ESTRATÉGIAS DE ECONOMIA DE COMBUSTÍVEL EM MOTORES A DIESEL: UMA ANÁLISE ABRANGENTE DAS MELHORES PRÁTICAS PARA IMPLEMENTAÇÃO

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1. RESUMO

Imagine uma pessoa que possui uma caminhonete S10 e consome, em média, 480 litros de diesel por mês. Considerando o preço médio do combustível no Brasil em 2023, que é de aproximadamente R$ 6,22 por litro, isso representa um gasto mensal de cerca de R$ 2.985,60. Agora, suponha que essa pessoa possa economizar 10% de combustível sem alterar a quantidade de quilômetros percorridos. Isso se traduz em uma economia anual de mais de R$ 3.500. Agora, pense em uma empresa que mantém uma frota de veículos que percorrem milhares de quilômetros. Economizar apenas 10% de combustível por veículo pode resultar em uma economia significativa. Por exemplo, em uma frota de 300 caminhões, isso se traduz em quase R$ 4 milhões de reais economizados anualmente. Este artigo apresenta uma análise abrangente dos principais fatores que contribuem para o consumo inadequado de diesel e oferece estratégias eficazes tanto para o cidadão comum quanto para a indústria economizarem combustível. Utilizando uma metodologia bibliográfica, esta pesquisa reuniu as melhores práticas para uma gestão de excelência na economia de combustível em motores a diesel. Esperamos que este estudo contribua para conscientizar sobre a importância da eficiência energética e inspire a adoção de práticas mais sustentáveis e econômicas no uso de diesel em diversos setores.

Palavras-chaves: Estratégias; Economia, Motores de Combustão, Ciclo Diesel;

ABSTRACT

Imagine a person who owns an S10 pickup truck and consumes, on average, 480 liters of diesel per month. Considering the average price of fuel in Brazil in 2023, which is approximately R$6.22 per liter, this represents a monthly expense of around R$2,985.60. Now, suppose this person can save 10% on fuel without changing the number of kilometers driven. This translates into annual savings of more than R$3,500. Now, think about a company that maintains a fleet of vehicles that cover thousands of kilometers. Saving just 10% on fuel per vehicle can result in significant savings. For example, in a fleet of 300 trucks, this translates into almost R$4 million saved annually. This article presents a comprehensive analysis of the main factors that contribute to inadequate diesel consumption and offers effective strategies for both the average citizen and industry to save fuel. Using a bibliographic methodology, this research brought together the best practices for excellent management of fuel economy in diesel engines. We hope that this study will contribute to raising awareness about the importance of energy efficiency and inspire the adoption of more sustainable and economical practices in the use of diesel in various sectors.

Keywords: Strategies; Economy, Combustion Engines, Diesel Kyle;

2. INTRODUÇÃO

Desde 2014, venho acumulando experiência trabalhando com motores a diesel em diversas aplicações, incluindo embarcações, geradores e equipamentos rotativos pesados. Minha principal responsabilidade como mecânico, Analista e coordenador era assegurar que esses ativos permanecessem disponíveis e funcionando de forma eficiente. No entanto, durante esse período, uma questão intrigante surgiu em minha mente: como podemos otimizar o desempenho de um motor a diesel ao máximo, ao mesmo tempo em que reduzimos o consumo de combustível?

Foi com essa indagação em mente que iniciei um estudo aprofundado em janeiro de 2023, enquanto me encontrava na cidade de Piracicaba, no estado de São Paulo, em uma viagem a trabalho.

A eficiência energética dos veículos de grande porte, como ônibus, caminhões e pá carregadeiras, desempenha um papel vital na economia de combustível, especialmente em um país onde a grande maioria da frota é composta por equipamentos movidos a óleo diesel, como carretas, navios e outros. A eficiência desses veículos é fortemente influenciada pela forma como são conduzidos e operados, tornando a busca por melhorias práticas uma tarefa desafiadora. Cada operador tem seu próprio estilo e abordagem, o que torna ainda mais crucial a otimização do desempenho dos motores a diesel para reduzir o consumo de combustível.

Os motores de ciclo diesel, devido à sua notável eficiência, ciclos mais precisos, maior potência e torque, são a escolha predominante para uma variedade de aplicações automotivas e industriais. À medida que avançamos no século XXI, aprimorar a economia de combustível nesses motores é fundamental não apenas para reduzir os custos operacionais, mas também para atender aos regulamentos ambientais cada vez mais rigorosos (BOSCH, 2005; GARRETT, 2001).

Neste estudo, examinaremos estratégias e tecnologias específicas que podem ser aplicadas no cotidiano para aprimorar a eficiência energética dos motores a diesel e, consequentemente, reduzir o consumo de combustível em veículos e máquinas rotativas. Abordaremos as causas subjacentes do alto consumo de combustível e exploraremos métodos práticos para economizar combustível em várias aplicações. Além disso, analisaremos tecnologias inovadoras que desempenham um papel essencial na maximização da eficiência energética, incluindo o reaproveitamento de gases de combustível (BOSCH, 2005; BOSCH; CHAIM, 2013; GARRETT, 2001).

Esse artigo tem como objetivo geral fornecer uma visão significativa sobre como enfrentar o desafio de reduzir o consumo de combustível em motores a diesel, impactando positivamente a eficiência de veículos e equipamentos de grande porte. No decorrer deste artigo, como objetivos específicos detalharemos a evolução dos motores a diesel, identificaremos os fatores que contribuem para o consumo elevado de combustível e apresentaremos uma análise abrangente das práticas e tecnologias disponíveis para aprimorar a eficiência energética desses motores. À medida que nos aprofundamos neste estudo, esperamos trazer meios para que o consumidor e as empresas encontrem ferramentas para a redução do uso de combustível.

3. METODOLOGIA

A metodologia adotada neste estudo segue a definição de Diehl e Tatim (2016), que a concebem como "o estudo e avaliação dos diversos métodos, com o propósito de identificar possibilidades e limitações no âmbito de sua aplicação no processo de pesquisa científica" (p. 47). A escolha cuidadosa da metodologia é crucial para garantir a validade e a confiabilidade dos resultados obtidos.

Para atingir o objetivo proposto nesta pesquisa, iniciamos com uma extensa revisão da literatura. Empregamos uma abordagem bibliográfica abrangente, que abrangeu a análise de artigos acadêmicos, informações disponíveis em websites especializados, livros, dissertações, teses e outras fontes relevantes. Essa abordagem permitiu que incorporássemos conhecimento consolidado e evidências acadêmicas ao nosso estudo.

