CONSTRUÇÃO ENXUTA: CONTROLE DE PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

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1. RESUMO

Perdas na construção civil é um problema que está presente em todas as obras e na maioria das vezes não é controlada de maneira eficiente. Esse trabalho oferece aos gestores de construção uma perspectiva sobre as perdas e ferramentas de construção enxuta que podem ser adotadas para reduzir as mesmas. O presente trabalho discute a redução de perdas na construção civil utilizando ferramentas de construção enxuta. O objetivo geral do trabalho é analisar a utilização de práticas de construção enxuta com a redução de perdas em obras. Em primeiro lugar conceituamos o Sistema Toyota de Produção, a Produção Enxuta e a admissibilidade de serem aplicados na indústria da construção civil, sobre o conceito de construção enxuta. Logo discutimos o conceito de perdas, que é fortemente e erroneamente relacionado na construção civil aos entulhos, sendo que o correto seria todo e qualquer processo que gaste mais recursos que o previsto. A exemplo de outros setores da cadeia de produção industrial é importante que a construção civil busque a mudança de paradigma utilizando métodos enxutos. Inicialmente, a adoção de medidas simples é suficiente para grandes transformações e redução significativa das perdas, não esquecendo que a melhoria contínua é um dos preceitos mais importante do STP. Com a redução das perdas em obra podemos oferecer um produto de melhor qualidade e seguramente a melhor preço aos nossos clientes.

Palavras-chave: Construção Enxuta. Perdas na construção civil. Sistema Toyota de Produção. Redução de perdas em obra. Gerenciamento de obras.

ABSTRACT

Losses in construction is a problem that is present in all works and most of the time is not controlled efficiently. This work gives construction managers a perspective on the losses and lean construction tools that could be adopted to reduce it. This dissertation discusses the reduction of losses in construction using lean construction tools. The general objective of the work is to analyze the use of lean construction practices with the reduction of losses in constructions. In the first place, we conceptualize the Toyota Production System, Lean Production and the admissibility of being applied in the civil construction industry, on the concept of lean construction. We then discussed the concept of losses, which is strongly and erroneously related in civil construction to the wastes, and the correct would be any and all process that spends more resources than expected. Like other sectors of the industrial production chain, it is important that civil construction change their paradigm using lean methods. Initially, the adoption of simple measures is sufficient for large transformations and significant reduction of losses, not forgetting that continuous improvement is one of the most important precepts of TPS. With the reduction of the losses in constructions, we can offer a product of better quality and surely the best price to our clients.

Keywords: Lean Construction. Losses in Construction. Toyota Production System. Reduction of construction losses. Constructions Management.

2. INTRODUÇÃO

A construção civil brasileira passa por um período de dificuldades, mesmo sendo um setor tão importante para a geração de emprego e renda no nosso país, a construção civil está fragilizada e se retraindo cada vez mais. A forte crise econômica e política, agravada por escândalos envolvendo algumas das principais construtoras brasileiras nos deixa atualmente um cenário de desemprego, estoque de imóveis novos, obras paralisadas e não concluídas. (IBGE, 2018)

Apesar desse cenário pouco animador, é sabido que a demanda por construções no nosso país ainda é enorme. Déficit habitacional, necessidade de evolução em infraestruturas nacional como por exemplo: ferrovias, portos, pontes, aeroportos, distribuição de energia elétrica, novas captações de energia, saneamento, túneis, etc, são alguns dos exemplos que demostram o potencial de crescimento da indústria da construção civil. (Ruppenthal, 2015)

O caminho para retomada passa por uma mudança e evolução no modelo de gestão que vêm sendo adotado na indústria da construção nas últimas décadas. O aumento da produtividade, a diminuição dos custos, a redução das perdas e o aumento da qualidade dos produtos é o caminho para voltarmos ao ciclo de crescimento. (Sarcinelli, 2008)

Evoluir da metodologia rudimentar que muitas vezes realizamos as obras, para modelos regidos pela construção enxuta com diminuição das perdas, será o diferencial e credenciará para que as empresas de construção voltem a crescer e alcançar estabilidades nos negócios. (Sarcinelli, 2008)

2.1. Objetivos

2.1.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo analisar a utilização de práticas de construção enxuta com a redução de perdas em obras.

Objetivo Específico-se identificar as inovações e métodos existentes da construção enxuta, e os conceitos e causas de desperdício na construção civil. A partir disso e através de busca de informações em obras já estudas relacionar as práticas de construção enxuta com a redução das perdas na construção civil.

2.2. Justificativa

É muito comum se relacionar a indústria da construção civil com perdas, desperdício e práticas rudimentares de gestão. Sabe-se que já existem novas práticas que buscam uma gestão mais eficiente, com redução de custos, capacitação de mão de obra e redução de perdas.

O presente trabalho visa a partir de pesquisas bibliográficas realizadas em literaturas que abordam o tema de construção enxuta e a redução de perdas na construção identificar possíveis métodos de melhoras que possam ser aplicados em um canteiro de obra.

2.3. Metodologia

A metodologia utilizada foi o modelo teórico de pesquisa. O presente TCC é uma análise da pesquisa bibliográfica realizada em literatura que abordam o tema da construção enxuta e da redução de perdas de materiais na construção civil.

As revisões literárias permitem a identificação de perspectivas para soluções futuras em obras, contribuindo com ideias e desenvolvimento de metodologias para a aplicação na prática.

2.4. Estrutura do Trabalho

O presente trabalho é dividido em 9 (nove) capítulos.

