A Atuação do Enfermeiro na Depressão em Idosos: Uma Revisão Integrativa da Literatura
índice
- 1. RESUMO
- 2. INTRODUÇÃO
- 3. OBJETIVOS
- 3.1 Geral
- 3.2 Específicos
- 4. REVISÃO DE LITERATURA
- 5. METODOLOGIA
- 5.1 Tipo de pesquisa
- 5.2 Bases de dados e descritores
- 5.3 Critérios de inclusão e exclusão
- 5.4 Coleta de dados
- 5.5 Análise de dados
- 5.6 Aspectos éticos
- 6. RESULTADOS
- 7. DISCUSSÃO
- 8. CONCLUSÃO
- 9. REFERÊNCIAS
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1. RESUMO
Este estudo trata a respeito da atuação do enfermeiro na depressão em idosos, haja vista que ao processo de envelhecimento estão reservadas algumas particularidades, tipicamente inerentes a essa fase da vida quando a pessoa, normalmente já está aposentada fica mais tempo em casa e com o passar dos dias devido à falta de ocupação formal começa a desenvolver o quadro depressivo, isso se agrava ainda mais devido à chegada de doenças. Nesse contexto, o objetivo geral do estudo é analisar as evidências científicas sobre atuação da enfermagem na depressão em idosos. No que concerne aos aspectos metodológicos trata-se de pesquisa de revisão integrativa de literatura (RIL) consubstanciada por 07 artigos disponíveis em bases de dados utilizadas em pesquisas científicas: MEDLINE, SCIELO, LILACS e BVS, cujo recorte temporal foi de 2017-2021. Os resultados mostram que a atuação do enfermeiro é um diferencial relevante no tratamento do idoso com depressão, sobretudo quando este profissional cria uma relação de proximidade e confiança com o paciente ao estabelecer uma comunicação fácil e comprometida com a eficácia do tratamento, embora se saiba das limitações e dificuldades encontradas nos serviços de saúde. Em considerações finais, constatou-se a importância da atuação do profissional de enfermagem na assistência a pessoas idosas com depressão ou com características da mesma, que são evidenciadas na 3ª idade. Observou-se na exploração de conteúdos selecionados que a depressão possui grande abrangência em idosos, por isso, a enfermagem tem íntima ligação com o bem-estar mental para evitar doenças mais prevalentes na fase de vida idosa.
Palavras-chave: Enfermeiro; Depressão; Idoso.
This study deals with the role of nurses in depression in the elderly, given that some particularities are reserved for the aging process, typically inherent to this stage of life when the person, usually already retired, spends more time at home and with the time goes by due to the lack of formal occupation begins to bother, this is further aggravated by the arrival of illnesses. The general objective of the study is to analyze the scientific evidence on the role of nursing in depression in the elderly. With regard to methodological aspects, this is an integrative literature review (RIL) research based on 07 articles available in databases used in scientific research: MEDLINE, SCIELO, LILACS and BVS, whose time frame is the period 2017-2021. The results show that the role of nurses is a relevant differential in the treatment of elderly people with depression, especially when this professional creates a relationship of closeness and trust with the patient by establishing easy and committed communication with the effectiveness of the treatment, although it is known that the limitations and difficulties found in health services. In final considerations, it was verified the importance of the role of the nursing professional in the care of elderly people with depression or with its characteristics, which are evidenced in the third age. It was observed in the exploration of literary contents that depression has a wide range in the elderly, therefore, nursing has a close connection with mental well-being, which is one of the most prevalent diseases in the elderly stage of life.
Keywords: Nurse; Depression; Old man.
2. INTRODUÇÃO
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), a expectativa de vida do brasileiro tem aumentado em alguns meses a mais. Este fato se dá pela mudança habitual histórica de um século para o outro, ou seja, o processo do envelhecimento tem se caracterizado mais longânime no Brasil, considerando que os costumes habituais do século e o avanço da medicina podem colaborar para esta afirmativa.
O ciclo da vida é um processo de alterações biológicas, psicológicas e funcionais, por isso na 3ª idade, após percorrer as várias fases da vida, o idoso passa a vivenciar limitações dentre suas funções, onde outrora havia maior vigor e incomplexidade de atuação. É relevante ressaltar que conforme o aumento da perspectiva de vida, paralelamente há o aumento dos casos das doenças psicoemocionais (SOUSA, 2020).
A depressão ou transtorno depressivo maior é uma doença que afeta não só a mente, mas influencia em como o indivíduo se sente, se porta, se comunica e pode desencadear patologias facilitadas pelo processo depressivo. Segundo a Organização de Saúde (OPAS, 2020), que desde 1997 aborda o tema saúde mental e emite resoluções para que estados membros da organização passem a incluir saúde mental entre prioridades na atenção à saúde, define que a depressão é uma doença de grande abrangência e que necessita de muita atenção na identificação e tratamento, pois influencia negativamente de forma direta na alimentação, atividade física, comunicação, autoimagem, autoestima baixa, no interesse por novas experiências e novos conhecimentos, dentre outros (OPAS, 2020).
Esta patologia faz parte do grupo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), que é considerada pela Organização Mundial da saúde (OMS) uma das maiores causas de mortalidade e inaptidão em todo o mundo. As DCNTs e suas várias formas de agravos podem ser influenciadores de risco para o comprometimento funcional e psicológico em idosos.
É no processo do envelhecer que o idoso pode transparecer com maior facilidade a necessidade afetiva, familiar e social. O idoso apresenta-se mais vulnerável ao processo depressivo, sendo um indivíduo necessitado de atenção e companheirismo (VALADARES et. al, 2019). Portanto, a análise de forma humanizada quanto a essas afirmativas citadas é relevante para que o enfermeiro consiga identificar quais os motivos que podem levar este idoso à depressão, e como elaborar uma assistência onde sejam supridas essas necessidades.
