dispositivos elétricos na planta, a norma NBR 5444/89, se baseia na conceituação simbológica de quatro elementos geométricos básicos:
- O Traço Segundo a NBR 5444/89 (Item 4.1.1)
Um seguimento de reta na planta representa o conduto. Os diâmetros normalizados são segundo a NBR 5626, convertidos em milímetros, conforme a Tabela 02 abaixo descrita.
Tabela 02 – Conversão de Diâmetros Nominais
Fonte: Tabela 1 da NBR 5444/89
Os condutores também são representados por traços que devem ser perpendiculares às linhas de representação dos condutos. Na figura 1, retrato a representação gráfica de condutos e condutores na planta segundo a norma 5444/89.
Fig. 1 – Representação Gráfica de Condutos e Condutores
Fonte: NBR 5444/89
- O Circulo Segundo a NBR 5444/89 (Item 4.1.2)
O circulo representa três funções básicas: o ponto de luz, o interruptor e a indicação de qualquer dispositivo embutido no teto.
O ponto de luz deve ter um diâmetro maior que o interruptor para diferenciá-los. Um elemento qualquer circundado indica que este se localiza no teto. O ponto de luz na parede (arandela) também é representado pelo círculo, ver figura 2.
Fig. 2 – Funções do Círculo na Planta
Fonte: NBR 5444/89
Quanto ao ponto de luz deve ser indicado junto à simbologia o número do circuito, o ponto de comando (interruptor), a quantidade de lâmpadas no ponto e a potencia nominal do ponto, conforme figura 3 abaixo.
Fig. 3 – Representação do Ponto na Planta
Fonte: NBR 5444/89
Com relação à simbologia para os interruptores devem ser indicadas o ponto ou pontos a comandar, conforme a figura 4 abaixo.
Fig. 4 – Representação de Interruptores na Planta
Fonte: NBR 5444/89
- O Triângulo Eqüilátero Segundo a NBR 5444/89 (Item 4.1.3)
O triângulo eqüilátero na planta representa tomadas em geral, onde variações acrescentadas ao triângulo, indicam mudança de significado e função (tomadas de luz e telefone, por exemplo), bem como modificações em seus níveis na instalação (baixa, média e alta), conforme a figura 5 abaixo.
Fig. 5 – Representação de Tomadas na Planta
Fonte: NBR 5444/89
Observe que junto à simbologia das tomadas, também são indicados o número do circuito e a potência do ponto em volt-Amperes (VA).
Alguns projetistas às vezes omitem a potência aparente junto à simbologia para tomadas de até 100 VA, mas, normalmente descrevem está omissão em notas no projeto indicando essa potência.
- O Quadrado Segundo a NBR 5444/89 (Item 4.1.4)
Representa qualquer tipo de elemento no piso ou conversor de energia (motor elétrico) de forma semelhante ao círculo, envolvendo a figura, significa que o dispositivo localiza-se no piso.
Os demais símbolos gráficos referentes às instalações elétricas prediais encontram-se nas Tabelas 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, da norma 5444/89, devendo ser consultada pelo eletricista na hora de se elaborar os elementos e trajetos em um projeto.
O projeto apresentado neste trabalho ainda utiliza a simbologia antiga da norma NB-3, que é um pouco diferente da norma NBR 5444 vigente.
Por exemplo, como na representação de um interruptor simples, que na antiga norma era uma letra (S), por causa do inglês switch (Chave ou interruptor). Utilizando a norma NBR-5444 atual, o mesmo interruptor é identificado por um pequeno círculo e por uma letra minúscula que indica qual ponto de luz no teto esse interruptor aciona, ver figura 6.
