OS FATORES QUE MOTIVAM O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA PRÉ-ESCOLA E COMO ESTE ENSINO ACONTECE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
índice
- 1. RESUMO
- 2. INTRODUÇÃO
- 3. RAZÕES PARA APRENDER UMA SEGUNDA LÍNGUA E QUANDO INICIAR
- 3.1 Os motivos que levam à procura tão antecipada do bilinguismo
- 3.2 A melhor idade para aprender uma segunda língua
- 3.3 Há perdas começar uma segunda língua após a infância?
- 4. METODOLOGIA
- 4.1 Tipos de pesquisa
- 4.2 População
- 4.3 Amostra
- 4.4 Técnicas de coletas de dados
- 5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
- 5.1 Diferenças encontradas entre as dissertações investigadas
- 5.1.1 Os instrumentos utilizados para coleta de dados
- 5.1.2 As metodologias utilizadas nas aulas observadas
- 5.1.3 Relação das crianças com o inglês fora da sala de aula
- 5.2 Semelhanças encontradas entre as dissertações investigadas
- 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
- 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1. RESUMO
O ensino da Língua Inglesa vem sendo introduzido cada vez mais cedo nas escolas e na vida cotidiana das crianças brasileiras. Em uma sociedade competitiva, cheia de anseios quanto ao futuro e, principalmente, quanto ao futuro dos seus filhos, pais buscam, de forma às vezes equivocada, prepará-los para uma via adulta bem estruturada. O objetivo principal desta pesquisa foi buscar entender os motivos que levam a inserção da língua inglesa na pré-escola e como acontece este ensino na educação infantil (3 a 5 anos). Os principais teóricos que fundamentaram este trabalho foram Linguevis (2007), Forte (2010), Oliveira (2014) e Silva (2014). Esta é uma pesquisa explicativa com abordagem qualitativa. Devido à natureza subjetiva da pesquisa qualitativa, seus resultados foram apresentados através de relatórios que relatam resultados alcançados em duas dissertações de mestrado que tiveram o propósito de analisar como acontece o ensino de inglês na educação infantil (3 a 5 anos) em duas escolas em São Paulo, sendo uma do ensino regular e a outra de uma escola de idiomas. Foi utilizado o método comparativo com o objetivo de verificar afinidades e explicar as divergências entre as duas pesquisas, com o propósito de melhor compreender o comportamento das crianças durante o aprendizado de língua inglesa na pré-escola. Pode-se constatar, ao final da investigação, que estudar inglês na educação infantil pode ser vantajoso, pois, além de fazer com que a criança aprenda o novo idioma, também estimula as funções cognitivas.
Palavras-chave: Língua inglesa; Ensino; Educação infantil.
ABSTRACT
The English language teaching has been introduced very early in schools and in the daily lives of Brazilian children. In a competitive society, full of anxieties about the future and, mainly, about the future of their children. This happens because parents seek to prepare them for a well-structured adult path in a wrong way. The main objective of this research was to seek to understand the reasons for an early English language learning in preschool and how this teaching takes place in early childhood education (3 to 5 years). The main theorists who supported this work were Linguevis (2007), Forte (2010), Oliveira (2014) e Silva (2014). This is an explanatory research with a qualitative approach. Due to the subjective nature of the qualitative research, its results were presented through reports that show the main findings from two master´ dissertations which had the purpose of analyzing how the English language teaching happens in early childhood education (3 to 5 years old) in two schools in São Paulo – a regular school and an English language school. The comparative method was used in order to verify and explain affinities and differences between the two schools, with the purpose of better understanding the children’s behavior during the English language learning process in preschool. It can be seen, at the end of the investigation, that studying English in early childhood education can be advantageous because it allows children not only to learn the new language, but it also stimulates their cognitive functions.
Keywords: English language; Teaching; Child education.
2. INTRODUÇÃO
O ensino da Língua Inglesa vem sendo introduzido cada vez mais cedo nas escolas e na vida cotidiana das crianças brasileiras. Muitos pais matriculam seus filhos em cursos particulares (ou mesmo em escolas regulares que ofereçam o ensino dessa língua) cada vez mais cedo e, por isso, esse tipo de ensino encontra-se em constante expansão. Por exemplo, a Escola Canadense, em Piratininga de Niterói no Estado do Rio de Janeiro, os alunos, além de bilíngues proficientes em português e inglês, aprendem o idioma francês, como terceira língua, até o nível avançado.
O programa bilíngue desta escola abrange todos os anos de escolaridade, desde a creche II, para crianças a partir dos dois anos, até a 3ª série do ensino médio. Ensino bilíngue é o ensino de um currículo académico em duas línguas diferentes. As línguas convivem em um ambiente bilíngue ou plurilíngue e, a partir deste contexto, trabalham juntas de igual forma e com mesmo peso na grade curricular escolar.
Nas escolas de idiomas, escola onde se estuda uma língua estrangeira, também são encontrados programas de ensino da língua inglesa para crianças a partir dos 3 anos de idade. Este tipo de escola tem, frequentemente, um caráter suplementar em relação à educação formal, com foco na competência comunicativa do aluno. A escola de idiomas Wizard tem o Wizkids, curso de inglês especialmente para crianças nessa faixa etária.
Em sua pesquisa Cristóvão e Gamero (2009, p.2), afirmam que “a introdução à língua estrangeira em séries iniciais, também já se dá em algumas escolas municipais do país por iniciativas isoladas”. Porem o mais comum nas escolas públicas, é que a língua estrangeira (inglesa) seja incorporada apenas a partir do sexto ano do ensino fundamental.
