O uso frequente das cábulas (colas) nas provas e exames como estratégia para melhorar o rendimento escolar: Caso dos alunos da 7ª classe da turma E, do colégio Mfumu

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1. Resumo

A presente pesquisa aborda sobre “O uso frequente das cábulas (colas) nas provas e exames como estratégia para melhorar o rendimento escolar: Caso dos alunos da 7ª classe da turma E, do colégio Mfumu”, é de salientar que, o estudo em questão surge a partir do seguinte problema da pesquisa verificada: “O uso frequente das cábulas (colas) aos alunos da 7ª E como estratégia para melhorar o rendimento escolar”, nesta perspectiva,  para dar o seguimento da pesquisa  traçou-se o seguinte objetivo geral: Identificar os motivos que levam os alunos da 7ª E, ao uso frequente das cábulas (colas) nas provas e exames como estratégias para melhorar o rendimento escolar. Todavia, o estudo em análise é um estudo de caso, para isso a mesma foi desenvolvida através do método qualitativo de tipo exploratório em consonância com uso da técnica de colheta de dados e bibliográfica, porém, após várias leituras e consultas sobre o tema em abordagem, vários autores foram mencionados para sustentar as referências bibliográficas. No entanto, o estudo foi dividido em seis (6) partes que são: Uma breve introdução, os marcos teóricos ,  metodologia do estudo, considerações finais e por último as referências bibliograficas e os anexos. No entanto, em consonância às  considerações finais tendo em conta à temática em abordagem, o estudo revelou que cerca de 88,8% dos alunos já ouviram falar sobre as cábulas, 77,7% já cabulam em provas e exames, 62,9% alegam que a cábula ajuda a memória, 85,1% usam papelitos como cábulas, 66,6% alegam que cabulam mas nunca foram apanhados, 59,2% cabulam para obter notas positivas, 44,4% fazem as cábulas na escola e ao passo que 40,7% dos alunos cabulam apartir da casa.

Palavras- chave: Uso; Cábulas; colas; estratégias

Keywords: Use; Cheat sheets; glues; strategies

2. Introdução

A cola é universal, todos os alunos colam, para isso,  Souza ( 2016 ) cita  Abrantes (2008) enfatiza:

A cola sempre está presente em dias de provas escritas de todos os níveis de ensino. Manifesta-se de forma silenciosa, ocorre de forma rápida e gera adrenalina pelo risco da descoberta que a acompanha. Tradicionalmente vista como aliada pelos alunos, mas como inimiga pelos professores, a cola é universal, em todos os países do mundo, estima-se que cerca de 90% dos estudantes já tenham colado ou usado artifícios não autorizados em provas ou trabalhos pelo menos uma vez na vida. A origem do termo cola é atribuída ao termo francês colle, que tanto significa o ato de grudar quanto expressa dificuldade ou problema a resolver. Quanto ao significado do ato de cola, há uma diversidade de entendimentos. Cola ou cábula tem vários nomes, por exemplos, na Espanha, é conhecida por chivar e chuleta, copianço em Portugal, tricher na França, cheat em inglês e cola (ou pesca) no Brasil e em Angola é conhecida como “cábula”. As formas de utilizá-la vão desde estratégias mais antigas até as mais modernas, como a utilização de grupo de Whatsapp.

3. Justificativa da pesquisa

A pesquisa em abordagem surge a partir de uma perspectiva observativa, pois atualmente o uso das cábulas é frequente em provas e exames quase em todos os níveis escolares, os alunos já encaram as cábulas como uma estratégia da aprendizagem, pois o seu uso é extremamente notório. As cábulas desenvolveram-se com o surgimento das TICs, pois os alunos hoje em dia, conseguem de cabular em provas e exames através dos telemóveis e tablets.

4. Problema

O uso frequente das cábulas (colas) aos alunos da 7ª E como estratégia para melhorar o rendimento escolar.

5. Objetivo geral

 Identificar os motivos que levam os alunos da 7ª E, ao uso frequente das cábulas (colas) nas provas e exames como estratégias para melhorar o rendimento escolar.

6. Objetivos específicos

  • Analisar as formas que os alunos da 7ª E usam para cabular (colar) durante as provas ou exames como estratégias para melhorar o rendimento escolar;
  • Identificar os tipos de cábulas que os alunos da 7ª E usam durante as provas ou exames como estratégias para melhorar o rendimento escolar;
  • Reconhecer o uso das cábulas (colas) no seio dos alunos da 7ª E como estratégias para melhorar o rendimento escolar.

7. Hipótese

Se identificamos os motivos que levam os alunos da 7ª E ao uso frequente das cábulas (colas) nas provas e exames como estratégias para melhorar o rendimento escolar, pode- se erradicar este fenómeno no seio dos alunos da 7ª E do colégio Mfumu?