Fig. 6 – Simbologias
Fonte: NBR 5444/89 e NB-3
9 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES
O antigo centro cirúrgico foi o palco da primeira etapa desta obra tendo sido completamente reformado em toda sua estrutura, como uma ampliação para o centro obstétrico já existente, condicionando cinco salas de parto, duas salas para curetagens e uma farmácia local além de uma sala exclusiva para parto humanizado. Esta etapa da obra teve inicio em 28/01/09, e foi concluída em 01/06/09.
a) Equipe Participante:
→ Engenheiro habilitado Responsável pela Obra: Ivan Sergio da Silva Barroca
→ Mestre de Obra: João Maria Barbosa
→ Eletricista Executante: José de Souza Melo Neto
→ Eletricista Auxiliar: Marcio Robson Dionísio
b) Período das instalações elétricas
A realização dos serviços de instalações elétricas da 1ª etapa teve inicio em 14/04/09 e se concretizou em 22/05/09, ou seja, foi concluída em cinco semanas e um dia, com uma carga horária de 8h/dia, totalizando 624 h trabalhadas e o projeto de execução é o apresentado conforme o anexo 1 (Prancha 01/01).
c) Material utilizado para execução:
- Ferramentas: Chaves de fenda, chaves Phillips, chave teste neon, alicate universal, canivete, Prumo de centro, escalímetro, linha de bater, trena, martelo de unha, arco de serra manual, furadeira elétrica, punção de centro, escadas (extensiva e tesoura em fibra), fio guia.
- Instrumentos: Alicate amperímetro.
- EPI’S: Botas de borracha, lanterna de cabeça, óculos de proteção, luvas (alta tensão, tecido e raspa).
- Diversos: Fita crepe branca, fita isolante (Preta, azul, vermelha, amarela e verde).
10 RELATO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Este relato se propõe a apresentar de uma forma educativa, uma experiência vivenciada no campo pelo profissional eletricista com a apresentação de um projeto predial, norteando também a aplicabilidade das normas técnicas em pontos que não estão em conformidade com a mesma.
O intuito é fazer uma abordagem demonstrativa do desenvolvimento das instalações elétricas prediais desta obra, embasados nos conhecimentos adquiridos no curso técnico do CTGÁS-ER, referenciando estas não conformidades com algumas aplicações básicas da norma NBR 5410/2004.
Todavia, não é nossa intenção julgar procedimentos e metodologias adotados por empresas do ramo e profissionais da área, e sim, fazer uma síntese didática, enfatizando a postura que deve ter os profissionais, de uma forma educativa e construtiva, quanto à aplicabilidade das normas técnicas e de sua importância para a sociedade como um todo.
Muito embora, algumas das mudanças sugeridas pelos profissionais que executam as instalações não sejam aceitas pelos responsáveis da obra por não ter... Digamos assim... “Poder de decisão”.
- Leitura e Interpretação de Desenho Elétrico Predial
Para a leitura das plantas foi utilizado o escalímetro que serviu para mensurarmos as áreas dos cômodos existentes no projeto, bem como, se fazer a exata marcação dos diversos pontos existentes nos respectivos recintos do projeto, anexo 1.
Para marcações lineares dos diversos pontos, foram utilizadas a linha de bater e a trena que auxiliou na conversão das medidas reais dos respectivos recintos.
Quanto às simbologias adotadas no projeto apresentado neste trabalho, o projetista optou por usar a simbologia antiga da norma NB-3, que é um pouco diferente da norma NBR 5444/89 vigente.
- Metodologia de Instalação Empregada
Segundo o projeto em anexo, toda a metodologia de instalação empregada pelo projetista, foi o de número 7 (Sete), com método de referencia “B1 – Condutores isolados ou cabos unipolares em condutos de seção circular embutido em alvenaria”, conforme a tabela 33 da NBR 5410/2004 – Pag. 90 a 95.
O fator de correção de agrupamento (FCA) utilizado foi de 0,38 que segundo a tabela 42 da NBR 5410 – Pag. 108 admiti uma taxa de ocupação ≥ 20 circuitos de condutores isolados ou de cabos multipolares.
