PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DO LOTEAMENTO RESIDENCIAL TIRADENTES

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1. RESUMO

Este trabalho refere-se ao estudo ambiental para recuperação de uma área degradada localizada no interior de um Loteamento denominado Residencial Tiradentes no município de Poços de Caldas – MG. Foi realizada uma caracterização ambiental local identificando o clima, relevo, solo e recursos hídricos local. Também foi realizada uma pesquisa referente à vegetação local e regional para assim elaborar uma lista de espécies arbóreas nativas a serem utilizadas no plano de recuperação. Na pesquisa in loco foi realizado um diagnostico na área a ser reflorestada identificando o perímetro e área a recuperar, espécies arbóreas ocorrentes, e qual seria a proposta mais adequada para promover a recuperação dessa área.  

2. INTRODUÇÃO

O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) consiste em um projeto que contenha medidas e propostas para a mitigação e compensação dos impactos decorrentes da atividade e empreendimentos, detalhando planos para reabilitação, recuperação, recomposição ou restauração ecológica de áreas degradadas, alteradas, perturbadas ou desflorestadas. Está recuperação pode ser realizadas através de práticas de revegetação, geotécnica, remediação, tratamento e conservação (INEA, s.d.)

Nos últimos anos vem ocorrendo varias atividades e instalação de empreendimentos que resultam na degradação dos ecossistemas. Devido à intensidade e à quantidade dessas intervenções, a população já percebe os inúmeros problemas ambientais que essas degradações originam.      A fim de controlar e regularizar essa supressão foram criadas leis e resoluções que dispõem os direitos e deveres com o intuito de crescimento econômico junto a proteção do meio ambiente.

A lei nº 12.651/12 de 25 de maio de 2012 estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de preservação permanente, áreas de reserva legal, exploração florestal e suprimentos de matérias primas e tem como objetivo regularizar a exploração, comumente protegendo a vegetação nativa no país. Através desta lei foram determinadas Áreas de Preservação Permanente, como a área referente a este estudo, as quais não poderão ser alteradas/suprimidas sem autorização prévia pelo órgão ambiental competente (BRASIL, 2012). No artigo 4 da lei 6.938 de 31 de agosto de 1981 impõe ao degradador ou poluidor a obrigação de recuperar ou indenizar os danos causados pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Essa recuperação é realizada primeiramente através da elaboração do Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), após sua aprovação pelo órgão ambiental, é executado. Este projeto tem fundamental importância na indicação de como deverá ser realizada a recuperação da vegetação promovendo o equilíbrio ecológico de locais que deveriam estar preservados. Essa recuperação traz inúmeros benefícios como: oferece proteção, qualidade e preservação dos recursos hídricos, reduz o assoreamento e a força das águas que chegam aos rios, contribui com a conservação da biodiversidade fornecendo alimento e abrigo para a fauna, constitui como barreiras naturais que atuam no auxilio da disseminação de pragas e doenças, na melhoria da qualidade do ar e na proteção do solo.

O presente trabalho teve como objetivo caracterizar uma Área de Preservação Permanente degradada e assim propor medidas mitigadoras e compensatórias que possam promover a recuperação da mesma.  

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Levantamento da vegetação

O levantamento da vegetação tem um aspecto fundamental em projetos ambientais, onde são realizados levantamentos florísticos, fisionômico, estudos de quais espécies vegetais ocorrem em um determinado local, considerando diferentes tipos de formas de vida. Com esses dados é possível caracterizar o tipo de formação vegetal como Cerrado, Floresta de Brejo entre outros e assim poder elaborar uma lista de espécies regionais de cada tipo de vegetação com potencial de uso para recuperação da mata ciliar e utilizar como proposta na restauração das áreas degradadas. 

Esse levantamento é possível através de visitas técnicas aos remanescentes florestais do local onde foi realizada a degradação para identificação das espécies. Também é possível, através da coleta de espécies arbustivo-arbóreas nativas, utilizar do conhecimento dos produtores rurais locais na identificação das espécies.

Outra etapa importante e identificar o estado de conservação e as distâncias dos fragmentos de vegetação, pois os mesmos servirão de propágulos no processo de recuperação. Os critérios para definir o estado de conservação da vegetação podem ser citados como o número de estratos, a presença de epífitas, de lianas em desequilíbrio na borda dos fragmentos e a presença de gramíneas exóticas.