8. Marcos teóricos

8.1. Mundo da cola: Caracterizações

Desde os tempos primórdios, a utilização frequente das cábulas em tempos das provas e exames é notório, nesta perspectiva, Souza (2018) cita (Rangel, 2001, p. 83); (Zanon; Althaus, 2008, p. 24); (Iocohama, 2004, p. 26); (Gomes, 2008, p.149);Abrantes (2008) enfatiza:

A cola é famosa no mundo todo, seu nome varia de um lugar para outro,  a cábula ou "cola" é, sem dúvida, um fenômeno psicossocial, seja por ser considerada um comportamento desviante, seja porque, no fundo de suas razões, encontram-se processos de transferência de classificações e notas atribuídas pela avaliação escolar para a auto-avaliação. Os valores em nota podem ser estendidos ao valor que a própria pessoa se atribui, traduzindo-se no modo como ela se vê e como pensa que seja vista por outros. A cola é uma forma de pesquisa caracterizada como ilícita, já que desautorizada por normas institucionais ou até por determinações estabelecidas pelo professor, pois “consiste, concretamente, na utilização de meios fraudulentos para obter vantagens competitivas no âmbito dos processos de avaliação” sendo essa, talvez, a forma mais difundida de fraude.

Considera-a um desvio de conduta, apesar de julgar que esta é uma característica inerente ao ser humano. Acerca desse entendimento, vale acrescentar uma publicação do Ministério da Educação (MEC) via facebook no dia 09 de dezembro de 2015, em comemoração ao Dia Internacional de Combate a Corrupção. A fim de apontar que a corrupção também está presente nos pequenos atos, como falsificar a carteira estudantil e assinar presença pelo e para o colega, a seguinte imagem foi postada.

Ribeiro (2004) alerta o seguinte:

As táticas da cola são criativas: pedacinhos de papel pregados na sola do sapato ou camuflados em canetas, mangas de blusa ou na aba do boné. Fórmulas matemáticas ou textos minúsculos também são escritos pelos adolescentes na parede ou num cantinho da carteira. Você pode até tentar descobrir e reprimir as variadas estratégias - algumas bem antigas, outras até tecnológicas. Mas não é assim que o problema vai se resolver. Se seus alunos estão sempre colando, a primeira providência é entender o porquê. Talvez eles estejam manifestando insegurança, mostrando que não se ajustam a um ensino que privilegia a "decoreba" ou se recusando a quebrar a cabeça para provar que sabem coisas pelas quais não se interessam. De qualquer modo, essa burla às regras mostra que não há compromisso com as normas escolares e que falta eficiência ao sistema de avaliação.

8.2. A tríade principal da cábula (cola)

Íbdem (2004) apela o seguinte:

É possível dizer que, em torno da problemática cábula (cola), há uma tríade principal relacionada: o aluno, o professor e a instituição de ensino. (Aluno-professor, professor-aluno, professor-instituição do ensino, instituição do ensino- professor, aluno- instituição do ensino e instituição do ensino- aluno).

Íbdem (2004) cita Domingues (2006) cita (Krause, 1997, p. 75).

Rangel (2001) questiona:

O porquê de os alunos serem capazes de reconhecer a negatividade dos efeitos da cola (empobrecimento da formação moral, enfraquecimento da formação técnica etc.) e ao mesmo tempo praticá-la. O autor estabelece uma análise em dois planos: o juízo ético e o pragmático. Ele pontua que, “na monitorização diária da actividade, frequentemente eles se separam e os objectivos se impõem aos princípios, sobreposição esta que quase sempre impõe os interesses materiais face aos interesses éticos”

Uma análise das razões que levam os alunos a praticar as cábulas (cola) pode ser o primeiro passo para o estudo da complexidade do fato, cabendo a ressalva de que “em fenômenos complexos, não encontramos uma única causa para um único efeito”. Dentre as causas, incluem-se questões éticas, didáticas e psicossociais. Sendo que os aspectos didáticos (nota baixa, reprovação, erros de respostas) articulam-se a processos psicossociais de prestígio pessoal do aluno e preservação de imagem, ou seja, envolve os campos psicológico, emocional. É inegável que a prova desperta uma forte carga emocional, como ansiedade (capaz de bloquear o desempenho, o pensamento e causar lapso de memória – “o branco”), medo da nota baixa e da reprovação, nervosismo, dúvidas, insegurança, esquecimento etc. Por isso, a cola pode se configurar como um meio de diminuir a ansiedade – se houver esquecimento, ela pode gerar segurança – como uma fuga ao fracasso, uma estratégia de defesa ou uma porta de escape à prova que tem poder de atribuir notas baixas, reprovar e refletir na imagem pessoal. Então, do ponto de vista prático, o aluno pode colar para garantir nota mínima e ser aprovado.

