FORMAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NA BAHIA: Competências e Habilidades desenvolvidas para a atuação na Gestão de Produtos dentro da Economia Digital

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1. Resumo

A Engenharia de Produção desempenha um papel estratégico no desenvolvimento socioeconômico de qualquer país, impulsionando a eficiência, a inovação e a competitividade dos mais diversos setores produtivos. Com a crescente influência da economia digital, caracterizada pelo desenvolvimento e oferta de produtos e serviços totalmente virtuais, surge a necessidade de compreender como a formação destes profissionais se alinha a essa nova realidade. Neste trabalho de conclusão de curso, buscou-se analisar o perfil dos egressos de cinco cursos de Engenharia de Produção no estado da Bahia, selecionados através do principal indicador de qualidade em ensino superior do país, com foco na sua capacidade de atuar como Gerentes de Produtos Digitais. Por meio da metodologia de Análise Documental e da identificação das competências e habilidades necessárias nesse campo, o estudo teve como objetivo avaliar a formação oferecida pelas instituições de ensino superior do estado e propor melhorias para acompanhar as demandas emergentes da economia digital. Os resultados revelaram que as faculdades pesquisadas na Bahia estão desenvolvendo habilidades e competências relevantes para o gerenciamento de produtos digitais, indicando uma base sólida de conhecimentos necessários para essa área. No entanto, foi identificada a necessidade de aprimoramentos para garantir um alinhamento mais profundo com as exigências trazidas pela economia digital, que tem impulsionado transformações disruptivas nos mais diversos setores. Diante desse contexto, a pesquisa enfatiza a importância de investir na educação em Engenharia de Produção, promovendo uma atualização curricular que incorpore habilidades específicas para este recente segmento. Essa evolução no ensino superior contribuirá para formar profissionais preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da economia digital, impulsionando o desenvolvimento socioeconômico da Bahia. O alinhamento da formação acadêmica com as demandas emergentes da sociedade é essencial para garantir a competitividade e o progresso sustentável do estado.
Palavras-chaves: Engenharia de Produção. Gerenciamento de Produtos Digitais. Competências. Habilidades. Economia Digital. Bahia. Educação.

Abstract

Production Engineering plays a strategic role in the socioeconomic development of any country, driving efficiency, innovation, and competitiveness across various productive sectors. With the increasing influence of the digital economy, characterized by the development and provision of fully virtual products and services, there is a need to understand how the education of these professionals aligns with this new reality. In this undergraduate thesis, we aimed to analyze the profile of graduates from five Production Engineering courses in the state of Bahia, selected through the country's main indicator of higher education quality, focusing on their ability to work as Digital Product Managers. Using the Documentary Analysis methodology and identifying the competencies and skills required in this field, the study aimed to evaluate the education provided by higher education institutions in the state and propose improvements to meet the emerging demands of the digital economy. The results revealed that the surveyed colleges in Bahia are developing relevant skills and competencies for digital product management, indicating a solid knowledge foundation required for this area. However, the study identified the need for enhancements to ensure a deeper alignment with the requirements brought by the digital economy, which has been driving disruptive transformations across various sectors. In this context, the research emphasizes the importance of investing in the education of Production Engineering, promoting curriculum updates that incorporate specific skills for this emerging segment. This evolution in higher education will contribute to the development of professionals prepared to tackle the challenges and seize the opportunities of the digital economy, driving the socioeconomic development of Bahia. Aligning academic education with emerging societal demands is essential to ensure competitiveness and sustainable progress for the state.

Key-words: Production Engineering. Digital Product Management. Competencies. Skills. Digital Economy. Bahia. Education.

2. Introdução

Desde o início do milênio, com a amplificação da utilização da internet e bens digitais, uma nova economia emergiu e estabeleceu-se como protagonista durante o período pandêmico de 2020 e 2021: a Economia Digital. Como Meirelles (2022) afirma, em poucos meses do início da pandemia, houve uma antecipação do processo de Transformação Digital de 1 a 4 anos. Consequentemente, o gerenciamento de informações, o consumo, a forma de trabalho, a comunicação, os relacionamentos pessoais e mais uma série de atividades passaram também a acontecer dentro do ambiente digital.

Com isso, organizações foram criadas ou se reinventaram a partir dessa nova realidade, e dentro desse contexto ganha-se destaque um novo profissional. Suas atribuições incluem pesquisar atuais ou futuros problemas que possam ser solucionados pela organização na qual está inserido, gerenciar o desenvolvimento e a entrega desta solução para o consumidor final, além de trabalhar para garantir o sucesso deste produto. A profissão em questão é a de Gerente de Produtos Digitais (GPD), que surge dessa nova demanda da sociedade e figura frequentemente nas pesquisas da World Economic Fórum como uma das profissões do futuro. (WEF, 2021)

Ademais, os graduados em Engenharia de Produção (EP) possuem uma combinação única de habilidades técnicas, analíticas e de negócios que os tornam adequados para uma carreira em gerenciamento de produtos digitais.

O engenheiro de produção deve possuir um perfil profissional generalista, ou seja, um conjunto de competências amplas que lhe permitam adaptar-se às constantes mudanças do mercado de trabalho. Dentre as habilidades que ele deve desenvolver, destacam-se a capacidade de liderança, a visão estratégica, o pensamento analítico e crítico, a criatividade, a comunicação e a capacidade de trabalhar em equipe" (FRAGOSO, 2015, p. 23).

A saber, são profissionais treinados em diversas áreas relacionadas ao projeto, implementação e gerenciamento de sistemas de produção. Isso inclui conhecimento de processos de fabricação, ciência de materiais, logística, gerenciamento da cadeia de suprimentos, controle de qualidade e outros campos relacionados. Embora a graduação possa não se concentrar especificamente em produtos digitais, estima-se que as habilidades que são aprendidas acabam sendo altamente aplicáveis ​​ao mesmo.

Sendo a segunda Engenharia com mais cursos de graduação no Brasil, segundo relatório produzido pelo Ministério da Educação (MEC), a EP registrou em 2017 mais de 19 mil concluintes nas modalidades Ensino à Distância (EaD) e Presencial em Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas.

Apesar de possuir indicadores abaixo da média mundial da quantidade de engenheiros por habitante, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2016), esse número cresceu na última década e representa uma população de profissionais, pelo menos, minimamente qualificados para atuar na promoção do desenvolvimento e inovação dentro de diversas organizações a partir do gerenciamento de produtos digitais.

Dessa forma, é possível observar a ascensão de uma profissão remodelada para esta recente demanda da sociedade, cujo ambiente digital permeia cada vez mais no dia a dia das pessoas e organizações. Igualmente, existe uma gama de profissionais que aumenta a cada ano no Brasil, que possuem habilidades e competências (H&C) para atuação cujo impacto e demanda tem sido reduzido paulatinamente.

2.1. Problema

Segundo o Mapa do Ensino Superior, desenvolvido pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no estado de São Paulo (SEMESP) em 2018, a graduação em EP figura entre um dos cursos que poderão ser extintos ou remodelados até 2030. Essa previsão é baseada nas mudanças em curso ocasionadas pela Transformação Digital, onde através da indústria automatizada e outras inovações que visam a redução do tempo e custos de produção, podem tornar desnecessário o investimento da sociedade na formação técnica tradicional desse profissional.

Além disso, a problemática da lacuna na formação profissional acadêmica e a realidade demandada pela sociedade é nacional. Segundo debate realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2013, sobre a escassez de engenheiros no Brasil, concluiu-se que a falta de trabalhadores graduados na área se deve à má qualidade na formação de alguns deles e ao déficit de competências específicas.

Da mesma forma, ao analisar o estado da Bahia, existem hoje 73 cursos de graduação ativos, número inferior a cinco por cento do total nacional, segundo o banco de dados do MEC, o e-MEC. Destes, apenas um foi avaliado com nota máxima e cinco possuem nota quatro, numa avaliação de um a cinco, no principal indicador de qualidade de cursos de ensino superior, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE). A baixa participação de representantes baianos no seleto grupo de 23 cursos de EP em todo Brasil que obtiveram nota cinco no ENADE, demonstra a necessidade de ajustes na formação destes profissionais nas faculdades e universidades. 

Diante desse cenário, o presente trabalho busca apresentar soluções para o seguinte problema: “Qual a aderência dos profissionais da Engenharia de Produção formados na Bahia a posições estratégicas no ambiente digital, sobretudo na gestão de produtos digitais?”

2.2. Justificativa

Dessa forma, a escolha do tema “FORMAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NA BAHIA: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DESENVOLVIDAS PARA A ATUAÇÃO NA GESTÃO DE PRODUTOS DENTRO DA ECONOMIA DIGITAL” deve-se ao intuito de identificar uma nova contribuição desse agente para com essa nova sociedade, que cada vez mais relaciona-se com o ambiente virtual e seus subprodutos. A partir do século 18, com o advento da revolução industrial e o desenvolvimento da teoria de Administração Científica de Frederick Taylor, o profissional posteriormente denominado Engenheiro de Produção tornou-se peça estratégica no desenvolvimento econômico e social, graças às competências, habilidades e responsabilidades atribuídas a este. (LEME, 1988)

Portanto, incluir dentro da formação do Engenheiro de Produção conteúdos relacionados ao meio digital para que ele possa atender as demandas sociais geradas por essa nova realidade, poderá trazer tal agente para o centro dessa recente Revolução Digital, e contribuir no desenvolvimento das organizações produtivas, cujas externalidades se estendem a todo tecido social.

2.3. Objetivos

2.3.1. Geral

A partir do que foi apresentado até então, o presente trabalho busca analisar a partir de uma matriz comparativa o perfil geral da EP e as H&C necessárias à atuação no GPD. Dessa forma, tem-se os seguintes objetivos específicos:

2.3.2. Específicos

  • Elencar as principais competências e habilidades dos profissionais de EP oriundos de IES da Bahia;
  • Identificar quais são, segundo literatura e pesquisas já existentes, as competências e habilidades necessárias para a GPD;

2.4. Metodologia

2.4.1. Tipo de Pesquisa

A fonte da pesquisa consiste em analisar documentos, e portanto, identificar padrões e tendências a partir das informações disponíveis nos documentos analisados. Dessa forma, segundo Frisoni e Pedroso (2015), este trabalho apresenta como tipo de pesquisa a análise documental. Além disso, Minayo (2010) afirma que a análise documental consiste em um processo sistemático de coleta, seleção, classificação, interpretação e síntese de informações presentes em documentos escritos ou em outros meios de registro. Essa metodologia pode ser aplicada em diversas áreas do conhecimento e em diferentes tipos de documentos, como planos de ensino, programas de disciplinas, projetos pedagógicos, entre outros.

2.4.2. Natureza

Considera-se que o objetivo deste estudo é oferecer uma contribuição para que os cursos de EP do Brasil, sobretudo os da Bahia, possam planejar seus currículos de modo a abranger os requisitos da atuação em gestão de produtos digitais, é possível afirmar que esta pesquisa tem uma natureza aplicada, visto que seu intuito é aplicar o conhecimento às demandas da sociedade (CAUCHICK, 2012).

2.4.3. Objetivo

No que se refere ao objetivo da pesquisa, segundo Lakatos e Marconi (2017) esta é caracterizada como exploratória, uma vez que visa proporcionar familiaridade com a problemática, com o propósito de torná-la mais clara e, portanto, aprimorar as ideias.