Esta pesquisa se enquadra na categoria de pesquisa descritiva, de acordo com a definição de Triviños (2013, p. 124). Este tipo de pesquisa tem como característica a apresentação de todas as informações dos dados explorados nos documentos e dados fornecidos por publicações. Isso implica a coleta de uma ampla variedade de informações relacionadas ao tema em estudo.

Nossa metodologia se baseia, portanto, em uma revisão abrangente da literatura acadêmica e científica disponível. Isso nos permitirá obter uma visão holística das estratégias de economia de combustível em motores a diesel, suas aplicações e implicações, a fim de atender aos objetivos de nossa pesquisa.

4. MOTORES A DIESEL E O SEU USO ESTRATÉGICO NA ECONOMIA

Nos últimos anos, a busca por eficiência energética e a redução dos custos operacionais tornaram-se imperativos essenciais, especialmente em um contexto em que a maior parte da frota de veículos e maquinário é impulsionada por motores a diesel.

Este capítulo concentra-se no papel fundamental dos motores a diesel na economia de combustível e na estratégia de redução de gastos operacionais. Exploraremos como a eficiência intrínseca desses motores, aliada a tecnologias e práticas simples e inovadoras, oferece oportunidades para otimizar o consumo de combustível, impactando diretamente a economia das operações de transporte e setores industriais. Além disso, examinaremos o uso estratégico desses motores como um meio essencial para enfrentar os desafios econômicos relacionados ao combustível, ao mesmo tempo em que se alinha com as exigências ambientais e regulatórias em constante evolução.

4.1. Evolução dos Motores a Diesel: Tecnologias e Inovações para a Eficiência Energética

A história dos motores a diesel remonta ao final do século XIX, quando Rudolf Diesel desenvolveu o primeiro protótipo funcional. O conceito revolucionário por trás desses motores residia na utilização da compressão de ar para inflamar o combustível diesel, eliminando a necessidade de sistemas de ignição elétrica. Esse pioneirismo, baseado no ciclo termodinâmico de compressão, proporcionou uma eficiência intrínseca notável em comparação com os motores a gasolina da época.

No entanto, a verdadeira revolução ocorreu com o desenvolvimento de sistemas de injeção direta de alta pressão. Como detalhado por Bosch (2005) em "Manual de Tecnologia Automotiva," esses sistemas permitiram um controle preciso da injeção de combustível, resultando em uma queima mais completa e eficiente. A capacidade de pulverizar o diesel diretamente na câmara de combustão em alta pressão melhorou significativamente a potência e a economia de combustível. Foi um marco que se tornou padrão na indústria automotiva e industrial.

Imagine para que ocorra a transformação da energia da combustão em força mecânica nos motores de combustão interna, diversos componentes desempenham papéis cruciais. Estes elementos fundamentais incluem o cilindro, o pistão, a biela, o virabrequim, o volante, o bloco, o cárter, o cabeçote, as válvulas, o eixo de comando e os dispositivos de acionamento das válvulas. No contexto dos motores de ciclo Diesel, essas peças desempenham um papel central na geração da força mecânica rotativa que impulsiona os diversos sistemas mecânicos associados.

Figura 01 - Principais componentes dos Motores a Diesel

Fonte: Adaptado por ALMEIDA, 2023.

A imagem abaixo mostra como funciona o ciclo desse motor. Este ciclo de quatro tempos é uma engenhosa demonstração de como a pressão, temperatura e combustível podem se combinar para gerar energia e movimento.

Figura 02 - Funcionamento dos 04 tempos do motor

Fonte: ALVES, 2019.

O motor de ciclo Diesel opera em quatro etapas principais:

Admissão: Durante esse estágio, a válvula de admissão permite que o ar entre no cilindro. Esse ar contém oxigênio, essencial para a próxima etapa.

Compressão: Nesse momento, o pistão se move para cima, comprimindo o ar admitido. A compressão gera calor, aumentando a temperatura do ar até próximo do topo do cilindro.

Explosão: Justo antes do ponto morto superior (PMS), o sistema de injeção de diesel pulveriza o combustível a alta pressão no ar quente e comprimido. Devido à temperatura elevada, o diesel se inflama por conta própria em uma reação conhecida como autoignição. Isso cria uma explosão controlada que empurra o pistão para baixo.

Escape: Após a explosão, o pistão se move novamente para cima, empurrando os gases de escape para fora do cilindro através da válvula de escape.

No ciclo Diesel, a ignição ocorre por autoignição devido à alta temperatura gerada pela compressão, dispensando a necessidade de velas de ignição. Alguns motores podem incluir uma vela aquecedora para facilitar o início do processo, mas a ignição principal ainda ocorre por autoignição do diesel.

Apesar dessa evolução em precisão e desempenho dos motores por outro lado, à medida que as preocupações ambientais ganharam destaque, os motores a diesel tiveram que enfrentar o desafio das emissões de poluentes. Bosch, no "Bosch Automotive Handbook," descreve os avanços em sistemas de pós-tratamento de emissões, como catalisadores SCR (Redução Catalítica Seletiva), que reduzem significativamente a emissão de óxidos de nitrogênio (NOx). Isso permitiu que os motores a diesel atendessem às rigorosas regulamentações ambientais em todo o mundo, garantindo que a eficiência energética não fosse alcançada à custa do meio ambiente.

O avanço da eletrônica automotiva desempenhou um papel fundamental na otimização dos motores a diesel. A introdução de sistemas de controle eletrônico, como a ECU (Unidade de Controle Eletrônico), permitiu o gerenciamento preciso do combustível, da pressão de injeção e de outros parâmetros operacionais. Chaim (2013), em "Motores Diesel: Funcionamento e Diagnóstico de Falhas," explora detalhadamente o funcionamento desses sistemas e suas implicações na eficiência energética, abrindo caminho para um controle mais refinado dos motores. Imagine que seu veiculo sem carga tem um desempenho determinado, para que ele mantenha o mesmo desempenho com carga, a central do motor se comunica de forma precisa, mandando sinal para a bomba e bicos que precisam reajustar a quantidade para trabalhar com melhor eficiência.

