A ATUAÇÃO PATERNA FRENTE AO PRÉ-NATAL E A ENFERMAGEM

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1. RESUMO

Durante o período gestacional, o Pré-Natal é direito de toda gestante. Os principais objetivos durante as consultas e exames realizados é detectar e prevenir anormalidades, tanto para a mãe como para o bebê. Ter o acompanhamento do pai neste momento é essencial, e traz segurança e cuidado para a gestante. Para o homem, traz conhecimento e respostas às possíveis dúvidas que possam surgir. Laços podem ser construídos ao longo do Pré-Natal, e o acompanhamento faz com que o homem vivencie de forma concreta o sentimento de ser pai antes do parto, além da inserção no SUS (Sistema Único de Saúde).

Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo compreender e descrever os benefícios do acompanhamento paterno durante o Pré-Natal.

Materiais e Métodos: Foi realizada uma pesquisa de revisão de literatura, utilizando artigos, Manual do Ministério da Saúde, Revistas de Enfermagem, SCIELO, DATA SUS e PLANALTO como base de dados.

Resultados: Não ter a presença do pai durante as consultas ainda é uma realidade para muitas gestantes. São vários os fatores que podem causar essa ausência, e diante desta realidade, espera-se que este estudo possa contribuir para o estímulo e encorajamento dos pais para o acompanhamento do Pré-Natal, além de compreender as dificuldades de sua participação.

Conclusão: Através deste estudo, pôde-se observar que o acompanhamento do pai nas consultas é complexo, mesmo com os estímulos da equipe de enfermagem e encorajamentos diversos. Ainda existem diversas variáveis que dificultam sua presença: fatores econômicos, culturais ou até mesmo familiares.

Palavras-chave: Pré-Natal; Paternidade; Gestação; Enfermagem; Maternidade.

ABSTRACT

During the gestational period, prenatal care is the right of every pregnant woman. The main objectives during consultations and examinations performed is to detect and prevent abnormalities, for both mother and baby. Having the accompaniment of the father at this time is essential, and brings security and be careful for the pregnant woman. For the man, brings knowledge and answer as possible doubts that can arise. Ties can be built throughout prenatal care, and the follow-up does with man to experience concretely the feeling of being father before childbirth, beyond insertion at SUS (Health Unic System).

Objective: The present work had as objective understand and describe the benefits paternal accompaniment during prenatal care.

Materials and methods: research was carried out literature review, using articles, Ministry of Health Manual, Nursing Journals SCIELO, DATA SUS and PLANALTO as a base of data.

Results: not having the presence father during the consultations is still a reality for many pregnant women. There are several factors that can cause this absence, and facing this reality, this study is expected to can contribute to the stimulation and encouragement of parents for follow-up Prenatal, in addition to understanding the difficulties of their participation.

Conclusion: Through this study, it was observed that the side dish of father in consultations it's complex, even with the stimuli of the nursing team and various encouragement. Still exist several variables that hinder your presence: economic factors, cultural or even family

Key-words: Prenatal; Paternity; Gestation; Nursing; Maternity.

2. INTRODUÇÃO

A gestação ocorre quando há o processo de fecundação, no qual o espermatozoide se une ao óvulo, e, assim forma-se o zigoto. O período gestacional dura cerca de 40 semanas (280 dias); e a gravidez é um fato diferenciado na vida do casal. Essa fase é acompanhada de mudanças para ambos, fisiológicas e psicológicas, e as mudanças hormonais modificam o corpo da mulher, causando efeitos emocionais. O acompanhamento do pré-natal é o momento de aprendizado, de prevenção e/ou detecção de anormalidades, tanto da mãe quanto do bebê. Porém o acompanhamento paterno durante as consultas do pré-natal ainda é um assunto pouco enfatizado: nota se que o pai é pouco lembrado no processo de gestação, e por vezes coloca-se sempre a mulher como a única participante deste processo, sendo que a presença paterna é peça importante no período gestacional e no desenvolvimento da gestação da sua companheira.

O acompanhamento do pré-natal é direito de todas as gestantes. Seu principal objetivo é proporcionar a integridade da saúde da mãe e do bebê. Nas consultas e exames, é possível identificar doenças e anormalidades de ambos, e a presença nas consultas traz conhecimento e informações relevantes sobre o período gestacional. Desta forma tanto o pai como a mãe podem tirar suas dúvidas e conseguir respostas de algumas perguntas que surgem ao longo da gestação: com a presença do parceiro a mulher passa a se sentir confiante, protegida, etc.