2.4.4. Abordagem

A abordagem adotada neste trabalho é qualitativa, pois o objetivo é compreender e interpretar as diferentes Propostas Pedagógicas Curriculares (PPCs) e ademais documentos estratégicos dos principais cursos de graduação em EP na Bahia, em consideração aos distintos ambientes aos quais estão inseridos, e a partir disso realizar uma comparação. Segundo Silva e Menezes (2005), a abordagem qualitativa é adequada quando o fenômeno estudado não pode ser reduzido a números, requerendo uma análise mais detalhada e interpretativa dos dados coletados por meio de entrevistas, questionários ou análise documental. Além disso, a subjetividade do objeto de pesquisa deve ser levada em consideração, exigindo a atribuição de significados e interpretações por parte do pesquisador.

2.4.5. Forma de obtenção de dados

Como a fonte da pesquisa consiste em analisar documentos produzidos por IES localizadas no estado da Bahia que oferecem o curso de EP, como currículos, planos de ensino e projetos acadêmicos, é possível dizer que a forma de obtenção de dados foi realizada através de pesquisa documental. Complementarmente, Gil (2010) afirma que a pesquisa documental é aquela que é elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico.

Ademais, a base de dados oficial dos cursos e IES, o e-MEC, foi uma importante ferramenta para obter dados quantitativos acerca das graduações existentes no Brasil, assim como seus respectivos indicadores de qualidade atualizados.

2.4.6. Fases da pesquisa

Inicialmente, foram coletados dados através de pesquisa documental, com utilização de fontes primárias, tais como informações contidas nos Projetos Pedagógicos dos Cursos, nas Diretrizes Nacionais dos Cursos (DNCs) de Engenharia, materiais da Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO), e em artigos e trabalhos de pesquisa que avaliaram as H&C desenvolvidas pelos egressos durante a graduação. O objetivo do estudo foi compreender quais H&C são atualmente desenvolvidas nos cursos oferecidos pelas IES selecionadas, e em seguida, foram identificadas e listadas as palavras-chave presentes em todos os documentos relacionados aos objetivos de aprendizagem dos alunos.

Em seguida, foi realizada uma revisão bibliográfica como fonte complementar, com o intuito de identificar nas publicações científicas e em cursos profissionalizantes quais são as H&C requeridas para a atuação na área de gestão de produtos digitais. Com a obtenção destes dados, foi realizado então o cruzamento destes através de uma Matriz Comparativa, que segundo Drucker (2019), é uma ferramenta útil para ajudar a identificar áreas em que a empresa está se saindo bem e áreas em que precisa melhorar.

Apesar de o objeto de estudo não ser uma empresa em específico, a Matriz Comparativa cumpre sua finalidade dentro desse trabalho de pesquisa acerca dos cursos de graduação em EP na Bahia. Por fim, foram calculados índices de conformidade quando comparado quais são as H&C desenvolvidas em cada curso, com o que é necessário para atuar com GPD. Dessa forma, foi possível classificar esses índices de conformidade e obter informações para análise dos resultados da pesquisa.

A figura 1 apresenta resumidamente cada uma das etapas descritas.

Figura 1:  Detalhamento das fases da pesquisa

Fonte: Autor (2023)

3. Referencial Teórico

Neste capítulo, serão apresentados conceitos e pressupostos teóricos, visando nutrir o presente trabalho de informações validadas cientificamente, garantindo o apto entendimento de pilares importantes da pesquisa.

3.1. Engenharia de Produção

A EP trata do projeto, aperfeiçoamento e implantação de sistemas integrados de pessoas, materiais, informações, equipamentos e energia, para a produção de bens e serviços, de maneira econômica, respeitando os preceitos éticos e culturais. Tem como base os conhecimentos específicos e as habilidades associadas às ciências físicas, matemáticas e sociais, assim como aos princípios e métodos de análise da engenharia de projeto para especificar, predizer, e avaliar os resultados obtidos por tais sistemas (FLEURY, 2007, p.3).

Igualmente, o referido autor trata de distinguir o Engenheiro de Produção dos demais Engenheiros ao definir que o mesmo precisa conhecer o que é essencial em cada uma das demais áreas da Engenharia, além de saber analisar as relações e interdependências entre os diferentes elementos constituintes de um sistema.

Portanto, é possível constatar a necessidade de visão estratégica e sistêmica no exercício eficiente deste cargo. A partir dessas definições, nos próximos tópicos será apresentado o histórico desse profissional, assim como o início das primeiras escolas de EP.

3.1.1. Histórico Mundial

A EP é uma área de conhecimento que surgiu a partir da intersecção de diferentes campos, como a Engenharia Mecânica, a Administração de Empresas e a Economia. Segundo Martins e Laugeni (2005), a EP tem suas raízes no final do século XIX, quando Frederick Winslow Taylor propôs a aplicação de princípios científicos para melhorar a eficiência e produtividade dos processos produtivos.

Diante deste ponto, este campo científico cresceu rapidamente nos Estados Unidos da América (EUA) e na Europa, com o objetivo de desenvolver novas metodologias e técnicas para a gestão da produção em larga escala. Diversos autores e pesquisadores contribuíram para a consolidação da área, como Frank e Lillian Gilbreth, Henry Gantt, entre outros, ao desenvolverem o denominado “Scientific Management”, fato histórico, geralmente aceito, para a enfim consolidação da EP (LEIGUS, et al. 2009).

Ainda de acordo com Leigus et al. (2009), a EP foi formalizada como profissão nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, quando o país precisou aumentar a produção em larga escala devido à demanda por equipamentos bélicos. Com o surgimento da produção em série já na década de 50, difundida por Henry Ford, a EP ganhou destaque mundial, principalmente pelo crescimento do mercado de consumo pós segunda guerra.

A partir da década de 80, com o surgimento da escola japonesa de produção iniciando o modelo de Gestão de Qualidade Total (GQT) com o Sistema Toyota de produção, a EP incorpora novas formas de gestão. E na década seguinte passa a sofrer influência do modelo de produção baseado no Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (GCS) tendo seus conhecimentos tradicionalmente aplicados na manufatura, também sendo aplicados nos serviços.

A partir dos anos 1980, a EP passou a incorporar cada vez mais conceitos e técnicas de gestão e administração, e também a realizar a integração da produção com outras áreas da empresa, como marketing, finanças e recursos humanos, em busca de soluções mais abrangentes e integradas para os problemas da produção. Essas novas abordagens tornaram-se essenciais para garantir a eficiência e a competitividade das empresas em um mercado cada vez mais globalizado" (CORRÊA; CORRÊA, 2012, p. 6).

Com a virada do século, a EP novamente se desenvolveu impulsionada pelo surgimento de novas tecnologias, e também pela crescente demanda por processos produtivos mais eficientes e sustentáveis. Uma das principais evoluções foi a chamada Indústria 4.0, que de acordo com Schwab (2016), teve início em 2011, na Alemanha. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2016), essa recente fase da indústria é caracterizada pela adoção de tecnologias como Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial, big data e robótica avançada, o que permite a criação de fábricas inteligentes e altamente conectadas.

Portanto, é possível observar que a EP é uma área que vem se adaptando constantemente às mudanças da sociedade. Com o avanço tecnológico e a evolução dos hábitos de consumo, a produção foi obrigada a se reinventar e, com ela, a EP também precisou se adaptar para manter-se necessária.

3.1.2. Histórico no Brasil

No contexto da industrialização brasileira, a partir da década de 1950, foram instaladas empresas multinacionais, com destaque especial para as norte-americanas, que, ao possuírem em seus organogramas departamentos como os de métodos, tempos e movimentos, de planejamento e controle da produção, bem como de controle da qualidade, com posições ocupadas por engenheiros industriais, contribuíram para o início da difusão da EP no Brasil. Há, portanto, no Brasil, como nos EUA e também na Inglaterra, uma relação direta entre a industrialização e a consolidação do campo de conhecimento da EP  (LEME, 1983, p. 87-98).

No Brasil, o primeiro curso em nível de graduação em EP foi criado em 1957 na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), como opção do Curso de Engenharia Mecânica. Os cursos de EP foram organizados, em sua grande maioria, segundo a Resolução 10/77 do Conselho Federal de Educação (CFE), que estabeleceu a EP como habilitação específica, com origem em qualquer outra grande área da Engenharia (Resolução 48/76 do CFE) (UESC, 2010).

Surgiram, então, os cursos de Engenharia de Produção Civil, Engenharia de Produção Mecânica, Engenharia de Produção Elétrica, Engenharia de Produção Química, Engenharia de Produção Metalúrgica e Engenharia de Produção de Minas. Cursos como o da EPUSP e da UFRJ, anteriores à resolução 10/77 eram organizados de forma independente a essas seis grandes áreas da Engenharia (UESC, 2010).

Em 1982 haviam 16 cursos de graduação, tendo este número crescido a 39 até o fim dos anos 90. Graças ao crescimento econômico das duas décadas seguintes, mais de 1800 cursos de graduação relacionados à área estavam ativos (UFOP, 2018). A figura 2 ilustra esse crescimento.

Figura 2: Crescimento do Número de Cursos de EP no Brasil

Fonte: Projeto Memória ABEPRO (2012)

Em julho de 2004, o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA) colocou em discussão, apreciação e votação um projeto de resolução, onde foi reconhecida na categoria profissional da Engenharia o campo profissional da modalidade Produção cujos setores são: Sistemas de Produção e Engenharia de Produto, Qualidade, Engenharia Econômica, Ergonomia, Pesquisa Operacional, Estratégia Organizacional, Conhecimento Organizacional, Meio Ambiente e Engenharia Legal (UFV, 2020).

Desde então, visando responder às necessidades nacionais de desenvolvimento dos estudantes de engenharia no atual contexto, o MEC, através da Resolução CNE/CES nº 2, de 24 de abril de 2019, atualizou as DCNs, onde propôs que as IES, através de um conjunto de atividades claramente elaborado, garantam para o egresso o desenvolvimento do perfil desejado e necessário estabelecendo condições desenvolver H&C para:

I. Formular e conceber soluções desejáveis de engenharia, analisando e compreendendo os usuários dessas soluções e seu contexto; II. Analisar e compreender os fenômenos físicos e químicos por meio de modelos simbólicos, físicos e outros, verificados e validados por experimentação; III. Conceber, projetar e analisar sistemas, produtos (bens e serviços), componentes ou processos; IV. Implantar, supervisionar e controlar as soluções de Engenharia; V. Comunicar-se eficazmente nas formas escrita, oral e gráfica; VI. Trabalhar e liderar equipes multidisciplinares; VII. Conhecer e aplicar com ética a legislação e os atos normativos no âmbito do exercício da profissão; VIII. Aprender de forma autônoma e lidar com situações e contextos complexos, atualizando-se em relação aos avanços da ciência, da tecnologia e aos desafios da inovação. (MEC, 2019)

Por fim, em termos de representação, os docentes, discentes, profissionais e demais pessoas vinculadas à EP no Brasil têm a ABEPRO como organização representativa de seus interesses. Esta entidade também tem como papel a estabelecer a interlocução com relação a atividades de fomento, de organização e avaliação de cursos, junto às instituições governamentais órgãos de apoio à pesquisa estaduais, o MEC e o INEP. A ABEPRO também mantém interlocução e interação com organizações como o Conselho Regional de Engenharias (CREA), CONFEA, e outras com respeito à pesquisa e atuação em EP (ABEPRO, 2023).

