Webquest: um novo fazer pedagógico

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1. RESUMO

O presente trabalho visa analisar a utilização da metodologia WebQuest como estratégia inovadora capaz de fomentar a aprendizagem colaborativa e integrar às novas tecnologias à prática pedagógica objetivando investigar sua eficácia no processo de aprendizagem. A pretensão desta análise é propor ao professor uma mudança de postura em seu fazer pedagógico com a utilização de estratégias didáticas que façam uso efetivamente das diversas mídias e, em especial a Internet e seu potencial educativo tornando o ato de ensinar um fazer prazeroso. Para este trabalho, além da pesquisa bibliográfica em meios físicos e virtuais foi inclusa uma pesquisa de campo na Escola Presidente Costa e Silva – Chã de Alegria – PE, com 02 (dois) professores e uma turma do 1º Ano do Ensino Médio quando da elaboração e aplicação da WebQuest. Esta metodologia baseia-se na análise de dados mediante uma abordagem qualitativa, fundamentando-se em vários autores que desenvolvem pesquisas relacionadas ao uso da metodologia WebQuest na prática pedagógica.

Palavras-chave: Práticas inovadoras; Novas tecnologias; WebQuest; Aprendizagem

2. INTRODUÇÃO

Educar na era da tecnologia da informação, também conhecida como sociedade do conhecimento, requer do professor uma nova postura, um papel novo: de detentor do conhecimento a facilitador do processo ensino-aprendizagem, pois estamos diante de um novo aluno, de um público filho de uma geração considerada “geração.com”, pois, de acordo com March (1998) a internet permeia seu dia a dia e dita as suas referências.

Nesse novo momento, o educador, com o intuito de agregar ao currículo escolar o poder motivador dos recursos da internet e de criar estratégias capazes de atrair a atenção de seu aluno, busca conhecer de perto outras formas de ensinar, outros métodos que agreguem à sua prática o espaço de autonomia do aluno na construção do conhecimento e que enriqueça cada vez mais o processo de ensino/aprendizagem.

Assim, surge a proposta de trabalho com a metodologia WebQuest, baseada na pesquisa orientada com a proposição de atividades e de desafios motivadores que vão muito além da simples absorção da informação. Como metodologia bem estruturada, a WebQuest busca fomentar a aprendizagem colaborativa através do trabalho em grupos, desenvolver o espírito crítico e integrar a tecnologia, em especial o potencial educativo da Web, numa perspectiva construtivista da aprendizagem.

Com a intenção de incentivar a cultura de práticas pedagógicas inovadoras capazes de dar sentido ao uso efetivo das diversas mídias disponíveis na escola e em especial às que compõem o laboratório de Informática, propomos aos professores da Escola Estadual Presidente Costa e Silva – Chã de Alegria – PE, o trabalho de elaboração e aplicação de Webquest objetivando investigar que contribuição esta metodologia é capaz de provocar na aprendizagem de alunos do Ensino Médio e que significância esta estratégia de trabalho surte no planejamento didático do professor. A relevância do tema proposto encontra-se justamente na constante busca no meio pedagógico, por ações ou estratégias capazes de contribuir de forma positiva com um ensino de qualidade gerador de uma aprendizagem significativa.

Portanto, diante das inúmeras práticas consideradas inovadoras e pensadas para facilitar o fazer pedagógico com o uso das novas tecnologias, a metodologia WebQuest surge propondo estratégias diferenciadas e construídas com base na perspectiva construtivista. Assim, coloca-se como problema de pesquisa, a seguinte questão: qual a contribuição da WebQuest como estratégia didática no processo ensino aprendizagem?

Para tentar responder a essa questão, foi necessário realizar um desdobramento da questão central e elaborar algumas perguntas de pesquisa: a WebQuest busca promover a aprendizagem colaborativa, desenvolve o espírito crítico dos alunos e propõe a integração das mais variadas tecnologias ao currículo escolar? Como metodologia, a WebQuest apresenta atividades autênticas, desafiadoras e motivadoras e, por esta razão, facilita o processo ensino aprendizagem? Para o trabalho com WebQuest faz-se necessário um planejamento criterioso do professor no sentido das propostas de atividades intelectuais que se pretende que o aluno desenvolva, dentre elas, levar o aluno a pensar, a raciocinar e a usar a informação na resolução de problemas?