Não ter o acompanhamento do parceiro nas consultas, infelizmente, é uma realidade para muitas mulheres, e a maioria dos homens em detrimento ás atividades laborais não podem participar deste momento, outros por fatores econômicos, culturais, sociais e etc. Essa ausência faz com que o pai não passe por esse período de transição, descobertas e aprendizado que é o período gestacional, e isso pode causar um afastamento familiar. A equipe de enfermagem é de extrema relevância no período gestacional, não só para a mãe, mas também para o pai, pois a equipe pode incluí-lo não só nas consultas de Pré-Natal, mas em todos os momentos da gestação, mostrando a sua contribuição em todos os momentos desde gestação até o momento do parto.

A participação e presença assídua do pai no momento das consultas de pré-natal são de extrema relevância, considerando que a gama de informações sobre o desenvolvimento da gestação podem reforçar não só o vínculo entre pai e filho, mas também entre pai, mãe e filho. Como contraponto, a falta de informação pode causar afastamento do casal e complicações para compreender as dificuldades que podem surgir neste período. Com a participação nas consultas há também a inserção do homem na saúde pública. Para ajudar nesse processo, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) desenvolveu o pré-natal do parceiro com o objetivo de ampliar o acesso e o acolhimento dos homens aos serviços de saúde e pensando nas qualificações das práticas de atenção e cuidado do SUS, (Sistema Único de Saúde), atuando através de capacitação, seminários e campanhas.

Diante disso, surgiu a seguinte questão norteada do estudo: quais as vantagens para a gestante com o acompanhamento do pai no pré-natal? Para responder a questão acima, o objetivo geral foi compreender os benefícios do acompanhamento paterno durante o pré-natal e suas implicações quanto a não adesão, seguido por seus objetivos específicos que foram analisar as dificuldades que os homens enfrentam em relação à participação das consultas, e entender como se deve potencializar o acompanhamento paterno.

Trata se de uma revisão de literatura: as coletas de dados foram realizadas através de artigos, Manual do Ministério da Saúde, revistas de enfermagem, dados na internet, especialmente Google acadêmico, SCIELO, DATA SUS, PLANALTO. Foram realizadas revisões em livros com o tema proposto, na Biblioteca Faculdade Anhanguera De Brasília (Campus de Brasília). Os dados foram analisados no período de 2002 a 2018. A triagem produzida com a base de dados da internet foi realizada pelas palavras chave: Pré-Natal, Gestante, Paternidade, Maternidade, Pai, Mãe, Enfermagem, Gestação, Saúde do Homem, Postos de Saúde e Acolhimento.

3. DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO HOMem NA PARTICIPAÇÃO DO PRÉ-NATAL

A sociedade historicamente elege o homem como provedor, e a mulher como a responsável pelo lar e do bem estar da família. Com o passar do tempo às mudanças foram acontecendo, a mulher foi ganhando espaço, e no hodierno a mulher e o homem cumprem as mesmas funções no ambiente familiar. Diante do cenário atual, algumas dificuldades surgiram, e com essas mudanças, o processo de inclusão do pai no acompanhamento do pré-natal foi ganhando espaço. Com realidades diferentes, muitos pais estão presentes neste momento, e em “a concepção de família vem sendo repensada e aperfeiçoada de acordo com cada época. Antes a família era considerada como um modelo nuclear onde o pai tinha um papel de provedor e a mãe de cuidadora” (COSTA HI e ANDROSIO OV, p.1)

Mesmo com o avanço nítido da sociedade, pelo qual a mulher ganha espaço profissional e pessoal. Os homens passaram por muitas mudanças, o espaço para estarem presentes em momentos importantes, segue escasso alguns ainda por questões familiares, desenvolvimento social, pensamento patriarcal, resultando com dificuldades constantes na vida do casal no período gestacional. A ideia que o homem era visto apenas como provedor e que não era cabível realizar as funções das mulheres porque era motivo de preconceito resultam efeitos em alguns até os dias de hoje.