3.1.3. Histórico na Bahia

Como apresentado anteriormente, a graduação em EP vem crescendo e se consolidando no Brasil desde a década de 70, quando os primeiros cursos de graduação foram criados no país. Na Bahia, a história da EP teve início no final dos anos 90, quando a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) criou o primeiro curso de graduação no estado, em 1998.

Desde então, IES privadas foram formando seus próprios cursos, como a UNIJORGE, UNIFAMEC, UNIRB e UNIFACS, todas elas iniciadas entre 2002 e 2004, nas cidades de Salvador, que é a capital baiana e possui em sua zona metropolitana a cidade de Camaçari, tida como principal pólo industrial do estado, e Feira de Santana, cidade que teve em 2020 o maior PIB do interior do norte-nordeste do país, ultrapassando R$ 7 bilhões (PREFEITURA DE FEIRA DE SANTANA, 2023).

No ano de 2004, duas IES públicas passaram a oferecer o curso de EP na Bahia: a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Dessa forma, a EP começou a se difundir no estado, abrindo novas possibilidades de formação e atuação profissional. (MEC, 2023)

Ademais, a Universidade Federal de Bahia (UFBA), uma das principais universidades federais do país, só veio a criar o seu curso de EP em 2009, e a Universidade Federal do Oeste Baiano (UFOB), criada em 2014, e a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), criada em 2018, são as mais recentes IES públicas a oferecer o curso no estado. O gráfico representado na figura 3 ilustra o crescimento por ano da oferta destes cursos desde 1998. (MEC, 2023)

Figura 3: Quantidade histórica de cursos de EP na Bahia

Fonte: Adaptado do Portal do Sistema E-MEC (2023)

Dessa forma, é possível observar uma expansão na oferta de cursos de EP no Brasil, bem como na Bahia. Portanto, a criação de novos cursos em universidades públicas e privadas é um reflexo da importância que essa área possui dentro da estratégia de desenvolvimento de um país. Entretanto, essa população de profissionais formados precisa estar preparada, não apenas para as vigentes, como para as futuras, mas breves, demandas da sociedade.

Ademais, no tópico seguinte, serão apresentadas definições sobre o que é Economia Digital, qual o seu desenvolvimento histórico, além de qual sua relevância e impacto para toda sociedade.

3.2. Economia Digital

A Economia Digital é um termo relativamente recente que surgiu no final do século XX para descrever a crescente importância das tecnologias digitais e da internet na economia global (KPMG, 2017). De acordo com Brynjolfsson e McAfee (2014), a economia digital pode ser definida como um sistema econômico que se baseia em tecnologias digitais para criar, armazenar e distribuir produtos e serviços.

Já Tapscott (1997) define como sendo a economia do conhecimento, visto que ela se baseia na aplicação do conhecimento individual a tudo que é produzido e como é produzido.

Na nova economia, mais e mais valor agregado será criado pelo cérebro e não pela força. Muitos trabalhos rurais e indústrias estão sendo transformados em trabalho de conhecimento. Quase 60% (sessenta por cento) de todos os trabalhadores americanos já são trabalhadores do conhecimento e oito a cada dez novos cargos estão em setores da economia em que as informações são intensivas (TAPSCOTT, 1997, p.9).

Tratando de informações, é possível constatar que nas formas econômicas anteriores, o fluxo de informações era físico. Dinheiro, cheque, faturas, relatórios, plantas de construção, mapas, eram todos produzidos em papel. Nessa nova economia, a informação em todas as suas formas tornou-se digital, reduzida a bits armazenados em computadores e celulares, correndo na velocidade da luz através de redes de internet. Conforme destaca Castells (2013), essa nova economia é caracterizada pela combinação de tecnologia, informação e comunicação para criar novas formas de produção, distribuição e consumo.

Ainda de acordo com Castells, a primeira fase da economia digital foi caracterizada pela emergência da internet e do e-commerce, que permitiram a expansão do comércio eletrônico. A segunda fase foi marcada pela emergência de novas tecnologias, como a inteligência artificial, a internet das coisas e a robótica, que deram origem, por exemplo, ao conceito de Indústria 4.0. E a terceira e atual fase, é marcada pela ascensão das plataformas digitais e da chamada "economia de plataforma", que se baseia na conexão de pessoas, empresas e objetos por meio de redes digitais.

Portanto, é possível inferir que a Economia Digital representa uma grande mudança na forma como as mais diversas organizações se relacionam, afetando a sociedade como um todo. Em termos de impacto, segundo o relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, 2019), a economia digital já representa cerca de 15% do PIB global e esse número tende a crescer nos próximos anos.

Alguns exemplos de setores econômicos que foram amplamente modificados pela economia digital são o comércio, os serviços financeiros, as mídias sociais e os jogos eletrônicos. Puxado pelo aumento na acessibilidade à internet, onde de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD, 2019), 82,7% dos domicílios brasileiros possuem internet, o comércio eletrônico, ou e-commerce, por exemplo, vem crescendo consideravelmente ano após ano, e teve pico de crescimento durante os anos de pandemia.

A figura 4, elaborada por Minjoro (2021), demonstra a evolução do faturamento via e-commerce no Brasil, do primeiro semestre de 2010 até o primeiro semestre de 2020.

Figura 4: Evolução do faturamento em bilhões de reais

Fonte: Minjoro (2021)

Ademais, a evolução da Economia Digital não se restringe à prestação de serviços, e já vem impactando inclusive o de produção de bens. Para Schmidt et al. (2015), a indústria 4.0 representa um novo ciclo evolutivo da EP, impulsionado pelas tecnologias digitais e pela conectividade.

Entretanto, é importante ressaltar que, assim como as anteriores, essa nova revolução tecnológica transcende os aspectos meramente econômicos e produtivos. Como apontam Levy e Murnane (2014), a economia digital é uma mudança paradigmática que afeta a economia, a sociedade e a cultura. Nessa nova dinâmica, as mudanças são rápidas e constantes, com ciclos de inovação cada vez mais curtos e uma crescente complexidade. O gráfico abaixo destaca a redução do tempo de ciclo entre cada uma das principais revoluções econômicas desde o fim da sociedade feudal, na metade do século XV.

Figura 5: Ciclo das Revoluções Econômicas desde o fim da Sociedade Feudal (século XV)

Fonte: Organizado pelo autor com base em dados do relatório da World Economic Forum “The Future of Jobs Report 2018” (2023)

Em suma, é notável e significativa a presença de uma nova economia, mas que não substitui completamente a anterior. Castells (2013) destaca que a economia digital é uma parte integrante da economia global, portanto não substitui a economia física. Segundo o mesmo, a economia digital coexiste com a economia física e ambos os setores têm suas próprias dinâmicas e desafios. Brynjolfsson e McAfee (2014) também pontuam que as tecnologias digitais permitem a criação de novos produtos e serviços que antes não eram possíveis, além de melhorar a eficiência e produtividade em diversos setores da economia física.

3.2.1. Economia Digital na Bahia

Com a crescente importância da economia digital em todo o mundo, a Bahia tem buscado desenvolver suas próprias iniciativas para se tornar um pólo tecnológico e de inovação. Uma das principais estratégias adotadas pelo estado é o incentivo à criação de startups e empresas de base tecnológica, através de programas de incubação e aceleração, como a Áity Incubadora, que oferece suporte a empreendedores iniciantes no estado (Governo do Estado da Bahia, 2014).

Além disso, tem havido investimentos para o fomento ao segmento e à formação de profissionais qualificados no estado, através dos já citados programas de incubação e aceleração, como também por meio das IES e de outros projetos de inovação. A UFBA, por exemplo, oferece cursos de graduação e pós-graduação na área de EP, com ênfase em gestão da inovação e tecnologia (UFBA, 2023).

Há também o Programa de Apoio à Pesquisa na Empresa (Bahia Inovação), promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), que tem como objetivo estimular a inovação e a sustentabilidade em diversos setores, incluindo a economia digital. Igualmente, o Projeto Bahia Produtiva tem como objetivo aumentar a produtividade e a competitividade de agricultores familiares e de empreendimentos econômicos solidários na Bahia, por meio de investimentos em infraestrutura, assistência técnica e capacitação. Entre as áreas contempladas pelo projeto está a economia digital, com a implantação de sistemas de gestão e marketing digital para os empreendimentos (Governo do Estado da Bahia, 2017).

Adicionalmente, de acordo com o relatório "Economia Baiana 2020" publicado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI-BA), o segmento de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) representou 3,8% do PIB da Bahia em 2018. Em termos monetários, o faturamento desse segmento foi de R$9,6 bilhões nesse mesmo ano, o que representou um crescimento de 12,7% em relação a 2017. (SEI-BA, 2022)

Ademais, o setor tem apresentado um bom desempenho em relação à geração de empregos na Bahia. Segundo dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o setor de TIC na Bahia empregou mais de 47 mil pessoas em 2021, um aumento de 12% em relação ao ano anterior (BRASSCOM, 2022).

No entanto, apesar dos avanços e potencialidades da economia digital na Bahia, ainda existem desafios a serem enfrentados. Um estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontou que o estado ainda possui um baixo número de empresas de base tecnológica em relação a outros estados do país, como São Paulo e Minas Gerais, possuindo menos de 4% do total nacional de 46153 empresas. (SEBRAE-BA, 2022).

Outro desafio é a necessidade de maior capacitação e qualificação dos profissionais que atuam no setor de TIC na Bahia. Segundo a Brasscom, apesar do crescimento da empregabilidade no setor, ainda há uma falta de profissionais capacitados para atender a demanda das empresas do segmento (BRASSCOM, 2022).

Diante desse cenário, a economia digital tem se mostrado um importante vetor de desenvolvimento para a Bahia. A partir das iniciativas públicas, projetos de pesquisa e ensino, e dados sobre a empregabilidade e o crescimento de empresas do segmento, é possível afirmar que a economia digital é um setor com grande potencial para contribuir com o desenvolvimento econômico e social do estado, e consequentemente do Brasil.

Nesse contexto, a gestão e desenvolvimento de produtos emerge como uma importante área estratégica na atuação das mais diversas organizações, em prol de fornecer as soluções mais tecnológicas e eficientes para toda a sociedade. Portanto, nos próximos tópicos serão apresentadas as definições de gestão de produtos, assim como suas principais aplicabilidades.

3.3. Gestão de Produtos

A gestão de produtos é um campo de estudo que tem como foco o desenvolvimento e a comercialização de produtos. Produto que, para Philip Kotler e Kevin Keller, escritores do livro Administração do Marketing, é algo que pode ser oferecido a um mercado para aquisição, uso ou consumo e que pode satisfazer um desejo ou necessidade de um determinado público. Igualmente, Olsen (2015) descreve produto como uma solução para um problema que seus clientes têm.

Segundo Cooper (2011), a gestão de produtos abrange todas as atividades necessárias para levar um produto ao mercado, incluindo o planejamento, o desenvolvimento, a produção, o lançamento e o gerenciamento do ciclo de vida do produto. Nessa mesma linha, Kotler e Keller (2019), definem a gestão de produtos como uma função empresarial responsável pela concepção, desenvolvimento e lançamento de produtos e serviços no mercado.

Com sua origem no início do século XX, quando a produção em massa se tornou uma realidade na indústria americana, Hitt et al. (2019), afirmam que a gestão de produtos físicos foi influenciada pelas teorias de gestão científica de Taylor e pelos estudos de Ford sobre produção em massa. A partir desse momento, houve uma abundância de produtos padronizados e baratos, mas limitados em termos de variedade e personalização.