De acordo com essas informações, a criança começa a ser inserida em um mundo bilíngue, ou seja, em outra cultura que muito difere de sua língua materna, a partir dos três anos de idade, quando ela ainda não foi alfabetizada em sua língua mãe.
As questões que balizaram esta investigação foram: Quais são os motivos que levam a inserção de língua inglesa na pré-escola e como acontece este ensino. As hipóteses estabelecidas para buscar responder as perguntas norteadoras foram: estudar inglês na educação infantil parece ser vantajoso, pois além de fazer com que a criança aprenda o novo idioma, também estimula as funções cognitivas. Muitos acreditam que impacto é positivo na vida futura dos alunos. A outra hipótese é que esses pais são levados a essa decisão não somente pelo fato de o inglês ser uma língua que oferece possiblidades futuras no trabalho e nos estudos, mas, também, porque eles acreditam que quanto mais cedo uma pessoa começa a estudar uma língua estrangeira (LE), melhor será o resultado da aprendizagem.
Esta pesquisa teve, como objetivo principal, buscar entender os motivos que levam a inserção da língua inglesa na pré-escola e como acontece este ensino na educação infantil (3 a 5 anos). Para o alcance do objetivo principal, objetivos específicos foram traçados, o primeiro é identificar os fatores que motivam o ensino da língua inglesa na idade de 3 a 5 anos em duas escolas, uma de idiomas e a outra de ensino regular, comparando duas Dissertações de Mestrados. O segundo é descrever como este ensino acontece nas escolas investigadas através das Dissertações.
O presente trabalho se justifica com base no atual cenário da educação bilíngue infantil. Em uma sociedade competitiva, cheia de anseios quanto ao futuro, e principalmente quanto ao futuro dos seus filhos, pais buscam, de forma às vezes equivocada, prepara-los para uma via adulta bem estruturada. No entanto, nessa corrida desenfreada, muitos pais atropelam as reais necessidades da criança. As escolas de idiomas e as escolas bilíngues, com suas propostas cheias de vantagens, tentam convencer os pais a matricularem suas crianças o quanto antes.
A proposta dessa pesquisa é essencial para que os pais e professores entendam como o ensino é ministrado nas escolas. É importante saber o momento ideal para cada aprendizado e saber como esse aprendizado está sendo conduzido.
Posto isto, esta investigação propõe discussões sobre as abordagens de ensino de língua inglesa na educação infantil da seguinte maneira. Primeiramente, são dadas informações gerais sobre esta pesquisa. Logo depois, apresenta-se os teóricos que dão embasamento às discussões acerca das razões para aprender uma segunda língua e quando iniciá-las. Em seguida, são apresentados, na coleta de dados, relatórios que enfocam os pontos de vista das duas pesquisas que analisaram como acontece o ensino de inglês na educação infantil (3 a 5 anos) em duas escolas – uma escola de ensino regular e uma escola de idiomas – estes achados são analisados e discutidos. Por fim, discorre-se sobre os achados alcançados nesta investigação e quanto à confirmação (ou não) das hipóteses levantadas no início desta investigação acerca do tema abordado.
A seguir, na próxima seção, aborda-se sobre os prováveis motivos que induzem à procura tão antecipada do bilinguismo, a melhor idade para começar a ingressar em uma segunda língua e se há perdas em começar uma segunda língua após a infância.
3. RAZÕES PARA APRENDER UMA SEGUNDA LÍNGUA E QUANDO INICIAR
Após examinar o cenário do ensino da Língua Inglesa na educação infantil (3 a 5 anos de idade), foi observado que as crianças estão sendo iniciadas cada vez mais cedo nas escolas bilíngues infantis. Posto isto, serão expostos os prováveis motivos que induzem à procura tão antecipada do bilinguismo, a melhor idade para começar a ingressar em uma segunda língua e se há perdas começar uma segunda língua após a infância.
3.1. Os motivos que levam à procura tão antecipada do bilinguismo
O mundo globalizado em que vivemos é cheio de interações sociais entre as nações. Há milhares de línguas diferentes ao redor do mundo - algumas delas são faladas por milhões de pessoas. De acordo com uma pesquisa feita em 2021 pelo Ethnologue[1], o inglês é a língua mais falada no mundo com 1348 milhões de falantes. Não é de hoje que a população do Brasil busca aprender língua inglesa. “A primeira razão pela qual o brasileiro estuda inglês é de natureza geopolítica”. (OLIVEIRA 2014, p.61). Pois é o resultado de um processo intenso de construções de valores ideológicos britânicos e estadunidenses que começou com mais força após a Segunda Guerra Mundial. O imperialismo econômico desses países, e logo depois a globalização, foram determinantes para a expansão do uso da língua inglesa.
Um dos prováveis motivos que levam à procura tão antecipada do bilinguismo no Brasil é que, atualmente, a língua universal é o inglês. Uma língua mundial ou universal é uma língua falada internacionalmente, que é aprendida por muitos como segunda língua. Uma língua mundial não é caracterizada apenas pelo número de falantes, mas também pela distribuição geográfica, e seu uso em organizações internacionais e relações diplomáticas. Ou seja, ele é o idioma padrão no comércio e dentro do mercado de trabalho. Ademais, sabendo falar o inglês é possível conseguir acesso a muito mais informações, por exemplo, mais livros, mais artigos, mais revistas e outros. De acordo com o site da superinteressante, a maior biblioteca do mundo é a biblioteca do Congresso, que fica em Washington D.C., nos EUA. Seu acervo tem mais de 155 milhões de itens, entre livros, manuscritos, jornais, revistas, mapas, vídeos e gravações de áudio, a maior parte desse material é escrito em inglês.