A grande presença de epífitas como bromélias caracterizam uma floresta pouco degradada. A presença de gramíneas exóticas caracteriza um domínio desiquilibrado de algumas populações de lianas ou arvoretas, que dificultam o estabelecimento de indivíduos arbóreos.

Esses efeitos apresentam-se em maior ou menor teor, conforme a intensidade, forma, duração e grau de degradação do local (ATTANASIO, 2008).

3.2. Adequação e recuperação do solo a restaurar

A recuperação do solo envolve ações de natureza química e física. Deverão ser realizados estudos referentes a declividade, grau de erosão, suscetibilidade a inundação, pedregosidade, textura, produtividade entre outros aspectos.

Recomenda-se como etapa inicial de recuperação a realização de plantio de espécies de adubação verde em área já preparada para receber essa adubação. Depois dessa primeira ocupação, realizar o plantio de mudas arbóreas com diversidade necessária para a restauração, normalmente utilizam espécies com maior rusticidade (ATTANASIO, 2008).

3.3. Fertilidade do solo

De acordo com Mello (1983), às plantas retiram a maior parte dos nutrientes que necessitam da camada superficial do solo, até a profundidade de 20 cm.

O autor considera que o solo fértil deve ter boas propriedades físicas para proporcionar e fornecer de forma balanceada as plantas os nutrientes que deles são absorvidos. O solo não deve conter substâncias tóxicas em quantidades que possam prejudicar o desenvolvimento dos vegetais, ou seja, solo fértil é aquele que contém em quantidades suficientes e balanceadas todos os nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas. Deve estar livre de materiais tóxicos e possuir características físicas e químicas satisfatórias para o crescimento das plantas.

Para Malavolta; Romero (1975), a fertilidade do solo está comumente comparada ao desenvolvimento das raízes, onde em solo mais férteis as mesmas terão um desenvolvimento melhor.

Malavolta; Romero (1975) ainda cita que o excesso de adubos solúveis no solo prejudica muito o crescimento das raízes por duas razões: pela toxidade e pela salinidade, ou seja, pela elevada pressão osmótica desenvolvida no solo.

3.4. As formas dos nutrientes no solo

O crescimento e a produção das plantas dependem de fatores genéticos, próprios delas e de fatores do meio ambiente. Dos fatores de meio ambiente seis são reconhecidos: luz, temperatura, fixação, calor, água e nutrientes.

Esses nutrientes são encontrados no solo em diversas formas e disponibilidades. Os presentes e constituintes de rochas e minerais resistentes a meteorização são disponíveis às plantas muito lentamente e fazem parte da reserva em potencial.

A retenção dos nutrientes pode acontecer através de duas formas, onde a primeira eles se tornam parte da matéria orgânica do solo, e a segunda são absorvidos pelas partículas coloidais orgânicas e minerais do solo. A maior quantidade de nutrientes utilizados pela planta provem da forma absorvida (MALAVOLTA; ROMERO, 1975).

3.5. Recomendações de adubação

As recomendações de adubação constituem a última etapa da análise do solo e é a sua própria finalidade. Nos casos em que os teores encontrados estão com índices muito baixos ou muitos altos, a recomendação é relativamente fácil, onde nos casos de baixo teor são utilizadas dosagens pesadas e no segundo caso de teores muito altos são utilizadas dosagens leves ou até nenhum adubo. Porém, entre os extremos, é difícil fazer recomendações com a margem de segurança necessária (MALAVOLTA; ROMERO, 1975).

3.6. Infiltração de água no solo

A infiltração é o processo em que a água penetra no solo através de sua superfície. A compactação do solo influencia a infiltração pela alteração do tamanho e continuidade dos poros, causando uma drenagem deficiente e também reduzindo o movimento da água para as raízes das plantas. Essa deficiência retarda o crescimento das plantas. Em alguns solos um pequeno aumento na densidade aparente do solo causado pela compactação pode diminuir a taxa de infiltração em até 80%. A infiltração de água no solo e uns dos principais fatores que indicam a ocorrência de um processo de degradação das características dele (CINTRA; MIELNICZUK; SCOPLE, 1983).