A necessidade de atender às crescentes demandas dos consumidores e de competir em mercados cada vez mais acirrados levou ao desenvolvimento de abordagens mais sofisticadas para a gestão de produtos. De acordo com Bower e Christensen (1995), a década de 1920 marcou o início da gestão moderna de produtos, com a introdução da pesquisa de mercado e a criação de departamentos de pesquisa e desenvolvimento.

Gradualmente, Kotler e Keller (2019) destacam que a partir de 1930, as empresas passaram a adotar uma abordagem de gerenciamento do ciclo de vida do produto, que envolve desde a pesquisa de mercado e a geração de ideias de novos produtos até o gerenciamento de portfólio e a retirada de produtos obsoletos do mercado.

Ainda nesse período, conforme Ulrich e Eppinger (2015), surge o primeiro “Gerente de Produtos” que se tem registro. Em 1931, quando Neil H. McElroy trabalhava na Procter & Gamble, o mesmo criou o cargo de "Gerente de Marca" para melhorar a gestão de seus produtos, tornando-se assim um precursor da gestão de produtos moderna. Anos mais tarde, na década de 50, a gestão de produtos começou a se tornar uma disciplina acadêmica formal.

Nos anos seguintes, a gestão de produtos evoluiu com a introdução de novas técnicas de produção, tais como o sistema Toyota de produção enxuta e o uso de tecnologias de informação na gestão da cadeia de suprimentos. Dessa forma, Ulrich e Eppinger (2015) apresentam que a gestão de produtos físicos está se tornando cada vez mais complexa, devido à crescente demanda por produtos personalizados e à necessidade de redução do tempo de desenvolvimento e lançamento de novos produtos no mercado.

Em termos de atuação, o profissional responsável por gerenciar todo o processo de desenvolvimento, produção, lançamento e manutenção dos produtos é chamado de gerente de produto, e de acordo com a definição de Kotler e Keller (2019), é responsável por gerenciar um produto específico, geralmente em toda a sua vida útil. Apesar de não existirem normas ou legislações que especifiquem formação para o gerente de produto, Chang (2005) aponta que historicamente a formação deste profissional é atrelada à EP, devido ao desenvolvimento de habilidades em análise de processos, planejamento e controle de produção, o que os torna aptos para atuarem nessa função.

A partir dessa contextualização sobre o que são produtos e o histórico de entendimentos sobre a prática de gestão dos mesmos, será aprofundada a conceituação do gerenciamento de produtos digitais, um dos objetos de estudo da presente pesquisa.

3.3.1. Gerente de Produtos Digitais

Neste subtópico será abordado as principais definições e responsabilidades dos GPDs, assim como as características do mercado em que atuam. Além disso, serão apresentados os principais métodos e ferramentas utilizados por esses profissionais para criar, testar e lançar produtos digitais, bem como exemplos de aplicações que expõem a aplicação desses conceitos na prática. O objetivo é fornecer um panorama completo sobre o papel desses agentes na criação de produtos bem-sucedidos e impactantes na sociedade.

3.3.2. Definições e Responsabilidades

Com base no livro "Inspirado: Como criar produtos de tecnologia que os clientes amam" de Marty Cagan (2020), é possível afirmar que esses profissionais são responsáveis por criar e guiar a visão e a estratégia de um produto digital, garantindo que as equipes de desenvolvimento criem soluções que atendam às necessidades dos usuários e consequentemente da sociedade. Ademais, devem trabalhar em conjunto com várias áreas, como engenharia de software, design, marketing e finanças, com o objetivo de garantir que o produto seja viável, desejável e lucrativo.

Ainda segundo Cagan (2020), o gerente de produtos deve liderar a definição da visão do produto e a estratégia de como alcançá-la, identificar oportunidades de mercado, definir prioridades de desenvolvimento, colaborar com equipes multifuncionais para criar soluções inovadoras e de alta qualidade, e medir o sucesso do produto com base em métricas relevantes para a sociedade. O gerente de produtos deve ser um facilitador para que as equipes possam trabalhar de forma colaborativa e com um propósito claro, garantindo que o produto atenda às necessidades do usuário final e agregue valor à sociedade como um todo.

3.3.3. Características do Mercado

O mercado para GPDs apresenta algumas características distintas do mercado de produtos físicos. Segundo Cagan (2020), a indústria de tecnologia é altamente competitiva e as empresas que se destacam são aquelas que conseguem oferecer produtos de alta qualidade e que atendem às necessidades dos clientes de maneira excepcional. Além disso, a velocidade de mudança no mercado é acelerada, com novas tecnologias e tendências surgindo constantemente, exigindo que os gerentes e suas respectivas equipes estejam sempre atualizados e preparados para inovar.

Anon e González de Villaumbrosia (2017) destacam também que, em um mercado digital, a relação entre empresa e cliente é mais direta porque os clientes têm acesso instantâneo a informações sobre os produtos e serviços oferecidos, além de poderem compartilhar suas opiniões e experiências em plataformas públicas como redes sociais e fóruns online. Dessa forma, as organizações precisam se esforçar para oferecer produtos e serviços de alta qualidade e apresentar respostas rápidas a feedbacks e reclamações dos clientes.

3.3.4. Métodos e Ferramentas

De acordo com Cagan (2020), as principais ferramentas do GPD são aquelas que permitem a criação de produtos que resolvam problemas significativos dos usuários, gerando assim valor para os mesmos. Entre as ferramentas destacam-se: pesquisa de mercado, entrevistas com usuários e testes de usabilidade.

Por outro lado, Anon e González de Villaumbrosia (2017) pontuam que as principais ferramentas são aquelas que permitem a coleta e análise de dados de uso do produto, como métricas e análise de comportamento dos usuários. Entre as ferramentas destacam-se: Google Analytics, Mixpanel e Amplitude. Além disso, os autores também destacam a importância de técnicas de design thinking e desenvolvimento ágil para o gerenciamento de produtos digitais. Para melhor compreensão, a Tabela 1 explica a utilidade de cada uma das metodologias e ferramentas citadas pelos autores.

Tabela 1: Principais ferramentas e métodos do GPD e suas respectivas utilidades

Autor(es)

Ferramenta/Método

Utilidade

Marty Cagan

Pesquisa de Mercado

Fundamental para entender as necessidades do mercado e identificar oportunidades de negócios

Entrevista com Usuários

Ajuda a entender as necessidades e expectativas do usuário em relação ao produto, além de fornecer feedbacks sobre funcionalidades e usabilidade.

Testes de Usabilidade

Valida o design do produto, identifica problemas de usabilidade e melhorar a experiência do usuário.

Josh Anon e Carlos González de Villaumbrosia

Google Analytics, Mixpanel e Amplitude

Permitem entender como os usuários interagem com o produto, identificar problemas e oportunidades de melhoria e, assim, orientam a tomada de decisões sobre o desenvolvimento do produto.

Design Thinking

Auxilia na compreensão das necessidades dos usuários e consequentemente na criação de soluções inovadoras.

Scrum Agile

Organiza a entrega rápida de novas funcionalidades e a adaptação às frequentes mudanças tecnológicas da sociedade.

Fonte: Adaptado de Cagan (2020) e Anon e González de Villaumbrosia (2017).

3.3.5. Exemplos de Aplicação

Como visto anteriormente, o GPD é fundamental para o sucesso de um produto ou serviço inovador. Por meio desse exercício, as mais diferentes organizações podem atender às necessidades dos seus respectivos usuários, desenvolvendo soluções que agregam valor e são capazes de gerar amplo impacto no mercado e na sociedade. Dessa forma, serão apresentados abaixo alguns casos que evidenciam a relevância do GPD no desenvolvimento de produtos comerciais e sociais.

  • Cagan (2020) aponta a Netflix como um exemplo de empresa que soube inovar e crescer graças à gestão de produtos digitais. A equipe de produtos liderada por Neil Hunt foi responsável pelo desenvolvimento do algoritmo que recomendava filmes e programas de televisão baseados no histórico de visualização dos usuários. Esse recurso tornou-se uma das principais razões pelas quais as pessoas se inscreviam na Netflix e ajudou a empresa a crescer e a tornar-se líder do segmento de streaming de filmes;
  • Olsen (2015) descreve o caso do Spotify, como uma empresa que utilizou o gerenciamento de produtos digitais para desenvolver um produto centrado no usuário. A equipe de produtos da empresa estava focada em atender às necessidades dos usuários, criando recursos como a opção de criar listas de reprodução e um algoritmo de recomendação de músicas personalizado. Essas inovações tornaram o Spotify um dos principais players no mercado de streaming de música;
  • O aplicativo Hand Talk foi desenvolvido por uma startup brasileira que utiliza inteligência artificial para traduzir textos e áudios para Libras, a língua brasileira de sinais, tornando a comunicação mais acessível para pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Esse produto impactou a sociedade ao tornar a comunicação mais inclusiva e acessível para um público que muitas vezes é excluído (HAND TALK, 2022);
  • O Be My Eyes, uma solução criada por uma empresa dinamarquesa de tecnologia social, em 2012, tem como objetivo conectar pessoas cegas ou com baixa visão a voluntários que oferecem ajuda visual por meio de uma chamada de vídeo. O aplicativo tem mais de 4 milhões de usuários em mais de 180 países, com mais de 1 milhão de voluntários registrados, o que evidencia o sucesso da solução em atender às necessidades da sociedade (BE MY EYES, 2023)

Esses casos demonstram a importância do GPD no desenvolvimento de soluções comerciais e sociais que geram impacto nessa nova sociedade. No próximo capítulo, serão enfim apresentados os resultados da pesquisa documental sobre o perfil dos egressos em cursos de EP no estado da Bahia, e se os mesmos possuem as H&C necessárias para atuar como GPDs.

4. Resultados

Com base na necessidade apresentada nos capítulos anteriores, o presente estudo realizou a análise do perfil dos egressos dos cursos de EP no estado da Bahia, visando obter um panorama da formação de Engenheiros de Produção para tornarem-se aptos a atuarem na Gestão de Produtos dentro da Economia Digital. Para isso, foi realizada uma análise documental dos planos pedagógicos dos cursos selecionados, a fim de identificar as H&C desenvolvidas pelos estudantes.

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos, iniciando com uma contextualização a partir do histórico, justificativa e objetivos dos cursos selecionados e, posteriormente, uma análise comparativa entre as H&C necessárias e desenvolvidas.

4.1. Perfil profissional da Engenharia de Produção na Bahia

O processo de seleção das faculdades a serem analisadas foi baseado nas notas do último ENADE realizado, em 2019. A escolha desse indicador como critério de seleção, perpassa pela maior acessibilidade e divulgação que o mesmo possui, sendo um indicador conhecido por toda comunidade acadêmica nacional.

O ENADE tem como objetivo aferir o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação, suas habilidades e competências, com isso possibilita aos cursos o acompanhamento dos resultados de suas ações pedagógicas, além de avaliar comparativamente a formação oferecida pelas Instituições de Ensino Superior (IES) aos estudantes das respectivas áreas avaliadas (VASCONCELOS, 2010, p. 8).