O primeiro capítulo é a Introdução, definindo os objetivos geral e específico, a justificativa e a metodologia da pesquisa.

Os capítulos 2 (dois), 3 (três), 4 (quatro) e 5 (cinco), trazem uma contextualização do tema com um histórico sobre a origem da produção, sobre o método Toyota de produção, sobre a produção enxuta e sobre a construção civil.

O capítulo 6 (seis), é uma síntese sobre pesquisas de perdas de materiais na construção civil, conceituando e definindo as perdas.

O capítulo 7 (sete), é sobre modelos de construção enxuta contextualizando com a redução de perdas de materiais nas diversas etapas de desenvolvimento de uma obra.

O capítulo 8 (oito), é a conclusão sobre todos os assuntos abordados no trabalho.

O capítulo 9 (nove) são as referências bibliográfica que serviram de base.

3. HISTÓRICO DA PRODUÇÃO

3.1. Produção Artesanal – Período Pré-Revolução Industrial

A produção artesanal no período Pré-Revolução Industrial é caracterizada por pela produção de uma ampla variedade de produtos feitos por profissionais autônomos e qualificados, os artesões.

Os artesões acompanham a fabricação de um determinado produto em todos os seus detalhes, desde a aquisição e preparação da matéria prima até o acabamento e entrega do produto. Sem divisão do trabalho a produção é de caráter familiar sendo o artesão o proprietário da oficina e ferramentas. Os produtos eram feitos sob medida e atendia exatamente a necessidade do cliente. (PINHEIRO, 2018)

3.2. Revolução Industrial

Devido ao rápido crescimento populacional e a migração do homem do campo para a cidade, a revolução industrial começa com a mecanização da indústria têxtil na Inglaterra a partir de 1760. O excesso de mão de obra disponível aliado ao desenvolvimento científico principalmente com a invenção da máquina a vapor proporcionou o início do fenômeno da industrialização mundial. (Cavalcanti, 2011)

O crescimento demográfico proporciona forte expansão dos mercados consumidores de bens manufaturados. A revolução industrial concentrou os trabalhadores em fábricas e os artesões acostumados a ditar o seu ritmo de trabalho agora tinham que submeter-se à disciplina das fábricas. A revolução industrial aumentou de forma rapidíssima a produtividade do trabalho, originou novos comportamentos sociais, novas formas de acumulação de capital, novos modelos políticos e uma nova visão do mundo. (Cavalcanti, 2011).

3.3. Trabalho de Taylor

Com o lema: “Tempo é Dinheiro”, Frederick Taylor (1856 – 1915) foi responsável pelo desenvolvimento da Organização Científica do Trabalho (OCT) no final do século XIX, conhecido como o estudo de tempos e movimentos que busca a racionalização da produção.

Os trabalhos de Taylor buscaram aumentar a produtividade através da execução das tarefas individualizadas e fragmentadas, ele realizou acerca de controles de tempos e movimentos, com o intuito de diminuir o tempo gasto em tarefas contribuindo para o aumento de produtividade.

Os estudos de Taylor podem ser considerados como aqueles que organizaram o chão da fábrica, suas ideias eram voltadas para racionalização da produção, estudo dos tempos, divisão do trabalho, especialização dos trabalhadores, pagamentos dos trabalhadores por unidades produzidas, divisão de atribuições entre quem planeja e quem produz. (Alencar e Ota, 2011).

3.4. Trabalho de Ford

O fordismo, como é costumeiro citar os trabalhos de Henry Ford, foi um movimento que consistiu em inovações tecnológicas e econômicas caracterizada pela produção em massa. Com o fordismo a divisão do trabalho foi ainda mais intensificada, com a criação das esteiras rolantes, a parcelização das tarefas, controle do tempo ocioso através de dispositivos eletrônicos, submetendo o operário ao ritmo das máquinas. (Alencar e OTA, 2011).

Contando com o lema de produzir em massa as principais alterações de Ford na OCT foram a padronização do produto, intercambialidade de peças e criação da linha de montagem no qual correias transportadoras levam o produto até o operário. (Sarcinelli, 2008).

3.5. Estudo de Tempos e Movimentos

Taylor foi o primeiro a fazer uma análise do trabalho levando em consideração os tempos e movimentos para executá-lo. Já o estudo dos movimentos foi melhor abordado pelo casal Gilbreth, que se opuseram ao trabalho de Taylor por considerar que o mesmo não levava em conta o fator humano na eficiência do trabalho. (Andrade, 2017)

O estudo do tempo está preocupado com a medição do tempo necessária para a execução das atividades, já o estudo dos movimentos determina as atividades que devem ser incluídas nas atividades. A partir desses estudos surgem a padronização das tarefas que evitam a variabilidade dos processos que pode impactar no desempenho das atividades. (Andrade, 2017)

Segundo Andrade (2017), o estudo de tempos e movimentos é um estudo sistemático das atividades do trabalho que têm como objetivos:

  1. Desenvolver o sistema e o método perfeito e com o menor custo.

  2. Padronização de sistema e métodos.

  3. Determinar o tempo padrão, ou seja, o tempo gasto por uma pessoa devidamente treinada e capacitada para a execução de uma tarefa específica.

