O pedagogo empresarial como mediador da educação ambiental na empresa

RESUMO

A educação ambiental como tarefa essencial para a vida humana, pode ser praticada em escolas e também na empresa, tarefa esta que pode ser exercida pelo pedagogo empresarial. O objetivo deste estudo foi analisar o papel do pedagogo empresarial nas práticas da educação ambiental na empresa. Para isso foram selecionados dados gerais referentes às características sobre a responsabilidade social e ambiental das empresas, concepções sobre educação ambiental na empresa, características do pedagogo empresarial e apresentação das possíveis ações que o pedagogo empresarial pode desempenhar nas práticas da educação ambiental na empresa. Estes dados poderão ajudar as empresas a analisarem suas práticas de educação ambiental juntamente com seus funcionários, visando a conscientizá-los da importância de tal prática.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Responsabilidade ambiental empresarial. Pedagogo empresarial.

LISTA DE SIGLAS

CE Cidadania Empresarial
CEPAA Órgão de Credenciamento do Conselho de Prioridades Econômicas
CVRD

Companhia Vale do Rio Doce

EAEB

Educação Ambiental Empresarial no Brasil

FE

Filantropia empresarial

ISO

International Organization for Standardization

OIT

Organização Internacional do Trabalho

ONG

Organização não Governmental

ONU

Organização das Nações Unidas

RS

Responsabilidade Social

RSC

Responsabilidade Social Corporativa

SA

Social Accountability

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 9

2 APROXIMANDO-NOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL NO BRASIL

12

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL DA EMPRESA NO BRASIL

12

2.2 SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL NO BRASIL

16

2.3 AS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL NO BRASIL

19

3 O PAPEL DO PEDAGOGO EMPRESARIAL

23

3.1 SOBRE A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO NO BRASIL

23

3.2 POSSÍVEIS FUNÇÕES DO PEDAGOGO NA EMPRESA

28

4 O PEDAGOGO EMPRESARIAL COMO MEDIADOR DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA NO BRASIL

32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

42

6 REFERÊNCIAS

43

1 INTRODUÇÃO

O aumento da população e do consumo de alimentos e de objetos pessoais fez aumentar consequentemente a criação de novas indústrias e empresas. Mas, se incrementaram também os problemas ambientais Devido a isso se incrementaram também os problemas ambientais, como a poluição. Tal situação obrigou aos poderes públicos a se preocuparem em promover um meio ambiente de qualidade para a população. Mas isso não é um papel apenas do poder público, mas também da sociedade, das organizações e especificamente das empresas.

Para criar a preocupação em praticar a responsabilidade ambiental deve ser feito todo um trabalho de conscientização com a sociedade. Dá-se a esse processo de conscientização o nome de educação ambiental. A educação ambiental pode ser formal – na escola – e não-formal – fora da escola.

O Artigo 9º da Lei 9.795/99 para a promoção da Educação Ambiental no Brasil aborda o âmbito da educação escolar.

O Artigo 13 da mesma lei considera a educação ambiental não-formal como toda ação e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre estas questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Goodfellow (2000, p.19) afirma que:

Nos últimos anos, a sociedade tem exigido que todos nós nos tornemos mais conscientes de nossa responsabilidade em relação aos recursos naturais da Terra, para assegurar que estes recursos estejam disponíveis para futuras gerações. Grande parte desta responsabilidade recaiu sobre as empresas e, por conseqüência, sobre os contadores e os auditores. Aos encargos com o meio ambiente e, aos auditores, que assegurassem a confiabilidade desses sistemas e das informações fornecidas.

A Constituição Federal no seu Art. 225 ampara quanto a uma maior exigência da promoção da preservação do meio ambiente, quando diz:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

No artigo citado acima, ressalta-se a importância da preservação do meio ambiente pelas instituições privadas e públicas, inclusive da promoção da educação ambiental em todos os lugares, seja na escola ou fora dela.

Essa promoção pode ser realizada pelo pedagogo, pois sua formação é idônea para tal função, podendo atuar em espaços escolares e não-escolares, como: hospitais, em organizações não governamentais, na empresa, dentre outros locais. Nesta pesquisa, assume-se o termo de pedagogo empresarial, para o egresso do curso de pedagogia inserido no ambiente de empresa.

Para incrementar a qualidade e abrangência de sua atuação como mediador da educação ambiental na empresa, ele pode se especializar em Pedagogia Empresarial.

Hoje em dia, poucas são as empresas que se preocupam em praticar a gestão ambiental. Existem outras que trabalham promovendo a preservação do meio ambiente.

Daí o tema desta pesquisa: O papel do Pedagogo Empresarial na Educação Ambiental na empresa.

Selecionou-se este tema com o intuito de mostrar, de forma inicial que a educação ambiental pode e deve ser praticada dentro da empresa e não apenas na escola, e que o pedagogo empresarial pode participar dela.

Assim, tem-se como objetivo geral: Mostrar o papel do pedagogo empresarial nas práticas da educação ambiental na empresa.

E como objetivos específicos:

  • Caracterizar a responsabilidade social e ambiental das empresas.
  • Apresentar algumas concepções sobre a educação ambiental na empresa.
  • Caracterizar o pedagogo empresarial.
  • Apresentar as possíveis ações que o pedagogo empresarial pode desempenhar nas práticas da educação ambiental na empresa.

Esta pesquisa tem um caráter exploratório, por se tratar de um assunto, praticamente em construção e não contar com muita literatura nem experiências sistematizadas da prática.

Utilizou-se da pesquisa descritiva e bibliográfica, pelo fato de estar descrevendo características e estabelecendo relações entre as variáveis: responsabilidade ambiental empresarial, educação ambiental e pedagogo empresarial.

Este trabalho monográfico está organizado em Introdução, dois capítulos e considerações finais. O primeiro capítulo aborda conceitos sobre a educação ambiental empresarial no Brasil. No segundo capítulo, apresenta-se, algumas características do papel do pedagogo empresarial como mediador da educação ambiental na empresa.

2 APROXIMANDO-NOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL NO BRASIL

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL DA EMPRESA NO BRASIL

De acordo com Tachizawa (2004) a responsabilidade social (RS) está se transformando num parâmetro e referencial de excelência, para o mundo dos negócios e para todo o Brasil corporativo, pois é importante que as empresas ao produzir não se esqueçam de que à sua volta existem pessoas que lutam para viver bem, sem poluição e em boa situação sem terem suas vidas prejudicadas.

Para a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (2001), é importante que as organizações pratiquem suas funções visando à responsabilidade social perante a sociedade e o exercício da cidadania, por meio de estágios que vão de pequenas ações até sua fase mais avançada.

Segundo Tinoco (2001, apud Tachizawa, 2004) o conceito de responsabilidade social empresarial deve enfatizar o impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais interagem: empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e comunidade.

Tal conceito deve transparecer compromisso com a adoção e a difusão de valores, conduta e procedimentos que levam ao contínuo aperfeiçoamento dos processos empresariais, para que também tenham como resultado a preservação e melhoria da qualidade de vida da sociedade do ponto de vista ético, social e ambiental.

A responsabilidade social não é apenas uma boa ação da empresa. Em outubro de 1997 foi criada pelo Órgão de Credenciamento do Conselho de Prioridades Econômicas (CEPAA), ligada a Organização das Nações Unidas (ONU), reunindo Organizações não Governamentais (ONG), empresas e sindicatos, a SA (Social Accountability) 8000. A SA 8000 é uma norma internacional de avaliação da responsabilidade social para empresas fornecedoras e vendedoras, baseada em convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e em outras convenções das Organizações das Nações Unidas (ONU).