Outro motivo para aprender a língua inglesa seria para ser profissionalmente bem sucedido. Entretanto, Oliveira em seu livro Métodos de Ensino de Inglês, afirma que tal pensamento é um mito construído pela Inglaterra e pelos Estados Unidos. Fica muito claro que houve, por parte da Inglaterra e dos Estados Unidos, uma politica deliberada e consistente de incentivo à criação de institutos de idiomas para consolidar a sua influencia ideológica no Brasil (OLIVEIRA, 2014, p.63). É bem verdade que a propagação do inglês foi jogada politica de expansão do domínio inglês e do EUA como afirmado acima. No entanto, a fluência em inglês também possibilita a participação em programas de formação e eventos em outros países, como cursos de especialização, workshops e congressos. Assim, ela traz conhecimento atualizado para a organização e pode colocá-la à frente dos concorrentes no mercado, como informa o site querobolsa.
3.2. A melhor idade para aprender uma segunda língua
Aprender é um processo de construção de conhecimento, de desenvolvimento de habilidades, de aquisição e/ou mudanças de comportamentos e atitudes. Em outras palavras, aprender é um processo de transformação do individuo. (OLIVEIRA, 2014, p.27).
Não é novidade que as escolas bilíngues afirmam que a melhor idade para aprender uma segunda língua é o quanto antes melhor. Um estudo sobre o ensino de língua inglesa para alunos da educação infantil em Porto Alegre, as professoras, para elucidarem suas crenças sobre porque é importante iniciar aos estudos de LI desde criança, utilizam várias metáforas, elencadas abaixo:
A professora da Escola A compara a aprendizagem de inglês à atividade de andar de bicicleta: “É que nem andar de bicicleta, depois de velho não anda mais certo” A professora da Escola C afirma que os alunos mais jovens parecem aprender por osmose o que lhes é repassado; já a professora da Escola E afirma que os alunos jovens são como esponjas, absorvendo tudo o que lhes é apresentado. A coordenadora da Escola G, por sua vez, afirma que o processo de aquisição de uma língua adicional por parte de crianças é algo mágico (FORTE, 2010, p.97).
A citação acima deixa bem clara a opinião de cada uma das professoras, para elas aprender inglês o quanto antes é melhor. “Professoras e responsáveis pelos alunos destacam que ao iniciar a aprendizagem desde cedo (crianças de 4 a 5 anos), aprendizes desenvolvem uma pronúncia melhor do que outros, que iniciam mais tardiamente, afirma (FORTE, 2010, p.87)”.
Reforçando a ideia de Forte, que aprender duas ou mais línguas ao mesmo tempo (língua mãe e língua estrangeira) é o ideal para crianças. Santos (2009) propõem que:
Embora se tenha acreditado, por um longo tempo, que a aprendizagem de duas (ou mais) línguas ao mesmo tempo pela criança pudesse ser prejudicial para o seu desenvolvimento, estudos recentes mostram que ele é vantajoso, especialmente no que diz respeito à antecipação de sua consciência metalinguística (SANTOS, 2009, p.33 apud CÂMARA, VIEIRA & SOARES, p.2, 2019).
Entretanto, um levantamento realizado pelo Massachusetts Institute of Technology - [2]MIT, publicado na revista Cognition em 2018, traz informações relevantes sobre o assunto.
Segundo o MIT, na creche, com essa idade, as crianças não aprendem um idioma, elas o adquirem e isso resume bem a capacidade invejável desses pequenos poliglotas de absorver línguas sem esforço. Seria fácil concluir que é sempre melhor começar a aprender uma nova língua desde muito cedo. Mas a ciência, no entanto, oferece uma visão bem mais complexa de como a nossa relação com os idiomas evolui ao longo da vida.
Por exemplo, há vários motivos para encorajar os que começam mais tarde. Em termos gerais, diferentes estágios da vida possuem diferentes vantagens na hora de se aprender uma língua. Os adultos tem um tempo de atenção maior e muitos são letrados, o que permite que possam expandir o vocabulário. Oliveira reafirma essa ideia quando ele diz:
O professor precisa ter o cuidado de não subestimar os aprendizes. É preciso levar em conta o conhecimento que eles construíram ao longo de sua vida, os quais incluem conhecimentos linguísticos e textuais provenientes do seu aprendizado da língua portuguesa, conhecimentos enciclopédicos ou conhecimentos de mundo provenientes de suas vidas pessoais ao longo da vida. (OLIVEIRA, 2014, p.25).
As palavras acima do professor propõem que quanto mais idade, mais conhecimentos linguísticos e enciclopédicos os aprendizes terão, e esse conhecimento pode ser levado para o aprendizado de uma segunda língua.
3.3. Há perdas começar uma segunda língua após a infância?
Atualmente, em nossa sociedade, adultos são levados a iniciar os estudos sobre uma LE por diversas razões, principalmente influenciados por pressões sociais que exigem deles habilidades de compreensão e comunicação no inglês em uma ou mais LEs nos ambientes de trabalho e estudo. (SILVA, 2014, p.34).