Sendo assim, ao selecionar as faculdades com base nas notas mais recentes do ENADE, pôde-se ter maior confiabilidade na qualidade dos cursos em relação aos objetivos avaliados pelo exame, como o desenvolvimento de competências e habilidades. Portanto, foram escolhidos cinco cursos de EP com IES de diferentes categorias administrativas e notas variando de 3 a 5 no ENADE, com o objetivo de analisar o perfil dos egressos em cursos de diferentes níveis de qualidade e metodologias. A UNIVASF, com nota 5, foi selecionada como uma referência de qualidade, enquanto as demais, com notas 4 e 3, foram escolhidas para representar cursos com níveis intermediários de qualidade.

Essas e outras informações a respeito de todos os cursos de graduação do Brasil, constam no portal e-MEC. A pesquisa foi exportada no dia 16 de março de 2023 para o formato .XLSX, com informações apenas de cursos de graduação em EP e no estado da Bahia. Posteriormente, os dados foram tratados no programa Microsoft Excel, como ilustra a figura 6.

Figura 6: Planilha Pesquisa de Cursos de EP na Bahia

Fonte: Autor (2023)

Nos subtópicos seguintes, serão apresentados de forma breve os cinco cursos selecionados, os objetivos de formação profissional de cada um, como é feita a distribuição de sua carga horária, e quais são os perfis dos egressos a serem formados.

4.1.1. UNIVASF Juazeiro

Sendo o único curso de EP da Bahia a obter nota cinco no ENADE de 2019, teve seu início junto com a UNIVASF, em 18 de outubro de 2004. Com a justificativa de desenvolver profissionais qualificados para promover o desenvolvimento da região semi-árida nordestina, especialmente a região do Vale do São Francisco, o curso possui os seguintes objetivos em seu PPC mais recente, do ano de 2012:

I. Preparar o engenheiro de produção com habilidades profissionais, éticas e sociais para o pleno desenvolvimento da região; II. Disseminar a cultura da produção sustentável no vale do São Francisco; III. Aprimorar e Desenvolver o potencial do seu corpo docente por meio de cursos de extensão para capacitação; bem como sugerir continuamente à UNIVASF as condições necessárias para uma contínua qualificação profissional do docente; IV. Desenvolver a capacidade crítica do discente, proporcionando-lhe conexão dos saberes e fazeres; V. Criar um espaço de discussão continuada sobre as problemáticas produtivas locais e ambientais;

VI. Promover a contínua renovação de seus aspectos pedagógicos e didáticos; VII. Vincular a UNIVASF, por intermédio do curso de Engenharia de Produção, a outras instituições locais, regionais, nacionais e internacionais por meios de acordos de cooperação científica e de integração (UNIVASF, 2012).

Sendo um curso de ingresso anual, é dividido em 10 períodos ou semestres, totalizando 3915 horas de carga horária atual. Além disso, supera a Resolução 11/2002 do CNE/CES, ao possuir a divisão do seu currículo em quatro núcleos ao invés dos três delimitados, sendo eles núcleo de conteúdos básicos, profissionalizantes, específicos e temáticos. Este último visa a integração do conhecimento, bem como correlação dos conhecimentos com outras áreas pela participação interdisciplinar e ativa de docentes, discentes e comunidade em geral (UNIVASF, 2012). A Tabela 2 apresenta a distribuição destes núcleos de conteúdos ao longo da graduação.

Tabela 2: Distribuição da Carga Horária Curricular - Engenharia de Produção – UNIVASF

Núcleo de Conteúdos / Atividades

Curriculares

Créditos

CH

% (CH TOTAL)

Básico

91

1470

37,55

Profissionalizante

52

810

20,69

Específico

60

975

24,90

Temáticos

4

120

3,26

Disciplinas eletivas, estágio e TCC

28

540

13,6

Fonte: Organizado pelo autor a partir do PPC de Engenharia de Produção na UNIVASF (2012)

Ademais, ao observar os núcleos de conteúdos profissionalizantes e específicos, é possível constatar a presença de disciplinas relacionadas à economia digital, como Marketing Aplicado à Engenharia, Gestão da Tecnologia e Inovação, Automação Industrial, entre outros. Entretanto, na disciplina de Engenharia de Produto, não há qualquer menção ao gerenciamento e desenvolvimento de produtos no meio virtual. 

Por fim, o PPC traz que o perfil do egresso a ser formado pelo curso deve atender primeiramente o disposto pelo CNE/CES 11/2002 nº1 nos artigos 3º e 4º, sendo:

Art. 3º O Curso de Graduação em Engenharia tem como perfil do formando egresso/profissional o engenheiro, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e humanística, em atendimento às demandas da sociedade.

Art. 4º A formação do engenheiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais:

I- Aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais à engenharia;

II- Projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;

III- Conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;

IV- Planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de engenharia;

V- Identificar, formular e resolver problemas de engenharia;

VI- Desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas;

VII- Supervisionar a operação e a manutenção de sistemas;

VIII- Avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas;

IX- Comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;

X- Atuar em equipes multidisciplinares;

XI- Compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissionais;

XII- Avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e ambiental;

XIII- Avaliar a viabilidade econômica de projetos de engenharia;

XIV- Assumir a postura de permanente busca de atualização profissional.

Em seguida, traz-se também o objetivo de formar um perfil de egresso que seja capaz de trabalhar nos mais diversos setores produtivos na região do Vale do São Francisco, ou mesmo a nível nacional ou internacional, assim como estará apto a trabalhar em sistemas agroindustriais ou em atividades ligadas a prestação de serviços. Além disso, poderá atuar nas áreas de Engenharia de Operações e Processos da Produção, Logística, Pesquisa Operacional, Engenharia da Qualidade, Engenharia Organizacional, Engenharia Econômica, Engenharia do Trabalho e Engenharia da Sustentabilidade.

4.1.2. UFBA Salvador

O curso de EP da UFBA, a primeira IES federal do estado, teve seu início em março de 2009, e alcançou nota 4 no ENADE de 2019. Com sede em Salvador, capital baiana, o PPC destaca a necessidade da criação do curso de EP na UFBA como uma importante iniciativa para o desenvolvimento social e econômico da Bahia.

O documento também aponta dados socioeconômicos do início dos anos 2000, onde, apesar da colocação de destaque da Bahia dentro da participação de estados no PIB do Brasil no segmento industrial, possui poucas IES formando engenheiros para acompanhar a demanda das organizações. Ademais, o curso apresenta objetivos em concordância com a já citada Resolução CNE/CES 11/2002, além de outras resoluções do próprio Conselho e também da CONFEA. A partir disso, são definidos os seguintes objetivos do curso:

I. Formar pessoas e profissionais altamente qualificados, capazes de usar ciência e tecnologia em seus processos de trabalho; II. Desenvolver nos alunos a capacidade de coordenar informações, interagir com pessoas em diferentes níveis hierárquicos e interpretar dinamicamente a realidade; III. Proporcionar uma formação flexível, permitindo ao profissional escolher áreas de conhecimento e atuação; IV. Articular o curso com o campo profissional, dotando o estudante de embasamento filosófico necessário à compreensão e respeito de suas relações com o ambiente em que vive; V. Enfatizar o conjunto de experiências de aprendizado, indo além das atividades convencionais de sala de aula, incluindo atividades complementares; VI. Desenvolver no estudante uma participação ativa, estimulando o emprego de sua experiência e conhecimentos acumulados; VII. Estruturar o curso de maneira integrada e coerente, indispensável para a compreensão sistêmica do conteúdo programático pelo estudante; VIII. Formar um profissional multidisciplinar, mas não generalista, sintonizado com a realidade atual e cenários futuros; IX. Contribuir para programas de envergadura, como o Programa de Mobilização da Indústria de Petróleo e Gás Natural (PROMIMP), revestindo-se em mais um de seus objetivos (UFBA, 2010).

A partir desses objetivos, é possível inferir a intenção de formar profissionais com habilidades em liderança, gestão de projetos, trabalho em equipe e comunicação, além de desenvolver conhecimentos em tecnologia e estratégia de negócios. Tal percepção se confirma nas competências e habilidades a serem desenvolvidas estabelecidas pela Resolução 11/2002, e presente no PPC do curso. Além disso, o documento estabelece exemplos dos segmentos de atuação profissional, como agrícola, industrial, construção civil, agroindústria, petrolífero, comercial e de serviços, e também de áreas e subáreas como Tomada de Decisão em Estratégia de Produção, Gestão da Tecnologia de Processo, Planejamento e Controle da Capacidade Produtiva, entre outros estabelecidos pela ABEPRO.

Por se tratar de um documento elaborado em 2008, não era previsto nem mensurada ainda a concepção da nova economia digital apresentada pelo presente trabalho, cujo início oficial viria a acontecer cerca de 3 anos mais tarde. Dessa forma, é importante ressaltar que, no processo de pesquisa, foi informado pela próprio colegiado o planejamento de implementação do novo PPC no início de 2024, visando a atualização da formação dos egressos destes para as novas demandas da sociedade.

Com entrada anual de 45 alunos, e dividido em semestres letivos, é o único curso que funciona em turno noturno dentre os 5 analisados. A escolha por funcionamento em turno noturno foi tomada, de acordo com o próprio PPC, para reduzir a taxa de evasão e para permitir a prática profissional adequada. Além disso, é uma graduação de 3600 horas, divididas em 12 semestres letivos, ou 6 anos, e possui sua grade curricular dividida em 3 núcleos, como proposto pelo CNE/CES. A distribuição é feita conforme Tabela 3:

Tabela 3: Distribuição da Carga Horária Curricular - Engenharia de Produção – UFBA

Núcleos de Conteúdos

Curriculares

Disciplinas

CH

% (CH TOTAL)

Básico

16

1258

34,9

Profissionalizante

7

476

13,2

Específico

26

1730

48,1

Complementar

3

136

3,8

Fonte: Adaptado do PPC de Engenharia de Produção na UFBA (2008)

Destaca-se, entretanto, que diante de características especiais, adotou-se um quarto núcleo, denominado de Núcleo Complementar, onde foram incluídas as Atividades Complementares Obrigatórias, como estágios, monitorias, participação em congressos, entre outros. Ademais, ao analisar a ementa curricular de todo curso, não foram identificados conteúdos que tratem sobre economia digital e similares, fato este justificado pelo período em que tal planejamento foi elaborado.

4.1.3. UFOB Luís Eduardo Magalhães

Situado no oeste baiano, o curso de EP da UFOB é o mais recente dos cursos selecionados pela pesquisa. Tendo seu início em setembro de 2014, obteve nota 4 no ENADE de 2019, e traz como justificativa de implementação a necessidade de formar e inserir no mercado profissionais que desenvolvam todo o potencial que a região oferece.