O fator de correção de temperatura (FCT) adotado pelo projetista foi à unidade (1), o qual generalizou para uma temperatura ambiente de 30ºC os valores de capacidade de condução de corrente, segundo tabelas 36 a 39 da NBR 5410/04, pag. 101 a 105.
Conforme a NBR 5410/04 em seu item 6.2.11.1.6a, o quociente entre a soma das áreas das seções transversais dos condutores previstos, calculadas com base no diâmetro externo do condutor e a área útil da seção transversal do conduto, determina a taxa de ocupação dos condutos, e, não deve ser superior a:
- 53% no caso de um condutor;
- 31% no caso de dois condutores;
- 40% no caso de três ou mais condutores.
Bom, Isto posto, Pelo projeto os condutos principais foram cotados para 2” e em alguns trechos houve uma redução para 1 ½”.
Na prática foi usado um conduto de 2” para toda fiação principal e ainda assim, não foi suficiente para comportar todos os circuitos.
Neste caso foi solicitado pelo eletricista, a alteração do projeto perante o responsável para acrescentar mais um conduto de 2” preservando assim a taxa de ocupação determinado pela norma acima descrita.
A NBR 5410 em seu item 6.2.11.1.6b, também determina a previsão de caixas de passagem em trechos contínuos e retos de tubulação no máximo a cada 15m de comprimento para linhas internas e 30m para as linhas externas à edificação. Se por ventura esses trechos possuírem curvas, estes limites devem ser reduzidos para 3m para cada curva de 90º existente.
Como todo o trecho dos condutos principais era retilíneo, o eletricista solicitou também, que a cada 6m de tubulação principal fossem feitas caixas de passagem em alvenaria para fixação dos mesmos e demais tubulações de ramificação dos diversos recintos.
- Circuitos de Iluminação
Os circuitos de iluminação foram divididos em dois circuitos, segundo quadro de cargas do anexo 1:
a) Circuito 15 (iluminação 1), composto de dez ramais (a, b, c, d, m, n, o, p, q, u);
b) Circuito 16 (iluminação 2), composto de 11 ramais (e, f, g, h, i, j, k, l, r, s, t).
Todas as luminárias (Fluorescentes), desta etapa, foram cotadas segundo projeto, como de embutir, no entanto, foram instaladas luminárias de sobrepor.
Quanto as luminárias dos banheiros, o projeto cota que sejam instaladas lâmpadas incandescentes de 60w em luminárias embutidas no teto, mas por determinação do responsável da obra, foram instaladas luminárias de sobrepor para duas lâmpadas fluorescentes de 20w. Todos os reatores empregados foram eletrônicos com alto fator de potência (0,98).
Quanto a este assunto o engenheiro responsável preferiu não comentar muito, alegando apenas que iam aproveitar a estrutura de lage já existente colocando as luminárias de sobrepor mesmo, enfim...
Os dois circuitos (15 e 16) foram divididos entre as fases “R e T”, mais respectivos neutro, em conformidade com a NBR 5410/2004 (Item 6.2.6.2.1 – Pag.114), ou seja, cada circuito com o seu respectivo neutro.
- Fiação dos circuitos de iluminação
Para a fiação dos circuitos de iluminação, o projetista cotou um condutor flexível unipolar de 2,5mm2 com isolação HEPR anti-chama para tensão de 0,6/1kv e não especificou a classe de encordoamento.
No entanto, utilizou-se o condutor flexível anti-chama unipolar com dupla isolação de PVC para tensão de 0,45/0,75kv.
Segundo a NBR 5410/04 em seu item 6.2.3.4 – pag.89, os condutores com isolação de PVC devem ser resistentes à chama de acordo com a ABNT - NBR NM 247-3.
Porém, o eletricista alertou o responsável da obra para este fato, já que pela tabela 35 da NBR 5410 (Ver Tabela 03, abaixo), a alteração teria influencia nas temperaturas de serviço continuo sobrecarga e curto-circuito, respectivamente.