Porem, quando se trata de aprender uma língua estrangeira, a tendência é pensar que as crianças são as mais hábeis. “Mas, esse pode não ser o caso e pode haver benefícios adicionais em começar como adulto” esse é o titulo de um artigo publicado em 2018 na BBC future (British Broadcasting Corporation).
"Crianças pequenas são muito ruins de aprendizagem explícita, porque elas não têm controle cognitivo, atenção e capacidade de memória", diz Sorace. “Adultos são muito melhores nisso”. Então isso é algo que melhora com a idade.
Ainda sobre o artigo citado acima, Sorace, Professora de Linguística e diretora do Centro de Assuntos do Bilinguismo da Universidade de Edimburgo, afirma que:
De um modo geral, diferentes fases da vida nos dão diferentes vantagens na aprendizagem de línguas. Ela informa ainda, que como adultos, temos mais atenção e habilidades cruciais, como alfabetização, que nos permitem expandir continuamente nosso vocabulário, mesmo em nosso próprio idioma. (SORACE, 2018).
Na citação acima, a professora acredita que começar uma segunda língua após a infância não provocará perda no aprendizado. Mas, haverá benefícios adicionais, pois um adulto alfabetizado tem mais vocabulário, uma das habilidades cruciais para o aprendizado.
Muitos pais acreditam que não inserir seus filhos em uma segunda língua é uma perda de tempo. Mas, é uma verdade ingênua, segundo a citação abaixo:
Entendo que a demanda por língua estrangeira na pré-escola é o mais expressivo resultado do sucesso das investidas imperialistas, da ideologia Centro-Periferia e, em última instância, da crença (é bem verdade ingênua) de que os que dominarem tal língua estarão a salvo da exclusão do poder – ou, ao contrário, estarão equipados com uma ferramenta abre-te-sésamo (ZILLES, 2006, apud FORTE, 2010, p.92).
Na citação acima, os pais acreditam que colocar suas crianças o quanto antes para aprender inglês irá afasta-los da periferia e aproxima-los do poder. Porém o professor afirma que isso é apenas o resultado de uma investida imperialista dos países que pretendem impor seu idioma.
Em virtude dos fatos mencionados, foi visto que há muitos motivos que levam à procura tão antecipada do bilinguismo, uma delas é o acesso a muito mais informações, por exemplo, mais livros, mais artigos, mais revistas e outros. Também foi observado sobre há melhor idade ou não para começar a ingressar em uma segunda língua e há vários contrapontos em se há perdas começar uma segunda língua após a infância.
A seguir, apresenta-se os métodos que foram utilizados, o tipo de pesquisa, população, amostra e técnicas de coletas de dados desta investigação.
4. METODOLOGIA
4.1. Tipos de pesquisa
A pesquisa esboçada neste trabalho é explicativa, pois buscou identificar as causas dos fenômenos estudados e analisá-los. Procurou identificar os fatores que motivam o ensino da língua inglesa na pré-escola e analisou como este ensino acontece na educação infantil (3 a 5 anos) através de duas Dissertações de Mestrado.
Este trabalho teve uma abordagem qualitativa e devido à natureza subjetiva da pesquisa qualitativa, seus resultados foram apresentados através de relatórios que enfocam os pontos de vista de duas pesquisadoras que analisaram como acontece o ensino na educação infantil (3 a 5 anos) em duas escolas, uma de ensino regular e a outra de idiomas.
Foi utilizado o método comparativo com o objetivo de verificar afinidades e explicar as divergências com o propósito de melhor compreender o comportamento das crianças durante o aprendizado de língua inglesa na pré-escola.
4.2. População
A população desta investigação foi composta por Dissertações de Mestrado, livros, e artigos científicos.
4.3. Amostra
A amostragem está constituída por duas Dissertações de Mestrado, conforme já citadas, desenvolvidas em São Paulo, Brasil e que estão publicadas na internet.
4.4. Técnicas de coletas de dados
Foi realizada uma coleta de dados secundários em dois trabalhos científicos que abordaram o ensino da língua inglesa na infância, em idade pré-escolar.
Na próxima seção, através de quadros, são apresentados os dados obtidos em duas Dissertações de Mestrado, objetos de estudo desta pesquisa, e analisados qualitativamente.
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Os dados a serem analisados neste trabalho foram coletados em dezembro de 2021 a partir de duas Dissertações de Mestrado, objetos de estudo desta pesquisa, desenvolvidas em São Paulo, Brasil e que estão publicadas na internet.
Em julho de 2022 este material começou a ser analisado através de oito quadros, os quais explicarão as diferenças e semelhanças que existem nas aulas de língua inglesa na educação infantil (3 a 5 anos) entre as duas escolas pesquisadas.
Os resultados alcançados por elas serão relatados e comparados. O objetivo das duas pesquisas foi avaliar o ensino da língua inglesa na infância antes da alfabetização na língua materna.
Quadro1 – Dados informativos sobre as Dissertações analisadas.