O documento também informa que a região é um dos maiores centros nacionais de produção de soja e algodão e seu respectivo beneficiamento, sendo conhecida nacional e internacionalmente pela produção e qualidade de seus produtos. Dessa forma, reconhece a importância da EP como peça estratégica no desenvolvimento regional socioeconômico, e apresenta como objetivo geral formar Engenheiros de Produção com sólido conhecimento profissional habilitando-o a atuar de forma crítica e criativa no gerenciamento e melhoria de sistemas produtivos de bens e serviços, integrando aspectos humanos, econômicos, sociais, ambientais e culturais (UFOB, 2014). Como objetivos específicos possui:

I. Analisar o ambiente local e global de atuação da organização produtora de bens ou serviços levando em consideração aspectos técnicos, econômicos, sociais e valorizando o exercício da cidadania através de atividades de responsabilidade social; II. Utilizar ferramentas matemáticas, estatísticas e computacionais que oriente na tomada de decisões e no planejamento, implementação e controle de sistemas de produção e distribuição de bens ou serviços; III. Avaliar a demanda de mercado e utilizar ferramentas de marketing para conquistar mercados; IV. Analisar e implementar novas tecnologias para aumentar a produtividade, a eficiência e o rendimento dos sistemas de produção de bens ou serviços; V. Analisar, planejar e gerenciar a cadeia de suprimentos de organizações de bens ou serviços, otimizando ou simulando toda a logística empresarial; VI. Conceber, implementar e gerenciar programas de qualidade buscando a melhoria contínua e o atendimento das expectativas dos clientes e dos consumidores; VII. Gerenciar recursos humanos na busca de otimização do processo de produção de bens ou serviços; VIII. Analisar a viabilidade econômica e financeira de projetos, assim como levantar custos e orçamentos de produção de bens ou serviços; IX. Utilizar sistemas de informação com o uso de modernas tecnologias e comunicação disponíveis no mercado; X. Avaliar impactos ambientais que possam trazer algum tipo de dano ao meio ambiente, à sociedade e à organização; XI. Conceber, projetar e desenvolver produtos que utilizem os recursos de forma mais racional e econômica, aumentando assim, a competitividade da organização; XII. Utilizar formas diversas de argumentação, tanto oral quanto escrita (relatórios, textos, seminários, etc.) de modo claro e objetivo; XIII. Proporcionar a formação de um profissional que possa atuar em atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão (UFOB, 2014).

Logo em primeira análise, é possível identificar objetivos atualizados e condizentes com o recente contexto socioeconômico mundial. Mesmo que tenha deixado claro o intuito de desenvolver a região ao qual está inserida através das indústrias agrícolas, não apresenta uma exclusão das demais potencialidades ao trazer pontos de formação como os pontos III, IX e XI.

Ademais, o documento traz como H&C a serem desenvolvidas no profissional, exclusivamente o estabelecido pelo CNE/CES Resolução 11/2002, nº1, Art 4º, que foi apresentado na sessão 3.1.1. Afirma também a aptidão do egresso em atuar nas áreas estabelecidas pela ABEPRO, sendo elas: Engenharia de Operações e Processos da Produção, Logística, Pesquisa Operacional, Engenharia da Qualidade, Engenharia Organizacional, Engenharia Econômica, Engenharia do Trabalho, Engenharia da Sustentabilidade e Educação em EP.

No que tange a distribuição curricular, é um curso de entrada anual de estudantes, sendo 10 semestres para formação mínima, totalizando 4028 horas de carga horária. É dividido em núcleos de conteúdos básicos, profissionalizantes, específicos e formação complementar, sendo o último focado em favorecer a diversificação e a ampliação da formação integral do estudante. A Tabela 4 apresenta essa divisão conforme apresentado no documento.

Tabela 4: Distribuição da Carga Horária Curricular - Engenharia de Produção – UFOB

Núcleo de Conteúdos / Atividades

Curriculares

CH

% (CH TOTAL)

Comum integrado ao básico

150

3,7

Básico

1150

28,6

Profissionalizante

1150

28,60

Específico

450

11,20

Formação complementar

1128

27,90

Fonte: Adaptado do PPC de Engenharia de Produção na UFOB (2014)

A partir da análise das ementas, é possível constatar a presença de conteúdos curriculares ligados diretamente à economia digital. Disciplinas como Empreendedorismo e Inovação, Gestão de Projetos, Administração Geral e Engenharia do Produto I e II, os dois primeiros possuem conteúdos como “Desenvolvimento de novos produtos”, “Empreendedores e internet”, “Processo de inovação” e “Gerenciamento de Projetos Ágeis”. As demais, não possuem especificidades em suas ementas a respeito, podendo ser ou não trabalhadas.

Acrescenta-se que, existe no PPC um planejamento de quais H&C estão associadas às disciplinas ofertadas, fundamental para o entendimento de como será atingido o perfil profissional esperado do egresso.

4.1.4. SENAI CIMATEC Salvador

Sendo o único representante da categoria administrativa privada, o curso de EP do SENAI CIMATEC obteve nota 4 no ENADE 2019, e já se difere dos demais pelo objetivo da instituição ao qual faz parte. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) é uma instituição brasileira que tem como objetivo oferecer educação profissional e tecnológica para a indústria e a sociedade em geral. Dessa forma, possui um foco estratégico em contribuir para o desenvolvimento do segmento industrial, a partir de parcerias público privadas (SENAI CIMATEC, 2022).

Iniciado em janeiro de 2014, apresenta flexibilidade em sua estrutura pedagógica curricular, através de comitês internos, para manter-se atualizado frente às necessidades do segmento industrial nacional. Portanto, ao analisar a página de apresentação oficial do curso, e demais documentos anexados no site do SENAI CIMATEC, é possível identificar a justificativa da implementação do curso em atender à uma crescente demanda do mercado por profissionais com formação multidisciplinar, e capazes de lidar com a complexidade dos sistemas produtivos modernos (SENAI CIMATEC, 2022).

Além disso, tem como objetivo a formação de  profissionais engenheiros de produção generalistas, capacitados a atender às diferentes solicitações profissionais pertinentes, com uma visão crítica, criativa e inovadora, através de uma sólida formação básica, geral e humanística, associada à sua formação profissional específica, que possam adaptar-se com facilidade às habituais mudanças e avanços tecnológicos e incentivar o desenvolvimento de seus próprios empreendimentos no mercado profissional (SENAI CIMATEC, 2023).

O curso de EP do SENAI CIMATEC forma perfis profissionais a partir de uma metodologia própria chamada “Metodologia por Competências”, e seu emprego busca definir o perfil profissional com base nas competências identificadas pelos agentes do mundo do trabalho, que são representados por um comitê interno chamado Comitê Técnico Setorial (CTS). Com isso, ao analisar a Matriz Curricular do Curso, é possível identificar as seguintes H&C desenvolvidas:

I. Visão sistêmica: capacidade de compreender a empresa ou organização como um todo, considerando as suas inter-relações e impactos; II. Pensamento crítico: habilidade para analisar situações complexas e propor soluções inovadoras e eficientes; III. Conhecimentos técnicos: sólidos conhecimentos em matemática, física, química e tecnologia da informação, além de conhecimentos específicos na área de produção; IV. Capacidade de liderança: habilidade para coordenar equipes e liderar projetos de melhoria contínua; V. Empreendedorismo: capacidade de identificar oportunidades de negócios e desenvolver soluções criativas e inovadoras; VI. Comunicação: habilidade para se comunicar de forma clara e objetiva, tanto oralmente quanto por escrito; VII. Trabalho em equipe: habilidade para trabalhar em equipe, colaborando para o alcance dos objetivos comuns. (SENAI CIMATEC, 2022)

Tratando-se de um curso de 3760 horas, divididas em 10 semestres letivos e com entrada anual de 50 alunos por ano, apresenta distribuição conforme a Tabela 5:

Tabela 5: Distribuição da Carga Horária Curricular - Engenharia de Produção – SENAI CIMATEC

Atividades Curriculares

CH

% (CH TOTAL)

Componentes Curriculares Obrigatórios

2895

77

Componentes Curriculares Optativos

180

4,8

Estágio Curricular Obrigatório

200

5,3

Extensão

380

10,1

Trabalho de Conclusão de Curso

45

1,2

Fonte: Adaptado do PPC de Engenharia de Produção no SENAI CIMATEC (2022)

É possível observar uma distribuição curricular diferente das demais IES analisadas, pelo maior enfoque em formações que propiciem uma vivência prática ao estudante. Um exemplo disso é a metodologia do trabalho de conclusão de curso, onde os estudantes em grupo planejam e desenvolvem a resolução de um problema da indústria, permitindo ao aluno experimentar uma relação real com uma empresa. Além disso, a graduação trabalha disciplinas como Gestão de Marketing, Desenvolvimento de Produtos e Tecnologias Digitais na Produção, sinalizando estar a par de possíveis novas atuações deste profissional. 

4.1.5. UESC Ilhéus

A faculdade de EP da Universidade Estadual de Santa Cruz, teve seu início de funcionamento em agosto de 2004, e em 2010 passou por uma atualização em seu PPC visando atender às crescentes demandas e necessidades verificadas junto aos projetos de desenvolvimento propostos para a região e para o país nos próximos anos. Situada em Ilhéus, na Região Cacaueira e sul da Bahia, que possui atualmente diferentes vetores econômicos, incluindo o turismo, o comércio, a indústria e até mesmo pelo fortalecimento dos centros de ensino superior (UESC, 2010).

O documento em análise, apresenta como objetivo geral do curso a oferta de uma formação plena aos egressos, para que possam atuar em diferentes áreas profissionais, em especial na área de projetos e serviços; gestão, manutenção e otimização da produção; o planejamento e controle da produção, processos de fabricação, organização e métodos, administração de materiais, controle da qualidade, administração de pessoal e administração financeira (UESC, 2010). Como objetivos específicos apresenta:

I. Desenvolver novas práticas no ensino de Engenharia de Produção; II. Promover o espírito crítico entre discentes e docentes, potencializando a criatividade e a curiosidade do aluno; III. Capacitar o aluno nas diferentes áreas da Engenharia de Produção, de acordo com as aptidões, o interesse e o ritmo próprios de cada indivíduo; IV. Formar profissionais capazes de resolver problemas, definindo objetivos e metas, bem como adotando metodologias adequadas; V. Intensificar a formação humanística do futuro engenheiro, com vistas na responsabilidade socioambiental; VI. Trabalhar e desenvolver ferramentas que possibilitem ao egresso avaliar as tendências dos cenários produtivos, considerando a interação entre as organizações e os seus impactos sobre a competitividade empresarial, meio ambiente e sociedade, atentando para a exigência de sustentabilidade e otimize o fluxo de informação nas empresas utilizando tecnologias adequadas; VII. Apresentar oportunidades aos alunos que revelem vocações para a carreira docente e para a pesquisa; VIII. Oferecer ao egresso a possibilidade de desenvolver uma formação continuada; IX. Promover a aquisição de habilidades e conhecimentos técnicos e científicos, que possibilitem ao egresso desenvolver um papel profissional competente nas atividades de transação de bens e serviços; X. Desenvolver uma visão sistêmica do trabalho, produção e modelos de gerenciamento de processos produtivos (UESC, 2010)

A partir da análise breve de ambos os objetivos, é possível notar apelo à conscientização socioambiental que o curso busca desenvolver no aluno. Ademais, é perceptível também a promoção do aprimoramento da visão crítica deste indivíduo acerca do que está posto, fomentando assim uma formação acadêmica continuada.

Adicionalmente, o curso obteve nota 3 no ENADE de 2019 e apresenta-se de forma multidisciplinar, englobando conteúdo das áreas de Ciências Exatas, Humanas e Tecnológicas. Ademais, segue a orientação já anteriormente citada do CNE/CES, que estabelece o mínimo de 3 núcleos de conteúdos, sendo eles: básicos; profissionalizantes e específicos; complementares. Entretanto, diferentemente dos outros cursos analisados, não há divisão entre os módulos de conteúdos profissionalizantes e específicos (UESC, 2010).