3.7. Limpeza da área e Eliminação de espécies competidoras

Em algumas situações, o convívio de algumas espécies competidoras muito agressivas como braquiárias, acaba inibindo a germinação e crescimentos de outras espécies. Nesse caso é necessário realizar o controle dessas espécies competidoras. Essa atividade deve ser realizada, de preferencia, 15 dias antes do plantio visando diminuir a altura e volume das espécies e resíduos que possam ser encontrados. 

A ação das gramíneas pode inibir o desenvolvimentos de regenerantes nas áreas em que há a possibilidade de auto recuperação. Esse controle pode ser realizado através do uso de herbicidas de baixa toxidade ou o até um controle manual e mecânico como a utilização de ferramentas para corte e remoção das plantas invasoras. Incluem-se nesse método a roçada, corte com machado, foice, motosserra e enxadão. 

É importante o controle dessas gramíneas, pois a existência delas nos fragmentos florestais, em geral, favorece-se também a ocorrência de incêndios principalmente nos períodos mais secos do ano (ATTANASIO, 2008).

3.8. Implantação de plantio total em áreas muito degradadas

Esse método normalmente é utilizado em regiões muito degradadas, com pouco ou nenhum fragmento natural remanescente na paisagem, ou seja, uma área em que o ecossistema original foi substituído há muito tempo.

Para esse tipo de recuperação é fundamental estudar e buscar conhecer qual a formação originalmente ocupava aquele local, evitando equívocos na escolha de espécies que serão utilizadas.

No plantio em área total são realizadas combinações de espécies em módulos ou grupos de plantio, visando a implantação dos estádios mais finais de sucessão (secundarias tardias e clímax) conjuntamente com espécies dos estádios mais iniciais de sucessão (pioneiras e secundarias iniciais). Assim, são compostas unidades de substituição de espécies de diferentes grupos ecológicos no tempo, caracterizando um processo de sucessão. Para essa combinação sugere a implantação de dois grupos conhecidos como de preenchimento e grupo de diversidade. O grupo de preenchimento é constituído de espécies que possuem um bom grau de crescimento, boa cobertura de copa, proporcionando o rápido fechamento da área plantada. Esse grupo cria um ambiente favorável ao desenvolvimento de espécies do grupo de diversidade. O grupo de diversidade consiste em espécies que não possuem bom crescimento ou de cobertura de copa, porem é fundamental para garantir a perpetuação da área plantada já que estas irão substituir as do grupo de preenchimento. Indica-se que a metade das mudas utilizadas no plantio deve conter entre 10 e 15 espécies do grupo de preenchimento e a outra metade o máximo possível do grupo de diversidade.

Porem vale frisar que poucos viveiros contam com grande riqueza de espécies, constituindo assim um fator complicador a obtenção das mudas necessárias para essa formação natural (ATTANASIO, 2008). 

3.9. Plantio Manual

Existem diferentes modelos de plantio que podem ser adotados na implantação de mudas nativas em área total.

A muda deverá ser colocada no centro da cova, mantendo-se o colo um pouco abaixo do solo, o qual deve ler levemente compactado. As covas devem ter dimensões mínimas de 40 cm x 40 cm x 40 cm. Deve ser realizada a irrigação com 4 a 5 litros de água logo após o plantio caso o solo não esteja úmido. O plantio deve ser realizado preferencialmente em épocas chuvosas assim evitando a necessidade de irrigação período pós-plantio (ATTANASIO, 2008).

3.10. Monitoramento e Manuntenção da área restaurada

  • Monitoramento

O monitoramento é uma importante etapa na restauração de uma área, pois permite confirmar se as ações implantadas em uma determinada área estão efetivamente recuperando a vegetação. Este monitoramento pode ocorrer por meio de análises de indicadores, a fim de levantar a ocupação gradual e crescente da área por diversas espécies nativas. Esses aspectos serão exigidos pelos órgãos fiscalizadores e pelas certificadoras na aprovação do plano de recuperação da área degradada (ATTANASIO, 2008).   

  • Manutenção

A manutenção das áreas restauradas deve ser realizada até o total recobrimento do solo pela sombra das copas das árvores. Basicamente podemos citar algumas práticas necessárias para manutenção e monitoramento das áreas restauradas como: Controle das espécies competidoras, coroamento, controle periódico de formigas, replantio, adubação de cobertura entre outras técnicas (ATTANASIO, 2008).

