Avaliação do estresse do Enfermeiro em Unidade de Emergência Hospitalar
RESUMO
CARNEIRO, M.C. Avaliação do estresse do enfermeiro em unidade de emergência hospitalar. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem), Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – Cescage. Ponta Grossa, 2010.
O estresse é considerado uma doença psicossomática, a qual os fatores que alteram o estado emocional fazem com que este interfira diretamente no estado físico. As causas do estresse variam de indivíduo a indivíduo. Considerando a Pirâmide das necessidades de Maslow, o estresse pode surgir quando o indivíduo não consegue suprir suas necessidades primárias (fisiológicas e de segurança) e secundárias (sociais, auto-estima, auto-realização). O estresse pode ser crônico ou agudo. O estresse crônico é considerado como uma doença do ser humano moderno gerado muitas vezes em ambiente de trabalho (Sídrome de Burnout). Hans Selye descreveu os sintomas do estresse nomeando-os como Síndrome Geral de Adaptação, composto de três fases sucessivas: alarme, resistência e esgotamento. Baseando-se na Teoria de Selye, a psicóloga Marilda Emmanuel Novaes Lipp, identificou no decorrer de seus estudos uma quarta fase do processo de estresse, nomeada como “quase-exaustão”. Em função disso, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o estresse do enfermeiro em unidade de emergência hospitalar. Trata- se de um estudo de caso do tipo experimental com sete enfermeiros de um P.S. de uma cidade do interior do Paraná, por meio do Inventário dos Sintomas do Stress de Lipp e três questões fechadas de múltipla escolha. Utilizou-se a análise de conteúdo para discutir os dados, a partir da qual se definiram os fatores estressores no ambiente de trabalho. Conclui-se que o processo de trabalho do enfermeiro que atua em unidade de emergência é considerado estressante. Tem como função prestar assistência em situações de urgência e emergência, executar o tratamento, coordenar a equipe de enfermagem, além de exercer funções burocráticas. Para isso, deve ter além do conhecimento técnico-científico o discernimento, a iniciativa, boa comunicação, habilidade de ensinar, maturidade, estabilidade emocional e capacidade de liderança, que provoca uma sobrecarga de trabalho. Essa situação pode gerar um desgaste físico e mental, resultando em estresse.
PALAVRAS-CHAVES: Estresse; Enfermeiro; Emergência; Equipe; Assistência.
ABSTRACT
CARNEIRO, M.C. Evaluation of the stress of nurses in a hospital emergency ward. Completion of course work (undergraduate Nursing), Centre for Higher Education of Campos Gerais – Cescage. Ponta Grossa. 2010.
Stress is considered a psychosomatic illness, which factors that alter the emotional state make it to interfere directly in the physical state. The causes of stress vary from individual to individual. Considering Maslow's pyramid of needs, stress can arise when the individual fails to meet their basic needs (physiological and safety) and secondary (social, self-esteem, self-realization). Stress can be acute or chronic. Chronic stress is considered a disease of modern humans often generated in the workplace (Sídrome Burnout). Hans Selye described the symptoms of stress naming them as General Adaptation Syndrome, which consists of three stages: alarm, resistance and exhaustion. Based on the theory of Selye, psychologist Marilda Emmanuel Novaes Lipp, identified in the course of their studies a fourth stage of stress, named as "quasi-exhaustion." As a result, the objective was to assess stress of nurses in a hospital emergency ward. This is a case study of an experimental nature with seven nurses from a PS to an inland city of Paraná, using the Inventory of the Lipp Stress Symptoms and three closed questions multiple choice. We used content analysis to discuss the data from which were defined stressors in the workplace. We conclude that the working process of the nurse working in emergency rooms is considered stressful. Its function to assist in emergency situations and emergency, to perform the treatment, to coordinate the nursing staff, in addition to exerting bureaucratic functions. To do so, must have knowledge beyond the technical and scientific insight, initiative, good communication, ability to teach, maturity, emotional stability and leadership, which causes an overload of work. This situation can generate a physical and mental, resulting in stress.
KEY WORDS: Stress; Nurse, Emergency; Team; Assistance;
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Pirâmide hierárquica das necessidades de Maslow | 22 |
Figura 2. Prisioneiros da Segunda Guerra | 26 |
Figura 3. Tabela dos comportamentos de pessoas Tipo A | 30 |
Figura 4. Charles Chaplin em Tempos Modernos | 31 |
Figura 5. Piramide hierárquica: novo paradigma | 47 |
Figura 6. Enfrentamento do Estresse | 53 |
Figura 7. Causas do estresse ocupacional por ordem de preferência | 56 |
Figura 8. Avaliação do estresse baseado no ISSL | 60 |
Figura 9. Grupo feminino (G1) | 61 |
Figura 10. Grupo masculino (G2) | 61 |
Figura 11. Sintomas mais freqüentes | 62 |
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO | 13 |
2. OBJETIVOS | 16 |
2.1. GERAL |
16 |
2.2. ESPECÍFICOS |
16 |
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA | 17 |
3.1. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM |
17 |
3.2. O AMBIENTE HOSPITALAR |
19 |
3.3. ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO |
19 |
3.4. O ESTRESSE NA PERSPECTIVA DA SAÚDE |
20 |
3.4.1. O que é o estresse? |
21 |
3.4.2. Estresse versus Motivação: Causas |
22 |
3.4.3. Tipos de estresse |
23 |
3.4.4. Teoria de Hans Selye |
23 |
3.4.5. Coping: maneiras de enfrentamento do estresse |
27 |
3.4.6. Personalidade & Estresse versus doença cardíaca |
28 |
3.5. ESTRESSE OCUPACIONAL |
30 |
3.5.1. Estresse ocupacional na profissão de Enfermagem |
32 |
3.5.2. Síndrome de Burnout |
34 |
3.6. FATORES ESTRESSORES NA ENFERMAGEM:(DES) MOTIVAÇÃO |
36 |
3.7. O ENFERMEIRO NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA |
39 |
3.8. ENFERMEIRO: LÍDER & GERENTE |
41 |
4. METODOLOGIA | 50 |
4.1. CAMPO E SUJEITOS DA PESQUISA |
50 |
4.2. COLETA DE DADOS |
51 |
4.3. ANÁLISE DE DADOS |
51 |
4.4. ASPECTOS ÉTICOS |
51 |
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS | 52 |
5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS |
52 |
5.2. DESCRIÇÃO DAS CATEGORIAS |
52 |
5.2.1. Categoria 1 |
52 |
5.3.2. Categoria 2 |
54 |
5.3.3. Categoria 3 |
55 |
5.3.4. Categoria 4 |
58 |
5.3.5. Categoria 5 |
59 |
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS | 63 |
7. REFERENCIAS | 67 |
8. APÊNDICES | 79 |
9. ANEXOS | 84 |
1. INTRODUÇÃO
O estresse está presente desde os tempos mais primitivos da civilização, quando o indivíduo deveria sentir-se preparado para lutar e fugir. O estresse se manifesta quando o indivíduo é exposto a situações que podem colocar em perigo a sua “sobrevivência”. Por isso, nos últimos anos, o estresse é observado com maior preocupação (CALIL; PARANHOS, 2007, p.117).
Nos dias de hoje, maior parte dos seres humanos não precisam mais lutar fisicamente, caçar seu alimento para conseguir saciar a fome, suprir suas necessidades, fugir, abrigar-se, sobreviver. Porém a luta e a fuga hoje em dia, são vivenciadas pelos seres humanos de maneira racional e emocional.
No mundo moderno, cheio de conflitos, rapidez de informações e necessidade de superação, os padrões herdados na nossa genética não são aceitos, gerando sentimento de incapacidade. Quando a pessoa julga não ser capaz de cumprir suas responsabilidades junto à sociedade, desacreditada de sua importância junto a sua rede de relacionamento, surge o estresse. Assim, o organismo tende a reagir às exigências que são absorvidas. De acordo com nossa herança genética, o organismo reagiria causando ao individuo uma fuga ou luta. No mundo moderno, cheio de conflitos, rapidez de informações e necessidade de superação, os padrões herdados na nossa (SILVA, 2009).
O estresse é um tema que é inserido nos campos de conhecimento da Enfermagem em Saúde Mental e Saúde do Trabalhador. A Organização Mundial da Saúde, em 1946 definiu a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Atualmente o foco único na doença, que sempre foi priorizado em pesquisas da área de saúde, cede espaço a estudos de características adaptativas, sendo algumas: esperança, sabedoria, criatividade, coragem e espiritualidade. Já em 1983, a Assembléia Mundial de Saúde, abordando a inclusão de uma dimensão não-material ou espiritual de saúde esta sendo discutida extensamente a ponto de haver uma proposta para modificar o conceito clássico de saúde da OMS para “um estado dinâmico completo de bem-estar físico, mental, espiritual e social e não meramente a ausência de doença” (PANZINI et al, 2007).
De acordo com a pirâmide (hierarquia) das necessidades de Maslow, o ser humano tem várias necessidades; dentre elas:
• Necessidades fisiológicas: alimento, ar, água, eliminação, vestuário, sexo, atividade e repouso, em quantidades suficientes para sua sobrevivência (ATKINSON et.al. 1995, p.436).
• Necessidades de segurança: quando o indivíduo percebe que está livre de qualquer ameaça de perigo ou ataque e sente-se então seguro (ATKINSON et.al. 1995, p.436).
• Necessidades sociais: envolve relacionamento interpessoal (amor - amar e ser amado, sexualidade, família colegas, amigos) (ATKINSON et.al. 1995, p.436).
• Necessidades de auto-estima: necessidades que o indivíduo precisa alcançar para sentir-se confiante. Auto-confiança, aprovação, reconhecimento, respeito, produtividade, expressão e comunicação (ATKINSON et.al. 1995, p.436).
• Necessidades de auto-realização: A auto-realização envolve a moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceitos e a aceitação dos fatos (ATKINSON et.al. 1995, p.436).
O estresse pode surgir quando o indivíduo não consegue suprir suas necessidades como forma de enfrentamento destas situações.
O endocrinologista canadense Hans Selye (1907-1982) foi quem iniciou as pesquisas sobre o estresse em 1936. Selye classificou o estresse como “Síndrome Geral de Adaptação”, ou seja, quando o indivíduo não consegue adaptar-se a determinada situação, ou várias situações, causando em seu organismo reações que podem interferir no sistema imunológico, no sistema nervoso e no sistema endócrino. Selye dividiu o estresse em três fases: fase de alerta, fase de resistência e fase de exaustão (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.15).
Para que haja melhor compreensão da relação do estresse com a saúde do trabalhador e desta com a saúde do enfermeiro, especialmente aquele que atua em unidade de emergência, é necessária uma análise do conceito e dos sintomas derivados do estresse para então, compreender os fatores que influenciam resistências físicas e psíquicas deste profissional (CALIL; PARANHOS, 2007, p.117).
Cada pessoa possui uma forma particular de reagir aos estímulos da vida, portanto tem também limiares diferentes de esgotamento por estresse. De acordo com o ponto de vista que cada um tem da realidade, da valorização do passado ou das perspectivas do futuro, as reações de estresse podem variar. Uma visualização pessimista da realidade pode proporcionar e até mesmo favorecer estas reações, enquanto a representação otimista deve amenizar seus efeitos (XAVIER, 2010).
Quando o indivíduo conscientizar-se de quais são estes estímulos, poderá então começar a enfrentá-los. A função básica do enfrentamento é a adaptação do indivíduo às situações adversas, com redução da tensão e restauração do equilíbrio com menor dano possível (CALIL; PARANHOS, 2007, p.120).
A maneira em que o trabalhador percebe e atribui um significado ao trabalho, o modo como está inserido no processo de trabalho e envolvido por ele, terá implicações em sua maneira de viver e ser saudável, refletindo em uma melhor ou pior qualidade de vida (SÁ, 2001).
Nesse sentido, é necessário que o enfermeiro, profissional com tamanha responsabilidade em sua função, esteja suprido em todas suas necessidades, para que possa atender satisfatoriamente as necessidades de seus pacientes, e mesmo em situações de extrema pressão e risco, consiga que seu corpo e mente esteja em sintonia com as situações de emergência a que são submetidos. O que é demonstrado na citação de Rocha:
O indivíduo mentalmente mais sadio encontra soluções mais satisfatórias para seus conflitos. Essas soluções tanto são escolhidas por ele, deliberadamente, como podem partir do seu inconsciente. Assim como apresentamos respostas fisiológicas, também lançamos mão de respostas psicológicas para nos defender e proteger (ROCHA, ANO, p.85).
No decorrer das atividades em campo de estágio curricular, principalmente na unidade de emergência, se pode observar que vários enfermeiros aparentam estar em alto grau de estresse emocional, provavelmente advindos dos desgastes enfrentados diariamente, os quais envolvem tensões, ansiedades, situações de tristezas, doenças, mortes, cobranças externas (ambiente hospitalar, recursos, trabalho em equipe, assistência, gerenciamento, liderança) e internas (família, amigos, relacionamentos, estabilidade), sobrecarga de trabalho, falta de reconhecimento da profissão pela sociedade (muitas vezes pelo próprio enfermeiro já desmotivado), salário não-condizente, situações estas potencializadas quando em unidade de emergência, onde o enfermeiro encontra maior dificuldade na assistência prestada, gerando maior estresse, o que prejudica sua saúde mental, e conseqüentemente sua qualidade de vida, interferindo diretamente na qualidade da assistência prestada.
Sabe-se que a enfermagem, é definida como uma ciência voltada para a promoção da saúde e bem-estar do ser humano, sendo o cuidado a sua essência. Cuidado este, o qual primeiramente o próprio enfermeiro deveria estar suprido. Afinal, cuidar e proporcionar assistência ao enfermo são tarefas que implicam em desgaste físico e psicológico. Portanto, para melhor compreensão, levanta-se a seguinte questão: Como avaliar o estresse do enfermeiro em unidade de emergência?