Nessa nova estruturação, homens e mulheres estão atuando em condições mais ou menos semelhantes no mercado de trabalho formalmente remunerado começando a dividir entre si o trabalho doméstico e a educação dos filhos. (PRATTA; SANTOS 2007, p.249)

Alguns pais não têm ciência da sua importância no período gestacional, por falta de conhecimento em saber do que se trata o pré-natal ou não saber o que seu acompanhamento pode agregar para a vida da sua companheira: outros pensam que é somente para a mulher, pois ela é quem sofre as mudanças. Em algumas Unidades de Saúde, ainda não se nota campanhas ou cartazes que mostrem que o pai é bem-vindo assim como a mãe, diante deste cenário, o pai pode se sentir excluído pelos profissionais. A falta de interesse em estar presente é notável em algumas situações, os horários das consultas e dos exames podem coincidir com o horário de trabalho, e assim não poderiam estar presentes como gostariam. O estado civil do pai e da mãe é um fator que pode influenciar no acompanhamento.

Com objetivo de trazer melhoras para o pré-natal e diminuir as dificuldades enfrentadas durante o período gestacional, foi desenvolvido o Programa de Humanização no Pré-Natal (PHPN), promovendo assistência no pré-natal, no parto e no puerpério, enfatizando o direito e a importância da mulher de ter o acompanhante nas consultas, exames e no parto.

De acordo com o Brasil (2002, p.5).

“O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento fundamenta-se nos preceitos de que a humanização da Assistência Obstétrica e Neonatal é condição primeira para o adequado acompanhamento do parto e do puerpério”

3.1. Exclusão paterna durante o pré-natal

O foco principal do pré-natal é nitidamente para a mulher, algumas Unidades de Saúde promovem campanhas englobando as mulheres como peça unicamente importante neste processo, fazendo com que o homem seja apenas telespectador e a sua participação não seja de fundamental importância no período gestacional. A falta de espaço estrutural dentro das consultas, onde suas dúvidas não são consideráveis importantes, acarreta a exclusão do homem, fazendo com que a sua participação seja dispensável no período gestacional, trazendo à tona sentimentos de inutilidade, que podem afetar o vínculo com a criança futuramente, fazendo com que a paternidade seja um fardo, segundo CABRITA, et al., “os processos de exclusão do companheiro são acentuados pela falta de espaço para os homens participarem do ciclo gravídico-puerperal desde o pré-natal” (2012, p.2)

Algumas mulheres escolhem estar sozinhas no acompanhamento da gestação, o que causa o afastamento do pai, algumas supõem que o pai não faz parte do período gestacional, e somente elas mesmas como gestantes que são peça chave, sendo a presença do pai não importante nesse período, outras, por na maioria das vezes ter somente mulheres nas Unidades de Saúde, tem vergonha de estarem acompanhada por seus companheiros, segundo CARDOSO VESP, et al. (2018, p. 5) “as mulheres consideram que a assistência pré-natal é um espaço destinado exclusivamente às mulheres, e desta forma, tomam-se para si, somente, o processo gestação”.

A falta de conhecimento dos homens em relação ao pré-natal já causa a própria exclusão, a falta de interesse ou de ter medo de assumir uma função ao lado da sua parceira poderia gerar preconceito no seu ciclo social, a ausência em acompanhar suas parceiras faz com que o pai se auto exclua dos momentos importantes vividos no período gestacional o afastamento acaba trazendo a quebra dos vínculos com a mãe e o bebe, pode ter efeitos emocionais na vida da gestante, sentimentos podem surgir durante o período gestacional e até mesmo no pós-parto, segundo SILVA et al. (2013, p.1377) “Seu distanciamento, tanto da gestação como do parto, tende a causar sentimento de solidão e vazio na mulher”.

3.2. Dificuldades socioeconômicas

Alguns homens por conta da jornada de trabalho não passam muito tempo em casa com sua companheira e filhos, causando dificuldade em estar presente no dia a dia da sua família. Essa realidade pode afetar o acompanhamento do pré-natal, e alguns homens mantendo a postura de provedor podem dobrar a jornada de trabalho devido à chegada do bebê.

As consultas do pré-natal podem coincidir com os horários que o pai está em sua atividade laboral e a falta de flexibilidade nos horários de ambos pode causar conflitos nas agendas, resultando, assim na ausência do pai, e em “Quando questionadas, estas gestantes apontaram o trabalho como causa da ausência do parceiro, pois os horários disponíveis para atendimento na unidade coincidem com o seu horário de trabalho” (CARDOSO et al., 2018, p.860)

Desde 8 de março de 2016 existe uma Lei que ampara o trabalhador a faltar até dois (2) dias em seu trabalho para acompanhar suas esposas ou companheiras nas consultas e nos exames complementares. Porém por ser considerada por muitos uma lei nova não se divulga e cumpre de maneira devida tendo assim um amplo desconhecimento da população, e devido à falta de informação, muitos pais não tem a oportunidade de acompanhar o pré-natal da parceira.