A busca contínua por eficiência levou ao desenvolvimento de motores diesel de alta eficiência. Estes incorporam turbocompressores de geometria variável, sistemas de recuperação de calor e estratégias de reciclagem de gases de exaustão. Pontes (2015), em "Motores de Combustão Interna: Tecnologia, Projeto e Desempenho," analisa essas tecnologias que maximizam a eficiência energética, resultando em motores mais potentes e econômicos.

Os turbocompressores, no contexto da engenharia de motores, representam uma inovação crucial. Eles permitem a recuperação e reaproveitamento eficiente dos gases de escape gerados durante o processo de combustão em motores de combustão interna. Essa abordagem engenhosa é fundamental para otimizar o desempenho do motor, uma vez que os gases de escape contêm energia térmica significativa que, de outra forma, seria desperdiçada.

O funcionamento dos turbocompressores baseia-se no princípio da turbina e do compressor. Os gases de escape quentes e de alta velocidade são direcionados para uma turbina, que está acoplada a um eixo comum. A energia cinética dos gases de escape faz com que a turbina gire, transmitindo essa energia ao eixo. Este último, por sua vez, aciona um compressor situado na entrada de ar do motor. O compressor comprime o ar ambiente antes de ser introduzido na câmara de combustão.

Essa compressão do ar ambiente é vital para melhorar a eficiência da combustão interna. O ar comprimido é mais denso, o que significa que uma quantidade maior de oxigênio pode ser fornecida para a mistura ar-combustível. Isso resulta em uma queima mais completa e eficiente do combustível, aumentando assim a potência do motor.

O aspecto crítico é que os turbocompressores possibilitam essa melhoria sem sobrecarregar o motor. Isso ocorre porque o sistema é projetado para operar em equilíbrio, garantindo que a quantidade correta de ar seja fornecida para a combustão, evitando o excesso de pressão no motor que poderia causar danos.

Figura 03 – Funcionamento do Turbocompressor

Fonte: Adaptado por ALMEIDA, 2023.

Os turbocompressores são dispositivos engenhosos que permitem a recuperação e o reaproveitamento dos gases de escape para melhorar a eficiência da combustão interna dos motores de combustão. Esse processo resulta em maior potência e desempenho, sem comprometer a integridade do motor, representando um avanço significativo na tecnologia de propulsão.

Entretanto, o futuro dos motores a diesel está intrinsecamente ligado à busca por alternativas mais sustentáveis. A pesquisa em combustíveis alternativos, como biodiesel e diesel de algas, juntamente com o uso de motores híbridos e elétricos em conjunto com motores a diesel, são áreas de crescente interesse. Tigre (2008) explora essas tendências em "Motores Diesel: Teoria e Prática," apresentando as possíveis direções que a tecnologia diesel pode seguir. Com isso, enquanto o desenvolvimento de novos meios de energia ocorre, procuramos realizar medidas para que possamos diminuir o consumo de combustível e ainda conseguir realizar as mesmas atividades.

Em suma, a evolução dos motores a diesel é um testemunho da capacidade da engenharia de melhorar a eficiência energética e reduzir as emissões, ao mesmo tempo em que impulsiona a economia e a inovação em diversas indústrias.

4.2. Determinantes do Consumo Elevado de Combustível em Motores a Diesel

O consumo de combustível em motores de ciclo diesel ocorre por diversos fatores que será descrito a seguir:

  • Uso de Veículos com Tecnologias e Motores Antigos

O uso de veículos equipados com tecnologias e motores que já ultrapassaram sua vida útil eficaz é um fator crítico que contribui significativamente para o consumo elevado de combustível em motores a diesel.

Veículos e equipamentos mais antigos, frequentemente com mais de 10 anos de operação, podem apresentar sistemas de injeção e controle menos eficientes em comparação com seus equivalentes mais modernos. Isso é destacado por Luiz Antonio Pigozzo, autor de "Consumo de combustível: Uma questão de atitude" (2015). Esses motores podem não incorporar os avanços tecnológicos que melhoram a eficiência e reduzem o consumo de diesel, como a injeção direta de alta pressão e sistemas de gerenciamento eletrônico mais avançados. Como resultado, esses veículos tendem a consumir mais combustível para produzir a mesma quantidade de energia, tornando-se menos econômicos e mais poluentes.

Equipamentos mais antigos costumam ser menos eficientes na queima de diesel, especialmente quando não são adequadamente mantidos. Isso significa que eles desperdiçam mais diesel para gerar a mesma quantidade de energia. A falta de eficiência está relacionada à deterioração gradual das partes internas do sistema de combustão desses equipamentos, como os injetores de diesel e as câmaras de combustão. Quando essas peças não funcionam bem, o diesel não queima completamente, resultando em menos potência gerada e mais poluentes liberados no ambiente.

  • Comportamento do Motorista e Diferenças de Consumo

O comportamento do motorista desempenha um papel fundamental no consumo de combustível de um veículo a diesel, e as variações podem ser substanciais.

Talvez já tenha ouvido falar do termo “o cara tem o pé pesado”, isso contribui diretamente no consumo de combustível. Diferentes tipos de comportamento, como aceleração brusca, alta velocidade, frenagens frequentes e mudanças constantes de velocidade, são fatores que aumentam o consumo de diesel. (SOFTCENTER, 2017). Esses comportamentos resultam em uma demanda de potência variável e constante variação da carga do motor, levando a um aumento considerável no consumo. Motoristas que adotam práticas de direção mais suaves e econômicas geralmente conseguem obter melhor eficiência de combustível.

  • Alteração de velocidade e trocas inadequadas de marcha

O consumo elevado de diesel está intrinsecamente ligado ao funcionamento do motor e ao uso inadequado do veículo. Operar um motor a diesel constantemente em rotações muito baixas ou muito altas pode resultar em um aumento no consumo de diesel. Isso ocorre porque o motor pode não estar operando em sua faixa de torque máximo, onde a eficiência é mais notável. Um ponto importante a ser destacado é que a faixa de torque máximo é aquela em que o motor produz a maior força com a menor quantidade de combustível. Esta relação entre torque máximo e eficiência é enfatizada por Paulo Bastos Tigre em "Motores Diesel: Teoria e Prática" (2008). Portanto, operar o motor fora dessa faixa de torque resulta em uma demanda de potência maior e, consequentemente, em um maior consumo de diesel.