Como membro de uma equipe multiprofissional, o profissional enfermeiro é fundamental durante a assistência ao idoso que vivencia a depressão. A enfermagem passou a ser reconhecida em meados do século XX no Brasil, porém ainda está em processo de conquista de espaço em diversas esferas da ciência, da clínica, da gestão em saúde dentre outros segmentos que outrora eram considerados de grande limitação. Hoje em dia, os profissionais do cuidar têm se qualificado cada vez mais para atuar dentro das equipes de saúde e assistir seus clientes com uma assistência diferenciada no quesito qualidade (LOPES et. al, 2019).
Dessa forma, o profissional da enfermagem tem um papel fundamental na atenção e promoção de saúde aos idosos, haja vista que o cuidado aos pertencentes à terceira idade não se restringem apenas à terapia medicamentosa, mas em todo um conjunto de ações que induzam o idoso ao envelhecimento ativo e bem-sucedido, lhe dando autonomia de fala, de escolha e de atividades adaptadas a sua realidade onde ele se sinta útil para sua família, comunidade/sociedade (PEREIRA et. al, 2020).
O interesse em pesquisar acerca do tema se dá devido à depressão no idoso é um dos transtornos psiquiátricos mais frequentes, embora não seja normal. Acredita- se que conforme o aumento da idade mais sintomas depressivos são apresentados através das queixas intensificadas de doenças e a presença do quadro de ansiedade (DE ANDRADE et. al, 2016).
Em último estudo realizado em âmbito nacional na área da saúde pelo IBGE (2019) foi possível observar que a depressão atingiu cerca de 13% da população idosa com faixa etária entre 60 e 64 anos de idade. Os dados apontam para a necessidade de estimular na pessoa idosa viver com qualidade e que para isso a mesma precisa ter conhecimento sobre sua condição e as patologias que podem lhe acometer, o que a auxilia na promoção da própria saúde, reduzindo o sofrimento (PEREIRA et. al, 2020).
O idoso deve ter autonomia sobre a própria velhice, além de ser estimulado quanto ao envelhecimento ativo, tornando-o participativo na sociedade (DE ANDRADE et. al, 2016). Nesse contexto, considera-se que a enfermagem está em lugar de privilégio, pois assiste diretamente o paciente, podendo identificar ações e reações que sejam características negativas de comportamentos não saudáveis e auxiliar de forma mais precisa na abordagem dos transtornos psicológicos em idosos, prestando assim uma assistência com maior precisão (SEMEDO et. al, 2016).
Portanto, é importante que os profissionais de enfermagem empreguem em sua prática ferramentas que promovam suas investigações, como a Escala de Depressão Geriátrica, e que desenvolvam ações de saúde integrais que gerem autonomia e participação do idoso na comunidade, seguindo as diretrizes da Política Nacional da Saúde no ano de 2017, procurando compreender que os fatores sociais, culturais e subjetivos se unem a saúde e qualidade de vida do idoso, acordando para a necessidade da assistência holística (SOUSA, 2020).
A motivação para a realização da pesquisa surgiu a partir do desenvolvimento dos conhecimentos durante a prática supervisionada. Foi visualizada uma ausência de autoestima e humor da maioria dos idosos atendidos numa determinada casa de apoio à atenção à saúde do Idoso no município de Belém-Pa. Foi identificado que mesmo oferecendo suporte durante o atendimento clínico, ainda persistia a falta do apoio e cuidado da família, refletindo diretamente na saúde mental desse público.
Nesse caso, o abandono oriundo do ciclo familiar caracterizado como problema afetivo, associado aos fatores biopsicossociais para o desequilíbrio emocional de forma mais acentuada na velhice geram a piora, precarização ou desenvolvimento do quadro clínico depressivo, pois a interação do homem com o ambiente é capaz de atingir a vulnerabilidade pessoal do indivíduo que causa danos reversíveis ou irreversíveis (TEIXEIRA; MARTINS, 2018).
Assim, com o intuito de conscientizar o público em questão, a base familiar e a sociedade em geral, esse estudo será fundamentado abordando saberes em torno da depressão, saúde mental e do idoso, de modo a apontar como o enfermeiro pode auxiliar na prevenção dessa patologia nessa fase da vida, tanto nas necessidades físicas, afetivas e psicológicas, além de contribuir na promoção da saúde e qualidade de vida.
No que concerne ao problema da pesquisa, parte-se do processo de envelhecimento natural, no qual a depressão é caracterizada pela presença de humor depressivo, desinteresse, apatia, distúrbio do sono, entre outros sintomas, também considerada um transtorno mental prevalente entre os idosos, criando no cenário atual o maior interesse por uma busca de melhoria no tratamento, juntamente à prevenção do quadro, para que o mesmo possa vir a ser evitado (OLIVEIRA, 2019).
A boa saúde mental influencia grandemente na saúde física do idoso, levando em considerações comorbidades que o mesmo pode acarretar ao longo da vida, afetando seu bem-estar e sua autoestima, e o fazendo passar por limitações. Valadares et. al (2019) relata que idosos com estilo de vida desfavorável apresentam maior sintomatologia depressiva.
Os distúrbios depressivos desde a jornada acadêmica do profissional de enfermagem, tal incidência pode ser um dos fatores que dificultam o processo de abordagem a pacientes com depressão, haja vista que se não há uma estruturação de conhecimentos sobre o assunto, o profissional enfermeiro irá ter mais dificuldades na atuação assistencial ao paciente em processo depressivo, como na temática em análise, o idoso. Com base no que foi exposto, foi elaborada a seguinte questão norteadora: Quais as evidências científicas sobre atuação da enfermagem na depressão em idosos?