De acordo com o art.37 da lei nº 13.257, de 8 de março de 2016

O art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1 º de maio de 1943, passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos X e XI: Art. 473 X- até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira. (BRASIL, 2016)

3.3. Lei nº 11.108

Com o objetivo de trazer benefícios para a mulher durante o pré-natal e o trabalho de parto, e também de inserir o pai neste momento significativo na vida do casal, foi sancionada a lei 11.108, que trouxe mudanças na Lei 8.808, de 19 de setembro de 1990 (Lei do SUS), estabelecendo que toda parturiente tem direito a um acompanhante o trabalho de parto e pós-parto, dando liberdade para a própria decidir quem ela quer como acompanhante durante o período hospitalar.

De acordo com a lei nº 11.108 de 07 de abril de 2005

Altera a lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para garantir às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do sistema único de saúde - sus.

A lei que determina que a parturiente é quem escolhe o seu acompanhante é desconhecida e desrespeitada por muitos, contudo, ela deve ser seguida como está definido, levando em consideração a escolha e a liberdade da mesma, ela pode escolher o marido, a mãe, a amiga, não importa se há parentesco ou não. Alguns hospitais não respeitam e impedem o acompanhamento durante este período, apresentando dificuldades como infraestrutura alegando salas de procedimento pequenas, falta de acomodação para o acompanhante, o fato de ser um ambiente onde a maior parte são mulheres barrando a decisão da mulher em ter seu parceiro presente neste momento, e acabam beneficiando da falta de informação das pessoas sobre a legislação.

De acordo, com Frutuoso; Brüggemann (2013, p.910)

“No entanto, mesmo a mulher possuindo esse direito garantido por lei, algumas instituições têm dificuldade em implementar e manter essa prática de forma regular e sistemática”

Além da Lei Federal, que é válida em todo país para hospitais e maternidades públicos ou particulares, existem duas outras resoluções com o mesmo tema, determinando o acompanhamento de acordo com vontade da parturiente, a Agência Nacional de Saúde (ANS) regulamentou a RN nº 428/17, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária de Sanitária (ANVISA) a RDC 36/08.

De acordo com a Resolução Normativa- RN Nº 428 de 7 novembro de 2017

Art. 23. O Plano Hospitalar com Obstetrícia compreende toda a cobertura definida no art. 22, acrescida dos procedimentos relativos ao pré-natal, da assistência ao parto e puerpério, observadas as seguintes exigências: I – cobertura das despesas, incluindo paramentação, acomodação e alimentação, relativas ao acompanhante indicado pela mulher durante: a) pré-parto; b) parto; e c) pós–parto imediato, entendido como o período que abrange 10 (dez) dias após o parto, salvo intercorrências, a critério médico;

Através da Resolução Normativa n.338/13, ficou definido que a rede privada, independente do plano de saúde da gestante, deve cobrir todas as despesas do acompanhante sem acréscimo no valor, seja parto normal ou cesáreo. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 36, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no ano de 2008, assegurou o acompanhamento da parturiente, e determinou que os serviços de saúde disponibilizem estrutura física apropriada para a parturiente e seu acompanhante, e em “A fim de regulamentar a presença do acompanhante nos âmbitos público e privado, também foram publicados outros documentos, para que esse direito fosse garantido a todas as parturientes” (RODRIGUES DP et al, 2017, p.2/10)

Quando os hospitais não cumprem a Lei Federal, a gestante pode garantir seu direito tomando algumas ações de precaução. Um dos primeiros passos que pode ser dado é entrar em contato com a ouvidoria do hospital, e caso não tenha resposta positiva do hospital, a mesma pode formular uma queixa no próprio Ministério Público de sua cidade. Caso não surta efeito, outra opção é ligar na Ouvidoria Geral do SUS (136), em casos de hospitais particulares pode acionar a ANS, PROCON, ANVISA, nos hospitais públicos, pode-se acionar o Ministério da Saúde, além de secretarias de saúde do município ou do Estado. Se apesar da solicitação a instituição negar a liberação do acompanhante, é valido uma ação judicial para que a instituição autorize a entrada.