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL:
- Avaliar o estresse do enfermeiro em unidade de emergência hospitalar.
2.2 ESPECÍFICOS:
- Identificar os fatores (internos/ externos) que ocasionam o estresse do enfermeiro em unidade de emergência.
- Descrever as situações, as quais evidenciam o estresse do profissional enfermeiro
- Apontar a importância da saúde mental para o enfermeiro no trabalho em equipe e com a assistência prestada na unidade de emergência hospitalar.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM
Ao estudar Enfermagem e sua história, pode-se deparar com lutas travadas a estigmas e preconceitos criados ao longo dos tempos pela sociedade, alinhados à dificuldade de aceitação da profissão pela mesma (COLPO; CAMARGO; MATTOS, 2006, p.68).
Por meio do estudo da História da Enfermagem pode-se identificar a origem da maioria destes estereótipos. A história analisa o passado, estabelecendo um entendimento sobre o presente. Através de seu estudo identificam-se as possíveis causas de sua permanência no meio social através dos tempos em detrimento à divulgação de toda a evolução tecnológica e científica a qual passou a Enfermagem. Os estereótipos hoje relatados, na sua maioria se referem a um passado remoto que foi superado pela cientificidade (SANTOS; LUCHESI, 2002, s.p.).
A enfermagem, nos tempos mais remotos e antigos, era baseada em ajudar o próximo, em mitos e em crenças. Atualmente, se baseia em estudos científicos, tecnológicos e humanísticos. Avalia e cuida do ser humano de forma holística. É uma ciência com campo de conhecimentos fundamentais e práticas que abrangem do estado de saúde ao estado de doença, seu tratamento e cuidados (STACCIARINI et al, 1999, s.p.).
O cuidado com o corpo humano foi distinguido entre os conceitos de sagrado e profano, estabelecidos pelo Cristianismo, que impossibilitaram o cuidado a áreas tidas como “proibidas”, como órgãos sexuais. Como forma de manter a impessoalidade e respeito, a realização de procedimentos técnicos corpo só era possível por meio de instrumentais, sendo a distância necessária para a não contaminação com o corpo profano e pecaminoso (COLPO; CAMARGO; MATTOS, 2006, p.68).
São encontradas algumas dificuldades entre a relação enfermeiro/paciente, atribuídas a alguns aspectos relacionados a estes estereótipos, os quais promovem uma visão distorcida sobre a profissão. Na enfermagem, o toque no corpo do paciente é permitido e necessário, visto que é uma necessidade intrínseca à realização do cuidado (COLPO; CAMARGO; MATTOS, 2006, p.68).
Florence Nightingale é considerada mundialmente como a precursora da Enfermagem Moderna. Obteve maior reconhecimento através de sua participação como voluntária na Guerra da Criméia, em 1854. Ao retornar da guerra, tornou-se uma figura nacionalmente popular; considerada como sinônimo de doçura, eficiência e heroísmo (COSTA et. al. 2009, s.p.).
O trabalho que realizou durante a guerra teve um impacto muito maior do que simplesmente a ação de reorganizar a enfermagem e salvar vidas. Ela quebrou o preconceito que existia em torno da participação da mulher no Exército e transformou a visão da sociedade em relação à enfermagem. Defendeu a idéia de que a arte do cuidado fosse um treinamento organizado, prático e científico. Para ela, o enfermeiro deve ser um profissional capacitado a servir à medicina, à cirurgia e à higiene e não aos profissionais dessas áreas Conseguiu prestar verdadeiros cuidados àqueles que necessitavam, os quais, devido a questões histórico-religiosas, não percebiam que os rituais que realizavam já indicavam uma prática profissional organizada (COSTA et. al. 2009, s.p.).
Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, observa-se ainda uma tendência em centralizar o hospital como único ambiente de trabalho. A enfermagem cresce em outras áreas, tais como na saúde coletiva, no ensino e na pesquisa. Esse pequeno crescimento contribui para que o enfermeiro participe das rápidas mudanças do mundo globalizado que são exigidas (STACCIARINI et al, 1999, s.p.).
Os conceitos de saúde sofrem mudanças, porém esse contexto parece não refletir na compreensão da sociedade com a enfermagem como profissão. A sociedade ainda visualiza a enfermagem como uma profissão que serve com espírito de solidariedade, caridade e religiosidade. Para que esta visão enfermeiro/caridade mude, é preciso que o próprio enfermeiro supere estes pré- conceitos e estereótipos (STACCIARINI et al, 1999, s.p.).
O primeiro passo para discussão de estratégias de enfrentamento e divulgação da verdadeira profissão é entender e identificar a presença destes pré-conceitos na sociedade e tentar reverter estes, proporcionando a valorização e o reconhecimento da sociedade pelo trabalho e atribuições do enfermeiro (SANTOS; LUCHESI, 2002, s.p.).
O enfermeiro ainda busca sua identidade profissional, sua auto-definição e reconhecimento. Para alcançá-los, enfrenta dificuldades que comprometem o seu desempenho no trabalho e que também acabam influenciando e interferindo no seu lado pessoal, principalmente em sua auto-estima e auto-realização (STACCIARINI; TRÓCCOLI; 2001 p.18).
3.2. O AMBIENTE HOSPITALAR
Para Dias et.al. (2005, p.5), os hospitais são organizações complexas, com atividades intensas, que funcionam na sua maioria em período integral. Para o funcionamento adequado de todas as suas unidades e setores, é necessário uma eficiência na mão de obra, com investimentos em capital humano, para uma atuação harmônica e independente, com profissionais multidisciplinares, executando suas atribuições, como citado:
(...) as unidades hospitalares são compostas por uma complexidade muito grande tanto de profissionais como também da sua própria estrutura organizacional. Portanto, o ambiente hospitalar caracteriza-se por ser altamente estressante e com atividades muito intensas, uma vez que lida com pessoas debilitadas fisicamente e emocionalmente , lida com vida , morte e doenças, contribuindo assim, para ocorrência de situações de ansiedade e tensão nas equipes técnicas. Tal afirmação não é difícil de ser comprovada, uma vez que atualmente, hospitais que apresentam boas condições de trabalho, sendo bem aparelhados, não faltando materiais e nem tampouco medicamentos, se tornaram exceção. Tanto na esfera pública quanto na privada, o que vemos são hospitais descuidados e profissionais correndo contra o tempo para tentarem da melhor maneira possível cumprirem suas tarefas, pois exercem diversas funções ao mesmo tempo e se sobrecarregam realizando diversos plantões, face a má remuneração que recebem (DIAS et.al., 2005, p.5).
3.3. ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO
A enfermagem tem como principal objetivo promover através de sua atuação a promoção, a conservação e restabelecimento da saúde do paciente. Para isso, é necessário o conhecimento do enfermeiro em diversas áreas, como biologia, semiologia, psicologia, administração, entre outros. O enfermeiro deve usar, além de sua habilidade pessoal e profissional, a percepção e sensibilidade de poder antecipar os fatos e perceber a ansiedade, preocupação e necessidades do paciente (DIAS et.al, 2005, p.6).
A estreita ligação entre os elementos deste sistema, e sua complexidade, pode ser assim descrita:
“Ser enfermeiro significa ter como agente de trabalho o ser humano, e, como sujeito de ação, o próprio ser humano. Há uma estreita ligação entre o trabalho e o trabalhador, com a vivência direta e ininterrupta do processo de dor, morte, sofrimento, desespero, incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos e reações desencadeadas pelo processo doença”. (BATISTA; BIANCHI, 2006, p.535).
O estado de saúde de cada paciente determina as necessidades dos cuidados de enfermagem, comparando-o sempre com o estado de saúde normal. Cuidar faz parte dos moldes de nossa civilização, desde os tempos mais primitivos. Os cuidados de enfermagem são ações realizadas com o objetivo de conseguir a reabilitação completa do indivíduo, dentro de suas limitações (LÓPEZ; CRUZ, 2002, p.6).
3.4. O ESTRESSE NA PERSPECTIVA DA SAÚDE
3.4.1. O que é o estresse?
O estresse é um fato que sempre foi comum na vida do ser humano, observado em qualquer situação, ou mudança, que exige adaptação do indivíduo. O modo que o indivíduo reage às experiências estressantes cria uma resposta ao estresse (DAVIS; ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.9).
O estresse é vivenciado pelo indivíduo a partir de três fontes básicas: ambiente, corpo e pensamento. O ambiente exige adaptação do indivíduo, pois nele podem ocorrer mudanças de temperatura, barulhos, excesso de pessoas e exigências interpessoais. Pressões estas, que ameaçam as suas necessidades de auto-estima. O corpo exige do indivíduo o cuidado, que é prestado a partir de seus hábitos de vida (dieta, atividade física, sono). O pensamento é a maneira de o indivíduo interpretar, perceber, rotular as próprias experiências (passadas, atuais e futuras). Pode fazer com que o indivíduo relaxe ou se estresse (DAVIS; ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.9).
3.4.2. Estresse versus Motivação: Causas
O ser humano tem necessidades físicas, psíquicas, de segurança, sociais, de auto-estima e de auto-realização. As necessidades físicas referem-se às funções fisiológicas: alimento, água, oxigênio, eliminação, vestuário, sexo, atividade e repouso. Já as necessidades sociais dizem respeito a pertencer a uma família, um grupo, ter amigos, colegas, participar, aprender e divertir-se. As necessidades de auto-estima têm a ver com autoconfiança, responsabilidades. Por fim as necessidades de auto-realização, como o próprio nome diz, quando o indivíduo se sente realizado (ROCHA, 2005, p.53).
Abraham Harold Maslow, pesquisador, professor e psicólogo americano, construiu em meados do século 20 a teoria na foram hierarquizadas as necessidades humanas. Segundo a Teoria de Maslow, conhecida também como teoria da motivação humana, as necessidades humanas podem ser agrupadas em cinco níveis (SAMPA, 2009, s.p.):
1. Necessidades fisiológicas: Estas são as necessidades básicas ao organismo (ar, água, comida, etc.). Quando o ser humano não tem estas necessidades satisfeitas, sente-se mal, desconfortado, irritado, ansioso, inseguro, doente (enfermo). Quando o indivíduo satisfez estas necessidades, preocupa-se então com outras (SAMPA, 2009, s.p.).
2. Necessidades de segurança: No mundo globalizado, conturbado e dinâmico dos dias de hoje, o ser humano procura fugir dos perigos da vida moderna, busca abrigo, segurança, proteção, estabilidade e continuidade (SAMPA, 2009, s.p.).
3. Necessidades sociais: O ser humano precisa amar e tem a necessidade de ser amado e aceito, pertencer a uma família, um grupo. Esse agrupamento de pessoas ocorre em sua casa, no seu local de trabalho, na sua igreja, na sua família, no seu clube ou na sua torcida. Isso faz com que o indivíduo tenha a sensação de pertencer a um grupo, ou a uma "tribo". Atualmente, a política, religião e torcida são as “tribos modernas” (SAMPA, 2009, s.p.).
4. Necessidades de auto-estima: O ser humano necessita ter autoconfiança. Ela proporciona a busca pela competência. Motiva o indivíduo a alcançar objetivos, obter aprovação e ganhar reconhecimento. Há dois tipos de estima: a auto-estima e a hetero-estima. A auto-estima é o ato indivíduo acreditar em si mesmo, valorizar-se. A hetero-estima é a atenção, confiança e o reconhecimento que o indivíduo recebe das pessoas (SAMPA, 2009, s.p.).
5. Necessidade de auto-realização: O ser humano busca a sua realização como pessoa, a demonstração prática da realização permitida e alavancada pelo seu potencial único. O ser humano pode buscar conhecimento, experiências estéticas e metafísicas, ou mesmo a busca de Deus (SAMPA, 2009, s.p.).
A hierarquia das necessidades de Maslow, é mostrada em forma de pirâmide, como demonstrada na figura a seguir:
Figura 1.
Pirâmide hierárquica das necessidades de Maslow
Extraída de: http://cobaia.net/2008/11/lideranca-e-a-piramide-de-maslow/
Quando o indivíduo supera as necessidades de auto-estima e alcança o reconhecimento por parte de outros indivíduos, procura então satisfazer as necessidades de auto-realização. Porém, se as necessidades situadas em um nível inferior deixam repentinamente de serem atendidas, o indivíduo direcionará novamente sua motivação para elas (MAITLAND; 2000, p.8).
3.4.3. Tipos de estresse
Existem dois tipos básicos de estresse: o estresse agudo e crônico. O estresse agudo ocorre em um período mais curto, porém mais intenso. É causado por situações traumáticas passageiras, como por exemplo, a perda de um ente querido. O estresse crônico é aquele que afeta a maioria das pessoas no mundo moderno-dinâmico que exige grande capacidade adaptativa, cobrada no dia a dia, principalmente em ambiente de trabalho, caracterizado pelo estresse ocupacional de uma forma mais suave, ou não (Síndrome de Burnout) (GAWRYSZEWSKI, 2006, s.p.).
3.4.4. Teoria de Hans Selye
Os estudos realizados pelo endocrinologista Hans Selye envolvem os principais sinais e sintomas do estresse e a sua fisiologia, que são abordados nesta seqüência.
O médico endocrinologista Hans Selye foi o primeiro cientista que utilizou o termo "estresse" na área da saúde. Observou que muitas pessoas sofriam de doenças físicas e reclamavam de sintomas comuns. A partir de investigações científicas em laboratórios, com animais, definiu em 1936 o estresse como "o resultado inespecífico de qualquer demanda sobre o corpo, seja de efeito mental ou somático, e "estressor", como todo agente ou demanda que evoca reação de estresse, seja de natureza física, mental ou emocional". Selye pode observar que o estresse produzia reações de defesa e adaptação com ao agente estressor, descrevendo a Síndrome Geral de Adaptação (SAG) (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.15).