Nesse sentido, esta pesquisa irá favorecer a comunidade acadêmica quanto à produção de conhecimentos científicos e ajudará a sociedade entender sobre a importância do acolhimento e cuidados necessários durante o envelhecimento.
3. OBJETIVOS
3.1. Geral
Analisar as evidências científicas sobre atuação da enfermagem na depressão em idosos
3.2. Específicos
-
Identificar as principais causas da depressão em idosos e pontuar as estratégias que a enfermagem necessita para prestar assistência a esse idoso;
-
Descrever os principais métodos preventivos da depressão em idosos utilizados por enfermeiros;
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. Transtorno depressivo
O transtorno depressivo maior (TDM) acomete pessoas de qualquer faixa etária. No idoso o TDM tem etiologia e formas de apresentação heterogêneas porque envolve aspectos biológicos associados a fragilidade, comorbidades, aspectos psicológicos relativos a viuvez, mudança de papéis na família e na sociedade e aspectos sociais relacionados com a solidão. Para essa doença, a prevalência no idoso varia de 4,7% a 36,8%. Essa variação pode ocorrer devido aos diferentes instrumentos validados que são utilizados para rastrear e detectar os sintomas de depressão em idosos (SILVA et. al, 2017).
A solidão e a depressão encontram-se ligadas com o bem-estar mental na velhice, sendo consideradas uma das doenças psicológicas mais comuns nessa fase e um dos problemas mais sérios das sociedades modernas envelhecidas devido à sua elevada incidência e ao amplo impacto. Estudos sobre a incidência de depressão na velhice apresentam grandes discrepâncias, sendo estimadas prevalências para diferentes países entre 9 e 33% (BRITO et. al, 2021).
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) define o transtorno depressivo maior como uma condição clássica que representa um grupo de transtornos caracterizados por episódios distintos, de pelo menos duas semanas de duração, que envolvem alterações de afeto, cognição e funções neurovegetativas. Algumas características comuns desses transtornos é o humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações físicas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento dos indivíduos.
Em se tratando do envelhecimento humano, o Ministério da Saúde (MS), o envelhecimento individual é definido como um evento fisiológico que tem crescido de forma acelerada nos últimos anos, acarretando em uma modificação na estrutura etária da população (BRASIL, 2010). A velhice é um fenômeno que se apresenta cronologicamente aos 60 anos, que independe do estado biológico, psicológico e social. Contudo, a idade e o processo de envelhecimento possuem suas peculiaridades e significados que extrapolam as dimensões da idade cronológica. Cada vez mais o processo de envelhecimento é visto como uma experiência heterogênea, sendo único e singular em sua essência, portanto, relacionada com o processo de envelhecimento de acordo com o contexto vivido por cada sujeito (DANTAS, 2015).
Ademais, a velhice também é um processo multifatorial e relacional que conta com as experiências contextuais, da forma como se vive e se administra a própria vida no presente e de expectativas futuras. Dentro dessa multiplicidade há fatores biológicos, que dizem respeito ao acúmulo de danos moleculares e celulares, mudanças na aparência e na estrutura corporal e fatores sociais, o que possivelmente estabelece uma transição e possivelmente perda de papéis e posicionamentos dos indivíduos idosos, haja vista que os fatores psicológicos possibilitam o envelhecimento como uma experiência resiliente ou vivida de modo sofrível (DANTAS, 2015).
Durante a velhice diversas patologias acabam surgindo, seja pelas mudanças corporais ou pela condição em que o idoso vive ainda mais quando se encontram em situação asilar, tornando-se mais vulnerável. À medida que envelhecem, as pessoas passam a perder sua autonomia, começam a ser excluídas da produção, não estão inseridas no mercado de trabalho, passam a ter menos poder aquisitivo e, consequentemente, consomem menos. Ademais, passam a comprar mais remédios, porque ficam doentes ou adoecem mais, visto que não possuem recursos para investir na saúde (TEIXEIRA; MARTINS, 2018).
Em decorrência a longevidade da população e a perda de autonomia, que se somam principalmente as dificuldades socioeconômicas e culturais que envolvem os idosos e seus familiares e/ou cuidadores, o comprometimento da saúde do idoso e da família, a ausência de cuidador no domicílio e os conflitos familiares, crescem as demandas por Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) (MELO et. al, 2018).
Partindo desses fatores, a opção de institucionalização é simbolizada como um ato de abrir mão de moradia e família, pois se sentindo inválido e com o sentimento de impotência, muitos idosos se sentem culpados em incomodar os familiares. Esse isolamento, quando ocorrido, aumenta o estado depressivo, essa baixa qualidade de vida também se dá pela adaptação do idoso, alterando consequentemente seu estado físico e psicológico (MELO et. al, 2018).
Envelhecer se torna ainda mais difícil quando, frente aos desafios acima mencionados, o idoso se depara com uma nova realidade que simboliza muitas vezes o isolamento, abrir mão de vínculos e afazeres simples, moradia e pessoas que fizeram parte de toda uma vida, tendo que aceitar uma nova etapa, que muitas vezes não é bem aceita (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020).
É valido ressaltar que o ambiente familiar pode influenciar no comportamento e nas características do idoso. Por isso, é importante que a família ofereça um ambiente saudável, livre de conflitos e que permita que o idoso participe das decisões do grupo familiar ao qual faz parte. É durante o envelhecimento que o idoso não consegue impedir que transpareça suas necessidades de mais atenção, carinho e amor. A família deve apoiá-lo em momentos difíceis, assim como seus amigos e companheiros, pois os laços afetivos são essenciais para manter equilibrado e sentir-se bem (SILVA et. al, 2017)
A ajuda da família nesse momento é de fundamental relevância para alcançar resultados satisfatórios, pois nesse período da vida muitos idosos se sentem incapazes, e são desprezados e resignados tanto pela sociedade, quanto pela família. A doença deve ser compreendida e tratada, além disso, a interação e as conversas são fundamentais para que o idoso não se isole. O relacionamento com a família é algo que merece atenção especial, no mesmo grau de importância que o acompanhamento da equipe multiprofissional (LIMA et. al, 2016).