4. FUNÇÕES E FINALIDADES QUANTO A SUA PRESENÇA NO PRÉ-NATAL

O período gestacional é o momento de muitas mudanças, repleto de significados e emoções para a mulher e a família, e ter o envolvimento do parceiro neste momento quebra algumas indiferenças que foram criadas ao longo do tempo, trazendo segurança para a mulher, cuidado, companheirismo e a responsabilidade com o bebê, pois ele se assimila a mulher. Pequenos vínculos podem ser criados, transformando-se em grande aprendizado futuramente.

Este momento é de interação, mudança de rotina, adaptações e descobertas, as consultas do pré-natal são momentos de aprendizado e conhecimentos para ambos, pai e mãe, as informações e instruções passadas nas consultas, ampliam seus conhecimentos, trazendo tranquilidade, entendimento e segurança aos cuidados com a mulher e com o bebê Segundo FERREIRA, et al. (2014, p.5) “em uma larga extensão, a paternidade em lares onde ambos os genitores estão presentes, se caracteriza por empreendimentos e por união entre os cônjuges”

Vários fatores são repensados e considerados quando há participação do parceiro durante o pré-natal, a relação entre a grávida e o parceiro, a inclusão de um novo ser em suas vidas, vida profissional e a vontade e disponibilidade de compreender todas as mudanças que estão acontecendo, estas questões surgem com o tempo, e com a participação nas consultas elas podem ser respondidas e em “A gestação funciona, para os pais como um período de preparação para os novos papéis que deverão assumir, frente ao bebê e a tudo que ele irá exigir” (FERREIRA et al. 2014, p.4)

Atender as necessidades da família incluindo o homem durante o Pré-Natal e conscientizá-lo da importância de sua presença, resulta em uma boa qualidade de vida de sua parceira durante o período gestacional, e também uma forma de mostrar seus direitos, incluindo na rotina do Pré-natal, muitos homens passam a sentir o sentimento de pai diferente daqueles que não vivem este momento e sente este sentimento após o nascimento do filho, este vinculo e essencial para a formação e desenvolvimento familiar.

De acordo com OLIVEIRA et al (2009, p.74)

Uma assistência pré-natal adequada e sua interação com os serviços de assistência ao parto são fundamentais para obtenção de bons resultados da gestação. É no cotidiano do espaço da família que os profissionais, em interação com esta, buscam a construção da saúde. A Organização Mundial de Saúde enfatiza que o cuidado na atenção pré-natal, perinatal e puerperal deve estar centrado nas famílias e ser dirigido para as necessidades não só da mulher e seu filho, mas do casal.

4.1. Pré-Natal do Parceiro

A grande maioria dos homens nega a prevenção de saúde, e geralmente buscam atendimento médico quando o problema de saúde que estão expostos já esta em nível agravado, levando-os a serem a parcela da população que mais sofre com doenças em estágios avançados. Pensando em mudar esta realidade, o Sistema Único de Saúde (SUS) criou uma política especifica para a prevenção e cuidado dos homens a Política Nacional de Atenção Integral á Saúde do Homem (PNAISH) que visa promover a prevenção e os cuidados específicos para a saúde do homem.

De acordo com BRASIL (2016, p.8)

“neste contexto, o Pré-Natal do Parceiro propõe-se a ser uma das principais ‘portas de entrada’ aos serviços ofertados pela Atenção Básica em saúde a esta população, ao enfatizar ações orientadas à prevenção, à promoção, ao autocuidado e à adoção de estilos de vida mais saudáveis”

A PNAISH estimula a presença e a participação do homem durante o Pré-Natal e o parto, trazendo para as famílias a paternidade responsável, cuidadora e segura, pensando nos benefícios que podem surgir com a presença do parceiro durante o período gestacional. Em 8 de setembro de 2017, foi instituído pela portaria n° 1.474 o pré-natal do parceiro trazendo mudanças para uma realidade diferente que antes era norteado pelas mulheres.