De acordo com a Teoria de Hans Selye, as situações estressoras podem estimular tanto respostas psicológicas como fisiológicas e, quando ocorrrem, pode acontecer uma inter-relação entre elas fazendo se estimularem mutuamente, intensificando e mantendo a estimulação geral, como um “efeito cascata”. Afinal, o estresse é um fator que interfere nos sistemas: nervoso, endócrino e imunológico (HOLMES, 1999, p. 55).
Selye descreveu com exatidão o que acontece no corpo humano durante a reação de lutar-fugir. Descobriu que qualquer problema, imaginário ou real faz com que o córtex cerebral envie um sinal de alarme para o hipotálamo, que estimula o Sistema Nervoso Simpático (SNS) a realizar várias mudanças em seu corpo (DAVIS; ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.10).
Quando o indivíduo consegue identificar e conscientizar quais são os estímulos estressores, estará preparado a enfrentá-los. O enfrentamento dos estímulos estressores proporciona adaptação do indivíduo às situações adversas, reduz a tensão e restaura o equilíbrio com menor dano psicossomático (CALIL; PARANHOS, 2007, p.120).
A freqüência cardíaca, o volume de sangue e a pressão sanguínea aumentam. Transpira. As mãos e pés ficam frios, enquanto o sangue é desviado das extremidades e do sistema digestivo para músculos maiores que podem ajudar o indivíduo a lutar ou fugir. O diafragma e o ânus se contraem. As pupilas se dilatam para melhor visualização e há aumento da capacidade auditiva (DAVIS; ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.10).
As glândulas adrenais começam a secretar corticóides (adrenalina, epinefrina, norepinefrina). Essas inibem a digestão, a reprodução, o crescimento, a renovação dos tecidos e as reações imunológicas e antiinflamatórias. Assim que o momento estressante passa, o cérebro pára de enviar sinais de emergência para o tronco cerebral que então pára de enviar mensagens de pânico ao sistema nervoso. Os hormônios e as substâncias químicas que levam o corpo ao estado de alerta são metabolizados rapidamente. O indivíduo volta ao seu estado normal. Quando não consegue voltar ao estado normal, o indivíduo pode sofrer estresse crônico (DAVIS; ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.10).
Selye divide o estresse em três fases, de acordo com seus principais sintomas juntamente com a reação de luta-fuga:
1ª- FASE: Fase de alarme: O organismo percebe que precisa lutar ou fugir da situação estressora para conseguir adaptar-se a esta. Após o ato da luta e da fuga que acontecem na experiência estressante, ocorre o retorno à situação de equilíbrio. Esta é uma situação de reação saudável ao estresse. Essa fase é caracterizada por alguns sintomas: taquicardia, tensão crônica, dor de cabeça, sensação de esgotamento, diminuição da concentração de cloretos no sangue (hipocloremia), pressão no peito, extremidades frias, dentre outros (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
2ª- FASE: Fase de resistência: Quando as reações da fase de alerta persistem, o organismo altera seus parâmetros de normalidade e concentra estas reações em um determinado órgão-alvo, desencadeando a Síndrome de Adaptação Local (SAL). Nessa fase, os sintomas psicossociais são manifestados, como por exemplo: ansiedade, medo, isolamento social, roer unhas, oscilação do apetite, impotência sexual e outros (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
3ª- FASE: fase de exaustão: Como o próprio nome diz, o organismo encontra-se exausto pelo excesso de atividades e pelo alto consumo de energia. Ocorre, diminuição e prejuízo no funcionamento do órgão mobilizado na SAL, que manifesta-se sob a forma de doenças orgânicas (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Embora Selye tenha identificado três fases do estresse, a psicóloga Marilda Emmanuel Novaes Lipp, especialista no tratamento do estresse do Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress da PUC de Campinas, identificou no decorrer de seus estudos uma quarta fase do processo de estresse, nomeada como “quase-exaustão”, pois se encontra entre a fase de resistência e a de exaustão (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Essa fase é caracterizada por haver um enfraquecimento do indivíduo que não está conseguindo se adaptar ou resistir ao fator estressor. Começam a surgir doenças, as quais ainda não consideradas graves como na fase de exaustão (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Lipp relata em suas pesquisas as possíveis reações físicas e emocionais que ocorrem durante o estresse. Os sinais e sintomas físicos que ocorrem com maior freqüência são: aumento da sudorese, tensão muscular, taquicardia, hipertensão, aperto da mandíbula (ranger de dentes), hiperatividade, náuseas, mãos e pés frios. Os sinais e sintomas psicológicos são: ansiedade, tensão, angústia, insônia, alienação, dificuldades interpessoais, dúvidas quanto a si próprio (auto-estima e auto-realização), preocupação excessiva, dificuldade de concentrar-se em outros assuntos que não estão relacionados ao estressor, dificuldade de relaxar, ira e hipersensibilidade emotiva (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Nos campos de concentração nazistas da Segunda Guerra, os dois tipos de estresse ocorriam entre os prisioneiros. O tipo agudo provavelmente acontecia no momento da prisão e/ou no momento da condenação à morte ou da perda de um ente querido (op.cit GAWRYCZEWSKI, 2006, s.p.). O tipo crônico se desenvolvia durante o aprisionamento, pela própria condição de condenado e pelo trabalho forçado.
Os sinais e sintomas psicológicos de tais prisioneiros podem ser observados a partir das expressões de apatia, desamparo e descrença no momento da libertação (ATKINSON et.al. 1995, p.465), como se pode observar na figura seguinte:
Figura 2.
Prisioneiros da Segunda Guerra
Extraída de: http://3.bp.blogspot.com/_WOu99KE4Kyk/SSv2x2BuJJI/AAAAAAAAA9o/_YeCZFGxTeg/s1600-h/BW08.jpg
Quando o estresse está constantemente presente no indivíduo (em sua maneira de viver e ver a vida) pode desencadear uma série de doenças. Se nada é feito para aliviar a tensão a pessoa sente-se exausta, desmotivada e depressiva (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Fisicamente, podem ocorrer vários tipos de doenças. Essa variação de doenças depende da carga genética da pessoa. Alguns podem adquirir úlceras, hipertensão, outros ainda ter crises de pânico, de herpes e outras doenças. Doenças estas, que, não tratadas corretamente, sem tratamento especializado e de acordo com as características pessoais, podem ocasionar problemas graves, como infarto (IAM), acidente vascular encefálico (AVE), dentre outros (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Não é o estresse que causa essas doenças, porém é ele que propicia o desencadeamento de doenças para as quais a pessoa já tinha predisposição e ao reduzir a defesa imunológica, ele abre espaço para que estas doenças “oportunistas” apareçam (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
3.4.5. Coping: maneiras de enfrentamento do estresse
Coping refere-se às maneiras que o indivíduo procura na tentativa de mudar as circunstancias ou as interpretações das circunstancias para torná-las menos ameaçadoras (HOCKENBURY, 2003, p.463).
Quando o coping é eficaz, o indivíduo adapta-se à situação e o estresse é reduzido. Infelizmente, os esforços para gerenciar o estresse nem sempre ajudam o indivíduo a adaptar-se. Um gerenciamento não realista pode implicar em pensamentos e comportamentos que intensificam ou prolongam o sofrimento. Pode também produzir resultados frustantes (HOCKENBURY, 2003, p.463).
Os psicólogos Richard Lazarus e Suzan Folkman (1984) descreveram dois tipos básicos de coping. O coping com enfoque no problema e o coping com enfoque na emoção (HOCKENBURY, 2003, p.464).
O coping com enfoque no problema é dirigido para administrar ou mudar um estressor ameaçador ou nocivo. O indivíduo pode focalizar-se sobre o problema ou situação específica que surgiu, tentando encontrar algum modo de mudá-la ou evitá-la no futuro (HOCKENBURY, 2003, p.464; ATKINSON et. al. 1995, p.476).
As estratégias para a solução de problemas incluem defini-los, gerar soluções alternativas, pesá-las em termos de custos e benefícios, selecionar entre elas e implementar a alternativa selecionada. As estratégias focalizadas no problema também podem ser dirigidas para o interior: a pessoa pode mudar algo em si mesma, em vez de mudar o ambiente. Exemplos seriam a modificação do nível de aspiração, descoberta de fontes alternativas de gratificação e aprendizagem de novas habilidades. O grau de habilidade com que os indivíduos empregam essas estratégias depende de sua faixa de experiências e capacidade para o autocontrole (ATKINSON et. al. 1995, p.476).
Se o indivíduo acredita que não há nada que possa alterar uma situação, a tendência é contar com o coping com enfoque sobre o alívio das emoções associadas com a situação estressante, que direciona os seus esforços para regular ou aliviar o impacto emocional da situação estressante (HOCKENBURY, 2003, p.464; ATKINSON et. al. 1995, p.476).
3.4.6. Personalidade & Estresse versus doença cardíaca
Em 1956, os cardiologistas Meyer Friedman e Ray Rosenman mediram o nível de colesterol no sangue. Através de sua análise concluíram que o estresse contribui com o risco de infarto (MYERS, 1999, p.367).
Friedman e Rosenman realizaram estudos com mais de 3.000 homens “saudáveis”, com idade de 35 a 59 anos. Questionaram sobre seus trabalhos e hábitos alimentares. Durante a entrevista foram registrados padrões de comportamento. Com isso, podem-se identificar dois tipos de comportamentos, que eles classificaram como: Tipo A e Tipo B (MYERS, 1999, p.367)
Comportamento Tipo A: Possui três características:
1) Senso exagerado de urgência de tempo: indivíduos extremamente preocupados com o tempo. Tentam fazer cada vez mais coisas em menos tempo (ATKINSON et. al. 1995, p.474; HOCKENBURY, 2003, p. 458).
2) Senso geral de hostilidade: indivíduos mais reativos, verbalmente agressivos e irritados. Possuem dificuldade de relaxar e aquietar-se. Irritam-se ou ficam impacientes quando confrontados com atrasos ou com pessoas que eles deduzem que sejam incompetentes. Também são predispostos a acreditar que o comportamento desagradável dos outros é intencionalmente dirigido à eles (ATKINSON et. al. 1995, p.474; HOCKENBURY, 2003, p. 458).
3) Senso de competitividade: Indivíduos extremamente competitivos e orientados para o sucesso. Determinados, impacientes, supermotivados (ATKINSON et. al. 1995, p.474; HOCKENBURY, 2003, p. 458).
Comportamento Tipo B: indivíduos mais calmos e descontraídos. Capazes de relaxar sem sentirem-se culpados. Conseguem trabalhar sem se tornarem agitados e irritados. Não possuem impaciência e senso de urgência. Dificilmente sentem raiva. (MYERS, 1999, p.367; ATKINSON et. al. 1995, p.474).
No final do estudo, 257 homens sofreram infarto (IAM). Desses, 69% eram do Tipo A. Nenhum dos que se enquadraram no Tipo B sofreu infarto. Portanto, as pessoas do Tipo A são mais propensas à doenças cardíacas. Quando pressionadas, desafiadas, ameaçadas, com o risco da perda de controle, os indivíduos do Tipo A tem uma reação fisiológica maior. Indivíduos que fumam mais dormem menos, consomem bebidas cafeinadas estão mais propensos a riscos coronarianos. Isso faz com que as secreções hormonais, a pulsação e a pressão aumentem (MYERS, 1999, p.367).
Até o fim do século XX, o estresse era visto pelos trabalhadores como sinal de alerta. Hoje, no século XXI, é visto como a melhor demonstração de superprodução. O trabalhador do século XXI é um ser incrível que consegue, ao mesmo tempo, falar ao celular, checar mensagens, anotar um recado, amarrar o sapato e ajeitar a gravata (GEHRINGER, 2009, p. 47).
Uma pesquisa recente mostrou que os típicos trabalhadores do século XXI têm prazer em não ter tempo para nada. Trabalham quinze horas por dia, não tiram férias e só vêem a família por fotografia. Muitos são incapazes de dizer em que ano da escola os filhos estão (GEHRINGER, 2009, p. 47).
Figura 3.
Tabela dos comportamentos de pessoas Tipo A.
Alguns comportamentos que caracterizam as pessoas do Tipo A (baseado em Friedman & Rosenman) - Pensa ou faz duas coisas ao mesmo tempo |
Extraída de (ATKINSON et.al. 1995, p.461).
3.5. ESTRESSE OCUPACIONAL
Trabalhadores de fábricas foram os primeiros sujeitos investigados sobre o estresse ocupacional, com enfoque nos aspectos do ambiente físico de trabalho. Nestas pesquisas, foram identificadas conseqüências psicológicas e ergonômicas sobre a saúde do trabalhador (LAUTERT; CHAVES; MOURA, 1999, p.416).
O cinema retratou esta questão social no filme “Tempos Modernos” estreado em 1936, no Rivoli Theatre, de Nova York, que teve roteiro e direção de Charles Chaplin. No filme, Charlie Chaplin interpreta um operário que trabalha em uma grande fábrica e tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado (INÁCIO, 2007, s.p.).
Figura 4.
Tempos modernos (Charles Chaplin)
Extraída de: http://www.montgomerycollege.edu/Departments/hpolscrv/Pics/ModernTimesCog.jpg
O filme mostra o trabalho repetitivo de um operário de apertar parafusos o tempo todo. Com este trabalho repetitivo, caracterizado pela visão funcionalista (homem máquina), o operário tem problemas de stress. Exausto, passa a apertar tudo o que se parece com parafusos. Acaba sendo despedido e internado em um hospital, onde permanece até se recuperar. Porém, com a constante ameaça de exaustão que a vida moderna impõe: correrias constantes, poluição sonora, confusões diversas nas ruas, congestionamentos, desemprego, etc. Desde então, as relações de trabalho ficaram mais estressantes, considerando, principalmente, a rapidez de informação para a qual ficamos limitados (INÁCIO, 2007, s.p.).