INDENTIFICAÇÃO DAS DISSERTAÇÕES PARA DISCUSSÃO |
TÍTULO DA PESQUISA/ANO |
OBJETIVO |
TURMAS ONDE OCORRERAM AS PESQUISAS |
DISSERTAÇÃO 01 |
Aquisição/aprendizagem de LE na infância: a produção de enunciados em inglês por crianças de 3 a 5 anos (2014). |
Analisar as produções linguísticas em LE (inglês) de crianças que iniciam seu contato formal com essa língua em um ambiente de ensino, no caso, uma escola de idiomas. |
Escola particular de idiomas, turmas de 3 a 5 anos. |
DISSERTAÇÃO 02 |
A porta de entrada para o ensino- aprendizagem da língua inglesa (2007). |
Descrever e interpretar o fenômeno do ensino-aprendizagem de língua inglesa em uma sala da educação infantil-II. |
Escola particular de ensino regular na educação infantil II, de 4 e 5 anos. |
Fonte: a autora
O quadro 01 expõe as pesquisas e informam suas características.
A primeira dissertação foi desenvolvida em uma escola particular de idiomas, no interior paulista, mais especificamente na cidade de Jaú. Para coletar o corpus da pesquisa, foram filmadas três crianças aprendizes de inglês de aproximadamente 3 a 5 anos de idade. As filmagens começaram cerca de 3 a 4 semanas após o início do semestre letivo. Até o final do semestre, foram registradas 13 sessões com cerca de 50 minutos de aula, em um período de tempo de 4 meses (semestre letivo). As sessões foram coletadas semanalmente, já que a turma selecionada para análise tinha aula uma vez por semana.
A segunda dissertação foi efetivada em uma escola particular da região da grande São Paulo. Foi observada uma sala de aula de LI da Educação Infantil II, no primeiro semestre de 2005. No caso, a faixa etária delimitada para a pesquisa foi a que compreende as idades entre 4 e 5 anos. A pesquisa contou com 10 participantes, que foram: a diretora da instituição, a professora de LI, uma professora participante, a professora pesquisadora e as 07 crianças alunas do infantil-II.
5.1. Diferenças encontradas entre as dissertações investigadas
5.1.1. Os instrumentos utilizados para coleta de dados
Quadro 2- Instrumentos utilizados para coleta de dados
DISSERTAÇÃO 01 |
DISSERTAÇÃO 02 |
Filmagens dos alunos. Questionários com os pais das crianças. |
Uma entrevista áudio gravada com a diretora da instituição. Uma entrevista áudio gravada com a professora participante. Uma entrevista áudio gravada com as crianças. Duas produções de desenhos realizadas pelas crianças. |
Fonte: a autora
No quadro 02, observa-se que as mestrandas utilizaram instrumentos diferentes como meio principal para a coleta de dados. Na dissertação 01, foram utilizadas filmagens, pelo fato de a pesquisadora responsável já ter passado pela experiência de realizar filmagens em sala de aula de LE anteriormente. No quadro 02, a escolha da autora da dissertação como instrumento de coleta de dados foi a entrevista. De acordo ela, as entrevistas podem ser utilizadas para construir e estruturar uma ou muitas histórias de vida.
Os instrumentos utilizados como meio complementar para coleta de dados na dissertação 01 foram os questionários. Este questionário foi aplicado para um responsável pelas alunas observadas (no caso, as mães), a fim de que pudesse ter mais informações sobre o contexto de vida no qual essas crianças estavam inseridas. Na dissertação 02, os áudios gravados, das notas de campo e das entrevistas, representaram um momento importante, pois foi quando começaram a surgir as primeiras impressões e reflexões sobre os dados gerados.
5.1.2. As metodologias utilizadas nas aulas observadas
Quadro 3- Apresentação da metodologia utilizada nas aulas
DISSERTAÇÃO 01 |
DISSERTAÇÃO 02 |
Abordagem Audiovisual (AAV). O aluno como agente ativo. Professor como agente na mediação. |
Modelo educacional da psicologia behaviorista. Estímulo-resposta-reforço. O professor detém papel central. |
Fonte: a autora
No quadro 03, é apresentada a diferença entre as metodologias utilizadas pelas duas investigadoras.
Na primeira dissertação, no material utilizado pelo professor constam planos de aula detalhados que se concentram em estabelecer rotinas e guiar as crianças. Estes livros foram elaborados exclusivamente para as escolas franqueadas. O livro para os alunos de 3 a 5 anos é da Oxford University Press e intitula-se Cookie and Friends Starter (2006). Neste momento, as aulas filmadas tornam-se relevantes, pois as principais atividades durante as aulas são: atividades de músicas e danças, atividades de adivinhação, atividades de perguntas e respostas, atividades de contação de histórias e atividades de pintura. As atividades de pintura são as que mais favorecem a iniciativa própria das crianças em utilizar a LE.
Na segunda dissertação, a escola utiliza material didático/pedagógico unificado e é subordinada a uma instituição de ensino presente no campo educacional brasileiro há 40 anos. As aulas foram focadas no ensino de palavras e sem a preocupação em fazer ligação com o que as crianças iriam aprender em língua materna ou qualquer outra atividade que as crianças têm na escola, ou que faça parte da vida delas. Nesse sentido, foi possível destacar a equação estímulo-resposta-reforço, muito usado no modelo educacional da psicologia behaviorista - o fato de a resposta correta ser repetida até a exaustão, com a indagação da criança. Nesta concepção de ensino-aprendizagem, o professor detém papel central e ativo, e os aprendizes somente respondem aos estímulos mecanicamente, tendo pouco controle sobre o conteúdo, não sendo encorajados a iniciar interações.