Íbdem (2004) cita Revista Nova Escola (2011); Iocohama (2004); Ribeiro (2004), enfatiza:

Há também os que colam só para desafiar o professor, ou para provar que são "mais espertos" e os que não conseguem atender à expectativa de saber tantos conteúdos de uma só vez. A cola também pode ser resultado de uma aprendizagem não significativa, porque teoricamente não há necessidade de colar aquilo que se conhece ou que se sabe.

O desinteresse pelo próprio estudo (no contexto universitário, cursar sem realmente ter concebido aquele curso para a formação profissional), a busca da “cola” como um instrumento de salvação para a avaliação e aprovação, sem a preocupação com o conhecimento do conteúdo. A escolha em colar pode ser uma manifestação de enfrentamento, mostrando que não se ajustam a um ensino que privilegia a “decoreba” ou como uma recusa em “quebrar a cabeça” para provar que sabem coisas pelas quais não se interessam.

8.3. Como evitar as fraudes (cábulas ou colas)

Os professores devem procurar os métodos ou técnicas para reduzir o uso frequente das cábulas nos momentos das provas e exames, para isso, Íbdem (2004) alerta o seguinte a respeito:

No Colégio Monteiro Lobato, de Porto Alegre, não há mais provas. "Nosso objetivo não é testar o aluno, mas realizar um diagnóstico para detectar deficiências no aprendizado e trabalhar esses pontos novamente", explica o professor Luciano Denardin de Oliveira.

A prova com consulta é o melhor antídoto da cola para Gustavo Bernardo, professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. "A avaliação que dá margem à cola precisa ser abolida, proporcionando uma relação de confiança, não só do professor nos alunos, mas dos alunos no próprio saber." As avaliações que Bernardo propõe têm o objetivo de estimular a capacidade de argumentação. Durante os testes, os alunos podem consultar cadernos, livros e até uns aos outros, desde que não copiem. "E a sala não vira uma bagunça."

Os adolescentes precisam de regras e escola frouxa com as próprias leis ensina o aluno a colar. Isso não significa que você deve se transformar em detetive, investigador ou carrasco. Vale dizer que quanto mais autoritário o professor é com a turma, maior a probabilidade de ser vítima da cola. Fazer vista grossa também não ajuda: se você finge que não vê, o aluno percebe o descaso e perde o respeito. O momento é de discutir com a classe o que a cola significa e debater a transparência nas relações. Bernardo aposta na abertura para o diálogo. Os alunos dele podem, por exemplo, reclamar da nota de uma avaliação, desde que o façam por escrito e assim exerçam a capacidade de argumentação. "Muitas vezes o resultado disso é melhor do que a prova."

No Colégio Estadual Emílio de Menezes, em Curitiba, a hora da prova não é momento de terrorismo, de acordo com o diretor Alcides José de Carvalho. "Damos mais ênfase à questão formativa e valorizamos o progresso do aluno independentemente de ele ser o 'melhor' ou o 'pior', da turma." Por isso, as situações de cola não são freqüentes. Quando algum problema desse tipo acontece, o aluno é encaminhado para a orientação educacional. "Mostramos que a atitude não era correta", diz o diretor, enfatizando o cuidado de falar da atitude e não da pessoa. Ou seja, não é o aluno que está errado, e sim o que ele fez. "Temos uma grande função social de preparar o aluno para não compactuar com o modelo da chamada 'lei de Gerson', que defende que o importante é levar vantagem em tudo."

A cola é uma situação potencialmente educadora, na opinião de Carvalho. "A aplicação de uma regra bem feita educa mais do que uma conversa." Para que isso aconteça, professor e alunos, juntos, devem ter discutido quais são as regras referentes ao momento da realização das provas e as possíveis punições a quem transgredi-las. Assim, o aluno saberá, de antemão, o risco que corre ao descumprir o combinado. Se pego em flagrante, deve ser devidamente punido. "Socrátes já dizia que a pena justa é aquela adequada ao delito e a quem o cometeu", cita Carvalho. Quando a fraude ocorre e é descoberta é momento também de o professor refletir: o fato mostra que o aluno não está seguro. Mesmo sem ter aprendido, ele finge que sabe para não ser punido. "Se o estudante faz de conta que entendeu, o professor não fica sabendo qual a sua real condição e não pode ajudá-lo", diz Jussara Hoffmann. A cola, ela finaliza, é resultado de uma aprendizagem não significativa. "O aluno não cola aquilo que entende."