A Norma SA 8000 traz todos os requisitos e a metodologia da auditoria para garantir condições corretas de trabalho. Estas condições incluem trabalho infantil, trabalhos forçados, saúde e segurança no trabalho, liberdade de associação, discriminação, práticas disciplinares, carga horária, benefícios e as responsabilidades da gerência em manter e melhorar as condições do trabalho.

Está prescrito no Art. 7º da Constituição da República Federativa do Brasil que são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais terem boas condições de trabalho, pois o não cumprimento do legislado pode gerar multa ou pagamento de fiança. Para que as empresas tenham plena convicção da existência desta lei, o governo criou a SA 8000 com o propósito de cobrar tais práticas.
Segundo artigo da Systems & Services Certification a SA 8000 é:

Uma norma internacional que define os requisitos referentes as práticas sociais do emprego por fabricantes e seus fornecedores. A SA 8000 é reconhecida mundialmente como a norma mais aplicável ao ambiente de trabalho, e pode ser auditada em qualquer porte de organização, em qualquer localidade geográfica e setor industrial. Entre as áreas cobertas pela SA 8000 estão: trabalho infantil, trabalho forçado, saúde e segurança, liberdade de associação e direito a acordos coletivos, discriminação, práticas disciplinares, horas de trabalho, compensação e sistemas de gestão. Estabelecendo padrões que governam os direitos dos trabalhadores, a SA 8000 adota acordos internacionais existentes, incluindo as Convenções Internacionais do Trabalho, Convenção das Nações Unidas pelos Direitos da Criança e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A norma SA 8000 exige que a empresa ofereça segurança, saúde e bem estar aos seus colaboradores. A mesma é a mais propícia para aplicação global de processos de auditoria de locais de trabalho, podendo ser adotada em empresas de qualquer porte, região e atividade, pois é proibido em todas as empresas a exploração do trabalho infantil e uma carga horária bem maior do permitido para os funcionários.

Tenório (2006, apud PEDRINI, 2008) afirma que as empresas passaram a se interessar em desenvolver atividades sociais a fim de agregar valor aos seus empreendimentos. Este autor mostra que a RS possui três formas de atuação: filantropia empresarial (FE), cidadania empresarial (CE) e responsabilidade social corporativa (RSC):

A filantropia empresarial tem sido entendida como assistencialismo empresarial provisório e superficial, sem comprometimento social, ou seja, uma empresa poluidora financia um evento ou uma melhoria em uma comunidade apenas para melhorar sua reputação diante da população. A empresa que pratica a cidadania empresarial é mais comprometida com o envolvimento em programas socioambientais através de parcerias com organizações não governamentais, investindo na área de saúde, projetos sociais e preservação do meio ambiente. Já a empresa que pratica a responsabilidade social corporativa participa imensamente da questão socioambiental e acompanha as atividades empresariais (TENÓRIO, 2006)

Há empresas que dizem que se preocupam com a sociedade apenas para ganhar maior credibilidade com a população, mal sabem que de nada adianta praticar a responsabilidade social se é apenas fe forma superficial, é como se estivesse tal preocupação e ao mesmo tempo não, pois o que é feito só por fazer não tem o significado que deveria ter.

Além de responsabilidade social, a empresa tem por obrigação trabalhar protegendo o meio ambiente. A Constituição da República Federativa do Brasil promulgada no ano de 1988 estabelece no capítulo VI, em seu artigo 225, que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (Brasil, 1999, p. 127).

Em relação com esse artigo, foi elaborada pela International Organization for Standardization (ISO) a norma de certificação ISO 14000, que foi inicialmente elaborada visando ao “manejo ambiental”, que significa o que a organização faz para minimizar os efeitos nocivos ao ambiente causados pelas suas atividades, ou seja, auditores fazem uma vistoria nas empresas a fim de dar soluções para a diminuição do uso de produtos que causam impacto na natureza.

Cavalcanti cita em seu artigo “A Série ISO 14000” que a idéia da criação da ISO 14000 surgiu:

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvovimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992 - ECO 92 [...] como sendo um conjunto de normas, com abordagem internacional que buscam a boa prática do gerenciamento ambiental.

A ISO 14000 foi outorgada a fim de exigir das empresas a prática da Gestão Ambiental, ou seja, a produção sem agredir o meio ambiente. Como se sabe a poluição do planeta aumentou devido ao crescimento da produção empresarial, causando assim muitos reflexos negativos na natureza, bem como poluição do ar, de rios e mares, aquecimento global, dentre outros. Para que haja uma produção sustentável, sem poluir o meio ambiente, deve ser feito todo um planejamento e uma boa prática de educação ambiental com funcionários e fornecedores, a fim de conscientizá-los sobre a importância da preocupação com o meio ambiente ao produzir. Tal prática recebe o nome de Educação Ambiental.

Marcos Reigota (2009) em seu livro “O que é Educação Ambiental”, caracteriza a educação ambiental como uma educação política, visto que a mesma está comprometida com a ampliação da cidadania, da liberdade, da autonomia e da intervenção direta dos cidadãos na busca de soluções e alternativas que permitam a convivência digna e voltada para o bem comum. Além de livros que falam sobre a educação ambiental, há também documentos com sugestões de atividades que as empresas podem realizar ao praticar a educação ambiental, temos como exemplo, a Agenda 21.

A Agenda 21 foi criada a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, Eco-92 ou Rio-92, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992, segundo artigo sobre a Agenda 21 Global, buscando atividades que funcionem em harmonia com a natureza e promovendo, acima de tudo, a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade.

O artigo Agenda 21 Global (acesso em 2010) define a agenda 21 como sendo:

Um programa de ações para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.

Dedicou-se todo o Capítulo 36 da Agenda 21 à "Promoção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento". Este capítulo contém um conjunto de propostas que reforça a urgência em envolver todos os setores da sociedade através da educação formal e não-formal. Além disso, a conscientização e o treinamento são mencionados em outros capítulos da mesma, já que estas são necessidades que permeiam toda a sociedade.

No Capítulo 36 da Agenda 21, a Educação Ambiental é definida como o processo que busca:

[...] desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (MARCATTO, 2002, p.14).

Pode-se perceber quão importante é o conhecimento dos fatos que ocorrem a nossa volta. Se se fecha os olhos para os problemas ambientais, dificilmente será possível conscientizar a população no sentido de que o problema ambiental é muito maior do que se pensa ser.

JÚNIOR e GESTEIRO (2004), afirmam em seu artigo “A responsabilidade social da empresa” que:

A prática da responsabilidade social e ambiental pelas empresas tem como objetivos e benefícios: Proteger e fortalecer a imagem, favorecendo a empresa, pois a credibilidade passa a ser uma importante vantagem, um diferencial que compete ao mundo globalizado; Fazer o diferente entre outras empresas, pois quando a mesma se insere na comunidade, cria-se um diferencial no marco empresarial; Visão positiva perante a empresa, pois passa a satisfazer não só seus acionistas, mas principalmente os consumidores; Fidelização dos clientes, pois oferecer mais do que a obrigação conquista os mesmos; Segurança patrimonial e dos empregados, pois onde esteja localizada a empresa será cuidada pelos moradores.

A responsabilidade social resgata a função social da empresa tendo como objetivo a promoção nas relações do público da empresa, com a prática que respeitam as pessoas, a comunidade e o meio ambiente, para a construção de uma sociedade mais justa e de melhor qualidade para o viver humano, com atividade mais condizente com a lei estabelecida pela comunidade.