Sousa (2020) discuti sobre a importância do vínculo familiar nos indivíduos com depressão na terceira idade tendo um papel relevante na influência do cuidado com o idoso e na capacidade de o indivíduo solucionar os obstáculos vinculados à vida adulta tardia. Um ambiente familiar pode proporcionar a possibilidade de uma relação familiar que ofereça uma atenção necessária ao idoso, possibilitando uma melhor qualidade de vida, respeito, afeto e dedicação na harmonia familiar (TOMAZ; ROSA; LISBOA, 2019).
4.2. Profissionais de enfermagem e sua atuação
Com o aumento do tempo de vida do brasileiro houve também um acréscimo na utilização dos serviços de saúde, pois os idosos são indivíduos que possuem maior taxa para doenças crônicas e necessitam de cuidados integrais e acompanhamento constante. É bastante reduzido o diagnóstico de depressão em idosos, estima-se que 50% dos idosos depressivos não são diagnosticados pelos profissionais de saúde que exercem atividade na atenção primária, devido os sintomas serem semelhantes ao processo natural do envelhecimento. Alguns desses sintomas são queixas físicas com fadiga, sono, falta de apetite e indisposição que podem ser confundidos pelo desafio adaptativo do envelhecimento PEREIRA et. al, 2020).
Os enfermeiros utilizam a Escala de Depressão Geriátrica (EDG) para rastrear a depressão. Por suas características de validade e fidedignidade, é de fácil e rápida aplicação e não necessita exatamente de profissionais qualificados na área de saúde mental. Além de ser muito útil, auxilia na caracterização do grau da doença. Foi desenvolvida por Yesavage et. al (1983) para classificação da pontuação global (soma de todos os itens) obtida com a aplicação de sua versão breve: entre 0 e 4 pontos, os idosos são considerados eutímicos (provavelmente não deprimidos); entre 5 e 10 pontos, os idosos são considerados com suspeita de depressão leve; e com 11 ou mais pontos, considerados com possível depressão moderada/grave (SILVA et. al, 2017).
Os profissionais da enfermagem contribuem para o desenvolvimento funcional e pessoal, para a independência e a autonomia do idoso, orientam-no a respeito das doenças crônicas, estimulando o crescimento e desempenho para a recuperação, e de como agir em situações de urgência e emergência.
O papel do enfermeiro ao acompanhar o idoso depressivo não se baseia somente para sanar as dúvidas quanto à terapia medicamentosa, mas em se tornar uma pessoa confiável, compreendê-lo e realizar orientações de maneira simples, capaz facilitar sua compreensão, realizando um atendimento humanizado. Esse profissional tem contato direto e prologando com os pacientes, assim possui uma posição privilegiada para identificar os sinais indicativos de depressão e realizar os devidos encaminhamentos (SEMEDO et. al, 2016).
Assim, o enfermeiro se destaca como o membro principal de contribuição na inserção para a adesão e melhora da qualidade de vida, tendo a chance de realizar educação em saúde, dando apoio emocional e espaço para o exercício do cuidado de enfermagem psiquiátrica, que inclui também outras intervenções como o relacionamento interpessoal terapêutico (CAVALCANTE, 2017). A importância da assistência de enfermagem diante do enfrentamento desse problema de saúde pública é de extrema relevância, uma vez que no momento da assistência de enfermagem, a influência mútua entre o enfermeiro e paciente é primordial, e esta interação dependerá das qualidades próprias de cada um: personalidade, captação e habilidade para lidar com o paciente mais estresse (IROLDI, et. al, 2020).
5. METODOLOGIA
5.1. Tipo de pesquisa
O presente estudo possui abordagem qualitativa, do tipo Revisão Integrativa da Literatura (RIL). Segundo Mendes et. al (2008) a RIL é uma síntese de pesquisa com visão holística aplicada em estudo, caracterizada como uma compactação de análises sobre um ou mais objetos de pesquisa, incorporada por conceitos gerais e específicos de determinadas temáticas que visam acrescentar conhecimentos de estudos e embasamentos significativos para a prática.
Composta por fases, a RIL inicia com a identificação do tema e escolha da hipótese que será dissertada como primeira etapa, logo após se estabelecem critérios para inclusão ou exclusão de estudos, segue-se para a terceira fase na qual é definido o tipo de categoria de seleção dos estudos que foram pesquisados, como quarta fase foram avaliados os estudos incluídos nesta RIL que são interpretados na quinta fase e apresentados na sexta (SOUSA, 2020).
Para Mendes et. al (2008) esse é um método de estudo ímpar para os profissionais de enfermagem, pois muitos, devido sua rotina de trabalho, não apresentam tempo suficiente para realizar uma grande quantidade de estudos disponíveis assim como suas análises, logo a RIL possibilita a sintetização de vários estudos de uma determinada temática possibilitando conclusões gerais a respeito de uma área particular de estudo. Para tanto, assim como Sousa (2020), Mendes et. al (2008) apresenta um fluxograma dos componentes da RIL para sintetizar suas fases. No total são seis etapas:
-
Identificação do tema e seleção das hipóteses ou questão de pesquisa: é nessa fase que ocorre a definição do tema, a questão norteadora da pesquisa, objetivos, palavras-chave e as temáticas entorno do conhecimento clínico a ser estudado.