  4. Orientar o treinamento do trabalhador no método preferido.

3.6. Sistema Toyota de Produção

O Toyota Production System (TPS) ou ainda Sistema Toyota de Produção vem sendo aclamado por ser um sistema, que é baseado em ferramentas e métodos de melhoria contínua, que obtém melhores resultados com o menor custo. (Justa, 2009)

O TPS surgiu de um estudo realizado por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno sobre a modelo de fabricação adotado pela Ford. Os dois verificaram que o modelo de produção adotado pela Ford com altos volumes de produção e altos estoques intermediários, não iria atender ao pequeno mercado japonês com demandas fragmentadas, que exigia qualidade, custo baixa e flexibilidade, assim decidiram fazer adaptações.

A Toyota então aproveitou a linha de montagem da Ford e implementou a redução do desperdício, com produção puxada de acordo com a necessidade do cliente, fluxo contínuo com o one piece flow (fluxo puxado um a um). (Justa, 2009).

Conforme Sarcinelli (2008) a Toyota passou a produzir muitos modelos de automóveis em pequenas quantidades e somente quando solicitados pelos consumidores, aumentando a produção e eliminando os desperdícios. Taiichi Ohno identificou os sete tipos de desperdícios a serem eliminados:

  1. Desperdício pela superprodução – máquinas produzindo o tempo todo em sua capacidade máxima sem sincronização com a demanda, significa desperdício. Os trabalhadores têm que ser treinados para diversas tarefas e podem operar mais máquinas.

  2. Desperdício por tempo de espera – a redução das esperas na produção é um dos fundamentos básicos do TPS que significa o tempo que materiais ou produtos em processo ou processados aguardam para seguir adiante no fluxo que os levam aos consumidores.

  3. Desperdício por transporte – o transporte é uma atividade que não agrega valor, a eliminação ou redução do transporte deve ser encarada como uma das prioridades, através de alterações de layout que dispensem as movimentações de materiais.

  4. Desperdício resultante de procedimentos desnecessários na cadeia de valor – decorrem da falta de procedimento padronizados e ineficiência nos métodos de trabalho, falta de treinamento de mão de obra ou deficiência dos projetos.

  5. Desperdício por estoque – está associado à existência de estoques excessivos ou pela falta de cuidado no armazenamento dos materiais. Pelo TPS busca-se o estoque zero através do sistema de produção puxado e sincronização com balanceamento da produção. Ou seja, a produção programada de acordo com a demanda.

  6. Desperdício de movimentos – decorrem dos movimentos desnecessários por parte dos trabalhadores, gerados por grandes deslocamentos, falta de layout do posto de trabalho ou falta de equipamentos adequados. O movimento dos trabalhadores que não são nenhuma forma de trabalhado são desperdícios, como exemplo: descanso não previsto, mudança não programada no modo de fazer uma ação, atos próprios dos trabalhadores, etc.

  7. Produtos com defeitos – para o TPS não adianta verificar a ocorrência de defeitos no final da linha de produção, a verificação será delegada a todos em todos os instantes da produção, evitando-se o acumulo de erros.

Com o intuito de eliminar os desperdícios, aumentar a eficiência e se conseguir a melhor qualidade com o menor custo, foram desenvolvidas uma séria de técnicas que resultaram no Sistema Toyota de Produção que se sustenta em dois pilares Just in Time (JIT) e o Jidoka (autonomação) e em outros componentes essenciais do sistema, conforme a seguinte representação:

Figura 1 - Estrutura do Sistema Toyota de Produção


Fonte: SARCINELLI, 2008.

3.7. Estabilidade

Conforme Borba (2012), a estabilidade é a base para o TPS, é ela que permite um bom planejamento de produção e atendimento da demanda. Para estabilizar a produção é necessário reduzir a variabilidade eliminando a causa raiz, ou seja, eliminar o problema assim que ele aparece. A variabilidade provoca incerteza na duração da atividade, volumes de atividades que não agregam valor, aumento do tempo de ciclo, perdas no processo, pouca confiabilidade sobre o produto e riscos financeiros.

3.8. Kaizen

Kaizen é uma palavra japonesa onde Kai significa mudar e Zen para melhor, porém a tradução que melhor expressa o significado da palavra seria melhoria contínua. Assim que aplicar esse conceito significa estimular os funcionários a sempre estarem buscando a melhoria em seus processos produtivos. Sempre é possível buscar melhoras tanto no processo quanto no indivíduo. (Borba, 2012).

Ainda segundo Borba (2012), umas das ferramentas utilizadas para a melhoria contínua é o ciclo PDCA. Ciclo baseado no método científico de se propor uma mudança no processo, implementar essa mudança, analisar os resultados e tomar as providências cabíveis.

Figura 2 - Ciclo PDCA


Fonte: BORBA, 2012.

3.9. Trabalho Padronizado

Segundo Borba (2012) o trabalho padronizado estabelece o procedimento de maneira precisa que cada trabalhador deve executar em sua atividade. As vantagens do trabalho padronizado seriam:

  1. Permitir a flexibilidade, versatilidade e rotatividade entre postos de trabalho.
  2. Distribuir melhor a carga de trabalho.
  3. Reduzir a variabilidade causada pela mão de obra.
  4. Garantir a execução segura e completa de todas as atividades.
  5. Estabelecer métodos e meios utilizados na execução de atividades.
  6. Eliminação de desperdício.
  7. Assegura que as melhorias serão mantidas.
  8. Melhorias consistentes e resultados previsíveis.
  9. Permite melhoria contínua em vez de repetitiva.

3.10. Heijunka

Heijunka é a programação nivelada através do sequenciamento dos pedidos, permitindo que a produção atenda as demandas dos clientes de forma eficiente. Para nivelamento de volume de produtos se calcula a quantidade necessária a ser produzida dividida pelo período de tempo obtendo a média diária de produção. A programação com nivelamento combina produtos diferentes garantindo o fluxo contínuo de produção. (Borba, 2012).