A comunidade por querer ser beneficiada, pode exigir das empresas a prática de trabalhos que beneficiem de alguma forma as pessoas que estão envolvidas direta ou indiretamente nas atividades da organização, devido a isso é importante haver a prática da responsabilidade socioambiental para que a empresa tenha maior credibilidade com a sociedade. As empresas não praticantes de tal responsabilidade perdem a confiança dos habitantes próximos à área empresarial, pois se ela prejudica o meio ambiente e não se preocupa com o bem estar dos indivíduos, logo, a mesma não é capaz de criar produtos que irão beneficiar a população.

2.2 SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL NO BRASIL

Não se pode falar em educação ambiental na empresa sem antes falar de fatos que podem explicar melhor sobre práticas e não-práticas da educação ambiental. Dias (2004), escreve em seu livro “Educação Ambiental: Teorias e Práticas” um pouco sobre alguns elementos da história da Educação Ambiental. Para iniciar, já no século XIX, foi editada por D. Pedro II a Lei 601 que proibia a exploração florestal em terras descobertas, lei visivelmente ignorada devido a uma grande devastação de florestas, ainda no século XIX, um fato ocorrido chamou muita atenção: ao mesmo tempo em que D. Pedro II se preocupava com a preservação ambiental, a Constituição Brasileira promulgada não tratava, nem mesmo superficialmente, de nenhuma questão ligada à preservação das nossas florestas e da nossa fauna, visto que naquele ano o Brasil estava sob forte pressão extrativista dos europeus.

Dias (2004) diz que no século XX criou-se a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN).

Segundo o site Planeta Sustentável (acesso em 2010) a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza foi:

Fundada em 1958 no Rio de Janeiro, é uma das mais antigas entidades de conservação em atividade no Brasil. Entre as ações da FBCN estão a conservação da natureza, educação ambiental, acompanhamento das mudanças atmosféricas e da qualidade do ar e da água, e também a criação de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo.

Ainda no século XX, de acordo com este autor, a Unesco promoveu um encontro internacional em educação ambiental que reuniu especialistas de 65 países, culminando assim a formulação dos princípios e orientações para um programa internacional de Educação Ambiental. Tal acontecimento recebeu o nome de encontro Belgrado.

Freire et al (2006 apud Scribd 2009) conceitua a Carta de Belgrado como sendo:

Um dos elementos vitais para a solução da crise do meio ambiente mundial. Preconizava a necessidade de uma nova ética global, capaz de promover a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e da dominação humana e censurava o desenvolvimento de uma nação à custa de outra, acentuando a urgência de formas de desenvolvimento que beneficiassem toda a humanidade.

A Carta de Belgrado foi criada para descrever as atitudes que são necessárias para promover o bem estar da sociedade, bem como a prática da Educação Ambiental, expressão que surgiu a partir da preocupação da UNESCO com atitudes que podem ser prejudiciais a vida humana.

Ranauro (2003) cita que:

A reflexão da prática de Educação Ambiental pode ser entendida como uma análise da ética nas práticas educativas à luz da relação entre os saberes dos educadores com os saberes dos educandos. Para isso, é ponto chave refletir sobre a relação “simbólica” entre a educação ambiental – de maneira geral – com os saberes locais sobre meio ambiente de comunidades e/ou grupos alvos de programas/projetos nesta área e avaliar a importância de se levar em consideração os saberes destes grupos e de seu sistema simbólico.

A prática da educação ambiental só será possível se houver uma relação entre conhecimentos do educador com os conhecimentos do educando, pois a troca de saberes enriquece toda prática, fazendo com que ambos sintam-se capazes de observar as atitudes das empresas e da sociedade a fim de solucionar os problemas ambientais decorrentes da falta de preocupação com a preservação do meio ambiente.

Segundo Pedrini (2008, p. 3):

A educação ambiental pode ser vista em espaços escolares e não escolares, destacar-se-á a prática da educação ambiental na empresa, pois a maioria das empresas atenta-se aos lucros e acaba esquecendo das responsabilidades socioambientais perante a sociedade, além de destruir irreversivelmente o mundo.

É comum observar que a educação ambiental na empresa é uma prática desconhecida pela maioria das organizações, pois tal preocupação ainda é um fato novo no âmbito empresarial. Para confirmar-se tal esquecimento com a preservação do meio ambiente, Pedrini realizou em 2007 uma pesquisa, obteve-se nela 70 mil informações que foram editadas no Anuário de Gestão Ambiental. Foram coletados dados de 412 das 500 maiores empresas do Brasil.

Um dos problemas ambientais que mais assusta a população mundial é o efeito estufa, causado principalmente pelo excesso de gás carbônico (CO2) na atmosfera, sendo as empresas as responsáveis por sua emissão no meio ambiente. Apenas 28% das empresas de grande porte possuem projeto de redução desse gás, enquanto 53% não usam fontes alternativas de energia e 85% não utilizam papel reciclado. Pior, 71% dessas empresas omitem seu passivo ambiental no balanço publicado à sociedade em jornais de grande circulação (PEDRINI, 2008, p. 3).

Comprova-se através destes dados que o aumento das empresas originou o aumento da poluição, tornando-se maior a preocupação das Secretarias Municipais de Meio Ambiente.

Tem-se como exemplo, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Aracruz, que estrutura, coordena, controla e executa a política municipal de meio ambiente, exigindo que as empresas dêem entrada ao pedido de licenciamento ambiental; as empresas recebem a visita de um técnico em meio ambiente, e este avalia se a empresa pode ou não ficar em regiões próximas a um grande número de pessoas. Caso contrário a empresa entra com um pedido para conseguir um terreno na área industrial, e ela só receberá tal terreno se o mesmo está dentro dos parâmetros exigidos pela prefeitura.

Não basta começar a se pensar nas questões ambientais apenas por exigências das prefeituras, deve haver todo um trabalho de educação ambiental com os diretores das empresas, funcionários, fornecedores e clientes para que os mesmos fiquem cientes da necessidade de se trabalhar sem agredir o meio ambiente, pois se ninguém se preocupar com a natureza não existirá mais nada a preservar.

2.3 AS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL NO BRASIL

A prática da educação ambiental nas empresas é um fator que aumenta a credibilidade da empresa em relação à sociedade. Esta preocupação só existe se há intervenções de um especialista na área ambiental na forma de produção dos funcionários.

Segundo Alfenas (2004)

Não é nenhuma novidade o fato de que a qualidade dentro de uma organização está intimamente ligada a aspectos culturais. A forma com que cada funcionário vê a implantação de um programa de qualidade ambiental é determinada pelo conjunto de experiências e vivências pessoais que foram sendo acumuladas ao longo de sua vida. Diante desta realidade é que os programas de qualidade devem ser adaptados de acordo com o porte da empresa, do empreendimento e a cultura local para que possam alcançar êxito.

É necessário agir inicialmente em situações onde a atuação do poder público é deficiente, ou seja, criar nos funcionários uma preocupação com a qualidade do meio ambiente. De nada adianta treinar todos os funcionários falando sobre a importância de se preservar o meio ambiente se nada disso faz parte do seu dia-a-dia.

Segundo Lima (acesso em 2010), as práticas de controle ambiental são recentes e ainda não foram totalmente incorporadas pelas empresas, devido ao seu alto custo ou pela falta de conscientização. Tal preocupação deve ser estimulada para uma nova concepção na relação do homem com o meio ambiente. De pouco adiantarão tecnologias de controle ambiental de ultima geração se os indivíduos não refletirem sobre o seu comportamento no que se refere ao consumo e ao uso insustentável dos recursos naturais.