De acordo com BRASIL (2017)

Considerando que um dos eixos prioritários da PNAISH é paternidade e cuidado, que tem como objetivo envolver ativamente o homem em todo o processo de planejamento reprodutivo, gestação, parto, puerpério e desenvolvimento infantil, proporcionando oportunidades para criação de vínculos mais fortes e saudáveis entre pai, mãe e filhos/filhas e visibilizar o homem também como sujeito de cuidado;

O procedimento da primeira consulta do parceiro busca avaliar seu estado geral como um todo, analisando desde sua carteira de vacinação a realização de teste rápido e a solicitação de exames de rotina, exames de doenças sexualmente transmissíveis também são realizados, além dos exames, e passados ao parceiro os seus direitos e a da sua parceira durante todo o pré-natal e o parto, seguindo as orientações do Ministério da Saúde.

QUADRO 1: Tabela da Consulta Pré-Natal do Parceiro

Procedimento:

03.01.01.023-4 - CONSULTA PRÉ NATAL DO PARCEIRO

Descrição

Inclui a avaliação do estado geral de saúde do pai/parceiro, devendo ser solicitado os exames de rotina de acordo com os protocolos estabelecidos.

 

Pelo Ministério da Saúde, testes rápidos, atualização do cartão de vacinas (conforme calendário nacional de vacinação), orientações sobre a gravidez, parto, pós-parto, amamentação e direitos do pai/parceiro.

Instrumento de Registro

02 - BPA- Individualizado.

Modalidade:

01 - Ambulatorial

Complexidade:

01 - Atenção Básica

Tipo de financiamento

Atenção Básica (PAB)

Sexo

Masculino

Idade mínima

9 anos

Idade Máxima:

80 anos

Valor Serviço Ambulatorial (SA)

R$ 0,00

Sexo:

Masculino

CID

Z 76.8 (Contatos com serviços de saúde por outras circunstâncias especificadas).

CBO

2231F9 Medico residente 223505 Enfermeiro 223530 Enfermeiro do Trabalho

 

223545 Enfermeiro Obstétrico 223550 Enfermeiro Psiquiátrico223560 Enfermeiro Sanitarista 223565 Enfermeiro da Estratégia de Saúde da Família

 

225105 Medico Acunpurista225125 Medico Clinico 225130 Medico de Família e Comunidade 225142 Medico da Estratégia de Saúde da Família

 

225154 Medico Antroposófico225170 Medico Generalista 225195 Medico Homeopata225250 Medico Ginecologista e Obstetra

Atributo Complementar

009 - Exige CNS

Brasil: Ministério da Saúde (2017)

Ter o envolvimento do pai no pré-natal do parceiro vai além de solicitar a presença dele na rotina da gestante, busca a integração no SUS, trazendo para sua vida hábitos saudáveis, que possam ajudar ele e a sua família, mostrando ao homem que ele tem acesso aos profissionais de saúde assim como sua parceira, criando hábitos que se perpetuem ao longo de sua vida, fazendo com ele busque atendimento e prevenção em Unidades de Saúde.

As ações voltadas ao planejamento reprodutivo e, ao mesmo tempo, contribuir para a ampliação e a melhoria do acesso e acolhimento desta população aos serviços de saúde, com enfoque na Atenção Básica (BRASIL, 2016, p.8).

Diante das ações desenvolvidas pelo PNAISH junto com o Pré-Natal do Parceiro, deve-se sempre ressaltar a importância de valorizar a presença do homem, respeitando suas dificuldades, seus receios e duvidas, apresentando grupos com o tema sobre paternidade, gravidez, rodas de conversas sobre sexualidade, parto e pós-parto, para assim responder suas dúvidas e preparar e encorajar o parceiro a estar presente em todos os momentos, oferecendo apoio à parturiente quando necessários.

Importante ressaltar que este acompanhamento deve respeitar as possibilidades do homem, valorizar a capacidade como cuidador, além de incentivar o cuidado com a sua própria saúde e consecutivamente o cuidado com a saúde da parceira e do bebê (TELESSAÚDE, 2016)