3.11. Just in Time (JIT)

Para Sarcinelli (2008), o just in time poderia ser resumido como a peça certa, no tempo certo e na quantidade certa, produzindo somente o que o cliente solicitasse, na quantidade solicitada e na hora solicitada. Com o JIT a ordem do processo produtivo foi invertida, e os clientes passaram a puxar a produção, possibilitando uma produção contínua e sem paradas. Reduzindo o Lead Time da produção, reduzindo os estoques e as perdas por estoque.

No TPS o balanceamento das operações está ligado ao takt time, que é o tempo necessário para produzir um produto completo no ritmo de produção para atender a demanda evitando a superprodução.

Conforme Sarcinelli (2008), para a operacionalização do JIT foi desenvolvido o método Kanban, que significa quadro de sinalização. É uma forma de controle visual utilizando o controle visual com cartões, pastas, caixas e é utilizado para sinalizar ações ou eventos e seus detalhes.

3.12. Jidoka

A autonomação proporcional um aumento de produtividade sendo que um trabalhador poderia operar várias máquinas ao mesmo tempo, destinando atenção somente àquela que tinha problema e eliminando o problema em sua origem. Sendo que qualquer operador pode paralisar a linha de produção quando for detectada alguma anormalidade, dando ao operador autonomia.

4. Produção Enxuta (Lean Production)

Sarcinelli (2008) afirma, que a Produção Enxuta (PE), Mentalidade Enxuta (ME) e o STP são de certa forma termos equivalentes e complementares. A PE tem como base os conceitos, princípios e técnicas do STP.

A partir da década de 70, houve uma maior abertura das economias no mundo e um número maior de empresas começou a disputar o mesmo mercado, tornando o consumidor cada vez mais exigentes sempre buscando produtos de melhor qualidade e menor preço. Ao mesmo tempo devido à crise do petróleo a economia crescia a passos lentos, as empresas produziam em grande quantidade (produção em massa), formando grandes estoques que se tornavam obsoletos com o passar do tempo. Na tentativa de reverter esse quadro a produção enxuta surgiu para tornar as empresas baseadas na produção em massa mais competitivas. (Sarcinelli, 2008)

Segundo Sarcinelli (2008), a produção enxuta uniu as vantagens da produção em massa e artesanal diminuindo custos e rigidez, utilizando trabalhadores com diversas qualificações e especializações para produzir mais produtos com maior variabilidade. No sistema enxuto busca-se a melhoria continua e a redução dos custos usando menos mão de obra, menos investimentos em máquinas, menos horas de engenharia, menos capital ocioso (estoque), menos defeito na produção com maior variedade de produtos, busca por evolução tecnológica, abordagem humanística na relação laboral, novos conceitos de qualidade, produtividade e lógica comercial, satisfação do cliente.

4.1. Características da Produção Enxuta

Womack (1990) citado por Machado (2009), define a produção enxuta segundo as seguintes característica:

  1. Sistema produtivo integrado.
  2. Fluxo de produção contínuo e em pequenos lotes.
  3. Ação de prevenção de defeitos em vez de correção.
  4. Produção puxada em vez de empurrada.
  5. Mão de obra polivalente.
  6. Pratica de solução das causas dos problemas visando um produto de melhor qualidade.
  7. Sistema de parceria desde o fornecedor até o cliente final.

Koskela (1992) citado por Machado (2009) agrega, que a produção enxuta é uma síntese de diferentes modelos de administração de diversas propostas sustentadas fundamentalmente pelo just in time e buscando intensamente a qualidade. Portanto, a melhoria do sistema produtivo envolve não somente a busca pelo aumento da eficiência das atividades de conversões que geram valor e que devem ser otimizadas, mas também considerações sobre atividades de fluxo que não agregam valor e devem ser eliminadas.

4.2. Diretrizes da Produção Enxuta

Para Womack & Jones (1996) citado por Machado (2009), os processos produtivos considerados enxutos, diferentes do antigo processo guiados pela produção em massa, deveriam ser entendidos como um sistema que possuíam um volume reduzido de perdas e transformações físicas e de projeto que não contribuíam com a geração de valor para o produto final. Assim os 5 (cinco) princípios necessários para a configuração de um sistema enxuto seriam:

  1. A definição detalhada das características que o produto deveria ter segundo a ótica do cliente.

  2. Eliminação das perdas e identificação de cadeia de valor para cada produto.

  3. Geração de fluxo de valor.

  4. Utilização de programação puxada a partir do pedido do cliente.

  5. Melhoria contínua do processo focado na redução de perdas.

Para que sistema obtenha êxito é necessário a correta determinação de valor que um produto deve possuir segundo a ótica do cliente. A aplicação desse conceito esbarra na ineficiência das ferramentas destinadas à definição de valores, o que dificulta na determinação do que efetivamente importa para o cliente. Gerando assim dificuldade para os próximos passos para a configuração de um sistema enxuto.

5. CONSTRUÇÃO CIVIL

Segundo Queiroz (2008), a engenharia civil é a aplicação da ciência e da tecnologia na utilização de recursos naturais em benefício da sociedade. A engenharia é uma das profissões mais antigas da humanidade e suas denominações mais antigas são encontradas durante a época do Império Romano. Modernamente a denominação de Engenharia Civil passou a ser utilizada a partir de 1744 e está presente em todos lugares onde existe a presença de civilização.