Para fins desse estudo colocamos como objetivo geral investigar a eficácia da metodologia WebQuest através da observação da experiência desenvolvida com um grupo de professores da rede estadual da Escola Presidente Costa e Silva – Chã de Alegria – PE. Especificamente pretendemos resgatar as concepções acerca de WebQuest e sua instrumentalização no âmbito escolar; apresentar um relato de experiência com WebQuest vivenciada com professores de escola pública da Gerência Regional Mata Centro; analisar o processo de construção e aplicabilidade da WebQuest no fazer pedagógico; verificar o entendimento dos professores sobre a presença de práticas inovadoras na utilização de novas tecnologias.

Os procedimentos metodológicos utilizados para este estudo teve como base a pesquisa bibliográfica nos meios físicos (livros, revistas etc.) e virtuais (publicações da Web) para se ter maior embasamento teórico a respeito da temática e ainda a pesquisa experimental por se tratar de um estudo de caso que analisou o uso da metodologia Webquest com 02 (dois) professores da Escola Estadual Presidente Costa e Silva – Chã de Alegria – PE e seus respectivos alunos do Ensino Médio. A Escola Estadual Presidente Costa e Silva é composta por 708 (setecentos e oito) alunos do Ensino Médio e 12 (doze) professores. Estes alunos são oriundos da zona rural do município de Chã de Alegria, distante 53 (cinquenta e três) quilômetros de Recife, capital do estado de Pernambuco.

Para realizar a pesquisa estabelecemos 03 (três) etapas: 1- Apresentação da metodologia Webquest para os professores (oficina na própria escola); 2 - Planejamento e elaboração das Webquest pelos professores (acompanhamento); 3 - Aplicação em sala (Observação).

Como instrumento de coleta de dados foram utilizados a observação assistida, o registro da prática através de fotos, entrevistas e questionários com os envolvidos. Para análise e interpretação levamos em consideração os seguintes aspectos: o contexto social dos alunos e professores, a participação dos alunos, o grau de compreensão da temática e a dinâmica utilizada para a proposta. Nesta perspectiva, nosso estudo foi permeado pela pesquisa qualitativa por apontar para o âmbito social com abordagens educacionais.

Para uma melhor compreensão da sequência lógica do trabalho, considerando os objetivos propostos, esse estudo foi dividido em três capítulos assim distribuídos: 1. Marco Teórico - apresenta as concepções acerca da metodologia WebQuest e sua instrumentalização no âmbito escolar; 2. WebQuest – um Estudo de Caso - relata a experiência vivenciada com professores da Escola Estadual Presidente Costa e Silva; 3. Resultados de uma experiência – analisa o processo de construção e aplicação da metodologia WebQuest no fazer pedagógico, e examina o entendimento dos professores sobre a presença de práticas inovadoras na utilização de novas tecnologias.

3. MARCO TEÓRICO

O embasamento teórico para este trabalho foi construído com base em pensamentos e ideias de autores que, inquietos com a inércia da escola diante das novas tecnologias, propõem leituras sobre esta nova realidade. Como tão bem diz Moran (2008,p.17), “a educação com a chegada das novas tecnologias deve mudar efetivamente e não mudar mais os equipamentos do que os procedimentos”. Para que essa mudança ocorra efetivamente, se faz necessário que o pontapé inicial surja por parte dos professores no sentido de oferecer a seus alunos os caminhos deste novo modelo de aprender. Partindo deste desejo, procura-se novas estratégias e práticas capazes de promover essa tão sonhada mudança.

Não há como prever quais serão os conhecimentos necessários para viver em sociedade e inserir-se ao mundo do trabalho daqui a alguns anos se olharmos atentamente para o rol das mudanças tecnológicas, sociais, culturais e científicas que nos cercam.