8.4. Diversos fatores que podem desencadear e manter a prática da cola

De maneira similar Íbdem (2004) cita Krause (1997, p.70); Gomes (2008) pontua diversos fatores que podem desencadear e manter a prática da cola:

Fatores relacionados aos alunos, como o hábito de estudo de última hora e a desarticulação entre a vida acadêmica e a vida não acadêmica, estimulada por festas; fatores organizacionais, como, por exemplo, a concentração de muitas provas em determinado período; fatores pedagógicos – ensino que não suscita o interesse e a participação do aluno, o caráter muito teórico de algumas disciplinas, deficiente relação pedagógica entre professores e alunos, avaliação centrada em testes, memorização e reprodução acrítica dos conteúdos; e fatores institucionais, como a inexistência de um código normativo que uniformize procedimentos e clareie os valores e princípios éticos para toda a instituição. A cola é promovida pela proibição e é estimulada quando se submete o aluno a múltiplas disciplinas fragmentadas, cada uma delas com exigências cumulativas e conflitivas entre si, somando testes e exames toda semana, às vezes todos os dias de uma única semana, dentro de um espaço usualmente apertado, em que o colega ao lado senta-se a menos de um metro.

As razões que levam os alunos a legitimarem a cola têm natureza muito diversa, para isso Íbdem (2004) cita Domingues (2006, p. 36) enfatiza:

A prática da cola deve-se a “factores de realização pessoal, de controlo das condições de sucesso nas provas realizadas, de aproveitamento de oportunidades abertas por docentes mais displicentes, de gestão da ansiedade e normalização da igualdade de oportunidades”. Para o aluno, “a decisão de copiar resulta de cálculo que considera a necessidade, equaciona os riscos e as perdas, pondera os benefícios. Neste frio cálculo racional não existe espaço para a moral”. Soma-se, ainda, o clima de cumplicidade rodeado por um tácito pacto de silêncio que a todos protege, caso contrário, o convívio social da turma poderia se tornar caótico.

Íbdem (2004) cita A Revista Amae Educando, número 406 de novembro de 2014, traz uma reportagem na qual indica que:

A prática da cola está relacionada com o tipo de prova; quanto mais esta for excludente e autoritária, mais os alunos utilizam-se daquela para manipular seus resultados. Com ideia semelhante, Demo (2006, p. 89) argumenta que "o ‘professor’ que vive de aula e prova, pratica e impõe a cópia dos outros. O aluno, coagido, responde na mesma moeda: decora e cola”. Nessa linha, a cola seria provocada pelas escolhas metodológicas e de avaliação do professor, isto é, a aplicação única de provas como forma de verificar o avanço da turma pode gerar como consequência a cola. Colar não é simples, é conflitante, e as razões do aluno têm natureza diversa. Os objetivos e benefícios imediatos podem se impor a princípios; o aluno pode estar aproveitando oportunidades abertas por docentes mais omissos ou pela proximidade em um espaço físico apertado; pode estar querendo fugir da imagem de fracasso provocada pela nota baixa; não ter interesse pelo estudo e despreocupação com o domínio de conteúdos; ou pode estar tomando uma atitude de enfrentamento ao sistema e a um ensino pautado na “decoreba”; ou a cola pode ser causada pelo acúmulo de exigências de disciplinas fragmentadas etc.

8.5. A cola como uma conduta disviante

Íbdem (2016) cita Rangel (2001, p. 83) destaca o seguinte:

A "cola" é, sem dúvida, um fenômeno psicossocial, seja por ser considerada um comportamento desviante, seja porque, no fundo de suas razões, encontram-se processos de transferência de classificações e notas atribuídas pela avaliação escolar para a auto-avaliação. Os valores em nota podem ser estendidos ao valor que a própria pessoa se atribui, traduzindo-se no modo como ela se vê e como pensa que seja vista por outros.

Íbdem (2016) cita Abrantes (2008) (Zanon; Althaus, 2008, p.24) (Iocohama, 2004, p. 26); (Gomes, 2008, p.149) alegando que,  considera-se um desvio de conduta, mas ressalta que:

Essa é uma característica inerente ao ser humano, ou seja, os alunos sempre tentarão colar independente das condições presentes por ser uma característica natural das pessoas. Colar é uma atitude de trazer para o momento da avaliação informações que não correspondem ao conhecimento já construído”. É uma forma de pesquisa caracterizada como ilícita, já que desautorizada por normas institucionais ou até por determinações estabelecidas pelo professor. Colar consiste, concretamente, na utilização de meios fraudulentos para obter vantagens competitivas no âmbito dos processos de avaliação sendo essa, talvez, a forma mais difundida de fraude.