Estes acontecimentos colocam a par uma discussão que passa pela revisão de conceitos e será necessário que cada indivíduo compreenda a importância de estar comprometido com a qualidade ambiental de sua cidade, do seu bairro, da sua casa e do seu posto de trabalho, ou seja, não basta apenas estarmos comprometidos, tem que demonstrar este comprometimento colocando em prática os princípios básicos de sustentabilidade.

Segundo o site Glossário de Administração e de Gestão de Empresas ( acesso em 2010), ter sustentabilidade é assegurar o sucesso do negócio em longo prazo e contribuir para o desenvolvimento econômico e social da comunidade, para um ambiente saudável e para uma sociedade estável, ou seja, ter programas de sustentabilidade é visar o bem estar da sociedade, é produzir sem agredir ao meio ambiente, enfim, é trabalhar corretamente.

Para alcançar-se a sustentabilidade, deve-se mostrar aos funcionários da empresa tudo o que polui e o que não polui o meio ambiente, assim, sabendo o certo e o errado os colaboradores saberão a forma mais apropriada para se trabalhar.

Santos (2009) exprime que:

Ao motivar e capacitar as pessoas para a prática de ações preventivas a educação ambiental tem-se revelado uma importante ferramenta da gestão ambiental, permitindo que as pessoas conheçam, compreendam e participem das atividades de gestão ambiental, assumindo postura pró-ativa em relação ao problema ambiental.

De nada adianta cobrar dos funcionários, se eles não sabem do que se trata. Os colaboradores das empresas só saberão a importância de cumprirem com as atividades de gestão ambiental se for explicada a eles a importância de tal prática.

Segundo o site Ambiente Brasil, com a intenção de se manter dentro dos padrões ambientais exigidos pela sociedade e pelo mercado, algumas empresas estão implantando programas de educação ambiental como instrumentos do seu sistema de gestão ambiental, tais como:

  • A Educação ambiental para funcionários pode ser feita através de treinamento aplicado aos funcionários da área florestal da empresa, orientado-os quanto aos procedimentos ambientalmente corretos no exercício de suas funções, fazendo com que eles se tornem responsáveis pelas práticas conservacionistas em seu ambiente de trabalho, chegando ao seu lar e à sua família.

A forma como que os funcionários fazem para trabalhar conservando o ambiente de trabalho pode refletir em sua vida familiar, pois os mesmos irão passar a agir da mesma forma no local onde residem, ou seja, se eles preservarem a área florestal da empresa, logo, ele preservará o ambiente próximo a suas casas, levando assim sua família a agir da mesma forma.

  • Atividades com a comunidade e campanhas de conscientização ambiental: com o intuito de incrementar a participação da comunidade nos aspectos relativos ao conhecimento e melhoria de seu próprio ambiente, são organizadas e incentivadas diversas atividades que envolvem a comunidade da região, como caminhadas rústicas pela região.

Tal ação mostra para a população que o bem estar da comunidade só será possível se todos se mobilizassem para o cultivo das árvores da região, para catar os lixos jogados nas ruas e realizar passeatas a fim de mostrar aos moradores a importâncias dessas práticas.

  • Além de programas de orientação ambiental, a empresa desenvolve ainda outros programas para orientação ambiental como, por exemplo, fichas de visualização dos animais silvestres, orientação à comunidade para atendimento aos aspectos legais de caça e pesca, produção e distribuição de cadernos, calendários e cartões com motivos ambientalistas.

Para que as empresas consigam tal compromisso dos empregados com a gestão ambiental é necessário que ela forneça, alem de recursos e equipamentos de controle ambiental, conhecimentos básicos sobre meio ambiente e gestão ambiental, bem como o auxílio na identificação e controle das principais causas de impactos ambientais da sua atividade.

No site da Companhia Vale do Rio Doce (acesso em 2010), encontram-se vários trabalho de educação ambiental feitos pela empresa:

Tratamos a educação ambiental como condição fundamental para garantir o exercício da sustentabilidade. Desde 2001, estamos nos organizando para estruturar um programa que faça sentido para empregados, contratados e comunidades. Os projetos específicos em cada unidade operacional são normalmente demandas vinculadas às liberações de licenças ambientais. A Vale entende seu papel como agente do desenvolvimento local e acredita que a educação formal e ambiental inserida nos currículos das diversas disciplinas e séries é uma prerrogativa do Estado (acesso em 2010).

A loja C&A também leva esta prática de educação ambiental muito a sério. Ela faz o controle do gás CO2 abastecendo seus caminhões que fazem as entregas dos produtos com biodiesel, além de apenas trabalhar com Sacolas oxibiodegradáveis (o tempo de biodegradação é menor do que as outras sacolas), Sacolas Retornáveis (bolsa de algodão que deve ser levada para colocar as compras) e embalagens de papel reciclado; a C&A também possui um programa de coleta e reciclagem de lixo eletrônico; coleta seletiva e reciclagem do lixo.

Sendo assim, esses programas de educação ambiental permitem às empresas alcançar bons resultados, pois incentivam os empregados a agir de forma preventiva, identificando, controlando e minimizando os impactos ambientais da sua atividade.

3 O PAPEL DO PEDAGOGO EMPRESARIAL

3.1 SOBRE A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO NO BRASIL

A Pedagogia, segundo Libâneo (1998) é uma ciência que tem a prática social da educação como objeto de investigação e de exercício profissional, ou seja, tem como objetivo investigar o processo educativo que pode estar presente – desde que seja intencionado – em todo lugar, seja em casa, na escola, numa organização, na empresa, dentre outros ambientes.

Brandão (1981) afirma em seu livro “O que é Educação” que:

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. (...) Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor não é seu único praticante.

Baseado nas citações de Libâneo e Brandão, não se deve fechar os olhos e acreditar que o processo educativo está presente apenas na escola, deve-se apostar em programas de intervenção pedagógica fora da escola, até mesmo na empresa.

Segundo o artigo “Pedagogia: a ciência do ensino” (acesso em 2010) a Pedagogia começou a se desenvolver no século XIX, ela estuda:

Diversos temas relacionados à educação, tanto no aspecto teórico quanto no prático. A pedagogia tem como objetivo principal a melhoria no processo de aprendizagem dos indivíduos, através da reflexão, sistematização e produção de conhecimentos. Como ciência social, a pedagogia está conectada com os aspectos da sociedade e também com as normas educacionais do país.

Como dito acima, a Pedagogia tem como objetivo levar a reflexão o processo de ensino aprendizagem dos indivíduos a fim de solucionar possíveis problemas relacionados a este processo.

De acordo com Libâneo (1998) a formação do pedagogo no Brasil iniciou-se por volta do ano 1939, quando foi regulamentada a primeira turma de Pedagogia. Tal formação previa o título de bacharel em Pedagogia, naquela época conhecido como “técnico em educação”. Ao falar de educação é necessário falar também de leis que amparam a mesma.

Até hoje foram outorgadas três versões da LDB que segundo artigo “O sistema educacional no Brasil antes e depois da implementação da LDB 9394/96” foram:

  • Em 1961, quando surgiu a Lei 4024/61, que possibilitava o acesso ao nível superior para egressos do ensino médio;
  • Em 1971, quando surgiu a Lei 5692/71, com a função de atualizar a normalização antiga, e;
  • Em 1996, foi sancionada a Lei 9394/96, que buscou modificar o sistema educacional brasileiro, a fim de regulamentar tanto nas áreas de formação de professores e gestão escolar quanto nas áreas de currículo.