3.5.1. Estresse ocupacional na profissão de Enfermagem
Para Regis; Porto (2006, p.567), a profissão de enfermagem se configura basicamente como prestação de cuidados ao ser humano. Tal cuidado é, antes de tudo, um exercício e uma arte de observação, de saber e de fazer. Dinâmica que envolve quem cuida e quem é cuidado (seus pacientes). As atividades do enfermeiro não devem se limitar a uma ação técnica a ser estudada e desenvolvida, tal como uma função braçal. Esta profissão está fortemente pautada nas relações humanas, sociais e nas implicações que definem sua pratica, de tudo e todos à sua volta.
Regis; Porto (2006, p.567) afirma que “jamais se analisará a Enfermagem, sem antes reconhecer que dela nasce um universo humano extraordinário, revelador e original.”
Existem alguns componentes considerados ameaçadores ao ambiente ocupacional do enfermeiro. Entre eles, o número reduzido de profissionais de enfermagem no atendimento em saúde, considerando o excesso de atividades por eles executadas, as dificuldades em delimitar os diferentes papéis entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e a ampla falta de reconhecimento do enfermeiro. Esta falta de reconhecimento fica caracterizada na remuneração insatisfatória, que acaba obrigando os profissionais a manter mais de um vínculo de trabalho, que resulta numa carga de trabalho desgastante (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.259).
No processo evolutivo da profissão, o enfermeiro tem encontrado muitos problemas que estão associados com a sua própria história, a formação, às exigências e deficiências do sistema inserido no atual contexto sócio-político. Porém, assim como o momento histórico e o contexto sócio-econômico devem ser analisados para uma maior compreensão do estresse ocupacional do enfermeiro, também é importante distinguir o indivíduo (enfermeiro) e seu comportamento, considerando-os como elementos importantes na dinâmica deste fenômeno. (STACCIARINI; TRÓCCOLI; 2001 p.19).
Segundo Batista; Bianchi (2006, p.535), “o estresse no trabalho ocorre quando o ambiente de trabalho é percebido como uma ameaça ao indivíduo, repercutindo no plano pessoal e profissional, surgindo demandas maiores do que a sua capacidade de enfrentamento.”
As doenças referidas com diagnóstico médico foram englobadas em: doenças do sistema musculoesquelético, doença do sistema respiratório, doença do sistema genitourinário e endócrino e doença do sangue, que podem ser decorrentes do estresse vivido pelos profissionais (CALIL; PARANHOS, 2007, p.124).
Pesquisas demonstram o desconhecimento e a falta de reconhecimento da vivência do estresse pelo enfermeiro. Questionado a respeito do estresse geralmente existe negação por parte do profissional. Porém , quando consideradas as condições físicas e psicológicas nas atividades que realiza, fica estabelecida a importância da avaliação do estresse. A falta de reconhecimento dessa condição acaba influenciando a tomada de decisões, indo desde a decisão individual até a ausência de decisões organizacionais para a melhoria das condições de trabalho na unidade de emergência (CALIL; PARANHOS, 2007, p.124).
Bianchi classificou e agrupou em categorias os estressores ocupacionais do enfermeiro e suas principais dificuldades:
1) PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO COM A EQUIPE: relacionamento com superiores; relacionamento interpessoal com o paciente, familiares, colegas e outros profissionais; falta de suporte; equipe de Enfermagem apática e descontente (CALIL; PARANHOS, 2007, p.122).
2) INERENTE À UNIDADE: recursos físicos; mudanças tecnológicas; mudanças profissionais; ambiente; trabalho repetitivo; carga de trabalho; número adequado de pessoal; odores desagradáveis; exposição constante a riscos; falta de equipamentos; pressão no trabalho (CALIL; PARANHOS, 2007, p.122).
3) ASSISTÊNCIA PRESTADA: lidar com a morte e o morrer; paciente com dor; doença terminal; lidar com necessidades emocionais do paciente e da família; pacientes e familiares agressivos; incerteza quanto ao tratamento do paciente (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).
4) INTERFERÊNCIA NA VIDA PESSOAL: conflito entre o trabalho e a casa; desenvolvimento na carreira; tomada de decisões nos rumos da vida; experiências anteriores (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).
5) ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO: conflito de papéis; ambigüidade de papéis; falta de autonomia; estilo de supervisão; salário não-condizente, falta de treinamento; falta de oportunidade de crescimento na organização; falta de suporte administrativo e envolvimento (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).
3.5.2. Síndrome de Burnout
Os primeiros estudos sobre a síndrome de burnout iniciaram na década de 70, pelo psicólogo Herbert Freudenberger. O termo burnout origina-se do verbo em inglês to burn out (queimar por inteiro). Como gíria, deu sentido ao fato de o indivíduo chegar em seu limite , sem condições físicas e psíquicas (VIEIRA et.al., 2002, p.21).
A Síndrome de Burnout é caracterizada por três situações, as quais são: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal, como Vieira et al. (2006, p.353) refere:
A exaustão emocional (EE) caracteriza-se por fadiga intensa, falta de forças para enfrentar o dia de trabalho e sensação de estar sendo exigido além de seus limites emocionais. A despersonalização (DE) caracteriza-se por distanciamento emocional e indiferença em relação ao trabalho ou aos usuários do serviço. A diminuição da realização pessoal (RP) se expressa como falta de perspectivas para o futuro, frustração e sentimentos de incompetência e fracasso. Também são comuns sintomas como insônia, ansiedade, dificuldade de concentração, alterações de apetite, irritabilidade e desânimo (VIEIRA et.al. 2006, p.353).
Em meados de 1974, o cientista Freudenberger descreveu Burnout como sendo um excesso de gastos de energia, com exaustão física, provocado por desgaste de recursos, observando profissionais que trabalhavam diretamente com dependentes químicos. Esses profissionais de decepcionavam com seus pacientes, pois constatavam que os mesmos, gerando cuidados e tratamentos, não se preocupavam em abandonar o uso de drogas. Esses profissionais, falavam que, devido à exaustão, muitas vezes desejavam nem acordar para não ter que ir para o trabalho. Por não alcançar seus objetivos, se sentiam frustrados e desmotivados por não terem projeções futuras de sucesso, já que este dependeria da vontade e desejo de seus pacientes (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.258).
A exaustão emocional ocorre com a caracterização de dois fatores, sendo a falta de energia e esgotamento emocional. Pode se manifestar fisicamente, psiquicamente ou uma combinação entre os dois. O profissional não possui mais energia para realizar um atendimento completo, com todas as fases pertinentes, pois suas energias para absorver os problemas e gerar soluções já se esgotaram (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.258).
A falta de envolvimento pessoal no trabalho ocorre e envolve sentimento de inadequação pessoal e profissional. O trabalhador se auto-avalia de forma negativa. Isso prejudica a habilidade para a realização do trabalho e o atendimento, o contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a organização (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.258).
A ação humana social, envolvendo o trabalho, compreende a possibilidade do ser humano transformar o meio em que vive. No processo de interação entre natureza - homem, ao mesmo tempo em que modifica-se a natureza, também é modificado homem. Dentre as inúmeras modificações, encontram-se aquelas que têm conseqüências no aparelho psíquico (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.256).
A proposta da existência da Síndrome de Burnout para os trabalhadores da enfermagem possibilita novos horizontes e abre novas perspectivas para as possibilidades de entendimento e transformação do processo de trabalho, numa tentativa de resgatar as dimensões afetivas contidas no cotidiano de quem cuida (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, P.260).
O exercício da profissão de enfermagem requer boa saúde física e mental. Porém, raramente os enfermeiros recebem a proteção social adequada para o seu desempenho. Exercem atividades cansativas, muitas vezes em locais inadequados, não recebem a proteção e atenção necessárias para evitar os acidentes e as doenças decorrentes das atividades (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.260).
Cada dia exige mais capacidade técnico-científica do enfermeiro em um sistema dinâmico-capitalista. A baixa re¬muneração, a sobrecarga de trabalho, a falta de autonomia e reconhecimento contribuem ao surgimento de alterações psíquicas que levam muitos funcionários a um estado de exaustão emo¬cional, perda de interesse pelas pessoas que teriam que ajudar; e por fim baixo rendimento profissional e pessoal, com a crença de que o trabalho não vale a pena e, institu¬cionalmente, não se podem mudar as coisas e que não há possibilidade de melhorar pessoalmente (SANTOS; ALVES; RODRIGUES, 2009, p.59).
3.6. FATORES ESTRESSORES NA ENFERMAGEM: (DES) MOTIVAÇÃO
Cada profissional trás consigo pensamentos, filosofias, influências culturais, familiares, convívios diferentes que precisam ser levados em conta e analisados para entender o comportamento humano e as diferenças no ambiente de trabalho (SCORSIN; SANTOS; NAKAMURA, 2006, s.p.).
O serviço de enfermagem em um hospital é de extrema importância, pois proporciona o cuidado, que é fator essencial para o desencadeamento dos trabalhos realizados junto aos pacientes no que diz respeito ao seu tratamento físico-mental. No entanto, apesar de sua extrema importância, o enfermeiro sofre com as condições de trabalho que lhes são ofertadas muitas vezes de forma precária prejudicando assim o seu trabalho e desmotivando os profissionais da área (DIAS et.al, 2005, p.2).
O trabalhador de enfermagem geralmente possui mais de um vínculo empregatício. Isso prejudica o tempo destinado ao lazer e, como a maioria dos trabalhadores pertence ao gênero feminino, a jornada de trabalho e cuidado doméstico também deve ser considerada na análise da qualidade de vida desses profissionais (SILVA; MELO, 2006, p.16).
É muito importante que o ambiente de trabalho seja o mais saudável possível, principalmente para os enfermeiros que lidam com vidas o tempo todo. O bem estar no trabalho, mesmo em um hospital, que é um ambiente caracterizado por dor, tristeza e morte, é de extrema importância para o melhor desenvolvimento dos trabalhos realizados. Assim, pode-se evitar o desenvolvimento de ambientes estressores e com pouca qualidade de vida no ambiente de trabalho, podendo assim, trazer prejuízos ao paciente (DIAS et.al, 2005, p.7).
O trabalho de enfermagem é extremamente desgastante devido aos aspectos operacionais de trabalho e às exigências relativas à imensa responsabilidade para com seus pacientes e à equipe. Ao paciente, tanto no aspecto físico quanto no aspecto moral, social e psicológico. No entanto, o profissional de enfermagem apesar de ter autonomia para tomar certas decisões, fica prejudicado quando o assunto é poder administrativo na organização como um todo, status e prestígio. Parece que esse profissional, por questões sócio-culturais, ainda é visto apenas como um ajudante de outros profissionais de saúde, principalmente os médicos (DIAS et.al, 2005, p.7) .
O enfermeiro só vai conseguir atingir estes objetivos se tiver um ambiente harmonioso, condições dignas de trabalho, bons salários, lazer, equipe integrada com bom relacionamento interpessoal. Para isso deverá ser líder e não chefe, para amenizar os estressores já existentes no ambiente de trabalho. Isso tudo reflete diretamente em boa qualidade de vida e no atendimento. Torna o ambiente de trabalho saudável (SCORSIN; SANTOS; NAKAMURA, 2006, s.p.).
Para Dias et.al. (2005, p.7-10) algumas particularidades do trabalho do enfermeiro levam à desmotivação em ambiente hospitalar: o tipo de trabalho (horário de trabalho, ritmo de trabalho, conteúdo do trabalho, controle do trabalho, uso de habilidades), relações interpessoais e grupais (tipos de relações, relações com superiores, relações com colegas, relações com os pacientes) o desenvolvimento da carreira (insegurança no trabalho).
Regis; Porto (2006, p.567) relaciona a Teoria de Maslow com o trabalho, cita que ele está diretamente ligado às necessidades sociais e de auto-estima. As necessidades sociais referem-se ao relacionamento interpessoal do enfermeiro com sua equipe. As necessidades de auto-estima envolvem o reconhecimento do enfermeiro, como citado a seguir:
A interação entre a teoria da motivação humana de Maslow e algumas características da prática da enfermagem leva a perceber que as necessidades humanas podem influenciar o desenvolvimento das atividades da equipe de enfermagem no trabalho (REGIS; PORTO, 2006, p.567).
Os elementos estressores na enfermagem são comuns, independente da ocupação do enfermeiro. Esses elementos refletem a origem das causas e conseqüências que ocasionam no exercício da profissão. Isso sugere novos desafios e maneiras de trabalho (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.260).
A carga de trabalho exaustiva é o estressor mais proeminente na atividade do enfermeiro, além dos conflitos internos entre a equipe e a falta de motivação e apoio ao profissional, sendo a indefinição do papel profissional um fator somatório aos estressores (BATISTA; BIANCHI, 2006, p.537).
O trabalho em um ambiente hospitalar que possui deficiência de meios para o seu funcionamento adequado contribui de maneira significativa para a ocorrência de acidentes de trabalho. Essa constante situação de instabilidade provoca no ambiente de trabalho situações de desmotivação profissional ocasionadas pelo intenso stress e fadiga mental, vivenciado por muitos profissionais quando atingem o estado de exaustão (DIAS et.al, 2005, p.7).
A diversidade de tarefas realizadas no cotidiano do enfermeiro provoca ansiedade e estresse, pois estas tarefas devem ser executadas sempre em um intervalo de tempo muito reduzido. Quando os enfermeiros percebem esse fato, sentem-se irritados e de frustrados e conseqüentemente desmotivados (DIAS et.al, 2005, p.7).
Com isso, percebe-se que a função dos enfermeiros torna-se desmotivadora. Os enfermeiros possuem muita responsabilidade no desenrolar de suas atividades diárias. As condições de trabalho são muitas vezes deficientes, e, além disso, não possui autonomia e poder de decisão compatíveis com as suas responsabilidades perante a organização (DIAS et.al, 2005, p.7).