4. MATERIAL E METODOS

4.1. Área de estudo

O estudo foi realizado na propriedade denominada Loteamento Residencial Tiradentes (Figura 1), localizado na Rodovia Geraldo Martins Costa, s/nº no município de Poços de Caldas – MG, pertencente à empresa FORMAT – Fornecedora de Materiais LTDA. O loteamento encontra-se em fase final de aprovação pela prefeitura municipal de Poços de Caldas e já disponibiliza ruas pavimentadas, lotes demarcados, energia elétrica, distribuição de água e rede coletora de esgoto.

A empresa FORMAT – Fornecedora de Materiais LTDA é uma empresa que trabalha no ramo Imobiliário na implantação de loteamentos e condomínios no município de Poços de Caldas e região.

Figura 1: Imagem de satélite do Loteamento Residencial Tiradentes

4.2. Levantamento da caracterização ambiental

O levantamento da caracterização ambiental é importante para entender e descrever os fatores ambientais da região e assim propor medidas corretas a fim de proporcionar uma melhor recuperação dessa área. Fatores que foram analisados:

  • Relevo e Geologia

Foi realizada uma caracterização do relevo do município e região através dos mapas do IBGE, escala 1:50.000 e pagina do perfil de Poços de Caldas disponível no site do município.

  • Solo

Foi realizada uma caracterização do relevo do município e região através dos mapas do IBGE, escala 1:50.000 e pagina do perfil de Poços de Caldas disponível no site do município.

  • Clima

Foram estudadas as condições climáticas do município de Poços de Caldas e região com levantamento das temperaturas médias, umidade relativa do ar, períodos chuvosos e de estiagem. Estes estudos foram realizados através da pagina do perfil de Poços de Caldas disponível no site do município.

  • Caracterização Hídrica

Este estudo foi realizado através das plantas do IBGE e a pagina do perfil de Poços de Caldas disponível no site do município onde foi possível identificar o curso d´água onde será implantado o PRAD para recuperação da Área de Preservação Permanente (APP) degradada e uma descrição sucinta da característica da região.

  • Caracterização da Vegetação

Foram realizados estudos referentes à vegetação através dos dados fornecidos pelo órgão ambiental estadual de Minas Gerais através da pagina do Inventário Florestal de MG e a pagina do perfil de Poços de Caldas disponível no site do município. Através do inventário foi elaborado uma lista de espécies arbóreas nativas para recuperação da área degradada.   

4.3. Levantamento de campo

  • Estudo da Área degradada

Na área de estudo (degradada) foi realizado um diagnostico identificando qual perímetro seria necessário recuperar e quais espécies da flora ocorriam no local.

Através da utilização de GPS foram anotados os pontos de coordenadas geográficas do local degradado, e posteriormente locado em planta topográfica da propriedade. Com esses pontos e a utilização do software Auto Cad será calculada a área que será necessária recuperar.

  • Definição da distribuição e quantidade de espécies

Através dos estudos relacionados e da lista de espécies com potencial de uso para recuperação da área degradada, foi definido o espaçamento que será empregado no plantio e quantidade de espécies utilizadas para o reflorestamento.

  • Implantação

Através dos estudos realizados e dos artigos citados nesse projeto foi definido como deverá ser realizado a implantação do PRAD como medidas a serem tomadas para controle de formigas, adubação, calagem, coveamento, coroamento e monitoramento através da técnica de replantio.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Levantamento da caracterização ambiental

  • Relevo e Geologia

O município de Poços de Caldas está localizado a sudoeste do estado de Minas Gerais na divisa de estado com São Paulo. Possui altitude média de 1200 metros com área total de 544 km². O município se encontra em grande parte sobre planalto composto por montanhas, campos e vales. Essa região é denominada planalto de Poços de Caldas que se localiza na borda ocidental da Serra da Mantiqueira, estendendo-se pelos extremos orientais da Bacia Sedimentar do Rio Paraná formando um conjunto morfoestrutural bem caracterizado. Com relevo predominante montanhoso o Planalto de Poços de Caldas tem estrutura de formato dômico individualizado por crista e escarpas abruptas de forma externa circular com cerca de 30 km de diâmetro e 800 Km2 em superfície. A região circundante à estrutura circular assenta-se em altitudes ao redor de 800m, enquanto que as cristas de suas bordas sustentam-se em cotas de cerca de 1500 a 1600m e as suas porções internas, em 1300m. As rochas encaixantes são gnaisses e granitoides proterozóicos.