-
Amostragem ou busca na literatura: nessa fase ocorre o estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão dos estudos, uso da base de dados e a seleção dos estudos para a fundamentação da pesquisa.
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Categorização dos estudos: nessa fase ocorre a extração e definição das informações adquiridas, organizá-las e formar o banco de dados da pesquisa.
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Avaliação dos estudos incluídos na revisão: ocorre nessa fase a análise crítica dos dados resultantes da pesquisa.
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Interpretação dos resultados: é a fase que aponta a discussão dos dados da pesquisa, propostas e sugestões para futuros estudos.
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Síntese do conhecimento ou apresentação da revisão: última fase da RIL, onde o pesquisador realiza um resumo das evidências disponíveis, e criar um documento detalhado sobre a revisão dos dados, ou seja, é a etapa das conclusões sobre tudo que foi estudado e seus processos.
5.2. Bases de dados e descritores
A pesquisa foi realizada nas seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), base de dados da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine (MEDLINE) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Para seleção dos artigos foram utilizados os seguintes descritores (DeCS): Depressão, Idoso, Enfermagem.
5.3. Critérios de inclusão e exclusão
Os critérios de inclusão foram: Artigos originais, na íntegra, gratuitos, na língua portuguesa compatíveis para responder a questão norteadora e abordar a temática proposta. Foram utilizados artigos dos últimos cinco anos (2017-2021).
Os critérios de exclusão adotados foram: Artigos incompletos, estudos de revisão, de revistas não indexadas, que não respondam à questão norteadora e nem abordem a temática proposta, em língua estrangeira e fora do limite de cinco anos.
5.4. Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada seguindo instrumento proposto por Ursi (2005) disponibilizada no anexo A, o qual foi adaptado de acordo com as necessidades dos autores. Esse instrumento de coleta serviu para nortear e organizar as ideias que foram explanadas quanto à identificação de artigos originais, características metodológicas de estudos, avaliação do rigor metodológico, das intervenções mensuradas e dos resultados encontrados (URSI, 2005).
5.5. Análise de dados
O método que é utilizado para análise é a Análise de Conteúdo de Laurence Bardin (2016) que tem as seguintes fases para a sua condução: organização da análise; codificação; categorização; tratamento dos resultados, inferência e a interpretação dos resultados.
A fase organização da análise se subdivide em pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados em bruto e interpretação desses resultados. Com o material de estudo preparado, o analista realiza a codificação antes da categorização. Ao codificar, o pesquisador transforma os dados brutos do texto em uma representação do conteúdo do que foi estudado no corpus, obtendo também neste trabalho as características das mensagens que podem ser escritas ou verbais (BARDIN, 2016).
Feita a codificação das unidades de registro e das unidades de contexto, agora, o analista precisa classificar o conjunto de recortes ou elementos relativamente dispersos selecionados nas etapas anteriores, mas só classificar não permite a realização da análise, para obter resultados o pesquisador deve reagrupar os sintagmas por analogia, atentando para os seguintes critérios (BARDIN, 2016, p. 145):
Semântico (categorias temáticas), sintático (os verbos e os adjetivos), léxico (classificação das palavras segundo o seu sentido, com emparelhamento dos sinônimos e dos sentidos próximos) e expressivo (classificam as diversas perturbações da linguagem).
A última parte desse percurso teórico é a interpretação dos resultados feita na Análise de Conteúdo por meio da inferência, que para Bardin (2016, p. 41) “é a operação lógica, pela qual se admite uma proposição em virtude da sua ligação com outras proposições já aceitas como verdadeiras". Nessa etapa, o auto/pesquisador precisa ter pleno domínio sobre o referencial teórico estudado e as hipóteses claramente definidas anteriormente tenham permitido os achados com o referencial estudado. Ou seja, o analista precisa dominar as orientações teóricas da Análise de Conteúdo, agora com relação ao olhar, no sentido de obter as respostas que precisa diante dos problemas que a metodologia está apta a responder (MARQUES, 2016).
5.6. Aspectos éticos
Considerando que este estudo se trata de uma Revisão Integrativa da Literatura, não foi necessária a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Contudo, os aspectos éticos foram respeitados, garantindo aos autores dos artigos científicos a total autonomia e referenciando os autores conforme as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
6. RESULTADOS
Esta pesquisa foi produzida a partir de estudos postados nas bases de dados da Scientific Eletronic Library Online (SCiELO), 532; National Library of Medicine (MEDLINE), 574; Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), 38 e em Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), 05.
Com a leitura dos resumos ficaram 153 artigos da SCIELO; 83 artigos da MEDLINE, 09 da LILACS e 03 da BVV.
Com a leitura dos artigos na íntegra (completos) restaram 12 artigos da SCIELO, 04 artigos da MEDLINE, 05 artigos da LILACS e 01 artigo da BVS.
Com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 04 artigos da SCIELO; 01 artigo da LILACS; 01 artigo da BVS e 01 artigo da MEDLINE, de acordo com o fluxograma abaixo.
Fonte: Coleta de Dados (2017-2021)
A seguir apresentam-se os resumos dos 07 artigos foram selecionados para a análise nesta RIL: 04 artigos Scielo, 01 LILACS, 01 artigo MEDLINE, e 01 BVS, conforme quadro nº. 01.
