PANDEMIA DO COVID-19 E ÊXODO URBANO: FACES E TRANSFORMAÇÕES NA INTERAÇÃO COM AS GRANDES CIDADES BRASILEIRAS

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1. RESUMO

Para entender o contexto histórico do êxodo urbano é importante entender como ocorrem as emigrações em massa de determinados lugares e quais as causas desses acontecimentos. Ao contrário do êxodo rural que foi estimulado durante a revolução industrial no século XVIII, onde a população saia do campo em busca de oportunidades de trabalho nas grandes cidades, e condições de vida mais favoráveis, o êxodo urbano se contrapõe nesse sentido. Ao longo das décadas elas têm tido uma grande influência, principalmente no início do século XX, e está diretamente ligado a grandes crises sociais, econômicas e principalmente sanitárias. Um acontecimento histórico relacionado ao êxodo urbano foi o que ocorreu na cidade de Nova York no início da década de 1920, ocasionado pela pandemia da gripe espanhola, que resultou em uma grave crise socioeconômica. A pandemia do COVID-19 foi um acontecimento mundial, o que levou países e governos decretarem diversas restrições, e um isolamento social rígido mundo afora, mudando assim a forma e o pensamento como as pessoas interagem com seus ambientes residenciais e os espaços de trabalho, gerando um imenso impacto econômico e cultural dentro da sociedade. No Brasil se intensificou com o agravamento da crise econômica acarretando uma insalubridade e insustentabilidade, fazendo com que as pessoas se refugiassem longe dos centros urbanos, buscando um menor custo de vida, e uma melhora na qualidade de vida. “Dados do Grupo Imobiliário Zap, indicam um aumento expressivo na busca por imóveis no interior de São Paulo. A procura por imóveis com mais de 100 quilômetros de distância da cidade de São Paulo cresceu 340%, entre janeiro e maio de 2020” (InfoMoney, 2020). A pandemia do Covid-19 abriu um precedente para um pensamento crítico sobre como tem sido feito o uso das cidades e o cotidiano exaustivo dos grandes centros urbanos, tendo em vista que a desigualdade é um fator divisório quando se trata de quem vai deixar ou permanecer nas cidades, esse fato é gerado de acordo com o viés de pensamento um tanto distópico, pois a realidade que se atribui para uns não se replica para os demais. A condição financeira é determinante nesse sentido, pois quem tem maiores poderes aquisitivos consequentemente terá uma maior flexibilidade para emigrar para o interior e manter-se seguro, tanto por aspectos de saúde quanto econômicos. Entretanto, isso se torna um fato preocupante, pois esse êxodo urbano não é baseado na realidade de todos, mas sim em uma pequena parcela da população, onde os mais vulneráveis se arriscam e colocam a própria vida em risco em detrimento da manutenção de suas rendas, principalmente pela falta de amparo de serviços públicos básicos e de assistencialidade. O êxodo urbano nesse contexto vende uma proposta de novas moradias e trabalhos remotos que podem ser realizados a distância, fomentando a desistência dos indivíduos perante os grandes centros urbanos, levando a crença de que as cidades não são mais espaços de vivência e interação de indivíduos, mas apenas ambientes de trabalho e sobrevivência. Através de uma pesquisa buscamos analisar o fenômeno do êxodo urbano está ligado que está diretamente associado à flexibilização dos locais de trabalho, alinhada à vontade de morar em lugares mais agradáveis, com um custo de vida menor e longe dos centros urbanos.

Palavras Chave: Centros urbanos, covid-19, êxodo urbano.

2. INTRODUÇÃO

O êxodo urbano é uma prática utilizada de tempos em tempos quando crises sociais ou até mesmo sanitárias são anunciadas. O termo êxodo urbano é utilizado para explicar o abandono de uma população da área urbana de determinada região, indo em sentido ao campo, a zona rural. A saída da cidade para o campo ocorre devido a fatores que podem estar relacionados a questões econômicas, de disponibilidades de recursos, qualidade de vida, entre tantos outros fatores que levam determinada população a se deslocar dos centros urbanos rumo às áreas rurais (SILVA, 2014).

Desde o século XVIII no início da Revolução Industrial, o êxodo tem sido majoritariamente rural, tendo em vista que as necessidades e demandas dos indivíduos centralizaram-se nos centros urbanos, fazendo com que as pessoas migrassem para a cidade buscando melhores condições de vida para suas famílias. Atualmente, esse movimento vem acontecendo de forma inversa, em face dos habitantes da cidade considerarem que existe uma ausência de infraestrutura, espaços públicos e uma boa arquitetura, permitindo uma relação saudável da cidade com os indivíduos. Historicamente falando, os fenômenos de êxodo urbano acontecem geralmente em crises sociais.

A saída da população europeia dos centros urbanos no período do Império Romano, no momento de sua decadência, principalmente após as invasões bárbaras, que levaram a massa da população europeia a migrar para o campo, sendo que durante a ascensão do Império Romano, a cidade possui cerca de um milhão de habitantes, o que resultou na baixa qualidade de vida, devido a falta de alimentos, pois o campo havia perdido muitos de seus habitantes que migraram para as cidades em busca de melhores condições (SILVA, 2014).   