Com o objetivo de mostrar a importância da paternidade presente e responsável e de mostrar a importância do pai durante o Pré-Natal, o Comitê Pela Vida baseada em ações desenvolvidas pelo PNAISH destinou o mês de agosto ao mês da valorização da paternidade, desenvolvendo ações para estimular, encorajar o homem com temas referente à paternidade e ao planejamento reprodutivo, e em “o mês de valorização da paternidade foi instituído pelo Comitê Vida, grupo de trabalho Inter setorial que integra profissionais de organizações governamentais e não governamentais universidades e demais pessoas e instituições interessadas” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Quando o homem passa a acompanhar a sua parceira em todos os momentos do Pré-Natal, ele entende o que sua parceira sente as emoções, medos e inseguranças, e assim o mesmo se sente encorajado a estar presente durante o momento do parto, para a mulher ter o seu companheiro neste momento traz segurança, apoio, cuidado e estimulando a mulher a parir. Fazendo com que este momento tenha menos intervenção, para o homem responsabilidade, segurança e união. Assim foi mencionado “Além disso, a presença do parceiro no parto, acompanhando todo o processo e apoiando a parturiente constantemente, tem consequências no desfecho do nascimento do bebê” (HOLANDA SM, 2018, p.2)

As ações desenvolvidas pelo MS (Ministério de Saúde) através das Politicas Publicas vem sendo de grande importância referente à inclusão do parceiro durante o Pré-Natal, as ações trazem benefícios para ambos, para o homem a participação, a inclusão no SUS (Sistema Único de Saúde), aumento na qualidade de vida, para a mulher, segurança, apoio e menos complicações durante o período gestacional e o parto, segundo BENAZZI et al (2011, p. 328) “as políticas públicas possuem um papel fundamental na transformação social”

5. ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DURANTE O PRÉ-NATAL

Diante de todas as mudanças que o mundo passou, incluindo a maior participação do homem durante o Pré-Natal, este tema é pouco enfatizado por alguns profissionais de saúde, trazendo o afastamento. Alguns profissionais não se sentem preparados para ter um homem acompanhando as consultas ou exames, até mesmo as Unidades de Saúde não estão preparadas em questão de infraestrutura.

De acordo com HENZ et al (2017,p.2)

A percepção de exclusão dos pais nos serviços públicos pode ser explicada pela pouca infraestrutura física, ausência de capacitações e descrédito dos profissionais sobre esse público em relação aos homens de classes mais baixas.

A equipe de Enfermagem é peça importante durante o Pré-Natal, pois é o Enfermeiro que desempenha as consultas de Enfermagem, realizando assim a promoção da saúde, ter um preparo da equipe desenvolvendo ações de educação, como palestra sobre o período gestacional incluindo o pai, a criação de grupos para grávidas e seus acompanhantes potencializa a presença paterna no acompanhamento do Pré-Natal.

Nesse contexto se faz necessário a participação do profissional enfermeiro durante a atenção ao pré-natal, visto que este desenvolve um trabalho fundamental na promoção de saúde, por meio da orientação e educação à gestante. (MATOS et al, 2017, p, 2)

O Enfermeiro tem contato direto com a gestante e o seu parceiro, introduzir o pai nas consultas e exames, explicando como a criança está se desenvolvendo, mostrando também os batimentos cárdicos, durante os exames dar liberdade para tirar suas dúvidas, faz com que o pai veja que ele não é apenas um telespectador, mas sim membro importante, e em, “Durante o pré-natal, percebe-se que o profissional de saúde concentra suas abordagens durante as consultas na mulher grávida, tornando o homem/pai um mero expectador” (SILVA et al, 2013, p,2)

Realizar ações de saúde, envolvendo os profissionais da Unidade de Saúde, com a presença da gestante e parceiro, é um meio de potencializar a presença do homem neste momento, organizar rodas de conversar, com temas sobre o Pré-Natal, tirando dúvidas, passando informações de forma clara e sucinta, são meios do Enfermeiro criar ligação com a família, mostrando sua importância no período gestacional.

Promovendo ações de educação em saúde durante o período gravídico-puerperal, o profissional de enfermagem pode utilizar, como estratégia de atuação, o grupo de gestantes, grupo de puérperas (MATOS et al p.2)

O enfermeiro necessita estar bem preparado e qualificado para suprir as necessidades da mulher, orientando sobre seus direitos e deveres durante o período gestacional e durante o momento do parto, livrando a mulher e o seu parceiro de imprudências que podem surgir nestes momentos, garantindo segurança e cuidado para ambos.

De acordo com DIAS et al (2018 p.3)

É necessário que este profissional seja qualificado para atender as necessidades da mulher durante o ciclo gravídico-puerperal com conhecimentos adequados e atualizados, de forma a oferecer uma assistência eficaz.