O maior desafio de nossas escolas hoje é formar nossos alunos para a cidadania plena e responsável, que sejam autônomos na busca e seleção de informações e na construção de seu conhecimento e tudo isso ultrapassa, evidentemente o fato do aluno ter acesso a informações, mas sim saber buscá-las em diferentes fontes e mais ainda saber transformá-las em conhecimentos e assim compreendendo o mundo atual na transformação de seu contexto.

A inserção das novas tecnologias na educação necessita de um olhar mais abrangente, capaz de enxergar que nesse processo, o envolvimento de novas práticas, novas estratégias de ensino condizentes com a sociedade tecnológica é um desejo de todos envolvidos em educação. Neste contexto, compreender as potencialidades inerentes a cada tecnologia e suas contribuições para o fazer pedagógico poderá trazer grandes avanços a mudança na escola e ainda ampliar o seu papel diante da sociedade.

Com base nesta mudança visível de nossa sociedade que implica na mudança de papel da escola, é sabido que a prática pedagógica tenha necessidade de se adaptar a nova realidade. “Mudar as formas de aprender dos alunos requer também mudar as formas de ensinar de seus professores. Por isso, a nova cultura da aprendizagem exige um novo perfil de aluno e de professor, exige novas funções discentes e docentes, as quais só se tornarão possíveis se houver uma mudança de mentalidade, uma mudança nas concepções profundamente arraigadas de uns e de outros sobre a aprendizagem e o ensino para encarar essa nova cultura da aprendizagem (Pozo e Pérez Echeverría, 2001, pág.50) daí a necessidade da busca de estratégias que promovam essas mudanças no cotidiano escolar.

Uma das mais difundidas idéia de inovação de prática pedagógica é o trabalho baseado em projeto..A pedagogia de projeto que surge com a intenção de ampliar horizontes no cenário escolar quando propõe ações que integram as diversas mídias e conteúdos curriculares numa perspectiva de aprendizagem CONSTRUCIONISTA, tende a esclarecer nossas dúvidas quanto a aprendizagem colaborativa. Segundo Valente (1999, p.144), o construcionismo “significa a construção de conhecimento baseada na realização concreta de uma ação que produz um produto palpável (um artigo, um projeto, um objeto) de interesse pessoal de quem produz” Este pensamento é seguido por Prado (2003, p.2) “na pedagogia de projetos, o aluno aprende no processo de produzir, de levantar dúvidas, de pesquisar e de criar relações, que incentivam novas buscas, descobertas, compreensões e reconstruções de conhecimento. E, portanto, o papel do professor deixa de ser aquele que ensina por meio da transmissão de informações – que tem como centro do processo a atuação do professor –, para criar situações de aprendizagem cujo foco incide sobre as relações que se estabelecem neste processo, cabendo ao professor realizar as mediações necessárias para que o aluno possa encontrar sentido naquilo que está aprendendo, a partir das relações criadas nessas situações”. Vislumbra-se neste cenário, o surgimento da aprendizagem significativa com base no incentivo do professor ao aluno e em seu papel mediado pelas tecnologias.

Na pedagogia de projeto há espaço para várias práticas e entre elas surge a metodologia Webquest, pensada com o intuito de propor desafios ou tarefas desafiadoras aos alunos que os levem a criarem estratégias de solução para tais desafios. Por esta razão classificamos esta metodologia como um novo fazer pedagógico, uma proposta inovadora capaz de tornar as aulas mais dinâmicas, com ações mais ousadas e assim atraentes aos alunos.

3.1. Webquest: prática pedagógica construtivista

A WebQuest está intimamente ligada à teoria construtivista. Autores fazem esse paralelo apontando indícios dessa teoria e chamando nossa atenção para a elaboração da proposta.

A base construtivista é vista no momento em que a Webquest, como metodologia de pesquisa direcionada, apresenta estratégias capazes de instigar o aluno a encontrar soluções para desafios propostos pelo professor, pois, segundo Piaget:

Construtivismo é um equilíbrio por auto regulações que permite remediar as incoerências momentâneas, resolver os problemas superar as crises ou os desequilíbrios por elaborações constante de novas estruturas que a escola pode ignorar ou favorecer, segundo os métodos empregados. (PIAGET, 1998, p.49).