De maneira geral, pode-se analisar que as aulas que seguem o material usado no trabalho 01 dão ênfase ao desenvolvimento da habilidade oral, utilizando-se, nas atividades, uma forte ligação entre atividades orais e atividades visuais, com as imagens e pôsteres que são usados em sala. Tal característica se assemelha à Abordagem Audiovisual (AAV), que prioriza sempre ao desenvolvimento da habilidade oral. No trabalho 02, na maior parte do tempo, as aulas constituíram-se da palavra da professora-participante. Poucas vezes as crianças tiveram a palavra ou conseguiram “tomar a palavra”; às crianças apenas cabia repetir as palavras que a professora-participante apresentava.
5.1.3. Relação das crianças com o inglês fora da sala de aula
Quadro 4 - Relação das crianças com o inglês fora da sala de aula
DISSERTAÇÃO 1 |
DISSERTAÇÃO 2 |
Escuta músicas e vê desenhos em inglês. Usa o inglês em Brincadeiras, diálogo e explicações. Fala várias palavras em inglês. |
Nenhuma delas usava inglês fora da escola (em família). Nenhuma delas havia estudado inglês anteriormente.(escolas de idiomas) |
Fonte: a autora
No quadro 04, são apresentadas as diferenças entre a relação das crianças com o inglês fora da sala de aula.
Sobre o contato com a língua alvo fora da sala de aula, na dissertação 01 todas as mães informaram que ele existe. No questionário, uma das mães diz que a filha “adora mostrar o que está aprendendo” e que ela utiliza o livro e a caneta fornecidos no material didático da escola Yázigi fora da sala de aula também. Outra mãe disse que sua filha usa o inglês em “brincadeira, diálogo e explicações” fora da sala de aula. Além disso, sua filha escuta músicas e desenhos em inglês. Ambas as mães também acreditam que as filhas gostam de estudar a língua inglesa.
A partir dessas informações gerais fornecidas pelas mães das alunas, pode-se observar que há um estímulo familiar para que as crianças se envolvam com a língua e não somente mantenham contato com ela na sala de aula. Consequentemente, as três alunas parecem utilizar a LE fora da escola em diferentes momentos, mostrando o que aprendeu para a mãe com o material didático do curso. O contato entre aprendizes e LE, então, não se limita à sala de aula da escola de idiomas, nem ao ambiente da escola regular.
Na dissertação 02, de acordo com o questionário feito pela pesquisadora aos alunos, nenhuma delas usava inglês fora da escola (em família), nenhuma delas havia estudado língua inglesa anteriormente - apenas uma criança estava matriculada para estudar inglês em um instituto de idiomas, portanto seria a única que teria mais contato com a língua fora da sala do Infantil. Somente uma das crianças tinha um irmão mais velho que estudava inglês também em um instituto de idiomas, além da escola. Duas crianças disseram que em casa os avôs falavam outro idioma: o japonês e o italiano com os pais. A partir da entrevista a autora do trabalho 02 percebeu que as crianças estranharam a professora de LI e, também a nova língua.
5.2. Semelhanças encontradas entre as dissertações investigadas
5.2.1. O Cenário da Geração de Dados
Quadro 5- Apresentação dos cenários utilizados para coleta de dados
DISSERTAÇÃO 01 |
DISSERTAÇÃO 02 |
Escola particular de idiomas. Localizada no estado de São Paulo. Sala de aula com alunos de 3 a 5 anos de idade. |
Escola particular de ensino regular. Localizada no estado de São Paulo. Sala de aula com alunos de 4 a 5 anos de idade. |
Fonte: a autora
No quadro 05, observa-se que, na dissertação 01, para coletar o corpus da pesquisa, a pesquisadora optou por uma escola particular de idiomas, que é uma franquia do Yázigi, no interior paulista, na cidade de Jaú (SP). A opção pela escola em Jaú justifica-se pelo fato de a pesquisadora residir nessa cidade, o que facilitaria seu diálogo com os profissionais da escola.
Já na dissertação 02, a geração de dados para a realização da pesquisa foi feita em uma escola particular da região da grande São Paulo, que se define como comunitária, isto é, sem fins lucrativos. A escolha do local foi justificada pelo fato da pesquisadora também ser professora de inglês da mesma escola com as turmas do Ensino Fundamental-II e Ensino Médio. Ela ocupa, então, duas posições diferentes frente à escola: professora do corpo docente e pesquisadora.
5.2.2. Idade dos alunos e carga horária das aulas
Quadro 6- Idade dos alunos no início da pesquisa e carga horária das aulas
DISSERTAÇÃO 01 |
DISSERTAÇÃO 02 |
Alunos de 3 a 5 anos de idade. 90 minutos de aula, divididos em dois tempos de 45 minutos, uma vez por semana. |
Alunos de 4 a 5 anos de idade. 50 minutos de aula uma vez por semana. |
Fonte: a autora
No quadro 06 é apresentada a semelhança entre as idades dos alunos e a carga horaria das aulas.
Na dissertação 01, a idade dos sujeitos investigados é na faixa etária de 3 a 5 anos de idade. Uma exigência imposta pela mestranda, e que deveria ser cumprida pela escola onde as filmagens foram realizadas, é que os aprendizes fossem os mais jovens possíveis. Segundo a investigadora, a diferença de idade entre o aprendiz mais novo e o mais velho foi positiva, pois ela pode estudar crianças com “bagagens” diferentes na aquisição/aprendizagem de LE.
Semelhante à dissertação 01, a faixa etária delimitada para a pesquisa da dissertação 02, compreende as idades entre 4 e 5 anos. A faixa etária em questão foi escolhida de acordo com um dos objetivos da investigadora: o de propor uma reflexão sobre visões de ensino-aprendizagem e de linguagem desvinculadas do contexto sócio-histórico-cultural do universo infantil.