Tab. 03 – Temperaturas Características dos Condutores
Tipo de Isolação |
Temp. Máx. para Serv. Continuo em ºC |
Temp. Máx. de Sobrecarga em ºC |
Temp. Máx. de Curto-Circuito em ºC |
PVC até 300mm2 | 70 | 100 | 160 |
PVC > 300mm2 | 70 | 100 | 140 |
EPR | 90 | 130 | 250 |
XLPE | 90 | 130 | 250 |
Fonte: Tabela 35 (Pag. 100), da NBR 5410/04
Neste caso o responsável alegou que usa-se o que tinha no estoque, ou seja, o de PVC, o qual atenderia, pois a bitola do condutor estava além da mínima requerida pela norma NBR 5410 em seu item 6.2.6.1.1 (Tbl. 47 – Pag.113), que estipula para condutores de cobre em circuitos de iluminação uma bitola mínima de 1,5mm2, e que as temperaturas não teriam tanta influência.
Não houve aqui uma padronização das cores dos cabos segundo a NBR 5410 (Item 6.1.5.3.1 a 6.1.5.3.4 – Pag.86/87), tendo sido usados cabos com cores iguais.
A alegação era de que tinha que se usar o que tinha no estoque e que infelizmente eram da mesma cor.
A solução encontrada pelo eletricista foi fazer a marcação com fitas isolantes de cor amarela, azul, verde e preta para identificar retorno, neutro, terra e fase, respectivamente.
Outro ponto questionado pelo eletricista foi quanto ao circuito para sistemas iluminação de emergência em (EAS), conforme NBR 10898/99, que não foi previsto pelo projeto, neste caso a explicação dada pelo responsável da obra foi de que a emergência seria suprida pelos dois grupos geradores existentes na unidade.
Como dispositivo de proteção o projetista cotou disjuntores unipolar termomagnéticos com corrente de atuação de 10A e curva de disparo “B”.
- Circuitos de Tomadas de Uso Geral (TUG’s)
Todas as tomadas de uso geral (TUG’s), instaladas na 1ª etapa, são do tipo “2P + T - Padrão NEMA 5P, para 10A/220v” fixadas nas paredes em caixas de “PVC - 4 x 2” alimentadas diretamente do quadro de distribuição.
Nenhuma das tomadas instaladas seguiu o novo padrão conforme a NBR 14136/02 até porque a fabricação das mesmas passou a vigorar a parti de janeiro/2010.
Para a fiação das TUG’s foram utilizados o condutor flexível unipolar de 2,5mm2 com dupla isolação em PVC anti-chama para tensão de 0,45/0,75kv com classe de encordoamento 5, também atendendo as prescrições da NBR 5410 em seu item 6.2.3.4, pag.89, que diz que: Os condutores com isolação de PVC devem ser resistentes à chama de acordo com a ABNT - NBR NM 247. Entretanto, o cabo cotado no projeto foi o condutor flexível HEPR para tensões de 0,6/1Kv.
Também não houve aqui uma padronização das cores dos cabos segundo a NBR 5410 (Item 6.1.5.3.1 a 6.1.5.3.4 – Pag.86/87), tendo sido usados cabos com cores iguais, também codificados pelo eletricista com fitas isolantes coloridas.
Para o dimensionamento o projetista deve ter adotado o critério da seção mínima conforme a NBR 5410 (Item 6.2.6.1.1 – Tab. 47 – Pag. 113), o qual generalizou a bitola de 2,5mm para todas as TUG’s.
Como dispositivo de proteção o projetista cotou disjuntores unipolar termomagnéticos com corrente de atuação de 10A e curva de disparo “C”.
- Circuitos de Tomadas de Uso Específicos (TUE’s)
Todas as tomadas de uso específico (TUE’s), instaladas na 1ª etapa, são do tipo “2P + T - Padrão NEMA pinos chato, para 25A/220v” fixadas nas paredes em caixas de “PVC - 4 x 2” alimentadas diretamente do quadro de distribuição destinadas a alimentação dos chuveiros elétricos em seus respectivos recintos.