Essa afirmação nos reporta a idéia de reconhecer na metodologia WebQuest um novo fazer pedagógico, uma metodologia privilegiada no ponto de vista de está baseada no construtivismo e ainda nascer da base de aprendizagem por projetos.

3.2. WEBQUEST – uma metodologia inovadora

Esta metodologia de pesquisa na Internet foi proposta por Bernie Dodge em 1995 e visa “dimensionar usos educacionais da Web, com fundamento em aprendizagem cooperativa e processos investigativos na construção do saber”. (Fonte: http://www.webquest.futuro.usp.br/).Dodge a define assim:
"Webquest é uma atividade investigativa, em que alguma ou toda a informação com que os alunos interagem provém da Internet." Em geral, uma webquest é elaborada pelo professor, para ser solucionada pelos alunos, reunidos em grupos.

Segundo Viseu e Carvalho (2003, p.519), as WebQuests são "como que um desafio que se coloca aos alunos que para o resolverem, transformam a informação disponibilizada num produto final e comunicam aos outros colegas".Assim, para além das características já mencionadas, podem ainda “constituir um desafio colaborativo não só para quem as concebe mas também para quem as resolve”(Carvalho,2002:145).

Para Tom March (2000) uma boa Webquest deve apresentar três importantes qualidades,designadas os três R’s: Real, Rica e Relevante (“Real, Rich and Relevant”).

Para este autor, quando um professor constrói uma WebQuest deve formular as seguintes questões:

1. Real – será que o tema que estão a tratar está de algum modo ligado à realidade? A tarefa que lhes é solicitada é uma atividade artificial só com sentido dentro do ambiente de uma sala de aula ou, pelo contrário, tem a ver com situações da vida real que podem encontrar num emprego?

2. Rica – fornece um contexto que muitas vezes se perde nas aulas tradicionais e nos textos?

3. Relevante – aqui o professor terá que ser cuidadoso na forma de abordar um assunto, procurando sempre introduzi-lo pelo lado que mais pode interessar aos alunos.

Segundo seu criador, a Webquest poderá ser: curta quando criada com objetivos a serem alcançados dentro de atividades propostas para uma ou três aulas e longa quando estes são pensados para serem atingidos em um espaço de tempo maior o que requer semanas ou até um mês de trabalho. Sua estrutura é composta de: introdução, tarefas ou desafios, processo, recursos, avaliação e conclusão.

1- Uma introdução que prepare o "palco" e forneça algumas informações de fundo, crie um cenário a ser visitado e vivenciado pelos alunos:

2. Tarefas ou desafios motivadores e instigantes;

3- Em recursos deverão aparecer todos os sites, fontes de pesquisas sejam elas na Web ou fora dela;

4- O processo discrimina as etapas a serem seguidas para o desenvolvimento das tarefas;

5- No tópico avaliação deverão ser elencados os indicadores a serem avaliados de acordo com cada atividade proposta e seus objetivos chamando a atenção dos alunos para sua auto-avaliarão com base nos descritores ou indicadores citados.

6- Na conclusão o professor fará uma fala encerrando a investigação, mostrando o que eles aprenderam e instigando-os a seguir a pesquisa.

3.3. WebQuest: ferramenta pedagógica para o professor.

Sob o olhar do professor, essa nova metodologia traduz seu desejo de inovar motivando seu aluno e redirecionando ações que caracterize a construção do conhecimento sob o prisma do construtivismo ao mesmo tempo em que aponta o professor como responsável em mediar esse processo oportunizando através das tarefas propostas pela Webquest.

Pelo fato da metodologia Webquest prezar pela aquisição de conhecimento através de um processo evolutivo onde a capacidade de análise e síntese é estimulada percebe-se com clareza que ela despreza a tradicional memorização de informação e ainda potencializa o usa da imaginação quando propõe desafios a serem solucionados. Por este ângulo pode-se afirmar que esta metodologia é de fato uma boa solução de apoio ao processo de ensino aprendizagem.