As litologias são predominantemente plutônicas (foiaitos) e sub-vulcânicas (tinguaítos), com representantes extrusivos (fonolitos, leucititos, lavas ankaratríticas, tufos, aglomerados e brechas vulcânicos) subordinados, porém com expressiva distribuição por toda a área do Complexo (Prefeitura de Poços de Caldas, s.d.).

  • Solo

O solo tem características geológicas diversas na extensão do município e são formados principalmente por extensa intrusão de rochas alcalinas (sienitos nefelínicos), circundado por formações arqueanas. Em geral são argilosos com pequenas ocorrências de arenito e presença de jazidas de bauxita e argila refratárias além das grandes reservas de minérios ferrosos, não ferrosos e radioativos (PREFEITURA DE POÇOS DE CALDAS, s.d.).

  • Clima

O Estado de Minas Gerais está situado em uma região de transição climática dentro do território brasileiro, apresentando um clima bastante variado.

O município de Poços de Caldas localiza-se no Sul de Minas Gerais, entre o Equador e o Trópico de Capricórnio. Somente este dado, já incluiria o município na região de clima tropical do planeta, com temperaturas altas, superiores a 18ºC em todos os meses do ano.

Entretanto, o município de Poços de Caldas apresenta um clima que sofre interferência de sua topografia e do seu relevo acidentado, onde ocorrem altitudes em torno de 1.200 metros que funciona como um regulador da temperatura, não permitindo que ultrapasse a máxima de 31,7 ºC no verão e mínima de -6ºC no inverno, com uma média anual de 15ºC, podendo registrar, logicamente, temperaturas diárias no verão e no inverno, superiores ou inferiores a média climatológica.  A circulação atmosférica, de origem tropical, é influenciada por correntes de ar do quadrante sul e por sistemas localizados em vale-montanhas.  

O clima de Poços de Caldas é caracterizado por duas estações climáticas que, de maneira geral, podem assim ser resumidas: uma, de maio a agosto, caracterizada por temperaturas mais baixas e menores precipitações; outra, de setembro a abril, período de temperaturas mais elevadas e maior pluviosidade. Os registros pluviométricos revelam um total anual da ordem de 1.745 mm, sendo julho o mês onde se registram os menores índices (25,6 mm) e dezembro os maiores (284,5 mm). Aos dados de precipitação e os de temperatura é que se pode classificar o clima de Poços de Caldas, de acordo com a classificação de Köppen, como do tipo Cwb (mesotérmico com verões brandos e inverno seco). O município apresenta uma umidade relativa média de 79% e aproximadamente 190 dias de ocorrência de chuva por ano (PREFEITURA DE POÇOS DE CALDAS, s.d.).

  • Caracterização Hídrica

A rede de drenagem que banha o Planalto de Poços de Caldas integra a bacia do federal do Rio Grande e no âmbito estadual a Bacia dos Rios Pardo e Mogi-Guaçu. A drenagem primária forma-se a partir das bordas elevadas do maciço e apresentam padrão radial-centrífugo.

É no maciço de Poços de Caldas que nascem alguns dos rios que formarão o Rio Grande que, juntamente com o Rio Paraíba, forma o rio Paraná. São todos rios de planalto e, como tal, apresentam curtos trechos de navegabilidade, porém, em contrapartida, elevado potencial de aproveitamento hidrelétrico. No maciço destaca-se o rio das Antas, que é tributário do Rio Pardo.  Os principais rios de Poços de Caldas são: Rio das Antas, Ribeirão de Caldas, Ribeirão da Serra, Ribeirão das Vargens, Ponte Alta, Ribeirão dos Poços e Ribeirão do Cipó, e os córregos: Chapadão, Amoras, Chiqueirão e Laranjeiras. A área de preservação permanente onde será promovida a recuperação está às margens do Córrego das Vargens que desagua no Rio das Antas (PREFEITURA DE POÇOS DE CALDAS, s.d.).

  • Caracterização da Vegetação

O município apresenta dois tipos básicos de vegetação natural sendo o primeiro de campo constituído por gramíneas rústicas e arbustos baixos principalmente nas zonas mais elevadas e o segundo de floresta tropical de baixa densidade permitindo boa entrada de luz solar favorecendo o crescimento da vegetação arbustiva e herbácea. Devido o município estar localizada em grandes altitudes há pinheiros agrupados em pequenos grupos e isolados da mata.