A pandemia do COVID-19 assolou todos os países do mundo de um modo geral, e foi ocasionada pelo coronavírus SARS-CoV-2. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2019), o surgimento ocorreu em 31 de dezembro de 2019, a qual foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. Tratava-se de uma nova cepa (tipo) de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos. A partir daí, governos mundiais declararam estado de calamidade pública, obrigando praticamente todos os países a fecharem suas fronteiras e iniciarem os protocolos de saúde e medidas restritivas de isolamento social recomendados pela própria Organização Mundial da Saúde.

Como o agravamento da Pandemia do Covid-19 no Brasil ao longo dos meses, dada pelas restrições sanitárias e distanciamento social, as pessoas se viram obrigadas a mudar radicalmente suas formas de interação com os espaços públicos, ambientes de trabalho e ambientes residenciais. Por consequência desses fatores, o êxodo urbano tornou-se iminente para uma parcela significativa da população, pelo fato da inconsistência e precariedade tanto dos espaços públicos para prestação de serviços básicos à população, quanto a falta de estrutura residencial capaz de sustentar um modelo de teletrabalho e home-office. Portanto, muitas pessoas optam por sair de suas cidades em busca de uma melhor qualidade de vida no interior, visando um custo de vida mais baixo.

Historicamente falando, o que caracteriza o êxodo urbano frente às grandes cidades, parte de um pressuposto relacionado diretamente a crises pandêmicas, sociais e econômicas, o que faz com que esse movimento ganhe mais força, pois para Noelle (2021) há uma movimentação de pessoas voltando para suas regiões ou cidades de origem – no interior – pelo fato de perderem sua fonte de renda durante a pandemia e se verem obrigadas a voltarem para perto de suas famílias.

Todo o contexto em volta das saídas massivas das grandes cidades vai se intensificando a partir de uma exaustão do modo de vida urbano, consequentemente os indivíduos acabam optando por uma vida mais estável no interior das cidades onde se tornam menos vulneráveis economicamente.              

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Esse trabalho tem como objetivo geral analisar o contexto das migrações em torno em massa ocasionadas por crises sanitárias e suas consequências e transformações no meio urbano.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICO

  • Analisar as principais causas do agravamento da COVID-19 em meio urbano;
  • Abordar como está a questão econômica nas grandes cidades;
  • Englobar o abandono da zona urbana indo em sentido a zona rural;
  • Analisar a emigração durante o período da pandemia atual;

4. METODOLOGIA

No presente trabalho, foi realizado um estudo através da literatura disponível em “hypeness”, “conhecimento científico”, “infoEscola”, “paho”, “sescsp”, “wribrasil”. Na pesquisa, foram utilizados os descritores em português “êxodo urbano”, “COVID-19”, “pandemia”, “emigração durante a pandemia da COVID-19” e “planejamento urbano”. Foram analisadas as publicações realizadas até o ano de 2021.

Os seguintes critérios de inclusão foram adotados: (a) pesquisas online em português; (b) sites e plataformas educacionais que abordassem o tema central da pesquisa com foco no êxodo urbano. Como critérios de exclusão foram excluídos trabalhos de conclusão de curso, comentários e casos que não abordavam o objetivo principal da pesquisa.

Assim, após análise dos dados estatísticos em relação aos casos de desempregos e o que isso afetou no êxodo urbano durante a pandemia, foi permitido o desenvolvimento do presente trabalho com as informações mais relevantes e de fontes mais seguras.

5. DESENVOLVIMENTO

5.1. DESIGUALDADE SOCIAL DIANTE DA COVID-19

A pandemia do COVID-19, além de todos os danos que trouxe para saúde da população, um dos problemas mais trágicos foi a desigualdade social, onde a mesma acabou afetando bastante a população de classe baixa.

Assim, no início da pandemia quando o COVID-19 expandiu principalmente para as favelas, periferias e aldeias, acabou gerando um “bloqueio”, criando uma barreira entre as classes sociais. Logo, ocasionou um aumento na desigualdade social, onde as pessoas começaram a distanciar mais um do outro, pararam de se ajudar e começaram a atender às recomendações instruídas pelo Ministério da Saúde que são usar álcool em gel, máscara N95, ficar em casa e manter o distanciamento.

Com tudo isso, aumentou o número de pessoas sem moradia, pessoas desempregadas, passando fome, pedindo ajuda em sinais ou em locais privados. Muitas das vezes essas pessoas não recebem ajuda e ainda sofre discriminação.

Às vezes, a frase “fique em casa” para alguns seja “fácil”, mas para outros tem um sentido de impossibilidade. Pois muitas pessoas na maioria das vezes não têm auxílio ou apoio nenhum do governo e seu sustento é completamente com ajudas nas ruas.

FONTE:encurtador.com.br/hBGL8

Acesso em:19/11/2021.