Outro ponto relevante a ser citado é o fato de estarmos diante de um recurso focado no aluno e por esta razão buscar respaldo nas teorias do construtivismo e da motivação o que explica a reação de nossos alunos diante desta metodologia. Seu interesse, sua curiosidade partem justamente do fator provocação realizado propositalmente quando da elaboração dos desafios.

3.4. Webquest: oportunidades para o Aluno

Aprender a fazer fazendo, ser levado por desafios que os motivem a descobrir, a construir em cooperação, a transformar sua simples pesquisa em ações concretas que transformem realidades são algumas das vantagens da Wequest apontadas por alunos. Mas, o que realmente motiva o aluno na metodologia Webquest? A resposta a essa pergunta está no foco da metodologia: atividades de pesquisa orientada na Web. Ao idealizar essa estrutura, seu criador Dodge conseguiu ver, descobrir o que fascina o aluno e trazer esse prazer para o fazer pedagógico.

A autenticidade dos desafios propostos aos alunos muito diferem das tarefas propostas pelos livros didáticos justamente pelo poder que estes possuem em serem realizados a partir de pesquisas, de descobertas, ou seja, o processo de construção do conhecimento proposto pela Webquest produz um novo fazer também por parte do aluno.

Levados a solucionarem problemas com aspectos reais e envolvendo o outro através da colaboração, do trabalho em grupo proporciona uma melhor compreensão dos conteúdos em estudo e instiga também seu crescimento enquanto pessoa uma vez que o coloca em sociedade, aprendendo com o outro através da partilha, da troca. A motivação que estas tarefas induzem tem sido apresentada de uma forma bastante prática, por Dodge (2003) e March (2003), com base no modelo ARCS de Keller (1983; 1987). O acrônimo ARCS é constituído por: Atenção, Relevância, Confiança e Satisfação.

Portanto, elencados as oportunidades de crescimento do aluno quando trabalhado utilizando esta nova metodologia deixa claro se tratar de uma prática a ser aceita e propagada se pensarmos na qualidade de nosso processo de ensino e aprendizagem.

4. METODOLOGIA DA PESQUISA

4.1. Delineamento da pesquisa

O estudo partiu da pesquisa bibliográfica, realizada em meios virtuais utilizando materiais (artigos e dissertações) publicados na Web e explorados com o intuito de ampliar os conhecimentos acerca da temática descobrindo diferentes olhares sobre o assunto.

Toda pesquisa foi orientada pela abordagem qualitativa baseada em estudo de caso, com base no pensamento de Popper apud Máttar Neto, (2002) quando conceitua o estudo de caso como sendo um método que vai além do contar uma história e que pode ser utilizado para testar hipóteses como, por exemplo, para testar a falseabilidade de teorias. Bressan (s/d) ao discorrer sobre o tema coloca que:

De acordo com YIN (1989) a preferência pelo uso do Estudo de Caso deve ser dada quando do estudo de eventos contemporâneos, em situações onde os comportamentos relevantes não podem ser manipulados, mas onde é possível se fazer observações diretas e entrevistas sistemáticas. Apesar de ter pontos em comum com o método histórico, o Estudo de Caso se caracteriza pela "... capacidade de lidar com uma completa variedade de evidências - documentos, artefatos, entrevistas e observações." (YIN, 1989, p. 19).