Sendo uma graduação de entrada semestral, possui como tempo estimado de graduação o total de 10 semestres e uma carga horária total de 4455 horas, sendo divididas conforme a Tabela 6:

Tabela 6: Distribuição da Carga Horária Curricular - Engenharia de Produção – UESC

Núcleo de Conteúdos / Atividades

Curriculares

CH

% (CH TOTAL)

Básico

1995

44,8

Profissionalizante Específico

2145

48,1

Optativo obrigatório

135

3

Estágio Supervisionado

180

4,1

Fonte: Adaptado do PPC de Engenharia de Produção na UESC (2010)

Importante ressaltar a ausência de disciplinas que tragam compreensão sobre economia digital e suas variáveis dentro núcleo de conteúdos e atividades curriculares. Ao analisar a ementa de cada uma das disciplinas obrigatórias, apenas Programação I e II, Gestão de Sistemas de Informação (GSI) e Gestão do Conhecimento e Inovação trazem fundamentos introdutórios acerca do tema, como por exemplo “Gestão de valor”, “Metodologias de desenvolvimento de GSI” e “Internet e comércio eletrônico”.

Nas demais disciplinas, incluindo as optativas, é notável um exclusivo direcionamento para a economia física, especialmente industrial. Entretanto, é importante ressaltar que o PPC de EP na UESC passa, no presente momento da pesquisa, por processo de análise e revisão, visando fazer os ajustes necessários para manter-se responsiva às demandas e anseios da sociedade como um todo.

Por fim, é definido que os egressos do curso irão apresentar um perfil profissional com as H&C descritas na Resolução CNE/CES 11/2002 Art. 4º, e aptos a trabalhar nas áreas de Operações e Processos da Produção, Logística, Pesquisa Operacional, Qualidade, Estratégia, Meio Ambiente e Sociedade. Além disso, poderão ocupar cargos de liderança frente a organizações públicas e privadas e serem decisivos em aspectos relacionados à gestão organizacional, segurança e gestão ambiental.

4.2. Perfil profissional esperado do Gerente de Produtos Digitais

Como pontuado no tópico de Definições e Responsabilidades do GPD, esses profissionais são responsáveis por criar e guiar a visão e a estratégia de um produto digital, garantindo que as equipes de desenvolvimento criem soluções que atendam às necessidades dos usuários e consequentemente da sociedade. Ademais, devem trabalhar em conjunto com várias áreas, como engenharia de software, design, marketing e finanças, com o objetivo de garantir que o produto seja viável, desejável e lucrativo.

A fim de traçar um perfil esperado desse profissional, assim como suas H&C, foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas principais literaturas acerca do tema e também no curso referencial em Gerenciamento de Produtos no Brasil. Tal título deve-se à alta taxa de empregabilidade do mesmo, assim como ao volume de egressos em 5 anos de ensino. A Tabela 7 organiza a informação por autorias, categorias de H&C descritas por cada um, assim como termos chaves equivalentes.

Tabela 7: H&C do GPD

Autores

Habilidades e Competências

Palavras-Chaves

 

Marty Cagan - Inspirado: Como criar produtos de tecnologia que os clientes amam (2020)

Habilidades de Compreensão do Usuário

- Desenvolvimento de personas e cenários de uso;

- Coleta e análise de dados.

Gerenciamento de Dados, Previsão de Cenários, Pesquisa de Mercado

Habilidades Técnicas

- Visão estratégica da empresa e como o produto se encaixa nela;

- Comunicação clara e objetiva sobre a estratégia do produto;

- Processos de desenvolvimento de PD;

- Comunicação interáreas efetiva.

Visão Sistêmica, Planejamento Estratégico, Comunicação, Gerenciamento de Processos Digitais, Análise de Negócios, Prototipação Digital

Habilidades de Liderança

- Liderança e motivação da equipe de desenvolvimento de produtos;

- Desenvolvimento de um ambiente de trabalho positivo e produtivo para a equipe;

- Gerenciamento de conflitos e tomada de decisões difíceis.

Gestão de Pessoas, Comunicação, Tomada de Decisão

Habilidades de Gestão de Produtos

- Compreensão do processo de desenvolvimento de produtos, incluindo pesquisa, design, testes e lançamento;

- Priorização de tarefas e recursos para garantir que o produto seja entregue no prazo e dentro do orçamento;

- Gerenciamento de desafios e incertezas inerentes ao desenvolvimento de produtos.

Gerenciamento de Processos Digitais, Análise de Negócios, Prototipação Digital, Gestão de Tarefas e Recursos, Gestão de Risco

Habilidades de Aprendizagem

- Proatividade na aprendizagem e experimentação de novas abordagens para o desenvolvimento de produtos;

- Busca contínua sobre as tendências da indústria e as novas tecnologias;

- Alta recepção e procura por feedbacks construtivos ao produto.

Adaptabilidade, Aprendizado Contínuo, Visão Sistêmica, Planejamento Estratégico




 

Richard Banfield, Martin Eriksson e Nate Walkingshaw - Liderança de Produto: como os principais Gerentes de Produto lançam produtos incríveis e constroem equipes de sucesso (2017)

Habilidades de Liderança

- Construção e gestão de equipes de alto desempenho

- Tomada de decisão baseada em dados e análise crítica

- Comunicação objetiva em reuniões e negociações

Gestão de Pessoas, Tomada de Decisão, Manipulação e Análise de Dados, Comunicação Eficiente

 

Habilidades Técnicas

- Processos de desenvolvimento de PD

- Design Thinking e Metodologias Ágeis

- Análise de dados e sistemas de análise

Gestão de Pessoas, Comunicação, Tomada de Decisão, Gerenciamento de Dados, Comunicação

 

 

Habilidades de Gestão de Produtos

- Identificação de oportunidades de mercado

- Gestão do ciclo de vida de PD

- Planejamento e gestão de orçamentos

Visão Sistêmica, Planejamento Estratégico, Gerenciamento de Processos Digitais, Análise de Negócios, Prototipação Digital

 

 

Habilidades Interpessoais

- Gerenciamento de stakeholders

- Resolução de conflitos

- Relacionamento com clientes

- Colaboratividade

Gerenciamento de Expectativas, Gestão de Pessoas, Comunicação

 

 

Curso de Profissionalização em GPD

Habilidades Comportamentais

- Empatia com colegas, clientes, lideranças e demais relacionados;

- Adaptabilidade para lidar com as variabilidades do mundo digital;

- Gestão de tempo para priorizar tarefas e demandas;

- Curiosidade para manter-se atualizado de possíveis tendências e aprendizados;

- Comunicação para manter stakeholders alinhados às estratégias e objetivos do produto.

Empatia, Adaptabilidade, Gestão de Tarefas e Recursos, Aprendizado Contínuo, Comunicação

 

 

Habilidades Técnicas

- Conhecimento a respeito de todas as etapas de desenvolvimento de PD;

- Análise e interpretação de dados;

- Compreensão básica de design e experiência do usuário;

- Compreensão completa das necessidades do mercado e dos clientes;

- Conhecimento acerca de métodos de pesquisa e entrevista.

Gerenciamento de Processos Digitais, Análise de Negócios, Prototipação Digital, Gerenciamento de Dados, Design de Experiência do Usuário, Visão Sistêmica e Planejamento Estratégico

 

 

 

Fonte: Adaptado de Cagan (2020), Banfield et al. (2017) e Curso GPD (2023)

Dentro de cada obra analisada, existem as categorias de habilidades, que abarcam uma série de habilidades para aqueles contextos. Por exemplo, Cagan (2020) divide as habilidades de um GPD em cinco categorias, sendo elas Habilidades de Compreensão do Usuário, Habilidades Técnicas, Habilidades de Liderança, Habilidades de Gestão de Produtos e Habilidades de Aprendizagem. É interessante notar que cada autor trata das habilidades de acordo com o que consideram ser mais importante, com Cagan (2020) possuindo uma visão muito mais de relacionamento com clientes/usuários, Banfield et al. (2017) dando mais destaque ao processual e interno, e o curso apresentando um misto entre as duas percepções.

A partir das H&C apontadas, foi realizado um trabalho de seleção de palavras chaves que melhor representassem de maneira objetiva o que foi apresentado. A partir da síntese dessa pesquisa bibliográfica, obteve-se uma frequência de repetição de palavras chaves, como ilustrado na Figura 7:

Figura 7: Frequência de Palavras-Chaves

Fonte: Autor (2023)

Dessa forma, tem-se Gerenciamento de Processos Digitais, Análise de Negócios, Prototipação Digital e Comunicação como as quatro principais H&C deste profissional, seguida de outras 14 mencionadas. A partir desse mapeamento, é possível elencar na Matriz Comparativa as H&C de um profissional de EP e de um GPD.

4.3. Matriz Comparativa de Habilidades e Competências

Ao analisar os cinco cursos selecionados a partir da nota do ENADE, de diferentes categorias administrativas, de diferentes regiões, e diferentes períodos de início, buscou-se formar um perfil profissional realístico e plural de EP formado nas IES da Bahia. Dessa forma, a partir dos documentos oficiais disponibilizados pelas organizações em suas plataformas, foi possível elencar o total de 26 H&C que são desenvolvidas nos egressos, sendo apresentadas na Tabela 8:

Tabela 8: H&C atualmente trabalhadas pelas IES selecionadas

H&C

Definição

Adaptabilidade

Capacidade de se adaptar às mudanças e situações diversas

Análise Crítica

Capacidade de analisar e avaliar informações de forma objetiva e crítica

Análise de Dados

Capacidade de coletar, analisar e interpretar dados para tomar decisões informadas

Análise de Negócios

Capacidade de avaliar e gerir negócios, visando a otimização de resultados

Análise Econômica

Capacidade de avaliar dados econômicos para tomar decisões informadas

Aprendizado Contínuo

Capacidade de buscar constantemente novos conhecimentos e habilidades

Comunicação

Capacidade de se comunicar de forma clara e eficaz com diferentes públicos

Conhecimento Científico

Compreensão dos princípios científicos e tecnológicos aplicáveis à engenharia de produção

Criatividade

Capacidade de criar soluções inovadoras e originais

Empreendedorismo

Habilidade de identificar oportunidades e criar negócios

Ética

Comprometimento com valores éticos e morais, agindo com integridade e responsabilidade

Experimentação

Capacidade de testar e validar hipóteses, soluções e modelos

Gerenciamento de Sistemas

Habilidade de gerenciar sistemas produtivos complexos, envolvendo pessoas, processos e tecnologias

Gestão de Pessoas

Habilidade de liderar e motivar equipes, identificar talentos e desenvolver pessoas

Gestão de Processos

Habilidade de planejar, implementar e controlar processos produtivos eficientes e eficazes

Gestão de Projetos

Habilidade de gerenciar projetos de maneira eficiente, identificando e gerenciando riscos e incertezas

Gestão de Riscos

Habilidade de identificar, avaliar e gerenciar riscos em processos e sistemas produtivos

Gestão Ambiental

Habilidade de gerenciar impactos ambientais em processos e sistemas produtivos, buscando a sustentabilidade

Inovação

Capacidade de criar soluções inovadoras e disruptivas, aplicando novas tecnologias e modelos de negócios

Modelagem Matemática

Habilidade de modelar sistemas produtivos complexos utilizando ferramentas matemáticas

Planejamento Estratégico

Habilidade de planejar e implementar estratégias de longo prazo para o sucesso do negócio

Proatividade

Capacidade de antecipar-se a problemas e agir de maneira preventiva

Prototipação

Capacidade de construir e testar protótipos para validar soluções

Resolução de Problemas

Habilidade de identificar, analisar e solucionar problemas complexos

Tomada de Decisão

habilidade de avaliar informações e tomar decisões informadas

Visão Sistêmica

Habilidade de entender o funcionamento e a interdependência dos sistemas envolvidos em um processo ou projeto

Fonte: Autor (2023)

A partir disso, obteve-se as informações suficientes para construir a Matriz Comparativa entre os requerimentos para atuar como GPD (Figura 7) e as H&C desenvolvidas nos cursos de EP em IES selecionadas no estado da Bahia (Tabela 8). A matriz apresenta destacado em verde quais são as H&C que são requisitos do GPD que são atualmente desenvolvidas em todas as instituições. Já os quadros destacados em azul, representam as H&C necessárias para o GPD presentes em algumas instituições. Já os quadros destacados em laranja, representam H&C trabalhadas em todas as instituições, mas que não são utilizadas ou não foram citadas no GPD.