Olhando pela perspectiva do professor ou instituição, colar é utilizar informações por meio de fontes não autorizadas, para a realização de provas ou atividades avaliativas a fim de suprir lacunas na aprendizagem do conteúdo envolvido e/ou de obter vantagens nos resultados. Tendo em vista que a prova desperta uma forte carga emocional no aluno, como ansiedade, medo da nota baixa, da reprovação, nervosismo, dúvidas, insegurança, esquecimento etc., a cola pode parecer para o aluno um meio de diminuir a ansiedade, como uma fuga ao fracasso, uma porta de escape à prova que tem poder de atribuir notas baixas e reprovar, ou seja, para os alunos, ela pode ser entendida como uma estratégia de defesa.

Para os professores, a cola é uma inimiga ousada uma vez que desafia seus métodos avaliativos, suas escolhas metodológicas, seu domínio de sala de aula e até mesmo sua presença nela. O ensino transmissivo de conteúdos, no qual, ao professor cabe apenas “passar” a informação e ao aluno captá-la e repeti-la, sendo a avaliação restrita à prova escrita, medidora, que atribui nota e classifica, mostra-se como um ambiente favorável à manifestação da cola.

8.6. Técnicas de como cabular (colar)

Durante o momento da realização das provas ou exames,os alunos têm utilizados diferentes formas e técnicas de cábulas para que possa atingir o seu objectivo de cábular, para isso, segundo o site pedagogica/guia-da-desonestidade-academica/tecnicas-de-como-cabular, faz menção a onze (11) tipos de técnicas que os alunos utilizam para cabular:

8.6.1. O método da camisa de mangas compridas

Esta técnica é mais utilizada durante o inverno. Na prática o aluno utiliza os seus antebraços como papel de cábula escrevendo aí todas as informações que necessita memorizar. Sempre que pretende consultar esta "cábula" só tem que arregaçar as mangas, enquanto o formador não está a olhar para si. Existem variantes em que o papel da cábula é colado com fita adesiva ao braço do aluno, ou de forma idêntica nas pernas - embora aí a leitura seja mais difícil.

8.6.2. A Mesa é a melhor amiga

Há formandos que são muito pontuais, até demasiado! São os primeiros a chegar à sala e o seu propósito é apenas um: escrever no tampo da mesa a sua cábula. Em seguida só têm que pousar algo em cima dela: uma peça de roupa, umas folhas em branco, etc. para esconder a prova do crime. Sempre que necessário, afastam esse objecto e espreitam.

8.6.3. Tecnologia amiga

Sempre que o teste permita a utilização da calculadora, a arte e o engenho aguçam. Hoje em dia a tecnologia coloca ao serviço do "aluno cábula" um arsenal de opções. Desde calculadoras que aparentam um ar simples - mas que têm capacidade para armazenar o Wikipédia inteiro - até às memórias escondidas (que através de uma combinação de teclas mostram as fórmulas e definições escondidas) quase tudo é possível. O telemóvel também é muito usado e os smartphones são a estrela do momento. O melhor mesmo é não permitir o seu uso, colocando-os sobre a secretária do formador até ao final do teste.

8.6.4. Chapéus

Copiar na sua forma mais comum implica apenas espreitar o teste do colega do lado ou da frente, com ou sem o seu consentimento. É em relação a esta modalidade que o formador normalmente está mais atento. Mas a imaginação do formando não tem limites. Sempre que algum deles insista em usar chapéu, desconfie. E se o chapéu for do tipo "jogador de baseball" - com a aba para a frente - é ideal para que ele, com a cabeça inclinada, possa observar calmamente o teste dos outros colegas.

8.6.5. O Método Kleenex

Se alguns dos formandos já entregaram o teste é natural que o formador os coloque em cima da sua mesa, não tendo muitas vezes o cuidado de os colocar com a frente virada para baixo. É o momento certo para o "aluno cábula" atacar: finge tosse, necessidade de assoar e aproxima-se da mesa do formador pedindo um lenço de papel. Enquanto o formador procura ele só tem que espreitar para um desses testes. Um método alternativo é levar a cábula escrita num dos seus lenços de papel e, ao fingir que se assoa, consultar a mesma.

8.6.6. Trabalho em Equipe

Desde pagar a um "outsider" para que faça o teste até conseguir alguém lá fora - normalmente nos balneários - que aguarde que o formando peça para ir à casa de banho (criando assim a oportunidade para o ajudar) tudo é possível. A vigilância é a única defesa contra este método subversivo.