A pesquisa experimental baseada em estudo de caso ocorreu no período entre novembro de 2011 e março de 2012 e teve início com a apresentação da metodologia Webquest aos professores da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, em Chã de Alegria, estado de Pernambuco, na forma de oficina. Nesse momento foi trabalhado o conceito de Webquest, seus fundamentos e estrutura culminando com a proposta de elaboração deste recurso pelos participantes. Dentre os trabalhos produzidos, dois deles foram selecionados com base nos princípios norteadores de seus mentores: Bernie Dodge e Tom March e aplicados em sala com o monitoramento dos seus resultados. O estudo foi constituído por 32(trinta e dois) alunos pertencentes à turma do 1º Ano do Ensino Médio da escola acima citada sob a coordenação das professoras Marcela Santiago e Vanessa Amorim, ambas professoras de Educação Física. Para acompanhar o processo de aplicação das Webquest com os alunos, foi criado um questionário (anexo 1) onde foram registrados a participação de 32 (trinta e dois) alunos. Através destes foram obtidos registros da receptividade perante o trabalho realizado, a compreensão da metodologia e ainda a forma como essa metodologia influenciou sua aprendizagem. A Webquest produzida pelas professoras recebeu o título de “Abrindo as cortinas do Brasil para receber a Copa de 2014” e foi concebida de forma interdisciplinar tendo em vista o tema necessitar de dados comuns a várias disciplinas. A webquest encontra-se na base de dados para análise e publicação no site do SENAC- SP – Webquest.(http://webquest.sp.senac.br/)

Como foi dito, a Webquest foi aplicada numa turma do 1º Ano do Ensino Médio e teve duração de 08(oito) aulas distribuídas em 04 (quatro) semanas.

O trabalho de elaboração e aplicabilidade da Webquest pelos 02(dois) professores também foi acompanhado através de questionário (anexo 2) e de observação visual para obtenção de dados a respeito de todo processo.

5. ANÁLISE DA PESQUISA

Como resultado de todo trabalho de pesquisa, registramos inicialmente o posicionamento das professoras envolvidas tendo estas respondido em seus questionários que o experimento foi salutar embora não conhecessem a metodologia. Em depoimento Marcela afirmou ter descoberto uma saída para o trabalho com adolescente em suas aulas quando o conteúdo nem sempre atrae a atenção destes. O uso do laboratório de Informática também apareceu como positivo para as professoras incomodadas com o não uso deste espaço na escola. Quando foram interrogadas sobre a estrutura da Webquest, a etapa que mais levou tempo a ser construída ambas afirmaram ser o processo por se tratar do passo a passo para a realização das atividades propostas.

Segundo o depoimento da professora Vanessa, o que mais lhe chamou a atenção na elaboração da Webquest foi seu formato, sua estrutura que, segundo ela propicia um trabalho de crescimento coletivo e envolvente.

Para a questão de viabilidade de aplicação da metodologia, ambas responderam sim, que diante das inúmeras vantagens que a metodologia apresenta descartá-la seria no mínimo negar o quesito inovação na educação.

Outro ponto comentado após a elaboração da webquest foi o fator tempo que segundo elas, gastaram mais tempo na elaboração do trabalho que normalmente gastam preparando suas aulas rotineiras, mas em compensação, durante a vivência da webquest, seu tempo foi utilizado apenas para mediar o trabalho, acompanhar os grupos e tirar dúvidas.

Quanto aos dados obtidos dos alunos através dos questionários respondidos por escrito e de forma anônima, podemos afirmar que 90% deles aprovaram a nova metodologia, elogiaram sua eficácia e mostraram-se contentes e pelo fato de utilizarem para esse trabalho o computador e a sala de informática.

A nova metodologia conseguiu prender a atenção dos alunos e 100% deles justificaram o fato pela questão da pesquisa em forma de desafios na Web e a quantidade de informações a que eles tiveram acesso e foram levados a tratar. Outro ponto apontado como positivo por 95% dos alunos foi a questão do trabalho em grupo para solucionar problemas. Para eles essa prática é positiva pois um aprende com o outro e juntos todos crescem.

Uma vez concluída a pesquisa seus resultados foram catalogados e reavaliados com a intenção de retomar junto aos professores envolvidos tendo em vista estes apontarem a Webquest como metodologia capaz de aguçar a curiosidade do aluno no sentido de solucionar problemas propostos pelo professor além de efetivamente fazer uso dos recursos da Web na construção de seu conhecimento.