Queiroz (2008) ainda afirma que na era moderna, depois da revolução industrial, a engenharia teve um impulso muito forte principalmente com a expansão das ferrovias, que impulsionou projetos de grandes obras de arte como pontes, túneis, viadutos, etc.

Figura 3 - PIB Brasileiro por Setor


Fonte: IBGE, 2013.

Com o intuito de atender as necessidades por habitação, saneamento e transportes surgiram as primeiras empresas voltadas para a execução de obras de engenharia, essas empresas deram origem ao setor da construção civil. (Sarcinelli, 2008).

5.1. Características da Construção Civil

O setor da construção civil é responsável por um Produto Interno Bruto (PIB) nacional relevante, estima-se que 5,9% do PIB (IBGE, 2013), empregando 7,3% da mão de obra do país (RAIS, 2012), o que corresponde a mais 2,8 milhões de trabalhadores.

Figura 4: Mão de obra por atividade


Fonte: RAIS, Bradesco, 2012.

Apesar dessa importância o setor enfrenta inúmeros problemas devido a fatores culturais, tecnológico, mercadológico e principalmente pela busca do resultado imediato em detrimento de uma consistente política de produção que vise resultados a médio e longo prazo. (SARCINELLI,2008).

Outra característica marcante do setor é o elevado percentual de desperdício, segundo Rodrigues (2001), dizia-se antigamente que a cada 3 (três) prédios construído 1 (um) era perdido, hoje se sabe que as perdas de materiais que viram entulho chegam a 8%, sem contar o desperdício que está incorporado na edificação, baixa produtividade e elevado nível de patologias.

Sarcinelli (2008), caracteriza a indústria da construção civil como sendo uma indústria atrasada se comparada a outras industrias em relação aos processos produtivos e técnicas de gestão. Algumas caraterísticas peculiares da construção civil seriam:

  1. Grande geradora de desperdícios.
  2. Industria nômade.
  3. Setor resistente a mudanças, conservando métodos e processos antigos.
  4. Produtos únicos e não padronizados
  5. Mão de obra com pouca motivação para produzir com qualidade e produtividade.
  6. Dificuldade para produção em cadeia.
  7. Elevados números de insumos.
  8. Alto grau de rotatividade de mão de obra.
  9. Dificuldade de padronização de procedimentos.
  10. Cliente adquire um único produto em toda sua vida.
  11. Responsabilidade dispersa e pouco definida.
  12. Existência de tolerância quanto a precisão de orçamentos, projetos, planejamento.

Para Mesenguer (1991) citado por Sarcinelli (2008), nas obras os gerentes são os engenheiros que devem estar preparados tecnicamente como também preparados com a forma de gestão mais adequada para a cadeia produtiva, que possui diversos intervenientes, gerando um grande número de interfases. Entre os intervenientes podemos citar:

  1. Promotor da obra.
  2. Projetista.
  3. Fabricantes de materiais.
  4. Construtores.
  5. Empreiteiros.
  6. Empresas de gerenciamento.
  7. Proprietário.
  8. Laboratórios.
  9. Segurança do trabalho.
  10. Formação de profissionais, etc.

5.2. Conceitos da Construção Enxuta

A necessidade de empreendimentos bem planejados e controlados, devido principalmente ao aumento da exigência de clientes internos e externos, levou ao desenvolvimento de uma gestão de processos que podemos chamar de Construção Enxuta (CE). A evolução do modelo tradicional de construção, no qual a construção é percebida como um conjunto de atividades objetivando um produto final em um processo de conversão e transformação, está sendo substituído pela nova filosofia de construção enxuta no qual um processo consiste em um fluxo de materiais e mão de obra levando em consideração todos os acontecimentos durante o processo.

Os princípios do novo processo de construção enxuta, segundo Koskela (1992) citado por Sarcinelle (2008), são:

  1. Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor.
  2. Aumentar o valor do produto segundo as necessidades dos clientes.
  3. Reduzir a variabilidade.
  4. Reduzir o tempo de ciclo.
  5. Reduzir o número de passos ou partes.
  6. Aumentar a flexibilidade de saída do produto.
  7. Aumentar a transparência do processo.
  8. Focar no controle do processo global.
  9. Introduzir melhoria contínua.
  10. Fazer benchmarking.

6. PERDAS DE MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

6.1. Importância do Estudo das Perdas na Construção Civil

A necessidade de ofertar produtos com cada vez mais qualidade e a preços competitivos, está levando a Construção Civil a melhorar continuamente seus processos em todas as etapas de sua cadeia produtiva. Na década de 90 com a introdução de conceitos de qualidade da indústria seriada e de procedimentos padronizados elevou os conceitos de qualidade e controle no ramo da construção. (Santo, 2008).

6.2. Definição de Perda

Segundo o Dicionário Aurélio Online de Português, a definição de perda é:

“ Perdas e danos, prejuízo sofrido pelo credor, em virtude da diminuição de seu patrimônio e também por causa de lucros que deixou de perceber. ”

Para definir o conceito de perdas na construção civil vamos utilizar a definição de Santo (2008) que afirma que a perda é todo o consumo excedente de recurso, ou seja o consumo real maior que o consumo previsto.

Segundo Formoso (2008), as perdas na construção civil são inicialmente relacionadas ao desperdício de materiais, no entanto as perdas se estendem também a qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão de obra e capital em quantidades superiores às que foram previstas. Engloba, tanto a ocorrência de desperdício de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que geram custo adicionais e não agregam valor.