Durante o período gestacional, alguns pais podem sentir algumas emoções e sintomas similares as suas parceiras, como enjoos, aumento do peso, sentir desejos, o enfermeiro deve estar atento a esses sintomas, passando orientações e informações necessárias, pois alguns desses sintomas são característicos da síndrome couvade, e em Brasil (2016, p.11) “Assim como as mulheres, é muito comum que os futuros pais engordem, sofram enjoos, tenham desejos, crises de choro, dentre outros sintomas”.

A síndrome de couvade é normal em alguns pais, ao acompanhar suas parceiras e vivenciar suas emoções e mudanças, eles tendem a sentir os mesmos sintomas, ter um profissional instruindo, para preparar e auxiliar o parceiro a passar por este momento.

Característicos da Síndrome de Couvade, esses sintomas não representam um distúrbio ou doença, pelo contrário, podem demonstrar que os homens sentem, assumem e desejam a gravidez juntamente com a sua parceira (BRASIL 2016 p.12).

A fase de acolhimento é uma das etapas mais importantes, onde vai se desencadear um bom Pré-Natal, ter um bom diálogo, orientando tanto o pai como a mãe sobre os exames, as consultas, saciar suas dúvidas, a estrutura dos postos de saúde também é um elemento importante, ter materiais que mostram que o pai é bem vindo, como fotos de pai com seus filhos, campanhas que reforcem a importância do acompanhamento paterno, de acordo com, “A gestação e mais especificamente o pré-natal, não são reconhecidos como espaços destinados também aos homens” (CORRÊA et al 2012, p. 2)

Durante o Pré-Natal são passadas informações sobre a mãe e o bebê, durante todo o período gestacional o Enfermeiro surge como profissional capacitado para acompanhamento da gestação, quando p parceiro está presente nas consultas, o enfermeiro o introduzir nas ações e informações, visando prevenir possíveis complicações que podem surgir ao longo da gestação e no parto, de acordo “a assistência da equipe de saúde pode ser considerada como uma ferramenta para a prevenção de complicações clínicas e obstétricas no decorrer da gestação e parto” (DIAS et al 2018 p. 3)

As informações passadas pela gestante durante as consultas junto com os resultados dos exames são importantes para as anotações da caderneta da gestante e para o parceiro ali presente, para o mesmo entender os cuidados passados e ajudá-lo a tomar algum tipo de decisão necessária,

Segundo DIAS (2018, p.5)

A coleta dos dados vitais, das medidas antropométricas e o registros dos mesmos durante o pré-natal pode assegurar a qualidade da assistência além de dar andamento a atenção à gestante.

Durante todo o Pré-Natal, são passadas informações sobre a mãe e o bebê, a equipe da Unidade de Saúde, durante todo o período gestacional o Enfermeiro surge como profissional capacitado para acompanhamento da gestação, o acolhimento realizado com a gestante e o seu parceiro se dá por meio de ações acolhedoras, envolvendo os ambos.

A atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias (FERREIRA et al.2014,p.2)

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante ressaltar a importância do acompanhamento assíduo do homem durante o período gestacional, principalmente durante as consultas e exames, levando em consideração a gama de informações passadas pelos profissionais de saúde para o casal e o vínculo afetivo construindo nesses momentos, além da inserção do homem nas Unidades de Saúde.

A indispensável presença do Pai durante o Pré-Natal ainda e pouco enfatizado e lembrando, as dificuldades enfrentadas do homem em estar presente ainda e pouco discutida. Dessa forma há necessidade de incentivo dos profissionais de saúde, essencialmente dos Enfermeiros que estão presentes e envolvidos no acompanhamento de todo o período gestacional e pós-parto a explicarem a importância do acompanhamento paterno.

No Brasil há politicas qualificadas voltadas para a saúde do homem de forma humanizada. Para surtir efeitos e resultados, e necessário que haja reconhecimento da importância do acompanhamento paterno durante o Pré-Natal. O estimulo na inserção do parceiro, através de trocas de informações, experiências e diálogo em horários que permita a participação do pai.

É fundamental orientar o pai sobre o Pré-Natal do Parceiro, onde se e realizado consultas, exames. Garantido tratamento adequado caso necessite. Para realização adequada, e necessária a capacitação dos profissionais de saúde envolvidos com assistência, para assim assegurar atendimento humanizado e qualificado. É necessário diálogo sobre as Leis trabalhistas existentes, trazendo para conhecimento do pai os seus direitos no período gestacional e pós-parto.

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Publicado por: Camila dos Santos Ferreira

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