Outro aspecto a ser considerado é o uso inadequado das marchas, principalmente em altas velocidades ou alternando frequentemente entre elas. Isso exige que o motor trabalhe mais para manter a velocidade desejada, resultando em um aumento no consumo de diesel.

  • Resistência ao Ar e Pneus: Fatores Críticos no Consumo de Diesel

A resistência ao ar é um fator crítico que desempenha um papel substancial no consumo de combustível, especialmente em veículos de grande porte. Como destacado no estudo realizado por Campos, Lima e Pecorari em 2014, à medida que a velocidade de um veículo aumenta, a resistência ao ar também cresce de forma exponencial. Isso significa que, à medida que um veículo acelera e atinge velocidades mais altas, ele precisa vencer uma força contrária cada vez mais significativa. Consequentemente, o consumo de diesel aumenta consideravelmente quando se viaja em velocidades elevadas, especialmente em rodovias.

Imagine um caminhão de transporte de carga em uma rodovia. Quando esse caminhão está parado, ele não precisa vencer nenhuma resistência ao ar, porque não está se movendo. No entanto, à medida que o motorista pisa no acelerador e o caminhão começa a se mover, ele encontra uma força contrária chamada resistência ao ar. Inicialmente, a resistência ao ar é relativamente baixa, mas à medida que o caminhão acelera e atinge velocidades mais altas, essa resistência ao ar começa a crescer exponencialmente.

Outro aspecto que influencia diretamente o consumo de diesel relaciona-se ao tipo e à condição dos pneus utilizados. Pneus desgastados, inadequados para a aplicação ou com pressão insuficiente podem aumentar consideravelmente o atrito com a superfície da estrada, exigindo mais energia para superar a resistência ao rolamento. Essa resistência adicional se traduz em um aumento no consumo de diesel. É fundamental ressaltar que a escolha adequada dos pneus e a manutenção regular, incluindo a calibragem correta, são cruciais para minimizar a resistência ao rolamento e, por conseguinte, reduzir o consumo de combustível. (CAMPOS; LIMA E PECORARI, 2014).

Manter pneus em bom estado e calibrados de acordo com as especificações do fabricante não apenas melhora a eficiência do veículo, mas também contribui para a segurança rodoviária. Portanto, a gestão adequada da resistência ao ar por meio da manutenção dos pneus desempenha um papel vital na economia de combustível e na redução do impacto ambiental, além de proporcionar um custo operacional mais eficiente para frotas de veículos.

  • Falta de Manutenção Adequada

A falta de manutenção adequada emerge como um dos principais catalisadores do consumo elevado de diesel. Como evidenciado por Pontes em 2015 e reforçado por Cabral em 2017, motores que não recebem a atenção e os cuidados necessários estão sujeitos a uma série de problemas que comprometem significativamente sua eficiência.

Um exemplo ilustrativo dessa questão é a obstrução do filtro de ar. Quando o filtro de ar fica entupido de sujeira e detritos, o fluxo de ar para o motor é restringido. Isso resulta em uma mistura ar-combustível desequilibrada, uma vez que o motor não recebe a quantidade adequada de oxigênio para uma queima eficiente. O resultado é uma queima incompleta do diesel, o que, por sua vez, acarreta menor eficiência energética e um aumento notável no consumo de combustível.

Além disso, sistemas de injeção de combustível desregulados são outra consequência da falta de manutenção. A injeção inadequada de combustível prejudica significativamente o desempenho do motor. Quando a quantidade de combustível injetada não está sincronizada com as demandas do motor, ocorrem ineficiências operacionais. Isso resulta em desperdício de diesel e em um aumento substancial no consumo. A falta de manutenção preventiva regular só amplifica esses problemas ao longo do tempo, tornando a gestão adequada da manutenção uma prática essencial para a economia de combustível e o desempenho eficiente do motor.

Com isso, o consumo elevado de diesel em motores ciclo diesel é influenciado por uma série de fatores, incluindo a obsolescência tecnológica dos veículos, comportamento do motorista, funcionamento inadequado do motor, resistência ao ar, tipo de pneu e falta de manutenção adequada. Compreender e abordar esses determinantes é fundamental para desenvolver estratégias eficazes de redução do consumo de combustível, beneficiando tanto a eficiência operacional quanto a redução do impacto ambiental.

4.3. Estratégias Práticas para Economizar Combustível em Veículos a Diesel

Figura 04 - As 8 ferramentas para economizar Combustível em veículos a Diesel

Fonte: ALMEIDA, 2023.

A busca por maneiras eficazes de economizar combustível em veículos a diesel é fundamental não apenas para melhorar a eficiência operacional, mas também para reduzir o impacto ambiental. Com base em uma variedade de fontes, incluindo estudos acadêmicos e orientações especializadas, apresentaremos estratégias detalhadas e práticas que podem ser implementadas com sucesso:

Manutenção Preventiva Regular:

A manutenção preventiva regular é indiscutivelmente uma das estratégias mais eficazes quando se trata de reduzir o consumo de diesel em veículos a diesel. Essa abordagem envolve um conjunto de práticas fundamentais que incluem a verificação periódica e a substituição de componentes críticos, como filtros de ar e combustível, além de ajustes e limpeza de sistemas de injeção. A sua importância reside no fato de que a manutenção adequada não apenas mantém os componentes do motor em boas condições, mas também assegura que o motor opere de forma eficiente.

Um dos principais benefícios da manutenção preventiva é a minimização das perdas de energia no motor. Com componentes limpos e em bom estado de funcionamento, o motor é capaz de aproveitar ao máximo o diesel que consome. Isso significa que a queima de combustível ocorre de forma mais completa e eficaz, resultando em um melhor aproveitamento da energia liberada durante o processo de combustão. Como resultado, o veículo consegue percorrer distâncias mais longas com a mesma quantidade de diesel, economizando combustível e reduzindo os custos operacionais. (GARRET, 2001

Além disso, a manutenção preventiva regular também contribui para a redução da emissão de poluentes, o que é benéfico tanto para o meio ambiente quanto para a conformidade com regulamentações ambientais. Portanto, essa estratégia não só otimiza o consumo de diesel, mas também promove a sustentabilidade e a eficiência global das operações de transporte.