Ficou evidente também a mudança de postura do professor diante desta nova metodologia onde este de transmissor de conhecimento portou-se como mediador do processo ensino aprendizagem elaborando estratégias didáticas motivadoras e capazes de gerar cenários propícios a troca de experiências, de descobertas através dos alunos reinventando assim sua prática e permitindo que a aprendizagem ocorra de forma colaborativa e significativa. O resultado final da pesquisa em termos de postura do aluno diante das aulas das disciplinas trabalhadas deixou evidente a busca por parte do aluno de algo atrativo, motivador e que o aproxime das tecnologias que os rodeiam durante todo o dia fazendo da sala de aula um ambiente agradável para o qual eles pensem com prazer em retornar no dia seguinte. Nos depoimentos dos alunos estes mostraram-se encantados pela oportunidade de estarem no laboratório de Informática, de poderem participar de atividades diversificadas e ainda poderem apresentar os resultados para toda a escola.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante os resultados obtidos neste trabalho de pesquisa, podemos concluir que inovar nossa prática pedagógica diante do novo cenário em que nossos alunos estão inclusos é preciso. Está em alerta aos apelos dos alunos que usam muitas vezes de indisciplina em sala para gritarem aos quatro cantos que nossas aulas estão insuportáveis, que elas não podem ser estáticas, desvinculados da realidade do mundo se faz necessário e que investir tempo, disposição e boa vontade nestas tarefas garantem bons resultados.

Nesta perspectiva, a vivência de boas webquests, produzidas com base na metodologia de projeto, capaz de agregar ao currículo escolar o poder motivador dos recursos da Internet e fomentar a aprendizagem colaborativa é um caminho a seguir para a utilização efetiva das TICs no contexto didático, ao mesmo tempo em que para o professor esta metodologia reabre o desejo de enriquecer e dinamizar seu tempo com seus alunos.

Por tudo isso, fica explícito que buscar um novo fazer pedagógico que aproxime os alunos, que integre de modo efetivo as novas tecnologias dissipando de vez a exclusão digital, transformando nossas aulas monótonas em situações de aprendizagem significativas, é o desejo de todo professor compromissado com a qualidade do ensino. Assim, cada vez que são apresentados a um novo método ou estratégia pensada com esta intenção, a reação é sempre positiva, pois é desejo de todos os profissionais da educação transformar a escola em ambiente agradável e propício a construção de conhecimentos, cenário diferente do que se vê hoje em dia.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRESSAN, Flávio. O método do estudo de caso. Disponível em:

<http://www2.uel.br/pessoal/amanthea/ctu/arquivos/monografias/estudo_de_caso.htm> Acesso em: 06 Maio 2012.

CALIXTO, A. C. Navegando por outros mares: docentes em tempos digitais. In: VIII Encontro internacional Virtual Educa Brasil. São José dos Campos. VIII Encontro Internacional Virtual Educa Brasil. Disponível em:http://www.portalwebquest.net/pdfs/navegandoporoutrosmares.pdf>. Acesso em: 10 maio 2011.

CASTRO, Joana Isadora; TAVARES, João Manuel. Webquest: um instrumento didáctico inovador. Disponível em:http://www.portalwebquest.net/pdfs/ wqinovador.pdf . Acesso em: 30 ago. 2011.

COSTA, Fernando Albuquerque; CARVALHO, Ana Amélia Amorim. WebQuests: Oportunidades para Alunos e Professores. In A. A. CARVALHO (org.), Atas do Encontro sobre WebQuest. Braga: Edições CIEd. Disponível em:< http://www.portalwebquest.net/pdfs/cf002.pdf > Acesso em: 10 Maio 2011

DODGE, B. (1995). Algumas Ideias Sobre WebQuests. Disponível em:

GOULÃO, Maria de Fátima. As Webquests como Exemplo de Integração das TIC na Sala de Aula. Bilbal: Conferência Virtual Educa, 2006. Disponível em: < http://www.portalwebquest.net/pdfs/aswqcomoexemplo.pdf > Acesso em: 30 abr. 2011.

MACHADO, Maria José; VENTURA, Dalila. A Webquest: Uma estratégia de

aprendizagem pela descoberta. In A. A. CARVALHO (org.), Atas do Encontro sobre WebQuest. Braga: Edições CIEd. Disponível em:< http://www.portalwebquest. net/pdfs/cl009.pdf >. Acesso em: 10 Maio 2011.