8.6.7. A Técnica da Mochila

Este aluno escolhe normalmente os lugares mais distantes e inacessíveis da sala. Quando o formador pede - no início do exame - para guardar todos os documentos e livros, este aluno aproveita para colocar as suas notas no chão, junto à mochila ou pasta volumosa, para que não possam ser vistas pelo formador, podendo no entanto ser consultadas pelo formando ao longo do teste.

8.6.8. Estado desesperado

Este método é semelhante ao método do chapéu e a ideia é dar a impressão que se está com dificuldades - o que normalmente é bem visto pelo formador e apela à solidariedade e compreensão do mesmo. Enquanto o formando suspira, coloca a mão na cabeça e se inclina (num gesto de desespero) tal não passa de uma boa prestação de actor, pois na realidade fica assim melhor posicionado para espreitar o teste dos colegas, escondendo com a mão o olhar. Esta técnica tem variantes: enquanto se fecha o olho do lado do formador o outro pode manter-se "bem aberto".

8.6.9. A técnica da Pastilha Elástica

Esta técnica é engenhosa. Alguns tipos de chicletes vêm embrulhadas em papel que pode ser aproveitado para o formando colocar as suas notas escritas. Assim, em caso de desespero, este só tem de desembrulhar a "pastilha certa" e ler as notas escritas. Raramente alguém desconfia, mas agora passa a estar prevenido. Na eventualidade de o formador desconfiar, existe normalmente uma pastilha inócua - sem notas - que se oferece ao professor num gesto de boa vontade.

8.6.10. Graffitis / Mural

Este método exige a "solidariedade" da turma e consiste em alguém escrever nas paredes em cartazes afixados ou em outro lugar estratégico, fora da visão fácil do formador as informações que ajudem o aluno a "cabular". Caso o formsdor descubra, terá dificuldade em acusar alguém, pelo que neste caso "o crime compensará". Portanto, uma revisão ocular das paredes atrás do formador não será má ideia.

8.6.11. A Palma da Mão

Esta técnica é um clássico mas não serve para quem se enerva e transpira das mãos. Uma caneta, duas mãos, uma para escrever e a outra para ser escrita são suficientes. O limite está no tamanho da letra e/ou no tamanho da mão.

8.6.12. Murmúrios

À medida que o teste decorre, do silêncio sepulcral do início, um som de fundo vai aumentando enquanto o tempo passa. São murmúrios normalmente vindos do lado oposto onde se encontra o formador que aumentam e diminuem entre os "shhss!" que o mesmo vai distribuindo, na vã tentativa de os silenciar. Uma técnica para minorar este tipo de "companheirismo" é contrariar a ordem pela qual os formandos de sentam, redistribuindo os respectivos lugares.

9. Metodologia do estudo

9.1. Descrição do contexto, dos participantes ou população e o período em que a pesquisa foi realizada

O colégio Mfumu é um centro educativo do Iº ciclo do ensino segundário no município de Mbanza- Kongo, província do Zaire, Angola. Quanto a sua localização, importa salientar que, o mesmo encontra-se numa zona periférica a sul da cidade de Mbanza- Kongo na mesma rua com a unidade trânsita, regedoria e posto médico do bairro 11 de novembro na entrada da via principal que liga a referida  cidade da comuna sede com a comuna do Luvu do município de Mbanza-Kongo, na província do Zaire em Angola.

O colégio “Mfumu”, é uma instituição educativa do primeiro ciclo do ensino secundário, de nível base (7ª, 8ª e 9 ª classes) com 8 salas, três (3) gabinetes, uma secretaria, uma sala para os professores, quatro latrinas. A escola possui água potável, um tanque subterrano de água, um pequeno jardim. A escola carece de um laboratório, bibliotéca, espaço de lazer, um campo desportivo, anfiteatro e uma sala de reunião, todavia, tendo em conta aos aperelhos e equipamentos para atender as novas tecnologias, a escola carece também muitos destes equipamentos como tais: computadores na sala dos professores, rede da internet entre outros.

O colégio Mfumu Foi criado ao abrigo do disposto artigo 71º da Lei Nº 13/01, de 31 de Dezembro que aprova a lei de base do sistema de educação, conjunto com as disposições do Decreto Presidencial Nº 104/11, de 23 de Maio que define as condições e procedimentos de elaboração. Construída e apetrechada pelo estado angolano, e sua inauguração enquadrou-se nas comemorações do dia 17 de Setembro de 2012, isto é, dia dos heróis nacional, feita pela ministra da cultura Dra. Rosa Cruz Silva em representação do presidente da República de Angola, sua excelência José Eduardo Dos Santos.

O colégio Mfumu neste ano letivo 2020/2021 matriculou cerca de 1274 alunos, 647 são do sexo masculino e 627 do sexo feminino com idade compreendinda entre 12 à 30 anos, dos quais foram distribuidos em três períodos que são: Matinal com 442, vespertino 435 e nocturno com 397 alunos. O presente trabalho embasa-se aos 45 alunos da 7ªclasse, da turma E, do período nocturno.