De maneira geral, as aulas de LE para crianças pequenas duram cerca de 50 minutos a uma hora. No caso específico da escola de idiomas, as aulas duram uma hora e meia. Porém, no meio das aulas, é realizado um intervalo que dura cerca de 20 minutos. Ambas ministram aulas de inglês uma vez por semana.
5.2.3. Ausência de atividades escritas
Quadro 7- Ausência de atividades escritas
DISSERTAÇÃO 1 |
DISSERTAÇÃO 2 |
Atividades de músicas e danças. Atividades de adivinhação. Atividades de perguntas e respostas. Atividades de contação de histórias. Atividades de pintura. |
Atividades de perguntas e respostas Brincadeiras/aula no playground Aulas programadas privilegiando-se o ensino de palavras. |
Fonte: a autora
O quadro 07 apresenta algumas atividades desenvolvidas nas escolas, e chama a atenção para a ausência de atividades escritas.
Na escola em que ocorreu a pesquisa da Dissertação 01, durante as aulas, a LE é apresentada para os alunos através de imagens e músicas. Em forma de cartões, as imagens são relacionadas ao vocabulário que deve ser ensinado nas aulas, como alguns brinquedos, partes do corpo e animais. O primeiro contato com o vocabulário de LE se dá, geralmente, através dessas figuras, que, segundo o livro do professor Cookie and Friends Starter: teacher’s book (2006), deve ser contextualizado pelo professor, relacionando as novas palavras à realidade da sala de aula ou à vida dos aprendizes.
Na instituição em que foi realizada a pesquisa da Dissertação 02, as crianças da Educação Infantil não têm contato com a palavra escrita em LI, apenas a oralidade é trabalhada - na verdade, o trabalho é efetivado através da memorização de palavras soltas. O contato com a escrita acontece a partir da primeira série do Ensino Fundamental. A razão apresentada pela diretora foi que “a própria questão de as crianças não estarem ainda alfabetizadas em sua língua materna, o contato com a LI cuja correspondência letra/fonema é distinta seria prejudicial à alfabetização da língua materna” (LINGUEVIS, 2007, p.70).
5.2.4. O objetivo dos pais levarem seus filhos a aprender LI na infância.
Quadro 8- O objetivo dos pais levarem seus filhos a aprender LI na infância
DISSERTAÇÃO 1 |
DISSERTAÇÃO 2 |
Conhecer outra língua. Ter mais facilidade nos seguintes anos. Faz parte do dia a dia das alunas, quando ouvem músicas e desenhos em inglês.
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É uma língua importante. Quanto mais cedo se der o contato da criança com o idioma, menos dificuldades estas terão. Faz parte do nosso dia a dia e das crianças. Relevância do ensino-aprendizagem de inglês na sociedade contemporânea. |
Fonte: a autora
O quadro 08 apresenta os objetivos dos pais e da escola com o ensino-aprendizagem de LI na infância. Estas informações foram colhidas pelas pesquisadoras, Através de questionários e entrevistas realizados com os pais e a diretora da escola.
Na dissertação 01, o motivo relatado por uma das mães para matricular a filha no curso de inglês, seria para ela aprender e ter mais facilidade nos anos seguintes; enquanto que outra mãe afirmou que era para que ela pudesse conhecer outra língua. Outra mãe disse que sua filha usa o inglês em “brincadeira, diálogo e explicações” fora da sala de aula. Além disso, sua filha ouve músicas e desenhos em inglês.
Na dissertação 02, a diretora da escola enumerou vários motivos que a levaram a inserir o inglês na educação infantil (3 a 5 anos). O primeiro deles é que o inglês é uma língua importante para as crianças conhecerem e faz parte do nosso dia a dia. “as crianças já estão familiarizadas com o uso do computador, da TV, nos quais os termos em inglês são constantes. Muitas palavras são aportuguesadas, mas que o primeiro sentido... é em inglês...” (LINGUEVIS, 2007, p.68). Outro fator determinante teria sido o fato de a direção da escola acreditar que quanto mais cedo se der o contato da criança com o idioma, menos dificuldades estas terão.
A seguir, apresenta-se as hipóteses que se confirmaram, os principais achados da pesquisa e a importância desta discussão.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por se considerar uma problemática relevante para a sociedade, o objetivo inicial do trabalho foi compreender a necessidade (ou não) do ensino de língua estrangeira, especificamente o inglês, ainda na infância – que constituíram o objetivo desta pesquisa.
Para isso, duas dissertações serviram como objeto deste estudo, já que ambas investigaram o ensino da língua inglesa na pré-escola em duas escolas: uma escola de idiomas e uma escola particular de ensino regular. A principal diferença entre elas estava em torno da metodologia utilizada nas aulas. A substancial semelhança consistiu no motivo dos pais colocarem seus filhos para aprender inglês em idade tão tenra, tendo em vista a preocupação dos pais na busca da preparação dos filhos para um mundo globalizado.
Quanto à necessidade em aprender inglês ainda na educação infantil, foi constatado - através das coletas de dados das dissertações - ser bastante vantajoso, pois, além de fazer com que a criança aprenda o novo idioma, também estimula as suas funções cognitivas.
A pesquisa também constatou que estudar inglês na infância não significa ser alfabetizado em duas línguas ao mesmo tempo, pois a alfabetização vai além de aprender apenas palavras, ela envolve a cultura também.