5.2. EFEITOS DA COVID-19 NO ÊXODO URBANO:MORADIAS ACESSÍVEIS.

Os efeitos adversos da pandemia nos centros urbanos, cria uma situação quase que inadmissível, pois normaliza o cotidiano da vida urbana em meio ao caos sanitário. As cidades brasileiras vão além e aprofundam essa crise, trazendo consequências diretas para a população menos favorecida. Os impactos do COVID-19 sentido nas cidades são gradativos e praticamente irreversíveis. Encolhimento da economia e o exponencial aceleramento do trabalho remoto é um acontecimento quase inevitável, mas apenas destinado para setores privilegiados.                             

O êxodo urbano ocasionado pela COVID-19 impacta diretamente a configuração da cidade como um todo, impulsionando essa movimentação da população para fora da cidade. A migração das pessoas para o interior se dá pela insatisfação com o trânsito, poluição e criminalidade, da qual as mesmas não se veem mais confortáveis no espaço urbano fadado a cumprir cada vez menos com suas funções de segurança, lazer e bem estar social. Portanto essa busca pelo interior das cidades se dá por conta da flexibilidade de se trabalhar remotamente de onde estiver, e como a internetização do interior viabiliza para as pessoas buscarem moradias mais acessíveis e mais baratas.                                                                                 

A possibilidade de experimentar novas relações sensoriais com a natureza, trabalhar como um "nômade" e ter acesso a moradias mais baratas, abre um leque de possibilidades para as pessoas começarem a ter uma percepção diferente dos centros urbanos, pois sentido de trabalho e lazer pode mudar completamente como as pessoas interagem com as cidades.

FONTE:encurtador.com.br/hqBHZ

Acesso em: 22/11/2021

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista as perspectivas observadas, buscamos refletir como encontra-se o país diante da pandemia do COVID-19. É possível notar que mesmo com todo apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e os auxílios disponibilizados pelos governos estaduais e federais desde o início da pandemia, ainda existem muitas pessoas em situação de extrema pobreza enfrentando diversas dificuldades diante do alto número de desemprego.

Diante dos aspectos supracitados, muitas pessoas acabam optando por meios alternativos de conseguir recursos financeiros para se manterem, decidindo-se a seguir para o campo em busca de qualidade de vida.

7. REFERÊNCIAS

ARRAIS, Tadeu Alencar. Êxodo urbano. Disponível em: https://www.sescsp.org.br/online/artigo/15303_EXODO+URBANO. Acesso em: 20 out. 2021.

BEGHIN, Nathalie. O Auxílio Emergencial faz diferença na vida das mulheres. Disponível em: https://www.inesc.org.br/o-auxilio-emergencial-faz-diferenca-na-vida-das-mulheres/?gclid=CjwKCAiAv_KMBhAzEiwAs-rX1LqconNPyQ4VMrC-3hAQZ9VH_8B3Sn8z4x4_2Bg3Q4WhNsNnCzVu3xoCDGEQAvD_BwE. Acesso em: 19 nov. 2021.

BERG, Rogier van Den. Planejamento urbano e epidemias: os efeitos da Covid-19 na gestão urbana. Disponível em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2020/04/planejamento-urbano-e-epidemias-os-efeitos-da-covid-19-na-gestao-urbana. Acesso em: 17 nov. 2021.

DASAUDE, Organização Pan-Americana. Histórico da pandemia de COVID-19. Disponível em: https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19. Acesso em: 20 out. 2021.

FIOCRUZ. Desigualdade social e econômica em tempos de Covid-19. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/desigualdade-social-e-economica-em-tempos-de-covid-19. Acesso em: 19 nov. 2021.

GARCIA, Gabryella. Êxodo urbano e pandemia: as pessoas estão mesmo deixando as cidades? Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2021/04/exodo-urbano-e-pandemia-as-pessoas-estao-mesmo-deixando-as-cidades/. Acesso em: 17 nov. 2021.

GUIMARÃES, Pedro. Êxodo Urbano, o que é? História, conceitos e atualidade. Disponível em: https://conhecimentocientifico.com/exodo-urbano/. Acesso em: 23 out. 2021.

MITIDIERI, Leandro. Pandemia e desigualdade social: a defesa dos vulneráveis no sistema de justiça. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/pandemia-e-desigualdade-social-a-defesa-dos-vulneraveis-no-sistema-de-justica-05102020. Acesso em: 23 nov. 2021.

SILVA, Wellington Souza. Exôdo urbano. Disponível em: https://www.infoescola.com/geografia/exodo-urbano/. Acesso em: 23 out. 2021.

 

BALBINO, Matheus¹; GALVÃO, Erikis²; MACÊDO, Isaac³;

1 Graduando do curso de Arquitetura e Urbanismo (UNIFAP-CE), Juazeiro do Norte, Ceará.

2 Graduando do curso de Arquitetura e Urbanismo (UNIFAP-CE), Juazeiro do Norte, Ceará.

3 Graduando do curso de Arquitetura e Urbanismo (UNIFAP-CE), Juazeiro do Norte, Ceará.


Publicado por: Matheus Santoro Satero Balbino

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