Estas tomadas foram cotadas, conforme projeto em anexo, a uma altura de 2,20m do piso. Mas, pela norma 5444/89 vigente, a altura destas tomadas deveria ser de 2,00m. A orientação dada pelo responsável neste caso foi a de fazer a marcação destes pontos conforme o projeto.
Para a 1ª etapa, os chuveiros foram divididos entre os circuitos “1, 2, 3, 4, 6 e 7”, todos cotados segundo projeto para uma potência de 5400w, onde por chuveiro já daria uma corrente nominal de 24,5A. Pelo quadro de cargas o projetista cotou a (In) dos chuveiros para 64,6A. O responsável alegou que era um mero erro de digitação e que iria fazer a devida correção.
O projetista também cotou segundo o projeto a utilização de cabos flexíveis com isolação HEPR de 10mm2, mas na prática, foram instalados fios rígidos com bitola de 4mm2, também não houve aqui a aplicação da NBR 5410 (Item 6.1.5.3.1 a 6.1.5.3.4 – Pag.86/87), tendo os fios sidos marcados com fitas isolantes coloridas.
Como dispositivo de proteção o projetista cotou disjuntores unipolar termomagnéticos com corrente de atuação de 25A e curva de disparo “B”.
Contrariando aqui o item 5.1.3.2.2 da norma NBR 5410 (Pag.49), que obriga o uso do DR em circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em locais que contenham chuveiro ou banheira.
A não conformidade com a norma foi explicada pela não inclusão dos DR’s no projeto pelo projetista e também de não ser prevista no orçamento da obra, mas, o responsável pela obra ficou de relatar o fato ao dono da empresa para ver a possibilidade da inclusão dos DR’s. O fato é que na prática, os DR’s não foram instalados.
Quanto aos condicionadores de ar, foram instalados condicionadores do tipo splint system com capacidades entre 12000 e 21000 BTU’s.
Os mesmos foram distribuídos entre sete circuitos (8, 9, 10, 11, 12, 13, 22) com potência de 2800 w cada, com exceção do circuito 22 de 1270w.
A instalação para estes pontos foi feita com condutor flexível unipolar de 2,5mm2 com dupla isolação em PVC anti-chama para tensão de 0,45/0,75kv com classe de encordoamento 5, atendendo as prescrições da NBR 5410 em seu item 6.2.3.4, pag.89, mas que não estava em conformidade com projeto que cotava um condutor flexível de 2,5mm2 com isolação HEPR para tensões de 0,6/1Kv.
Como dispositivo de proteção o projetista cotou disjuntores unipolar termomagnéticos com corrente de atuação de 16A para os condicionadores de ar de 2800w (Ckt 8, 9, 10, 11, 12, 13) e de 20A para o de 1270w (Ckt22), ambos com curva de disparo “C” padrão NEMA.
Aqui houve duas não conformidades, uma foi a aplicação da corrente de atuação do dispositivo de proteção menor para os condicionadores de ar de 2800w e maior para o condicionador de ar de 1270w. A outra seria a aplicação do dispositivo de proteção com padrão NEMA, o qual não está em conformidade com o projeto que requer o padrão DIIM.
O responsável alegou que houve uma inversão nos valores, e como solução foi adotado um disjuntor de 15A para o condicionador de 1270w e 20A para os de 2800w.
Quanto ao padrão utilizado era para se utilizar os disjuntores que tinham sidos comprados, pois o quadro atendia aos dois padrões.
Para a instalação da banheira para partos humanizados, reservou-se o circuito “14”, conforme o projeto do anexo 1, o qual foi dimensionado para uma potência de 570w com tensão monofásica de alimentação de 220vca, que daria uma (In = 2,5A). A fiação conforme projeto, deveria ser feita com condutor flexível de 2,5mm2 com isolação HEPR para tensões de 0,6/1Kv e a proteção realizada por disjuntor unipolar termomagnético de 10A.