O fragmento florestal apresenta três estratos bem diferenciados, sendo que o superior apresenta altura de 20 a 30 m e tem como espécies características o pinheiro, o pinheirinho, a canela-amarela e o sassafrás. Os campos altimontanos ocorrem em altitudes acima de 1000 m, razão pela qual também são chamados de "campos de altitude". Caracterizam-se por apresentar cobertura herbácea, muitas vezes contínua e no interior da qual podem aparecer arbustos isolados. Dentre as espécies características dos campos do maciço de Poços de Caldas pode-se citar Aristida sp. e Miconia sp. (Rodrigues, 1984 op. cit.).

A seleção das espécies para o plantio foi baseada em estudos realizados nos fragmentos florestais remanescente da região em questão. A elaboração da lista de espécies foi elaborada a partir do Inventário Florestal de Minas Gerais (quadro 1) onde foi utilizado o fragmento mais próximo da região. O fragmento utilizado possui o mesmo Bioma pertence à mesma bacia hidrográfica e possui fitofisionomia semelhante ao local a ser reflorestado. O fragmento utilizado está denominado no inventário como fragmento n° 124.  

Quadro 1: Lista de espécies arbóreas nativas fragmento n° 124

Nome Comum

Nome Científico

Açoita Cavalo

Luela divaricata

Angico Branco

Anadenanthera colubrina

Aroeira mansa

Schinus molle

Aroeira pimenteira

Schinus terebinthifolius

Cabreúva

Myroxylon peruiferum

Cafézinho

Trichilia elegans

Cambará-de-lixa

Aloysia virgata

Canela Amarela

Nectandra lanceolata

Canela Batalha

Cryptocaria moschata

Canela ferrugem

Nectandra rígida

Canela Rosa

Persea pyrifolia

Canela sassafrás

Ocotea odorífera

Canela-de-cheiro 

Aniba firmula

Canela-do-cerrado 

Ocotea corymbosa

Canelinha

Nectandra megapotamica

Canjarana

Cabraela canjerama

Capororoca

Raphanea Guianensis

Cedro

Cedrela fissilis

Dedaleira

Lafoensia pacari

Embiruçu

Erioteca graciplipes

Falso barbatimão

Cassia Leptophylla

Farinha seca

Pithecelobium edwalli

Fruta de Tucano Cinzeiro

Vochysia tucanorum

Guaçatonga

Casearia sylvestris

Guaperô 

Clethra scabra

Guapuruvu

Schyzolobium parahyba

Guatambu

Aspidosperma ramiflorum

Ingá-quatro-quinas 

Inga vera

Ipê amarelo

Tabebuia alba

Ipê mirim

Tecoma stans

Jacarandá mimoso

Jacaranda mimosae

Jequitibá branco

Cariniana estrelensis

Jequitiba Rosa

Cariniana estrellensis

Leucena

Leucaena leucocephala

Louro Pardo

Cordia trichotoma

Mamica de porca

Zanthoxylullum riedelianum

Monjoleiro

Piptadenia gonocantha

Óleo de copaíba

Copaifera langsdorffii

Paineira

Chorisa speciosa

Palmeira juçara

Euterpe edulis

Palmito Açaí

Euterpe oleraceae

Pau Formiga

Triplaris brasiliana

Pau Macaco

Enterolobium contortisiliquum

Pau Pereira

Platycyamus regenelli

Pau-pombo 

Tapirira obtusa

Pitanga-preta 

Eugenia florida DC.

Sibipiruna

Caesalpina pelthoforóides

Siparuna 

Siparuna guianensis

Suinã

Erytrina faucata

Vassourão-branco 

Piptocarpha axillaris

(Fonte: Inventário Florestal de Minas Gerais, s.d.)

5.2. Levantamento de campo

  • Estudo da Área degradada

Na visita realizada foi constada que em grande parte da Área de Preservação Permanente localizada na propriedade seria necessária uma recuperação total. A vegetação local identificada era composta por vegetação rasteira principalmente gramíneas e espécies invasoras (Figuras 2 e 3) identificados no quadro 2.