9.2. Método, procedimentos e técnicas do estudo

O método de estudo é o caminho a seguir para atingir os objectivos dum estudo ou pesquisa, para isso, será considerado neste presente estudo o método qualitativo, pois segundo Nascimento (2016) afirma o seguinte:

O método qualitativo é mais apropriado a pesquisas da área das ciências sociais. É baseado na interpretação dos fenômenos observados e no significado que carregam, ou no significado atribuído pelo pesquisador, dada a realidade em que os fenômenos estão inseridos. Considera a realidade e a particularidade de cada sujeito objeto da pesquisa.

Quanto aos procedimentos, técnicas ou tipos de pesquisa o estudo foi posssível através do uso  de estudo de caso pois, Para Íbdem (2016) cita Lüdke e André (1999) enfatiza o seguinte:

O estudo de caso se assemelha mais a uma abordagem metodológica de pesquisa que a um tipo de procedimento. É composto de três fases: uma exploratória; outra de sistematização de coleta de dados e delimitação do estudo, e a última de análise e interpretação das descobertas. Trata-se, como os termos indicam, do estudo de certo caso singular visando descoberta de fenômenos em determinado contexto. Enfatiza a interpretação de fenômeno específico e busca retratar a realidade de maneira complexa e profunda. Mas não é simples fazer generalizações das descobertas neste tipo de pesquisa, porque se refere a um caso específico, particular, não apresenta caráter imediato e requerem cuidados do pesquisador para estender as constatações a contextos mais amplos. Por ser singular, único, o estudo de caso permite ao estudioso pesquisar tema já estudado ou em estudo por outro pesquisador. Ora, se é um caso particular, carregará sempre aspectos peculiares que o diferenciará de outros, permitindo concepções diferenciadas do objeto estudado.

É de salientar que, para a coleta de dedos, análise e discussão de resultados, foi aplicado mediante um questionário de nove (9) questões com perguntas fechadas.

9.3. População e Amostra

A população é o conjunto de pessoas ou objectos a serem estudos, para isso, o estudo em abordagem conta com a população de 45 alunos da  7ª classe, turma E,  e como amostra da pesquisa, foram selecionados aleatoramente 27 alunos que responderam as perguntas do questionário para este estudo. Porém, importa salientar que, uma amostra é uma pequena parte de conjunto das pessoas ou objectos a serem estudados.

10. Análise e discussão de resultados

Nesta parte serão analisados e discutidos os resultados da pesquisa mediante a interpretação das respostas obtidas no momento da aplicação do questionário aos alunos da 7ª classe, da turma E, referente ao uso das cábulas (cola) em provas ou exames, nesta perspetiva, espelha-se os seguintes resultados a respeito:

Na pergunta 1, os alunos foram questionados se já ouviram falar sobre as cábulas (colas), 24 alunos responderam sim (88,8%), 2 responderam não (7,4%) e 1 não respondeu a questão (3,7%);

Na pergunta 2, foram questionados se alguma vez já cabularam numa prova, 21 alunos responderam sim (77,7%), 5 alunos responderam não (18,5%) e que 1 alunos não responderam a respeito (3,7%);

Na pergunta 3, foram questionados se porque é que gostam de cabular (colar) na prova, 17 alunos responderam para ajudar a memória (62,9%), 4 alunos responderam não gostam de estudar em casa (14,8%) e que 6 alunos não responderam a respeito (22,2%);

Na pergunta 4, foram questionados se em cada prova ou exame gostam de cabular (colar), 6 alunos responderam sim (22,2%) e 21 alunos responderam não (77,7%);

Na pergunta 5, foram questionados se que tipo de cábula (cola) que usam na prova ou no exame, 23 alunos responderam no papelito (85,1%), 1 aluno respondeu no caderno (3,7%) e 3 alunos não responderam a respeito (11,1%);

Na pergunta 6, foram questionados se já foram apanhados com a cábula (cola) numa prova ou exame, 9 alunos responderam sim (33,3%) e 18 alunos responderam não (66,6%);

Na pergunta 7, foram questionados se as cábulas Colas) têm ajudados na obtenção de notas positivas em provas ou exames, 16 alunos responderam sim (59,2%), 9 alunos responderam não (33,3%) e 2 alunos não responderam a respeito (7,4%);

Na pergunta 8, foram questionados se onde fazem as cábulas (cola) para as provas ou exames, 11 alunos responderam em casa (40,7%), 12 alunos responderam na escola (44,4%) e 4 alunos não responderam a respeito (14,8%);

Na pergunta 9, foram questionados se em que classe que começaram a cabular (colar) em provas ou exames, 1 aluno respondeu na 5ª classe (3,7%), 11 alunos responderam na 6ª classe (40,7%) e 15 alunos responderam na 7ª classe (55,5%).