Implementar um sistema de manutenção preventiva se torna essencial para reduzir o consumo de combustível, abaixo algumas técnicas básicas que empresas podem inserir no seu sistema de manutenção:

  • Análise de óleo do motor: é essencial para verificar a passagem de diesel para o cárter do motor, alguns fabricantes recomenda a substituição de vedações e juntas do motor em um over hall pré-determinado em quilômetros ou horas, contudo é uma prática que muitas vezes pode ser cara quando não há necessidade de fazer essa manutenção no motor ou quando não se faz e há um desgaste pré-maturo dos componentes, o ideal é inserir a análise de óleo e acompanhar o desgaste e intervir no momento certo.

  • Análise de óleo diesel em tanques: em tanques grandes é ideal fazer essa análise para verificação de água e sujeira, que podem causar entupimento de filtros, bicos e comprometer bombas injetores, causando maiores consumos de combustível ou trabalho ineficiente da câmara de combustão.

  • Criação de Plano de inspeção de Bombas injetoras e bicos: Inspecionar o funcionamento adequado das bombas injetoras e verificar desgastes é essencial para a injeção do combustível adequado para não haver desperdícios. Limpezas regulares dos bicos injetores, bimestralmente ou conforme o nível de sujidade apresentadas em leituras da análise de óleo do combustível é essencial para que não passe sujeira a câmara de combustão ou danifique as vedações causando o desperdício do diesel.

  • Substituição dos filtros de ar e combustível: é essencial manter a rotina conforme recomenda o fabricante ou antecipadamente conforme resultados de análise de óleo.

  • Implementação de plano de limpeza do tanque de Diesel: realizar a limpeza bimestralmente ou trimestralmente contribuí para redução de passagem de sujeira para o sistema de combustível do motor e de porcentagem de água ocorrido pela decantação.

Treinamento de Direção Consciente, eficiente e educação Contínua:

A direção consciente e eficiente desempenha um papel fundamental na busca pela economia de diesel. É amplamente reconhecido que o comportamento do motorista tem um impacto significativo no consumo de combustível. Uma das estratégias mais eficazes para promover a economia de diesel é o treinamento de direção econômica, que pode ensinar aos motoristas técnicas valiosas para melhorar a eficiência do veículo. Essas técnicas incluem evitar acelerações bruscas, reduzir a velocidade gradualmente e minimizar frenagens desnecessárias. Essas práticas não apenas economizam diesel, mas também contribuem para uma condução mais segura e suave, reduzindo o desgaste do veículo. (PIGOZZO, 2015).

Manter uma velocidade constante na faixa de torque máximo do motor é outra estratégia importante que pode resultar em uma condução mais eficiente. Chaim (2013), ressalta que os motores a diesel operam com maior eficiência em determinadas faixas de rotação, geralmente associadas ao torque máximo. Manter uma velocidade constante nessa faixa permite que o motor funcione em seu ponto ideal de eficiência, reduzindo o consumo de diesel.

Além disso, é essencial destacar que a direção consciente não apenas economiza combustível, mas também contribui para a redução das emissões de poluentes. Isso é particularmente importante em um contexto de crescente preocupação ambiental e regulamentações mais rigorosas. Portanto, investir em treinamento de direção econômica e promover um comportamento responsável por parte dos motoristas não só reduz os custos operacionais, mas também demonstra um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental.

Manter os motoristas atualizados com as melhores práticas de direção econômica e conscientizá-los sobre a importância da economia de combustível é fundamental para o sucesso na busca por eficiência operacional, conforme destacado por Pigozzo (2015) e Softcenter (2017). A implementação de programas de treinamento contínuos desempenha um papel crucial nesse contexto.

A implementação de treinamentos contínuos também permite a atualização constante dos motoristas em relação a novas tecnologias e estratégias de economia de combustível que possam surgir. Essa abordagem demonstra um compromisso da empresa com a busca pela eficiência e economia de recursos. Além disso, o treinamento regular pode ser um fator motivador para os motoristas, incentivando-os a adotar práticas de direção mais conscientes e econômicas no dia a dia. Portanto, manter os motoristas bem treinados e informados é uma estratégia fundamental para melhorar a eficiência operacional e economizar diesel.

Gestão Inteligente da Velocidade:

A redução da velocidade em estradas desempenha um papel crucial na busca por economia de diesel e é uma estratégia que pode resultar em economias significativas de combustível. Conforme destacado pela fonte Softcenter (2017), manter velocidades moderadas e evitar altas velocidades é uma prática fundamental para a eficiência no consumo de diesel. Além dos benefícios econômicos, essa abordagem também promove a segurança rodoviária.

Quando um veículo viaja em altas velocidades, a resistência ao ar aumenta exponencialmente. Isso significa que o motor precisa trabalhar mais para superar essa resistência e manter a velocidade, o que resulta em um consumo excessivo de diesel. Em contrapartida, quando os motoristas reduzem a velocidade e adotam uma condução mais moderada, a resistência ao ar diminui significativamente. Isso permite que o veículo opere de forma mais eficiente, economizando combustível e reduzindo os custos operacionais.

Utilização de Tecnologia de Rastreamento:

A tecnologia de rastreamento de veículos, com sistemas GPS avançados, tem se tornado uma aliada valiosa na busca pela economia de diesel. Conforme evidenciado pela Softcenter (2017), esses sistemas permitem o monitoramento do comportamento do motorista em tempo real, fornecendo dados precisos sobre como o veículo está sendo conduzido. Essa informação pode ser aproveitada de maneira estratégica para oferecer feedback imediato aos motoristas, orientando-os sobre como melhorar a eficiência de condução.

Ao usar a tecnologia de rastreamento, as empresas de transporte podem identificar padrões de comportamento que impactam negativamente o consumo de diesel, como acelerações bruscas, frenagens repentinas ou velocidades excessivas. Com base nesses dados em tempo real, os motoristas podem receber orientações específicas para ajustar seu comportamento de direção. Por exemplo, eles podem ser incentivados a evitar acelerações excessivas, a manter velocidades moderadas e a adotar práticas de direção suave, que contribuem para a economia de combustível. Portanto, a tecnologia de rastreamento de veículos não apenas fornece informações valiosas sobre o comportamento do motorista, mas também oferece uma oportunidade de intervenção imediata para melhorar a eficiência de condução e economizar diesel.

Revisão de Rotas e Logística:

A eficiência no planejamento de rotas de entrega desempenha um papel fundamental na redução do consumo de diesel e, por conseguinte, na economia de recursos. Essa estratégia, respaldada pela fonte Softcenter (2017), envolve a análise cuidadosa e a otimização das rotas de transporte para garantir que o veículo percorra a menor quilometragem possível para atender a todas as entregas programadas.