Figura 8: Matriz comparativa das IES selecionadas e GPD  

Fonte: Autor (2023)

Diante desse resultado, podemos fazer as devidas análises sobre no tópico a seguir.

4.4. Análise de Resultados

Ao analisar a Matriz Comparativa, constata-se que das 26 H&C dos egressos em EP identificadas, 19 são compartilhadas entre todos os cursos, e destas, 7 são necessárias para o GPD. Dentre as 18 H&C identificadas como necessárias para o GPD, além das 7 já mencionadas, outras 6 são trabalhadas apenas em algumas instituições. Além disso, é possível observar um equilíbrio, com SENAI CIMATEC e UNIVASF apresentando 12 e 10 H&C desenvolvidas úteis para o GPD respectivamente, UFBA e UFOB apresentando 10, e a UESC com 8 fecha a lista. 

Visando extrair mais dados quantitativos a respeito desses resultados, a Figura 9 ilustra dois indicadores. O primeiro em azul, demonstra percentualmente as atuais H&C para o GPD desenvolvidas nas IES em comparação com o total de H&C trabalhadas por essas mesmas IES. E em vermelho, um comparativo entre as H&C trabalhadas pelas IES úteis ao GPD e o total de H&C necessárias para o mesmo fim.

Figura 9: Aderência de H&C nas IES Baianas selecionadas

Fonte: Autor (2023)

Dessa forma, tem-se que dentro da formação profissional do Engenheiro de Produção egresso das IES baianas selecionadas, o mesmo possui em média pouco mais que 53% de H&C desenvolvidas aplicáveis para a atuação como GPD. Igualmente, cerca de 43% de tudo que esse profissional desenvolve durante a graduação, é necessário para o exercício. Ademais, é interessante notar que o SENAI CIMATEC, que como visto anteriormente, possui maior flexibilidade e segmentação na formação de seus egressos, e a UNIVASF, instituição que atingiu nota máxima no ENADE de 2019, lideram este ranking de aderência.

Entretanto, essas informações sem parâmetros comparativos não são capazes de estabelecer se isso é bom ou ruim, por isso, foi feita uma pesquisa de quais eram as taxas de outros cursos nacionais e internacionais. A partir da pesquisa de Volpe (2019), foram analisadas as H&C elencadas por ele nos cursos de EP da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e Universidade de São Paulo (USP) no Brasil, a Universidade de Michigan e de Bremen, nos Estados Unidos e Alemanha respectivamente. A seleção dessas quatro instituições deu-se, segundo Volpe (2019), por se tratarem de referências em qualidade de ensino e formação profissional na área.

Após análise, foram equiparadas as H&C elencadas pela presente pesquisa e por Volpe (2019), a fim de estabelecer os mesmos critérios para posterior comparação. Dessa forma, obteve-se o resultado da Figura 10 onde é possível notar que, tratando-se do “berço” da Economia Digital, o curso de EP da Universidade de Bremen, na Alemanha, possui 82,4% de suas H&C desenvolvidas, úteis ao GPD. Em contrapartida, o curso de EP da USP apresenta um índice bem abaixo no que tange ao desenvolvimento de H&C de GPD dentro de sua formação, com apenas 38,9%.

Figura 10: Aderência de H&C nas graduações referênciais

Fonte: Volpe, com adaptações (2019)

Outra análise interessante a ser feita, é que ao contrário das IES baianas, as IES referenciais apresentam maiores taxas de H&C de GPD em comparação com o total desenvolvido pelo curso, do que a quantidade de H&C de GPD em comparação com o que é necessário para a atuação. Tal apontamento pode significar uma formação mais especialista desses egressos, em contrapartida à uma formação mais generalista, que abarque diversos segmentos, como pôde ser visto na maioria dos currículos baianos. A Figura 11 apresenta este panorama geral.

Figura 11: Aderência de H&C entre graduações de estudo

Fonte: Autor (2023)

É importante ressaltar que a formação profissional do Engenheiro de Produção no contexto do GPD é um desafio constante, e a análise comparativa permite identificar oportunidades de aprimoramento. A comparação com outras instituições de renome, como a Universidade de Bremen, na Alemanha, destaca a importância de referências internacionais e o potencial para um maior alinhamento entre a comunidade científica.

No entanto, é fundamental considerar que a avaliação das taxas de desenvolvimento de H&C para o GPD em relação ao total desenvolvido pelo curso não é uma medida isolada de qualidade. Uma formação mais especialista, como observado em algumas das instituições referenciais, pode trazer benefícios específicos, mas também é importante manter uma visão abrangente que atenda às diferentes necessidades socioeconômicas do local onde a instituição está inserida.

Dessa forma, a análise dos resultados evidencia a relevância das habilidades e competências para o GPD desenvolvidas nas IES baianas, ressaltando a importância do contínuo aprimoramento e adaptação dos currículos, levando em consideração os planos de desenvolvimentos regionais e nacional. A busca por um equilíbrio entre habilidades especializadas e uma formação mais abrangente é um desafio contínuo, mas essencial para a preparação dos futuros engenheiros de produção no contexto da Economia Digital.

5. Conclusão

Com base na análise realizada sobre a formação em EP, com enfoque nas H&C exigidas pelo GPD, foi possível obter conclusões pertinentes. O presente estudo revelou que as IES selecionadas na Bahia estão desenvolvendo H&C relevantes para o GPD no âmbito de suas graduações. Houve uma prevalência de H&C compartilhadas entre os cursos, denotando uma base sólida de conhecimentos necessários para a atuação nesse domínio. Contudo, identificou-se a necessidade de aprimoramentos na formação, visando a um alinhamento mais aprofundado com as exigências advindas da Economia Digital.

Além disso, a pesquisa evidenciou a possibilidade de aprimoramento no campo da educação em Engenharia de Produção, particularmente no que concerne à incorporação de habilidades específicas para o GPD nos currículos. À luz dos resultados alcançados, recomenda-se que as IES baianas conduzam avaliações regulares de seus programas de ensino, estabelecendo mecanismos internos de ajustes ágeis, adaptando-os de modo a atender às demandas emergentes da sociedade e do mercado de trabalho. Essa abordagem de atualização contínua garantirá que os futuros EP estejam devidamente preparados para enfrentar os desafios impostos pela inovação acelerada dos tempos atuais, ocupando posições estratégicas nas organizações.

No que tange à metodologia adotada para a coleta de informações, constata-se que se mostrou eficaz na obtenção dos dados necessários para a análise. A comparação entre as H&C desenvolvidas nas IES baianas e em instituições de referência nacional e internacional proporcionou insights valiosos para a compreensão do panorama atual e a identificação de oportunidades de aprimoramento. Ademais, a pesquisa empreendida viabilizou uma compreensão mais abrangente do contexto educacional e tecnológico na Bahia, enriquecendo, assim, os resultados da análise.

Em síntese, o presente estudo evidenciou a importância de alinhar a formação em EP às demandas impostas pela Economia Digital. Os resultados obtidos sugerem a capacidade do profissional em questão de exercer a função analisada, mas aponta a necessidade de uma maior integração de H&C do GPD nos currículos, a fim de capacitar, já na graduação, os futuros EP para enfrentar os desafios e explorar as oportunidades decorrentes dessa nova era tecnológica, e das que estão por vir.

5.1. Sugestões para Trabalhos Futuros

Com base nas conclusões alcançadas neste trabalho, sugere-se a continuidade do estudo por meio de diversas abordagens. Primeiramente, recomenda-se aplicar a pesquisa abrangendo currículos de EP de outras IES do Brasil, a fim de obter uma visão mais abrangente das H&C desenvolvidas que são alinhadas com o necessário para o GPD. Essa análise permitiria identificar tendências, boas práticas e diferentes lacunas na formação destes profissionais, em relação ao contexto da economia digital.

Além disso, propõe-se o desenvolvimento de um modelo de currículo adequado para a formação de EP na área de GPD. Esse modelo poderia ser embasado nas habilidades e competências identificadas como relevantes para o contexto da economia digital, e contemplaria disciplinas, projetos integradores, estágios e atividades extracurriculares que desenvolvessem de forma aprofundada essas competências.

Outra sugestão é a realização de uma pesquisa empírica para avaliar a eficácia das estratégias de ensino adotadas pelas IES na formação de H&C para o GPD. Essa pesquisa poderia envolver a aplicação de questionários, entrevistas e observações em sala de aula, visando compreender como essas estratégias contribuem para a preparação dos estudantes.

Adicionalmente, seria interessante investigar a possibilidade de estabelecer parcerias entre as IES e as empresas especificamente da área de tecnologia digital, em especial as que desenvolvem soluções nesse ambiente. Essas parcerias poderiam resultar em projetos de pesquisa conjuntos, programas de estágio, intercâmbio de conhecimentos e outras iniciativas que aproximem os estudantes das demandas reais do mercado de trabalho, proporcionando uma formação mais alinhada às necessidades do segmento.

Ademais, a pesquisa sobre a aderência de H&C desenvolvidas em graduações ao ambiente digital pode ser aplicada de forma relevante em diferentes áreas profissionais, como Administração, Direito, Saúde e Pedagogia. Na Pedagogia, por exemplo, é possível investigar a correspondência entre as habilidades e competências desenvolvidas pelos professores durante sua formação às necessidades educacionais contemporâneas, como uso de tecnologia educacional, alfabetização digital, EaD e competências em mídias.

Já na área do Direito, a análise pode se concentrar nas habilidades jurídicas e competências necessárias para lidar com advocacia digital e proteção de dados, que estão se tornando cada vez mais relevantes no contexto jurídico atual. Essas pesquisas podem contribuir para aprimorar a formação profissional e garantir uma melhor adequação às necessidades atuais em cada área específica.

Essas sugestões visam a ampliação do escopo de estudo, o aprofundamento da análise e a contribuição para o avanço da área de formação científica no contexto da economia digital. Cada uma dessas abordagens oferece oportunidades para pesquisa acadêmica, ação prática e colaboração entre academia e setor produtivo, resultando em benefícios tanto para os estudantes quanto para as instituições de ensino e a sociedade como um todo.

Por fim, para o desenvolvimento dessa pesquisa foi necessário ao autor utilizar de conhecimentos teóricos e práticos relacionados à pesquisa científica, que foram desenvolvidos durante toda a graduação. O estudo demandou principalmente uma análise crítica de dados e informações, a fim de obter uma compreensão aprofundada dos princípios e fundamentos, não apenas do GPD, mas da Engenharia de Produção, como área científica estratégica para o desenvolvimento socioeconômico.

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Publicado por: TIAGO SENGER DOS SANTOS

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