Segundo o artigo 62 da LDB 9394/96:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

Este artigo da LDB citado acima deixa claro quais os quesitos básicos para se atuar na educação básica, proibindo qualquer prática pedagógica seja ela como professor ou pedagogo para quem não tem formação superior em Pedagogia.

Além da LDB, em 15 de maio de 2006 foi outorgada a Resolução CNE/CP nº. 1, que segundo citado no Art. 1º da mesma, institui Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Curso de Graduação em Pedagogia, Licenciatura, definindo princípios, condições de ensino e de aprendizagem, procedimentos a serem observados em seu planejamento e avaliação, pelos órgãos dos sistemas de ensino e pelas instituições de educação superior do país.

O artigo 3º da Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006 diz que:

O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética.

Segundo Libâneo (1998) o estudante de Pedagogia conhece o lado científico e filosófico da educação e adquire conhecimentos teóricos e práticos de sua atuação, assim, em correspondência, o curso é dividido em três áreas:

a) Conhecimentos científicos e filosóficos da educação: Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, História da Educação, Psicologia da Educação, etc.

b) Conhecimentos específicos da atividade: didática, organização escolar, estrutura e funcionamento do ensino, etc.

c) Conhecimentos técnico-profissionais: gestão educacional, avaliação, currículo, etc.

O profissional formado em Pedagogia é habilitado a atender a demanda sócio-educativa de cunho formal, não-formal e informal, podendo assim atuar em escolas, em movimentos sociais, em empresas, em educação de jovens e adultos, em serviços de psicopedagogia, dentre outras funções.

Assim dispõe a Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006:

Art. 5º O egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a:

[...]
II - compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir, para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual, social;

[...]
IV - trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo;

[...]
XIII - participar da gestão das instituições planejando, executando, acompanhando e avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e não-escolares;

Assim como as DCN’s a Wikipédia cita em seu artigo “Pedagogo” que este profissional está apto a atuar em espaços escolares públicos e privados como pedagogo, supervisor de ensino, diretor de escola, coordenador pedagógico, orientador educacional e conforme sua especialização ser professor de séries iniciais e psicopedagogo; e também em espaços não escolares.

O pedagogo pode exercer também a função de administrador escolar gerenciando estabelecimentos de ensino, supervisionando recursos humanos, materiais e recursos financeiros necessários ao funcionamento;

Como orientação educacional o pedagogo ajuda os estudantes no processo de aprendizagem com uso de métodos pedagógicos e psicológicos, podendo fazer uma espécie de assessoria pedagógica que Oferece serviços de reforço escolar, em difusão cultural (museus, centros culturais) e de comunicação de massa (jornais, revistas, televisão, editoras, rádios, agências de publicidade).

Mas, em consonância com o tema desta pesquisa, ressalta-se sua atuação em espaços não escolares. Ele pode também atuar em:

Empresa: Muitas empresas de vários portes e tamanhos tem em sua estrutura departamentos de Recursos Humanos e nestes RHs, em quase todos, existem um T&D (departamento de Treinamento e Desenvolvimento).

A Wikipédia (acesso em 2010) cita, em seu artigo “O Pedagogo”, que sua atuação no espaço empresarial, tem por objetivo, instituir programas de qualificação e requalificação profissional, estruturar setores de treinamento, produzir e difundir o conhecimento científico e tecnológico nas empresas, desenvolver metodologias adequadas à utilização das tecnologias da informação e da comunicação nas práticas educativas.

Neste contexto, insere-se boa parte das preocupações do pedagogo empresarial, cabe a ele estimular a formação contínua e atualizada dos profissionais da empresa, com o objetivo de desenvolver competências e habilidades essenciais para que o funcionário tenha uma boa qualificação.

Além da área empresarial, o pedagogo pode atuar dentro de espaços de terceiro setor, sejam eles: ONGs, OSCIPs, Sindicatos e outras associações, na coordenação de programas e projetos de natureza educativa nas áreas de treinamento e desenvolvimento, saúde, meio-ambiente, trânsito, promoção social, lazer e recreação, etc.

  • Programas de rádio e televisão em parceira com outros profissionais de produção, na elaboração de roteiros e na produção, se responsabilizando pelo conteúdo voltado para educação através de métodos pedagógicos;
  • Empresas produtoras de vídeo: Criando, justificando e se responsabilizando pelo teor pedagógico em produções como programas educacionais da TV Educativa e produção de desenhos animados como “A Turma da Mônica” de Maurício de Souza, “Sítio do Picapau Amarelo” de Monteiro Lobato e outras produções;
  • Indústrias de brinquedos como pesquisador e classificador da faixa etária de brinquedos.

O fenômeno educativo está presente em diversas situações, hora e lugar, desde a fabricação de brinquedos, até o desenvolvimento de atividades para crianças com necessidades especiais. O pedagogo é um profissional importante para o processo educativo, pois ele recebe em sua formação conhecimentos e habilidades que o permite estudar e avaliar indivíduos em qualquer ambiente seja ele escolar ou não escolar. Como dito no Artigo 2º da Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006.

Defende-se nesta pesquisa que o pedagogo é o mediador das práticas educativas, em espaços escolares ou não-escolares, podendo assim mediar a prática da educação ambiental na empresa.

O Dicionário Interativo da Educação Brasileira da Agência EducaBrasil (acesso em 2010) define a palavra Mediador como sendo um conceito utilizado para caracterizar o professor que trabalha com a mediação pedagógica, significando uma atitude e um comportamento do docente que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos, visto que:

A idéia de professor mediador surgiu com o desenvolvimento, a partir da década de 70, da ‘pedagogia progressista’, caracterizada por uma nova relação professor-aluno e pela formação de cidadãos participativos e preocupados com a transformação e o aperfeiçoamento da sociedade. Dessa forma, a função do professor deixa de ser o de difundir conhecimento para exercer o papel de provocar o estudante a aprender a aprender. Esse conceito também está presente na perspectiva da escola cidadã, idealizada por Paulo Freire, na qual o professor deixa de ter um caráter estático e passa a ter um caráter significativo para o aluno.

Na prática da educação ambiental no âmbito empresarial o pedagogo deve levar em consideração os conhecimentos dos sujeitos envolvidos, pois o envolvimento fará com que a participação não seja apenas uma obrigação, mas sim uma ação consciente.

KRUSCHEWSKY (acesso em 2010) cita em seu artigo “Pedagogia de valores para empresas” que:

A tarefa do Pedagogo Empresarial é, entre outras, a de ser o mediador e o articulador de ações educacionais na administração de informações dentro do processo contínuo de mudanças e de gestão do conhecimento. Gerenciar processos de mudança exige novas posturas e novos valores organizacionais, características fundamentais para empresas que pretendem manter-se ativas e competitivas no mercado.

Para que o pedagogo empresarial seja capaz de exercer a função de mediador da educação ambiental o mesmo deve estar consciente sobre suas ações e valores, pois de nada adiante falar que os funcionários devem pratica a educação ambiental se na verdade ele não pratica.

Ainda KRUSCHEWSKY (acesso em 2010), afirma que:

Dessa forma, o profissional da educação atua na área de Recursos Humanos direcionando seus conhecimentos para os colaboradores da empresa com o objetivo da melhoria de resultados coletivos, desenvolve projetos educacionais, seleciona e planeja cursos de aperfeiçoamento e capacitação, representa a empresa em negociações, convenções, simpósios, realiza palestras, aporta novas tecnologias, pesquisa a utilização e a implantação de novos processos, avalia desempenho e desenvolve projetos para o treinamento dos funcionários.