As perdas estão relacionadas a um processo de baixa qualidade, que traz como consequência elevação dos custos e um produto de má qualidade. Os processos são os fluxos de materiais e informações desde a matéria prima até o produto finalizado, no qual os materiais são processados, inspecionados, movimentados ou em espera. Sendo assim, as atividades componentes de um processo podem ser classificadas em:

  1. Atividade de conversão.

  2. Atividade fluxo.

(Formoso, 2008)

As atividades de conversão são as que agregam valor ao produto, ou seja, transformam as matérias primas ou componentes em produtos requeridos pelo cliente. As atividades de fluxo, são as atividades relacionadas às inspeções, movimento e espera do material. (Formoso, 2008).

6.3. Natureza das perdas na Construção Civil

Para reduzir as perdas na construção civil se faz necessário conhecer sua natureza, principais causas e origem. Segundo Santo 2008, as perdas podem ser classificadas segundo sua incidência, sua natureza, sua origem, seu controle, recursos consumidos, causas e forma de incidência.

6.3.1. Perdas segundo natureza

Segundo Formoso (2008), se identificam 9 categorias de perdas segundo sua natureza:

  1. Perda por superprodução: são as perdas relacionadas a produção superiores às necessárias. Exemplo: excesso de espessura de uma laje.

  2. Perda por substituição: é a utilização de material de característica superior ao especificado. Exemplo: utilização de argamassa de traço superior ao necessário.

  3. Perda por espera: se relaciona com a sincronização e o nivelamento dos fluxos de materiais e equipamentos e as atividades dos trabalhadores. Exemplo: paralização de uma atividade por falta de disponibilidade de equipamento.

  4. Perda por transporte: são as perdas relacionadas ao manuseio excessivo ou inadequado dos materiais e componentes em função de má programação de atividades. Exemplo: quebra de material devido ao seu duplo manuseio.

  5. Perdas no processamento em si: são as perdas devido a execução inadequada da atividade. Exemplo: quebra de parede rebocada para embutir instalações.

  6. Perdas no estoque: são associadas à existência de estoque excessivos, por programação inadequada, erros de orçamento ou falta de local adequado para armazenamento. Exemplo: perda de cimento devido ao armazenamento sob intempérie.

  7. Perdas no movimento: são as perdas decorrentes da movimentação desnecessárias dos trabalhadores. Exemplo: frentes de trabalho afastadas.

  8. Perdas pela elaboração de produtos defeituosos: é a execução de produtos que não atendem aos requisitos de qualidade especificados. Exemplo: falha na impermeabilização.

  9. Outras: roubo, vandalismo, acidentes, etc.

6.3.2. Perdas segundo momento de incidência

As perdas segundo seu momento de incidência estão presentes ao longo de todo o processo de desenvolvimento da obra. As fases de um empreendimento podem ser retratadas como: concepção, execução e uso/manutenção. (Santo, 2008)

6.3.3. Concepção

É a parte que contemplam os projetos e o planejamento do empreendimento, quando ocorrem as definições das quantidades de materiais a compor o produto final. As perdas nessa etapa podem ser por exemplo diferença de quantidade especificada no projeto base e a quantidade real utilizada. (Santo, 2008)

6.3.4. Execução

É nessa etapa que ocorrem maior perdas em quantidade de recursos para compor o produto, ou seja, existe uma diferença de quantidade entre a utilização de materiais em um projeto real e a quantidade realmente utilizada.

Perdas de execução podem ocorrer em ao longo de todas as etapas do processo de produção em um canteiro de obras desde o recebimento de materiais, estocagem, transporte, processamento intermediário e aplicação. (Santo, 2008)

6.3.5. Uso/Manutenção

Em nessa etapa são consumidos materiais para providenciar o reparo ou manutenção do produto. Diferença entre o material previsto para manutenção e o real utilizado para esse fim.

6.3.6. Perdas segundo sua Origem

Segundo Santo (2008), sabemos que as perdas podem ocorrem segundo seu momento de incidência, contudo sua origem pode estar tanto no próprio processo de produção, quanto nos processos que os antecedem, como projeto, orçamento, suprimentos, e preparação de recursos físicos.

Portanto, a classificação das perdas segundo sua origem está relacionada a falhas no processo ou falta de planejamento.

6.3.7. Perdas segundo seu controle

Formoso (2008) considera que as perdas podem ser classificadas de acordo com a possibilidade de serem controladas. O desejável é melhorar a eficiência das atividades que agregam valores e eliminar as atividades que não agregam valor, reduzindo assim as perdas. Contudo, existe um nível aceitável de perdas que só serão reduzidas ou eliminadas logo de uma mudança no patamar de desenvolvimento tecnológico e gerencial da empresa. Assim sendo as perdas segundo seu controle podem ser classificadas em inevitáveis e evitáveis.

6.3.8. Perdas Inevitáveis

São perdas com um nível aceitável, ou seja, o investimento necessário para a redução dessa perda é maior que a economia gerada. Esse nível de perdas consideradas inevitáveis pode variar de empresa para empresa, e mesmo de obra para obra dentro da mesma empresa.

Tampouco se pode afirmar que existe para cada material um percentual único de perdas que podem ser consideradas inevitáveis. Para isso depende do nível de desenvolvimento tecnológico e gerencial da empresa.

6.3.9. Perdas Evitáveis

São as perdas que têm o custo de ocorrência maior que o custo para a prevenção dessa perda. São consequência de um processo de baixa qualidade no qual os recursos são empregados de forma inadequada.