Quadro nº. 01 – Apresentação da síntese dos artigos incluídos nesta RIL
ORD. |
IDENTIFICAÇÃO DO ESTUDO |
AUTORES |
FONTES DE INFORMAÇÂO |
PERIÓDICOS |
ANO |
E1 |
Diagnóstico de enfermagem regulação do humor prejudicada e sintomas depressivos em pessoas idosas institucionalizadas. |
BRITO, F.M. et. al. |
BVS |
Revista de Saúde |
2021 |
E2 |
Doenças Crônicas não Transmissíveis e Fatores Sociodemográficos associados a sintomas de depressão em idosos. |
SILVA, A.R. et. al. |
SciELO |
J. Brasileira de Psiquiatria |
2017 |
E3 |
Multimorbidade, depressão e qualidade de vida em idosos atendidos pela Estratégia de Saúde da Família. |
AMARAL, T.L.M. et. al. |
SciELO |
Ciência & Saúde Coletiva |
2018 |
E4 |
Associações entre estresse, sintomas depressivos e insônia em idosos. |
IROLDI, G.F. et. al. |
SciELO |
J. Brasileira de Psiquiatria |
2020 |
E5 |
Sintomatologia Depressiva pode alterar o estilo de vida dos idosos. |
VALADARES, F. et. al. |
MEDLINE |
Motricidade |
2019 |
E6 |
Fatores associados à independência de comunicação entre idosos da comunidade. |
TAVARES, M.M. et. al. |
SciELO |
Revista de Enfermagem UEPJ. |
2020 |
E7 |
Prevalência de sintomas depressivos em idosos atendidos em unidades de saúde da família |
BESPALHUK, K.T et. al. |
LILACS |
Revista de Enfermagem da UFSM |
2021 |
Fonte: Coleta de Dados (2017-2021)
No elenco dos artigos analisados para esta pesquisa de RIL 01 artigo foi publicado em 2017 (E2); 01 em 2018 (E3); 01 em 2019 (E5); 02 em 2020 (E4, E6) e 02 em 2021 (E1, E7). Todos os estudos selecionados para análise estão inseridos no recorte temporal de 5 anos, considerando que este estudo analisou os artigos de 2017- 2021.
Os artigos utilizados foram publicados em diferentes periódicos, identificou-se que a maior parte deles, 04 estudos foram publicados no SCIELO (E2, E3, E4, E6); 01 na BVS (E1); 01 na MEDLINE (E5) e; 01 na LILACS (E7). Esses 07 sete artigos do ponto de vista metodológico foram analisados a partir do quadro nº. 02, a seguir exibido.
Quadro 02 – Metodologia empregada nos artigos selecionados no Quadro nº. 01.
ORD. |
METODOLOGIA |
E1 |
Pesquisa quantitativa; estudo de campo realizado em Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), localizada em João Pessoa – PB. Os participantes foram 35 pessoas idosas. |
E2 |
Pesquisa quantitativa; estudo de campo em unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF), localizada em Porto Alegre – RS. Os participantes foram 1.391 idosos entre 60 e 105 anos. |
E3 |
Pesquisa quantitativa; estudo realizado em ESF, localizada no município de Guiomard – AC. Os participantes foram 264 submetidos à avaliação. |
E4 |
Pesquisa quantitativa; estudo de campo em ESF, localizada em São Carlos – SP. Os participantes foram 341 idosos. |
E5 |
Pesquisa quantitativa; estudo em campo realizado no Centro de Convivência da Terceira Idade, localizado em Vitória – ES. Os participantes foram 75 pessoas idosas com idade maior que 70 anos. |
E6 |
Pesquisa quantitativa e qualitativa; estudo de campo realizado em ESF, em Uberaba – MG. Os participantes foram 808 idosos da área urbana de Uberaba. |
E7 |
Pesquisa quantitativa; estudo realizado em ESF, em Tanguará da Serra – MT. Os participantes foram 557 idosos com idade entre 60 e 80 anos. |
Fonte: Coleta de Dados (2017-2021).
Em análise ao Quadro nº. 02, observa-se que os 07 artigos publicados e selecionados para análise nesta RIL se referem às pessoas idosas que apresentam depressão e tratam sobre a atuação do profissional enfermeiro nesse contexto.
Os estudos selecionados correspondem a estudos realizados nas regiões Nordeste (01: E1), Norte (01: E3), Sul (01: E2), Sudeste (03: E4, E5, E6) e Centro Oeste (01: E7).
Os estudos (E2, E3, E4, E6 e E7) supracitados no Quadro nº. 02 foram realizados em Unidades de Estratégias da Família; o E1 teve como cenário da pesquisa uma ILPI e o E5 em um Centro de Convivência da Terceira Idade. No que concerne à abordagem da pesquisa, os E1, E2, E3, E4, E5 e E7 foram de abordagem quantitativa, apenas o E6 foi de abordagem mista, isto é, qualitativa e quantitativa.
7. DISCUSSÃO
Revisar literaturas relacionadas à depressão em idosos e a atuação da enfermagem nesta problemática torna-se um desafio, pois dentre os vários fatores e cuidados existem inúmeros tópicos a serem avaliados, haja vista que o idoso é um indivíduo que necessita de bastante atenção seja na assistência de saúde pública e/ou privada, seja em serviços médicos de saúde privada. O idoso também tem grande necessidade de compreensão dos seus processos pela família, sociedade e principalmente por si mesmo. O grande desafio nesta RIL foi encontrar estudos dentro do perfil compatível para a seleção e análise.
Em conformidade com a análise e a complexidade dos artigos científicos trazidos para estudo de RIL surgiram duas categorias de resultados que permitiram uma melhor apresentação das evidências científicas sobre o papel do profissional em enfermagem na depressão em pessoas idosas
Categoria 1 -– Assistência do profissional enfermeiro em saúde mental às pessoas idosas
A atuação do enfermeiro é um diferencial relevante no tratamento do idoso com depressão, sobretudo quando este profissional cria uma relação de proximidade e confiança com o paciente ao estabelecer uma comunicação fácil e comprometida com a eficácia do tratamento, embora se saiba que as limitações e dificuldades encontradas nos serviços de saúde muitas vezes não são superadas pelo enfermeiro, mas independentemente disto o contato com o idoso é indispensável e a partir dos contatos se criam vínculos estreitos e fortes que estimulam o paciente a encarar (E2, E6, E1).