Quando as rotas não são devidamente planejadas, os veículos podem acabar percorrendo distâncias desnecessárias, enfrentando congestionamentos de tráfego e perdendo tempo em desvios ineficientes. Tudo isso resulta em um consumo excessivo de diesel e, consequentemente, em custos operacionais mais elevados. No entanto, ao investir na otimização da logística de transporte, as empresas podem reduzir consideravelmente a quilometragem total percorrida por seus veículos.

A otimização de rotas não apenas economiza combustível, mas também contribui para uma utilização mais eficiente dos recursos da empresa. (PIGOZZO, 2015). Menos quilômetros percorridos significam menos desgaste dos veículos, menos manutenção necessária e uma vida útil mais longa para a frota. Além disso, essa abordagem pode levar a um aumento na capacidade de entrega, permitindo que mais entregas sejam realizadas com menos recursos. Portanto, o planejamento de rotas eficientes é uma estratégia vantajosa tanto em termos de economia de diesel quanto de recursos globais da empresa.

Monitoramento de Desempenho:

A implementação de sistemas de monitoramento de desempenho de veículos, como a telemetria, desempenha um papel fundamental na busca pela eficiência operacional e na economia de combustível, conforme enfatizado pela Softcenter (2017). Esses sistemas fornecem uma visão abrangente do comportamento dos veículos em tempo real, permitindo que as empresas acompanhem de perto o consumo de combustível e identifiquem áreas que podem ser aprimoradas.

Com a telemetria, as empresas podem monitorar uma série de parâmetros-chave, como velocidade, aceleração, frenagem, rotações por minuto (RPM) do motor e padrões de condução. Essas informações detalhadas permitem uma análise aprofundada do desempenho de cada veículo. Os gestores podem identificar motoristas que frequentemente adotam práticas de direção não econômicas, como acelerações bruscas ou velocidades excessivas, e tomar medidas corretivas por meio de treinamento e orientação. (SOFTCENTER, 2017).

Além disso, os sistemas de telemetria podem ser usados para identificar problemas mecânicos em tempo real, como falhas no motor ou pneus com baixa pressão. Detectar esses problemas precocemente não apenas economiza combustível, mas também evita avarias e paradas não planejadas, melhorando a eficiência operacional. Em resumo, a implementação de sistemas de monitoramento de desempenho de veículos é uma estratégia eficaz para acompanhar e melhorar o consumo de combustível, resultando em benefícios tanto financeiros quanto operacionais para as empresas.

Além disso, para as empresas realizar o monitoramento de motoristas para identificar os que tem praticado uma direção econômica e premiar para incentivar os demais.

Atualização de frotas: Veículos Mais Eficientes

A consideração da atualização da frota para veículos a diesel mais modernos e eficientes é uma estratégia a longo prazo que pode proporcionar uma série de benefícios. Conforme destacado por Pontes (2015), essa abordagem envolve a substituição gradual dos veículos atuais por modelos mais recentes que incorporam tecnologias avançadas de eficiência de combustível.

Os veículos a diesel modernos frequentemente apresentam motores mais eficientes, sistemas de injeção de combustível aprimorados e tecnologias de controle de emissões avançadas. Conforme mencionado por Pigozzo (2015), esses avanços resultam em um melhor aproveitamento do diesel e em níveis mais baixos de emissões poluentes. A substituição de veículos obsoletos por modelos mais novos pode levar a uma redução significativa no consumo de diesel, contribuindo para a economia de combustível.

Além disso, os veículos mais modernos costumam ser projetados levando em consideração a aerodinâmica e a eficiência energética, o que os torna mais econômicos em termos de combustível. Conforme destacado por Pontes (2015), a incorporação de características como sistemas de parada automática do motor em situações de ociosidade e a gestão eletrônica avançada do motor pode melhorar ainda mais a eficiência operacional.

No entanto, é importante notar que a atualização da frota é uma estratégia de longo prazo que requer investimentos significativos. As empresas devem considerar cuidadosamente os custos e benefícios associados a essa decisão. No entanto, a longo prazo, a atualização para veículos a diesel mais modernos e eficientes pode resultar em economias substanciais de combustível e uma operação mais sustentável.

Uma sugestão é que empresas com frotas com mais de 100 veículos substituam 10 a cada 02 anos ao atingirem de 7 a 10 anos de uso. Frotas menores a exemplo com 10 veículos substituam o mais antigo no prazo de 7 a 10 anos e seguindo um plano bianual de substituição.

Gestão de Pneus:

Implementar um sistema de gestão de pneus, como sugerido por Campos, Lima e Pecorari (2014), pode ajudar a prolongar a vida útil dos pneus, reduzir a resistência ao rolamento e, assim, economizar combustível.

É uma estratégia altamente eficaz para otimizar o desempenho dos pneus e, consequentemente, economizar combustível de forma consistente. Essa abordagem envolve uma série de passos e melhores práticas que podem ser adotados por empresas e frotas para garantir uma gestão eficiente dos pneus.

Em primeiro lugar, é crucial estabelecer um sistema de monitoramento regular da condição dos pneus. Isso pode ser alcançado por meio da instalação de sensores de pressão e temperatura dos pneus, que fornecem informações em tempo real sobre o estado dos pneus. Esses dados podem ser transmitidos para um sistema de gestão central, permitindo uma supervisão contínua.

Com base nas informações de monitoramento, as equipes de manutenção podem realizar manutenção preventiva, incluindo a calibração adequada dos pneus, o alinhamento das rodas e a rotação regular dos pneus. Essas medidas ajudam a garantir que os pneus estejam em condições ideais de funcionamento, minimizando a resistência ao rolamento e maximizando a economia de combustível.

Além disso, os motoristas desempenham um papel fundamental na gestão eficaz dos pneus. Eles podem ser treinados para realizar verificações regulares dos pneus, incluindo a inspeção visual de desgaste irregular e danos. Também podem ser instruídos a adotar práticas de direção consciente, como evitar acelerações e frenagens bruscas, o que contribui para a durabilidade dos pneus e economia de combustível.

A análise dos dados coletados pelo sistema de gestão de pneus é essencial para identificar tendências e padrões. Isso ajuda a prever problemas potenciais antes que se tornem graves, permitindo a intervenção proativa.