No Brasil, infelizmente, a enfermagem é mal remunerada. Esse é um motivo que leva muitos profissionais a fazerem jornada dupla de trabalho. A categoria fica exposta em um maior tempo aos riscos existente na profissão. Isso aumenta ainda mais a insatisfação dos profissionais, que utilizam seus dias de folga para resolver problemas de ordem pessoal. Por falta de tempo, deixam de lado o lazer, a recreação, a família, o convívio com os filhos, e até seu próprio descanso (SCORSIN; SANTOS; NAKAMURA, 2006, s.p.).
O indivíduo tem ampla participação na avaliação dos fatores estressores. Fica dependente de mecanismos de enfrentamento (coping) para a adaptação individual com o menor prejuízo possível. A organização também é responsável, pois, as condições de trabalho foram os estressores mais apontados pelos enfermeiros de emergência (independentemente da região geográfica brasileira). Portanto as organizações hospitalares devem promover a obtenção de recursos materiais e humanos para a efetiva realização do trabalho do enfermeiro em emergência (CALIL; PARANHOS, 2007, p.124).
3.7. O ENFERMEIRO NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA
A estrutura física de um ambiente de trabalho em unidade de Emergência deve ser cuidadosamente avaliada. A vulnerabilidade deste local, deve ser interceptada por medidas de prevenção e segurança, pois é normal o acesso de pacientes com doenças desconhecidas. É difícil se fazer um isolamento adequado dessas patologias, sequer fornecer condições de tranqüilidade para a realização dos trabalhos (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).
A maioria da população ainda acredita que as unidades de emergência são os meios mais rápidos e alternativos de conseguir consultas, pois não há restrição de marcação de consultas. Além disso, exames laboratoriais e de imagem, assim como o diagnóstico podem ser obtidos em um mesmo dia sem grande tempo de espera (HARBS; RODRIGUES; QUADROS, 2008, p.42).
Essa postura da população ocasiona aumento da demanda de atendimentos, gerando filas intermináveis, morosidade no resultado de diagnósticos, ausência de especialistas, acarretando aumento da carga de trabalho aos profissionais de saúde, principalmente aos enfermeiros (HARBS; RODRIGUES; QUADROS, 2008, p.42).
A falta leitos, equipamentos e materiais, dificultam à equipe de enfermagem o atendimento de casos realmente emergenciais. Conseqüentemente, essa situação agrava a existência de estressores ao profissional de saúde, principalmente enfermeiros, pois prestam assistência aos pacientes em condições criticas alem de atender aqueles que poderiam ser assistidos nos níveis ambulatoriais, postos de saúde (HARBS; RODRIGUES; QUADROS, 2008, p.42).
O estado de saúde dos enfermeiros da unidade de emergência pode se comprometer, por decorrência do trabalho. O trabalho do enfermeiro de emergência requer um desgaste físico pelo seu constante deslocamento nos setores da unidade, tempo escasso para realizar tarefas em detrimento, muitas vezes, do tempo de alimentação e de descanso requeridos, afetando também psicologicamente o enfermeiro (CALIL; PARANHOS, 2007, p.124).
O trabalho do enfermeiro é considerado estressante, principalmente em uma unidade onde a instabilidade de condições clínicas dos pacientes e a imprevisibilidade da atuação do enfermeiro são pontos marcantes, como ocorre nas unidades de emergência (CALIL; PARANHOS, 2007, p.122).
Mesmo que esses processos tornem a vida do profissional de enfermagem comprometida, tanto fisicamente quanto psicologicamente, poderá tornar a qualidade do atendimento em unidade de emergência mais efetivo e dinâmico. As reações de estresse, desde os tempos primitivos do ser humano, são uma reação do organismo para tornar o homem apto a guerras, batalhas e medos. Assim, mesmo comprometendo a si próprio, poderá em algum momento, em que o estágio de evolução do estresse esteja em seu inicio, contribuir para o atendimento urgente nas unidades de emergência (CALIL; PARANHOS, 2007, p.124).
Ainda, no Brasil, verifica-se uma grande dificuldade na questão de saúde pública. Falta de reconhecimento pelo Estado aos profissionais de saúde, ocasiona desmotivação e frustração em seu desempenho profissional. Ainda observa-se desorganização na caracterização dos serviços de emergências e ambulatoriais. Sendo que a população solicita atendimento em unidades de emergência, a fim de tratar com agilidade sua doença, já que as unidades de saúde e atendimento são deficitárias (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).
Os fatores estressores mais identificados, em diferentes trabalhos de pesquisa realizados em trabalho de unidade de emergência são: carga de trabalho excessiva, falta de respaldo institucional e profissional, relacionamento interpessoal, necessidade de realização de tarefas com tempo reduzido e uso elevado de tecnologia (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).
O perfil do enfermeiro em unidade emergência é constatado por mulheres jovens, com menos de 40 anos de idade, exercendo atividades assistenciais e com até dez anos de formação. Muito comum o profissional de enfermagem, ao sair da academia, inserir-se no mercado de trabalho iniciando sua carreira em unidades de emergência. Em pesquisas realizadas, comprova-se que os fatores mais estressantes de suas atividades, são às condições de trabalho e relacionamento interpessoal entre as equipes de trabalho (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).
Pode-se considerar que a maior fonte de satisfação no trabalho do enfermeiro em unidade de emergência concentra-se no fato de que as suas intervenções auxiliam na manutenção da vida humana. Como principais estressores, podem-se determinar os seguintes itens: número reduzido de funcionários compondo a equipe de enfermagem; falta de respaldo institucional e profissional; carga de trabalho; necessidade de realização de tarefas em tempo reduzido; indefinição do papel do profissional; descontentamento com o trabalho; falta de experiência por parte dos supervisores; falta de comunicação e compreensão por parte da supervisão de serviço; relacionamento com familiares; ambiente físico da unidade; tecnologia de equipamentos; assistência ao paciente e relacionamento com familiares (BATISTA; BIANCHI, 2006, p.535).
3.8. ENFERMEIRO: LÍDER & GERENTE
Muitos profissionais ainda acreditam que a liderança é uma característica própria do indivíduo, ou seja, somente alguns indivíduos podem tornar-se líderes. Muitos já nascem líderes. Segundo Hunter (2006, p.24), essa idéia, já não tem sentido, como citado:
Se acreditar que a liderança é um conjunto de características com as quais se nasce ou deixa-se de nascer, então não precisa assumir a responsabilidade. Pode simplesmente culpar os ancestrais. Mas, se aceitar o fato de que a liderança pode ser desenvolvida, fica a pergunta: o que está fazendo para desenvolver ao máximo essa habilidade? (HUNTER, 2006, p.24)
Liderar significa conquistar as pessoas através de seu poder de inspirar corações, influenciar mentes e obter atitudes. Envolvê-las de forma que coloquem seu coração, mente, espírito, criatividade e excelência, se empenhando ao máximo a serviço de um objetivo em comum, sentindo-se motivado (HUNTER, 2006, p.20).
Essa é uma característica marcante e de grande utilidade para as organizações modernas, que convivem em um ambiente cheio de concorrentes, em um clima nem sempre favorável, assentado sobre dúvida da permanência da economia, da tecnologia, do mercado e da política (MUSSAK, 2008, s.p.).
Em ambientes inconstantes, líderes são fundamentais. Hoje em dia, muitas empresas esperam que seus gerentes sejam líderes, mas, quando um gestor vira líder, começa a falar sobre as causas; quando um líder vira gestor, ele representa a causa da empresa. Líderes sabem como motivar as pessoas; gestores sabem para onde e como canalizar a motivação e o esforço da produção. O poder do líder associado à competência do gerente forma a combinação ideal da liderança (MUSSAK, 2008, s.p.).
Os estilos de liderança representam a maneira pela qual o líder lidera os demais no grupo a partir de seu comportamento. O comportamento do líder repercute na dinâmica de interação com a equipe de trabalho. Existem três tipos básicos de liderança: a autocrática, a democrática e a liberal, como Knapik (2005, p.105) descreve a seguir:
(1) Liderança autocrática: a chefia tem uma atuação mais centralizadora e diretiva, exige obediência do grupo, decide “o quê” e “como” as tarefas devem ser executadas. Os grupos de trabalho podem apresentar sinais de tensão, frustração e descontentamento. Ênfase no líder (KNAPIK, 2005, p.105).
(2) Liderança democrática: a chefia procura ouvir as idéias, aceita sugestões e discussões com a equipe de trabalho, estimula e encoraja a participação do grupo. Os grupos de trabalho tendem a apresentar maior qualidade no seu trabalho e um clima de satisfação, comprometimento e maior integração grupal. Ênfase no líder e nos subordinados (KNAPIK, 2005, p.105).
(3) Liderança liberal: a chefia tem uma conotação de agente de informações, ou seja, estimula a iniciativa e a criatividade do grupo e exerce um mínimo de controle das atividades. Ênfase nos subordinados (KNAPIK, 2005, p.105)
É comum considerar a liderança democrática como a mais eficaz na gestão de equipes, porém, na realidade, a liderança ou chefia autocrática não significa ditadura ou satisfação pessoal às custas da equipe; que a liderança democrática não significa por tudo a votos e que a liderança liberal não significa ausência de liderança ou abandono do grupo (KNAPIK, 2005, p.106).
Existe também a liderança servidora. A liderança servidora é justamente o oposto de tudo isso. Hunter (2006, p.30) define a liderança servidora como a inversão da pirâmide organizacional, ou seja, invertê-la, de maneira que o líder sirva a sua equipe, valorizando-a, reconhecendo-a, motivando-a.
Muitas pessoas não acreditam na eficácia da liderança servidora. Consideram a liderança servidora como um estilo de liderança passivo. Existe extrema preocupação com a “pirâmide” e certo ar autocrático quando se trata de determinados aspectos da gestão da organização, como a missão, valores, padrões e responsabilidades (HUNTER, 2006, p.30).
Os novos tempos exigem dos profissionais modernos novas características como prioridade: competência interpessoal, flexibilidade, atitude experimental, capacidade de assumir riscos e facilidade para trabalhar sob pressão. E como requisito básico a competência técnica. (KNAPIK, 2005, p. 101).
O estilo autoritário e centralizador caracterizam um “bom gerente”. Porém, muitos indivíduos erram ao acreditarem que um gerente eficiente deve ter todas as respostas, resolver todos os problemas, e, acima de tudo, manter o controle. Quando recebem algum treinamento de liderança, mantém como foco o lado operacional, que tem como objetivo capacitá-los a administrar e não a liderar e fazer com que inspirem os outros à ação. As habilidades técnicas orientadas a muitos gerentes os o levaram a ocuparem posições de liderança, porém, não são as melhores ferramentas que inspiram os outros a fazerem um bom trabalho. (HUNTER, 2006, p.19)
Planejamento, orçamento, organização, solução de problemas, controle, manutenção da ordem, desenvolvimento de estratégias e várias outras coisas – gerência é o que fazemos, liderança é quem somos (HUNTER, 2006, p.19).
O enfermeiro deve desempenhar seu papel de gerenciador com uma visão da gerência voltada às transformações, procurar inovar, ter como eixo norteador a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem e como líder buscar estratégias que possibilitem maior satisfação para a equipe de enfermagem no seu dia a dia de trabalho. A liderança é peça-chave na implementação de mudanças requeridas na forma atual de gerenciar do enfermeiro (GALVÃO; TREVIZAN; SAWADA, 1998, p.303).
O Serviço de Enfermagem pode ser nomeado de várias maneiras (Diretoria de Enfermagem, Departamento de Enfermagem, Divisão de Enfermagem, Coordenação de Enfermagem, Chefia de Enfermagem, etc.), de acordo com a instituição hospitalar em que está inserido. Este é o serviço centralizador das questões relativas à profissão, ligado diretamente à assistência prestada aos clientes e às condições de trabalho da equipe (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
Segundo Spagnol; Fernandes (2004, p.161), a estrutura hierárquica organizacional do Serviço de Enfermagem nos hospitais é composta pelos seguintes cargos profissionais: chefe do serviço, assistente da chefia, supervisores, enfermeiros chefes de unidades, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e secretárias, podendo variar os cargos, conforme a instituição, como pode ser observar na pirâmide abaixo.
Figura 5.
Estrutura Hierárquica Organizacional do Serviço de Enfermagem
Antigo paradigma
Cliente
Segundo Fernandes; Spagnol (2004, p.160), “a configuração clássica apresentada pela maioria dos hospitais causa dificuldades gerenciais e de liderança nestas instituições, tais como: concentração de poder, falha na comunicação e demora em se obter respostas aos problemas emergenciais.”