No âmbito da enfermagem, a comunicação é uma estratégia essencial na atenção à saúde da população idosa, pois confere segurança e confiança do indivíduo ao profissional, para que exponha suas necessidades, fomentando, então, uma interação positiva entre o ser cuidado e o enfermeiro. Dessa forma, faz-se necessária a busca do conhecimento acerca da temática para direcionar o uso da comunicação nas diversas situações do cuidar (E6, E1).
A comunicação desempenha um papel central nas relações do indivíduo com o meio em que está inserido, constituindo-se um fator decisivo para a independência, autonomia e bem-estar dos idosos. No âmbito da Enfermagem, a comunicação é uma estratégia essencial na atenção à saúde da população idosa, pois confere segurança e confiança do indivíduo ao profissional, para que exponha suas necessidades, fomentando, então, uma interação positiva entre o ser cuidado e o enfermeiro (E6).
Dessa forma, faz-se necessária a busca do conhecimento acerca da temática para direcionar o enfermeiro que trabalha com pacientes geriátricos que estão sob tratamento para depressão, embora se saiba que nem sempre há preparo acadêmico adequado durante a formação do enfermeiro que acaba se deparando com limitações para prestar assistência ao idoso em tratamento para depressão (E1, E6).
O esperado do profissional enfermeiro é que o atendimento realizado por ele à pessoa com depressão seja interativo e capaz de atender às demandas inerentes ao tratamento do idoso, apesar das lacunas existentes na formação do profissional de enfermagem nesse sentido sempre há alguma maneira do enfermeiro corroborar para que o paciente idoso com depressão tenha tratamento de qualidade (E6, E4).
O cuidado dispnibilizado pelo profissional enfermeiro ao paciente com depressão deve ser realizado de forma que o mesmo passe a conhecer o individuo em sua totalidade e através dessa interação, passe a oferecer cuidados de qualidade de maneira a conhecer e dar a devida importância aos seus anseios e questões, buscando sempre ouvir e buscar entender a posição de cada paciente (E6).
A falta de conhecimento também é um aspecto que contribui negativamente para a recuperação do paciente e sua reinserção na sociedade, é necessária uma maior qualificação do enfermeiro nessa área, já que a maior parte dos profissionais não apresenta conhecimento suficiente sobre saúde mental e depressão, déficit este que pode ter o acompanhado desde a graduação e por falta de cursos ou preparação ainda não se consegue sanar essa deficiência (E6, E2).
Ademais, outro fator relevante que precisa estar em constante avaliação são os atendimentos desprovidos de qualidade, não humanizado a que todos têm direito, principalmente pelo enfermeiro que tem contato maior com o paciente (E6). As dificuldades em melhor atender o idoso devem ser minimizadas com supervisão do enfermeiro que deve estar orientar quanto à administração correta da medicação e sobre as condutas (de acordo com o perfil de cada paciente) que possam agregar qualidade de vida à pessoa idosa (E5).
Categoria 2 – As características depressivas em idosos como possíveis agravantes identificados na 3ª idade
O envelhecimento compreende um processo em que o organismo humano passa por diversas mudanças fisiológicas que proporcionam uma redução natural de determinadas capacidades do corpo, as quais são fortemente diferenciadas de acordo com as condições de vida (E3). Neste processo, podem surgir diversas condições crônicas que se caracterizam pelo início gradual de prognóstico usualmente incerto e com longa duração, podendo culminar em possíveis incapacidades (E3).
Sentir solidão pode ser um indicativo de depressão na pessoa idosa, por isso esse quadro interfere no estado de saúde global do paciente idoso, isto porque a inexistência de bem-estar mental interfere não apenas na mente, na regulação do humor, mas também no corpo que recebe comandos de diferentes áreas do cérebro (E1). É oportuno destacar que a solidão provoca variações no humor do idoso, suscitando tendências depressivas que se caracterizam por alterações no padrão do sono e isolamento social, pois predomina um estado de intensa apatia (E1).
No que se refere aos aspectos emocionais, a dificuldade em dormir pode estar diretamente correlacionada ao desenvolvimento de psicopatologias, um fato preocupante é que o sono é uma necessidade humana fundamental que influencia no bem-estar e na qualidade de vida do indivíduo (E4, E1). Entre os idosos há frequente queixas relacionadas à dificuldade para dormir, aumento do período para o início do sono, despertares noturnos e sonolência diurna, esses fatores sinalizam para a necessidade de uma melhor qualidade de vida, pois podem evoluir com o surgimento da depressão no idoso (E4).
A dificuldade do idoso em dormir pode desenvolver ansiedade e estresse, irritabilidade, impaciência e indisponibilidade, agressividade, distrações e apatia, bem como situações de desconforto, dificuldade de interação, tristeza, isolamento e falta de ânimo e de energia, também em pacientes institucionalizados e naqueles atendidos em unidades ESF (E4, E5, E1, E3).
A adoção de um estilo de vida ativa proporciona diversos benefícios à saúde do idoso, uma vez que parece ser um importante componente para agregar qualidade de vida e dar independência funcional ao idoso, para que este seja capaz de restabelecer o humor e a qualidade do sono, a apatia e reduzir os momentos depressivos (E5). O padrão alimentar do idoso em processo depressivo tende ser reduzido, o que pode causar anemia e outras patologias em médio e longo prazo, tudo em decorrência da depressão, mas a enfermagem pode auxiliar nesse aspecto (E5, E6, E7).