Ainda foram aqui discutidos os motivos que levam à procura tão antecipada do bilinguismo, isto é, a melhor idade para começar a aprender uma segunda língua, e se há perdas por se começar a aprender uma segunda língua após a infância.
Em resposta a estas questões, as duas investigações que foram objetos desta pesquisa apontam que saber falar inglês é possibilitar acesso, de forma mais efetiva, a muito mais informações como, por exemplo, a mais livros, mais artigos, mais revistas e muitas outras oportunidades de acesso ao conhecimento. Além disso, foi possível constatar, através das análises dos dados obtidos nas duas dissertações investigadas, que não há perdas em se começar a aprender inglês depois da infância.
Vale ressaltar que, esta pesquisa foi importante para que fosse possível compreender como o ensino de inglês na educação infantil acontece nas escolas, através do estudo comparativo aqui efetivado.
Após buscar os fatores que induzem o ensino da língua inglesa na infância e como este ensino acontece, os resultados obtidos através do conteúdo das pesquisas é que um dos motivos relatado por uma das mães para matricular a filha no curso de inglês seria para ela aprender e ter mais facilidade nos anos seguintes; enquanto que outra mãe afirmou que era para que ela pudesse conhecer outra língua.
Com relação à análise feita pelas pesquisadoras, autoras das Dissertações, este ensino acontece de forma diferenciada, dependendo da escola na qual a criança estuda. Em uma escola de idiomas, por exemplo, o material é elaborado exclusivamente para as escolas franqueadas, além de atividades de músicas e danças, atividades de adivinhação, atividades de perguntas e respostas, atividades de contar de histórias e atividades de pintura. Em escolas que não são exclusivas de idiomas, as aulas geralmente são focadas no ensino de palavras e sem a preocupação em fazer ligação com o que as crianças estão aprendendo em língua materna, ou em qualquer outra atividade que as crianças têm na escola.
Discussões sobre o ensino de inglês na educação infantil devem ser contínuas, tendo em vista que mudanças no comportamento das crianças, especificamente na forma como elas aprendem e como se relacionam com o conhecimento são sempre significativas, pois estas relações ocorrem de forma muito dinâmica na vida das crianças. Nesse sentido, as pesquisas nesta área constituem-se em um campo sempre aberto para novas abordagens e novas perspectivas, possibilitando melhor compreensão na forma de como se propor novas formas de aprender e compreender a aprendizagem dos estudantes da educação infantil.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COELHO, B. Metodologia TCC: saiba como delimitar para seu trabalho. Disponível em < https://blog.mettzer.com/pesquisa-qualitativa/>. Acesso em: 16, novembro de 2022.
CRISTOVÃO, V. L. L.; GAMERO, R; Brincar aprendendo ou aprender brincando? O inglês na infância. Researchgate. 2009. Disponível em . Acesso em: 08, dezembro de 2021.
FORTE, J. S; Ensino de língua inglesa para alunos da educação infantil em porto alegre: Um panorama crítico. Livros grátis, 2010. Disponível em . Acesso em: 08, dezembro de 2021.
HARDACH, S; Qual é a melhor idade para se aprender um novo idioma? BBC Future, 2020. Disponível em: . Acesso em 24, janeiro de 2022.
LINGUEVIS, A. M. Descrever e interpretar o fenômeno do ensino-aprendizagem de língua inglesa em uma sala da educação infantil-II. Orientadora: Professora Doutora Maria Antonieta Alba Celani. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: s.n., 2007.
MOIÓLI, J. Qual a maior biblioteca do mundo? Superinteressante, Atualizado em 4 jul 2018, 20h10 - Publicado em 2 jul 2013, 13h12 Disponível em . Acesso em 08, novembro de 2022.
OLIVEIRA, L. A. Método de Ensino de Inglês: teorias, práticas, ideologias. - [1.ed.] - São Paulo: parábola, 2014.
QUADROS, A. R; 10 línguas mais faladas do mundo. Universidade do intercambio, 2021. Disponível em < https://www.universidadedointercambio.com/linguas-mais-faladas-do-mundo/>. Acesso em 10, fevereiro de 2022.
SILVA, A.O. Aquisição/aprendizagem de LE na infância: a produção de enunciados em inglês por crianças de 3 a 5 anos. Orientador: Alessandra Del Ré. 2014. Dissertação (Mestrado)- Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências e Letras. Campus de Araraquara – SP. 2014.
TRAFTON, A. Cientistas cognitivos definem período crítico para aprender linguagem. Estudo mostra que as crianças permanecem aprendizes adeptos até a idade de 17 ou 18 anos. Escritório de notícias do MIT, 2018. Disponível em . Acesso em 19, janeiro de 2022.
[1] Ethnologue é uma publicação anual realizada pela SIL Internacional, uma organização sem fins lucrativos que visa estudar e documentar as línguas ativas do mundo. A versão mais recente foi publicada em 2021. Disponível em: Acesso em 10, fevereiro de 2022.
[2] Massachusetts Institute of Technology - MIT. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts é uma faculdade independente que fica em Cambridge/Boston, no Estado de Massachusetts, nos Estados Unidos.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura Plena em Letras – Inglês da Universidade Estadual do Piauí como requisito para a conclusão do curso, sob a orientação da Profa. Dra. Márlia Riedel.
Publicado por: uilkianne da silva vieira
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