Muitas vezes esta configuração clássica impossibilita a organização de atingir metas e objetivos. A forma encontrada principalmente nos grandes hospitais demonstra que as estruturas organizacionais verticalizadas e centralizadas são as que configuram o serviço de enfermagem. Historicamente a enfermagem tem adotado princípios da escola científica e clássica da administração para gerenciar o seu trabalho (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
A posição de Responsável técnica (RT) é ocupada geralmente pela chefia no serviço de enfermagem, responsável pelas ações de enfermagem desenvolvidas em todo hospital, respondendo legalmente perante o Conselho Regional de Enfermagem (COREn) por todas as atividades técnicas e administrativas (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
Por carregar consigo esta responsabilidade, na maioria dos hospitais, a estrutura organizacional da enfermagem configura uma estrutura rígida com centralização do poder decisório, dificultando sobremaneira a operacionalização da resolução dos problemas ocorridos nos setores de trabalho, uma vez que estes são passados por todos os níveis de chefia até chegar à chefia geral do serviço (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
O modelo de liderança mais comum na estrutura organizacional da enfermagem é o modelo rígido, autocrático, diretivo e centralizador. Porém, este modelo de liderança impede a visão de novas perspectivas e a contribuições à melhoria da assistência de enfermagem e do trabalho em equipe (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
As estruturas administrativas da enfermagem de modo geral, em vários hospitais ainda apresentam concepções rígidas de poder decisório e autoridade, impondo-se de forma distanciada e isolada da base operacional, apresentando um fluxo de comunicação truncado, não permitindo que os atores institucionais entrem em sintonia com os seus parceiros e com os próprios problemas do seu local de trabalho. Com esta estrutura rígida e centralizadora, a maioria das decisões opõe-se a realidade, visto que as pessoas detentoras do poder decisório estão situadas no ápice da pirâmide hierárquica, distante do contato com os trabalhadores e com as situações vivenciadas nos setores (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
A estrutura organizacional clássica (velho paradigma) ainda é encontrada nas instituições hospitalares e reproduzida pela enfermagem. Produz efeitos negativos que prejudicam a agilidade e a operacionalização dos processos de trabalho. Isso faz com que os hospitais tenham dificuldades para responderem prontamente aos problemas do cotidiano, às necessidades dos clientes e dos trabalhadores, interferindo na qualidade dos serviços prestados (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.160).
Conviver com os outros no ambiente de trabalho não é uma tarefa fácil. Porém ao transformar essa dificuldade em uma oportunidade de contato interpessoal e aprendizado, o líder promove o crescimento e amadurecimento emocional de sua equipe. Há comunicação, aproximação, afastamento, sentimentos de aversão, carinho, medo, ameaças, de segurança, etc. Existem infinitas reações e sentimentos que rodeiam a infinitas mentes humanas. Essas reações, conscientes ou inconscientes, são fundamentais no processo da interação humana (KNAPIK, 2005, p. 102).
O mercado de trabalho hoje em dia requer além do conhecimento técnico-científico e administrativo do enfermeiro o conhecimento e a aplicação das habilidades de liderança, e alguns profissionais estão começando a ficar atentos a essa nova demanda (HILGA; TREVIZAN, 2005, p.60).
Visando a promoção de equipes de alto desempenho, exigem-se dos profissionais inseridos no mercado de trabalho: flexibilidade e maturidade emocional nos relacionamentos interpessoais. Porque ameniza os conflitos e proporciona condições de trabalho com um clima favorável para o desenvolvimento e a motivação de talentos humanos nas organizações (KNAPIK, 2005, p. 103).
Estabelecer metas e objetivos comuns dentro da equipe de trabalho, existir uma programação definida, que especifique as atividades de cada um dos elementos da equipe e, por último, avaliar periodicamente o trabalho realizado em conjunto são objetivos essenciais no trabalho em equipe. Agrupando e coordenando, reconhecendo e motivando os esforços dos diferentes profissionais que formam uma equipe de trabalho é fundamental ao cumprimento do papel de líder-gestor (LÓPEZ; CRUZ, 2002, p.9).
A liderança servidora solucionaria muitos dos problemas encontrados pelos líderes e gerentes de enfermagem, os quais poderiam ser questionados à classe operacional (técnicos e auxiliares de enfermagem), contribuindo com as metas e o trabalho da equipe como um todo, como mostra a figura:
Figura 6.
Estrutura Hierárquica Organizacional do Serviço de Enfermagem
Novo paradigma
Cliente
As relações interpessoais e o clima psicológico do grupo contribuem diretamente com o ambiente de trabalho, proporcionando um ambiente agradável e estimulante, desagradável e inibidor que pode estimular ou neutralizar idéias criativas e muitas vezes inovadoras. Os gestores do ambiente de trabalho e a equipe de trabalho precisam dessas competências interpessoais (reforçada na idéia da liderança servidora) para conquistar a sinergia de esforços na busca do sucesso dos resultados da organização (KNAPIK, 2005, p. 103).
Quando nos “alistamos” para ser o líder, nos dispomos a assumir uma tremenda responsabilidade. Afinal, seres humanos são confiados aos nossos cuidados e há muita coisa em jogo (HUNTER, 2006, p.23).
Investir e motivar a formação do enfermeiro líder possibilitará que este profissional seja um agente de mudanças, motivando, criando inovações com o propósito de melhorar a organização, a equipe de enfermagem e principalmente a assistência prestada ao cliente/ paciente obtendo resultados satisfatórios e contribuindo com a auto-realização da equipe como um todo. É necessário que haja amplitude e foco na temática liderança (GALVÃO; TREVIZAN; SAWADA, 1998, p.306).
Para ser um líder, motivar e influenciar as pessoas não é preciso ter um cargo de chefia ou ser hierarquicamente importante. A palavra liderança é definida pela capacidade do líder influenciar os outros os atraindo para os mesmos objetivos, filosofias, valores. As equipes comandadas por ditadores ou autocratas não são realmente eficazes. Cada membro da equipe tem seu papel na mesma: a responsabilidade pessoal pelo sucesso da equipe. Todos os integrantes da equipe deixam sua marca, mas vale ressaltar o tipo de marca que cada integrante quer deixar (HUNTER, 2006, p.21).
Para Hunter (2006, p.28), a liderança tem relação direta com o caráter do líder. O líder sempre influencia sua equipe. Seja de maneira positiva ou negativa. Uma forma saber como o líder influencia é observar se as pessoas trabalham de forma mais ou menos produtiva porque simplesmente o chefe estava lá. Por isso Hunter questiona:
Liderança é uma questão de caráter: por exemplo: serei paciente ou impaciente? Gentil ou indelicado? Pretensioso, orgulhoso, arrogante ou humilde? Respeitoso ou desrespeitoso? Altruísta ou egoísta? Indulgente ou implacável? Honesto ou desonesto? Empenhado ou apenas envolvido? (HUNTER, 2006, p.28).
Estudos afirmam que o serviço de enfermagem tem a missão de desenvolver líderes. Lideres estes que possibilitem um elo de comunicação entre os clientes e a organização. Nos requisitos básicos para atuação dos enfermeiros, evidencia que eles precisam ter capacidade de liderança e saber trabalhar em equipe. Nessa perspectiva, a liderança deve estar pautada nos valores pessoais, de maneira que contribua para a transformação do enfermeiro, em busca de auto-realização (HILGA; TREVIZAN, 2005, p.60).
As pesquisas realizadas sobre a liderança na enfermagem ainda estão em crescente desenvolvimento. Porém já existe um novo conceito do enfermeiro como líder. Na enfermagem, são necessários líderes que estejam motivados, com espírito criativo para vivenciar, experimentar, compreender e praticar as habilidades de liderança (HILGA; TREVIZAN, 2005, p.60).
A comunicação é peça-chave para o sucesso da liderança exercida pelo enfermeiro, pois permite a este profissional visualizar melhor desempenho e motivação de sua equipe, através de interrelações com o cliente, com a equipe de enfermagem, com a instituição, a equipe médica, buscando a melhoria da qualidade da assistência prestada (GALVÃO; TREVIZAN; SAWADA, 1998, p.305).
4. METODOLOGIA DA PESQUISA
Este trabalho configura um estudo de caso do tipo experimental.
Segundo Gonçalves (2008, p.3), os estudos de caso utilizam várias fontes como meio de obtenção de informações, representando diferentes pontos de vista presentes em uma situação social. O pesquisador pode recorrer a uma diversidade de dados, coletados em diferentes momentos e situações e com diversos tipos de informantes. Assim, percebe-se a realidade sob diferentes ângulos e pontos de vista, havendo mais de um que seja verdadeiro e então o pesquisador traz essas diferentes visões e opiniões referentes à situação e posiciona-se diante dela, reforçando a seguir:
Os estudos de caso enfatizam a interpretação contextual: para melhor compreender a manifestação geral de um problema, deve-se relacionar as ações, os comportamentos e as interações das pessoas envolvidas com a problemática da situação a que estão ligadas (GONÇALVES, 2008, p.3).
Os estudos de caso devem ter uma boa fundamentação teórica, pois através da teoria orienta-se a investigação. A teoria deve servir como suporte à formulação das respectivas questões e instrumentos de recolhimento de dados e guia na análise dos resultados (GONÇALVES, 2008, p.4).
Para Gonçalves (2008, p.4) “O estudo de caso permite responder a questões como: Que coisas observar? Que dados colher? Que perguntas fazer? Que tipos de categorias construir?”
Na pesquisa experimental, como a própria palavra experimental significa, há o experimento de campo, ou seja, ocorre a manipulação das variáveis no próprio local onde a mesma está sendo observada (MARTINS, 2004, p.86)
4.1. CAMPO E SUJEITOS DA PESQUISA
Este estudo foi desenvolvido em um Pronto – Socorro de uma cidade do interior do estado do Paraná, instituição esta destinada ao atendimento de urgência e emergência prestado pela equipe. A pesquisa foi feita com sete sujeitos, possuindo como critério de inclusão na pesquisa a participação voluntária e a formação profissional de nível superior em enfermagem. Cada enfermeiro respondeu as questões em um prazo de 15 a 30 minutos. As condições de humor e aceitação dos entrevistados variou de indivíduo a indivíduo. Sete sujeitos aceitaram, outros três recusaram.
4.2. COLETA DE DADOS
Para atingir os objetivos propostos por este trabalho, foi utilizado como instrumento de coleta de dados O Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL) e três questões fechadas de múltiplas escolhas referentes ao reconhecimento de estressores envolvidos na atuação profissional do enfermeiro. A coleta foi feita entre a segunda quinzena do mês de abril e a primeira quinzena do mês de maio, respeitando o sigilo e anonimato dos pesquisados através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, obedecendo a Resolução 196/96.
4.3. ANÁLISE DOS DADOS
Após o término da coleta dos dados, realizou-se então a leitura dos mesmos para facilitar a compreensão das informações obtidas; analisadas a partir das respostas adquiridas, transformadas em informações significativas.
4.4. ASPECTO ÉTICO
Nesta investigação foi solicitada a participação dos Enfermeiros de forma voluntária, por meio de entrevistas semi-estruturadas. Foi assegurado aos participantes o anonimato, e para isso utilizamos uma seqüência numérico-romana, ou seja, foram identificados de I a VII na apresentação dos dados. Todas as informações e esclarecimentos a respeito desta, foram prestados aos sujeitos. Após devidamente esclarecidos os sujeitos receberam o termo de consentimento, deixando claro ainda que, estes não teriam nenhum tipo de ganho financeiro, poderiam a qualquer momento interromper a sua participação conforme a Resolução 196/96 (Brasil, 1996).
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Este capítulo abordará algumas características dos sujeitos da pesquisa e a análise dos dados a partir da apresentação e discussão das categorias encontradas, surgidas a partir das respostas.
5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS:
Foram entrevistados sete enfermeiros. Os dados referentes à caracterização dos sujeitos demonstram que a maioria é do sexo feminino totalizando quatro, com três participações masculinas. Em relação à idade, uma se encontrou na faixa etária entre 20 e 30 anos, uma pessoa entre 31 e 40 anos, finalizando com cinco participantes na faixa etária dos 41 aos 50 anos.
5.2. DESCRIÇÃO DAS CATEGORIAS
5.2.1. CATEGORIA 1 - PERCEPÇÃO PESSOAL SOBRE OS MEIOS DE ENFRENTAMENTO DO ESTRESSE (COPING) PARA MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA – MOTIVAÇÃO
Essa categoria foi construída a partir da questão: quais os recursos que utiliza para enfrentar, ou reduzir o estresse do seu cotidiano do ambiente hospitalar?
A partir do questionário com perguntas fechadas de múltipla escolha, com possibilidade ilimitada de respostas, teve os seguintes resultados: cinco citações do lazer como meio de enfrentamento para o estresse; três citações de atividades físicas e alimentação equilibrada; duas citações da música como terapia; uma citação da utilização de medicamentos controlados e uma citação da realização da massoterapia. Havia ainda as seguintes alternativas que não foram escolhidas: acupuntura e fitoterapia.
Figura 6.
As estratégias que o indivíduo utiliza para lidar com eventos estressantes são exemplos de Coping. Coping refere-se às maneiras como se tenta mudar as circunstancias ou a interpretação destas para torná-las mais favoráveis e menos ameaçadoras (HOCKENBURY, 2003, p. 463).
Coping é um processo dinâmico e contínuo. O indivíduo pode mudar as suas estratégias de coping à medida que avalia as variáveis das demandas de uma situação estressante e seus esforços mudam a situação estressante para melhor ou pior, e ajusta suas estratégias de coping, de forma adequada (HOCKENBURY, 2003, p.463).
De acordo com a maioria dos entrevistados, a melhor forma de enfrentar o estresse ocasionado no ambiente hospitalar é através do lazer. O lazer é a melhor forma de reduzir o estresse, renovar as energias, esquecer das dificuldades do trabalho, estar perto das pessoas que ama, família, amigos, ter momentos de alegria, prazer, satisfação, sentir-se motivado, e então suprido de suas necessidades fisiológicas, de segurança e sociais (segundo a Pirâmide das necessidades de Maslow, op cit.SAMPA).
A atividade física juntamente à alimentação equilibrada também proporcionam redução do estresse e melhor qualidade de vida. Ambos se enquadram nas necessidades fisiológicas (Pirâmide das necessidades de Maslow, SAMPA, s.p.).
Existem inúmeros estudos científicos que mostram que a atividade física é uma das melhores formas de combate ao estresse. Ela libera serotonina e endorfinas no cérebro que reduzem o estresse e a ansiedade. Reforça os ossos, aumenta a massa muscular e melhora o sistema imunológico. Proporciona sensações de prazer, autocontrole. Quando praticado regularmente pode mesmo ajudar a controlar dependências (CARRETEIRO, 2003, s.p.).