6.3.10. Perdas segundo recursos consumidos

As perdas segundo os recursos consumidos podem ser divididas em perdas financeiras ou físicas. As perdas físicas englobam a mão de obra, materiais e equipamentos. As perdas financeiras englobam os custos adicionais. (Santo, 2008)

6.3.11. Perdas segundo sua causa

As perdas segundo sua causa são relacionadas às causas imediatas tais como: erro de dosagem, uso de equipamento inadequado de transporte, etc.

6.3.12. Perdas segundo sua Forma de Incidência

As perdas segundo sua forma de incidência estão relacionadas à sua forma de manifestação durante as etapas de execução da obra, exemplo: quantidade de material não entregue na obra (recebimento), cimento empedrado devido umidade (estocagem), sobrespessura (aplicação), etc.

7. CONSTRUÇÃO ENXUTA E REDUÇÃO DE PERDAS EM OBRAS

Neste capítulo vamos tratar de algumas experiências utilizando princípios da construção enxuta na redução de perdas em obras. Mostraremos experiências desde a fase de concepção e projeto do empreendimento, planejamento e execução.

7.1. Modelagem da Informação da Construção (BIM)

Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção (BIM) é um processo que permite a gestão da informação baseado em modelos digitais, compartilhados, integrados e interoperáveis denominados modelos da informação da construção. A utilização do BIM garante melhores resultados e menos interferências entre a produção e as informações utilizadas pelos diversos agentes envolvidos. (ABAURRE, 2014).

Segundo Abaurre (2014), a falta de interoperabilidade em empreendimentos da construção civil gera uma perda de 3% dos custos do empreendimento.

A modelagem BIM juntamente com os princípios da construção enxuta pode reduzir perdas futuras durante a construção de uma obra. Assim se poderá atacar diversas perdas na sua origem.

Segundo Mendes Júnior (2014), podemos relacionar o uso da ferramenta BIM a construção enxuta e como consequência a redução de perdas.

Com a utilização da checagem de incompatibilidades físicas automatizada é possível reduzir o tempo de ciclo, pois os desenhos serão melhor especificados, sem a necessidade de decisões no canteiro de obra, tendo como consequência um aumento em produtividade e evitando perdas por espera ou perdas por execução inadequada.

Utilizando a geração automatizada de tarefas de construção, pode-se diminuir a variabilidade e tempo de ciclo, pois retira os erros humanos em elaboração de cronogramas, resultando em pacotes de trabalhos sequenciados e passíveis de execução. Podendo-se evitar as perdas por retrabalho.

Com o uso do modelo BIM para coordenação de instalações elétricas, hidráulicas e mecânicas se reduzirá o tempo de ciclo das atividades, devido à correção de incompatibilidades entre disciplinas. Reduzindo as perdas por retrabalho ou tempo de espera até a definição de novo projeto de instalação.

Mendes Júnior (2014) afirma que um gestor do empreendimento assegurou que a necessidade de informação no momento da execução foi diminuída, evitando-se executar o serviço de maneira equivocada ou paralisando atividades até a chegada de novas informações.

O estudo de caso Mendes Júnior (2014) foi uma obra na cidade de Araucária, Paraná. O empreendimento de 4 (quatro) torres de 4 (quatro) pavimentos cada e dele foi elaborado o modelo BIM nos projetos e planejamento já executados. O modelo BIM detectou interferências físicas que não haviam sido consideradas anteriormente.

Uma das alterações foi na atividade de instalação de água e esgoto, que estava prevista para serem executadas em pisos diferentes que gerariam excessivo transporte de mão de obra. Com a alteração as instalações de água e esgoto foram mudadas para ocorrerem simultâneas no mesmo pavimento evitando a perda por transporte, uma atividade de fluxo que não gera valor para o empreendimento e que se deve minimizar ou evitar.

Mendes Júnior (2014) concluí, que com a utilização da modelagem BIM é possível obter mais informação para a produção do que a utilização de documentos sem integração, trazendo mais opções para decisões em campo com mais confiabilidade. Dessa maneira é possível colher resultados como redução de tempo de ciclo e a redução de retrabalho pelo acerto na primeira tentativa.

7.2. Atividade de Planejamento e Controle

Com o crescente grau de competição entre as empresas da construção civil a necessidade de evolução do ponto de vista gerencial dos empreendimentos se tornou obrigatório. Para alcança melhorias gerencias o processo de planejamento e controle da produção se destacam como ferramentas que contribuem para a melhoria do desempenho das obras. (Silva Júnior, 2008)

Conforme Silva Júnior (2008), o planejamento é necessário pelos seguintes motivos:

  1. Facilita a compreensão dos objetivos do empreendimento.
  2. Define todos os trabalhos exigidos.
  3. Desenvolve referência para os orçamentos e programação.
  4. Produz informação para tomada de decisões.
  5. Melhora o desempenho da produção.
  6. Aumenta a velocidade de resposta para problemas futuro.
  7. Fornece padrões para monitoramento e controle.

As etapas no qual o planejamento é divido seriam de acordo com Silva Júnior (2008):

Figura 5: Ciclo de planejamento.


Fonte: JUNIOR, 2008.

A preparação do processo de planejamento tem como objetivo a definição de procedimentos e padrões a serem adotados no processo de planejamento. A coleta de informação é fundamental pois é a partir dele que dependerá a qualidade do processo de planejamento. Elaboração dos planos é quando são elaborados o plano da obra. Difusão da informação são as informações compartilhadas entre os seus usuários. A avaliação do processo de planejamento necessita ser feito com frequência e realinhamento com as novas informações da obra (Silva Júnior, 2008).