A escolha adequada de pneus é igualmente importante. Com base nas condições de operação e no tipo de carga transportada, as empresas podem selecionar os pneus mais apropriados em termos de resistência ao rolamento e durabilidade.

Avaliar e escolher fornecedores de pneus que ofereçam produtos de alta qualidade e serviços de suporte, como consultoria técnica e programas de garantia, também é fundamental.

Os pneus têm uma função importante para economia de combustível, quanto menor o atrito com o solo, menos esforço o motor terá de fazer. A escolha da banda de rodagem do pneu depende do tipo de veículo, das condições de uso e das preferências do condutor. No entanto, para diminuir o atrito e, consequentemente, melhorar a eficiência do combustível, alguns fatores gerais devem ser considerados:

  • Pneus de baixa resistência ao rolamento: Pneus projetados com uma banda de rodagem otimizada para reduzir a resistência ao rolamento são uma escolha eficaz para economizar combustível. Eles são conhecidos como pneus de "baixa resistência ao rolamento" ou "LRR" (Low Rolling Resistance). Esses pneus são projetados para minimizar a quantidade de energia necessária para mover o veículo, o que resulta em menor consumo de combustível.

Figura 05 – Bandagem com menor atrito ao solo

Fonte: ALMEIDA, 2023.

  • Pressão dos pneus adequada: Manter a pressão dos pneus dentro das especificações recomendadas pelo fabricante é fundamental. Pneus subinflados aumentam a resistência ao rolamento, o que resulta em maior consumo de combustível. Portanto, é importante verificar e ajustar a pressão dos pneus regularmente.

  • Manutenção adequada: Além da pressão dos pneus, manter os pneus em boas condições, fazendo rodízio e alinhamento regularmente, contribui para reduzir o atrito e otimizar o consumo de combustível.

  • Tamanho dos pneus: Escolher pneus com o tamanho correto para o veículo e as condições de uso pode influenciar na resistência ao rolamento. Pneus mais largos podem criar mais resistência, enquanto pneus mais estreitos tendem a reduzir essa resistência.

  • Tecnologia avançada: Alguns fabricantes oferecem pneus com tecnologias avançadas de banda de rodagem, compostos de borracha especiais e design aerodinâmico para melhorar a eficiência do combustível.

A gestão adequada de pneus é essencial, usar ele ultrapassando o fim da sua vida útil pode ser uma economia curto prazo, mas a longo prazo pode gastar mais combustível do que a troca do pneu no tempo certo.

Algumas pessoas têm dificuldades para leitura correta dos pneus e para tornar isso claro abaixo um exemplo:

Figura 06 – leitura de um pneu

Fonte: BRIDGESTONE, 2023.

Figura 07 - O significado das letras e números do pneu:

Fonte: Adaptado ALMEIDA, 2023.

  • Largura (275): Este valor denota a largura do pneu em milímetros. Portanto, a banda de rodagem do pneu tem uma largura de 275 mm.

  • Relação Altura/Largura (30): Os dois dígitos seguintes representam a relação entre a altura do flanco (a parte lateral) do pneu e sua largura. No caso, a altura indicada é equivalente a 30% da largura. Isso significa que o pneu possui uma altura de 82,5 mm. Conforme a BF Goodrich explica, pneus com flancos mais baixos oferecem maior aderência em curvas, mas também podem comprometer o conforto de condução. Esse estilo é comum em pneus de veículos esportivos.

  • Construção Interna (ZR): As letras seguintes indicam o tipo de construção interna do pneu. No contexto, "ZR" significa que o pneu é do tipo esportivo (representado pela letra "Z") e possui estrutura radial, como a maioria dos modelos modernos.

  • Diâmetro Interno (19): Este número indica o diâmetro interior do pneu, da banda de rodagem até o aro, tecnicamente chamado de altura da jante. No exemplo dado, o pneu possui 19 polegadas de diâmetro e deve ser montado em uma roda com o mesmo diâmetro.

  • Índice de Carga (96): Os dois dígitos seguintes na sequência representam o índice de carga do pneu. Esse índice informa a carga máxima que o pneu pode suportar quando inflado à pressão especificada no manual do veículo. No caso, o código "96" significa que cada pneu pode suportar até 710 kg de carga.

  • Velocidade Máxima (Y): A letra exibida após o índice de carga indica a velocidade máxima para a qual o pneu foi homologado, considerando a carga máxima. Esse indicador varia de "A" (a menor velocidade) a "Y" (a mais alta). A letra "Y" informa que o pneu pode ser utilizado em velocidades de até 300 km/h, contanto que sejam respeitados os limites de velocidade da via.

Um ponto interessante sobre pneus para saber o momento de troca é acompanhar o nível de bandagem ou usar um medidor de profundidade de piso para verificar se ele atende os requisitos legais, deve haver uma profundidade mínima de banda de rodagem entre 1,6 mm e para períodos chuvosos de 3 mm.

Por fim, a gestão de pneus é um processo contínuo. As empresas devem monitorar constantemente os resultados, ajustar as estratégias conforme necessário e buscar oportunidades de melhoria contínua. Ao adotar essas práticas, as empresas podem implementar uma gestão de pneus eficaz que não apenas prolonga a vida útil dos pneus, mas também reduz a resistência ao rolamento, economizando combustível e reduzindo os custos operacionais. Essa abordagem não apenas beneficia a eficiência operacional, mas também contribui para uma operação mais sustentável e ambientalmente responsável.

Adotar essas estratégias práticas não apenas beneficia a economia de combustível, mas também contribui para a redução das emissões de gases poluentes e para a sustentabilidade ambiental. Além disso, a economia de combustível resulta em redução de custos operacionais, o que pode ser um fator crítico para empresas de transporte e logística.

4.4. Tecnologias de Reciclagem de Gases de Combustível em Motores Diesel: Maximizando a Eficiência Energética

As tecnologias de reciclagem de gases de combustível em motores diesel representam um conjunto de técnicas e sistemas que capturam e reutilizam os gases de escape, como óxidos de nitrogênio (NOx) e monóxido de carbono (CO), produzidos durante a combustão. Essas tecnologias são aplicadas em diferentes pontos do sistema de exaustão do motor ou máquina, dependendo do tipo de técnica utilizada. (ABREU; OLIVEIRA; GUERRA, 2010).