March, T. (1998). Why Webquests?, an introduction. Disponível em: <http://tommarch.com/writings/intro_wq.php> Acesso e tradução em: 06 out.2011

MORAN, J.M. Educação e tecnologia; mudar para valer! Disponível em: 

PENTEADO, Maira Teresinha Lopes; FERNANDES, Gisele Dorneles (2007). O uso da informática na escola: Webquest como estratégia de aprendizagem construtivista. Disponível em:http://websmed.portoalegre.rs.gov.br/escolas/emilio/autoria/ artigos2007/6_webquest_maira_ok.pdf . Acesso em: 10 Maio 2011.

PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998

VISEU, F.; CARVALHO, A. A. Percepções de alunos da Licenciatura em Ensino de Matemática sobre concepção e implementação de WebQuests. In P. Dias e C. V.Freitas (Orgs.), actas da III Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação: Desafios 2003/ Challenges 2003. Braga: Centro de Competências Nónio Século XXI, Braga: Universidade do Minho, pp. 509 – 519. 2003.

Pozzo, Ignácio Juan. A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter informação em conhecimento. Disponível no site: http://www.revistapatio.com.br/sumario_conteudo.aspx?id=386 acessado em 05 de maio de 2012.

PRADO, Maria Elisabette Brisola Brito. Pedagogia de projetos: fundamentos e implicações. In: ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini; MORAN, jo´se Manuel. (Orgs.) Integração das Tecnologias NE Educação. Salto para o Futuro. Brasília:MEC, SEED, 2006. Disponível em:http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/livros.asp. Acesso em:01 maio 2012.

8. ANEXO 1

Questionário – Alunos

1. Para cada questão escolha a alternativa adequada, assinalando-a com um X :

a) Você gostou de realizar este tabalho?

( )Gostei muito

( )Gostei pouco

( )Gostei

( )Não gostei

b) O uso do computador no laboratório de Informática motivou você para a realização do trabalho?

( )Sim, senti-me mais motivado pelo fato de usar o computador

( )Não preferia ter realizado o trabalho sem o computador

c) O tema Copa do mundo 2014 motivou você para a realização do trabalho?

( )Sim, pois gosto muito de futebol

( )Sim, apesar de não gostar de futebol

( )Não, gostei do trabalho mas preferia outro tema

d) O que mais chamou sua atenção neste trabalho:

( )Trabalhar no laboratório de Informática

( )Pesquisar sites na Internet

( )Realizar os desafios em grupos

e) Você sentiu dificuldade em entender as etapas a serem seguidas no trabalho?

( )Sim, precisei da ajuda do professor

( )Não, foi como se o professor estivesse falando.

9. ANEXO 2

Questionário – Professores

1. Para cada questão escolha a alternativa adequada, assinalando-a com um X ou escreva a sua resposta nas linhas ao lado de cada pergunta:

a)Você já conhecia a metodologia Webquest?

( )Sim

( )Não

b)Qual das etapas você sentiu dificuldade em construir?

( )Introdução    ( ) Tarefas

( )Processo      ( ) Recursos

( )Avaliação

c)O que mais chamou sua atenção na elaboração da Webquest?

( )Sua estrutura             ( )Seu poder de incluir as TICs

( )A diversidade das tarefas

( )O trabalho autônomo do aluno

( )O trabalho de pesquisa e tratamento da informação

d)Você acha viável esta metodologia em sua prática?

( )Sim

( )Não

Porquê?_____________________________________________________________________________________________________________

e)Quais foram suas observações feitas com relação aos alunos durante a vivência da Webquest?

f)Quais as diferenças encontradas entre o planejamento elaborado para a Webquest e o planejamento para suas aulas cotidianas?

g)O resultado do trabalho realizado pode ser considerado positivo?

Porquê?___________________________________________________________________________________________________________


Publicado por: Josefa Pereira da Rocha Paiva

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