No entanto, o eletricista se deparou com alguns parâmetros físicos que não estavam em conformidade com o projeto.
A potencia real do aquecedor utilizado era de 5700w/220v mais uma bomba de 1cv (736w), que daria uma potência total de 6436w. A corrente solicitada pelo conjunto daria em torno de 29,2A.
O primeiro passo dado pelo eletricista foi localizar o site do fabricante para consultar as especificações de instalação da banheira o qual especificava um condutor de 6mm2 para uma distância de 20m do quadro de distribuição com uma proteção a base de DR 30A/30mA e um disjuntor unipolar termomagnético de 15A com curva de disparo “C”, para alimentação da bomba.
O eletricista repassou estes detalhes técnicos ao responsável pela obra, demonstrando inclusive a inviabilidade da utilização do condutor cotado no projeto e da própria proteção que também não estava em conformidade com NBR 5410 em seu item 5.1.3.2.2 (Pag.49), que obriga o uso do DR em circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em locais que contenham chuveiro ou banheira, além da corrente de atuação que era absurdamente inferior a que o circuito realmente solicitaria.
O responsável alegou erro de digitação por parte do projetista e que iria fazer a devida modificação no projeto, mas quanto ao uso do DR, ficou de resolver com o dono da empresa, pois envolveria um custo adicional o qual não estava previsto.
Na realidade a fiação foi realizada com cabo flexível de 6,0mm2 com dupla isolação em PVC e a proteção utilizada foi um disjuntor unipolar termomagnético com corrente de atuação de 40A e curva de disparo “C” no quadro de distribuição, um DR 40A/30mA no local para o aquecedor e um disjuntor unipolar de 15A, também com curva de disparo “C” para alimentação da bomba.
Quanto ao aterramento o eletricista optou por fazer um aterramento separado em delta com cabo de 6mm2, do lado externo a sala para parto humanizado, conectado diretamente ao aquecedor da banheira com conector do tipo bota para 10mm2.
Por fim, a instalação do quadro de distribuição que como única não conformidade com o projeto foi os dispositivos de proteção, onde foram cotados disjuntores com padrão a norma DIN e, no entanto foram instalados disjuntores com o padrão NEMA.
Com relação aos cabos de alimentação, o projetista cotou cabos de 25mm2 para as fases e 16mm2 para o condutor Aterramento, conforme NBR 5410/2004 (Item 6.4.3.1.3 – Pag.150). em alternativa ao método de calculo utilizado em seu item 6.4.3.1.2 – Pag. 147 da norma, segundo a tabela 04 (Seção mínima do condutor de proteção), abaixo descrita.
Tabela 04 – Seção Mínima do Condutor de Proteção
Fonte: Tabela 58 (Pag. 150), da NBR 5410/04
O responsável pela obra alegou ser erro de digitação e que os cabos de alimentação seriam reaproveitados, ou seja, foram utilizados os cabos de 16mm2 já existentes do quadro anterior.
11 ANALISE CRITICA
No curso técnico desenvolvido pelo CTGÁS-ER, aprendemos a importância, a obrigatoriedade e a aplicabilidade das normas técnicas vigentes as quais previnem acidentes.
Aprendemos também que os requisitos de segurança e qualidade devem ser sempre observados e impostos por profissionais da construção civil e técnicos em eletricidade, para evitar danos às pessoas e ao patrimônio.
Não é por acaso que uma das normas técnicas mais consultadas por técnicos e engenheiros da área é a NBR 5410 (Instalações elétricas em baixa tensão) e a NR-10 (Segurança em instalações e serviços em eletricidade).