Nenhum dos entrevistados citou como forma de enfrentamento do estresse e da ansiedade o consumo excessivo do tabaco, cafeína e álcool. (MYERS, 1999, p.367)
5.3.2. CATEGORIA 2 – IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA QUALIDADE DE VIDA
Essa categoria foi formulada através da seguinte questão: como o trabalho influencia sua qualidade de vida?
Após analisada a questão da definição de qualidade de vida, ficou claro que os entrevistados tiveram uma boa percepção sobre seu significado e também a estreita ligação entre saúde, família e trabalho. Esclareceu-se a diversidade de fatores ligados ao trabalho que interferem na qualidade de vida, que são expressos através de sentimentos como a satisfação e a motivação.
Para os entrevistados, o emprego é significativo e imprescindível na concepção do conceito de qualidade de vida, pois é o que possibilita a aquisição de bens materiais e realização de desejos, objetivos e metas, conforme as declarações:
“O trabalho possibilita ter condições financeiras, de convívio familiar, social, uma renda que proporciona condições de saúde à minha família e uma boa educação aos meus filhos (enfermeiro II).”
“[...] viver com dignidade, ser tratado com respeito, ter direitos de cidadão, moradia, educação e saúde (enfermeiro IV).”
“No trabalho, você espera ter reconhecimento, salário condizente ao cargo ocupado, bom relacionamento com os colegas e ser tratado com dignidade (enfermeiro VI).”
“Procuro não levar os problemas do trabalho para casa e vice-versa. Mas confesso, que, nem sempre consigo separar minha vida pessoal da minha vida profissional (enfermeiro VII).”
Sendo assim, por meio de sua remuneração, o indivíduo consegue usufruir de recursos que proporcionam a qualidade de vida desejada, como a aquisição de moradia (casa própria), planos de saúde, educação, formação profissional, etc.
O ambiente de trabalho é importante na qualidade de vida do indivíduo. Do mesmo modo que o ambiente de trabalho pode fazer com que o indivíduo se sinta bem, o mesmo faz com que se sinta desmotivado, caso o ambiente possua um clima desfavorável e o resultado esperado não sejam tão satisfatórios quanto desejados (MAITLAND, 2004, p.13).
Portanto, o emprego está diretamente relacionado às necessidades primárias (direito à educação, saúde, moradia) e às secundárias (motivação, qualificação, metas, trabalho em equipe, liderança, reconhecimento, satisfação). Quando satisfeitas as necessidades primárias, o objetivo passa a ser atingir as necessidades secundárias.
5.3.3. CATEGORIA 3 – ESTRESSE OCUPACIONAL
Essa categoria foi formulada através da questão norteadora: quais os fatores causadores do estresse na unidade de emergência?
Os fatores que o enfermeiro considera como causadores do estresse na unidade de emergência dificultam seu desempenho em sua assistência e coordenação.
Através do questionário, foram identificados os fatores estressores na seguinte ordem: (1º) equipe de enfermagem; (2º) espaço físico; (3º) falta de equipamentos; (4º) estilo de supervisão; (5º) pressão no trabalho; (6º) salário não-condizente; (7º) exposição a constantes riscos; (8º) tomada de decisões de conflitos pessoais; (9º) falta de autonomia; (10º) carga horária exaustiva; (11º) conflito entre trabalho e família.
A maioria dos entrevistados não encontra soluções para os fatores que dificultam seu desempenho profissional, ficando com acúmulo de tarefas e funções, levando-os ao desgaste físico e emocional.
Figura 7.
Causas do estresse ocupacional por ordem de preferência
“Se pudesse mudar algo em meu trabalho, mudaria minha equipe, pois considero esta como a maior dificuldade (enfermeiro II).”
“Os plantões com carga horária exaustiva, a sobrecarga de trabalho e funções, falta de equipamentos, um enfermeiro para a resolução de várias situações e soluções ao mesmo tempo, o desrespeito e impaciência dos pacientes e familiares e o salário insatisfatório (enfermeiro VII).”
“Poucos profissionais atuando, troca de profissionais, desinteresse de muitos colegas pela profissão, muitos pacientes para um enfermeiro, falta de autonomia na tomada de algumas decisões e conflitos entre enfermeiros e técnicos de enfermagem (enfermeiro IV).”
Pelo relato dos entrevistados, percebe-se a liderança como maior dificuldade no trabalho de enfermagem. De acordo com Maitland (2004) um bom líder é alguém que motiva e coordena sua equipe aplicando de forma eficaz suas habilidades individuais e grupais, seus conhecimentos e suas experiências de modo a alcançar as metas. É preciso que se saiba exatamente aonde quer chegar, como chegar e quando quer chegar. Também é primordial que todas essas metas sejam consistentes e se complementem, que todas estejam seguindo na mesma direção.
Para os entrevistados, o trabalho em equipe é o fator mais estressante. Muitas vezes o enfermeiro precisa de auxílio para a realização do seu trabalho, nem sempre possível, assim afetando seu desempenho profissional.
Os conflitos gerados no decorrer do trabalho, a insatisfação do profissional, influenciam sua auto-estima, tornando impaciente e irritado, conseqüentemente estressado, como relatado:
“Estresse, esforço físico, esgotamento mental, impaciência, irritabilidade, dificuldade de se relacionar com a equipe, leva-nos muitas vezes a uma postura de total desumanização hospitalar (enfermeiro III).”
Os entrevistados descrevem a assistência da enfermagem na unidade de emergência, como uma atividade desgastante e estressante, pois envolve o convívio diário com o sofrimento alheio, exigindo constante aperfeiçoamento técnico e habilidades manuais, principalmente durante as situações de urgência e emergência, exigindo rápidas tomadas de decisões.
A unidade de emergência exige total controle racional, técnico e emocional do enfermeiro, o qual permanece em alerta para as situações imprevisíveis, nas quais são necessários recursos físicos e materiais, muitas vezes indisponíveis, prejudicando então a assistência, como demonstrado no relato a seguir:
“Acredito que nós como Enfermeiros, não somos heróis, mas somos GUERREIROS! Porque todo dia é uma batalha que temos que estar preparados a enfrentar. Poucos profissionais atuando, sobrecarga de pacientes, número de macas insuficientes, pacientes irritados, salário incompatível, o que nos leva muitas vezes a exercer mais de um emprego (enfermeiro III).”
Portanto, o estresse é uma reação que o indivíduo apresenta ao viver uma situação que não consegue se adaptar, as quais, muitas vezes exigem uma rápida resposta, o que provoca manifestações de ordem emocional, social e psicológica.
5.3.4. CATEGORIA 4 - A DESMOTIVAÇÃO COM FATOR DE DESVALORIZAÇÃO DO ENFERMEIRO NO AMBIENTE HOSPITALAR – DESMOTIVAÇÃO
Essa tem como base o questionamento: quais os fatores desmotivadores?
A análise das respostas revela que ocorre a desvalorização do enfermeiro pela sociedade e muitas vezes pelo próprio profissional já desmotivado.
Quando o enfermeiro não está bem emocionalmente, insatisfeito com sua função e ambiente de trabalho, acaba por interferir em sua produtividade, como relatado:
“Escolhi exercer a enfermagem, porque já atuava como auxiliar de enfermagem. Não sinto paixão pela profissão. Só estou trabalhando como enfermeiro porque tenho um salário melhor (enfermeiro II).”
“Gostaria de sair do ambiente de emergência. Preferia quando trabalhava em Unidade de Saúde. Era menos estressante e podíamos prestar melhores assistências e orientações. (enfermeiro IV).”
Esses relatos mostram que os enfermeiros trabalham sobrecarregados, e por se tratar de unidade de emergência, fica impossível o acompanhamento contínuo aos pacientes, na assistência e evolução de enfermagem. O reconhecimento profissional não é satisfatório em termos financeiros.
O acúmulo de funções em seu dia a dia, não permite que o enfermeiro solucione os problemas devido à falta de autonomia, enfrentando muitas vezes o desrespeito e a falta de ética no seu local de trabalho, passando por momentos estressantes no cotidiano do ambiente hospitalar.
Através destes dados, percebe-se que o enfermeiro realiza sua função de forma competente e comprometida, mesmo com falta de recursos, e desmotivados até pela ausência de reconhecimento pelos pacientes, com dificuldades de trabalho em equipe.
5.3.5. CATEGORIA 5 – ANÁLISE DOS SINTOMAS APONTADOS COMO INDICADORES DE ESTRESSE PELOS ENTREVISTADOS.
O Inventário dos Sintomas do Stress de Lipp (ISSL) apresenta um modelo quadrifásico do estresse. Pode ser aplicado por pessoas que não tenham treinamento em Psicologia, mas a análise deve ser sempre realizada por um psicólogo, em cumprimento às diretrizes do Conselho Federal de Psicologia (LIPP, 2005).
Nesse estudo, a análise foi realizada em conjunto com o professor orientador da pesquisa, cuja formação básica é em Psicologia.
A partir das respostas coletadas e da observação em campo foi realizada a avaliação do estresse do enfermeiro através do Inventário dos Sinais e Sintomas de Lipp (ISSL) (LIPP; GUEVARA, 1994), o qual é baseado na Teoria de Hans Selye, sob o nome de Síndrome Geral da adaptação, porém, de forma quadrifásica: (1) Fase de alarme, (2) Fase de resistência, (3) Fase de quase-exaustão (esgotamento), (4) Fase de exaustão (esgotamento).
O que permite identificar em que fase o enfermeiro se encontra são os sintomas identificados pelo mesmo:
(1) Fase de alarme: mãos e/ou pés frios, boca seca, nó no estômago, aumento de sudorese, tensão muscular, aperto na mandíbula/ ranger os dentes, diarréia passageira, insônia, roer as unhas/ponta da caneta, taquicardia, respiração ofegante, hipertensão súbita e passageira, mudança de apetite, aumento súbito de motivação, entusiasmo súbito, vontade súbita de iniciar novos projetos (LIPP; GUEVARA, 1994).
(2) Fase de resistência: problemas com a memória, mal estar generalizado, formigamento das extremidades, sensação de desgaste físico constante, mudança de apetite, aparecimento de problemas dermatológicos, hipertensão arterial, cansaço constante, gastrite prolongada, tontura, sensibilidade emotiva excessiva, dúvida quanto a si próprio, obsessão com o agente estressor, irritabilidade excessiva, desejo sexual (libido) diminuído (LIPP; GUEVARA, 1994).
(3) Fase de esgotamento: diarréias freqüentes, dificuldades sexuais, formigamentos nas extremidades, insônia, tiques nervosos, hipertensão arterial confirmada, problemas dermatológicos prolongados, mudança extrema de apetite, taquicardia, tontura freqüente, úlcera, impossibilidade de trabalhar, pesadelos, apatia, cansaço excessivo, irritabilidade, angustia, hipersensibilidade emotiva, perda do senso de humor, náuseas, excesso de gases, (LIPP; GUEVARA, 1994).
Se o enfermeiro entrevistado teve:
- Sete ou mais sintomas físicos ou psicológicos da FASE I nas últimas 24 horas: encontra-se em fase de ALERTA (AMPESSAN; OLIVEIRA, 2008, p.12; COSTA et.al, 2007, p.218).
- Quatro sintomas físicos ou psicológicos da FASE II na última semana: encontra-se em fase de RESISTÊNCIA. (AMPESSAN; OLIVEIRA, 2008, p.12; COSTA et.al, 2007, p.218).
- Nove ou mais dos itens da FASE III: encontra-se em fase de ESGOTAMENTO. (AMPESSAN; OLIVEIRA, 2008, p.12; COSTA et.al, 2007, p.218).
- A fase de QUASE-EXAUSTÃO é diagnosticada quando assinalados mais de quatro sintomas físicos e psicológicos na FASE II (COSTA et.al, 2007, p.218).
Como resultados tiveram os seguintes dados: dos sete enfermeiros entrevistados, dois encontram-se em Fase de Alarme, um se encontra em Fase de Resistência e quatro deles encontra-se em Fase de Quase Exaustão, como demonstrado a seguir:
Figura 8.
Dos sete enfermeiros entrevistados, quatro pertencem ao grupo feminino e três pertencem ao grupo masculino. Para melhor compreensão, o grupo feminino está representado como G1 e o grupo masculino está representado como G2.
Figura 9.
No grupo feminino (G1), percebe-se que duas integrantes encontram-se em fase de alerta, uma integrante encontra-se em fase de resistência e outra integrante encontra-se em fase de exaustão.
Figura 10.
No grupo masculino (G2), percebe-se que os três integrantes encontram-se em fase de Quase Exaustão.
Os sintomas encontrados com maior freqüência entre os enfermeiros entrevistados foram: (1º) angústia, (2º) tensão e dor muscular, (3º) boca seca, (4º) irritabilidade, (5º) pesadelos (6º) problemas dermatológicos (7º) entusiasmo súbito (8º) cansaço constante (9º) insônia (10º) sensibilidade (11º) mudança de apetite (12º) alergias (13º) dores de cabeça (14º) agitação (15º) aperto da mandíbula/ ranger os dentes (16º) formigamento nas extremidades (17º) dor no estomago (18º) gastrite prolongada (19º) Sensação de desgaste físico constante (20º) Hipertensão arterial (21º) mãos e pés frios (22º) mal estar generalizado.
Figura 11.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, pode-se refletir como o enfermeiro vivencia o estresse na unidade de emergência; quais os fatores desencadeantes do estresse do enfermeiro na unidade de emergência, quais as situações que evidenciam o estresse e que forma ele procura amenizá-lo. Deu-se importância ao significado que as palavras estresse, saúde mental e qualidade de vida representam para os enfermeiros, tendo como propósito avaliar o estresse deste profissional no ambiente de emergência. Destacou-se a Pirâmide das necessidades de Maslow (Teoria da motivação), reforçando a idéia de que é preciso que o enfermeiro cuide primeiramente das suas necessidades para posteriormente cuidar das necessidades do paciente e obter uma assistência e um trabalho satisfatório.