Figura 1 e 2: Vegetação presenta na Área de Preservação Permanente.

Quadro 2: Vegetação local observada no entorno do empreendimento.

Família

Nome científico

Nome comum

Compositae – Asteraceae

Vernonia discolor

Vassourão-preto

Leguminosae

Machaerium aculeatum

Jacarandá-bico-de-pato

Lythraceae

Lafoensia pacari

Dedaleiro

Myrsinaceae

Rapanea ferruginea

Capororoca

Tiliaceae

Luehea grandiflora

Açoita – cavalo

 

Através da utilização de GPS foram anotadas os limites das coordenadas da área a ser recuperada demonstrados no quadro 3 e posteriormente locados no levantamento topográfico. Com o auxílio do software Auto Cad foi possível calcular a área total a ser recuperada (Figura 3), computando um total de 12.807 m2.

Quadro 3: Coordenadas Geográficas dos limites da área a ser recuperada

Ponto

Longitude

Latitude

Ponto 01

7.584.850

336.930

Ponto 02

7.585.010

336.980

Ponto 03

    7.585.130   

335.890

 

Figura 3: Definição de área total a ser recuperada.

  • Definição da distribuição e quantidade de espécies

A área a ser recuperada trata-se de um local urbano (12.807 m²) sem a presença de vegetação nativa como mencionado anteriormente e para a reconstituição da flora será adotada a recuperação total na área determinada acima. O espaçamento a ser adotado no o projeto será de 3 x 4 metros totalizando o plantio de 1.067 mudas. 

  • Implantação

O processo de revegetação inicia-se com a escolha do período a ser realizado o plantio das mudas. Através da pesquisa realizada foi possível identificar que o período mais propício para o plantio na região é entre setembro até abril com maior registro de precipitações. Com a escolha do período para o plantio a implantação do PRAD será adotada através dos seguintes passos:

1. Controle de formigas

O controle pode ser realizado com iscas granuladas, formicidas não químicos, injeção de água ou gases e destruição do ninho. As iscas granuladas é o método mais utilizado devido à praticidade e a baixa toxidade. As iscas devem ser distribuídas pela área para que as próprias formigas as levem para o interior do formigueiro. A utilização de iscas não deve ser realizada em dias chuvosos e as iscas não devem ser distribuídas em solos úmidos.

O controle deve ser realizado 30 dias antes do plantio de forma sistemática pela área (10 gramas a cada 3m x 10m) e diretamente junto aos olheiros (20 gramas por olheiro).

Após o plantio deve ser realizado um repasse periodicamente a cada 15 dias nos primeiros dois meses e após esse período a cada dois meses até completar o 2º ano após o plantio.

2. Controle das espécies invasoras

O controle de espécies invasoras será realizado com antecedência de 15 dias ao plantio. Deverá ser realizado através de controle manual e mecânico através de ferramentas para corte e remoção das plantas invasoras como, por exemplo, os seguintes equipamentos: machado, motosserra e enxadão. É importante realizar esse controle para evitar que as espécies invasoras possam inibir a germinação, crescimento ou até matar as mudas a serem plantados no reflorestamento. 

3. Calagem

A aplicação de calcário é uma prática fundamental, quando os teores de Ca e Mg trocáveis no solo forem muito baixos. No caso de reflorestamentos o principal objetivo da calagem não é somente elevar o pH, mas, aumentar a disponibilidade de Ca e Mg para as mudas que serão plantadas. A aplicação deverá ser realizada a lanço, em área total ou faixas, nas linhas ou entre linhas de plantio e as dosagens deverão ser orientadas baseadas nos resultados das análises de solo que deverá ser realizada antes do plantio e conforme prescrito por profissional habilitado.

4. Coveamento e Adubação

O preparo das covas poderá ser realizado através de maquina de covas ou até mesmo enxadão onde deverá resultar em cova com dimensão de 40x40x40 cm para cada muda a ser plantada. A terra removida para abertura da cova deverá ser misturada com o adubo escolhido. 

Após a abertura da cova e preparo do solo retire a muda com cuidado do saco plástico e coloque no centro da cova e preencha com a mistura de terra e adubo até preencher toda a cova. Pressione o solo com a mão para que fique firme evitando compacta-lo demais. 