Para Sarcinelli (2008), algumas ferramentas de planejamento e controle que são aplicáveis na construção enxuta visando reduzir as perdas são:

  1. Last Planner (último planejador): é a pessoa que está mais próximo da produção e será responsável pela programação de curto prazo, ou seja, o que será feito no dia seguinte ou na semana seguinte. Função feita pelo engenheiro residente, mestre de obra ou encarregados. A ferramenta sugerida pretende sistematizar essa programação das atividades e também controlar a eficiência das mesmas. Reuniões periódicas com os responsáveis são necessárias para analisar o período que passou e programar o próximo, comprometendo assim os envolvidos com a realização da meta.

  2. Diagrama do processo: com essa ferramenta podem-se visualizar os fluxos na produção, determinando por exemplo a matéria prima e o produto final, descrevendo tudo o que acontece nesse processo, permitindo símbolos para transporte, inspeção, estoque e processamento. Entre os objetivos pode-se dizer que permite a realização e análise de processo, permite avaliar a quantidade de atividade fluxo e quantidades total do processo, permite quantificação de tempo, distância e número de pessoas envolvidas. Reduzindo as atividades que não agregam valor, a variabilidade, o tempo de ciclo e aumentando a transparência.

  3. Registro de imagens: a proposta é que através de imagens e vídeos se possa fazer uma avaliação dos processos, identificando possíveis problemas, pontos críticos, boas práticas e possibilidade de melhorias, para uma melhor divulgação.

  4. Planilhas de controle de materiais: o controle sobre o consumo de materiais ou tempo nas construções é extremamente necessário. Comparar as quantidades previstas com as quantidades consumidas possibilita agir corretivamente em caso de desperdício.

  5. Ficha de controle de produção: é um sistema de cartões com a função de registrar as quantidades produzidas pelos operários de forma a poder mensurar o seu rendimento.

7.3. Aplicação da construção enxuta em obra

Ruppenthal (2015), estudou um caso de uma obra de habitação horizontal na qual identificou algumas práticas de construção enxuta. O condomínio horizontal utiliza o modelo construtivo em paredes de concreto realizados em formas de alumínio e fundação tipo radier. Após a cura do concreto da fundação são montadas as armaduras das paredes com telas metálicas pré-fabricadas, sobre as telas são instalados os eletrodutos, caixas e tomadas da instalação elétrica, assim com as instalações hidráulicas e sanitárias que ficarão concretadas nas paredes.

Após a montagem das instalações são colocadas as formas e concretadas as paredes, que após curadas será montada sobre elas o telhado, o forro e o restante das instalações.

Visando a agilidade do processo, a eliminação de gargalos e perdas algumas etapas foram realizadas de forma antecipada para eliminando trabalhos desnecessários e otimizando o processo.

A pré-concretagem das vigotas para as caixas d´água, agiliza as instalações das mesmas, elimina forma, diminui o tempo de execução do serviço pois não será necessário esperar a cura do concreto no local. Com isso se reduz o tempo do ciclo, diminui o transporte interno e minimiza-se perdas de concreto no local.

Os cortes das telas metálicas são realizados pelos ferreiros em local preparado para essa finalidade. As malhas cortadas são transportadas para o local de montagem e logo instaladas, diminuindo o tempo de ciclo e aumentando a eficiência da atividade.

São separados kits de instalação elétrica, hidráulica e sanitária para a instalação nos radieres e paredes. Os kits possuem as peças cortadas e separadas em medida padrão por local de instalação, evitando assim desperdícios e a diminuição do tempo de ciclo.

Paletes de telhas são dispostos em frente as casas nas quais serão executadas as coberturas e não mais levadas ao almoxarifado e estocadas. Com essa prática o estoque foi diminuído, foi reduzida a perda por transporte, foi reduzida a perda por perda de telhas quebradas e diminuiu o tempo de execução da atividade.

Padronização das placas de forro de PVC. As placas de forro de PVC são fornecidas pelo fabricante no tamanho do cômodo da casa, ao invés de tamanho padrão como eram entregues anteriormente. Essa prática reduz o desperdício com corte, reduz a perda por tempo de trabalho para preparar as placas para instalação, elimina o tempo de inspeção do tamanho das placas e reduz as perdas de materiais.

Ruppenthal (2015), concluí que é evidente a necessidade da evolução dos processos de construção civil com o objetivo de diminuir os custos, perdas e aumentar a produtividade. O comprometimento com as práticas lean que contemplam reorganização e planejamento podem levar a diminuir perdas e obter ganhos de produtividade.

8. CONCLUSÃO

É necessário que a construção civil passe a visualizar as perdas com um enfoque mais amplo e não somente olhando para as perdas de materiais em forma de entulho. Perdas agregadas as construções, perdas por baixa produtividade, perdas por transportes e outras perdas por processos que não agregam valor a construção podem não serem tão visíveis, mas seguramente devem representar uma grande parte do custo extra de uma obra.

Uma das maneiras que podemos melhorar nosso desempenho nas construções é a utilização do STP e práticas da construção enxuta. Grande parte das perdas são previsíveis e evitáveis com medidas de prevenção relativamente simples. Alguns exemplos citados nessa dissertação podem servi de referência e inspiração para outras obras.

Sendo assim é possível afirmar que práticas de construção enxuta será o novo caminho para a sobrevivência e a retomada do crescimento das empresas de construção, sendo que também contribuirá com a redução das perdas nas obras.

9. BIBLIOGRAFIA

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Por Sron Santos Rebouças


Publicado por: Sron Santos Rebouças

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