Relacionando a teoria de Maslow com as necessidades dos enfermeiros dentro do ambiente de trabalho, conclui-se que as necessidades fisiológicas seriam ligadas ao salário, as necessidades de segurança estariam ligadas a segurança no trabalho , auxílio-doença, períodos de folga suficientes, carga horária satisfatória, segurança física e psicológica. As necessidades sociais estariam vinculadas à participação de todos da equipe, em um clima de amizade e companheirismo entre os auxiliares/ técnicos de enfermagem e os enfermeiros. As necessidades de auto-estima estariam relacionadas ao reconhecimento e elogio por parte dos superiores hierárquicos e dos membros da sua equipe (auxiliares e técnicos de enfermagem). As necessidades de auto-realização podem ser atingidas pelo enfermeiro quando realiza trabalhos satisfatórios e gratificantes na unidade de emergência e então é reconhecido e motivado.
Para a avaliação do estresse do enfermeiro na unidade de emergência foi utilizado o Inventário dos Sintomas do Stress de Lipp (ISSL), que é baseado na Teoria de Hans Selye. Em função disso, pode-se afirmar que o principal objetivo deste trabalho foi atingido, pois todos os sujeitos da pesquisa foram submetidos à tentativa da análise do estresse e na sua maioria encontram-se em Fase de Quase Exaustão emocional.
Os enfermeiros entrevistados demonstraram que o estresse está presente diariamente na unidade de emergência, que é caracterizada por situações estressantes, que exigem alto preparo psicológico, total controle racional, técnico e emocional do enfermeiro, que permanece em alerta para as situações imprevisíveis, nas quais são necessários recursos físicos, materiais e número de funcionários suficientes, muitas vezes reduzidos ou indisponíveis, prejudicando então a assistência.
Na unidade de emergência há insatisfação da qualidade da assistência prestada. O enfermeiro sempre busca melhorias na assistência, tentando melhorar seu atendimento para que o paciente não seja prejudicado, pela falta de recursos que poderiam contribuir para sua melhoria de forma mais rápida.
O enfermeiro na unidade de emergência sente-se desvalorizado porque muitas vezes não atua na tomada de decisões da unidade, seu trabalho é sobrecarregado com acúmulo de funções, gerando desgaste físico e emocional causado pelos conflitos operacionais, pelas atividades exercidas com poucos recursos físicos, e número reduzido de profissionais somado ao salário não condizente.
Porém, o fator considerado pela maioria dos enfermeiros entrevistados como mais estressante é o trabalho em equipe, ou seja, apesar das dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na unidade de emergência, o que torna seu ambiente de trabalho mais estressante é a dificuldade do relacionamento com sua equipe.
Durante a assistência da enfermagem ocorrem conflitos que, muitas vezes não são resolvidos. O enfermeiro precisa do auxílio dos técnicos e auxiliares de enfermagem, que, muitas vezes não colaboram, ou, se colaboram, não são reconhecidos pelo enfermeiro.
A visão Nightingaliana da liderança na enfermagem é autocrática e centralizadora, e não permite que haja um bom relacionamento do enfermeiro com a sua equipe. Porém, esse modelo de liderança já não é adequado à realidade atual. Hoje em dia, o trabalho em equipe é visto como forma de auxílio, envolvendo parcerias, crescimento profissional e exploração da motivação humana.
O relacionamento entre o enfermeiro e a sua equipe precisa que haja confiança entre ambos, o que muitas vezes não ocorre, dificultando o trabalho em equipe e conseqüentemente a assistência, resultando na insatisfação do enfermeiro com a sua equipe e do paciente com a assistência.
A valorização do enfermeiro e da profissão de enfermagem contribui diretamente na qualidade da assistência, entra nas necessidades de auto-realização do profissional. Porém, de acordo com a pesquisa realizada, constatou-se que o enfermeiro se considera muito desvalorizado, pois suas condições de trabalho são desfavoráveis e isso o desmotiva de tal maneira que, aparentemente, ele mesmo acaba desvalorizando sua profissão.
Os problemas apontados pelos enfermeiros entrevistados mostram o difícil acesso a novos conceitos dentro da unidade de emergência, pois, a melhoria não depende só do enfermeiro e sua equipe, mas também de superiores competentes, para mudança da política da instituição, buscando a melhoria no atendimento e solucionando os problemas apontados. Isso o desmotiva na busca de soluções que contribuiriam no processo da assistência e também com sua autonomia.
A importância da saúde mental do enfermeiro dentro da equipe e na assistência prestada foi avaliada a partir do entendimento do estresse ocupacional justaposto à Síndrome de Burnout. O trabalho do enfermeiro é estressante e cabe como peça-chave o reconhecimento dessa realidade. O enfermeiro deve procurar reconhecer quais são os fatores estressores e como reagir a eles.
Ao questionar sobre a existência de algum espaço ou atividade que proporcione redução do estresse no trabalho oferecido pela instituição, percebe-se que há poucas atividades, reuniões ou palestras que promovam momentos de interação da equipe, motivação, saúde física e mental, colaborando com a satisfação e rendimento do profissional, reforçando a idéia do melhor rendimento através do trabalho em equipe, reconhecendo a importância de cada um dos integrantes da equipe, havendo momentos de interação, evitando assim o esgotamento.
Para que o enfermeiro consiga responder a todos os desafios e dificuldades decorrentes do exercício de suas funções, seria interessante se ele tivesse uma visão da liderança servidora, pois há necessidade de uma relação mais humanizada no trabalho, oferecendo maiores possibilidades de valorização e desenvolvimento pessoal, treinamentos, palestras, havendo reconhecimento do enfermeiro com a sua equipe e vice-versa.
Essa pesquisa é de caráter temporário, pois as condições de trabalho e as pessoas que participaram vivem num ambiente dinâmico que pode mudar as condições de existência. Diante disso, percebe-se a importância de valorizar, investir e melhorar a qualidade das condições de trabalho do enfermeiro, pois há um desequilíbrio entre os investimentos tecnológicos e humanos, e o desempenho do profissional fica comprometido pela insatisfação e desmotivação que reflete na sua produtividade, afetando diretamente a sua assistência, sua motivação, sua satisfação e sua qualidade de vida.
A continuidade desta pesquisa pode estar justamente na questão do reconhecimento do líder enfermeiro pela equipe e do manejo da liderança como formas profiláticas da instalação do estresse no ambiente hospitalar. Seja como pesquisa de pós-graduação lato-sensu ou strictu-sensu, as intenções de se pesquisar este assunto são inúmeras, porém todas fundamentadas no exercício da pesquisa ética e comprometidas com a qualidade.
Esse trabalho buscou ampliar o conhecimento da situação do estresse do enfermeiro em unidade de emergência, mas está longe de esgotar os estudos sobre o tema, uma vez que cabe ampliar discussões sobre o mesmo, pois essa é apenas uma pequena contribuição para o início desta investigação tão necessária nos campos da Saúde e das Ciências Sociais.
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APÊNDICES
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Em atendimento à RESOLUÇÃO n 196/96 Ministério da Saúde
Eu,
estou plenamente de acordo em participar da pesquisa “AVALIAÇÃO DO ESTRESSE DO ENFERMEIRO EM UNIDADE DE EMERGENCIA” , que tem como objetivo “avaliar o estresse do enfermeiro em unidade de emergência” ,sabendo que o propósito desta pesquisa é coletar informações que ajude a desenvolver serviços para promover a saúde mental dos enfermeiros.
A coleta de dados será obtida por meio de um questionário, composto de perguntas fechadas. As informações obtidas e registradas serão garantidos o sigilo e anonimato dos sujeitos. A participação é consensual, havendo liberdade para ausentar-se em qualquer etapa. O conteúdo final da investigação estará disponível aos sujeitos e instituições envolvidos, antes de sua divulgação acadêmica pública. Os dados procedentes serão utilizados para o desenvolvimento da pesquisa e de artigos a serem divulgados nos meios científicos.
Os dados somente serão utilizados pela autora da pesquisa mediante minha autorização, desde que sejam mantidos o sigilo e anonimato. Tenho conhecimento também que o sigilo na pesquisa está garantido e que o meu nome será identificado por código e não aparecerá nos documentos finais. Por fim, sei que está sendo respeitado meu anonimato, minha dignidade e que não me causará danos. Declaro ter recebido as informações acima e concordo em participar dessa pesquisa nos termos apresentados.
Ponta Grossa, ......./......../........
Nome:
Assinatura:
R.G:
Maurício Wisniewski Marina Chaves Carneiro Pesquisador responsável Pesquisadora participante (042) 91088883 (042) 9122-2022
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E/OU ENTREVISTA
Pelo presente Termo de Autorização para Uso de Questionário, Marina Chaves Carneiro, Brasileira, estudante, solteira, portadora de identidade RG. Nº 9.660.587-0 e CPF nº 044.605.099-70, residente e domiciliado à Rua Carlos de Laet, 27, Bairro Oficinas, na Cidade de Ponta Grossa, UF-Paraná.
De outro lado ____________________________, nacionalidade,________________, profissão,_________________estado civil_________________, portador de carteira de identidade nº _______________e CPF n º___________________,residente e domiciliado à_____________________,n°¬¬¬¬¬¬¬______ Bairro¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬____________________ na cidade de _______________, UF _______.
Têm entre si justo e acertado as seguintes condições:
1) O Sr. (a) autoriza, expressamente a utilização de seu Questionário nos materiais discriminados no Anexo I, que passa a fazer parte integrante deste termo, para serem veiculados/utilizados no projeto de pesquisa intitulado (Nível de estresse do profissional de Enfermagem em unidade de emergência) e/ou outras publicações dele decorrentes.
2) Pela presente permissão de uso, conforme discriminado nas condições acima referidas, o Sr. (a) não receberá qualquer valor em moeda corrente ou produtos, dando plena e irrevogável quitação das obrigações assumidas pelo projeto de pesquisa.
3) A presente autorização de uso abrange, exclusivamente, a concessão de uso da imagem para os fins aqui estabelecidos, pelo que qualquer outra forma de utilização, deverá ser previamente autorizada para tanto.
(Local/Data): _________________________________________________________
Assinatura do Sr.(a): __________________________________________________
Testemunha: ________________________________________________________
QUESTIONÁRIO
Idade: Sexo: F ( ) M ( )
01. Em quais situações sinto maior estresse durante o trabalho?
( ) Equipe de enfermagem (relacionamento interpessoal)
( ) Recursos físicos
( ) Trabalho repetitivo
( ) Carga horária
( ) Odores, situações desagradáveis
( ) Exposição constante a riscos
( ) Falta de equipamentos
( ) Pressão no trabalho
( ) Lidar com a morte; paciente terminal
( ) Lidar com a família, acompanhante ,paciente agressivo ou com necessidades emocionais.
( ) Conflito entre o trabalho e a família
( ) Tomada de decisões de conflitos pessoais
( ) Falta de autonomia como enfermeiro
( ) Estilo de supervisão insatisfatório
( ) Salário não- condizente
02. Destas substâncias, consumo de maneira excessiva...
( ) tabaco
( ) cafeína
( ) álcool
03. Soluções que busco para manter minha saúde mental
( ) Atividades físicas
( ) Alimentação equilibrada
( ) Acupuntura
( ) Massoterapia
( ) Músicas
( ) lazer
( ) fitoterapia
( ) medicamentos controlados
ANEXOS
INVENTÁRIO DE SINTOMAS DE STRESS (ISS)
(LIPP; GUEVARA, 1994)
PARTE 1:
Marque um (X) nos sintomas que tem experimentado nas últimas 24 horas:
( ) mãos ou pés frios
( ) boca seca
( ) dor no estômago
( ) aumento de sudorese
( ) tensão muscular
( ) aperto na mandíbula / ranger de dentes
( ) diarréia passageira
( ) insônia
( ) taquicardia
( ) hiperventilação (respirar ofegante, rápido)
( ) hipertensão arterial súbita e passageira (pressão alta)
( ) mudança de apetite (pouca ou muita apetite)
( ) aumento súbito de motivação (agitação)
( ) entusiasmo súbito
PARTE 2:
Marque um (X) nos sintomas que tem experimentado na última semana:
( ) problemas com a memória
( ) mal-estar generalizado, sem causa específica
( ) formigamento das extremidades
( ) sensação de desgaste físico constante
( ) mudança de apetite
( ) aparecimento de problemas dermatológicos
( ) hipertensão arterial
( ) cansaço constante
( ) gastrite, úlcera ou indisposição estomacal muito prolongada
( ) tontura ou sensação de estar flutuando
( ) sensibilidade emotiva excessiva (estar muito nervoso)
( ) dúvida quanto a si próprio
( ) obsessão com o agente estressor
( ) irritabilidade excessiva
( ) diminuição da libido (desejo sexual)
PARTE 3
Marque um (X) nos sintomas que tem experimentado no último mês:
( ) diarréia freqüente
( ) dificuldades sexuais
( ) insônia
( ) náusea
( ) tiques nervosos
( ) hipertensão arterial confirmada (continuada)
( ) problemas dermatológicos prolongados
( ) mudança extrema de apetite
( ) excesso de gases
( ) tontura freqüente
( ) úlcera, colite ou outro problema digestivo sério
( ) enfarte
( ) impossibilidade de trabalhar
( ) pesadelos freqüentes
( ) sensação de incompetência em todas as áreas
( ) angústia
( ) apatia, depressão ou raiva prolongada
( ) cansaço constante e excessivo
( ) pensar e falar constantemente em um só assunto
( ) irritabilidade freqüente sem causa aparente
( ) angústia, ou ansiedade, ou medo diariamente
( ) hipersensibilidade emotiva
( ) perda do senso de humor
( ) formigamentos nas extremidade
Publicado por: Marina Chaves Carneiro
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