Ao exercer a função de mediador da educação ambiental na empresa, o pedagogo empresarial pode utilizar novas tecnologias a fim de mediar palestras, capacitações, convenções, dentre outras ações que o permite desenvolver projetos para treinar os colaboradores da empresa.

O pedagogo empresarial deve obter um preparo maior para que tal ação possa obter sucesso dentro das organizações e consequentemente conscientizar a empresários, colaboradores e fornecedores que a prática da educação ambiental é algo novo, mas que depende só deles a continuação deste projeto.

3.2 POSSÍVEIS FUNÇÕES DO PEDAGOGO NA EMPRESA

NOBRE (2007) afirma que hoje o curso de Pedagogia passa por um processo de reestruturação levando em consideração a possibilidade de atuação dos profissionais da educação em outros setores de trabalho, além da escola.

Existem várias formas de praticar a educação no meio em que vivemos, e todas elas, desde que sejam intencionadas podem ser chamadas de ação pedagógica. Libâneo (1998) cita em seu livro “Pedagogia e Pedagogos, para que?” que Beillerot afirma acreditar que o pedagogo possui duas esferas de ação pedagógica: escolar e extra-escolar.

Nos campos de ação pedagógica escolar destacam-se a de professores do ensino público e privado; a de supervisores pedagógicos, gestores, planejadores, coordenadores, etc. a de educação de adultos, psicopedagogos, orientadores, etc.

Nos campos de ação pedagógica extra-escolar destacam-se: formadores, orientadores que desenvolvem atividades pedagógicas em organizações públicas ou privadas, como: empresas, ONG’s, etc; supervisor de trabalhadores ou acompanhantes de estagiários em órgãos públicos estatais e não-estatais e empresas.

Nesta monografia assume-se a Pedagogia como uma ciência que não se limita apenas à escola; se a ação educativa for uma ação intencionada, pode ser aplicada também fora do âmbito escolar.

É válido ressaltar a importância da ação pedagógica em todas as situações do dia-a-dia, até mesmo na empresa, organização que deve preocupar-se com o bem-estar do funcionário, pois ele é responsável pela produção e pelo lucro da empresa. Com base nestes aspectos surgiu a possibilidade de incluir no quadro de funcionários uma pessoa com conhecimentos pedagógicos para realizar intervenções para melhorar o ambiente empresarial a fim de aumentar a produção e a qualidade de seus produtos.

Fonseca (2007) cita em seu artigo “A pedagogia na empresa: sua origem, seus caminhos”, que na década de 80 surgiram os primeiros rumores da Pedagogia Empresarial, nome dado a cursos universitários que tinham como objetivo qualificar profissionais para atuarem no âmbito empresarial, visando aos processos de planejamento, capacitação, treinamento, atualização e desenvolvimento do corpo funcional da empresa. É o foco da Pedagogia Empresarial.

Ribeiro (2008, p.9) cita em seu livro “Pedagogia Empresarial: atuação do pedagogo na empresa” na p.9:

A Pedagogia na Empresa caracteriza-se como uma das possibilidades de formação/atuação do pedagogo bastante recente, especialmente no contexto brasileiro. Tem seu surgimento vinculado à idéia da necessidade de formação e/ou preparação dos Recursos Humanos nas empresas. Nem sempre, no entanto, as empresas preocuparam-se com o desenvolvimento de seus recursos humanos, entendidos como fator principal o êxito da empresa.

Ao saber que os colaboradores da empresa são os principais responsáveis pela produção, os empresários passaram a se preocupar em realizar treinamentos e capacitações com seus funcionários a fim de obter colaboradores criativos e capazes de exercer tais funções no seu local de trabalho.

Levando em conta tal preocupação,Greco (2005) cita em seu artigo “O Pedagogo Empresarial” que devido a esta ação, o mercado de trabalho não abriga mais o trabalhador mecanizado, mero executor de tarefas, personificado na figura robótica do personagem do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, na época da Revolução Industrial, pelo contrário, exige o trabalhador pensante, criativo, pró-ativo, analítico, com habilidade para resolução de problemas e tomada de decisões, capacidade de trabalho em equipe, dentre outras capacidades.

Lopes, Trindade, Carvalho e Cadinha (2006, apud RIBEIRO, 2008, p. 10) afirmam que:

Na verdade, o impacto das transformações da sociedade nas organizações possibilita constatar o destaque dado a pontos como competências necessárias ao profissional moderno: espírito de liderança, orientação para o cliente, orientação para os resultados, comunicação clara e objetiva, flexibilidade e adaptalidade, criatividade e pró-atividade e aprendizagem contínua.

O Pedagogo Empresarial passa a ter espaços na empresa para solucionar problemas, elaborar projetos, formular hipóteses, visando à melhoria dos processos instituídos na empresa, garantindo a qualidade do atendimento, contribuindo para instalação da cultura institucional da formação contínua dos empregados. A maneira de atuar na empresa deve buscar modificar o comportamento dos trabalhadores de modo que estes melhorem tanto quanto as suas qualidades quanto ao desempenho pessoal e profissional.

A atuação do Pedagogo Empresarial é ampla, extrapolando o âmbito educacional, podendo realizar práticas educativas com pessoas que fazem as instituições e empresas de todos os tipos, portes e áreas, tais como: indústrias, construção civil, órgãos municipais, estaduais e federais, escolas, hotéis, ONGs, instituições de capacitação profissionais e assessorias de empresas.

O domínio de conhecimentos, técnicas e práticas do Pedagogo Empresarial somado à experiência dos profissionais da área de recursos humanos, constituem instrumentos importantes para a atuação na gestão de pessoas: coordenando equipes multidisciplinares no desenvolvimento de projetos; evidenciando formas educacionais para aprendizagem organizacional significativa e sustentável; gerando mudanças culturais no ambiente de trabalho.

Ribeiro (2008, p.10) expressa que:

Em face da gama de possibilidades de atuação do Pedagogo Empresarial, um processo de formação mais efetivo inclui disciplinas, como Didática Aplicada ao Treinamento, Jogos e Simulações Empresariais, Administração do Conhecimento, Ética nas Organizações, Comportamento Humano nas Organizações, Cultural e Mudanças nas Organizações, Educação e Dinâmicas de Grupos: Relações Interpessoais nas Organizações, Desenvolvimento Organizacional e Avaliação do Desempenho.

Percebe-se também, que o aumento da produção empresarial está intimamente ligado a uma boa relação entre os funcionários, sendo assim, o pedagogo, ao observar que há desavenças entre os colaboradores, deve saber o motivo e tentar intervir no problema, para que não ocorra um desequilíbrio entre os mesmos podendo levar a possíveis demissões, diminuindo assim o quadro de funcionários da empresa.

Belini (2009) afirma que o desafio desse novo profissional não se resume a conduzir dinâmicas de grupo e preparar material de treinamento. É preciso estudo e observações cuidadosas do que está acontecendo dentro da empresa e entender o seu ecossistema, como ele funciona e por que existe um desequilíbrio dentro dele. Tal atividade requer do Pedagogo Empresarial perspicácia, observação, envolvimento, desprendimento, coragem, preparo técnico, ousadia, vontade, criatividade e desejo efetivo pela descoberta dos pontos de desequilíbrio dentro da equipe. A maneira de agir desse novo profissional precisa ocorrer de forma relacionada e cooperativa com a dos outros profissionais de gestão.

Não basta apenas realizar dinâmicas de grupo sem antes haver observação e uma conversa informal com os funcionários, pois se não se sabe o problema que a equipe de funcionários passa, não haverá como intervir. Deve haver preparo técnico e criatividade que possibilite o pedagogo de intervir de forma tal que melhore o ambiente empresarial.