Uma das técnicas mais comuns é a recirculação dos gases de escape (EGR), que envolve a reintrodução controlada desses gases na câmara de combustão do motor. Isso é geralmente realizado por meio de uma válvula EGR que direciona uma porção dos gases de escape de volta ao ciclo de admissão do motor. Essa recirculação reduz a temperatura da combustão e diminui a formação de NOx. A tecnologia EGR é aplicada no coletor de admissão do motor, onde os gases de escape são misturados com o ar fresco antes da combustão. (PONTES, 2015).

Outra técnica é a redução catalítica seletiva (SCR), que envolve a injeção de um agente redutor, como ureia, no sistema de escape após a saída dos gases de escape da câmara de combustão. A ureia reage com os óxidos de nitrogênio, convertendo-os em nitrogênio e água. A tecnologia SCR é aplicada em um catalisador específico localizado no sistema de escape, geralmente após o filtro de partículas.

A captura de CO e sua conversão em dióxido de carbono (CO2) por meio de processos de pós-tratamento também faz parte das tecnologias de reciclagem de gases. Esses sistemas incluem catalisadores que promovem a oxidação do CO, transformando-o em CO2. Eles são instalados na saída do sistema de escape. (PONTES, 2015).

No contexto de caminhões, pá carregadeiras e grupos geradores, essas tecnologias são implementadas em sistemas de escape e controle de emissões específicos para cada aplicação. A escolha da técnica depende das regulamentações de emissões, do tipo de motor e da aplicação, visando sempre melhorar a eficiência energética, reduzir as emissões poluentes e otimizar o consumo de diesel.

Em resumo, as tecnologias de reciclagem de gases de combustível são aplicadas em diferentes pontos do sistema de exaustão de motores e máquinas com motor a diesel para capturar e reutilizar gases de escape, contribuindo para a redução de emissões e a otimização da eficiência energética em várias aplicações industriais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas considerações finais deste estudo, fica evidente a importância de abordar estratégias e tecnologias para economizar combustível em motores a diesel, considerando a relevância desse tema em um cenário de crescente preocupação com a eficiência energética e a redução das emissões de poluentes. Ao longo deste trabalho, exploramos diversas fontes e referências que destacaram fatores determinantes no consumo elevado de diesel, como a falta de manutenção adequada, o comportamento do motorista e a resistência ao ar, entre outros. Além disso, discutimos estratégias práticas que podem ser implementadas para mitigar esses problemas e otimizar o consumo de combustível.

Embora este estudo seja bibliográfico, as técnicas apresentadas demonstram ser eficientes e comprovadas em contextos diversos. A gestão adequada de pneus, a manutenção preventiva regular, o treinamento de motoristas em direção econômica e a utilização de tecnologias de monitoramento são abordagens que podem ser aplicadas de forma eficaz em diversos tipos de veículos a diesel, incluindo caminhões, grupos geradores e pá carregadeiras.

No próximo estágio desta pesquisa, pretendemos apresentar um estudo de caso detalhado sobre a aplicação prática de uma dessas técnicas em pá carregadeiras com motores a diesel. Isso permitirá avaliar a eficácia real da implementação e fornecer insights valiosos para as operações que buscam melhorar sua eficiência energética e reduzir os custos de combustível em suas frotas. Acreditamos que este estudo contribuirá para o avanço da gestão de combustível em motores a diesel e para a promoção de práticas mais sustentáveis e eficientes em diferentes setores da indústria.

6. REFERÊNCIAS

ABREU, Y. V. de; OLIVEIRA, M. A. G. DE; GUERRA, S. M . G. Energia, economia, rotas tecnológicas. Textos selecionados. Eumed. Net. 330p., Málaga, Espanha, 2010.

ALBERTAZZI, A.; SOUZA, A. R. Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial. Barueri: Editora Manole, 2008.

AKKARMOTORS. Letras e Números de pneus.  Disponível em: http://www.akkarmotors.com.br/entenda-o-significado-das-letras-e-numeros-do-pneu/ Acesso em 01 de outubro de 2023.

BEUREN, Ilse Maria (Org); LONGARAY, André Andrade; RAUPP, Fabiano Maury; SOUZA, Marco Aurélio Batista de; COLAUTO, Romualdo Douglas; PORTON, Rosimere Alves de Bona. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3ª Edição, São Paulo: Editora Altas, 2012.

BOSCH, R. Manual de Tecnologia Automotiva. São Paulo - SP: Editora EDGARD BÜCHER Ltda., 2005.

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CABRAL, W. S. E., A Eficiência Energética do Consumo de Combustível em uma Ferrovia Heavy Haul, Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Espírito Santos (UFES), Vitória, 2017.

CAMPOS, Fernando Celso de, LIMA, Carlos Roberto Camello, PECORARI, Paulo Mantelatto, Modelagem do sistema de Gestão de Pneus em uma Frota: Estudo de Caso em Empresa Transportadora, Revista SODEBRAS, Volume 9, n° 100, Abril, 2014.

CHAIM, Evaristo. "Motores Diesel: Funcionamento e Diagnóstico de Falhas." Editora: Hemus, 2013.

DIEHL, Astor Antônio; TATIM, Denise Carvalho. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Unijui, 2016.

GARRETT, T. K. The Motor Vehicle. 13 ed. Editora SAE Inc., 2001.

GROEHS, A. Mecânica Vibratória. São Leopoldo – RS. Editora Unissinos,1999.

HEYWOOD, John B. "Internal Combustion Engine Fundamentals." Editora: McGraw-Hill.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.

MILLIKEN, W. Race Car Vehicle Dynamics. Editora SAE Inc., 1995.

PIGOZZO, Luiz Antônio – Consumo de combustível: Uma questão de atitude / 1ª edição 2015.

PONTES, Newton de Castro. "Motores de Combustão Interna: Tecnologia, Projeto e Desempenho." Editora: Edgard Blücher, 2015.

PULKRABEK, Willard W. "Engineering Fundamentals of the Internal Combustion Engine." Editora: Pearson.

SOFTCENTER – Controle de Consumo de Combustível: eBook / 2017.

TIGRE, Paulo Bastos. "Motores Diesel: Teoria e Prática." Editora: LTC, 2008.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação – o positivismo, a fenomenologia, o marxismo. Revista Formação, n.20, volume 1, 2013.

 

ALMEIDA, Eduardo Cardoso de.


Publicado por: Eduardo Cardoso de Almeida

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