11. Considerações finais e recomendações

Tendo em conta o estudo realizado sobre o uso frequente das cábulas aos alunos da 7ª classe da turma E no colégio Mfumu, nota-se que: 88,8% dos alunos já ouviram falar sobre as cábulas, 77,7% já cabulam em provas e exames, 62,9% alegam que a cábula ajuda a memória, 85,1% usam papelitos como cábulas, 66,6% alegam que cabulam mas nunca foram apanhados, 59,2% cabulam para obter notas positivas, 44,4% fazem as cábulas na escola e ao passo que 40,7% dos alunos cabulam apartir da casa.   

Correlação à conclusão feita através dos resultados obtidos referente ao assunto da pesquisa,  Cristiano Forster (s/d) cita (Papy et al., 2012) enfatizam:

Entre professores, há diferentes visões a respeito da “cola”. Uns veem a “cola” como um sério problema a ser combatido, outros entendem que ela é uma estratégia de defesa dos alunos ao modelo de ensino tradicional, centrado no poder autocrático do professor em um formato de avaliação que privilegia não a verificação do desempenho integral do aluno, mas apenas um momento do processo.

No ambiente escolar muitas situações podem ser caracterizadas como “cola”, entre elas a consulta à prova do colega, a escrita de frases em paredes ou móveis da sala, o uso indevido de aparelhos eletrônicos, entre outras. Contudo, este trabalho vai apresentar um estudo relacionado apenas à utilização da “cola” escrita em papel como recurso, na avaliação escrita da aprendizagem escolar tomada como oportunidade de aprendizagem. Comentários a respeito do uso de “cola” em provas escolares são frequentes, não apenas no espaço escolar. Talvez o mais emblemático seja “quem não “cola” não sai da escola”. A utilização da “cola” nas provas escolares é uma situação que podemos assim chamar de rotineira. Os professores até tentam combatê-la, mas a variedade de formas para colar em uma prova aumenta em uma velocidade ainda maior do que o desenvolvimento de alternativas para o combate dessas práticas.

A alternativa encontrada pelos alunos para colar nas provas escolares, pode ser entendida como um meio de pedir socorro dizendo “não aguantamos mais este tipo de educação que nos é oferecida”. Pode-se pensar que os alunos, ao simplesmente não se importar em “fraudar” uma prova, estão manifestando-se no sentido de resistir a uma situação que apenas quer classificá-los e que pouco ajuda em seu processo de aprendizagem. A avaliação escolar, do modo como está, não é útil para muita coisa, a não ser para classificar os alunos de forma arbitrária. Ainda que tal classificação fosse realmente importante estaria ela sendo feita de uma forma imprecisa e na maioria das vezes injusta. Os professores acabam por estabelecer uma classificação de seus alunos com base em poucos instrumentos imprecisos. Em grande parte das escolas o único instrumento utilizado pelos professores para realizar a avaliação é a prova escrita. E então os alunos, mesmo que de modo inconsciente, resistem a este sistema que apenas valoriza o reproduzir.

12. Referências bibliográficas

Forster, C. (s/d).  A utilização da prova escrita com “cola” como recurso à aprendizagem - GD8 – Avaliação em Educação Matemática

https://formacaoformadores-ccp.pt/guia-do-formador/o-formador-e-a-actividade-pedagogica/guia-da-desonestidade-academica/tecnicas-de-como-cabular

https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1bula

Nascimento, P. F. (2016). Classificação da Pesquisa. Natureza, método ou abordagem metodológica, objetivos e procedimentos. Brasília: Thesaurus, 2016. Disponível em: http://franciscopaulo.com.br/arquivos/Classifica%C3%A7%C3%A3o%20da%20Pesquisa.pdf

Ribeiro, R  ( 2004   ).   O aluno colou? É hora de discutir avaliação. E regras disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1363/o-alunocolou-e-hora-de-discutir-avaliacao-e-regras. Publicado em NOVA ESCOLA 01 de Julho | 2004

Souza, A. J (2016). Prova com Cola: uma conjectura. Encontro Brasileiro de estudantes de Pós-Graduação em Educação de Matemática. Curitiba- PR, 12 a 14 de Novembro de 2016. XX EBRAPEM.

Souza, A. J (2018). Cola em prova escrita: de uma conduta discente a uma estratégia docente campo grande - ms 2018

13. Anexos


Publicado por: Pedro Muanda Diwavova

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