Algumas empresas grandes no Brasil já contam com pedagogos empresariais para facilitar o desenvolvimento de pessoas mais produtivas e satisfeitas com o ambiente de trabalho, garantindo assim o enriquecimento do intelecto, maior competitividade organizacional e melhoria da imagem da empresa. Diante destas informações, pode-se perceber que a educação também pode ser feita dentro de um estabelecimento empresarial podendo ter como mediador o pedagogo empresarial.

4 O PEDAGOGO EMPRESARIAL COMO MEDIADOR DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA NO BRASIL

A educação ambiental segundo Adams e Gehlen (2008) possui uma forma de educar, que está voltada para a sustentabilidade ambiental. Entretanto ocupa espaços de educação formal (em espaços escolares), educação não-formal (em espaços não-escolares com planejamento) e educação informal (em espaços não-escolares sem planejamento), visto que os problemas ambientais ocorrem em toda a sociedade.

É imprescindível a prática de educação ambiental nas empresas. Recentemente, surgiu entre as organizações uma preocupação com ações educativas de educação ambiental devido às exigências para licenciamentos, selos de certificação, publicidade e imagem da empresa, dentre outros.

Adans e Gehlen citaram em seu artigo “Contribuições Pedagógicas para a Educação Ambiental Empresarial” incluso no livro Educação Ambiental Empresarial no Brasil (2008) uma fala de PELLOCCIONE (2007) que diz:

Apesar da importância da EA para os ambientes empresariais, raramente essa prática tem sido referenciada em publicações relacionadas à gestão ambiental empresarial. A prática da EA em empresas ainda tem sido muito tímida, [...] Assim, lança-se aos profissionais que atuam com educação nas empresas o desafio de aprimoramento pedagógico de suas práticas.

Precisa-se de educadores que tenham como objetivo mediar trabalhos de conscientização nas empresas, para que seja compreendido o motivo da prática de educação ambiental empresarial. O mediador pode ter como base, falas de teóricos que acreditam na prática da educação ambiental dentro de espaços empresariais.

Segundo Andriola et al (apud Adans e Gehlen, 2008, p 55):

O pedagogo busca desempenhar uma função de mediador de processos educativos que existem no seio da sociedade. Libâneo (2002) aponta que nas empresas há muitas atividades que necessitam de aprimoramentos pedagógicos. Para Ribeiro (2004), a empresa é um espaço essencialmente educativo, sendo necessário buscar estratégias e metodologias que garantam melhor aprendizagem.

Necessita-se de fatores pedagógicos para que a educação ambiental possa cumprir o seu papel dentro da empresa, fator este que segundo ADANS E GEHLEN (2005) citado por Pedrini (2008), podem estar ausentes dos ambientes empresariais pela falta de um profissional da área da educação e pela falta de referencial teórico que dê conta do contexto histórico e integral da Educação Ambiental.

No livro “Educação Ambiental Empresarial no Brasil” encontra-se um artigo das autoras Berenice Gehlen Adans e Luciana Gehlen em que são indicados quatro quadros; destes, três serão apresentados nesta pesquisa.

No quadro chamado “Contribuições pedagógicas que podem colaborar para o aprimoramento dos processos de EA”, as autoras propõem documentos e estratégias que são recomendadas para o planejamento de estratégias educacionais de educação ambiental.

No quadro mostra-se um referencial teórico da EA e alguns marcos conceituais dos processos de EA das empresas: o Tratado de Educação Ambiental para a Sociedade Sustentável e Responsabilidade Global; A Carta da Terra e a Lei nº. 9795/99, que instituiu a EA no Brasil. Estes documentos permitem reconhecer a EA como uma ação educativa que permeia todos os espaços sociais e permite, também, reconhecer seus princípios, suas metas e seus pilares de sustentação que foram construídos ao longo de anos por diferentes coletivos.

Selecionou-se também o planejamento das ações de EA integradas ao plano global da empresa, através de um diagnóstico institucional que poderá ser elaborado mediante entrevistas, análises de documentos, observações, questionários, entre outras ferramentas, além de indicar elementos contextuais que serão levados em consideração à elaboração do planejamento de EA na empresa. Sugere-se que sejam realizadas e avaliadas tais ações semanalmente.

Partindo das informações do diagnóstico, sugeriu-se que fossem elaboradas estratégias didático-pedagógicas com base nos documentos que deram o nome à EA, adaptando atividades e linguagem de acordo com cada setor levando em conta o nível instrucional dos envolvidos, além de elaborar atividades de sensibilização, apresentação de vídeos, PowerPoint, palestras, seminários, atividades interativas com as famílias de colaboradores, elaboração de informativos internos e externos, etc., permitindo minimizar algumas dificuldades apontadas por ADAMS (2005), que revelam a falta de inclusão da EA no plano global da empresa, pois consideram essa atividade como improdutiva, que causa transtornos ao programa de produção. Ao indicarem altos custos para a atividade, entende-se que a EA não está sendo privilegiada no orçamento da empresa.

Para que seja feito um trabalho relevante de EA nas empresas, faz-se necessário aplicar tendências pedagógicas mais atuais para a integração entre educando e educador em um processo em que ambos aprendam e ambos ensinam, para que assim ocorra um comprometimento de ambas as partes na hora de praticar o teorizado.

A partir destas afirmações ADANS E GEHLEN (2008) construíram um quadro com o nome de: “Educação Ambiental como estratégias educacionais pautadas em tendências pedagógicas críticas”. Neste quadro elas apontam idéias de alguns autores, como relacionadas à prática da educação ambiental na empresa, tais como:

  • MATURANA (1998 apud ADANS E GEHLEN, 2008) idealiza que:

Uma educação que promova: atuação na conservação da natureza, compreensão a ponto de excluir a idéia de domínio, convívio com responsabilidade pelo individual e pelo coletivo distanciamento de qualquer tipo de abuso;

  • GUIMARÃES (2000 apud ADANS E GEHLEN, 2008) acredita que:

A EA trata educando e educador como agentes transformadores da sociedade, que se abrem para os problemas socioambientais da comunidade;

Como citado por Maturana e Guimarães, a prática da educação ambiental pode levar os indivíduos a conservar o meio ambiente em que vivem, pois a mesma mostra que os ser humano é um ser capaz de transformar a sociedade.

  • LEFF (2001 apud ADANS E GEHLEN, 2008), quem parte do princípio que:

A EA traz uma nova pedagogia que precisamente orienta a educação; que implica práticas concretas que se desenvolvem no meio, que induz transformações do conhecimento a partir de uma nova percepção das relações entre processos ecológicos, econômicos, sociais; que implica tornar o ambiente em seu contexto físico, biológico, cultural e social como uma fonte de aprendizagem; que leva a internalizar os princípios e valores ambientais nos conteúdos, enfoque e práticas dos processos educativos;

A educação ambiental é uma prática que não está ligada apenas a teorias, mas sim a prática das mesmas. Não adianta dizer que a educação ambiental é uma teoria que apenas mostra aos indivíduos os problemas ambientais se o mediador de tal teoria não induz aos mesmos a práticas que ajudam a preservação do meio ambiente.

  • GRISNPUN (2005 apud ADANS E GEHLEN, 2008) ressalta que é necessário:

Estender o significado de meio ambiente natural ao significado de meio ambiente social, ampliando-se cuidados com o meio ambiente e o meio social, contemplando valores de vida cidadã, que incluem saúde, sexualidade, família, trabalho, ciência e tecnologia, cultura, linguagens;

  • PEDRINI E BRITO (2006 apud ADANS E GEHLEN, 2008) idealizam que:

A EA dever enfocar tanto a conscientização e transmissão de conhecimentos quanto a promoção de valores e hábitos, o desenvolvimento de habilidades, a orientação para a tomada de decisões e a busca de soluções para problemas ambientais.