Um dos aspectos inovadores da NBR 5410, por exemplo, refere-se às prescrições da proteção das instalações elétricas contra sobre tensões e o uso dos dispositivos de proteção contra surtos (DPS), pois a causa mais freqüente da queima de equipamentos eletro-eletrônicos – como computadores, TVs e aparelhos de fax, por exemplo – é a sobre tensão causada por descargas atmosféricas ou manobras de circuito.
Instalados nos quadros de luz, os (DPS), são capazes de evitar qualquer tipo de dano a estes equipamentos, descarregando para a terra os pulsos de alta-tensão causados pelos raios.
No entanto, o projeto apresentado em anexo, não contemplou o uso deste dispositivo fundamental.
Quanto a este assunto relevante, a minha opinião é que se os profissionais precisam conhecer e aplicar as normas técnicas, até por uma questão de ética profissional, o usuário por outro lado, deve também exigir o seu cumprimento e o uso de produtos certificados por órgãos credenciados, procurando ser cônscio destas normas, garantindo assim, uma maior confiabilidade e segurança em suas instalações elétricas.
Enfatizando aqui que aos profissionais, cabe conhecer a legislação que rege o exercício profissional (artigo 9º do Código de Ética) e a legislação geral (de acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil, a ninguém é permitido desconhecer a lei).
Aos órgãos de fiscalização, cabe uma atuação mais presente e enérgica, não com o intuito de punir, mas, para informar, orientar e coibir.
12 CONCLUSÃO
Num aspecto mais abrangente, foi possível constatar a vasta contribuição que o profissional eletricista de instalações predial desenvolve no campo, suas dificuldades, e, de sua importância na perfeita execução destes serviços uma vez que dele depende a responsabilidade e a qualidade dos serviços executados.
Salientando aqui, que o profissional pode ser responsabilizado pela “ART” que entrega junto ao CREA, civil e criminalmente por sinistros causados no exercício de suas atividades como, por exemplo, contratual ou incêndios provocados por sobrecarga ou erro na especificação e dimensionamento de componentes, ou ainda, por faltas éticas que contrarie a conduta moral na execução da atividade profissional.
Minha opinião em particular é a de que os serviços executados e implementados pelo eletricista de instalações predial, por sua habilidade, qualificação, competência e responsabilidades de suas ações, deveria ser mais valorizado, além do que, o serviço é exaustivo, e exige esforço físico e mental deste profissional.
Apesar das adversidades encontradas durante o desenvolvimento das atividades realizadas nesta obra, o serviço em si foi gratificante, pois, permitiu o aprimoramento dos conhecimentos técnicos (teóricos e práticos), adquiridos no curso de técnico em eletricidade pelo CTGÁS-ER, enfatizando aqui, que o curso possibilita uma formação técnica profissional sólida.
Por fim, minha recomendação é a de que micros e pequenas empresas do ramo sigam o exemplo da empresa Gaspar Serviços e Construções Ltda., gerando oportunidades de estágio, emprego e renda aos novos talentos que estão concluindo ou já concluíram um curso técnico, mas que também, tenham a consciência da aplicabilidade das normas técnicas como um todo não só por uma questão ética, mas também por respeito ao consumidor final (cliente) o qual normalmente é leigo no assunto e confiam suas instalações elétricas acreditando que os profissionais da área estão fazendo o que é certo.
Vale salientar aos profissionais da área que as atividades no âmbito da engenharia Já estão contempladas pelo código de ética profissional publicado pelo sistema CONFEA e CREA’s.
REFERÊNCIAS
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 5410: Instalações elétricas de Baixa Tensão. 2ª Ed. Rio de Janeiro, 2004.
2. CENTRO DE TECNOLOGIAS DO GÁS, Apostila de instalações elétricas prediais. Natal/RN: CTGÁS, 2007.
3. CENTRO DE TECNOLOGIAS DO GÁS E ENERGIAS RENOVÁVEIS, Apostila PIEBT Projeto de Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Natal/RN: CTGÁS-ER, 2010.
Publicado por: José de Souza Melo neto
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