Sugere-se como adubação para o presente PRAD a utilização de 200 gramas/cova de fertilizante N:P:K 06:30:06, ou outro equivalente com elevado teor de fósforo. Também se recomenda a utilização de 5 a 10 litros de esterco de curral bem curtido, que deve ser misturado à terra que irá preencher a cova.

5. Coroamento

O coroamento deverá ser realizado em um raio de 50 cm ao redor da muda plantada removendo e promovendo o controle de toda e qualquer vegetação dentro desse raio. Poderá ser realizado através de enxada o qual se remove o mato a uma profundidade de cinco cm do solo a fim de diminuir a rebrota. Ou pode ser realizado pela aplicação de herbicida diluído e aplicado com um pulverizador em um raio de 50 cm ao redor da muda. A aplicação de herbicida somente é recomendada para indivíduos regenerantes com porte acima de 50 cm de altura para evitar o contato da planta com o herbicida.

Replantio

O replantio consiste na reposição das mudas que morreram, devendo ser realizado sempre que a mortalidade for superior a 5%. O replantio indicado para o PRAD atual será realizado após 60 dias do primeiro plantio através de verificação in loco e as mudas escolhidas deverão ter a mesma função no processo de restauração das que morreram.

6. CONCLUSÃO

As atividades desenvolvidas mostram a importância da realização de um estudo prévio para recuperação de áreas degradadas. Este estudo é realizado por meio do Plano de Recuperação de Área Degradada que através de uma pesquisa da caracterização ambiental local e diagnóstico realizado in loco é possível indicar o modelo correto para promover a recuperação da área de modo que o local atinja a situação mais próxima às condições anteriores a degradação. No plano constam quais os principais cuidados e medidas que deverão ser tomadas como intuito de obter o retorno do equilíbrio ecológico local o mais rápido possível e melhor aproveitamento do reflorestamento. Adotando a realização de um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) previamente, o usuário poderá promover uma restauração ecológica de maneira técnica e correta com procedimentos que visam os melhores resultados e rentabilidade do reflorestamento a ser realizado.

7. REFERÊNCIAS

ATTANASIO, C. M. Manual Técnico Restauração e Monitoramento da Mata Ciliar e da Reserva Legal para Certificação Agrícola. Piracicaba: Imaflora, 2008. 59 p

BRASIL. Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponivel em: . Acesso em: 06 abr. 2013.

BRASIL. Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Disponivel em: . Acesso em: 06 abr. 2013.

CINTRA, F. L. D.; MIELNICZUK, J.; SCOPLE, I. Caracterização do impedimento mecânico em um Latossolo Roxo do Rio Grande So Sul. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 7, p. 46-47, Setembro 1983.

INSTITUTO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - INEA. Projetos de Recuperação de Área Degradada. Disponivel em: . Acesso em: 06 abr. 2013.

INVENTÁRIO FLORESTAL DE MINAS GERAIS. Inventário Florestal da Flora Nativa e dos Reflorestamento MG. Disponivel em: < http://geosisemanet.meioambiente.mg.gov.br/inventarioFlorestal/>. Acesso em: 20 jun. 2013.

MALAVOLTA, E.; ROMERO, J. P. Manual de Adubação. São Paulo: ANDA, 1975.

MELLO, F. D. A. F. Fertilidade do Solo. 3. ed. Piracicaba: Nobel, 1983.

Prefeitura de Poços de Caldas. Clima. s.d. Disponivel em: . Acesso em: 27 out. 2013.

Prefeitura de Poços de Caldas. Geografia. s.d. Disponivel em: . Acesso em: 27 out. 2013.

Prefeitura de Poços de Caldas. Relevo. s.d. Disponivel em: . Acesso em: 27 out. 2013.

RODRIGUES, R. R.; FILHO H. F. L. Mata ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: EDUSP, 2000.

8. CRONOGRAMA

Etapas do Projeto

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ

1. Escolha do orientador e tema do trabalho e objetivo da pesquisa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2. Levantamento do material bibliográfico

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3. Elaboração de Material e Métodos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4. Discussão e Correção

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5. Elaboração da apresentação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6.  Apresentação à banca

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

7. Execução do Projeto aprovado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

8.  Obtenção de resultados e discussão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

9.  Correção

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

10.  Finalização do trabalho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

11.  Elaboração da apresentação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

12.  Apresentação à banca

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Publicado por: Kesley Luis

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