A prática de educação ambiental deve levar em conta a transmissão de conhecimentos para que os participantes da mesma desenvolvam suas habilidades e também solucionem os problemas ambientais partindo dos conhecimentos adquiridos no meio social em que vive.

Os autores citados por ADANS E GEHLEN (2008) acreditam que a não participação dos envolvidos nas atividades é uma prova de não comprometimento e de irresponsabilidade. É importante instigar os participantes a dar suas opiniões a fim de comprometê-los a cumprir com suas palavras. Para que as atividades não se tornem monótonas faz-se necessário agregar novas tendências as tendências tradicionais.

Pode-se perceber a importância de um processo educativo que leve em consideração o contexto de vida dos participantes, aliando aquilo que já foi assimilado intelectual e culturalmente ao que se pretende agregar, buscando uma didática integradora em vez de fragmentada. (ADANS E GEHLEN, 2005 apud PEDRINI, 2008, p. 21).

Para que o aprendizado seja alcançado, deve ser feito um intermédio de experiências concretas que traga a reflexão e sensibilização dos participantes das atividades. É primordial a inclusão de dinâmicas e atividades variadas além da utilização de recursos didáticos diversos para que se torne um trabalho feito por prazer e não apenas por obrigação.

Através destas afirmações ADANS E GEHLEN (2005, apud PEDRINI, 2008) apontam em seu artigo um quadro que mostra teorias de diversos autores que têm como objeto de pesquisa o processo ensino-aprendizagem, dentre eles:

  • DEMO (2001 apud ADANS E GEHLEN, 2008) expressa que a aprendizagem é um fenômeno re-construtivo, dinâmico e conexionista além de ser um evento político, pois sempre leva em conta a condição do sujeito;
  • GUATTARI (1990 apud ADANS E GEHLEN, 2008) acredita que é preciso aprender a pensar transversalmente as interações dos ecossistemas, não separando nunca natureza de cultura;
  • SILVA (2003 apud ADANS E GEHLEN, 2008) afirma que o processo educativo proporciona aprendizagens significativas requer um ambiente de superação de desafios pedagógicos que dinamiza a aprendizagem, comprometida como uma construção de conhecimento e desenvolvimento de competências visando à formação cidadã.
  • SOARES (2004 apud ADANS E GEHLEN, 2008) expressa que o educador deve estar sempre atento ao valor da experiência, pois é mais importante do que apenas informar. Deve-se incentivar o gosto pela vida e pelo conhecer;
  • ZABALA (2002 apud ADANS E GEHLEN, 2008) diz que a fragmentação da atividade intelectual e cultural conduz a uma dispersão do conhecimento. Hoje, é necessária cooperação interdisciplinar em numerosas instâncias de investigação, relativas ao meio ambiente, à guerra, à paz, aos problemas urbanos e das comunidades, ao tempo livre e às atividades culturais.

Utilizando como exemplo a fala dos autores na prática da educação ambiental na empresa parte-se do princípio de que o processo de aprendizagem de ambas as partes só é possível quando se agrega valores e conhecimentos dos funcionários participantes do programa de educação ambiental, pois assim os mesmos não se sentem totalmente fora da realidade.

Embasando-se nas teorias dos autores citados neste capítulo, seguem abaixo algumas ações, a modo de propostas, que o pedagogo empresarial como mediador da educação ambiental pode realizar com os funcionários e com a população próxima da empresa.

Antes de qualquer intervenção, o pedagogo como mediador da educação ambiental deve observar se a empresa preocupa-se em trabalhar sem poluir o meio ambiente.

Diagnosticando qualquer problema o pedagogo pode:

  • Realizar entrevistas com a população próxima da empresa com o objetivo de saber se a mesma está causando algum impacto ambiental e em que aspecto ela deve melhorar, pois não se consegue descobrir algo sem antes perguntar às pessoas que estão à volta, não se pode adivinhar se a população está sendo prejudicada sem antes entrevistá-las;
  • Mostrar os dados recolhidos na entrevista para que os donos da empresa e seus funcionários possam saber o que a população tem a dizer a fim de encontrar uma possível solução;
  • Realizar palestras com os funcionários da empresa apontando os problemas ambientais que a empresa está causando a fim de perguntá-los o que pode ser feito para mudar a situação;

Tais ações por mais simples que seja, podem fazer com que a empresa diminua os impactos ambientais, além de aumentar o número de pessoas conscientes sobre a preservação do meio ambiente. Tal ação é um trabalho que beneficia não só a empresa, mas também a população próxima a mesma, podendo assim:

  • Convidar a comunidade próxima à empresa para participar de seminários, com o intuito de mostrar o seu relatório de sustentabilidade, ou seja, as práticas que a mesma faz para diminuir os impactos ambientais, garantindo assim, maior credibilidade com a sociedade;
  • Fazer campanhas de coleta de seletiva, para incentivar a sociedade a separar o lixo doméstico;
  • Recolher papéis reciclados a fim de realizar oficinas de reciclagem com crianças da comunidade próxima à empresa;
  • Incentivar o plantio de árvores nativas nas proximidades da empresa com o intuito de mostrar que a mesma se preocupa em reflorestar as áreas desmatadas.

Partindo destas ações, o pedagogo empresarial deve estar consciente que a prática da educação ambiental só é possível quando se junta conhecimentos de todos, pois todos sabem o suficiente para dar a sua opinião e participar que na solução de muitos problemas ambientais, contribuindo também à preservação ambiental.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação ambiental no âmbito empresarial é algo recente e de pouca prática no Brasil. Por ser um tema novo dispõe de pouca literatura para auxiliar nos estudos deste tema.

A preocupação com o meio ambiente é uma responsabilidade da sociedade e principalmente das empresas, devido a isso é necessário que a prática da educação ambiental seja realizada em todos os âmbitos da sociedade.

As empresas devem praticar a responsabilidade ambiental, pois ela como organização, tem deveres para com o bem-estar da sociedade, e com a preservação do meio ambiente; deve, portanto, cumprir com as normas da certificação ISO 14000, que exige das empresas a realização de práticas que não poluam o meio ambiente.

As empresas no Brasil estão a se preocupar mais com as questões ambientais, após a formulação da certificação ISO 14001 que as obriga a praticarem a gestão ambiental.

É importante que a empresa envolva seus funcionários na preocupação pelo cuidado do meio ambiente a fim de conscientizá-los da necessidade de trabalhar utilizando métodos ecologicamente corretos. Para que haja maior responsabilidade por parte dos empregados deve ser feito todo um trabalho de educação ambiental direcionado a mostrar-lhes que é essencial a realização de um trabalho sem prejudicar o meio ambiente, de modo a contribuir para a sua tomada de consciência.

As práticas de educação ambiental na empresa podem ser realizadas pelo pedagogo, visto que sua formação científica e pedagógica lhe oferece uma bagagem que o possibilite para realizar tal função, pois ele possui um embasamento teórico e metodológico sobre diversas técnicas e práticas pedagógicas que são essenciais para as práticas de educação ambiental.

O pedagogo como mediador da educação ambiental na empresa, podem desenvolver treinamentos, capacitações, palestras, dentre outras atividades não só com os funcionários, mas também com a comunidade a fim de mostrar que tal prática é algo essencial para o bem estar de todos e também para o sucesso da empresa.

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Publicado por: Giuliana Botassoli

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