Há alta prevalência de quadro depressivo crônico em idosos devido a diferentes fatores, entre estes esta a morte do cônjuge, filhos, parentes e amigos, a inexistência de perspectiva para o futuro, aposentadoria o ócio, as limitações trazidas pela idade, solidão e até mesmo diante de diagnósticos de patologias nos idosos ou em pessoas que lhes são caras (E6). A falta de uma vida produtiva pode ser o ponto de partida para o idoso desenvolver um quadro depressivo inerente também a condições estressoras, ansiedade e falta de motivação, também presentes (E2, E4).
O aumento da expectativa de vida tem como consequência a convivência cada vez mais frequente com doenças crônicas, o que acarreta um aumento de multimorbidade entre pessoas idosas, condição esta que leva ao incremento da utilização de serviços de saúde, incapacidades físicas e funcionais e piora da qualidade de vida (E3, E5).
O processo de institucionalização também contribui para alterações no humor, sendo caracterizado no processo de depressão, o que corrobora também para o aumento da fragilidade em pessoas idosas. Ademais, destaca-se que uma vez institucionalizadas, as pessoas idosas começam a vivenciar situações que contribuem para uma maior vulnerabilidade aos transtornos depressivos, comumente caracterizados por fatores como mudança brusca e repentina no estilo de vida, confinamento, isolamento social e familiar (E1, E7).
Por fim, chama-se atenção para o fato de multimorbidade associada à idade avançada e ao sexo feminino. Destaca-se como consequência negativa o declínio funcional e incapacidades, diminuição da qualidade de vida aumento da demanda por serviços, custos com a saúde e o aumento do risco de mortalidade, o que representa um grave problema de saúde pública (E7).
8. CONCLUSÃO
A forma de lidar com a velhice, a carga de memórias e a mudança de função na sociedade torna o processo de aceitação do envelhecimento mais dificultoso, influenciando o idoso a ser introspectivo, com a irritabilidade mais sensível e mais vulnerável a patologias oportunistas, quando é possível contar com a atuação do profissional de enfermagem no momento do atendimento por equipe multiprofissional de saúde.
Neste estudo foi realizada uma RIL, cujo objetivo geral é analisar as evidências científicas sobre atuação da enfermagem na depressão em idosos e responder a questão norteadora que busca conhecer quais as evidências científicas sobre atuação da enfermagem na depressão em idosos?
O diagnóstico de enfermagem é relevante para destacar que a solidão e a ansiedade são influenciadoras para oscilação de humor em pessoas idosas e tendem a evoluir para episódios depressivos que comprometem a qualidade de vida dessa população. Nesse sentido, foi possível observar que entre os idosos as mulheres estão mais vulneráveis à depressão.
Embora a atuação dos profissionais enfermeiros no diagnóstico da depressão, a principal limitação desta RIL foi reunir artigos que com o perfil para integrar o elenco de estudos compatíveis a serem selecionados e analisados, isto é, o perfil compatível deveria ser artigos inseridos no recorte temporal de 5 anos (2017 a 2021), que discutisse a atuação do enfermeiro no atendimento de pessoas idosas com diagnóstico de depressão feito inicialmente pela enfermagem.
As interpretações registradas ao longo deste estudo evidenciam que o profissional de enfermagem quando se trata da assistência prestada a idosos em tratamento para depressão tem relevante papel a cumprir, haja vista que o referido profissional possui uma visão sensível e humanizada sobre a patologia, pois no atendimento há cuidados planejados para o atendimento do idoso, que pode ser restabelecido e viver sem os incômodos limitadores da patologia em destaque.
No presente estudo se constatou a importância da atuação do profissional de enfermagem na assistência a pessoas idosas com depressão ou com características da mesma, que são evidenciadas na 3ª idade. Observou-se na exploração de conteúdos literários que a depressão possui grande abrangência em idosos, por isso, a enfermagem tem íntima ligação com o bem-estar mental, que é uma das doenças mais prevalente na fase de vida idosa.
Portanto, as interpretações contidas nesta revisão nortearão o profissional de enfermagem diante de um quadro de depressão geriátrica, que evoluem em apatia, falta de interesse por coisas que antes eram feitas pelo idoso, marcha lenta, improdutividade, fadiga e cansaço a pequenos esforços, por isso o idoso merece toda a atenção necessária.
Nesse contexto, retoma-se o objetivo geral (analisar as evidências científicas sobre atuação da enfermagem na depressão em idosos) e registrasse que é possível considerar que o objetivo geral foi alcançado. Quanto à questão norteadora definida na introdução (Quais as evidências científicas sobre atuação da enfermagem na depressão em idosos?).
Em resposta, a partir da análise do conteúdo dos artigos selecionados e considerando a efetividade da assistência de enfermagem ancorada em preceitos científicos, ou seja, na North American Nursing Diagnosis Association Internacional (NANDA-I, 2018-2020), que reúne diagnósticos de enfermagem possíveis de serem identificados no manejo de pacientes com sintomas depressivos fica evidente a atuação positiva da enfermagem na depressão em idosos, portanto, com a análise dos 07 estudos se tornou possível responder a questão norteadora.
Em se tratando da contribuição deste estudo, quem mais se beneficiará com a pesquisa serão os discentes do curso de Enfermagem, pois são poucos os artigos sobre a temática disponível, sendo que novas propostas de trabalho com a temática discutida neste estudo poderão pensar na possibilidade de desenvolver uma pesquisa original de abordagem quantitativa e qualitativa.
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Por Mateus Lemuel Favacho Silva
Patrick Matos de Oliveira
Thalles Emanuel Amaral Souza
Publicado por: Mateus Lemuel Favacho Silva
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